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SOCIETÁRIA I
autora
VANESSA ANELLI BORGES
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial jose dario menezes, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-306-6
Prefácio 7
1.1 Introdução 10
1.2 A reorganização societária 13
1.3 Transformação, dissolução, liquidação e extinção de sociedades 13
1.3.1 Transformação de sociedades 13
1.3.2 Dissolução de sociedades 14
1.3.3 Liquidação de sociedades 14
1.3.4 Extinção de sociedades 15
1.4 Incorporação 16
1.5 Fusão 17
1.6 Cisão 19
1.7 Protocolo de Intenções e Assembleia Geral 21
1.8 Procedimento Reorganização Societária 23
1.9 Tratamento fiscal e aspectos contábeis 24
1.9.1 Tratamento Fiscal 24
1.9.2 Aspectos Contábeis 26
1.9.2.1 Incorporação 26
1.9.2.2 Fusão 26
1.9.2.3 Cisão 27
2.1 Introdução 32
2.2 Divulgação dos eventos com partes relacionadas 36
2.2.1 Objetivos 37
2.2.2 Aplicações na contabilidade 37
2.2.3 Formas de divulgação 39
2.3 Aspectos legais e fiscais de transações entre
partes relacionadas 41
2.4 Preço de transação entre partes relacionadas 42
3. Patrimônio Líquido 47
3.1 Introdução 48
3.2 O Patrimônio Líquido e a legislação vigente 51
3.3 Contas do Patrimônio Líquido 51
3.3.1 Capital social 52
3.3.2 Reserva legal 53
3.3.3 Reservas de capital 53
3.3.4 Reservas de lucros 54
3.3.5 Ações em tesouraria 54
3.3.6 Prejuízos acumulados 55
3.3.7 Ajustes de avaliação patrimonial 55
3.4 Demonstrações Contábeis 57
3.4.1 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 59
3.4.2 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados 60
4.1 Introdução 66
4.2 Coligadas, Controladas e Controladoras 67
4.3 Investimento Temporário versus Investimento Permanente 69
4.3.1 Método de Equivalência Patrimonial (MEP) 71
4.3.2 Descontinuidade do Uso do Método de Equivalência Patrimonial 75
4.3.3 Patrimônio Líquido Negativo 76
4.4 Ágio e Deságio 76
4.5 Demonstrações Consolidadas e Demonstrações Separadas 78
4.5.1 Demonstrações Consolidadas 78
4.5.2 Demonstrações Separadas 80
4.6 Classificação como Mantido para Venda 81
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
1
Concentração
e Extinção de
Sociedades:
Processos de
Reorganização,
Aspectos Legais e
Societários
1. Concentração e Extinção de Sociedades:
Processos de Reorganização, Aspectos
Legais e Societários
No capítulo 1 serão estudados os processos de incorporação, fusão e cisão de
empresas. Também serão discutidos conceitos acerca de transformação, dis-
solução, liquidação e extinção de sociedades. O conteúdo do presente capítulo
também engloba aspectos fiscais e tributários das operações de reorganiza-
ção societária.
OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Conhecer as características e as diferenças entre os processos de transformação, dissolu-
ção, liquidação ou extinção de sociedades;
• Entender os processos de incorporação, fusão e cisão de empresas;
• Conhecer os aspectos fiscais e tributários das operações de reorganização societária.
1.1 Introdução
10 • capítulo 1
Atribui-se como principal característica da empresa a sua finalidade eco-
nômica. Nela decisões econômicas são adotadas, o que permite a confusão de
empresa com o seu próprio estabelecimento. Entende-se por estabelecimento
a parte integrante dos meios que contribui para a realização do fim econômi-
co proposto.
Juridicamente, empresa responde por ser a ação que o empresário exerce,
sendo necessário destacar a empresa da pessoa do proprietário. Empresário é
o detentor da propriedade e dos bens de produção, sendo munido de poderes
dentro da entidade.
Uma empresa é dotada de planejamento, organização, direção e controle.
Pode ser classificado de acordo com seu objetivo, como prestação de serviço,
comércio e indústria. Outro meio de classificação é de acordo com tamanho,
como pequena, micro, média e grande. Sua estrutura também é levada em con-
sideração, podendo ser individual, coletiva, pública e mista.
Em relação à propriedade, pode ser de apenas uma pessoa, caracterizada
por empresa individual, ou mais de uma, classificadas como sociedades. A so-
ciedade pode ser por quotas, de responsabilidade limitada, ou ainda sociedade
anônima.
É importante saber que a unidade econômica não é exclusivamente o indus-
trial isolado, ou o comerciante, mas sim a organização complexa e organizada
de pessoas e bens que admitem uma relação em busca de propósito.
O progresso técnico, produtivo e econômico, trouxe consigo a expansão
da demanda, a busca crescente pelo lucro, o aumento da competição, a busca
por corte de custos e a integração das atividades econômicas. Todos esses fa-
tores somados contribuem para o surgimento da concentração das empresas.
Complementarmente, podemos considerar um fator de abuso de poder econô-
mico, que corresponde à busca da eliminação da livre concorrência.
Nesse aspecto, podemos enquadrar um importante princípio contábil: o da
continuidade. Presumimos que, quando uma entidade é criada, salvas raras ex-
ceções, objetiva estar em constante movimento dos meios de produção, ou seja,
comprando, vendendo, investindo e consumindo. A empresa não pode ser cria-
da com prazo de encerramento estabelecido, devendo operar indefinidamente.
Claro que devemos contar com a possibilidade de descontinuidade, seja por
dificuldade financeira ou abrangência de mercado, ou meramente deliberação
dos sócios. Nesse caso, as evidências devem necessariamente ser consideradas
nas demonstrações contábeis.
capítulo 1 • 11
O item 4.1 da Resolução CFC nº 1374/2011 conceitua que: as demonstrações
contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade
está em atividade (going concern assumption) e irá manter-se em operação por
um futuro previsível. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade
não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de
liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações. Por outro
lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis po-
dem ter que ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elabo-
ração utilizada deve ser divulgada.
Por isso, a necessidade da concentração empresarial já se apresenta como
meio de continuidade da empresa, sendo uma característica do mundo jurídi-
co e econômico atual.
São meios de realização da concentração empresarial:
12 • capítulo 1
1.2 A reorganização societária
capítulo 1 • 13
1.3.2 Dissolução de sociedades
14 • capítulo 1
A pessoa jurídica deverá ser tributada até a conclusão de sua liquidação.
Mesmo que a atividade empresarial seja interrompida, o liquidante deve man-
ter a escrituração normal de suas operações e levantar os balanços periódicos,
além de continuar arcando com todas as obrigações previstas na legislação tri-
butária, de acordo com os artigos 237 e 811 do RIR/1999.
Para o reconhecimento de uma pessoa jurídica em processo de liquidação,
o artigo 212 da Lei 6.404/76 dispõe que em todos os atos e operações necessá-
rios à liquidação, o liquidante deve fazer uso da determinação social seguida
das palavras “em liquidação”.
A determinação do modo de liquidação e a nomeação do liquidante compe-
tem à assembleia geral (no caso de companhia), ou aos sócios, ou ao titular nas
demais pessoas jurídicas, desde que não conste nos atos constitutivos.
O liquidante pode ser destituído a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver no-
meado, em caso de dissolução de pessoa jurídica de pleno direito. Já em caso de
liquidação judicial, o liquidante deve ser nomeado pelo juiz. A liquidação será
desenrolada judicialmente se a pessoa jurídica não iniciar a liquidação dentro de
trinta dias após a dissolução, ou ainda se, após iniciada, mantê-la interrompida
por mais de quinze dias, em caso de extinção da autorização para funcionar.
Os deveres e responsabilidades dos administradores, conselheiros fiscais e
acionistas subsistirão até a extinção da pessoa jurídica, de acordo com o artigo
217 da Lei 6.404/76, e dos artigos 210 e 211 do RIR/99.
capítulo 1 • 15
1.4 Incorporação
Incorporação
Empresa
Empresa “AB” Empresa “C”
“ABC”
16 • capítulo 1
O aumento do capital correspondente à incorporação segue o que está de-
terminado no art. 227 da Lei 6.404/76. O patrimônio correspondente a incorpo-
rada irá integrar o da incorporadora, mediante aplicação de nova distribuição
de participação societária. Por conta disso, os acionistas ou sócios quotistas de-
verão aprovar o aumento de capital e o consequente aumento das cotas e ações.
A sucessão de direitos e obrigações é abordada no artigo 1.116 do Código
Civil. A incorporada deixa de existir, sendo seu registro extinto e a incorporado-
ra passa a ser a sucessora da incorporada.
A partir da data da publicação dos atos relativos a incorporação, os credores,
casos contrários a continuidade da operação, terão prazo de sessenta dias para
requerer a anulação da operação. O pedido poderá ser retirado mediante o pa-
gamento das obrigações, ou, em caso de dívida não líquida, com a constituição
de garantia que sustente o posterior pagamento.
Em caso de confirmação da incorporação, o sócio dissidente da incorpora-
da tem direito a retirada. São excluídos os casos em que os titulares possuam
ações em espécie que possua liquidez ou dispersão no mercado. No caso expos-
to, não há prejuízo para o acionista, já que a alienação do título surte o mesmo
efeito.
É estabelecido que se a incorporação envolver uma companhia aberta, a in-
corporadora também deverá ser aberta. Em caso de descumprimento, a Lei da
Sociedade por Ações, no parágrafo 3º do artigo 223, admite a retirada do acio-
nista. Assim sendo, no caso da incorporadora ser sociedade limitada, o acionis-
ta da sociedade incorporada tem direito à retirada.
Outra possibilidade de retirada está prevista no artigo 1.077 do Código
Civil, que dispõe que em caso de mudança da estrutura contratual, fusão de
sociedade ou incorporações, é permitido ao sócio que dissentiu o direito de
excluir-se da sociedade, sendo este direito gozado nos trinta dias subsequen-
tes à reunião.
1.5 Fusão
capítulo 1 • 17
Assim como na incorporação, a fusão constitui um negócio plurilateral
que busca a integração de patrimônios em uma nova sociedade, porém, dife-
rentemente da incorporação, todas as sociedades fundidas são extintas. Nesse
processo, os sócios ou acionistas das entidades fundidas somam seus recursos
patrimoniais e empresariais, afetando a personalidade jurídica de todas as so-
ciedades envolvidas.
Fusão
Empresa “A”
Empresa “AB”
Empresa “B”
18 • capítulo 1
Com o laudo elaborado, é convocada nova assembleia para averiguação do
laudo, estando, por motivos claros, o sócio pertencente a uma sociedade votar
naquela da qual fizer parte. É direito dos sócios desistirem do negócio, exceto
quando os avaliadores forem designados como árbitros (Lei 9.307/96), porque,
neste caso, a sentença tem validade arbitral.
Aprovado o laudo, a assembleia deve decidir sobre a execução da fusão.
Aprovado a operação, extinguem-se as sociedades envolvidas e surge uma nova,
cujo capital social corresponde a junção dos patrimônios líquidos das socieda-
des fundidas.
Assim como ocorre na incorporação, os credores também têm direito a so-
licitar em juízo a anulação do processo de fusão. O processo é eliminado por
meio da liquidação da obrigação, ou prestação de garantia de liquidação.
É permitido ao acionista dissidente exercer o direito de retirada mediante
reembolso do valor de suas ações, pois não pode o acionista ser obrigado a per-
manecer em uma sociedade diferente daquela que se dispôs a ingressar.
O direito de retirada é impossibilitado em casos de ações com liquidez e
dispersão no mercado, pois o direito irá se realizar de qualquer forma.
Em caso de não cumprimento do disposto no parágrafo 3º do art. 223 da an-
tiga Lei das Sociedades por Ações, que determina que a sociedade constituída
da fusão seja aberta no caso em que uma das fundidas forem, também é asse-
gurado o direito à retirada. Nesse caso, o direito à retirada é pleno, mesmo que
o dissidente possua ações com liquidez e dispersão no mercado.
1.6 Cisão
A cisão foi introduzida no Direito brasileiro no ano de 1976, por meio da Lei
de Sociedades Anônimas. O processo de cisão possui características semelhan-
tes a incorporação e a fusão, diferenciando-se no fato de possibilitar o estabe-
lecimento de grupos coligados de empresas e que se adequam aos propósi-
tos governamentais.
A cisão constitui negócio plurilateral, que objetiva a separação do patrimô-
nio social em parcelas para a integração em sociedades novas ou já existentes.
Não é necessariamente exigida a extinção da sociedade cindida.
capítulo 1 • 19
Cisão
Empresa “A”
Empresa
“ABC” Empresa “B”
Empresa “C”
20 • capítulo 1
Assim sendo, a sociedade que absorve apenas parte do patrimônio de outra
responde somente pelas obrigações diretas aos atos de cisão, o que significa
que as informações omitidas permanecem na responsabilidade da empresa
cindida. Em caso de cisão total, considerando a extinção total da sociedade, as
sociedades que tomam posse do patrimônio da cindida respondem pelas obri-
gações correlatas à proporção do patrimônio líquido transferido.
Com relação a terceiros, existe responsabilidade solidária entre a sociedade
cindida e as que absorvem a parcela de capital do patrimônio líquido. Nos ca-
sos de cisão total, a sociedade responderá pelas dívidas da sociedade extinta. É
possível que seja estabelecido entre as sociedades a parcela de obrigação a qual
cada uma responderá. Nesse sentido, os credores, dentro do prazo de noventa
dias, podem apresentar oposição e, conforme artigo 233 da Lei 6.404/76, não
necessitam exatamente de justificativa ou condição patrimonial da sociedade
que responderá pelo crédito atribuído.
capítulo 1 • 21
São submetidas à assembleia geral das companhias interessadas às pro-
postas de incorporação, fusão e cisão empresarial, mediante justificativa, sen-
do expostos:
• Os motivos da operação e o interesse da companhia;
• As ações que serão recebidas pelos acionistas preferenciais em razão da
modificação dos seus direitos;
• A composição depois de concluída a operação, seguindo as espécies e as
classes das ações, do capital da companhia que deverão emitir ações que subs-
tituam as que deverão extinguir;
• O valor de reembolso das ações de direito dos acionistas dissidentes.
Lei das Sociedades por Ações – Lei nº 6.404/76 - Artigos 223 a 229 – Transforma-
ção, Incorporação, Fusão e Cisão
22 • capítulo 1
Para a elaboração do laudo contábil, o auditor independente, no papel de
perito, deve atender às Normas e Procedimentos de Auditoria (NPA 14), emitida
pelo Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (IBRACON).
A NPA 14 determina que a avaliação contábil consiste na avaliação dos bens
e direitos das sociedades, podendo compreender o patrimônio líquido contá-
bil ou o acervo formado por ativos e passivos selecionados e necessários para a
entidade que solicita os serviços. O contador assume o papel de conceder cre-
dibilidade às informações contábeis e financeiras, agindo livre de interesse no
processo decisório e contribuindo de acordo com seus conhecimentos e expe-
riência para a melhor tomada de decisão.
Em caso de desaprovação do laudo pericial pela assembleia de qualquer en-
tidade envolvida, não há prosseguimento no processo, ou seja, o laudo propos-
to pelo perito é de total importância no processo de reorganização societária,
devendo prestar informações fidedignas e temporais, bem como elucidar as
questões levantadas pelos interessados.
A antiga Lei da Sociedade por Ações, em seu artigo 136, incisos IV e IX, contem-
pla que, quanto à aprovação do quórum, é necessária a aprovação de acionistas
que representem pelo menos metade das ações ordinárias, ou seja, as que dão
direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto da companhia.
Complementarmente, o artigo 1.076 do Código Civil aponta que as delibe-
rações dos sócios a respeito de incorporação, fusão e dissolução deverão acon-
tecer mediante os votos correspondentes a, pelo menos, três quartos do capi-
tal social.
Na elaboração de protocolo da incorporação, fusão e cisão deverão constar
as quotas ou ações que serão atribuídas aos acionistas ou sócios em substitui-
ção aos direitos que irão se extinguir. O artigo 137 da Lei 6.404/76 determina
que os acionistas dissidentes têm o direito de recesso, sendo de trinta dias o
prazo de retirada, alcançando tanto os vencidos como ausentes e abstinentes,
mediante o reembolso do valor das suas ações. Exclusivamente em caso de ci-
são, o direito se restringe em situações de mudança do objeto social ou partici-
pação em grupo de sociedades.
capítulo 1 • 23
O artigo 1.077 do Código Civil assegura que o sócio que discordar da delibe-
ração de incorporação, fusão e cisão poderá retirar-se da sociedade, nos trinta
dias posteriores a realização da assembleia.
Os credores não possuem direito de se opor às operações de incorporação
e fusão, podendo reclamar apenas posteriormente. O artigo 232 da Lei das
Sociedades Anônimas dispõe que até sessenta dias após a publicação de atos
de fusão ou incorporação, o credor que se sentir prejudicado na operação pode-
rá em juízo solicitar a anulação da operação. Ainda com relação aos credores,
o artigo 233 da Lei 6.404/76 permite oposição em relação a operação de cisão.
O artigo 21 da Lei 9.249/95 prevê que a pessoa jurídica que tiver o seu patri-
mônio, em parte ou no todo, absorvido em virtude de processos de incorpora-
ção, fusão ou cisão, fica obrigada a levantar balanço patrimonial específico da
data do evento, ou, no máximo, até trinta dias antes da referida data.
Para o processo de reorganização, o patrimônio pode ser transferido pelo
valor contábil ou pelo valor de mercado, desde que possa ser observável por to-
das as partes envolvidas no processo.
Com relação à alteração contratual, os artigos 224 e 225 da Lei 6.404/76 de-
terminam que seja essencial para o processo a justificativa, protocolo, a altera-
ção do capital social e a consolidação do Contrato ou Estatuto.
24 • capítulo 1
Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição
Finalidade Social (COFINS), relativas ao ano anterior ao de entrega. A pessoa jurí-
dica incorporada também deve observar o disposto no artigo 235 do RIR/99, entre-
gando a DIPJ até o último dia do mês subsequente ao evento.
Seguindo a Instrução Normativa 303, de 21/02/03, a DIPJ, a DIRF e a DCTF
relativas à cisão, fusão ou incorporação devem ser entregues até o último dia
útil do mês subsequente ao do evento.
O artigo 1º da Lei 9.430/96 aponta que, para o Imposto de Renda Pessoa
Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, quando houver incor-
poração, fusão ou cisão, estes impostos deverão ser apurados até a data da efe-
tivação da operação, ou seja, a data da deliberação que aprovar a operação, de
acordo com o disposto no artigo 235 do RIR/99.
Em relação aos prejuízos fiscais, seguindo o disposto no artigo 514 do
RIR/99, a sucessora não tem permissão para compensar os prejuízos com o lu-
cro real da empresa sucedida. Há de se observar a diferença entre o prejuízo
contábil e o prejuízo fiscal. O prejuízo contábil é oriundo da contabilidade e
acontece quando, em determinado exercício as receitas são superadas pelos
custos e despesas. Por sua vez, o prejuízo fiscal é o resultado negativo decor-
rente da apuração do lucro real, ou seja, depois de feitas as adições e exclusões
permitidas por Legislação do Imposto de Renda no Livro de Apuração do Lucro
Real (LALUR). Se, depois de feitos os ajustes previstos, o resultado permanecer
negativo, é determinado prejuízo fiscal.
Em operação normal, os prejuízos fiscais podem ser compensáveis a título
de imposto de renda, observando em cada período de apuração o limite de 30%
(trinta por cento) do lucro líquido ajustado. O mesmo não é válido para que a
sucessora possa compensar prejuízos fiscais da sucedida.
Conforme disposto em parágrafo único do artigo 514 do RIR/99, em caso
de cisão parcial, é concedido o direito à cindida de compensar os prejuí-
zos fiscais, desde que de maneira proporcional ao patrimônio que nela hou-
ver permanecido.
Após a reorganização, a sucessora goza de direito de compensar os seus
próprios prejuízos antes da absorção do patrimônio das empresas sucedidas, a
menos que ocorra modificação de seu controle societário e mudança do ramo
de atividade, entre a data de apuração do prejuízo da compensação.
Seguindo a determinação do artigo 440 do RIR/99, não será computada para
determinação do cálculo do Imposto de Renda a contrapartida do aumento do
capítulo 1 • 25
valor de bens do Ativo na empresa, oriundo de incorporação, fusão ou cisão,
no caso de empresa optante pelo Lucro Real, enquanto esta estiver contida em
conta de Reserva de Reavaliação na sociedade oriunda da fusão ou incorpora-
ção, na sociedade cindida ou em uma ou mais sociedade resultados de cisão.
O artigo 441 do RIR/99 expõe que as reservas de reavaliação transferidas em in-
corporação, fusão, ou cisão, serão computadas na determinação do lucro real.
Consoante ao previsto no artigo 207 do RIR/99, nos casos de incorporação e
fusão, a sucessora é responsável legal pelos débitos fiscais do imposto de renda
apurado na sucedida. Com relação à cisão, as sociedades envolvidas na opera-
ção respondem solidariamente pelo imposto de renda devido, mesmo que para
as sociedades cindidas parcialmente.
1.9.2.1 Incorporação
Devem ser levantados os balanços por conta de ocasião de incorporação. Para
encerramento da incorporada, procede-se com:
• Debitam-se as contas de saldo credor a crédito das sociedades em conta
especial chamada de “conta de dissolução”.
• Creditam-se as contas de saldo devedor a débito das sociedades, na mes-
ma “conta de dissolução”.
1.9.2.2 Fusão
Assim como nas operações de incorporação, as sociedades fusionadas devem
levantar balanços por ocasião da operação de fusão para proceder com os lan-
çamentos contábeis. Para o encerramento das sociedades dissolvidas:
• Debitam-se as contas de saldo credor a crédito das sociedades em conta
especial chamada de “conta de dissolução”.
• Creditam-se as contas de saldo devedor a débito das sociedades, na mes-
ma “conta de dissolução”.
26 • capítulo 1
Para a empresa resultante da fusão, os lançamentos contábeis são:
• Subscrição do capital da nova sociedade
• Transferência dos elementos ativos e passivos de cada sociedade, debi-
tando-se os elementos ativos, a crédito em conta especial das sociedades dis-
solventes com nome de “conta patrimonial”, e creditando-se os elementos pas-
sivos a débito na mesma conta.
1.9.2.3 Cisão
A cisão admite as seguintes situações:
I. Cisão total com a criação de duas ou mais sociedades novas;
II. Cisão total com versão de parte do patrimônio para empresa(s) nova(s)
e parte para empresa(s) já existente(s);
III. Cisão total com versão do patrimônio para sociedades já existentes;
IV. Cisão parcial com versão de parte do patrimônio para sociedade(s)
nova(s);
V. Cisão parcial com versão de parte do patrimônio para sociedade(s) no-
va(s) e empresa(s) já existente(s); e,
VI. Cisão parcial com versão de parte do patrimônio para sociedades
já existentes.
ATIVIDADES
01. (SET-RN, 2005) As operações de fusão e incorporação de sociedades:
a) dependem de aprovação por todos os membros de cada uma das sociedades envolvidas.
b) constituem formas de reorganizar as relações societárias.
c) podem ser deliberadas por maioria desde que haja previsão contratual.
d) facilitam a mudança dos tipos societários.
e) permitem a redução do capital social de qualquer das envolvidas no processo, sem que
os credores possam se opor.
capítulo 1 • 27
02. (TJ-AP, 2011) Como consequência da fusão das sociedades "A" e "B:
a) as ações ou quotas de "A" e "B" passam a pertencer integralmente à nova sociedade,
surgida a partir da fusão.
b) a maior das duas sociedades passa a ser composta não apenas por seus bens, direitos
e obrigações, mas também pelos bens, direitos e obrigações da menor.
c) extinguem-se as sociedades "A" e "B", surgindo com a fusão uma nova sociedade que
as sucederá nos direitos e obrigações.
d) os acionistas dissidentes na deliberação de fusão não terão direito a recesso.
e) sob pena de perda do direito, credores das sociedades "A" e "B" terão 60 dias para ma-
nifestar-se e assegurar que seus créditos foram incluídos na nova sociedade.
03. (TJ-MS, 2014) Após a leitura do enunciado apresentado a seguir, identifique a afirma-
ção correta:
Movimento de conversão das sociedades empresariais em que uma ou várias sociedades
são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas
aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos. O texto acima se refere a:
a) Fusão. b) Falência. c) Incorporação. d) Cisão.
28 • capítulo 1
06. (BNDES, 2009) Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma
sociedade nova, que a elas sucederá em todos os direitos e obrigações:
a) Incorporação b) Cisão c) Fusão d) Transformação
07. (TRT-RN, 2010) A sociedade anônima pode, por deliberação dos acionistas, sofrer mo-
dificações na sua estrutura e configuração societária, transformando o tipo de sociedade,
transferindo patrimônio e alterando o corpo acionário. As mudanças trazem características
próprias. Observando a ordem das assertivas abaixo, indique a alternativa que aponta os
institutos jurídicos mencionados.
I . Operação pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais
sociedades, extinguindo-se a companhia, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a versão;
II . Operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação,
de um tipo para outro;
III . Operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
em todos os direitos e obrigações;
IV . Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que
lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
08. (JUCESC, 2013) Assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil brasileiro:
Instituto jurídico que implica a extinção de duas ou mais sociedades que se unem, para
formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e nas obrigações, denomina- se:
a) cisão. b) fusão. c) falência. d) incorporação.
REFLEXÃO
Presumimos que quando uma entidade é criada, salvas raras exceções, esta objetiva estar
em constante movimento com os meios de produção, ou seja, comprando, vendendo, inves-
tindo e consumindo. A empresa não pode ser criada com prazo de encerramento estabele-
cido, devendo operar em continuidade. No entanto, devemos contar com a possibilidade de
capítulo 1 • 29
descontinuidade, seja por dificuldade financeira, abrangência de mercado, ou meramente
pela deliberação dos sócios. Assim, os processos de incorporação, fusão e cisão de empre-
sas são muito importantes para o mercado e devem ser conduzidos de forma a atender os
objetivos da entidade e da legislação vigente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização,
arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976.
BRASIL. Lei nº 9.249 de 26 de dezembro de 1995.
BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002.
BRASIL. Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Instrução CVM nº 349 de 13 de março de 2001.
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Resolução nº 1.374 de 08 de dezembro de 2011.
IBRACON. Norma e Procedimento de Auditoria (NPA) nº 14. Disponível em < http://www.ibracon.
com.br/ibracon/Portugues/detPublicacao.php?cod=116>. Acesso em 23 de março de 2016.
JUSBRASIL. Disponível em <jusbrasil.com.br - fusao-incorporacao-e-cisao-de-sociedades>. Acesso
em 23 de março de 2016.
Portal de Contabilidade. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/
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Receita Federal. Disponível em <www.receita.fazenda.gov.br/.../CapituloIV-
ResponsabilidadenaSucessao>. Acesso em 23 de março de 2016.
Tax Contabilidade. Disponível em <http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.
php?idMatTec=353>. Acesso em 23 de março de 2016.
30 • capítulo 1
2
Transações
entre Partes
Relacionadas
2. Transações entre Partes Relacionadas
No capítulo 2 serão estudadas transações entre partes relacionadas. Serão
discutidos os processos e formas de divulgação dessas transações e sua apli-
cação na contabilidade. O conteúdo do presente capítulo também engloba as-
pectos legais e fiscais, bem como preço de transação das operações entre par-
tes relacionadas.
OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Conhecer as características de transações entre partes relacionadas;
• Reconhecer processos e formas de divulgação das transações entre partes relacionadas;
• Conhecer os aspectos legais, fiscais e conceitos de preço de transação de operações
entre partes relacionadas.
2.1 Introdução
32 • capítulo 2
figuras de grande acuidade no que tange às normas cabíveis de reconhecimen-
to e atualização de valores.
Numa companhia aberta, a auditoria e as regulações atuam com o objetivo
de verificar dados contábeis como o balanço patrimonial e a demonstração do
resultado do exercício para avaliação da empresa e consequente validação de
informações que são apresentadas aos interessados, além da função de super-
visão de suas atividades para a manutenção de um ambiente econômico prós-
pero. Neste cenário, as transações entre as partes relacionadas expõem as limi-
tações da atuação de cada parte para a gestão da empresa.
O Pronunciamento Técnico CPC 05 – Divulgação sobre as partes relaciona-
das, em correlação às normas internacionais de contabilidade – IAS 24, trata da
identificação de relacionamento e transações com partes relacionadas, assim
como a assimilação de saldos existentes, incluindo compromissos, entre a en-
tidade que reporta a informação e partes receptoras de tais dados.
É mister a menção de que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
é uma entidade que tem por objeto a orientação da prática contábil entre as
empresas atuantes no Brasil. Não cabendo o poder de supervisão, tampouco
aplicação de penalidades por parte deste órgão.
Para isto, as definições sobre partes relacionadas serão apresentadas
com as discussões do CPC 05, por meio do qual parte relacionada é definida
como pessoa ou a entidade que está relacionada com a entidade que está ela-
borando suas demonstrações contábeis, chamada de “entidade que reporta a
informação”. Esta pessoa pode ser um membro próximo da família que está
relacionada com aquela que reporta a informação se:
a) Tiver o controle pleno ou compartilhado da entidade que reporta
a informação;
b) Tiver influência significativa sobre a entidade que reporta a infor-
mação; ou
c) For membro do pessoal chave da administração da entidade
que reporta a informação ou da controladora da entidade que reporta
a informação.
No caso de uma entidade, essa está relacionada com a entidade que reporta
a informação em qualquer destas condições:
a) A entidade e a entidade que reporta a informação são membros do
mesmo grupo econômico, seja na relação entre controladora e controla-
das ou se as entidades sob controle comum são relacionadas entre si;
capítulo 2 • 33
b) A entidade é coligada ou controlada em conjunto (joint venture) de
outra entidade ou de membro de grupo econômico;
c) Ambas as entidades estão sob o controle conjunto (joint ventures)
de uma terceira entidade;
d) Uma entidade está sob o controle conjunto (joint venture) de uma
terceira entidade e a outra entidade for coligada dessa terceira entidade;
e) A entidade é um plano de benefício pós-emprego cujos beneficiários
são os empregados de ambas as entidades, a que reporta a informação e
a que está relacionada com a que reporta a informação. Se a entidade que
reporta a informação for ela própria um plano de benefício pós-empre-
go, os empregados que contribuem com a mesma serão também consi-
derados partes relacionadas com a entidade que reporta a informação;
f) A entidade é controlada, seja de modo pleno ou sob controle conjun-
to, por uma pessoa que seja membro da família;
g) Um membro da família que possua influência significativa sobre a
entidade, ou for membro do pessoal chave da administração da entidade;
h) A entidade, ou qualquer membro de grupo do qual ela faz parte, for-
nece serviços de pessoal-chave da administração da entidade que repor-
ta ou à controladora da entidade que reporta.
Controladora
Controladora C Coligada 3
34 • capítulo 2
Remuneração, conforme o CPC 05, inclui todos os benefícios a emprega-
dos e administradores previstos na regulamentação e dos acionistas. Os be-
nefícios a empregados são todas as formas de contrapartida paga, a pagar, ou
proporcionada pela entidade, ou em nome dela, em troca de serviços que lhes
são prestados.
A remuneração é composta da seguinte forma:
Tabela 2.1 – Remuneração. Fonte: elaborado pelo autor. Adaptado CPC 05.
Pessoa X Entidade B
Entidade A Entidade C
capítulo 2 • 35
Considerando, então, cada um dos possíveis arrolamentos com partes rela-
cionadas, a conexão é majoritariamente importante considerado a forma legal.
Conclui-se, portanto, que o CPC 05 visa explanar sobre a forma de divulgação das
conexões entre partes relacionadas, passando sobre temas como as transações
e saldos existentes entre as entidades, incluindo compromissos nas demonstra-
ções contábeis consolidadas e separadas de controladora ou investidores com
controle conjunto da investida ou com influência significativa sobre ela.
36 • capítulo 2
2.2.1 Objetivos
A regulamentação contábil das sociedades por ações, assim como das respon-
sabilidades dos controladores, visa à proteção dos direitos dos acionistas mino-
ritários e demais usuários. Assim sendo, são inseridos dispositivos, tais como
penalidades por desvio de poder, meios de controle de conflitos de interesses,
direito à dissidência e, principalmente, a melhora da divulgação das transições
entre partes relacionadas.
Para informar corretamente o usuário da informação contábil, os elemen-
tos expostos devem compreender a extensão, as características e os efeitos das
transações nos resultados financeiros e econômicos da companhia.
É importante lembrar que estão inseridos no contexto de transações opera-
ções como: compra, vendas, empréstimos, remuneração, tomada ou prestação
de serviços, modelos de operações, consignação, integralização de capital, di-
reitos exercidos, distribuição de lucros e outras operações.
Para as divulgações, devem ser considerados aspectos como a semelhança
da operação com as que seriam realizadas com partes não relacionadas e se as
transações afetam de forma significativa a situação financeira e os resultados
da sociedade.
Devem ser claramente demonstradas na contabilidade as operações de
compra e venda de produtos e serviços que constituam o objeto social da em-
presa, as alienações e transferências dos bens e direitos, os saldos decorrentes
das operações, os modelos de cancelamento das dívidas, as formas de garan-
tia concedidas, aquisições de direito de compra, as transferências de origem
não financeira, os direitos à preferência na subscrição de valores mobiliários,
capítulo 2 • 37
empréstimos e financiamentos com seus respectivos encargos, manutenção de
benefícios para funcionários de partes relacionadas e as limitações operacio-
nais e de mercado.
Os saldos e as transações ocorridas que sejam oportunas de divulgação de-
vem ser indicadas nas demonstrações financeiras em seu contexto habitual,
junto aos saldos de mesma natureza, e, os não inseridos no contexto operacio-
nal, devem ser classificados em separado. A divulgação pode ser feita tanto no
corpo da demonstração, quanto em notas explicativas, desde que favoreçam o
entendimento do usuário.
Existindo dependência econômica, tecnológica ou financeira com outras
empresas, os montantes das operações financeiras deverão ser apresentados
juntamente como uma explicação do modelo de dependência, seja em nota ex-
plicativa, ou em nota específica.
Enfatiza-se que o registro contábil das integrações comerciais entre as par-
tes relacionadas é usualmente realizado nas demonstrações financeiras sepa-
radas de cada entidade, por configurar atividade econômica da mesma.
Nos casos de demonstrações financeiras consolidadas que incluam partes
relacionadas, não são todos os saldos e transações que serão divulgados, visto
que grande parte será eliminada no processo de consolidação. Em outras pa-
lavras, não é permissivo, nem mesmo racional a inclusão de valores relativos
a operações comerciais oriundos de dentro de um mesmo grupo econômico,
ilustrado pelas demonstrações financeiras consolidadas.
De acordo com o CPC 05 de partes relacionadas, as divulgações devem incluir:
a) Montante das transações;
b) Montante dos saldos existentes, incluindo compromissos, e:
I. Seus prazos e condições, incluindo eventuais garantias, e a natureza
da contrapartida a ser utilizada na liquidação; e
II. Detalhes de quaisquer garantias dadas ou recebidas;
38 • capítulo 2
Por fim, menciona-se que o método de reconhecimento da variação da par-
ticipação no patrimônio líquido das investidas é realizado segundo o método
da equivalência patrimonial.
capítulo 2 • 39
f) Transferências mediante acordos de licença;
g) Transferências de natureza financeira (incluindo empréstimos e con-
tribuições para capital em dinheiro ou equivalente);
h) Fornecimento de garantias, avais ou fianças;
i) Assunção de compromissos para fazer alguma coisa para o caso de um
evento particular ocorrer ou não no futuro, incluindo contratos a executar (re-
conhecidos ou não); e
j) Liquidação de passivos em nome da entidade ou pela entidade em
nome de parte relacionada.
Ente Estatal G
40 • capítulo 2
contábeis da entidade dos efeitos das transações com partes relacionadas nas
suas demonstrações contábeis:
a) Natureza e montante de cada transação individualmente significativa; e
b) Para outras transações que no conjunto são significativas, mas indivi-
dualmente não o são, uma indicação qualitativa e quantitativa de sua extensão.
capítulo 2 • 41
Ainda neste contexto, as Sociedades Anônimas emitem o relatório anual da
administração, que relaciona os investimentos da companhia em sociedades
coligadas e controladas e às modificações ocorridas durante o exercício. São
consideradas coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência
significativa. E considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, di-
retamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que
lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais
e o poder de eleger a maioria dos administradores.
Ainda, a companhia aberta deve divulgar as informações adicionais, so-
bre coligadas e controladas, que forem exigidas pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM). Quando a investidora detém ou exerce o poder de participar
nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá
-la, é considerada por apresentar influência significativa. Isto quer dizer que há
influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento)
ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.
Para fins de tributação, os resultados de equivalência patrimonial são parte
dos ajustes a serem feitos na apuração do Lucro Real e incidência de Imposto
de Renda e Contribuição Social. Assim, tais valores compõem a base de tributa-
ção apenas no momento de alienação ou baixa do investimento.
42 • capítulo 2
b) Alienação ou transferência de bens do ativo;
c) Prestação de serviços administrativos e/ou qualquer forma de utiliza-
ção da estrutura física ou de pessoal de uma empresa pela outra ou outras, com
ou sem contraprestação;
d) Direitos de preferência à subscrição de valores mobiliários;
e) Concessão de avais, fianças, hipotecas, depósitos, penhores ou quais-
quer outras formas de garantias;
f) Aquisição de direitos ou opções de compra ou qualquer outro tipo de
benefício e seu respectivo exercício;
ATIVIDADES
01. As empresas, ao longo de sua atuação no mercado, podem formar grupos econômicos
a partir de investimentos no patrimônio umas das outras, detendo, assim, direitos sobre seus
resultados. Com base nisso, cite e comente brevemente sobre as diferentes relações nesse
tipo de investimento.
capítulo 2 • 43
04. (Petrobras, 2011) O pronunciamento técnico CPC 24, Divulgação sobre as Partes Rela-
cionadas, editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, estabelece que a divulgação
deva contemplar:
a) Saldos e transações entre as partes nas demonstrações individuais, somente
da controlada.
b) Saldos existentes entre partes relacionadas, somente.
c) Transações entre as partes relacionadas, somente.
d) Transações e saldos existentes com partes relacionadas nas demonstrações individuais
da controladora ou investidora.
e) Transações e saldos existentes entre as partes nas demonstrações individuais da con-
trolada, investida, controladora ou investidora.
05. (TCM-SP, 2015) A Cia. Industrial Iota tem uma participação de 25% no capital social
da Comercial Kapa S.A., que é composto exclusivamente por ações ordinárias. Os demais
investidores da Comercial Kapa S.A. são independentes do grupo econômico ao qual a Cia.
Industrial Iota pertence. Em 30/11/x1, a Cia. Industrial Iota vendeu produtos à Comercial
Kapa S.A. por um total de R$ 1.000.000. Esses produtos tiveram um custo para a Cia. Indus-
trial Iota de R$ 800.000. Até 31/12/x1, a Comercial Kapa S.A. havia vendido metade desses
produtos a clientes que não eram partes relacionadas nem dela nem da Cia. Industrial Iota.
Sabendo que essas transações não são tributadas, que não houve outras operações entre
ambas as companhias durante x1, e que ao final desse exercício a Comercial Kapa S.A. ob-
teve um lucro líquido de R$ 1.200.000, o efeito líquido no resultado da Cia. Industrial Iota de
sua participação nos resultados de x1 da Comercial Kapa S.A. será de:
a) R$ 100.000; c) R$ 250.000; e) R$ 300.000.
b) R$ 200.000; d) R$ 275.000;
06. (SEFAZ-SP, 2009) A Cia. Eclipse Supermercados, dando continuidade à sua estraté-
gia de expansão, no início de 2008, participa da constituição da Cia. de Varejo Luna, cujo
capital social totalmente subscrito e integralizado, na ocasião, será formado por um total de
2.000.000 de ações, distribuídas de acordo com limites legais, em ações ordinárias e prefe-
renciais, todas com valor nominal unitário de R$ 30,00. É política da empresa manter o con-
trole direto de todas as suas investidas, desembolsando sempre o valor mínimo necessário.
Neste caso, de acordo com a legislação societária, para manter o controle da Cia. de Varejo
Luna, no mínimo, a empresa deverá integralizar o capital social da investida no valor de:
a) R$ 66.000.000,00. c) R$ 30.000.030,00. e) R$ 15.000.030,00.
b) R$ 60.000.000,00. d) R$ 20.000.300,00.
44 • capítulo 2
07. (Receita Federal, 2014) Em janeiro de 2011, a Cia. Amazônia subscreve 60% do capi-
tal ordinário da Cia. Mamoré, registrando essa Participação Societária, em seus ativos, pelo
valor de R$ 720.000. Nesse mesmo período, a empresa controlada vende à vista para a
Cia.Amazônia estoques no valor de R$ 200.000, obtendo nessa transação um lucro de R$
50.000. Ao final desse exercício, o Patrimônio Líquido da controlada ajustado correspondia a
R$ 1.230.000 e a investidora repassou para terceiros 70% dos estoques adquiridos da Cia.
Mamoré pelo valor à vista de R$ 250.000.
Considere que a Cia.Mamoré destina, distribui e paga dividendos no valor de R$ 10.000
para os acionistas. Nesse caso, a Cia. Amazônia deve efetuar um lançamento de:
a) débito em conta de Resultado de Equivalência Patrimonial a crédito de conta do Patri-
mônio Líquido no valor de R$ 6.000.
b) débito em Disponibilidades a crédito da conta Participações Societárias – Cia. Mamoré
no valor de R$ 6.000.
c) débito de Participações Societárias – Cia. Mamoré a crédito da conta Resultado de
Equivalência Patrimonial no valor de R$ 6.000.
d) débito de Disponibilidades a crédito da conta Resultado de Equivalência Patrimonial no
valor de R$ 6.000.
e) débito de Dividendos a Pagar a crédito da conta Receitas de Investimentos no valor de
R$ 6.000.
08. (MF, 2013) Com respeito aos investimentos permanentes em ações de outras compa-
nhias, é correto afirmar:
a) se uma empresa for obrigada a mudar a avaliação de seu investimento do “Método do
Custo” para o “Método da Equivalência Patrimonial” quando o saldo do investimento con-
tabilizado pelo custo for maior que o avaliado pela Equivalência Patrimonial, a diferença
será contabilizada como deságio.
b) consideram-se coligadas as sociedades quando uma participa com 20% ou mais do
capital da outra, sem controlá-la
c) se uma empresa for obrigada a mudar a avaliação de seu investimento do “Método
da Equivalência Patrimonial” para o “Método do Custo”, a mudança não propiciará ne-
nhum ajuste.
d) considera-se controlada a sociedade na qual a controladora é titular de direitos de só-
cios que lhe assegurem, mesmo que de modo provisório, o poder de eleger a maioria
dos administradores.
e) se uma empresa for obrigada a mudar a avaliação de seu investimento do “Método do
Custo” para o “Método da Equivalência Patrimonial” quando o saldo do investimento con-
tabilizado pelo custo for menor que o avaliado pela Equivalência Patrimonial, a diferença
será contabilizada como ágio.
capítulo 2 • 45
09. O que é preço de transferência entre partes relacionadas?
10. (UFES, 2015) De acordo com a legislação vigente, são avaliados pelo método da equi-
valência patrimonial os investimentos permanentes em outras sociedades:
a) Quando o valor do investimento for superior a 10% do patrimônio líquido da investida.
b) Quando o valor do investimento for superior a 5% do patrimônio líquido da investidora.
c) Quando o valor do investimento não puder ser mensurado com confiabilidade.
d) Quando o valor do investimento for superior a 10% do patrimônio líquido da investida e
superior a 5% do patrimônio líquido da investidora.
e) Quando houver controle ou influência significativa da investidora sobre a investida.
REFLEXÃO
A regulação das transações entre partes relacionadas busca assegurar que as demonstra-
ções contábeis da entidade contenham as divulgações indispensáveis para chamar a aten-
ção dos usuários para a possibilidade de as demonstrações contábeis da entidade estarem
afetadas pela existência de partes relacionadas e por transações e saldos, incluindo com-
promissos, com referidas partes. É preciso que sejam postos os relatórios contábeis à dispo-
sição, pois há a possibilidade de serem informações relevantes para os usuários contábeis,
seja para qual for o fim de uso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976.
BRASIL. Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 05 - Divulgação sobre Partes
Relacionadas.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 35 - Demonstrações Separadas.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 45 – Divulgação de Participações
em Outras Entidades.
IBRACON. Pronunciamento XXIII de 23 de janeiro de 1999. Transações entre partes relacionadas.
(Revogado pela Diretoria Nacional em reunião de 24/05/2011).
46 • capítulo 2
3
Patrimônio Líquido
3. Patrimônio Líquido
No capítulo 3 serão estudadas as contas que compõem o Patrimônio Líquido
(PL), a saber: capital social, reservas e prejuízos acumulados. Discute-se, ainda,
aspectos da política de distribuição de dividendos, a Demonstração das Muta-
ções do Patrimônio Líquido – DMPL e a Demonstração dos Lucros e Prejuízos
Acumulados - DLPA.
OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Entender a natureza das contas que compõem o Patrimônio Líquido;
• Trabalhar com distribuição de dividendos;
• Elaborar e analisar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL;
• Elaborar e analisar a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados - DLPA.
3.1 Introdução
Sempre que o total de bens e direitos da empresa for igual à soma de suas
obrigações, podemos afirmar que o ativo é igual ao passivo e que, portanto, a
situação líquida é nula ou neutra.
48 • capítulo 3
Se ativo igual a passivo, PL nulo
A = P, logo PL = 0
Sempre que o total de bens e direitos da empresa for menor do que a soma
de suas obrigações, podemos afirmar que o ativo é menor do que o passivo e
que, portanto, a situação líquida é negativa ou deficitária.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL
R$ 2.000.000,00
R$ 1.500.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
- R$ 500.000,00
Como é possível ver no exemplo acima, o valor é a diferença entre Ativo Total
e Passivo Total. Neste caso, R$ 1.500.000,00 – R$ 2.000.000,00 = (R$ 500.000,00).
Essa situação é também conhecida como Passivo a Descoberto, conforme o
Conselho Federal de Contabilidade – CFC na resolução CFC 1.049/2005.
Então, seguindo a lógica apresentada até aqui, podemos afirmar que adi-
cionando os valores dos bens e dos direitos, teremos o total do ativo. Por outro
lado, somando os valores das obrigações, teremos o total do passivo. A diferen-
ça entre o total de bens e direitos, das obrigações, representa o valor do patri-
mônio líquido. Veja:
Tabela 3.1 – Balanço Patrimonial (bens, direitos, obrigações e PL). Fonte: Elaborada
pelo autor.
capítulo 3 • 49
Pelo CPC 00 - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de
Relatório Contábil-Financeiro, os elementos diretamente relacionados com a
mensuração da posição patrimonial e financeira de uma empresa são os ativos,
os passivos e o patrimônio líquido.
O ativo representa recurso controlado pela entidade como resultado de eventos pas-
sados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade;
o passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja
liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar
benefícios econômicos; e o patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da
entidade depois de deduzidos todos os seus passivos (CPC 00).
50 • capítulo 3
O estudo proposto para o Capítulo 3 trata ainda de aspectos importantes
sobre ativos e passivos, mas aprofunda-se no entendimento do Patrimônio
Líquido, a saber: principais alterações que as leis 11.638/2007 e 11.941/2009 de-
terminaram para esse grupo, contas patrimoniais que o compõem e demons-
trações contábeis que tem sua origem nessas contas.
De acordo com a Lei 6.404 de 1976, Lei das Sociedades Anônimas, o Patrimônio
Líquido era dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavalia-
ção, reservas de lucros e lucros e prejuízos acumulados.
Pela Lei 11.638 de 2007, que altera alguns aspectos até então estabelecidos
pela Lei 6.404, posteriormente complementada pela Lei 11.941/2009, o gru-
po do PL passa a ser composto por capital social, reservas de capital, ajustes
de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados.
Conforme o CPC 00, embora o patrimônio líquido muitas vezes seja enten-
dido como algo residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial.
Por exemplo, na sociedade por ações, recursos aportados pelos sócios, reservas
resultantes de retenções de lucros e reservas representando ajustes para manu-
tenção do capital podem ser demonstrados separadamente.
O próprio pronunciamento justifica: tais classificações podem ser relevan-
tes para a tomada de decisão quando indicarem restrições legais ou de outra
natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de ou-
tra forma os seus recursos patrimoniais.
capítulo 3 • 51
pertencentes a sócios e acionistas, e é a diferença entre o Ativo e o Passivo da em-
presa. É dividido nas contas Capital Social (valores investidos por sócios e acio-
nistas na empresa), Reservas de Capital (valores recebidos pela empresa que
não se referem à entrega de bens e serviços), Ajustes de Avaliação Patrimonial
(aumentos ou diminuições de valores no Ativo e no Passivo), Reservas de Lucros
(lucros retidos pela empresa), Ações em Tesouraria (compra das próprias ações
da empresa no mercado) e Lucros e Prejuízos Acumulados (lucros ou prejuízos
de outros exercícios sociais).
Em relação a este último, é correto entender que o lucro é o resíduo positivo
da apuração de resultado, diferença das operações entre Receita e Despesas, e
pertence aos proprietários da empresa, refletindo na remuneração do capital
que foi investido pelos mesmos. Este lucro normalmente é dividido em duas
partes: parte é distribuída aos donos do capital e outra parte é reaplicada na
empresa. Esta última parte é conhecida como lucros acumulados e inserida no
Patrimônio Líquido (SILVA, 2007).
Pode-se classificar ainda o PL como sendo uma obrigação da empresa para
com seus sócios, sendo chamado comumente de capital próprio. Um detalhe
válido de ressalva é que não se figura como algo exigível para a empresa, dife-
rentemente do capital de terceiros.
A seguir serão apresentadas as contas que compõem o Patrimônio Líquido.
52 • capítulo 3
determinado montante de recursos; o capital a realizar representa o montante
subscrito, mas não integralizado; e o capital integralizado representa o valor já
capitalizado.
De acordo com Iudícibus et. al (2010) o valor que deve constar do PL no sub-
grupo capital é o capital realizado, ou seja, apenas o montante efetivamente
integralizado pelos acionistas. O art. 182 da Lei 6.404/76 estabelece que a conta
do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela
ainda não realizada. Assim, o valor líquido entre o capital subscrito e o capital a
integralizar representa o capital realizado.
As reservas de capital podem ser entendidas como as somas recebidas que não
são transferidas para o resultado, por não caracterizarem entrega de bens pela
empresa. São classificadas como reservas de capital, segundo a lei nº 6.404/76:
a) Reserva de Correção Monetária do Capital Realizado;
b) Reserva de Ágio na Emissão de Ações;
c) Reserva de Alienação de Partes Beneficiárias;
d) Reserva de Alienação de Bônus de Subscrição;
e) Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures (excluída desde
01/01/2008, por força da Lei 11.638/2007);
f) Reserva de Doações e Subvenções para Investimento (excluída desde
01/01/2008, por força da Lei 11.638/2007);
g) Reserva de Incentivo Fiscal.
capítulo 3 • 53
Conforme o artigo 200 da Lei das S/A, as reservas de capital devem ser utili-
zadas para:
a) Absorver prejuízos, sempre que estes excederem os lucros acumulados
e as reservas de lucros;
b) Resgate, reembolso ou compra de ações;
c) Resgate de partes beneficiárias;
d) Incorporação ao capital social;
e) Pagamento de dividendos a ações preferenciais, no momento em que
for assegurada esta vantagem.
54 • capítulo 3
3.3.6 Prejuízos acumulados
capítulo 3 • 55
Ainda com relação à mensuração do valor justo, os peritos da companhia de-
vem elaborar um laudo técnico do ativo avaliado através de critérios e normas
específicas para uma elaboração justa. Por exemplo, a avaliação de imóveis segue
os padrões do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE).
Além disso, condições atuais, manutenção dos equipamentos e outros eventos
contribuem para a formação deste valor, e isto é informado pela empresa.
O ICPC 10 apresenta o conceito de valor inicial dos ativos, o custo atribuído
(deemed cost), para os ajustes. A diferença é feita entre o valor justo e o valor
dos ativos menos a depreciação acumulada. O resultado vai para a conta do ati-
vo imobilizado e sua contrapartida é a conta do ajuste de avaliação patrimonial
– AAP – do patrimônio líquido. Por exemplo:
CONTA AAP
Valor de custo R$ 1.000,00
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Débito Crédito
56 • capítulo 3
3.4 Demonstrações Contábeis
capítulo 3 • 57
DEMONSTRAÇÃO SIGLA DESCRIÇÃO
Demonstração dos A DLPA Representa descrição específica
Lucros e Prejuízos de uma conta contábil do Patrimônio Lí-
Acumulados / quido que, por sua vez, é tratado na DMPL.
DLPA/DMPL
Dem. Das muta- Em ambas, são abrangidas as movimenta-
ções do Patrimônio ções ocorridas nessas contas ou grupos
Líquido contábeis afim de explicitar seus eventos.
58 • capítulo 3
No tópico a seguir serão apresentadas com detalhes a DMPL e a DLPA, uma
vez que esse capítulo tem por objetivo o estudo do Patrimônio Líquido.
capítulo 3 • 59
3.4.2 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados
60 • capítulo 3
Ganhos
(perdas) Outros
Ajuste atuariais Hedge de resultados Total do PL Participação
Capital Transa- Acumulado com planos fluxo de abrangentes Atribuível aos dos acio-
subscrito e ções de de de beneficios caixa de e custo Res. Res. Incentivos Retenção Lucros acionistas da Ativo nistas não Total do PL
Integralizado capital Conversão definidos exportação atribuido Legal Estatutária Fiscais de Lucros Acumulados controladora Diferido controladores Consolidado
205.392 939 2.078 (14.505) 50 15.354 3.476 1.412 114.739 (154) 328.781 (360) 2.354 330.775
Saldo em 1o de janeiro de 2013 205.392 939 (12.377) 134.827 328.781 (360) 2.354 330.775
Aumento de capital com reservas 19 (19) – – – –
Realização de custo atribuido (10) 10 – – – –
Mudança de participação em controladas 109 109 (2) (238) (131)
Lucro Liquido (prejuizo) 23.408 23.408 162 (563) 23.007
Outros resultados abrangentes 3.118 10.989 (8.376) (588) 5.143 – (15) 5.128
Destinações:
Apropriações do lucro liquido em reservas 1.170 1.027 21 11.745 (13.963) – – – –
Dividendos (9.301) (9.301) – (144) (9.445)
Saldo em 31 de dezembro de 2013 205.411 1.048 5.196 (3.516) (8.376) (548) 16.524 4.503 1.414 126.484 348.140 (200) 1.394 349.334
205.411 1.048 (7.244) 148.925 348.140 (200) 1.394 349.334
Aumento de capital com reservas 21 (21) – – – –
Realização de custo atribuido (10) 10 – – – –
Mudança de participação em controladas (1.478) (1.478) 95 1.043 (340)
Lucro Liquido (prejuizo) (21.692) (21.692) 105 (337) (21.924)
Outros resultados abrangentes 4.763 (11.029) 9.225 (631) (16.122) – (42) (16.164)
Destinações:
Apropriações do lucro liquido em reservas (21.682) 21.682 – – – –
Dividendos – – (184) (184)
Saldo em 31 de dezembro de 2014 205.432 (430) 9.959 (14.545) (17.601) (1.189) 16.524 4.503 1.393 104.802 – 308.848 – 1.874 310.722
capítulo 3
205.432 (430) (23.376) 127.222 308.848 – 1.874 310.722
Tabela 3.3 – DMPL e DLPA Petrobrás 2013/2014. Fonte: elaborado pelo autor a partir das demonstrações financeiras divulgadas pela companhia.
• 61
ATIVIDADES
01. (ENADE-2006) Saldos finais das contas patrimoniais da Cia. Colibri em 31.12.2005:
CAIXA R$ 1.000,00
CAPITAL SOCIAL R$ 1.000,00
CONTAS A PAGAR ATÉ 90 DIAS R$ 1.000,00
CONTAS A RECEBER ATÉ 360 DIAS R$ 2.000,00
DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 500,00
FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO R$ 1.200,00
IMOBILIZADO R$ 2.000,00
LUCRO ACUMULADO R$ 700,00
PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA R$ 300,00
SALÁRIOS A PAGAR R$ 300,00
( ) Notas explicativas
( ) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
( ) Balanço Patrimonial
( ) Demonstração do Resultado do Exercício
( ) Demonstração dos Fluxos de Caixa
( ) Demonstração do Valor Adicionado
62 • capítulo 3
03. Quais são as principais contas do patrimônio líquido?
05. (TER-RO, 2013) São itens evidenciados na Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido, mas que NÃO alteram o total do Patrimônio Líquido:
a) Lucro Líquido do Exercício e constituição da Reserva Legal.
b) Reversão da Reserva para Contingência e constituição da Reserva de Lucros a Realizar.
c) Distribuição de dividendos e aumento de capital social com capitalização de reservas.
d) Aquisição de ações de emissão da própria empresa e constituição da Reserva de Incen-
tivos Fiscais.
e) Aumento de capital social com integralização em dinheiro e absorção de prejuízos com
Reservas de Lucros.
06. (CFC, 2013) Uma sociedade apresentou o seguinte balancete com as variações do
exercício de 2012:
MOVIMENTAÇÃO LÍQUIDA
CONTAS SALDO EM 31.12.2011 SALDO EM 31.12.2012
EM 2012
Ações em tesouraria R$ 120.000,00 R$ 0,00 R$ 120.000,00
Caixa e equivalentes
R$ 4.000,00 R$ 15.000,00 R$ 19.000,00
de caixa
Capital social R$ 150.000,00 R$ 450.000,00 R$ 600.000,00
Contas a receber R$ 27.000,00 R$ 120.000,00 R$ 147.000,00
Dividendos obrigátorios
R$ 0,00 R$ 112.000,00 R$ 112.000,00
a distribuir
Estoque R$ 0,00 R$ 470.000,00 R$ 470.000,00
Fornecedores R$ 1.000,00 R$ 15.000,00 R$ 16.000,00
Imobilizado R$ 80.000,00 (R$ 8.000,00) R$ 72.000,00
Reserva de lucros R$ 80.000,00 R$ 20.000,00 R$ 100.000,00
capítulo 3 • 63
d) Subavaliação do ativo e superavaliação do patrimônio líquido.
e) Superavaliação do ativo e subavaliação do lucro líquido.
REFLEXÃO
A diferença apurada entre o ativo e o passivo, também chamada de situação líquida, ou patri-
mônio líquido, será evidenciada sempre do lado direito do Balanço, sendo seu saldo somado
ao do passivo, como se fosse um peso no prato da balança para manter o equilíbrio entre
os dois lados. O patrimônio líquido também é conhecido como o grupo de contas no qual
são registrados o capital social e suas variações. O estudo desse grupo patrimonial e das
demonstrações contábeis DMPL e DLPA é necessário para que seja possível mensurar os
impactos que as decisões operacionais e financeiras tomadas pela empresa tem sobre seus
resultados e, portanto, para verificar se seus objetivos estão sendo alcançados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976.
BRASIL. Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007.
BRASIL. Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009.
CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento 00. Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (Framework).
GELBCKE, E. R.; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária - aplicável a
todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, S. de. et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não Contadores. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MARTINS, E. et al. Contabilidade e Finanças no Brasil. São Paulo: Atlas, 2012.
Petrobrás. Demonstrações Financeiras Consolidadas de 2014. Disponível em < http://www.
investidorpetrobras.com.br/pt/resultados-financeiros#topo>. Acesso em 23 de março de 2016.
64 • capítulo 3
4
Avaliação de
Investimentos pelo
Patrimônio Líquido
e Equivalência
Patrimonial
4. Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido e Equivalência Patrimonial
OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Conhecer o que são sociedades coligadas, controladas e controladoras;
• Relacionar relevância e influência significativa com avaliação de investimentos;
• Entender o que é ágio e deságio em investimentos;
• Conhecer o tratamento contábil da variação no percentual de participação societária.
4.1 Introdução
66 • capítulo 4
sentido e trará retornos efetivos, que justifiquem o risco assumido. Existem in-
vestimentos de todos os tipos: ativos de curto prazo, ativos imobilizados, aqui-
sição de participação em outras empresas, entre outros.
De acordo com os artigos 178 e 179 da Lei 6.404/76, as contas do grupo de in-
vestimento serão classificadas no ativo não circulante (composto também por
ativo realizável a longo prazo, imobilizado e intangível, conforme Lei 11.638/07),
e são classificadas como investimento quando representarem participações
permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, com o
objetivo de gerar rendimentos futuros, de forma que esses bens e direitos não
sejam destinados à manutenção das atividades normais da companhia.
Para uma contabilização simples de investimento podemos considerar uma
operação de R$ 1.000.000,00, com contrato com previsão de pagamento de 50%
à vista e 50% no mês posterior a efetivação da operação. Nesse caso, temos:
capítulo 4 • 67
Instrumento
Coligada Controlada
financeiro
68 • capítulo 4
controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direi-
tos de sócio que lhe assegurem preponderância nas deliberações sociais e po-
der de eleger a maioria dos administradores.
Em último nível, a relação de controle integral entre investidora e investida
ocorre quando a participação no patrimônio da investida é superior a cinquen-
ta por cento.
TIPOS DE INVESTIMENTOS
Controlada
Coligada Permanentes
Joint Venture
Instrumentos Financeiros Temporário
capítulo 4 • 69
• Aplicações financeiras, que correspondem a alocação de recursos em pa-
péis de natureza monetária de direitos ou títulos de crédito e valores mobiliá-
rios, com prazos e vencimentos determinados.
• Outros investimentos em recursos de natureza não monetária, representa-
dos por valores mobiliários sem prazos de vencimento e taxas pré-determinadas.
Reconhecimento do D - Investimento
-
Lucro C – Resultado Positivo (MEP)
D – Dividendos
Recebimento dos D – Dividendos a Receber
a Receber
Dividendos C - Investimento
C - Investimento
70 • capítulo 4
4.3.1 Método de Equivalência Patrimonial (MEP)
capítulo 4 • 71
Para as Instituições Financeiras e Companhias Abertas, a Resolução
nº 484/78 do Banco Central do Brasil e a Instrução Normativa CVM nº 1/78 da
Comissão de Valores Mobiliários, que disciplinam a aplicação do artigo 248 da
Lei 6.404/76, determinam a obrigatoriedade da aplicação do método de equi-
valência patrimonial para o investimento na controlada, independentemente
do valor e do grau de relevância. Sendo assim, as companhias abertas e insti-
tuições financeiras deverão avaliar pelo método de equivalência patrimonial os
investimentos relevantes feitos no conjunto de coligadas, ainda que a partici-
pação no capital da investida coligada seja inferior a vinte por cento e que não
haja influência significativa na administração da coligada.
Para apuração do valor do investimento, efetua-se a aplicação da porcenta-
gem da participação da sociedade investidora no capital social da investida, de
acordo com o patrimônio líquido da investida, diminuindo os resultados não
realizados. Cabe observar que o patrimônio líquido da sociedade investida será
determinado mediante o balanço patrimonial ou balancete, que deverão ser le-
vantados na data do balanço do contribuinte, ou em até dois meses desta data.
Em caso de disparidade nos critérios e métodos contábeis utilizados pela
coligada ou controlada e investidora, deve a investidora proceder com os ajus-
tes necessários no balanço patrimonial ou balancete da coligada ou controla-
da, visando eliminar as diferenças entre os critérios adotados.
O balanço patrimonial ou balancete da controlada ou coligada, que for le-
vantado em data anterior ao balanço patrimonial da investidora, deverá ser
ajustado pelos fatos contábeis relevantes ocorridos no período.
São classificados como não realizados os lucros e prejuízos oriundos dos
negócios entre a investida e a investidora. Devem, portanto, ser excluídos do
valor do patrimônio líquido, quando:
a) Os lucros ou os prejuízos que estejam incluídos no resultado de uma
coligada ou de uma controlada e correspondidos por inclusão ou exclusão no
custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial da
sociedade investidora;
b) Os lucros ou os prejuízos estejam incluídos no resultado de uma coliga-
da ou de uma controlada e correspondidos por inclusão ou exclusão no custo
de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial de outras
sociedades coligadas ou controladas.
72 • capítulo 4
Tanto os lucros e prejuízos, quanto as receitas e despesas decorrentes do
negócio que tenham gerado efeitos opostos nas contas de resultado das socie-
dades controladas ou coligadas, não deverão ser excluídos do valor do patrimô-
nio líquido.
De acordo com o artigo 388 do RIR/99, o ajuste de investimento será exe-
cutado mediante ajuste do valor do PL, sendo lançada a diferença a débito ou
a crédito na conta de investimento, observando que ou lucros ou dividendos
distribuídos pela coligada ou coligada deverão diminuir o valor do patrimônio
líquido do investimento, não influindo nas contas de resultado.
Exemplo de contabilização, no caso de resultado positivo do ajuste de equi-
valência patrimonial:
capítulo 4 • 73
Se a alteração da participação do capital resultar em ganho para a investido-
ra, o valor do ganho deverá ser registrado em conta de receita não operacional.
Em contrapartida, se a alteração do percentual no capital da sociedade inves-
tida for uma perda, o registo da referida deverá ser feito em conta de despesa
não operacional.
Para fins de determinação do Lucro Real, base para o Imposto de Renda
Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o ganho ou perda
decorrente da variação da porcentagem na participação da sociedade investi-
dora no capital da sociedade controlada ou coligada não surte nenhum efeito,
pois em caso de ganho, o valor é excluído, e, em caso de perda, o valor é adicio-
nado ao lucro líquido.
Total R$ 2.700.000,00
Total R$ 810.000,00
74 • capítulo 4
O acréscimo do patrimônio líquido da empresa “Y” corresponde ao lucro
apurado em 31 de dezembro de 2015, no valor de R$ 700.000,00. Como no
exemplo a empresa “X” possui 30% do capital social da empresa “Y”, o ajuste
da conta de investimento foi de R$ 210.000,00, ou seja, 30% de R$ 700.000,00.
Diante disso, a empresa “X” deve fazer os seguintes lançamentos contábeis,
referentes a variação do ajuste na conta de participação na empresa “Y”:
capítulo 4 • 75
4.3.3 Patrimônio Líquido Negativo
Existem casos em que a coligada ou controlada possui valor negativo em seu Pa-
trimônio Líquido decorrente de prejuízos acumulados. Nesse caso, existe um
Passivo a Descoberto, que é quando o valor do passivo (obrigações para com ter-
ceiros) é superior ao valor dos ativos (bens e direitos) no Balanço Patrimonial.
Nesses casos, a investidora deve registrar normalmente a equivalência pa-
trimonial, deduzindo o valor do investimento, até que este esteja zerado. Não
deve ser registrada qualquer parcela a título de investimento negativo.
É sugerida a criação de uma conta redutora da conta investimento, para que
o valor contábil do investimento seja anulado, já que este não deve ser baixo,
exceto nos casos em que a participação seja totalmente alienada ou liquidada.
76 • capítulo 4
EXEMPLO
Considerando que a empresa “X” tenha adquirido 100.000 ações, que representam 30% do
capital social da empresa “Y”, pelo valor de R$ 500.000,00.
Considerando, ainda, que com base no balanço patrimonial levantado em 31 de dezem-
bro, a empresa “Y” apresentou a seguinte composição de patrimônio líquido:
• Capital Social = R$ 800.000,00
• Reservas de Lucros = R$ 400.000,00
• Total = R$ 1.200.000,00
Para fins de cálculo, como a empresa “X” possui 30% da empresa “Y”, o valor contábil do
investimento é de R$ 360.000,00 (R$ 1.200.000,00 x 30%). Como o valor pago pela aqui-
sição do investimento foi de R$ 500.000,00, existe uma diferente positiva, que corresponde
ao ágio da operação.
Com base no exemplo, o lançamento contábil deverá ser:
capítulo 4 • 77
c) Para fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas: a
amortização ocorrerá conforme o prazo estipulado de utilização, vigência ou
perda de substância, ou ainda quando houver baixa em decorrência de alie-
nação ou de perecimento do investimento antes de haver terminado o prazo
para amortização.
Quando houver saldo não amortizado de ágio ou deságio, esse saldo deverá
constar no ativo permanente, adicionando ou reduzindo o valor do investimen-
to a que se referir.
Se na primeira avalição do investimento pelo método de equivalência patrimo-
nial o valor do patrimônio líquido da sociedade coligada ou controlada for nega-
tivo, o valor de aquisição do investimento deverá ser contabilizado como deságio.
78 • capítulo 4
Uma terceira opção de não apresentação das demonstrações consolidadas
pela controladora é se ela não tiver arquivado e nem estiver em processo de
arquivamento de suas demonstrações contábeis junto a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) ou outro órgão regulador, com a intenção de distribuir pu-
blicamente instrumentos no mercado de capitais.
Por fim, o CPC 36 ainda admite a não apresentação nos casos em que
a controladora final, ou qualquer controladora intermediária da controla-
dora, disponibiliza ao público suas demonstrações em conformidade com
os Pronunciamentos do CPC, em que as controladas são consolidadas ou
são mensuradas ao valor justo por meio do resultado de acordo com este
pronunciamento.
Se a controladora for entidade de investimento e estiver obrigada a mensu-
rar as suas controladas pelo valor justo por meio do resultado, não fica obrigada
a apresentar as demonstrações contábeis consolidadas.
O CPC 36 determina como entidade de investimento aquela que obtém re-
cursos de um ou mais investidores com o intuito de prestar a esses investidores
serviços de gestão de investimento e se compromete com os seus investidores
no sentido de que seu propósito comercial é investir recursos exclusivamente
para retornos de valorização do capital, receitas de investimentos ou ambos.
A revisão do CPC 04 incluiu uma terceira modalidade, que é quando a entida-
de mensura e avalia o desempenho de substancialmente todos os seus investi-
mentos com base no valor justo.
É importante destacar que o CPC 36 aceita como controle se, e somente se, o
investidor possuir poder sobre a investida, direitos sobre o retorno das variáveis
decorrentes de seu envolvimento com a investida e capacidade de utilizar de
seu poder para afetar os seus retornos esperados.
Ainda conforme o mesmo pronunciamento, a relação de poder é estabele-
cida quando o investidor possui direitos que lhe permitem dirigir as atividades
relevantes, de modo que afete de modo significativo os retornos da investida.
Quanto ao retorno, é estabelecido que possuem capacidade de variar conforme
o desempenho da investida, sendo somente positivos, somente negativos, ou
ambos. Somente o investidor pode controlar a investida, mas isso não impede
que mais de uma parte possa participar dos retornos.
capítulo 4 • 79
O CPC 36 aponta como fatores com capacidade de afetar os retornos das
atividades operacionais e financeiras, tais como:
a) compra e venda de bens ou serviços;
b) gestão de ativos financeiros durante sua vida (incluindo em caso
de inadimplência);
c) seleção, aquisição ou alienação de ativos;
d) pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ou processos;
e) determinação da estrutura de capital para obtenção de recursos.
80 • capítulo 4
O CPC 35 estabelece as bases para elaboração das demonstrações separa-
das, devendo os investimentos em coligadas, controladas ou empreendimen-
tos controlados em conjunto serem contabilizados conforme:
a) ao custo histórico;
b) em consonância com o Pronunciamento Técnico CPC 38;
c) utilizando o método da equivalência patrimonial, conforme descrito
no Pronunciamento Técnico CPC 18.
capítulo 4 • 81
para venda deve ser contabilizado normalmente pelo método de equivalên-
cia patrimonial.
De acordo com o CPC 18, quando o investimento, ou parcela de investimen-
to, em coligada, em controlada ou em empreendimento controlado em conjun-
to, previamente classificado como mantido para venda, não mais se enquadrar
nas condições requeridas para ser classificado como tal, deve passar a ser apli-
cado o método de equivalência patrimonial de modo retrospectivo, a partir da
data em que foi classificado como tal. As demonstrações contábeis desse perío-
do devem ser ajustadas para que reflitam fidedignamente a situação contábil
da empresa.
De acordo com o CPC 31, referente ao ativo circulante mantido para venda e
as operações descontinuadas, é exigido que os ativos sejam:
a) Mensurados pelo menor entre o valor contábil até então registrado e o
valor justo menos as despesas de venda, e que a depreciação ou a amortização
desses ativos cesse;
b) Apresentados separadamente no balanço patrimonial e que os resul-
tados das operações descontinuadas sejam apresentados separadamente na
demonstração do resultado.
ATIVIDADES
01. (CRM – PR) De acordo com o item 10 do CPC 18 - Investimento em Coligada, em
Controlada e em Empreendimento Controlado em conjunto - a contabilização correta da
distribuição de dividendos pela coligada é:
a) DB - Lucros Distribuídos (PL)
CR - Equivalência Patrimonial (ANC)
b) DB - Equivalência Patrimonial (ANC)
CR - Receita Equivalência Patrimonial (DRE)
c) DB - Banco Conta Movimento (AC)
CR - Receita Equivalência Patrimonial (DRE)
d) DB - Dividendos a Receber (AC)
CR - Equivalência Patrimonial (ANC)
e) DB - Banco Conta Movimento (AC)
CR - Lucros Distribuídos (PL)
82 • capítulo 4
02. (ANS) A consolidação das demonstrações financeiras tem por objetivo avaliar a posição
financeira e os resultados globais de determinada concentração de empresas, como se todas
fossem uma única empresa, já que as demonstrações financeiras analisadas individualmente
fazem com que se perca a visão de conjunto. Identifique, nas alternativas abaixo, aquela que
contém tipos de investimentos passíveis de consolidação.
a) Em coligadas e interligadas.
b) Em controladas e controle conjunto.
c) Em coligadas e controladas.
d) Em interligadas e controle conjunto.
e) Em controladas e interligadas.
03. (TRT) Considere as seguintes operações realizadas pela Cia Compra tudo:
I. Aquisição de 20% de ações preferencias da Cia A, com o objetivo de diversificar suas
operações, mas não possuindo influência na administração da mesma.
II. Aquisição de 15% do total de ações da Cia B, adquirindo somente ações ordinárias, com
o objetivo de assegurar o fornecimento de matéria prima (o acionista controlador possui 51%
do capital votante).
III. Aquisição de 40% do total das ações da Cia C, adquirindo apenas ações ordinárias, com
o objetivo de aumentar sua participação no mercado (o acionista controlador possui 51% ou
mais do capital votante).
Sabendo que as Cias. A, B e C possuem o Capital Social formado por 50% de ações
preferenciais e 50% de ações ordinárias, é correto afirmar que a Cia:
a) A é avaliada pelo custo por ser considerada coligada.
b) B é avaliada pelo custo por não ser considerada coligada ou controlada.
c) C é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
d) A é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
e) B é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
04. (CESPE TJ-RO) Uma companhia adquiriu 80% das ações ordinárias de certa empresa,
desembolsando, nesse investimento, uma quantia equivalente ao patrimônio líquido registra-
do na contabilidade da investida, composto apenas pela conta capital social. Após o referido
investimento e por ocasião da elaboração das demonstrações contábeis, a empresa investida
apurou lucro líquido de R$ 2.000,00 e sua diretoria propôs a distribuição de dividendos no
valor total de R$ 1.000,00, ainda pendente de deliberação pela assembleia geral. Conside-
capítulo 4 • 83
rando que o capital social da investida é de R$ 3.000,00, assinale a opção correspondente ao
lançamento contábil correto do reconhecimento da equivalência patrimonial na investidora.
a) Receita de dividendos
a investimento em coligadas e controladas .... R$ 800,00
b) Investimentos em coligadas e controladas
a receita de equivalência patrimonial ........R$ 1.600,00
c) Banco conta movimento
a investimento em coligadas e controladas . . . R$ 1.600,00
d) Investimento em coligadas e controladas
a diversos a receita de equivalência patrimonial ........R$ 1.600,00
a dividendos recebidos.................... R$ 800,00
05. (TCE-CE) NÃO serão avaliados pelo método de equivalência patrimonial os investimen-
tos em:
a) coligadas de que participe com 20% do capital total.
b) outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo.
c) coligadas de que participe com 20% ou mais do capital votante.
d) coligadas cuja administração tenha influência significativa.
e) em outras sociedades que estejam sob controle comum.
06. (BNDES) A Cia. Alfa S/A possui diversas coligadas e controladas em várias regiões do
Brasil. Por ocasião do levantamento do Balanço Patrimonial, os investimentos relevantes em
coligadas e controladas, incluindo Joint Venture, deverão ser avaliados pelo método da (o):
a) equivalência patrimonial, ou seja, com base no valor do Patrimônio Líquido da coligada
ou controlada proporcionalmente à participação acionária.
b) equivalência harmônica, ou seja, com base na proporção entre o valor do Patrimônio Lí-
quido da coligada e controlada e o valor da cotação dessas ações nas bolsas de valores.
c) Ebitda, isto é, o valor de mercado das ações deduzido da valorização ainda não realizada
em função da variação dos índices.
d) Valor Econômico Agregado - VEA, considerando-se a cotação do mercado em compa-
ração com o valor patrimonial das ações.
e) custo de aquisição deduzido de perdas em decorrência de desvalorização dos índices
existentes nas bolsas de valores.
84 • capítulo 4
07. A Lei das Sociedades Anônimas, com as alterações introduzidas pelas Leis nº 11.638/07
e nº 11.941/09, classifica uma empresa como coligada quando a:
a) empresa participa com 10% ou mais do capital da outra, sem controlá-la.
b) empresa participa com pelo menos 15% no capital de outra.
c) controladora da sociedade, diretamente ou através de outras coligadas, possui mais de
10% de participação no capital de outra.
d) sociedade investidora tem influência significativa na sociedade investida.
e) soma de todas as participações societárias que a empresa possui pode ser classificada
como relevante.
REFLEXÃO
As recentes mudanças na legislação contábil brasileira tem impacto direto na maneira como
as companhias avaliam e registram seus investimentos em outras sociedades, para tanto,
precisamos conhecer e saber como classificar as sociedades investidas e investidoras como
coligadas, controladas e controladoras. Relevância e influência significativa são conceitos
fundamentais para essa classificação. Dentre os objetivos de se registrar os investimentos
em outras sociedades como parte do ativo não circulante destaca-se a evidenciação dos
benefícios futuros que a companhia espera obter ao adquirir participação no patrimônio lí-
quido de outras empresas. Tal evidenciação representa informação relevante para todos os
stakeholders que tenham interesse em suas atividades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 05 - Divulgação sobre Partes
Relacionadas.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 18 - Investimento em Coligada, em
Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 31 - Ativo Não Circulante Mantido
para Venda e Operação Descontinuada.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 35 - Demonstrações Separadas.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento 36 - Demonstrações
Consolidadas.
capítulo 4 • 85
Portal de Contabilidade. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/>. Equivalência
Patrimonial. Acesso em 25 de março de 2016.
Portal de Contabilidade. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/>. Ágio e Deságio
na Aquisição de Participações Societárias. Acesso em 25 de março de 2016.
Portal de Contabilidade. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/>.
Pronunciamento IBRACON VI - Investimentos – Participações em Outras Sociedades. Acesso em 25
de março de 2016.
GABARITO
Capítulo 1
01. B
02. C
03. C
04. C
05. C
06. C
07. D
08. B
Capítulo 2
01. As relações entre as empresas podem ser de, em ordem crescente de controle e in-
fluência: instrumentos financeiros, coligadas, joint ventures e controle. Para a primeira rela-
ção, a participação da investidora na investida é em geral inferior a 5%, devendo realizar o
controle com base no curso histórico.
Para as demais relações, o método de avaliação é o MEP, devendo a investidora reco-
nhecer o investimento com base no custo histórico, porém realizar sua atualização com base
no MEP.
02. O método de equivalência patrimonial é o meio pelo qual as empresas devem reconhe-
cer contabilmente o resultado de seus investimentos em outras entidades cuja relação seja
de controle e/ou influência significativa. São realizados lançamentos na conta individual para
cada investimento e no resultado do período o valor equivalente ao percentual de participa-
ção no capital votante da investida.
86 • capítulo 4
03. Pode-se citar como particularidade a necessidade de exclusão nas demonstrações con-
tábeis consolidadas das operações que ocorram entre o mesmo grupo econômico; o controle
individual para cada investimento que a investidora detenha, etc.
04. E
05. D
06. E
07. B
08. C
09. O preço de transação é o preço exercido nas relações comerciais entre empresas de um
mesmo grupo econômico, assim chamadas, partes relacionadas. Refere-se ao valor que será
praticado para que haja o fornecimento de bens ou serviços entre as unidades de negócio.
10. E
Capítulo 3
01. B
02. Respostas: d, e, c, a, f, b.
03. As principais contas do patrimônio líquido são: capital social, reservas de capital, reser-
vas de lucros, reserva legal, ações em tesouraria, prejuízos acumulados e ajustes de avalia-
ção patrimonial.
04. As reservas de lucros são constituídas pelos lucros/ganhos obtidos no período pela
empresa e possuem uma finalidade específica.
05. B
06. A
07. A
08. B
Capítulo 4
01. D
02. B
03. E
04. B
05. A
06. A
07. D
capítulo 4 • 87
ANOTAÇÕES
88 • capítulo 4