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C e c í l i a M e i r e l e s Solombra
Sonhos
Poemas de Viagens
Cecília Meireles
Solombra
Apresentação: Regina Zilberman
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telectuais de Cecília Meireles
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M453s Meireles, Cecília, 1901-1964


Solombra / Cecília Meireles. – Rio de
Janeiro : Nova Fronteira, 2005

ISBN 85-209-1749-6

1. Poesia brasileira. I. Título.

CDD 869.91
CDU 821.134.3(81)-1
Sumário

Jornada do poema rumo ao leitor, ix

Solombra, 1
Vens sobre noites sempre. E onde vives? Que flama 5; Pelas ondas do mar,
pelas ervas e as pedras, 5; Há mil rostos na terra: e agora não consigo 6;
Quero uma solidão, quero um silêncio, 7; Falar contigo. Andar lentamente
falando 7; Para pensar em ti as horas fogem: 8; Caminho pelo acaso dos
meus muros, 9; Arco de pedra, torre em nuvens embutida, 9; O gosto da Beleza
em meu lábio descansa: 10; Só tu sabes usar tão diáfano mistério: 11; Falo
de ti como se um morto apaixonado 11; O que amamos está sempre longe
de nós: 12; Como trabalha o tempo elaborando o quartzo, 13; Nuvens v
dos olhos meus, de altas chuvas paradas 13; As palavras estão com seus
pulsos imóveis. 14; Ó luz da noite, descobrindo a cor submersa 15; Eu
sou essa pessoa a quem o vento chama. 15; Isto que vou cantando é já
levado 16; Se agora me esquecer, nada que a vista alcança 17; Quero roubar
à morte esses rostos de nácar, 17; Há um lábio sobre a noite: um lábio sem
palavra. 18; Sobre um passo de luz outro passo de sombra. 19; Entre mil
dores palpitava a flor antiga, 19; Tomo nos olhos delicadamente 20; Uma
vida cantada me rodeia. 21; Dizei-me vosso nome! Acendei vossa ausência!
21; Esse rosto na sombra, esse olhar na memória, 22; Esses adeuses que
caíam pelos mares, 23

Sonhos, 25
Reparei que a poeira se misturava às nuvens, 27; Em algum lugar me
encontro deitada, 28; Apontamentos, 29; Sonho de Maria Alice, 30; Sonho

Solombra
com plantas e gestos amáveis, 30; Venho do Sono, 32; Sonhei um sonho, 32;
Sonhei com a bela moça que está longe, 33; A moça pecadora apareceu-me
de branco, 33; Uma noite me balancei no céu, 34; Outro dia sonhei que o
coche fúnebre, 35; Também já sonhei com uma ponte colorida, 35; Sonho
com carneirinhos e falas meigas, 36; Abracemos a noite, 37; Pelo luar azul,
entre montes e águas, 38; Saio do sonho, da noite, do absurdo, 39; Uma flor
voava, 40; Estudo na loja do sonho, 41; Cerejas na prata, 43; Por fluidos
países passeio, 44; Com agulhas de prata, 45; Dormirei para avistar-te, 45;
Onde estão as violetas?, 46; Menina do sonho, 47; Meus amigos de vento e
nuvem, 49; Meninas sonhadas, 50; Aqui estou nos vales da terra, 51; Por
detrás do muro, 52; Ó mármore de ar, 54; Discurso de sonho, 55; Eu vi
na verdade o céu romper-se, 56; Em sonho anunciam a minha morte, 57;
Sais pelo sonho como de um casulo e voas, 58; Sonho de sepulcro, 59; Um
navio dá voltas em canais sinuosos, 59; Rua, 60; Desenhos do sonho, 61;
vi Pela flor amarela viajaremos, 63; Sonho sofrimento. Enlaçados, 64; Trinta
anos no vale de exílios da sombra, 65; Cavalgávamos uns cavalos, 66; Na
Ponte dos Vestidos de Gaze, 67

Poemas de Viagens, 69
Old Square, 71; New Orleans, 73; Balada a Philip Muir, 74; U.S.A. – 1940, 76;
Corrida mexicana, 108; Casa de Gonzaga, 110; Canção para Van Gogh,
111; Desenhos da Holanda, 113; Brisa da beira do Minho, 116; Queluz,
117; Poema entrelaçado, 119; Alentejo, 121; Três canções da Espanha,
122; Imagem, 124; Paris, 125; Fênix marroquina, 126; Tarde, inverno,
lua, 128; Havia, na Suíça, a linda menina, 129; Os dois lados do realejo,
130; Pesca do arenque, 131; Desenho, 132; Interlúdio terrestre, 133;
Catedral, 135; Meninos líricos, 137; Festa, 138; Paisagem com figuras,
140; Shakúntala, 141; Infelizmente, falharam as fotografias, 142; Castelo
de Maurício, 143; Estudo de figura, 146; Cântico à Índia pacífica, 146;

Ce c í l i a M e i r e l e s
Dois apontamentos para Fayek Niculá, 148; Pastoral I, 150; Pastoral II,
152; Pastoral III, 152; Pastoral IV, 153; Pastoral V, 154; Pastoral VI,
155; Pastoral VII, 156; Pastoral VIII, 157; Canção fluvial, 158; Festa dos
tabuleiros em Tomar, 159; Um soldado santo, 160; Pedras de Jerusalém,
162; Saudação a Eilath, 163; Rua dos rostos perdidos, 167; Os chineses
deixaram na mesa, 168; Rios, 168; O aquário, 170; Sobre as muralhas do
mar, 171; Bela cidade de prata, pálida, 172; Dança cósmica, 174; Tempo,
175; Pequena suíte, 176; Breve elegia ao Pandit Nehru, 179


vii

Solombra
Jornada do poema rumo ao leitor
Regina Zilberman

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, em 1901, Cecília Meireles


publicou Espectros, seu primeiro livro de poemas, em 1919, aos
dezoito anos. O Modernismo ainda não tinha desembarcado no
Brasil, mas seus principais líderes, como os paulistas Mário de
Andrade e Oswald de Andrade, já participavam da vida literária
nacional. O projeto de vanguarda, adotado na década de 1920,
não entusiasmou a jovem escritora, que não reconheceu, nas
propostas de revolução artística, o espiritualismo que alimentava
seus versos.
Talvez por esse motivo ela tenha publicado pouco durante os 
ix

vinte anos subseqüentes à sua estréia na poesia. Viagem, publicado


em 1939, após receber, no ano anterior, o prêmio de poesia da
Academia Brasileira de Letras, foi o livro que a consagrou. Ou Isto
ou Aquilo, de 1964, a última obra que Cecília Meireles editou em
vida, situa-se no final desse percurso. Entre as duas pontas estão
os livros deste volume, Solombra, de 1963, Sonhos, escrito entre
1950 e 1963, e Poemas de Viagens, escrito entre 1940 e 1964.
Solombra constitui obra relativamente curta. Ao contrário de
outros livros de versos, composto via de regra por um grupo de poe-
mas, Solombra consiste em texto único e unitário, já que o título dá
conta de todo o conjunto. Está separado em estrofes, distanciadas
algumas por espaços em branco; deve, porém, ser abordado de
modo integral e de uma só vez.

Apresentação
Esta característica determina um modo de leitura nem sempre
usual, quando se trata de poesia publicada em livro. Poemas não
precisam necessariamente ser lidos na ordem crescente das páginas
impressas, pois podemos iniciar pelo fim ou pelo meio, sem com-
prometer a compreensão do todo. É possível também retornar a
estrofes prediletas de uma obra, deixando outras de lado, e também
esse sistema não prejudica o entendimento e a valorização de um
autor e de seus versos.
Solombra não admite esse processo de leitura, obrigando o leitor
a acompanhar a trajetória do sujeito lírico a partir da primeira
linha do poema e conduzindo-o até o final sem alteração de rumo.
O formato adotado impõe-se ao leitor, impedindo-o de escolher
o lugar de começar a leitura. Por outro lado, o poema solicita a
adesão desse leitor, que, logo no primeiro verso, se depara com
x uma afirmação (“Vens sobre noites sempre”) e uma interrogação
(“E onde vives?”), convocando-o a participar ativamente da
construção do texto.
Quem ler Solombra terá necessariamente de começar pela pri-
meira estrofe, e essa propõe de imediato um diálogo, decorrente
da presença, nos dois verbos empregados no primeiro verso, da
segunda pessoa, com a qual o leitor se identifica. Desse diálogo,
sugerido pela abertura, participam um “eu”, a que chamaremos
de sujeito lírico, responsável pela emissão da fala, lugar ocupado,
conforme podemos supor, pela poeta, e um “tu”, que, por hipótese,
constitui o espaço que nos cabe na interlocução. A esse “tu”, po-
demos chamar de “outro”, se não aceitarmos a posição oferecida
a nós, leitores.
No diálogo, formam-se os seguintes pares: um “eu” dirige-se a
um “tu”; a poeta conversa com o leitor; um “alguém” lança in-

Cec í l i a M e i r e l e s
terrogações a um “outro”. Se estivermos interessados no diálogo,
aceitamos o lugar oferecido à segunda pessoa, de modo que o “tu”,
o “leitor” e o “outro” passam a ser “eu” na minha perspectiva
de destinatário. As alternativas são várias, e a escolha é livre,
revelando desde o começo a riqueza com que Cecília Meireles
deseja propor uma troca de idéias e de experiências com quem se
direciona às suas estrofes.
Cabe acompanhar a trajetória desse diálogo. Inicia por uma
afirmação do “eu” sobre o “tu”, que, nas palavras do sujeito lírico,
vem “sobre noites”, mostrando-se um ser noturno ou sombrio.
Pode-se supor, pois, ser esse “tu” a solombra – ou sombra – de
que fala o título. A essa frase afirmativa, sucedem-se as pergun-
tas sobre o interlocutor, cuja origem o “eu” ignora, assim como
desconhece seu rosto.
A dificuldade de comunicação não desencoraja o sujeito lírico, 
xi

que indaga o nome do “outro”, temendo, porém, o silêncio e a


ausência de resposta. No segundo grupo de estrofes, a solidão
define o estado em que se encontra a poeta, mas essa situação
não constitui matéria de lamentação. O “eu” persiste no desejo de
comunicar-se, voltando a questionar, no terceiro grupo de estrofes,
onde o “outro” está, já que, embora não possa vê-lo, acredita em
sua existência. A mera procura justifica o sujeito lírico para si
mesmo; por isso, seu olhar brilha como se molhado pelo orvalho,
e o sangue mostra-se “leal” e “nítido”, sintoma de que o “eu” está
decidido a levar a busca até o final.
O bloco subseqüente de versos mostra novas decisões do “eu”,
que, se aceita a solidão, deseja libertar-se de tudo o que o apri-
siona, para, enfim, romper a distância que o separa do “outro”. A
imagem da sombra é utilizada agora pelo sujeito lírico para falar

Apresentação
de si mesmo, ao confessar que deseja se colocar sob a tutela de seu
interlocutor. Aceitar a dependência é igualmente a possibilidade
de falar, levando adiante o diálogo, em que dirá “com claridade”
o que “existe em segredo”.
Eis a possibilidade de um autêntico diálogo, aquele em que
se expõe tudo. Acontece apenas perante aquele a quem se ama,
porque a relação entre os amantes é pura, livre de segundas in-
tenções, “sem prêmio”, límpida. O “eu” entrega-se ao “outro”,
alcançando a plenitude da vida e interrompendo o diálogo, já que
a distância inicial desapareceu. A confluência alcançada explica
o “amor completo”; mas confirma também a solidão do sujeito
lírico, como se, nessa busca, ele tivesse se encontrado consigo
mesmo. O “eu” e o “outro” formam uma unidade, determinando
nova peregrinação.
xii É a Beleza o novo objeto da busca, que pode ser vislumbrada e
contemplada, não, porém, necessariamente alcançada. A dificul-
dade não detém o sujeito lírico, que prossegue em seu caminho,
avançando, conforme esclarece, “por mapas de esperança”. Sabe
que “o que amamos está sempre longe de nós”, retomando a fala
da distância, mas não desistindo de sua procura, nem de seu desejo
de ultrapassar as separações. Essa é sua única ambição, pois, de
resto, apresenta expectativas singelas: “Basta-me o umbral, de on-
de se avista o ponto certo,/o grande vértice a que sobe o olhar do
mundo.” Consciente da solidão, mas também da liberdade obti-
da, o sujeito lírico persevera, sabendo também que seu destino é
a morte.
A proximidade da morte faz com que o sujeito lírico volte a
clamar pelo “outro”, o “tu” que se mostra de novo à distância,
alargada essa pelo emprego da segunda pessoa do plural, o “vós”,

Cec í l i a M e i r e l e s
considerado um pronome de tratamento mais solene. Pede-lhe
então: “Acendei vossa ausência”; e exclama: “Dizei-me onde é que
estais, em que frágil crepúsculo!” A serenidade dos versos anterio-
res é substituída pelo desejo de que o diálogo enfim se estabeleça:
“Que pretendem concluir impossíveis diálogos?” Segue-se a acei-
tação da irremediável solidão, representada por palavras que nada
dizem, como os “adeuses” que calaram, e por abraços que per-
deram a forma, imagem que se destaca num dos últimos versos
de Solombra. A poeta fecha o poema sem voz nem fala; restam
a mudez, e, por conseqüência, a ausência de ecos, bem como o
derradeiro afastamento. Se sabia da solidão, o “eu” conhece agora
a morte, o “adeus” sem “despedidas”.
Solombra encerra de modo melancólico, porque o horizonte da
trajetória do “eu” é a morte. A poeta almeja suplantar distâncias,
vencer as dificuldades, ascender à Beleza e a superioridade do “ou- 
xiii

tro”, com quem almeja identificar-se e confundir-se. Mas a morte


interrompe a busca, garantindo tão-somente a persistência da so-
lidão. Não que a poeta deseje conquistar algo, atingir o poder ou a
glória, revelar-se importante; pelo contrário, humilde sempre, tem
consciência de sua pequenez, da efemeridade das coisas e da vaida-
de das pessoas, a quem evita voluntariamente. Exilando-se da mul-
tidão e da fortuna, deseja chegar ao outro lado, a uma realidade
melhor, representada por esse ser com quem deseja se comunicar.
Não acredita ter sido bem-sucedida, lamentando a impossibilidade
de sua busca chegar a um resultado satisfatório.
No entanto, podemos, se quisermos, consolá-la e reconfortá-la.
Basta lembramos que o “outro” pode ser o leitor, e que o “tu”
pode ser nosso próprio “eu”. De posse desse conhecimento, pode-
mos contestar a poeta, respondendo-lhe que, ao contrário do que

Apresentação
ela pensou, houve a comunicação almejada. Graças à leitura de
seus versos, sua linguagem chegou até nós, humildemente, como
ela queria, mas alcançando nosso imaginário e propondo uma
relação de afeto e admiração.
A poeta anseia por uma relação amistosa, baseada no amor da
poesia; como seus leitores, podemos satisfazê-la, satisfazendo-nos
simultaneamente. Para tanto, basta acompanhar o percurso do
sujeito lírico e deixar-nos levar por seu trajeto rumo ao melhor, e
mais puro, que cada um traz consigo e nem sempre expressa.
A única ambição de Cecília Meireles tem essa dimensão: deseja
que ouçamos seus versos, abramos os ouvidos à sua fala, descer-
remos os olhos às suas imagens, e divisemos o mundo superior e
autêntico que nos presenteia. Nada melhor que acompanhar sua
sugestão.
xiv Podemos, porém, escolher veredas alternativas, que levam
primeiro a textos mais curtos, preparando-nos para o grande
salto no lirismo de Solombra. Nesse caso, o leitor pode eleger os
Poemas de Viagem ou os versos de Sonhos. Exemplar é o poema
“Aqui estou nos vales da terra”, em que o sujeito lírico dirige a
fala a um outro, no caso, a “noite” e a “grandeza do mundo”, com
quem aspira comunicar-se. Por outro lado, a dicção dos versos de
Sonhos é mais musical, como em “Meninas sonhadas”, cujo ritmo
associa-o a poemas de Ou Isto ou Aquilo, o livro que destinou ao
público infantil e juvenil.
Se, em Solombra e Sonhos, Cecília passeia pelo universo do
espírito e da imaginação, em Poemas de Viagem, ela dispersa-se
pelo mundo, manifestando suas impressões diante do estrangeiro.
Estados Unidos, México, França, Holanda, Espanha, Índia, Egito e
Israel, entre outros lugares, estão presentes nos textos, permitindo-

Cec í l i a M e i r e l e s
nos acompanhar os deslocamentos da poeta, que encara cenário
e indivíduos de modo bastante original. Rejeitando o olhar do
turista, Cecília chama a atenção para o pluralismo cultural, as
pessoas do povo, a plasticidade dos espaços que visita, descritos
seguidamente com imagens insólitas, como a do “mar sem água”,
empregada para definir o Alentejo, em Portugal.
Adentrando-se no lirismo de Solombra ou percorrendo regiões
distantes, Cecília oferece ao leitor a possibilidade de esse alargar
suas próprias experiências, ao dialogar com a linguagem multi-
facetada da poesia.

xv

Apresentação

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