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GARRAFA PET 1
Resumo: O setor da construção civil é responsável por grande parte dos impactos ambientais,
que se iniciam desde a extração da matéria prima até a geração de resíduos. Em frente aos
problemas causados, o setor da construção civil vem buscando inovações tecnológicas que
buscam a sustentabilidade, que esta interligada a fatores econômicos, ambientais e sociais.
Este trabalho apresenta o estudo da viabilidade para a incorporação de 15% de PET reciclada
moída em substituição ao agregados naturais na fabricação de blocos de concreto. De uma
forma geral, compara a fabricação do bloco de concreto convencional com o bloco de
concreto com PET. Ao serem analisados economicamente o bloco com PET se mostrou com
um custo muito superior ao convencional, mas apresenta vantagens ambientais significativas
para redução dos resíduos e do consumo de matéria prima.
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos mas usualmente conhecido como lixo urbano, são decorrentes
da atividade comercial e doméstica. Estima-se que cada pessoa gera em cerca de 1,3 kg de
resíduos por dia. Esse resíduo é constituído por: matéria orgânica , papel e papelão, plástico,
vidro, metais, óleo de motor e cozinha, roupa e resíduos informáticos. O destino desse
material aqui no Brasil é o aterro sanitário, onde o lixo é lançado ao solo que absorve e
decompõe seu conteúdo. Mas nem todo conteúdo pode ser descartado no aterro, como é o
caso das pilhas, equipamentos eletrônicos e lixo hospitalar, esse tipo de lixo são enviados para
a unidade de incineração, onde o lixo é queimado e passa por filtros e assim liberado para
meio ambiente.
Segundo dados do IPEA (2010) se o Brasil reciclasse todos os resíduos lançados
nos aterros, o país poderia economizar cerca de 8 bilhões por ano. Atualmente a economia
gerada no setor gira em torno de 1,5 a 3 bilhões anuais. Somente 17% das cidades brasileiras
1
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de MBA em Gestão de Obras e Projetos
da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, orientado pelo professor José Humberto dias Toledo,
Ms
2
Engenheira Civil Evelise Riveros. E-mail: evelise_riveros@hotmail.com
2
possuem coleta seletiva de lixo, que é um processo que consiste na separação e recolhimento
dos resíduos descartados, o sudeste contribui com 45%, seguido do Sul com 36%, Nordeste
10%%, Centro Oeste 7% e Norte 2%, segundo dados do Cempre (Compromisso Empresarial
de Reciclagem).
A coleta seletiva está diretamente ligada a investimentos de sensibilização e
conscientização da sociedade, mas não só por um aspecto ambiental, e sim social, cultural e
acima de tudo econômico.
A Lei da Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) aprovada pelo congresso
em 2010, que entre os principais objetivos são reduzir os resíduos gerados, incentivar
reciclagem e dar um fim nos lixões, tem obtido resultados significativos. Cerca de metade dos
resíduos sólidos urbanos já tem um destino final adequado nos aterros sanitários. Mas no caso
do fim dos lixões, houve uma prorrogação do prazo, devido à maioria dos municípios não
conseguirem cumprir tal meta. Assim a lei recebeu uma nova emenda estabelecendo prazos
diferenciados de acordo com a realidade de cada município.
A figura 1 abaixo mostra que 90% das empresas recicladoras no Brasil estão
maduras e se desenvolvendo.
No Brasil, praticamente todo PET passa por processo mecânico, que é dividido
em:
a) Recuperação: Retiradas do lixo elas viram matéria-prima, são separadas
por cores e prensadas. A separação é importante para que os produtos
tenham a uniformidade de cor, para facilitar o destino do mercado. A
prensagem é importante para o transporte das embalagens, pois otimiza o
volume do material.
b) Revalorização: Nessa etapa o PET é moído, ganhando assim valor de
mercado. O produto que resulta dessa etapa é flocos do PET. Ele pode ser
produzido de modo diferente, como flocos mais refinados ou ate mesmo
grãos, valorizando assim mais o produto, e facilitando ainda mais o
transporte.
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Figura 2 – Como comprar a PET reciclado.
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567$
cimento.
Outro fator importante é a cura, esse processo evita a perda de água para o
ambiente, reduzindo a formação de capilares no concreto, a retração por secagem e a variação
da umidade, tornando o concreto menos poroso e consequentemente mais resistente
(MEHTA, 1994).
Nas ultimas décadas a preocupação com o meio ambiente surgiu como uma
conscientização da sociedade sobre os recursos naturais, e se as futuras gerações iriam
usufruir desses recursos. E também sensibilizar as empresas para uma maior eficiência do uso
das matérias primas. Um exemplo da preocupação do impacto ambiental na indústria da
construção civil é dado por (METHA, 1993):
Com base nestes fatos, foi desenvolvida a técnica da incorporação de garrafas pet
no interior de blocos de concreto, visando a reciclagem do pet, e seus benefícios quando
atrelado ao concreto (FERREIRA at al, 2007). Quanto as propriedades da incorporação da
fibra de polietileno destacam-se: a tenacidade, resistência a impacto, retração e durabilidade.
Para BANTHIA e TROTTIER (1995) a maior vantagem do concreto reforçado
com fibras é o aumento da capacidade de absorver a energia após a fissuração. Mais
especificamente para BENTUR E MINDESS (1990), fibras em concretos tem o efeito
particular de melhorar a resistência do concreto sob carregamento dinâmico, não só para uma
tensão de ruptura maior, mas também para uma capacidade de resistência maior após a
fissuração.
Outra vantagem da utilização da pet no concreto, é a forma de como ela é
incorporada, na pesquisa em questão é o usada o pet triturado em substituição da agregado
natural. Dessa forma a pet não passa por processos químicos de reciclagem, como em geral
acontece, tornando assim uma alternativa ainda mais sustentável.
O processo de fabricação dos blocos de concreto com pet é semelhante ao de
bloco de concreto convencional, tendo de diferente apenas a substituição de parte da areia por
partículas de pet. Essa substituição deixa as peças mais leves, diminuindo ate a metade o peso
em comparação ao bloco concreto. O isolamento térmico dos blocos de pet apresenta uma
capacidade de ate 5 vezes maior que os blocos convencionais.
Entre as pesquisas consultadas e as empresa que já fabricam os blocos de concreto
com pet, a porcentagem de areia de pet substituída é de ate 15% em relação ao total de areia
convencional usada. Como ainda é um alternativa que esta sendo estudada, as grandes
porcentagens de substituição do pet não tem dado resultados satisfatórios, como exemplo
serão mostradas abaixo o resultado da pesquisa de (CANDIDO at al, 2014) , que mostra um
resumo de diferentes porcentagens.
Figura 5 – Exemplo características físicas e mecânicas.
2 METODOLOGIA
CONSUMO
MATERIAL QUANT. TOTAL
(KG)
CIMENTO - 1 SACO 50KG 25 SC 1250
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3 M3 3900
Fonte: autor
COTAÇÃO INSUMOS
MATERIAL VALORES
CIMENTO - 1 SACO 50KG R$ 25,00
PÓ DE PEDRA - M3 (1500KG) R$ 46,00
PEDRISCO - M3 (1300 KG) R$ 49,66
PET - KG R$ 3,40
BLOCO S/ PET
CONSUMO
VALOR P/ VALOR P/ VAL
MATERIAL QUANT. TOTAL
UND KG TO
(KG)
CIMENTO - 1 SACO 50KG 25 SC 1250 R$ 25,00 R$ 0,50 R$
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500 R$ 46,00 R$ 0,0306 R$
CONSUMO
MATERIAL QUANT. TOTAL
(KG)
CIMENTO - 1 SACO 50KG 25 SC 1250 12
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3 M3 3900
Tabela 2: Preços de Insumos.
COTAÇÃO INSUMOS
MATERIAL VALORES
CIMENTO - 1 SACO 50KG R$ 25,00
PÓ DE PEDRA - M3 (1500KG) R$ 46,00
PEDRISCO - M3 (1300 KG) R$ 49,66
PET - KG R$ 3,40
Fonte: autor
BLOCO S/ PET
CONSUMO
VALOR P/ VALOR
MATERIAL QUANT. TOTAL
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS UND KG
(KG)
CIMENTO - 1 SACO 50KG 25 SC 1250 R$ 25,00 R$ 0
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500 R$ 46,00 R$ 0,0
3.1 Viabilidade Econômica PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3 M3 3900 R$ 49,66 R$ 0,0
PET - KG - - - -
TOTAIS R$ 0
Quando se referimos à palavra “viabilidade”, queremos mostrar a possibilidade de
QUANTIFICAÇÃO DOS INSUMOS POR MILHEIRO
realização
MATERIAL
e a vantagem
QUANT.
ou desvantagem sobre
QUANTIDADE
CONSUMO
TOTAL
PORtalUNIDADE
perspectiva.
COM Sendo
PETassim, é uma/ ferramenta
(R$ 1001,14 1000 UND). R$ 1
QUANTIDADE
(KG) POR UNIDADE SEM PET (R$ 6927,83 / 1000 UND). R$ 6
simples, mais importante,
CIMENTO - 1 SACO 50KG
25 SC para que se possa mensurar e analisar o melhor resultado possível.
1250
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500
O primeiro ponto 3 aM3 ser analisado é o custo de se investir no projeto, e isso compõe a
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3900
QUANTIDADE POR UNIDADE COM PET (R$ 1001,14 / 1000 UND). R$ 1,00
QUANTIDADE POR UNIDADE SEM PET (R$ 6927,83 / 1000 UND). R$ 6,93
Fonte: autor.
BLOCO C/ PET
De acordo
CONSUMOcom a tabela 3, o preço para a fabricação de 1 unidade de bloco de
VALOR P/ VALOR
MATERIAL TOTAL
KG TOTAL
concreto com PET (KG)
é R$ 6,93 enquanto o bloco de concreto convencional sai a R$ 1,00. Essa
CIMENTO - 1 SACO 50KG 1250 R$ 0,50 R$ 625,00
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 6375 R$ 0,0306 R$ 195,08
grande diferença entre o preço da fabricação esta relacionada ao elevado valor da PET
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3315 R$ 0,0376 R$ 124,64
PET - KG 1710 R$ 1,8000 R$ 3.078,00
reciclada comercializada. O PET reciclado tem um custo em media de R$ 3,50/ kg, a
TOTAIS R$ 4.022,72
vantagem da compra na indústria de reciclagem é que ele vem moído e pronto para aplicação,
se fosse adquirido antes da reciclagem, em sua forma original, seu valor cairia para R$ 1,80/
BLOCO S/ PET
CONSUMO
VALOR P/ VALOR P/ VALOR
MATERIAL QUANT. TOTAL QU
(KG)
UND KG 13
TOTAL
CIMENTO - 1 SACO 50KG 25 SC 1250 R$ 25,00 R$ 0,50 R$ 625,00 2
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 5 M3 7500 R$ 46,00 R$ 0,0306 R$ 229,50 4,
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3 M3 3900 R$ 49,66fosse
kg, considerando apenas garrafas de 2 litros. Suponhamos que para tal estudo R$ 0,0376 R$ 146,64
adquirida 2,
PET - KG - - - - -
TOTAIS
a PET antes do processo de reciclagem, então os valores ficariam: R$ 0,57 R$ 1.001,14
QUANTIDADE POR UNIDADE COM PET (R$ 1001,14 / 1000 UND). R$ 1,00
QUANTIDADE POR UNIDADE SEM PET (R$ 6927,83 / 1000 UND). R$ 6,93
Tabela 4 – Estimativa de custo – 1000 unidades de blocos.
BLOCO C/ PET
CONSUMO
VALOR P/ VALOR
MATERIAL TOTAL
KG TOTAL
(KG)
CIMENTO - 1 SACO 50KG 1250 R$ 0,50 R$ 625,00
PÓ DE PEDRA - M3 (1500 KG) 6375 R$ 0,0306 R$ 195,08
PEDRISCO - M3 (1300 KG) 3315 R$ 0,0376 R$ 124,64
PET - KG 1710 R$ 1,8000 R$ 3.078,00
TOTAIS R$ 4.022,72
Fonte: autor.
4 CONCLUSÃO
pontos de coleta para o material, sem a participação de catadores, o custo da PET seria nulo e
a sua competitividade na comercialização equiparia ao bloco de concreto convencional.
Tendo em vista o conceito de sustentabilidade, esse tipo de produção apenas traz
benefícios para o meio ambiente, pois estima-se que no Brasil cerca de 49% das embalagens
de PET são descartadas e viram definitivamente lixo. Portanto, o resultado demonstrado nesse
trabalho para uma produção de 1000 unidade de blocos com PET, retira da natureza cerca de
37.620 unidades de PET, contribuindo para uma sustentabilidade no setor da construção civil.
Não deixando de potencializar que o estudo aqui apresentado tem seus resultados
avaliados em preços da região da grande Florianópolis, assim não podemos generalizar para
outros contextos ou regiões.
Abstract: The construction sector is responsible for a large part of the environmental impacts,
which start from the extraction of the raw material to the generation of waste. In face of the
problems caused, the construction industry has been seeking technological innovations that
seek sustainability, which is linked to economic, environmental and social factors. This work
presents the feasibility study for the incorporation of 15% recycled ground PET in substitution
to the natural aggregates in the manufacture of concrete blocks. In general, it compares the
fabrication of the conventional concrete block with the concrete block with PET. When
analyzed economically the block with PET showed a cost much higher than the conventional
one, but it presents significant environmental advantages for reduction of residues and the
consumption of raw material.
Referências
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http://www.mma.gov.br/informma/item/10272-pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-
s%C3%B3lidos-apresenta-resultados-em-4-anos>.
15
CÂNDIDO, Luis Felipe; BARRETO, José Maurício Lima; CABRAL, Antônio Eduardo
Bezerra. Avaliação de blocos de concreto produzidos com PET reciclado. Anais: XV
Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Maceió, 2014.
PONTES, Nádia. Brasil deixa de reciclar metade das garrafas PET jogadas no lixo.
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2016/06/1784366-brasil-
deixa-de-reciclar-metade-das-garrafas-pet-jogadas-no-lixo.shtml>. Acesso em: 23 jun. 2016.
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http://www.cimentoitambe.com.br/garrafas-pet-em-bloco-de-concreto/>. Acesso em: 25 fev.
2015.