Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
INTRODUÇÃO
Como era a vida do homem quando ele não sabia nada sobre o trovão?
Sobre a chuva? Sobre o vento? Como era a vida do homem quando ele só se preocupava
em arranjar comida e um bom lugar para descansar? Em que ele pensava?
Provavelmente ele começou a pensar sobre as questões de seu dia-a-dia e
acabou se deparando com uma questão maior: de onde eu vim? O que, ou quem, criou
isso tudo? Como tudo começou?
Sabe aquela conversa ao pé da fogueira, à noite, antes de ir dormir? Pois é.
Provavelmente, foi aí que começaram as especulações. E algum curioso de mente
criativa apresentou a primeira tese sobre como tudo começou. (Mas, falei em fogueira.
Será que só depois da descoberta do fogo é que o homem começou a pensar sobre o
mundo, sobre o universo, sobre a vida? Bem, essa é outra questão, para outra ocasião).
E surgiu, assim, o primeiro mito, fruto da imaginação humana.
MITO
Atualmente, mito é uma palavra polêmica, usualmente empregada com
sentido negativo, beirando o pejorativo. Em termos filosóficos, no entanto, pode ser
considerado como sendo uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (como dos
astros, da terra, dos homens, das plantas, dos animais, do universo, de tudo o que
existe).
A palavra mito vem do grego, mythos (μύθος), e deriva de dois verbos: do
verbo mytheyo (μυθευο) (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo
mytheo (μυθεο) (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Dessa forma, para eles,
mito nada mais é do que um discurso feito em público para ouvintes que recebem a
narrativa como verdadeira porque confiam naquele que narra; baseada, portanto, na
autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E, eles acreditam, essa autoridade
vem do fato de que o narrador ou testemunhou diretamente o que está narrando ou
recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Por outro lado, para Ferrater Mora2 mito pode ser conceituado como:
COMENTÁRIOS:
4
As idéias apresentadas nestes 3 últimos parágrafos foram desenvolvidas por Mercatante e Dow na
Encyclopedia of World Mythology and legend, às páginas XI e XII. (Cf. Bibliografia ao final)
Embora grande parte da rica mitologia desenvolvida pelos primevos tenha
se perdido, muitas delas chegaram até nossos dias e algumas ainda persistem. Na Bíblia,
livro primordial para três das maiores religiões existentes, são encontrados diversos
trechos que podem ser relacionados entre os mitos. E há muitas outras questões
religiosas, não necessariamente positivadas na Bíblia, que podem muito bem ser
discutidas como mitos.
Apenas como um exemplo: há já indícios mais do que suficientes para que
nossa ciência assegure que o nosso universo teve um começo. Como tudo na natureza,
para ele haverá, também, um fim? Mas, a narração da criação do mundo na Bíblia não
condiz com a conclusão científica, por ser apenas uma alegoria, mostrando que não
houve um acaso, mas foi a vontade divina que nos criou a tudo e a todos. Essa é uma
visão teológica sobre o escrito bíblico, procurando harmonizar as duas visões.
Sem procurar me alongar no assunto, poderíamos imaginar um evento como
a descrição do Paraíso como um mito. Ou a própria encarnação de Cristo. Ou sua
ressurreição. Ou Moisés e a saída do Egito, seguida de 40 anos (!) de peregrinação pelo
deserto. Em assuntos religiosos, mas não presentes explicitamente na Bíblia, poder-se-ia
discutir a existência da alma. Nós somos animais pensantes, o que nos diferencia de
todos os outros animais. O pensamento foi desenvolvido por nós a partir de uma
característica inata dos animais ou é uma qualidade que nos foi dada – é um dom,
portanto – por nosso Criador? Muitos desses “fenômenos” são de difícil interpretação
para a filosofia, embora a Teologia defina alguns deles como “fatos”.
Um fato importante, posto como inquestionável no pensamento dominante
atualmente, é que a Mitologia contribuiu de forma decisiva para o surgimento da
Filosofia. Os homens acabaram por perceber que o conhecimento mitológico era cheio
de contradições e limitado, baseando-se, essencialmente, na fé das pessoas: elas
precisavam acreditar na autoridade divina de alguém que estava a proclamar o mito. A
partir daí, passaram a reformulá-lo, buscando, em pensamentos lógicos, racionais e
coerentes, explicar os fenômenos e questões humanas.
A ciência, tal como a conhecemos hoje, surgiu a partir da elaboração do
pensamento lógico, a partir da criação da Filosofia, cuja origem se deve, entre outras
causas, à inconformidade do homem com a maneira como estavam sendo explicados os
fenômenos e fatos naturais. A imaginação e a criatividade humana apenas foram o passo
inicial dessa longa caminhada.
BIBLIOGRAFIA