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Ano 5 - Nº 20
Mar/Abr 2008
ABRACO
40 ANOS
DE CONQUISTAS
Atotech 8/1/06 3:38 PM Page 1
Sumário/Expedient20 1/1/04 8:10 AM Page 1
Sumário
Capa:
Intacta Design
6 Artigo Técnico
Entrevista
Normalização incrementa globalização 33
da PETROBRAS Noções Básicas sobre Processo
Wilson Barbosa de Anodização do Alumínio
e suas Ligas - Parte 8
Por Adeval Antônio Meneghesso
8
Matéria de Capa
ABRACO: 40 anos de conquistas 35
Fosfatização de Metais Ferrosos
Parte 12 - A influência dos íons
32 ferrosos e outros compostos
Notícias do Mercado
Por Zehbour Panossian
e Célia A. L. dos Santos
34
ABRACO Informa
42
Opinião
Como garantir o sucesso da empresa familiar
Domingos Ricca
Redação e Publicidade
Dr. Eduardo Homem de S. Cavalcanti - INT Aporte Editorial Ltda.
Jeferson da Silva - AKZO NOBEL Rua Emboaçava, 93
Dra. Olga Baptista Ferraz - INT São Paulo - SP - 03124-010
A revista Corrosão & Proteção é uma publi- Dra. Zehbour Panossian - IPT Fone/Fax: (11) 2028-0900
cação oficial da ABRACO – Associação Brasileira aporte.editorial@uol.com.br
de Corrosão, fundada em 17 de outubro de 1968, Conselho Editorial
e tem como objetivo congregar toda a comu- Eng. Aldo Cordeiro Dutra - INMETRO Diretores
nidade técnico-empresarial do setor, difundir o Dra. Denise Souza de Freitas - INT João Conte - Denise B. Ribeiro Conte
estudo da corrosão e seus métodos de proteção e M.Sc. Gutemberg Pimenta - PETROBRAS -
controle. CENPES Editor
Eng. Jorge Fernando Pereira Coelho Alberto Sarmento Paz - Vogal Comunicações
Av. Venezuela, 27, Cj. 412 Eng. Laerce de Paula Nunes - IEC redacao@vogalcom.com.br
Rio de Janeiro - RJ - CEP 20081-310 Dr. Luiz Roberto Martins Miranda - COPPE
Fone (21) 2516-1962/Fax (21) 2233-2892 Eng. Pedro Paulo Barbosa Leite Repórteres
www.abraco.org.br Dra. Zehbour Panossian - IPT Henrique A. Dias e Carlos Sbarai
Diretoria Conselho Científico Projeto Gráfico/Edição
Presidente M.Sc. Djalma Ribeiro da Silva – UFRN Intacta Design - info@intactadesign.com
Eng. Pedro Paulo Barbosa Leite - M.Sc. Elaine Dalledone Kenny – LACTEC
PETROBRAS/NORTEC M.Sc. Hélio Alves de Souza Júnior Gráfica
Vice-presidente Dra. Idalina Vieira Aoki – USP Van Moorsel
Eng. Laerce de Paula Nunes - IEC Dra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTEC
Diretor Financeiro Dr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPE Esta edição será distribuída em março de 2008.
M.Sc. Gutemberg de Souza Pimenta - Dr. Luís Frederico P. Dick – UFRGS
PETROBRAS /CENPES M.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPT As opiniões dos artigos assinados não refletem a
Gerente Administrativo/Financeiro Dra. Olga Baptista Ferraz – INT posição da revista. Fica proibida sob a pena da
Walter Marques da Silva Dr. Pedro de Lima Neto – UFC lei a reprodução total ou parcial das matérias e
Dr. Ricardo Pereira Nogueira – Université imagens publicadas sem a prévia autorização
Diretoria Técnica Grenolle – França da editora responsável.
Eng. Aldo Cordeiro Dutra Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ
Carta ao leitor
PESAR DE NÃO CONFIRMADAS QUANTO À SUA PRECISA EXTENSÃO, AS RECENTES DESCOBERTAS DAS
reservas nacionais de petróleo na camada pós-sal na Bacia de Santos e no Bloco Carioca podem
elevar o Brasil à posição de detentor da oitava maior reserva de petróleo e gás do mundo. Os téc-
nicos são precavidos e indicam que os estudos da viabilidade econômica podem demorar até dois anos,
mas o mercado – como não poderia ser diferente – está otimista e alavancado.
Nada mais sugestivo imaginar que o setor forçosamente terá que se preparar para desafios futuros
em relação ao potencial aumento da demanda por produtos e serviços. Neste ponto, a qualificação da
mão-de-obra será fundamental para que os passos sejam contínuos e consistentes. Portanto, é o
momento de se aprofundar os investimentos e incentivar a formação de técnicos para atender a essa imi-
nente demanda – que não deve tardar a chegar.
O setor de prevenção e combate à corrosão será amplamente favorecido, porém precisará acompanhar
o ritmo de crescimento dos processos de prospecção, transporte e
armazenagem que serão exigidos pela produção de petróleo e gás.
Nesta edição, o leitor acompanha, A ABRACO e seus parceiros de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico terão um papel fundamental na capacitação dos pro-
com os olhos fixos no futuro, fissionais da área, assim como na disseminação das tecnologias
mais atuais, apropriadas para cada necessidade específica da área de
a retrospectiva dos 40 anos corrosão. Vale lembrar que a ABRACO tem vasta experiência
nessa área. Até hoje a entidade já organizou cerca de 60 eventos
de atividades da ABRACO técnicos, entre congressos, seminários e workshops, em âmbito
nacional, além de 116 cursos de qualificação, com mais de 2650
formados, apenas na área de Pintura Industrial. Soma-se a esses
números os eventos compartilhados com outras entidades, e o
número de profissionais capacitados passa de 5 mil.
Por fim, é importante salientar a expertise da PETROBRAS para tais descobertas. Líder na explo-
ração em águas profundas, a empresa consegue sistematicamente ampliar seu conhecimento tecnológi-
co e propiciar mais reservas e divisas ao Brasil.
Nesse contexto de intensa integração e colaboração das comunidades técnicas, científicas e empre-
sariais, caberá à Revista Corrosão & Proteção um papel relevante por ser o veículo de informação e
fomento, apresentando o universo de informações que compreende o tema central da publicação.
ABRACO 40 Anos – Nesta edição o leitor pode acompanhar a retrospectiva dos 40 anos de ativi-
dades da ABRACO, em um trabalho que contou com a expressiva colaboração de Aldo Cordeiro
Dutra, um dos idealizadores, fundador e atual diretor técnico da associação. Mais uma vez o emérito
Prof. Gentil, que nos deixou neste ano, é resgatado na memória da associação. Pioneiro, incentivador e
primeiro presidente da ABRACO, recebe a justa homenagem que lhe é de direito.
Cabe acompanhar a história da entidade com os olhos no futuro, pois como lembra a sabedoria
popular: ‘Só terá futuro quem preservar o passado!’
Boa Leitura!
Os Editores
Entrevista
Wilson Barbosa
Normalização incrementa
globalização da PETROBRAS
Atividade atende a todas as áreas da companhia e vem colaborando com empresas e entidades
brasileiras na capacitação de fornecedores para atuação no mercado internacional
Por Henrique Dias
OM O OBJETIVO DE INTER- extensões por onde passam pro- técnicas da companhia, tanto no
nacionalizar as Normas dutos intrinsecamente corrosivos Brasil quanto no exterior. Dentre
Técnicas PETROBRAS, e que podem estar expostos a as diretrizes que orientam essa
cerca de seis milhões de reais ambientes agressivos. Sendo as- atividade, destacam-se: o atendi-
por ano são investidos nesse sim, ele acha fundamental uma mento a todos os setores da PE-
setor pela Companhia, sempre maior interação entre a estatal e o TROBRAS, a internacionalização
sob a orientação da sua Comitê Brasileiro de Corrosão dessas normas, a estreita colabo-
Comissão de Normalização (ABNT/CB-43), operado pela ração com empresas e entidades
Técnica (CONTEC). Este Associação Brasileira de Corro- brasileiras, inclusive do Governo
valor é bem superior ao investi- são (ABRACO). “A PETRO- Federal, e a capacitação dos seus
do por empresas de países em BRAS tem muito interesse neste fornecedores visando uma atuação
desenvolvimento. Nele estão CB e, desta forma, a assinatura globalizada.
incluídas as despesas com pes- de um convênio e a transforma-
soal, próprio e contratado, con- ção de Normas Técnicas PE- Quais são os gastos anuais que
vênios, além da organização de TROBRAS em normas brasilei- a PETROBRAS tem, especifi-
eventos no Brasil e no exterior. ras são extremamente desejáveis, camente, com normalização?
No que diz respeito à nor- ressalta. Barbosa – O orçamento para a
malização técnica no campo da Engenheiro Químico de for- área de normalização técnica na
corrosão dos metais e suas ligas, mação, Wilson Barbosa traz em PETROBRAS tem se mantido
compreendendo métodos de sua bagagem profissional expe- entre seis e sete milhões de reais por
prevenção, o destaque do mo- riências nas áreas de processa- ano. Nele, estão incluídas despesas
mento é o CB-43 (Comitê Bra- mento de petróleo, controle da com pessoal, próprio e contratado,
sileiro), que dispõe sobre revesti- poluição ambiental, confiabili- eventos nacionais e internacionais,
mentos metálicos, orgânicos e dade e riscos industriais, além de passagens, diárias e hospedagens,
inorgânicos, corrosão atmosféri- avaliação da conformidade. Para além de convênios com entidades
ca, proteção catódica e anódica, falar com mais detalhes sobre a do setor. Podemos dizer que esses
entre outros aspectos. “O âmbito política de Normalização Técni- gastos se comparam aos de nossos
de atuação do CB-43 é bastante ca da PETROBRAS, entre ou- parceiros e concorrentes, mas são
grande e envolve muitos interes- tros assuntos ligados à corrosão, bem superiores aos que são feitos
ses da PETROBRAS”, afirma ele conversou com a Revista por empresas congêneres do mundo
Wilson Barbosa, Gerente Cor- Corrosão & Proteção. em desenvolvimento.
porativo de Normalização Técni-
ca da estatal brasileira. Como vem sendo elaborada a Sobre o que dispõem as nor-
De acordo com Barbosa, a política de Normalização Téc- mas técnicas do CB-43? E qual
corrosão é um assunto que vem nica na PETROBRAS? a importância do CB-43 para a
sendo tratado com muito em- Barbosa – A Normalização PETROBRAS?
penho pela PETROBRAS ao Técnica na PETROBRAS é uma Barbosa – Como está publicado
longo dos anos, uma vez que a atividade corporativa, onde to- no site da Associação Brasileira de
empresa opera dutos de grandes mam parte as áreas produtivas e Normas Técnicas (ABNT), o âm-
6 C & P • Março/Abril • 2008
C&P_20_Entrevista 1/1/04 3:11 AM Page 2
bito de atuação do CB-43 engloba pessoais e ambientais provenientes ração técnica e financeira com as
a normalização no campo da cor- de falhas nessas instalações são empresas interessadas no setor. É
rosão dos metais e suas ligas com- imensos. Muitas das normas fundamental que compradores e
preendendo métodos de prevenção necessárias são ou poderiam ser fornecedores participem efetiva-
da corrosão; revestimentos metáli- produzidas no CB-43. mente desse esforço.
cos orgânicos e inorgânicos; inibi-
dores de corrosão e produtos afins;
proteção catódica e anódica; cor-
rosão atmosférica e águas industri-
ais, no que concerne à terminolo-
gia, requisitos, avaliação, classifi-
“ A PETROBRAS tem investido entre seis e sete milhões
de reais por ano em normalização técnica, valores
bem superiores aos mantidos por empresas
cação, métodos de ensaio e genera- congêneres do mundo em desenvolvimento
lidades. Como se pode ver, o âm-
bito de atuação do CB-43 é muito
grande e envolve muitos interesses
da PETROBRAS, já que se atém
a vários aspectos relativos à pro-
De que maneira o senhor ava-
lia a relação entre a PETRO-
BRAS e o Comitê Brasileiro
Que benefícios a PETRO-
BRAS terá com a utilização
dessas Normas Brasileiras?
”
teção de equipamentos e sistemas, de Corrosão mantido pela Barbosa – A norma brasileira
como por exemplo tanques, vasos, ABRACO? permite uma participação me-
tubos, dutos, estruturas etc. Barbosa – Nossa relação pode- lhor do mercado fornecedor na-
ria ser mais produtiva, uma vez cional com a PETROBRAS na
Especialistas consideram a cor- que a PETROBRAS tem grande sua elaboração e, conseqüente-
rosão interna de dutos com o interesse no trabalho do CB-43, mente, no seu cumprimento.
grande desafio a ser superado. embora venha esbarrando em Quanto mais nacionalizadas
Qual é a opinião do senhor retardamentos indesejáveis. As forem as normas utilizadas pela
sobre esse assunto? primeiras providências que de- PETROBRAS, melhores serão os
Barbosa – Como operadora de vemos tomar são a assinatura de resultados para os negócios da
dutos de grandes extensões, varia- um convênio e a agilização da companhia. Se elas forem inter-
dos diâmetros e materiais, por transformação de Normas Téc- nacionalizadas, melhor ainda,
onde são bombeados diversos pro- nicas PETROBRAS em Normas pois permitirão um melhor aces-
dutos, a PETROBRAS tem se pre- Brasileiras, ou até mesmo em ISO so a mercados globalizados.
ocupado ao longo dos anos com a (International Organization for
integridade dessas instalações. Pro- Standardization).
dutos intrinsecamente corrosivos,
contendo água e sais, altas tempe- O senhor acha que a manu-
raturas de bombeio e condições tenção dos Comitês Brasileiros
ambientais desfavoráveis são algu- deve continuar sendo feita Mais informações sobre
mas das variáveis a serem contro- pelas associações? a PETROBRAS no site:
ladas. Os possíveis danos materiais, Barbosa – Sim, mas em colabo- http://www.petrobras.com.br
ABRACO 40 anos
Prezados associados,
Terminamos o exercício de 2007 com muitas realizações, e a nossa Associação vem crescendo muito.
A ética e a transparência são marcas da nossa gestão. Cada Conselheiro recebe mensalmente um
balancete da associação, permitindo um monitoramento das despesas e receitas. A participação da
ABRACO no PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural)
merece destaque, pois fomos a primeira entidade a ter alunos qualificados neste programa.
Nossos eventos e cursos são cada vez mais procurados, tivemos o ingresso de mais associados,
a participação de profissionais nas Comissões de Estudo do Comitê Brasileiro de Corrosão (CB 43)
é cada vez maior, mas ainda temos muito por fazer. O grande desafio para 2008 é transformar a
ABRACO em um Organismo de Certificação de Pessoal (OPC). Começaremos esta atividade com a
certificação de inspetores de pintura e, em seguida, estenderemos para outros profissionais (pintores,
encarregados de pintura, profissionais de proteção catódica). Para isso, estamos nos estruturando para
atender a estas novas demandas. Esse é um ano especial para toda a comunidade técnica, pois a
ABRACO completa 40 anos de realizações e conquistas. Vamos realizar na semana de 12 a 16 de maio
o INTERCORR 2008 quando acontecerá o 28º Congresso Brasileiro de Corrosão e o 2nd International
Corrosion Meeting. Nesses eventos, estarão reunidos renomados especialistas em corrosão nacionais e
internacionais. Portanto, também será uma oportunidade singular de conhecer as inovações
tecnológicas na área de proteção anticorrosiva. Encontro vocês no INTERCORR 2008.
O mundo
MULTICOLOR
da ITALTECNO
LL – MULTICOLOR
Muito mais Cores no Tratamento da Superfície
do Alumínio Anodizado
Aporte
MateriaCapa20 1/1/04 7:37 AM Page 6
40
Presidente do Conselho Walter A. Mannheimer
Deliberativo Ex-diretor e ex-instrutor de cursos da ABRACO
depoimentos
16 C & P • Março/Abril • 2008
anos
MateriaCapa20 1/1/04 7:37 AM Page 7
Primeira
página da ata
de fundação
da ABRACO
em 17 de
outubro
de 1968
Este segundo curso foi tam- tão bom realizado pelo Prof. Gentil e sua equipe. A idéia da ABRA-
bém uma maravilha, sendo CO estava então lançada em público.
justo destacar a imparcialidade A partir de então, eu, o General Iremar e o Maestrelli ficamos
com que ele foi conduzido, empenhados em criar a associação, discutindo a elaboração de um
durante todas as suas etapas, do estatuto e também de buscar uma sede, para a qual o General
começo até o fim. Em nenhum Iremar contava, em último caso, com a Casa da Paraíba, que ficava
momento, manifestou-se o no centro da cidade do Rio de Janeiro. Com isso chegamos ao ano
mais leve toque de caráter co- de 1968, ocasião em que no Instituto Brasileiro de Petróleo – tam-
mercial, mesmo tendo sido dis- bém de sigla IBP – lançava a realização do seu V Seminário que,
tribuído material instrucional pela segunda vez, abordaria o tema da corrosão. Nessa época acei-
com o apoio de uma empresa tei coordenar a Comissão Organizadora, convidando o Prof. Gen-
industrial, interessada no til para integrá-la, o que aceitou de modo muito
assunto. Seguiram-se as aulas solícito, dando-nos uma prestimosa
do Prof. Walter Mannheimer colaboração. Os outros membros da
sobre a corrosão-sob-tensão, Comissão eram Albary Eckmann
um assunto que não era sim- Peniche (Eng. de Inspeção da
ples, mas foi abordado com Refinaria de Cubatão), Aldo A Associação Brasileira
muita clareza, facilitando o en- Maestrelli (já identificado de Corrosão foi criada
tendimento dos fenômenos. O acima) Carlos Oliveira (Ser-
mesmo aconteceu com o Co- viço de Relações Públicas da durante o V Seminário de
mandante Hugo Lima e com o PETROBRAS), Georg Combate à Corrosão
Prof. Sabetai. Wainberg (PETROBRAS),
Na platéia, sentado na ca- Guilherme Coelho Catram- do Instituto Brasileiro
deira em frente à minha, havia by (PETROBRAS), Iremar
um aluno também visivelmente de Figueiredo F. Pinto (já refe-
de Petróleo
idealista, que era o aposentado renciado antes), Maurício Latgé
General Iremar de Figueiredo (PETROBRAS/Departamento
Ferreira Pinto, um nordestino Industrial), Ney Vieira Nunes (PE-
da Paraíba, de muita fibra, que TROBRAS/Região de Produção, da
não ocultava o seu entusiasmo. Bahia), Ruth de Oliveira Vianna (Diretoria de
No último dia de aula, ele ma- Material da Aeronáutica), Vasco Gomes Moreira (PETRO-
nifestou-se em voz alta no BRAS/Departamento de Transportes) e Osvaldo Faria dos Santos –
intervalo: “uma coisa tão boa Secretário Executivo do IBP.
como esta vai ficar assim, sem Foi durante este Seminário, realizado no auditório nobre do
mais nada, logo mais?” Aí foi a Hotel Glória, do Rio de Janeiro, que fundamos a Associação
minha vez. Tomei a palavra e Brasileira de Corrosão – ABRACO. A foto da página 24 mostra o
propus que criássemos uma momento em que eu, juntamente com Maestrelli e o General Ire-
associação técnica, semelhante mar, redigíamos a Ata de Fundação, numa sala do Hotel. Logo em
à National Association of Cor- seguida fizemos uma solenidade que formalizou a criação da
rosion Engineers – a NACE, ABRACO, no dia 17 de outubro de 1968, cuja Ata foi assinada por
dos Estados Unidos, da qual já todos os presentes. Depois, ela foi disponibilizada para a assinatura
era associado. Assim podería- de outras pessoas que compareceram ao Seminário, mas que não
mos voltar a ter encontros, estavam presentes nesta solenidade, e que gostariam de assegurar a
outros cursos e várias outras condição de associados fundadores, dentre eles o General Arthur
atividades associativas, dando Duarte Candal Fonseca, então Presidente da PETROBRAS, que
continuidade a esse trabalho prestigiou o evento com sua presença e com sua fala.
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Artigo Técnico
Notícias do Mercado
Notícias do Mercado
Atende norma
Petrobras N-1201
Revestimento
Tipo III
AbracoInforma20 1/1/04 8:01 AM Page 1
ABRACO Informa
Workshop comemorativo
A ABRACO fará realizar em sua sede, no Rio Local: Cidade do Rio de Janeiro
de Janeiro/RJ, nos dias 16 e 17 de outubro, um Conteúdo: Conferência de Abertura, Palestras
Workshop comemorativo aos 40 anos da associa- e Mesas-redondas
ção que terá como tema central.
Workshop: "40 Anos a Serviço do Combate
e Controle da Corrosão no Brasil" Maiores detalhes, informações e inscrições, acesse o
Data: 16 e 17 de outubro de 2008 site: www.abraco.org.br
Artigos Técnicos
LÉM DA ACIDEZ, DOS FOS- camada fosfatizada será forma- inadequadas para uso (FREE-
fatos diácidos e dos ace- da por hopeíta e fosfofilita. MAN, 1988, p.120).
leradores, outros com- Este tipo de camada é o deseja- SAISON (apud RAUSCH, 1990,
postos podem estar presentes do. Além disso, a presença de p.96) estudou a influência da
nos banhos de fosfatização, seja pequenas quantidades de íons relação entre os íons ferrosos e
por adição proposital, seja de ferro na camada diminui a íons de zinco na composição Por Zehbour
como contaminantes. A seguir, porosidade e aumenta a resis- das camadas fosfatizadas. Este Panossian
serão apresentados os produtos tência à corrosão (FREEMAN, pesquisador utilizou banhos
mais significativos. 1988, p. 20). não-acelerados operando a
Quando o teor de íons fer- 95ºC. Os seus resultados estão
Íons ferrosos nos banhos rosos eleva-se muito, o efeito transcritos na Tabela 1. Pode-se
de fosfatização benéfico da presença destes é verificar que, com o aumento
A concentração de íons fer- revertido: a camada fosfatizada excessivo de íons de ferro, a for-
rosos no banho de fosfatização vai ficando cada vez mais rica mação da hopeíta é totalmente Por Célia A. L.
à base de fosfato de zinco ou à dos Santos
base de fosfato de manganês é TABELA 1
um parâmetro muito impor- Influência da concentração relativa de íons ferrosos e de íons de
tante. Concentrações modera- zinco no banho, na composição das camadas fosfatizadas obtidas
das de íons ferrosos são necessá- a partir de banhos não-acelerados de fosfato de zinco, a 95ºC (SAI-
rias para a adequada formação SON apud RAUSCH, 1990, p.96)
banhos com os limites de íons (KUEHNER, 1985) determinando fosfatizadas obtidas a partir de
de ferro (FREEMAN, 1988, p. uma diminuição significativa do banhos à base de fosfato de
209- 211): tamanho dos cristais de fosfato zinco é altamente influenciada
• banho lado ferro, à base de (de 25 m para 4 m - NARAYANAN, pelo tipo de pré-tratamento uti-
fosfato de zinco acelerado 1996), sendo, por esta razão, lizado. Por exemplo, quando se
com nitrato, com acidez muitas vezes chamados de refi- utilizam desengraxantes alcali-
total mantida entre 38 ml nadores de grão. nos fortes e decapagem ácida, a
e 42 ml, operando a tem- A adição de íons de cálcio camada obtida será de granula-
peratura entre 80ºC e aos banhos de fosfatização a ção grosseira, camada esta ina-
90ºC (para resistência à base de fosfato de zinco (co- dequada para servir como base
corrosão): o teor de íons nhecido como fosfato de zinco de pintura. Uma das maneiras
ferrosos deve ser mantido modificado com cálcio) deter- de contornar este problema é
entre 2 g/l e 4 g/l (0,2% a mina uma modificação signifi- utilizar banhos modificados
0,4%); cativa nas características da com cálcio. Com isto, obtém-se
• banho lado ferro, à base de camada fosfatizada (NARAYA- uma camada fosfatizada con-
fosfato de manganês acele- NAN, 1996): tendo fosfato duplo de cálcio e
rado com nitrato, com aci- • a estrutura fosfofilita/ho- zinco, que refina a camada
dez total mantida entre 28 peíta transforma-se em independente do tipo de pré-
mL e 32 ml, operando schlozita/hopeíta. tratamento utilizado (FREEMAN,
entre 96ºC e 99ºC (para A schlozita é o fosfato 1988, p.53-54).
resistência ao desgaste): o duplo de cálcio e zinco,
teor de íons ferrosos deve Zn2Ca(PO4)2.2H2O. A Íons de manganês e níquel -
ser mantido entre 2 g/l e 4 quantidade deste fosfato banho tricátion
g/l (0,2% e 0,4%); na camada dependerá da Os banhos à base de fosfato
• banho lado ferro e nitrito, quantidade de íons de cál- de zinco podem ser modifica-
à base de fosfato de zinco cio presentes no banho; dos com a adição simultânea e
acelerado com nitrato, • aumenta a resistência à sais de manganês e de níquel.
com acidez total mantida corrosão; São os banhos de fosfato de
entre 20 ml e 24 ml, ope- • a camada fosfatizada tor- zinco modificados com manga-
rando entre 65ºC e 75ºC na-se mais compacta. nês e níquel. A adição destes
(para trefilação de fios e Segundo LAINER e KUDRY- dois íons metálicos determina
extrusão de tubos): o teor AVTSEV (1966, p.204), o efeito um refinamento de grão e me-
máximo de íons ferrosos benéfico do cálcio é conseguido lhora de maneira significativa a
deve ser mantido abaixo com adições de até 1,6 g/l de resistência à corrosão das cama-
de 2 g/l (0,2%); óxido de cálcio. Concentrações das fosfatizadas. No caso de fos-
• banho lado ferro e nitrito, superiores determinam a for- fatizar aço zincado, obtém-se
à base de fosfato de zinco mação de uma camada esbran- uma hopeíta modificada que
acelerado com nitrato, quiçada como conseqüência da apresenta propriedades equiva-
com acidez total mantida adsorção de hidróxido de cál- lentes às camadas de fosfofilita
entre 40 ml e 50 ml, ope- cio. A temperatura de operação no que se refere à resistência à
rando entre 40ºC e 50ºC dos banhos modificados com degradação química e térmica.
(para trefilação de fios e cálcio deve ser mantida supe- Banhos deste tipo, especial-
extrusão de tubos): o teor rior a 60ºC, preferencialmente mente desenvolvidos e conheci-
máximo de íons ferrosos entre 72ºC e 82ºC (WOODS & dos como banhos tricátion,
deve ser mantido abaixo SPRING, 1979). Além disso, podem ser utilizados para fosfa-
de 1,3 g/l (0,13%). estes banhos têm a desvanta- tizar alumínio, aço e aço zinca-
Os dois primeiros banhos gem de formar muita lama do (NARAYANAN, 1996).
trabalham praticamente sem (METAL FINISHING, 1998, p.95).
lama. Os dois últimos banhos Um outro fato, que merece Refinadores de grão
trabalham com lama, porém, ser mencionado, é a influência O refinamento de grão pode
com volume reduzido. do pré-tratamento na estrutura ser conseguido através de (WO-
das camadas fosfatizadas obti- ODS & SPRING, 1979; RAUSCH,
Íons de cálcio das com banhos à base de fosfa- 1990, p.21):
Os íons de cálcio têm um to de zinco e à base de fosfato • adição de substâncias no
efeito pronunciado no tamanho de zinco modificado: a granula- próprio no banho de fosfa-
e na forma dos cristais de fosfato ção e a espessura das camadas tização, como: íons de cál-
C & P • Março/Abril • 2008 37
Zehbour Mar.AbrNewest 1/1/04 3:38 AM Page 4
• Aeronáutica
• Álcool e Açúcar
• Alimentícia
• Caldeiraria
• Construção Civil
• Fertilizante
• Hidroelétrica
• Mecânica Pesada
• Mineração
• Papel e Celulose
• Petrolífera
• Química
• Saneamento Básico
• Siderúrgica
• Têxtil
• Transporte (aéreo/náutico/ferroviário/terrestre)
Revestimento com resinas epoxídicas, poliuretânicas,
betuminosas, alquídicas e outras
Opinião
Domingos Ricca
uita gente acha que a ções afetivas de família com a gestão da empresa o resultado são
empresa com adminis- decisões erradas. Por isso, é preciso estabelecer regras claras para o
tração profissional será ingresso e a participação dos familiares na empresa e também para
sempre mais bem-sucedida. a sucessão no comando.
Porém, eu diria que é possível Caso contrário, pode ocorrer um fato comum entre herdeiros de
tornar as chances de sucesso da empresa que não entendem do negócio. Ao assumir a direção, eles
empresa familiar maiores do tomam uma atitude do tipo “Na empresa que papai criou ninguém
que as da empresa profissiona- mexe”. Essa atitude, se prevalecer, acaba com qualquer empresa.
lizada. Isso porque, se con- Filhos, sobrinhos, netos e outros parentes dos donos não devem
seguirmos dar à gestão familiar ser admitidos automaticamente no negócio da família.
eficiência igual à da profissio- Infelizmente, uma política usual no Brasil é a de portas abertas para
nal, teremos, na empresa onde a família. Essa é uma prática perigosa, pois qualquer família abriga
esses eficientes executivos são
também donos, mais empenho É preciso estabelecer regras claras para o ingresso
e interesse, além da maior agili-
dade na tomada de decisões. e a participação dos familiares na empresa
É preciso lembrar que pro- e também para a sucessão no comando
fissionais algumas vezes pensam
na possibilidade de trocar de pessoas menos competentes e, uma vez que elas entraram na
emprego e também que, muito empresa, mandá-las embora é complicado, podendo ser a causa de
comumente, empenham-se no graves brigas familiares. Além dos problemas diretamente rela-
resultado de curto prazo, com cionados à competência dos familiares e seu impacto no desem-
uma visão mais imediatista. penho da empresa, é preciso lembrar ainda a questão da desmoti-
Enquanto isso, os donos, além vação dos profissionais que lá trabalham. Eles tendem a ficar alta-
de não buscarem outro traba- mente desestimulados, ao perceber que suas chances de crescimen-
lho, dão sempre prioridade ao to são prejudicadas em função do protecionismo familiar.
longo prazo, que é o que inte- O ideal é que os parentes se preparem com uma boa formação
ressa quando o que está em jogo universitária e com uma experiência no mercado de trabalho, por
é o seu patrimônio. Isso ajuda a conta própria. O jovem que fizer isso e tiver sucesso, por seus
explicar o sucesso continuado, próprios méritos, terá muito mais moral para ingressar na empresa
durante muitas e muitas gera- familiar. Já terá mostrado que é bom, será mais respeitado pelos
ções, de dinastias familiares profissionais da organização, terá mais confiança em si mesmo e,
como Dreyfus, Rothschild e talvez o mais importante de tudo, terá o respeito de seus parentes.
outras. Além disso, essa experiência em outra empresa fará com que ele
O passo fundamental é en- conheça outra cultura empresarial, evitando que absorva e repro-
tender que a separação entre duza os vícios que qualquer organização tem.
família e gestão é fundamental.
Da gestão, devem fazer parte Domingos Ricca
somente os membros da família Consultor, editor e autor dos livros “Da empresa familiar à empresa profissional” e
que entendam do negócio. “Sucessão na empresa familiar: conflitos e soluções”
Quando se misturam as rela- Contato do autor: ricca@empresafamiliar.com.br
Associados ABRACO