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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a representação feminina na poesia de Gre-
gório de Matos. Explora-se a visão do poeta acerca da mulher, na época do Brasil-Colônia
e suas condições perante à sociedade. A pesquisa foi constituída a partir de uma abordagem
qualitativa, descritiva e explanatória. Para fundamentar, foram utilizados alguns teóricos,
como Bordieu (2005), Rossiaud(1991) e outros. Assim, analisamos a representação da mu-
lher em diversas fases da história da humanidade, iniciando pela Grécia Antiga, até chegar
no período Barroco no Brasil. O trabalho constatou evidências como: a presença do patriar-
calismo; a desigualdade entre homens e mulheres; a disseminação da ideia de superioridade
masculina.
ABSTRACT
This article aims to analyze the representation of women in the poetry of Gregorio de Ma-
tos. It is explored the vision of the poet about the woman at the moment of Brazilian co-
lonization and its conditions before the society. The research was built from a qualitative,
descriptive and explanatory approach, and based on the studies of theorists such as Bordieu
(2005), Rossiaud (1991) and others. Thus, it was possible to analyze the representation of
women in many stages of human history, from the ancient Greece to Brazilian Baroque
period. The work verified evidences like the presence of patriarchy, the inequality between
men and women and the dissemination of the idea of male superiority over female.
Poeta baiano nascido em 23 de Dezembro de 1633, na cidade de Salvador, e morreu em 26 de Novembro de 1695
na de cidade de Recife, (as duas datas são incertas, há divergências entre estudiosos em relação a ambas).
* Discente do Curso de Letras da Faculdade Sete de Setembro - FASETE.
** Professor Mestre e orientador da disciplina Prática Interdisciplinar-IV.
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo trata sobre a representação da mulher na obra de Gregório de Matos¹, fazen-
do um estudo aprofundado da vida e da obra do poeta baiano, utilizando pesquisas bibliográfi-
cas, consultadas em artigos científicos, livros e ferramentas digitais, acerca do tema. Ao longo
desta pesquisa, é importante ressaltar, que desde as sociedades mais antigas, a mulher esteve
submetida, a um regime de desigualdade diante dos homens; o sistema patriarcal é algo que
esteve presente nessas sociedades, influenciando de forma direta o modo de vida, e o desenvol-
vimento das condições impostas pelo meio social.
Além disso, neste trabalho teremos a oportunidade de conhecer melhor, a importância
da mulher, ao longo de vários períodos da humanidade, resultado de uma perspectiva histórica,
como uma forma de complementar, o objetivo central da pesquisa, reforçando a representativi-
dade feminina acerca da diversas facetas de Gregório de Matos.
A pesquisa foi constituída a partir de uma abordagem qualitativa, descritiva e explana-
tória. Para fundamentar essa pesquisa foram utilizados alguns teóricos, como: Bordieu (2005),
Rossiaud (1991) e Del (2005).O trabalho constatou evidências como: a presença do patriar-
calismo; a desigualdade entre homens e mulheres; a disseminação da ideia de superioridade
masculina em relação ao sexo oposto, e outros conceitos manifestos em diferentes períodos da
humanidade, em relação a figura feminina.
No primeiro tópico, é estudada a representação da mulher na Grécia, sendo abordados
os principais acontecimentos, em especial na Grécia Antiga, focando nas duas principais cida-
des do país desta época, Atenas e Esparta, relacionando as diferenças e semelhanças, do modo
de vida das mulheres nessas diferentes sociedades. O tópico seguinte trata da representação da
mulher na Idade Média, (mais conhecida como idade das trevas) é evidenciada uma forte influ-
ência da Igreja Católica, e os padrões rígidos impostos pela sociedade, reforça a ideia, de um
sistema patriarcal rigoroso, e com pouca liberdade de expressão para as mulheres.
Esse trabalho abrangerá, portanto, a representação da mulher estudada no período do
Renascimento, sendo notada, a ascensão das pessoas. Trata-se de um período que, de forma
geral, a Igreja Católica e o pensamento teocêntrico, começam a entrar em segundo plano, e o
homem, começa a se interessar por práticas mundanas. Neste contexto, a mulher continua presa
à um regime de desigualdade e submissão, porém há um desenvolvimento maior, em relação a
educação, aquisição de novos hábitos de vida.
No último tópico, o período literário destacado é o Barroco, através do qual apontaremos a
representatividade da mulher, na obra de Gregório de Matos mulher, relatando os principais aconte-
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cimentos, os fatos mais marcantes que estão relacionados ao poeta baiano, para conhecer ao máximo
o meio social, o contexto histórico, centralizando a representação da mulher seus poemas, estudando
essa representatividade e esse meio, como um forma de tentar desvendar um pouco da personalidade
do poeta diante de tamanha irreverência. Em relação a mulher na sociedade, foram analisados, três
poemas de estilos distintos, retratando o lirismo, e o lado erótico da obra, do poeta.
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De acordo com os relatos dos antigos, a mulher espartana era livre para circular na
cidade e recebia a educação estatal destinada a atender às necessidades do seu meio
social. Essa mulher desempenhava a relevante função social de gerar filhos robustos
e corajosos, ao passo que a mulher ateniense mantinha-se confinada em sua casa,
aprendendo com as mulheres mais próximas, em geral a mãe, como administrar o lar e
desenvolver as atividades domésticas, tais como; tecer, fabricar utensílios de cerâmica
e cuidar dos filhos (SILVA, 2005, p. 11).
Nesse sentido, percebe-se que as mulheres espartanas tinham certa “liberdade” em seu
meio de convívio;elas configuravam-secomo exemplo da mentalidade da sua época. Em contra-
partida, as mulheres de Atenas não tiveram tantos privilégios; como observamos, as atenienses
tinham um estilo de vida mais caseiro, eram tidas como objeto de desejos sexuais pelos mari-
dos, não podiam fazer parte de debates políticos, e diante da sociedade não eram vistas como
cidadãs. Ficavam responsáveis pela manutenção da casa.
Apesar das diferenças entre a forma de vida, das duas cidades, as mulheres sempre estive-
ram em segundo plano, e as decisões sempre eram tomadas pelos homens, designando a obediên-
cia e submissão, ao marido, pai, e os filhos, sem ter o direito de se rebelar ou contestar, algo que
fosse contrariar os interesses destes, pois “temos cortesãs para nos dar prazer; temos concubinas
para com elas coabitarmos diariamente; temos esposas com o propósito de termos filhos legítimos
e de termos uma guardiã fiel de tudo o que se refere à casa” (APOLODORO, 2011,p.59)
No trecho acima trazemos a dimensão, não rara, do papel da mulher na visão do homem.
Elas contidas, como fonte de prazer carnal, distração fora do casamento, e vistas como objetos,
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há também a necessidade de possuir mulheres dignas de serem donas de casa e cuidar da famí-
lia. Constata-se, que a figura feminina era necessária nessa sociedade patriarcal, porém, dentro
dos termos propostos pelo homem, que acabavam se colocando numa posição de superioridade
em relação as mulheres.
Procuramos refletir, portanto, sobre o modo de pensar as mulheres no mundo grego, que
acarreta uma visão negativa e subalterna do feminino. Pois a fundamentação teórica revelou
como dominante o pensar patriarcal, logo mais a seguir, teremos a oportunidade de constatar,
que a questão do patriarcalismo é algo presente nas diferentes fases da humanidade e em diver-
sas sociedades, algo que se faz presente na vida da mulher na Idade Média.
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Neste tópico, investigamos sobre o período de transição entre a Idade Média e o renas-
cimento, na Europa, como isso afetou a representatividade da mulher, no Brasil Colônia, e os
costumes trazidos de Portugal, dentro da fase renascentista no Brasil. O renascimento surgiu
na Europa por volta do século XVI, agregando novos valores a cultura da sociedade, desmisti-
ficando as crenças, deixando o teocentrismo de lado, colocando o antropocentrismo em vigor,
buscando inserir novos costumes que centralizam o homem.
Neste novo contexto cultural, as mulheres continuavam sem grandes evoluções, e o re-
gime patriarcal se mantinha presente. No Brasil, com a chegada dos portugueses, e o início das
atividades coloniais, foram ocorrendo as misturas entre diferentes etnias e encontro de culturas
entre povos (portugueses, índios nativos, e os negros trazidos a força da África).(..) “
Com a chegada dos portugueses, o processo de estadia que iniciava, o período de colo-
nização, toda a bagagem cultural e o modo de vida desses colonizadores, refletia diretamente
na vida da mulher. Nesta sociedade que se iniciava, a mulher estava inserida numa condição de
submissão, e muitas vezes, expostas aos rigorosos padrões educacionais da época, sendo prepa-
radas para costurar, cozinhar e treinadas para tornarem-se boas donas de casa e esposas, além
da submissão a Igreja católica. Nesta perspectiva, Del, faz a seguinte colocação:
Por ser um período, em que novos hábitos estavam sendo inseridos, e a linha de pensa-
mento das sociedades, estavam sendo mudadas, as mulheres começaram a ter acesso à educa-
ção, e posteriormente, conseguiram visibilidade diante de seu meio social. Nessa nova socieda-
de que estava estabelecida no Brasil-colônia, podemos citar o seguinte:
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a representação da mulher está dividida em três classes: a mulher branca, a índia, e a mulher
negra. A mulher branca, era educada para ser moça de família, e casar com os senhores da so-
ciedade, sendo idealizada como símbolo de pureza, (obediente ao esposo, e alma pertencente a
Deus), fazendo parte da sociedade aristocrática.
Ao contrário disso, a mulher negra (a escrava), era vista como suja, e com fama de ‘boa de
cama’, servia de objeto, para atender os caprichos em relação ao prazer, de seus senhores, sendo
usadas para atender aos desejos carnais destes. As mulheres indígenas, tinham uma vida mais ru-
ral, trabalhavam com o cultivo no campo, além do artesanato, assim como as outras, não ficaram
despercebidas, diante dos olhos dos colonizadores e também se relacionaram com eles.
Averígua-se, que o período renascentista no Brasil, foi um momento de iniciação da so-
ciedade colonial no país, e o encontro de culturas que houve na colonização, formou uma nova
visão, e a perspectiva de evolução da representatividade feminina da época. Logo mais, explo-
raremos a imagem da mulher, no período Barroco brasileiro, analisando a poesia de Gregório de
Matos aprofundando um pouco mais, sobre a representatividade feminina, numa perspectiva,
histórica e artística.
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até um lado mais erótico, com uso de poemas pornográficos, além de escrever poemas com o
uso freiras, em situações de promiscuidade e de intenso pecado. “a mulher parece sem impor-
tância, a não ser por sua beleza na poesia lírica, e nas poesias satíricas quando é hostilizada e
ridicularizada” (KURY, 2005p.32) .
Nesta citação de Kury, podemos entender um pouco sobre a mulher, na obra do poeta,
em que ela estuda os dois lados dessa representação, evidenciando uma análise aprofundada,
acerca dos diferentes papéis, exercidos e idealizados para mulheres, na poesia do poeta baiano.
Deixando em evidência traços barrocos, em que é demonstrado o contraste acerca da figura
feminina, em momentos idealizada, outrora punida e satirizada.
É visível as características mais relevantes do barroco no Brasil, e também sobre o
principal percursor do movimento: Gregório de Matos, faz-se uma breve descrição, sobre esse
grande poeta, demostrando de forma clara, sobre sua forte personalidade artística, em relação
ao período barroco numa poesia bastante expressiva.
Foi realizada uma análise crítica acerca de alguns poemas que exibem a mulher em dife-
rentes aspectos. Por conseguinte, refletimos sobre os principais comportamentos da sociedade
da época, mesmo que de maneira subtendida o poeta consegue traduzir os principais aconteci-
mentos envolvendo o estado da Bahia, bem como o Brasil-Colônia. A seguir, iniciaremos com
um soneto em que a poesia lírica amorosa, representa a mulher de maneira idealizada e como
símbolo de pureza.
À mesma D. Ângela
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Podemos observar neste soneto (composto por dois quartetos e dois terceto), possui es-
quema de rimas: ABBA/ ABBA/ CDC/ DCD. A mulher é retratada com caracteres românticos,
pureza, delicadeza, sendo exaltada e idealizada pelo eu poético. Encaixa-se na poesialírica, pois
o cuidado, a fineza e cada detalhe que o poeta tem em exaltar, representa muito bem a mulher
branca, pois estas, naquela época eram vistas como símbolo de pureza, dignas de bons casa-
mentos, com homens da nobreza, sendo as Senhoras respeitadas pela sociedade.
Ao contrário da mulher branca, a mulher negra/mulata (escrava), é exaltada com forte erotis-
mo, e seus atributos físicos, a fama de boa de cama, rende a elas a visão de prostituta e indigna. Ou
seja, além de realizar as tarefas obrigatórias da sua condição de escrava, aquelas que eram tidas como
prediletas, pelos seus Senhores foram obrigadas,a deitar-se com eles, Geralmente o acesso de outro
homem, ou escravos, as estas negras era dificultados, sob penalidade de castigos físicos, e aumento da
carga de trabalho. Em contrapartida, destacamos a visão da negra/mulata na poesia de Gregório:
O espírito e a carne
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Católica, provocando assim, um grande assombro na sociedade da época. Nesses poemas, ele denun-
ciava as corrupções, e os escândalos sexuais, envolvendo conventos e clérigos ligados a instituição
religiosa. No próximo poema, veremos a imagem da freira, representada de forma bastante erótica:
Nesse poema, a freira é exposta com forte desejo carnal, o ato é consumado, de modo
arrebatador, e com um índice de satisfação muito grande, o uso de expressões fortes é algo que
deixa o poema intenso, e que causa impacto nas pessoas, principalmente naquela época da
Bahia, porque Gregório de Matos em sua obra, denuncia os maus hábitos das pessoas, governo
e instituições corruptas, no caso essa freira que está sendo representada, retrata as falhas e os
escândalos sexuais, envolvendo a Igreja Católica.
Diante dos três poemas apresentados podemos constar que a representação da mulher
na poesia de Gregório, expressa, sobretudo características da poesia romântica, como objeto da
pureza, uma mulher idealizada, contendo traços angelicais, bem como, a presença de um liris-
mo intenso, além da presença da mulher, que traz uma perspectiva fortemente erótica, focada
na negra e mulata até freiras que são figuras da Igreja Católica, sendo representadas com forte
apelo carnal, e desejo sexual.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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