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6 A.C.–70 D.C.
Morte de
Estêvão
Nascimento
de Jesus Morte de
Jesus
Morte de
Paulo
A.C. 0 25 50 75 100
Nero
Destruição
de Jerusalém
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JESUS E A IGREJA
Jesus era judeu. Descendia de uma família judia, havia estudado a lei
judaica e seguia a religião judaica. Todo estudo sério a respeito de sua
4 HISTÓRIA DO CRISTIANISMO AO ALCANCE DE TODOS
vida deixa isso tão claro que várias pessoas se perguntam se Jesus de fato
teve a intenção de criar esse grupo de seguidores que chamamos de
“igreja”. Albert Schweitzer, missionário famoso que esteve na África,
acreditava que Jesus era obcecado pelo sonho do iminente fim do mundo
e morreu para tornar esse sonho realidade. Rudolf Butmann, importante
teólogo alemão, achava que Jesus era um profeta que desafiava as pessoas
a optarem radicalmente a favor ou contra Deus. Outros cristãos
defendiam a idéia de que o reino de Deus era uma fraternidade de amor e
perdão. Se ele fundou uma sociedade, dizem eles, era uma sociedade
invisível, uma companhia moral ou espiritual, e não uma instituição com
leis e credos.
Essa visão não-institucional do cristianismo é tão difundida que o
melhor que fazemos é considerá-la. Jesus teve algo a ver com a formação
da igreja cristã? E se teve, como moldou seu caráter especial?
Cada leitor do evangelho é livre para julgar por si mesmo, mas uma
leitura imparcial de Mateus, Marcos, Lucas e João revela os planos de
Jesus a respeito de um grupo de seguidores que desse continuidade ao seu
trabalho. Durante dois anos, ele trabalhou com um grupo de discípulos
fiéis, transmitiu-lhes ensinamentos sobre a vida no que chamava de “o
reino de Deus”, e os apresentou as “novas promessas”, que os manteve
juntos no amor e no perdão.
Pode-se supor que àquele grupo simples faltassem as leis, os oficiais e
os crentes da cristandade de hoje, mas era uma sociedade à parte. Jesus
enfatizou com insistência o modo de vida especial que separava “o reino
de Deus” das autoridades rivais entre os homens. Pouco a pouco, os
discípulos foram percebendo que segui-lo significava dizer “não” a outras
vozes que clamavam por sua lealdade. De alguma forma, esse foi o
nascimento do movimento de Jesus. E pelo menos nesse sentido Jesus
“fundou” a igreja.
O MINISTÉRIO DE JESUS
Messias. “Eu na verdade vos batizo com água”, disse ele, “Ele vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16).
O apelo de João ao arrependimento e à retidão atraiu Jesus ao Jordão.
Ele encontrou na mensagem de João a verdade de Deus, e, para cumprir
sua palavra, se submeteu ao batismo de João e logo em seguida deu início
a sua própria missão, proclamando: “O tempo está cumprido e o Reino
de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15).
Jesus, contudo, ao invés de permanecer no deserto, preferiu iniciar
sua missão na Galiléia, uma terra de suaves colinas e vales verdejantes.
Nas primeiras semanas e meses, andou de vilarejo em vilarejo pela
Galiléia, pregando nas sinagogas à noite e nos Sabbath. Carregando um
saco de pães, um odre de vinho e uma bengala, ele andava pelas estradas
empoeiradas. Provavelmente, vestia-se como qualquer outro viajante,
com uma túnica de linho rústico coberta por um manto vermelho ou
azul.
Em um dia típico, Jesus sairia ao amanhecer e andaria quilômetros e
quilômetros. Perto do pôr-do-sol, entraria em um povoado e procuraria
sua sinagoga. Como diz uma história popular, “lá talvez tivesse uma
recepção calorosa dos habitantes da cidade, que muitas vezes não tinham
um rabino e dependiam dos serviços de mestres andarilhos, como Jesus.
Quando os lampiões fossem acesos, e os homens do vilarejo tomassem
seus lugares, Jesus se sentaria numa plataforma central” e começaria a ler
uma passagem das sagradas Escrituras. Em voz clara e forte, ele
anunciaria o cumprimento de alguma profecia ou contaria alguma
parábola.
O tema principal dos ensinamentos de Jesus era o reino de Deus.
Mas o que queria dizer com isso? Ele acreditava numa intervenção
decisiva de Deus na história do mundo? Ou, de alguma maneira, que o
reino já estava aqui? Provavelmente, acreditasse nas duas coisas. Elas
podem se conciliar se reconhecermos que tratam da soberania de um
Deus pessoal e misericordioso, e não de um reino geográfico ou local.
Jesus dava a entender que o governo de Deus já estava presente no
poder salvador que havia em sua pessoa. E ele ofereceu provas sobre isso.
Seus milagres de cura não eram apenas maravilhas, mas sinais, o poder
dos tempos por vir já manifesto no presente. “Mas se eu expulso os
demônios pelo dedo de Deus”, disse Jesus, “certamente a vós é chegado o
reino de Deus” (Lc 11.20). Por temer que suas curas fossem mal-
8 HISTÓRIA DO CRISTIANISMO AO ALCANCE DE TODOS
A MENSAGEM DE JESUS
A ÚLTIMA SEMANA