Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
ECONOMETRIA DE SÉRIES
TEMPORAIS: IMPACTOS DE VARIÁVEIS
ECONÔMICAS NOS INDICADORES DE
GASES DE EFEITO ESTUFA
0
Sumário
1. Introdução .................................................................................................................................................................................................. 2
2. Revisão Literária ....................................................................................................................................................................................... 3
3. Metodologia.............................................................................................................................................................................................. 4
3.1 Descrição dos Dados ...................................................................................................................................................................... 4
PIB Per Capita em Dólares Internacionais de Geary-Khamis de 1990 ........................................................................... 4
População .............................................................................................................................................................................................. 5
Emissões de Gases do Efeito Estufa (Greenhouse Gases) .................................................................................................. 5
3.2 Estacionariedade .............................................................................................................................................................................. 6
Carbon: Emissão de Dióxido de Carbono (CO2) em ppm (partículas por milhão) ................................................... 7
Methane: Emissão de Metano (CH4) em ppm (partícula por milhão) ........................................................................... 8
Nitrous: Emissões de Óxido Nitroso (N2O) em ppm (partículas por milhão) ............................................................ 8
Usa: PIB Per Capita em GK$ de 1990 – Estados Unidos ...................................................................................................... 8
World: PIB Per Capita em GK$ de 1990 – Mundial ............................................................................................................... 8
Population: População Total (ambos os sexos) ...................................................................................................................... 9
3.3 Testes de Cointegração ................................................................................................................................................................. 9
PIB Per Capita americano ................................................................................................................................................................ 9
PIB Per Capita mundial ...................................................................................................................................................................10
População ............................................................................................................................................................................................10
4. Resultados Empíricos ...........................................................................................................................................................................11
4.1 VAR (Vector Autoregressive Model) .......................................................................................................................................11
PIB Per Capita Americano..............................................................................................................................................................11
PIB Per Capita Mundial ...................................................................................................................................................................11
População ............................................................................................................................................................................................11
4.2 Função de Impulso-Resposta ....................................................................................................................................................12
4.3 VECM (Vector of Error Correction Model) ...........................................................................................................................12
PIB Per Capita Americano..............................................................................................................................................................12
PIB Per Capita Mundial ...................................................................................................................................................................13
População ............................................................................................................................................................................................13
4.4 Testes de Causalidade de Granger .........................................................................................................................................13
PIB Per Capita Americano..............................................................................................................................................................13
PIB Per Capita Mundial ...................................................................................................................................................................14
População ............................................................................................................................................................................................14
5. Conclusões ...............................................................................................................................................................................................14
6. Bibliografia ...............................................................................................................................................................................................15
6.1 Dados ..................................................................................................................................................................................................15
6.2 Papers .................................................................................................................................................................................................15
1
grandes erupções vulcânicas e mudanças evolutivas em
1. INTRODUÇÃO algas e outros organismos que geram gás carbônico em
seu processo natural.
Hoje, décadas mais tarde, e depois de estudos
John Mason [4, 5, 6] em um artigo escrito para a importantes de cientistas como Hulburt, Keeling e outros,
Skeptical Science, traça um quadro cronológico da história temos fontes de pesquisa que afirmam, como o
do estudo das mudanças climáticas, assunto que hoje está Intergovernmental Panel on Climate Change, IPCC, que o
faz parte da pauta de grandes discussões entre nações, aquecimento global é a questão mais importante de nossa
organizações e grupos de ativistas, estudiosos e empresas. era.
Condensando um pouco o trabalho de Mason, a Retornando aos resultados de estudos como os de
história do estudo do comportamento do meio ambiente Arrhenius e Hogbom, que comprovam que o dióxido de
com relação ao aumento da temperatura da superfície se carbono, CO2, é um gás do denominado efeito estufa
inicia em 1820, com Jean Fourier, cientista francês, que extremamente nocivo em termos de impactos sobre o
investigava o comportamento do calor atmosférico. aumento da temperatura na atmosfera, observamos
Fourier percebeu algo interessante: o planeta Terra não diversos debates internacionais, que culminaram em
deveria ser tão quente. A conclusão a que chegara o acordos como o Protocolo de Kyoto em 1997 e o Acordo
cientista considera que a distância do Sol e o tamanho da de Paris em 2015, ambos tratados que compõem o United
Terra não justificavam a temperatura medida, e que muito Nations Framework Convention on Climate Change
possivelmente a radiação solar chegava até o planeta, mas (UNFCCC), assinados por grandes potências econômicas,
parte dela era absorvida, e não refletida de volta para o além de países com grande potencial para
espaço. Esta absorção, por sua vez, geraria um calor que desenvolvimento econômico e industrial. Ainda assim,
estaria sendo aprisionado pela atmosfera terrestre. mesmo que o aquecimento global seja um tema mais que
Cerca de 40 anos mais tarde, John Tyndall descobriria provado e consolidado como uma ameaça real, existe a
que o vapor de água, assim como o dióxido de carbono crescente preocupação com o fato de que países como os
(CO2), eram dois gases que tinham uma propriedade EUA tenham adotado políticas que andam na contramão
interessante: a de prender o calor recebido pela radiação do movimento de preservação ambiental. O atual governo
solar, não deixando que esta radiação refletida pudesse americano do presidente Donald Trump tem assinalado a
voltar para o espaço, e causando com isto a captura desta intenção de revogar a participação dos EUA no Acordo de
energia em forma de calor. Paris, o que isentaria o país de suas responsabilidades
frente ao plano de reduzir as emissões de gases poluentes
Seguimos a cronologia até dois cientistas suecos: para controlar o efeito estufa nas próximas décadas.
Svante Arrhenius, que, estudando os ciclos naturais do
vapor de água percebeu que este gás na maioria dos casos O argumento do atual governo americano é que estas
gerava um efeito positivo a medida em que se tornava questões ambientais não possuem relevância frente a
água líquida, sob a forma de chuva, antes de retornar para questões que, para ele, tem sido prioritárias, como
a atmosfera sob a forma de gás novamente. Como o vapor emprego e renda de trabalhadores de setores altamente
de água, então, não era a maior preocupação a ser poluentes, como a indústria de carvão americana. Em
considerada, Arrhenius voltou sua atenção para o dióxido março de 2017 1 o atual governo dos EUA lançou uma
de carbono, gás que apresenta um ciclo natural muito medida executiva para suspender ou enviar para revisão o
mais extenso, ficando na atmosfera por um prazo maior e, Plano de Energia Limpa (Clean Power Plan), assinado pela
por isto, sendo muito mais nocivo. Junto do geólogo Arvid administração anterior, do então presidente Barack
Hogbom, investigaria mais tarde o efeito da ação humana Obama, e que previa a reorganização da matriz energética
sobre a emissão de gases do efeito estufa e, do país nas próximas décadas para minimizar os impactos
consequentemente, do aquecimento global, da atividade econômica sobre o meio ambiente em
concentrando-se por exemplo na descoberta de Hogbom conformidade com o acordo assinado em 2015.
de que a indústria que usava carvão como forma de A França, por outro lado, assumiu o compromisso,
produção de energia gerava tanto dióxido de carbono neste ano, de extinguir o uso de energia proveniente do
quanto diversas fontes naturais deste gás juntas, como uso de carvão natural a partir de 2022, e de que todos os
1
Fonte: Fortune. Acessado em 28 de agosto de 2017. Disponível em:
http://fortune.com/2017/03/28/donald-trump-climate-change-executive-order-
clean-energy-policy-environment/
2
veículos do país sejam movidos a partir de fontes de inconclusivos e reforçam a necessidade de um ferramental
energia que não utilizem combustíveis fósseis, até 2040, mais extenso para a análise de efeitos entre as variáveis
ao mesmo passo em que diversos países europeus têm econômicas e ambientais, como por exemplo o uso de
reafirmado o compromisso de se tornarem independentes testes multivariados em painéis dinâmicos, utilizados em
de fontes energéticas prejudiciais ao meio ambiente já nos trabalhos como Kivyiro e Arminen [9], Asafu-Adyaye [10] e
próximos anos. Chang [11]. De toda forma, a investigação da relação entre
renda e emissão de poluentes tem sido de grande
Transformar a matriz energética de todo um país não é
relevância, com trabalhos muito interessantes sendo
algo simples, e envolve decisões econômicas, políticas e
concretizados desde o início dos anos 2000, e
sociais. No entanto, esta questão do relacionamento entre
mostraremos que alguns dos resultados encontrados,
crescimento econômico e industrial, além de outros
ainda que não sejam estatisticamente conclusivos, podem
aspectos socioeconômicos evolucionários, e o aumento
ter sido originados de características estruturais nos dados
dos níveis de emissão de poluentes, também não é tão
e/ou no uso de Séries Temporais em detrimento de Dados
recente. Vemos trabalhos relevantes na literatura que
de Painéis.
aborda a relação entre desenvolvimento econômico e
meio ambiente, como o do economista russo Simon Serão oferecidas ainda propostas de extensão de
Kuznets, que nos anos 1950 e 1960 propôs que os países pesquisas no fim deste trabalho, acompanhadas das
possuem uma tendência a poluir mais enquanto se conclusões encontradas.
encontram em fase de industrialização e/ou
desenvolvimento econômico, mas que depois que
alcançam o patamar de países desenvolvidos, passam a
poluir menos, formando uma curva em formato de U 2. REVISÃO LITERÁRIA
invertido.
Tendo como base estudos como os da curva ambiental
de Kuznets, Hsiao-Tien Pao e Chung-Ming Tsai [8] O estudo das interações entre crescimento
demonstraram que, para os países do BRICS, existe uma econômico e emissões de poluentes tem sido
relação de causalidade entre o aumento do PIB, o fluxo de extensivamente realizado ao longo das últimas décadas.
Investimentos Externos Diretos – IED e o consumo de Xiangzhao e Ji [12] encontraram evidências de que o
energia sobre as emissões de CO2 entre 1980 e 2007. A desenvolvimento econômico da China tem sido o fator
análise dos cientistas revela que o PIB possui efeitos de mais impactante no aumento de gases do efeito estufa no
curto prazo, de longo prazo e efeitos de feedback sobre a país, seguido por trabalhos como os de Chang [11], que
emissão de CO2, provando que, ao menos para estes adverte ao fato de que, por mais que a adoção de políticas
países, o desenvolvimento econômico tem caminhado de redução de poluentes na China possa causar efeitos
junto da emissão destes gases nocivos. negativos sobre seu crescimento econômico, a longo
prazo a não adoção poderia trazer outros efeitos
O presente trabalho, portanto, pretende realizar um significativos, dado que este crescimento impacta de
estudo rápido, porém objetivo, sobre as relações entre o formas diversas em mudanças climáticas globais.
PIB Per Capita histórico, inicialmente dos Estados Unido, e
depois do Mundo, medidos em dólares internacionais de Kivyiro e Arminem [9] estudaram os efeitos de
Geary-Khamis (mais detalhes sobre esta unidade serão causalidade nos países da África Sub-Saariana e
fornecidos na descrição dos dados), sobre a série histórica encontraram evidências de que, para a República
de observações de emissões de três dos principais gases Democrática do Congo, Quênia e Zimbabwe, o
do efeito estufa: Dióxido de Carbono – CO2, Metano e Investimento Externo Direto – IED, foi responsável pelo
Óxido Nitroso, fornecidas em domínio público pelo aumento da emissão de gases do efeito estufa, enquanto
Institute for Atmospheric and Climate Science (IAC), da que um efeito oposto foi encontrado para os demais
Eidgenössische Technische Hochschule, um dos maiores países da região. Os pesquisadores também encontraram
centros de pesquisas ambientais da Europa, sediado em evidências de causalidade unidirecional do PIB sobre as
Zurique, Suíça. emissões de dióxido de carbono, enquanto que a
causalidade unidirecional inversa, das emissões sobre o
O artigo trabalhará com uma estrutura de Séries PIB parecem ser suportadas apenas para os países nos
Temporais, em dois planos de dados, um com dados quais a hipótese de validade da Curva de Kuznets é
anuais históricos entre 1800 e 2010, e outro entre 1950 observada.
(Pós-Segunda Guerra Mundial) e 2010. Alguns dos
resultados encontrados corroboram com estudos vistos na Como citado brevemente na seção anterior, a
teoria econômica e ambientalista, enquanto alguns são Curva de Kuznets relaciona o crescimento econômico com
3
a emissão de poluentes. Geralmente, a tendência é de que Granger sobre as variáveis estudadas (na maioria dos
os países passem por uma fase na qual os índices de casos, IED, Consumo de Energia, PIB e emissão de CO2). O
poluição são mais elevados enquanto estão crescendo, até presente trabalho, seguindo esta tendência de pesquisa
chegarem a um ponto onde estes níveis de poluição se aparentemente global, também realizará testes de
tornam saturados e passam a declinar conforme a renda causalidade, mas por motivos estruturais, alguns
do país continua a aumentar. É basicamente a afirmação resultados foram inconclusivos e tentaremos explorar
de que quanto mais rico um país, maior tenderá a ser a outros pontos importantes nos dados e testes realizados.
eficiência de seu setor energético, além de sua indústria e
outros setores relevantes, de forma que o país não
continue com o mesmo nível de poluição que possuía em
sua fase de industrialização. 3. METODOLOGIA
Pao e Tsai [8] usaram metodologias de testes de
cointegração de Johansen, além de testes de causalidade
baseados em modelos VECM e modelos de predição de 3.1 Descrição dos Dados
Grey para encontrar evidências de que o aumento na
renda causou o aumento de emissão de dióxido de
carbono – CO2 no Brasil durante o período de 1980 a 2007,
suportando a hipótese da Curva de Kuznets. Os PIB Per Capita em Dólares Internacionais de Geary-
pesquisadores também encontraram evidências de que o Khamis de 1990
aumento no consumo de energia causou um aumento no
PIB, o que é considerado bastante plausível na teoria
econômica.
Em sua revisão bibliográfica, Kivyiro e Arminen [9] O dólar internacional de Geary-Khamis, inicialmente
também ressaltam evidências encontradas por Ang [13], proposto pelo estatístico irlandês Roy C. Geary em 19582
de que o aumento no consumo de energia na França entre e mais tarde desenvolvido pelo economista estatístico
1971 e 1999 teria aumentado a emissão de CO2, e por sua palestino Salem Hanna Khamis, é uma unidade monetária
vez o aumento nas emissões de CO2 possuem uma relação fictícia muito usada em economia para comparar moedas
quadrática de longo prazo. Também observam o trabalho diferentes em termos de Paridade de Poder de Compra –
de Halicioglu [14], que encontra evidências de causalidade PPP (do inglês Purchase Power Parity). Um dólar
bilateral entre as emissões de CO2 e o PIB tanto em curto internacional equivale ao poder de compra que um dólar
prazo quanto em longo prazo, para o caso da Turquia. americano possui nos EUA em um determinado ano de
benchmark (os mais utilizados são 1990 e 2000, embora
De modo geral, a maioria dos trabalhos empíricos
não existam tantos dados consolidados para 2000 quanto
encontrou evidências de que o PIB leva, direta ou
para 1990), o que faz dele um indicador interessante
indiretamente, a aumentos nos níveis de emissão de gases
quando performamos análises de variáveis econômicas e
do efeito estufa. Alguns trabalhos, no entanto, como o de
monetárias internacionais.
Zhang e Cheng [15], são inconclusivos com relação a
relação de PIB e emissão de CO2. O artigo destes dois O PIB Per Capita em termos de dólares internacionais é
pesquisadores se baseia em um modelo do tipo VAR um indicador extensamente utilizado pelo Fundo
seguindo a metodologia de Toda e Yamamoto, e encontra Internacional Mundial, Banco Mundial e diversas
evidências de causalidade unidirecional do PIB sobre o organizações internacionais para pesquisas e trabalhos
consumo de energia, para a China, com base em dados de empíricos.
1960 a 2007. Eles encontraram evidências de que o
A escolha desta variável também se deu através da
aumento no consumo de energia também causa aumento
disponibilidade de dados históricos. A Universidade de
na emissão de CO2, hipótese bastante plausível na teoria
Groningen mantém, desde 2010, o Projeto Maddison
econômica, e que também consta na literatura empírica
(homenagem ao economista inglês Angus Maddison), que
ambientalista.
mantem atualizados os dados históricos das pesquisas
Uma característica em comum ao longo da macroeconômicas iniciadas por ele. O banco de dados do
literatura estudada é que praticamente todos os trabalhos Maddison Project conta com séries históricas, além de
se concentram na realização de testes de causalidade de séries de estimativas, para o PIB Per Capita, Contas
2
https://www.business-case-analysis.com/international-dollar.html
4
Nacionais e outros indicadores econômicos, de diversos ano 0. Outras fontes interessantes de dados consultadas
países e regiões, com alguns dados abrangendo o período são o National Centers for Environmental Information
do ano 0 até 2010 d.C. (NCEI), pertencente ao NOAA – National Occeanic and
Atmospheric Administration, órgão do Departamento de
A base de dados construída para este trabalho
Comércio norte-americano responsável pela medição dos
consolida os dados das séries históricas do PIB Per Capita
níveis de poluição nos territórios pertencentes ao país;
norte-americano entre 1800 e 2010, com periodicidade
além do Scripps Institution of Oceanography, uma das
anual, além do PIB Per Capita mundial entre 1950 e 2010.
maiores e mais antigas instituições de pesquisa em
oceanografia do mundo, que disponibiliza dados
ambientais de diversos temas.
Dentre os dados disponíveis no diretório do IAC, foram
selecionadas três séries em especial: as emissões de
dióxido de carbono, de metano e de óxido nitroso, em
periodicidade anual.
O dióxido de carbono, CO2, mais conhecido por gás
carbônico, é um gás do efeito estufa com um ciclo de vida
longo, o que faz com que seus efeitos sejam difíceis de se
dissipar. Observações mostram que os níveis de emissões
deste gás na atmosfera têm sido alarmantes,
principalmente no período pós-Segunda Guerra Mundial,
no qual a maioria dos países desenvolveu sua fase de
industrialização. Estes níveis altos de presença do dióxido
de carbono na atmosfera dificilmente poderão ser
Figura 1 - PIB Per Capita (EUA) em GK$ de 1990. Dados: Maddison-
estabilizados nas próximas décadas, mesmo com o
Project. Elaboração Própria
comprometimento de organismos e autoridades
internacionais, e podem causar efeitos irreversíveis no
aquecimento global.
População
5
entanto, seu potencial de aquecimento chega a ser cerca Seu impacto só não é tão grande porque os níveis de
de 60 vezes maior [16]. concentração na atmosfera são muito menores que os de
dióxido de carbono, mas ainda assim seu efeito para o
Dados do NOAA mostram um crescimento das
aquecimento global representa cerca de um terço o do
emissões de metano de cerca de 1,7% ao ano, mais rápido
CO2. O processo de fabricação industrial do óxido nitroso
que a taxa de crescimento do CO2, com níveis atuais de
também origina vapor de água, outro gás responsável
concentração ao dobro dos níveis pré-industriais [16].
pelo aprisionamento da radiação solar, que contribui ainda
mais para o problema [17].
3.2 Estacionariedade
6
Carbon: Emissão de Dióxido de Carbono (CO2) em
ppm (partículas por milhão)
7
Após a transformação da série por meio da tomada das Usa: PIB Per Capita em GK$ de 1990 – Estados Unidos
duas primeiras diferenças, a série se tornou estacionária e
sem tendência significativa, duas condições necessárias
para a construção, por exemplo, de modelos VAR (Vector No caso da série histórica do PIB Per Capita americano
Autoregressive). medido em dólares internacionais de 1990, também
encontramos evidências de não estacionariedade. No
entanto, já na primeira diferença, a série mostrou-se
estacionária. A constante, também chamada de drift, se
Methane: Emissão de Metano (CH4) em ppm
mostrou significativa na série integrada de ordem 1, mas
(partícula por milhão)
isto é algo bastante comum em variáveis econômicas. Esta
constante (Drift) é uma constante que adiciona uma
De modo muito similar às emissões de dióxido de característica linear determinística aos dados, enquanto
carbono, as emissões de metano também se mostraram que a tendência (Trend), adiciona uma característica
não estacionárias, e integradas de ordem 2, como exponencial determinística aos dados. Na prática, a
demonstra a figura abaixo: diferença entre estes dois conceitos é que a tendência gera
mudanças na média da variação estocástica de uma
variável ao longo do tempo, de forma geralmente abrupta
ou mais “rápida”, enquanto que o drift não possui tanto
poder de modificação na variação desta média. É,
portanto, uma constante que leva os dados para algum
ponto mas de forma lenta e geralmente não prejudicial.
No entanto, para variáveis que evoluem por muitos
períodos históricos, como estudos de população, por
exemplo, o drift deve ser observado tanto quanto a
tendência [19]
8
Para a variável World, em primeira diferença, o drift Da mesma forma que a estacionariedade, existem
permanece significativo, como mostrado abaixo, mas a diversos testes para verificação da hipótese de
série se torna estacionária. cointegração. Os mais comuns são os testes de
cointegração de Engle-Granger, o de Johansen, o de
Phillips–Ouliaris e o teste ARDL (do inglês Autoregressive
Distributed Lag), que tem sido bastante utilizado,
conforme comentam Kivyiro e Arminen [9], por permitirem
testes de multicointegração, não importando se as
variáveis são I(0), I(1) ou integradas de ordem fracionada.
Além disto, tanto relações de curto quanto de longo prazo
podem ser testadas simultaneamente.
Dadas as características dos dados disponíveis,
trabalhamos com os testes univariados de cointegração de
Engle-Granger e Johansen. Os testes, no entanto, foram
ajustados para estudos de pares de variáveis e dois pares
simultâneos (multicointegração simples).
O teste de Johansen a partir da estatística de Trace,
Population: População Total (ambos os sexos) revela o número de equações cointegradas existentes na
combinação linear entre duas ou mais variáveis.
Geralmente podemos classificar um modelo como
Como citado previamente, ao trabalharmos com cointegrado quando existem 1 ou mais relações de
variáveis históricas populacionais, devemos evitar ao combinação linear significativas (rank).
máximo qualquer tendência e/ou drift possíveis, visto que
o potencial de criar fronteira de variância infinita é
significativo. PIB Per Capita americano
No caso de nossa variável populacional, a série tornou-
se estacionária, sem tendência e sem drift apenas na
terceira diferença. É a variável de maior ordem de Os testes de Johansen acusaram a presença de 2
integração deste estudo. relações de combinação linear entre as variáveis em forma
integrada de ordem 1.
9
Por outro lado, quando as variáveis foram testadas uma
a uma em conjunto com a variável Usa, nenhuma relação
de cointegração foi encontrada, e os resultados foram
inconclusivos. Uma possível alternativa para isto seria
performar um teste de ARDL para encontrar cada relação
de cointegração existente no modelo.
Teoricamente falando, esperava-se que alguma relação
fosse encontrada, dado o fato de que os EUA foram, por
um tempo, líderes em emissão de dióxido de carbono. No População
entanto, é comum que o PIB por si só não possua relação
de longo prazo com a emissão de gases do efeito estufa
para países que já passaram da fase de maturação da Por último, quando consideramos a População total
Curva de Kuznets, pois a necessidade da busca pela global, encontramos relações de cointegração a um nível
eficiência energética poderia fazer com que o país de 5%. Esta é uma variável que se esperava que tivesse
desenvolvesse tecnologias mais eficazes e, ao mesmo maior significância, dada a lógica encontrada na teoria
tempo, menos poluentes. ambientalista que o aumento da população naturalmente
causaria também o aumento da emissão de gases do
Além disto, a medida do PIB é uma variável complexa efeito estufa, principalmente dióxido de carbono.
por si só, e ainda que os trabalhos empíricos venham
mostrando estas relações de cointegração (e causalidade
em muitos casos) entre PIB e emissão de CO2 pelo menos,
notamos que quase todos estes trabalhos tem em comum
o fato de tratarem de países em desenvolvimento que
ainda estão passando pela fase de maturação da Curva de
Kuznets, e/ou que já são considerados países
desenvolvidos mas que possuem matrizes energéticas de
alto risco de poluição (caso da França e países da Europa,
por exemplo, que utilizam usinas nucleares para produção
de energia).
10
4. RESULTADOS EMPÍRICOS Podemos notar que apenas os dois primeiros lags do
próprio PIB parecem ter alguma relação com esta variável
econômica. Mais tarde serão demonstrados os resultados
dos testes de causalidade de Granger performados com
4.1 VAR (Vector Autoregressive Model) base nestes modelos VAR.
População
11
4.2 Função de Impulso-Resposta
12
equação com poder preditivo satisfatório, demonstrada 4.4 Testes de Causalidade de Granger
no gráfico a seguir:
13
PIB Per Capita Mundial vistos em trabalhos teóricos e empíricos diversos,
reforçando a necessidade de atenção sobre o efeito estufa.
5. CONCLUSÕES
14
de gases do efeito estufa, como seria de se esperar, mas Greenhouse Gases. Acessado em: 25 de Agosto de 2017.
os testes foram inconclusivos a este respeito. Disponível em:
Novas sugestões de pesquisa e adições a este trabalho https://www.epa.gov/climate-indicators/climate-change-
incluem a extensão da análise econométrica a outros indicators-atmospheric-concentrations-greenhouse-
países e/ou regiões do globo, já presentes na base de gases
dados que acompanha este paper; a performance de
novos testes de cointegração, além de reajustes nas
variáveis (reformulação por meio de transformações de 6.2 Papers
Fourier, subtração dos componentes de tendência e drift,
entre outros); além da extensão da análise para novas
variáveis adicionais, como os níveis de poluição por país
e/ou região (trabalhamos com a emissão de gases em ppm [5] MASON, J. Two Centuries of Climate Science: part one
– partículas por milhão, mas podemos também usar os - Fourier to Arrhenius, 1820-1930. Acessado em 28 de
dados do World Bank sobre emissão em toneladas/ano), agosto de 2017. Disponível em:
consumo de energia, IED, entre outros. Diversas https://skepticalscience.com/two-centuries-climate-
possibilidades de estudo são abertas, e reforçam a science-1.html
necessidade de atenção que o tema do aquecimento [6] MASON, J. Two Centuries of Climate Science: part two
global merece, como o maior desafio de nossa era. – Hulburt to Keeling, 1931-1965. Acessado em 28 de
agosto de 2017. Disponível em:
https://skepticalscience.com/two-centuries-climate-
science-2.html
6. BIBLIOGRAFIA [7] MASON, J. Two Centuries of Climate Science: part
three – Manabe to the Present Day, 1966-2012. Acessado
em 28 de agosto de 2017. Disponível em:
6.1 Dados https://skepticalscience.com/two-centuries-climate-
science-3.html
[8] PAO, Hsiao-Tien, TSAI, Chung-Ming. Multivariate
Granger causality between CO emissions, energy
[1] THE MADDISON-PROJECT, 2013 version. Acessado consumption, FDI (foreign direct investment) and GDP
em 25 de Agosto de 2017. Disponível em: (gross domestic product): Evidence from a panel of BRIC
http://www.ggdc.net/maddison/maddison- (Brazil, Russian Federation, India, and China) countries,
project/home.htm Energy, Volume 36, Issue 1, 2011, Pages 685-693, ISSN
[2] INSTITUTE FOR ATMOSPHERIC AND CLIMATE 0360-5442.
SCIENCE (IAC) AT EIDGENÖSSISCHE TECHNISCHE http://dx.doi.org/10.1016/j.energy.2010.09.041
HOCHSCHULE. Greenhouse Gases – Yearly Datasets.
Diretório Web. Acessado em: 25 de Agosto de 2017. [9] KIVYIRO, P. and ARMINEN, H. Carbon dioxide
Disponível em: emissions, energy consumption, economic growth, and
foreign direct investment: Causality analysis for Sub-
ftp://data.iac.ethz.ch/CMIP6/input4MIPs/UoM/GHGConc/ Saharan Africa, Energy, 74, issue C, 2004, Pages 595-606.
CMIP/yr/atmos/UoM-CMIP-1-1-0/GHGConc/gr3-
GMNHSH/v20160701/ http://EconPapers.repec.org/RePEc:eee:energy:v:74:y:2014
:i:c:p:595-606
[3] UNITED NATIONS DESA/POPULATION DIVISION.
World Population Prospects 2017. Dataset: Total [10] ASAFU-ADJAYE, J. The relationship between energy
Population – Both Sexes. Acessado em: 25 de Agosto de consumption, energy prices and economic growth: time
2017. Disponível em: series evidence from Asian developing countries, Energy
Economics, Volume 22, Issue 6, 2000, Pages 615-625,
https://esa.un.org/unpd/wpp/DVD/Files/1_Indicators%20( ISSN 0140-9883.
Standard)/EXCEL_FILES/1_Population/WPP2017_POP_F01_
1_TOTAL_POPULATION_BOTH_SEXES.xlsx http://dx.doi.org/10.1016/S0140-9883(00)00050-5
[4] US EPA - ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. [11] CHANG, Ching-Chih. A multivariate causality test of
Climate Indicators: Atmospheric Concentrations of carbon dioxide emissions, energy consumption and
15
economic growth in China, Applied Energy, Volume 87,
Issue 11, 2010, Pages 3533-3537, ISSN 0306-2619.
http://dx.doi.org/10.1016/j.apenergy.2010.05.004
[12] XIANGZHAO F, JI Z. Economic collection of CO2
emission trends in China Population. Resources and
Environment, Volume 18, Issue 3, 2008, Pgs. 43-47, ISSN
1872-583X.
http://dx.doi.org/10.1016/S1872-583X(09)60005-X
[13] ANG, J. CO2 emissions, energy consumption, and
output in France. Energy Policy, Volume 35, Issue 10,
2007, ISSN 4772-4778.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enpol.2007.03.032
[14] HALICIOGLU, F. An econometric study of CO2
emissions, energy consumption, income and foreign
trade in Turkey. MPRA Paper No. 11457. Disponível em:
http://mpra.ub.uni-muenchen.de/11457/
[15] ZHANG, XP e CHENG, XM. Energy consumption,
carbon emissions, and economic growth in China,
Ecological Economics, Volume 68, Issue 10, 2009, Pag.
2706-2712, ISSN 0921-8009.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolecon.2009.05.011
[16] US EPA – ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY.
Overview of Greenhouse Gases – Nitrous Oxide. Pg. 164
[17] HOLLEMAN, A. F.; WIBERG, E. Inorganic Chemistry.
San Diego: Academic Press, 2001, ISBN 0-12-352651-5
[18] BUENO, R. Econometria de Séries Temporais. 2° Ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2011, Pag. 17, ISBN 978-
85-221-1157-2
[19] IORDANOVA, T. Introduction To Stationary And
Non-Stationary Processes. Acessado em 26 de Agosto de
2017. Disponível em:
http://www.investopedia.com/articles/trading/07/stationa
ry.asp
16