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Nome do Orientador:
<Profa. Dra. Alessandra dos Santos Penha>
Departamento/Centro:
<DBV/CCA>
Araras/2008
RESUMO: A fragmentação da floresta estacional semidecidual e de outras formações vegetais
nativas tem sido motivo de experimentação científica para que sejam geradas práticas de manejo
e conservação de espécies. Na região de Araras, a cultura da cana-de-açúcar, além expansão
urbana desordenada, tem causado consequências negativas a esses ecossistemas, como a
redução da riqueza regional por efeitos de borda e competição com daninhas, entre outros
fatores. Esse estudo objetivou realizar o levantamento de espécies arbustivas e arbóreas, além da
análise da estrutura fitossociológica de um trecho de um fragmento de floresta semidecídua
pertencente à UFSCar, campus de Araras. O trabalho visa contribuir com informações básicas
sobre a comunidade florestal, as quais que apoiarão futuros experimentos em dinâmica de
comunidades florestais e de ecologia da restauração de áreas degradadas. A identificação das
espécies arbustivo-arbóreas foi feita por meio de caminhadas assistemáticas por toda a extensão
do fragmento florestal, com área aproximada de 13 ha. Foram registrados os indivíduos que
apresentavam diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior a 5,0 cm. A identificação das
espécies foi realizada com a coleta de ramos de preferência em estádio reprodutivo, por meio de
chaves de identificação, consultas a especialistas e identificações in loco. Para a análise
fitossociológica, foi utilizado o método de amostragem por parcelas. Foram demarcadas dez
parcelas de 20 m x 10 m (2.000 m²), de modo sistemático. Nessas parcelas, foram amostrados e
todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com DAP ≥ 5,0 cm. As plantas foram registradas com
plaquetas de alumínio. Registrou-se, além do diâmetro à altura do solo, a estimativa da altura
das plantas. Os dados foram analisados no programa FITOPAC. Em relação à composição
florística, foram obtidos os seguintes resultados: 80 espécies, pertencentes a 60 gêneros e 32
famílias. Destaca-se a presença de espécies exóticas como Mangifera indica L., Coffea sp., e
Ricinus communis L. um dos indicadores de que a área encontra-se alterada pela ação humana.A
análise fitossociológica revelou os seguintes resultados: o total de 158 indivíduos, de 67
espécies, 49 gêneros e 28 famílias; A densidade total foi de 790 indivíduos.ha-1, a área basal
total foi de 3,97 m², totalizando 19,83 m².ha-1. O Índice de Shannon (H’) para as espécies foi de
3,77 nats.indivíduo-1, a equabilidade (J) obtida foi igual a 0,89. O Índice de Shannon para as
famílias foi de 2,96 nats.indivíduo-1. Podemos destacar a alta incidência de indivíduos mortos,
17 indivíduos, destacando-se a ocorrência de morte de plantas durante 11 meses. Trichilia
pallida, espécie considerada característica de estádios iniciais de sucessão secundária, foi a mais
abundante na área amostrada, com densidade relativa de 9,49%, dominância relativa de 3,19%,
e Índice de Valor de Importância (IVI - %) de 6%. Do total de 28 famílias, 14 foram
representadas por apenas um indivíduo em 0,2 ha. Associando esses resultados à elevada
incidência de lianas, gramíneas invasoras e outras espécies exóticas em toda extensão
fragmento, infere-se que essa área encontra-se em estádio avançado de degradação, na medida
em que os mecanismos de regeneração natural encontram-se estagnados; tal situação limita os
processos de sucessão secundária. Por esses argumentos, julga-se imprescindível que esse
fragmento seja manejado por meio de estratégias de restauração, como o controle mecânico de
lianas superabundantes, gramíneas exóticas e outras daninhas, atividades passíveis de
experimentação científica, para que a comunidade retorne o mais próximo possível à condição
original, aumentando a resiliência do fragmento.
1. INTRODUÇÃO
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Amostramos no interior das dez parcelas (2.000 m2), 158 indivíduos arbustivo-
arbóreos, distribuídos em 67 espécies, pertencentes a 49 gêneros e 28 famílias,
incluindo os indivíduos mortos. Do total de plantas amostradas, quatro árvores não
foram identificadas nem até a categoria de família; cinco foram identificadas até família
e cinco, até a categoria de gênero. Esses indivíduos não foram identificados porque foi
impossível acessar o material vegetativo, principalmente por causa de lianas em
desequilíbrio, que impediram até mesmo a visualização dessas árvores.
A densidade total foi de 790 indivíduos.ha-1, a área basal total foi de 3,97 m²,
totalizando 19,83 m².ha-1. O Índice de Shannon (H’) para as espécies foi de 3,77
nats.indivíduo-1, a equabilidade (J) obtida foi igual a 0,89. O Índice de Shannon para as
famílias foi de 2,96 nats.indivíduo-1.
Destacamos que os indivíduos mortos representaram o maior IVI (11,70%), o
que pode indicar, levando em conta nossa experiência de visitas e coletas no fragmento,
represetar o quão degradado do ponto de vista estrutural. Observamos também que
Ficus insipida apresentou alto IVI (25,23), não por número de indivíduos (dois), mas
sim por diâmetro à altura do solo (DAS). O que não ocorreu com Astronium graveolens
e Trichilia pallida, as quais foram representadas, respectivamente, por oito e 15
indivíduos.
As famílias com maior riqueza foram: Fabaceae (7), Lauraceae (5), Rubiaceae
(5), Meliaceae (4), Sapindaceae (4), Anacardiaceae (3), Salicaceae (3). Essas oito
famílias, juntas, totalizam 38,75 da riqueza específica e 46,20% dos indivíduos
amostrados. Do total de 27 famílias encontradas, seis famílias foram representadas por
apenas um indivíduo, são elas Asteraceae, Solanaceae, Rosaceae, Verbenaceae,
Nyctaginaceae e Annonaceae (Tabela 3).
Tabela 2 – Índices fitossociológicos das espécies amostradas em 10 parcelas de 20 m x 10 m no
remanescente florestal do CCA, UFSCar, campus de Araras, Araras, SP. N: número
de indivíduos de cada espécie, DR: densidade relativa, DmR: dominância relativa,
FR: frequência relativa, IVI: índice de valor de importância (%) e IVC: índice de
valor de cobertura (%). As espécies estão ordenadas por IVI.
Espécies N DR DmR FR IVI IVC
Mortas 17 10,76 18,15 6,19 11,70 14,455
Ficus insipida 2 1,27 22,19 1,77 8,41 11,73
Astronium graveolens 8 5,06 9,56 4,42 6,35 7,315
Trichilia pallida 15 9,49 3,19 5,31 6,00 6,345
Platycyamus regnellii 5 3,16 8,43 3,54 5,05 5,8
Cariniana estrellensis 2 1,27 7,13 1,77 3,39 4,195
Endlicheria paniculata 6 3,8 0,67 4,42 2,97 2,235
Cecropia glaziovi 5 3,16 3,22 0,88 2,42 3,195
Allophylus edulis 5 3,16 0,42 3,54 2,37 1,79
Piper amalago 6 3,8 0,37 2,65 2,28 2,085
Mollinedia widgrenii 5 3,16 0,91 2,65 2,24 2,035
Centrolobium tomentosum 3 1,9 2,91 1,77 2,19 2,405
Jacaratia spinosa 1 0,63 4,72 0,88 2,08 2,675
Piptadenia gonoacantha 4 2,53 0,56 2,65 1,92 1,55
Casearia gossypiosperma 4 2,53 0,26 2,65 1,82 1,4
Chrysophyllum gonocarpum 4 2,53 1,06 1,77 1,79 1,795
Schizolobium parahyba 4 2,53 0,88 1,77 1,73 1,705
Cariniana legalis 2 1,27 1,93 0,88 1,36 1,6
Croton floribundus 3 1,9 0,2 1,77 1,29 1,05
Coffea sp 3 1,9 0,14 1,77 1,27 1,02
Desconhecida 3 1 0,63 1,9 0,88 1,14 1,265
Chomelia pohliana 2 1,27 0,34 1,77 1,13 0,805
Prockia crucis 2 1,27 0,26 1,77 1,10 0,76
Zanthoxylum petiolare 2 1,27 0,25 1,77 1,09 0,755
Matayba elaegnoides 2 1,27 0,15 1,77 1,06 0,71
Cabralea canjerana 2 1,27 0,15 1,77 1,06 0,705
Desconhecida7 1 0,63 1,37 0,88 0,96 1
Dendropanax cuneatus 1 0,63 1,18 0,88 0,90 0,905
Ocotea dyospirifolia 1 0,63 0,99 0,88 0,84 0,81
Tabela 2. Continuação
Espécie N DR DmR FR IVI IVC
Cedrela fissilis 1 0,63 0,82 0,88 0,78 0,725
Galipea jasminiflora 2 1,27 0,13 0,88 0,76 0,7
Vernonia diffusa 1 0,63 0,64 0,88 0,72 0,635
Ficus trigona 1 0,63 0,64 0,88 0,72 0,635
Desconhecida1 1 0,63 0,36 0,88 0,63 0,495
Machaerium nyctitans 1 0,63 0,32 0,88 0,61 0,475
Desconhecida 6 1 0,63 0,24 0,88 0,59 0,435
Desconhecida 2 1 0,63 0,21 0,88 0,58 0,42
Lauraceae1 1 0,63 0,2 0,88 0,57 0,415
Solanum pseudoquina 1 0,63 0,19 0,88 0,57 0,415
Myrcia cf. splendens 1 0,63 0,19 0,88 0,57 0,41
Eugenia ramboi 1 0,63 0,16 0,88 0,56 0,395
Maytenus aquifulium 1 0,63 0,15 0,88 0,56 0,39
Tapirira guianensis 1 0,63 0,14 0,88 0,55 0,385
Myrsine sp1 1 0,63 0,14 0,88 0,55 0,385
Coutarea hexandra 1 0,63 0,14 0,88 0,55 0,385
Casearia sylvestris 1 0,63 0,13 0,88 0,55 0,38
Ocotea silvestris 1 0,63 0,12 0,88 0,55 0,375
Prunus myrtifolia 1 0,63 0,12 0,88 0,54 0,375
Diatenopteryx sorbifolia 1 0,63 0,1 0,88 0,54 0,37
Acacia polyphylla 1 0,63 0,1 0,88 0,54 0,37
Rubiaceae 2 1 0,63 0,09 0,88 0,54 0,365
Aegiphila sellowaina 1 0,63 0,09 0,88 0,54 0,365
Desconhecida 5 1 0,63 0,09 0,88 0,54 0,365
Bauhinia longifólia 1 0,63 0,09 0,88 0,53 0,36
Mangifera indica 1 0,63 0,08 0,88 0,53 0,355
Guarea guidonia 1 0,63 0,08 0,88 0,53 0,355
Pera glabrata 1 0,63 0,08 0,88 0,53 0,355
Maytenus robusta 1 0,63 0,07 0,88 0,53 0,355
Guapira opposita 1 0,63 0,07 0,88 0,53 0,35
Desconhecida4 1 0,63 0,07 0,88 0,53 0,35
Shefflera calva 1 0,63 0,06 0,88 0,53 0,35
Annonaceae1 1 0,63 0,06 0,88 0,53 0,35
Tabela 2. Continuação
Espécie N DR DmR FR IVI IVC
Balfourodendron riedelianum 1 0,63 0,06 0,88 0,53 0,35
Rapanea sp 1 0,63 0,06 0,88 0,52 0,345
Myrtaceae 1 1 0,63 0,06 0,88 0,52 0,345
Lauraceae 2 1 0,63 0,05 0,88 0,52 0,34
Rubiaceae 1 1 0,63 0,05 0,88 0,52 0,34
Cupania vernalis 1 0,63 0,05 0,88 0,52 0,34
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9. AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO
O aluno continua com sua graduação, cursando o sexto perfil (3o ano). Como
apresenta interesse pela área de Ecologia Vegetal e tem excelente desenpenho
acadêmico, além de ter se dedicado com responsabilidade e autonomia durante as
atividades do projeto de Inciação Científica PIBIC/CNPq, pretendemos elaborar um
novo experimento científico sob minha orientação e submetê-lo à Fapesp (Bolsa de
Iniciação Científica) ainda esse ano.