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Políticas Energéticas para a Sustentabilidade

25 a 27 de agosto de 2014
Florianópolis – SC

Vulnerabilidade Energética Urbana: Avaliação do Setor Elétrico e


de Transportes para a Cidade de São Paulo, SP

Maíra Dzedzej 1
Afonso Henriques Moreira Santos 2
Edmilson Moutinho dos Santos 3
Rodolfo Mendes de Lima 4
Ivan Felipe Silva dos Santos5

RESUMO

A compreensão do comportamento da distribuição de energia e o setor de transportes


em um ambiente urbano e a vulnerabilidade da cidade em relação a essas utilidades
nos remete a teorias de ecologia social, e conceitos como resiliência, adaptabilidade,
transformabilidade e vulnerabilidade. Além disso, não se pode pensar na questão
energética de uma cidade como uma questão isolada, mas é necessário ponderar e
avaliar as relações com outros contextos como o social, econômico e ecológico. É
necessário avaliar a questão sob a luz de uma teoria sistêmica e não reducionista, e
para isso, tomou-se como base teorias dos sistemas sócio ecológicos para o
desenvolvimento e aplicação dos conceitos direcionados aos sistemas energéticos

1 Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, Maira.dzedzej@usp.br , (11) 3091-


2641.
2 UNIFEI, Afonso@ixconsult.com.br, (35) 3622-3114.
3 Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo,
Edmilson_em_viagem@yahoo.com.br, (11) 3091-2641.
4
UNIFEI, Rodolfo.lima@ixconsult.com.br, (35) 3622-3114.
5
UNIFEI, Ivan_nunes2004@yahoo.com.br.
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urbanos. O objetivo deste estudo é descrever brevemente a questão energética e de
transportes em São Paulo, focando e aplicando os pontos da teoria da vulnerabilidade.

Palavras-chave: planejamento energético urbano, resiliência energética urbana,


vulnerabilidade urbana, planejamento espacial.

ABSTRACT

Understanding the behavior of the energy distribution and the transportation sector in
an urban environment and the vulnerability of the city in relation to these utilities leads
us to theories of social ecology, and concepts such as resilience, adaptability,
transformability and vulnerability. Understanding the behavior of the energy distribution
and the transportation sector in an urban environment and the vulnerability of the city
in relation to these utilities leads us to theories of social ecology, and concepts such
as resilience, adaptability, and transformability vulnerability. Moreover, one can not
think of energy matter of a city as an isolated issue, but it is necessary to ponder and
evaluate relationships with other contexts such as the social, economic and ecological.
It is necessary to review the issue under the light of a systemic and non-reductive
theory, and for that, we took as the basis of ecological theories for the development
and application of concepts targeted to urban energy systems partner systems. The
objective of this study is to briefly describe the energy and transport issue in Sao Paulo,
focusing and applying on the points the theory of vulnerability.

Keywords: urban energy planning, urban energy resilience, urban vulnerability, spatial
planning.

1. INTRODUÇÃO

Os sistemas energéticos urbanos, SEU, representam os processos combinados de


consumo e aquisição de energia para atender as demandas de uma população
urbana. Historicamente, essas necessidades eram relativamente simples, compostas
basicamente por aquecimento e cocção de alimentos. Estas necessidades passaram
por modificações resultantes do processo de modernizações culminando em aumento
significativo na demanda energética, primeiramente em transportes seguido pela
indústria marcada pela revolução industrial.

A sociedade moderna, após significativas transformações, possui perfil de


deslocamento de grandes áreas para a realização de suas atividades diárias (trabalho,

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estudo e lazer), de forma sedentária (dependente de veículos), o que representa
grandes consumos energéticos. Além disto, esta população urbana, em função da
rotina acelerada, necessita de utensílios que garantam a realização de suas atividades
de forma ágil e, atendendo cada vez mais, um nível alto de conforto (térmico, visual
com iluminação, por exemplo) o que representa maior consumo no setor residencial e
de serviços. Portanto, atualmente, as atividades das cidades modernas demandam
diversos serviços de energia, como aquecimento e refrigeração de edificações,
iluminação interna e externa, serviços de mobilidade, comunicação, dentre outros
(Rutter & Keirstead, 2012).

Considerando este cenário, em função da forte dependência energética dos grandes


centros urbanos, faz-se necessário o entendimento destas relações através de
discussões conceituais. Estas definições devem auxiliar o desenvolvimento e
aplicação de ferramentas de gestão e, subsidiar a implementação de inovações
tecnológicas para o planejamento energético.

Portanto, este estudo, busca através de conceitos mais amplos, tomando como base
o desenvolvimento teórico e filosófico dos sistemas sócio ecológicos, a aplicação e
criação de conceitos que remetem a idéia de que as ações humanas e estruturas
ecológicas são estreitamente ligadas e dependentes, reciprocamente, e a separação
nítida dos sistemas naturais e sociais é arbitrária (Berkes et al. Apud Renaud et al.,
2010).

O objetivo deste estudo é, portanto, descrever brevemente a questão energética


focando energia elétrica e o setor de transporte na Região Metropolitana de São
Paulo, através do desenvolvimento e aplicação de conceitos aplicados a sistemas
sócio ecológicos.

Estes conceitos serão utilizados a seguir para descrever os setores residencial e de


serviços, grandes responsáveis pelo consumo de energia elétrica e, que
apresentaram maior crescimento na demanda energética das grandes metrópoles. E
também o setor de transportes, segundo maior consumidor de energia dentro da
matriz energética, perdendo apenas para o setor industrial. O setor industrial não será
abordado neste estudo, pois se trata de um setor com especificidades merecendo uma
abordagem específica dentro do setor energético.

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2. METODOLOGIA

2.1. Caracterização da Área de Estudo

O setor energético é bastante amplo e, estudá-lo integralmente neste artigo não seria
possível ou faria com que este não apresentasse nível de detalhes suficiente sobre o
tema. Por isto, definiu-se, para este artigo, estudar os setores cativos de consumo de
energia elétrica e, de combustíveis. Dentro de cada um destes setores definiu-se pelo
setor residencial e de serviços e, o de transportes. As demandas destes setores são
desagregadas e estudadas da seguinte forma:

 Setor residencial: cocção, aquecimento de água, iluminação, refrigeração,


condicionamento de ambientes. E, especificamente prediais: refrigeração,
iluminação e mobilidade predial (elevadores).
 Setor de atividades/ serviços: aquecimento de água, luz, refrigeração,
condicionamento de ambientes. E, especificamente serviços públicos:
iluminação, sinalização e drenagem/bombeamento;

2.2. Método

A metodologia utilizada neste estudo refere-se a uma pesquisa qualitativa do cenário


energético urbano de São Paulo que será apresentado a partir da aplicação de alguns
conceitos amoldados de revisão de literatura. Conceitos estes utilizados em temas
sociais, ecológicos e econômicos que serão adaptados e redefinidos neste artigo para
o tema energético.

O que será discutido no artigo são conceitos de ameaça, risco, fragilidade, resiliência,
adaptabilidade, transformabilidade e vulnerabilidade que serão essenciais para a
compreensão dos SEU e, para subsidiar a proposição de melhorias na mobilidade e
confiabilidade do sistema energético.

2. A ENERGIA E AS CIDADES

A energia é utilizada em diversas atividades, e os principais setores de consumo de


energia, são o setor industrial, seguido por transporte, comércio e residencial. Quando
se analisa o uso final residencial, o principal vetor energético é a eletricidade, utilizada
para iluminação, operação de equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos, e em
serviços, equipamentos de hospitais, operação de equipamentos para drenagem
urbana, acionamento de elevadores, dentre outros. No setor de transportes,
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atualmente há predomínio do uso de combustíveis fósseis, com pequena participação
de biocombustíveis, sendo que em alguns países como Brasil a participação desses
já foi mais expressiva. O consumo de energia em transportes é expresso pela
imobilidade que demonstra a ineficiência deste setor. Além disso, deve-se destacar a
forte interdependência entre mobilidade e o setor habitacional, especialmente em
relação a viagens, atividades de lazer, compras e, deslocamento para trabalho e
estudo (ARNOLD & BARTH, 2012).

Em função dos problemas e desafios identificados nos grandes centros urbanos,


focando os relacionados à mobilidade e sistema de distribuição e atendimento à
demanda de energia elétrica, faz-se necessário a proposição e desenvolvimento de
estratégias eficazes estruturadas em função das causas. Uma forma interessante de
identificar e discutir estas fragilidades é pelo conceito de vulnerabilidade aplicado aos
SEU.

2.1. Conceitos aplicados a Sistemas Energéticos Urbanos

Um sistema sócio ecológico tem como componentes básicos um subsistema social e


outro ecológico, estes, em interação mutua (Gallopín, 1991). O interesse científico em
sistemas sócio ecológicos começou com o reconhecimento de que uma abordagem
reducionista, com foco em elementos isolados de um sistema não é suficiente para
capturar os processos em sistemas naturais e sociais (Bennett &Mc Ginnis apud
Renaud et al., 2010). Este conceito remete a idéia de que ações humanas e estruturas
ecológicas são estreitamente ligadas e dependentes, reciprocamente, e a separação
nítida dos sistemas naturais e sociais é arbitrária (Berkeset al. apud Renaud et al.,
2010). Os sistemas sócio ecológicos podem ser particularizados para qualquer escala,
desde comunidades locais e suas vizinhanças até pelo planeta como um todo
(Gallopín, 2006). Neste contexto, podem-se definir os Sistemas Energéticos Urbanos,
SEU, com base nos princípios dos sistemas sociais e ecológicos, considerando que o
contexto energético esta todo interligado (sobretudo a questão de eletricidade e
transporte) e, está inserido em um sistema complexo, sofrendo influências de fatores
ambientais, ecológicos, sociais e de mercado. Ou seja, propõe-se, neste artigo, a
avaliação do contexto energético urbano, considerando sua vulnerabilidade, a partir
de uma visão sistêmica.

De acordo com o Institute for Energy and Transport (IET) (2013), os sistemas de
transporte e energia são complexos e a forma como o sistema é representado e
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compreendido deve ser simplificada por meio da relação entre os aspectos do sistema
complexo global com as responsabilidades e capacidades dos indivíduos
participantes, que podem ser reconhecidas e caracterizadas pela confecção e
aplicação de modelos.

De acordo com Walkeret al. (2004), três aspectos dos sistemas ecológicos sociais
governam suas trajetórias futuras, são eles: i) resiliência; ii) adaptabilidade e iii)
transformabilidade. Dado que a adaptabilidade é a capacidade de gerenciar a
resiliência do sistema, podemos empregar ferramentas de gerenciamento a fim de se
diminuir a vulnerabilidade de sistemas energéticos urbanos. Nos próximos tópicos
esses pontos serão adaptados para o contexto dos sistemas energéticos urbanos.

2.1.1. Ameaça e risco

De acordo com o Business Dictionary (2013), a ameaça pode ser definida como um
agregado do risco, sendo o risco definido como uma indicação de uma ameaça futura.
A ameaça pode ser um fenômeno natural, como um terremoto, inundação,
tempestade, ou fenômenos associados a uma ação antrópica tais como incêndio,
queda de energia, sabotagem, entre outros.

Amaro (2013) afirma que em face aos riscos ambientais, as sociedades desenvolvem
dispositivos para defesa ou reação, de acordo com suas capacidades tecnológicas, o
grau de ameaça e a possibilidade de previsão internalizada por experiências passadas
de eventos catastróficos. Arias (2012) desenvolve um modelo de gestão que integra
autoridades, população afetada e a fonte geradora de riscos.

As ameaças e riscos naturais, ecológicos, econômicos e energéticos estão


relacionados entre si e afetam sensivelmente a sociedade. Um exemplo desta
interação pode ser visto na ameaça referente a invasão de espécies não nativas de
animais, micróbios e plantas aos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, África do
Sul, Índia, e Brasil, o que segundo Pimentel et al. (2001), causa grandes perdas
econômicas na agricultura e silvicultura, impactando negativamente a integridade
ecológica local e a economia, gerando perdas da ordem de 316 Bilhões de dólares
por ano nos seis locais, perdas que se refletem, mesmo que de modo indireto, em
toda sociedade.

Quando se analisa sistemas energéticos considera-se não somente o centro


consumidor, mas possíveis ameaças em todo sistema, desde o centro de geração e
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passando pelos sistemas de transmissão e de distribuição. Por exemplo, um incêndio
em uma região pela qual passe uma linha de transmissão pode afetar o consumo de
toda uma cidade, ou no caso do sistema interligado brasileiro, toda uma região, como
já aconteceu. Ou seja, como a ameaça sempre existe, quando se fala do conceito de
ameaça, conceitos como fragilidade e vulnerabilidade devem ser analisados para se
mensurar a magnitude desta. Pois, a intensidade da ameaça, ou o nível de risco são
função da fragilidade do sistema e este, será quão mais vulnerável, quão maior for
esta combinação. Os conceitos de vulnerabilidade e fragilidade são tratados a seguir
com maior clareza.

2.1.2. Fragilidade

A fragilidade pode ser definida como a facilidade de deterioração ou quebra de um


sistema, sendo, portanto uma característica contrária a resistência e tenacidade de
um sistema. Este termo está presente em sistemas ecológicos sociais, ciências
econômicas, sistemas urbanos, resistência dos materiais, dentre outras.

Klemkosky (2013) definiu os sistemas de financiamento como frágeis. Esta fragilidade


pode causar impactos econômicos, como já ocorreu no Japão e Estados Unidos, e
usualmente criam períodos de lento crescimento econômico. Commins (2011) que
estudou a fragilidade do sistema urbano africano afirma que esta se manifesta num
contexto de deterioração governamental e crises e conflitos políticos prolongados em
âmbito urbano. Governos frágeis perdem a capacidade de oferecer os serviços
básicos e segurança aos seus cidadãos. Em sistemas energéticos urbanos, a
fragilidade é intensificada por serem alimentados predominantemente ou na maioria
dos casos, exclusivamente pelo sistema nacional interligado. A fragilidade dos SEU é
também intensificada por se referir a um sistema fortemente dependente de energia
elétrica em suas atividades como, por exemplo, um conjunto predial com servidores
de dados, elevadores, refrigeração de ar, que são quão mais frágeis quanto menos
diversificadas forem as fontes energéticas que o suprirem (considerando o SIN muitas
vezes como a única fonte). No caso de um conjunto predial, a fragilidade do sistema
pode ser gerida com complementariedade de fontes ou eficiência energética, como
por exemplo, a cogeração. Ou seja, estas medidas de diversificação, que diminuem a
dependência ao SIN, podem minimizar a fragilidade do sistema predial.

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2.1.3. Resiliência

De acordo com Folke et al. (2010) o conceito de resiliência foi originalmente


introduzido em sistemas ecológicos sociais por Holling (1973) como um conceito de
entender a capacidade de ecossistemas de persistir no estado original mesmo sujeito
a perturbações. Já Walkeret al. (2004), definiu resiliência como a capacidade de um
sistema de absorver distúrbios e reorganizar-se enquanto retém exatamente a mesma
função, estrutura e identidade. Ainda segundo o mesmo autor, esta em função de
quatro aspectos principais: i) latitude; ii) resistência; iii) precariedade e iv) panarquia.
A latitude é definida como o ponto limite do sistema até que este se transforme em
outro sistema fundamentalmente novo (vide transformabilidade). A resistência é a
grandeza que mede a dificuldade ou facilidade do sistema de se modificar (quão
resistente o sistema é a mudanças). Já a precariedade se refere ao estado atual do
sistema indicando o quanto este está próximo do seu limite de ruptura (latitude). Por
fim, o termo panarquia, se refere à característica da resiliência de um sistema de estar
sujeito as diversas interações cruzadas com a dinâmica de outros sistemas ao seu
redor. Como por exemplo, políticas para diminuir o transito da cidade de São Paulo
que podem acarretar em comportamentos inesperados em um regime de um sistema,
como a criação de corredores de ônibus, que fazem com que as pessoas passem a
utilizar mais o transporte público ao invés do individual com o objetivo de ficar menos
tempo no trânsito.

Uma aplicação destes conceitos dos sistemas ecológicos sociais pode ser vista a
partir dos conceitos de mecânica dos materiais. Um material sujeito a um
carregamento axial sofrerá deformações. Se estas deformações não ultrapassarem o
limite chamado de região elástica, as deformações não serão permanentes e o
material voltará ao seu estado inicial. Caso estas ultrapassem a região elástica e
atinjam a região plástica, as deformações sobre o material serão permanentes:

Figura 1. Região elástica de deformações sobre um material.

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Neste contexto, a resiliência pode ser definida como toda região elástica do material,
na qual as deformações serão dissolvidas e ele voltará ao estado inicial. A energia
máxima necessária para que o material transponha a região elástica atingindo a região
plástica, pode ser definida com a resistência. A precariedade se refere então à atual
deformação do sistema com relação a deformação máxima da região elástica, sendo,
portanto uma função do tempo. Por fim, a panarquia se daria quando as características
descritas deste sistema fossem alteradas por variações bruscas e inesperadas em
variáveis externas ao mesmo.

2.1.4. Adaptabilidade e Transformabilidade

A adaptabilidade tem sido discutida em diversas áreas da ciência. Como por exemplo,
em sistemas energéticos. Grubb e Minh Ha Duong (1995) afirmaram que os sistemas
e tecnologias energéticas se adaptam ao longo a fim de se acomodarem as pressões
externas. Walker et al. (2004)a definiu, dentro do contexto de sistemas ecológicos
sociais, como a capacidade dos agentes humanos de influenciarem a resiliência de
um sistema, mudando a latitude, resistência ou precariedade.

Ao passar pelo processo de adaptabilidade um sistema pode ter seu limite de


resiliência aproximado ou distanciado do seu atual estado (alterações em sua
latitude), pode sofrer um aumento na sua dificuldade de alcançar a latitude (alterações
em sua resistência) ou então ter seu estado atual movido, seja ou não na direção da
latitude (alterações em seu nível de precariedade).

Carpenten e Brock (2008) diferenciaram este termo de transformabilidade afirmando


que apesar de ocorrerem mudanças nas demandas internas e forças externas ao
sistema, este deve se adaptar para manter certos processos e não se transformar um
sistema fundamentalmente novo.

A transformabilidade ocorre quando um sistema atual é insustentável, a zona de


resiliência já foi ultrapassada e um sistema fundamentalmente novo é formado.
Folkeet al. (2010) a definiu como a capacidade de cruzar limites atingindo novas
trajetórias de desenvolvimento.

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2.1.5. Vulnerabilidade

De acordo com Calvo e Dercon (2005) o termo vulnerabilidade vem do termo latim
‘Vulverare’, que expressa à idéia de ser ferido e sofrer danos, associado, portanto a
perigos e ameaças e não a incertezas genéricas.

Os mesmos autores supracitados estudaram a vulnerabilidade como magnitude de


uma ameaça futura de pobreza, sendo a pobreza como a falha em atingir um nível
mínimo aceitável de bem estar social (linha da pobreza). Gallopin (2006) avaliou que
esse termo é usualmente compreendido como a susceptibilidade de um sistema a um
dano potencial ou transformação, quando sujeito a uma perturbação ou pressão
ambiental, ao invés de medida de um dano real. Pensando já em relação à
vulnerabilidade urbana esta decorre de uma fragmentação e segregação do espaço
urbano. O conceito de vulnerabilidade não é consenso nos estudos sobre o tema,
variando entre as diversas áreas de estudo em que é abordado. Uma revisão das
diversas definições do conceito de vulnerabilidade pode ser encontrada em Figueiredo
et al. (2010).

As falhas dos sistemas energéticos urbanos relacionado a vulnerabilidade pode afetar


o consumidor final de energia. A disponibilidade de energia está associada ao bem
estar da população, desde casos mais simples, como o estoque de comida de um
consumidor, até o funcionamento de um hospital. A implantação de uma rede que
favoreça a geração distribuída, com microgeradores em centros urbanos pode
contribuir para a redução da vulnerabilidade dos SEU, pois desta forma, a exposição
de um centro de geração a ameaça não compromete o funcionamento dos demais
centros.

O termo vulnerabilidade pode ser compreendido também como a susceptibilidade de


um sistema a um dano potencial ou transformação, quando sujeito a uma perturbação
ou pressão ambiental (Gallopín, 1991). Neste contexto, propõe-se a formulação
matemática para avaliar a vulnerabilidade em função da probabilidade de falha do
sistema elétrico, definida como:

V = q. ∑ P

Em que: – Vulnerabilidade; – Probabilidade de falha do sistema elétrico; –


População da região avaliada.

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Propõe-se outro conceito, a esperança de utilidade, para a avaliação do efeito de
vizinhança em uma cidade. Esta é definida como o somatório da utilidade de cada
cenário multiplicada pela sua respectiva probabilidade de acontecer. Este conceito é
proposto como forma de mensurar a vulnerabilidade em conjunto com a utilidade, ou
seja, permite avaliar de forma integrada a vulnerabilidade individual de cada região
levando em conta a integração dessas regiões e a influência dos fluxos energéticos
no comportamento do sistema como um todo.

A curva de utilidade é determinada em função dos fluxos energéticos entre as regiões


e determina a maneira em que as outras regiões são capazes de atender a população
das regiões onde ocorrem as falhas. Ressalta-se a importância desse conceito para
avaliação de um cenário presente e como modificações tecnológicas no modelo
energético podem influenciar de forma positiva a curva de utilidade.

3. CONCLUSÕES

Considerando o cenário de São Paulo, em função da forte dependência energética


dos grandes centros urbanos, faz-se necessário a criação de ferramentas de gestão,
e implementação de inovações tecnológicas integrativas com a utilização de diversos
vetores energéticos buscando-se eficiência e segurança. Dessa forma, uma
abordagem reducionista com foco em elementos isolados não é suficiente para
compreender os processos em um sistema energético urbano. Portanto, esta
discussão conceitual, com base no desenvolvimento teórico e filosófico dos sistemas
sócio-ecológicos, deve subsidiar o planejamento energético urbano.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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