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LOCAL DE CRIME

Geraldo Bertolo
Perito Criminal Federal

Fortaleza-Ce. Abril de 2013


Sumário
1. APRESENTAÇÃO..........................................................................................................................5
LOCAL DE CRIME I..........................................................................................................................6
2. – DA PROVA ...................................................................................................................................6
2.1. - Classificação da Prova.......................................................................................................6
2.2 - Do objeto da Prova.............................................................................................................6
2.3 - Sujeito da Prova..................................................................................................................7
2.4 - Quanto a Forma da Prova...................................................................................................7
2.4.1 - Testemunhal ..............................................................................................................7
2.4.2 - Documental.................................................................................................................7
2.4.3 - Materiais .....................................................................................................................7
3.1 - Princípio da Auto-responsabilidade:.......................................................................8
.Ônus da prova – cada parte assume e suporta as consequências de sua inatividade......................8
3.2 – Princípio do Contraditório......................................................................................8
3.3 – Principio da comunhão das provas.....................................................................................8
3.4 – Princípio da oralidade............................................................................................8
Depoimentos sempre orais. Há predominância da palavra falada (exceção da
perícia)...............................................................................................................................8
3.5 – Princípio da publicidade ........................................................................................8
Os atos judiciais são públicos. Somente se admitindo o segredo de justiça como
exceção..............................................................................................................................8
3.6 – Princípio do livre convencimento........................................................................8
As provas não são prévia e legalmente valoradas, O Juiz tem a libertada em sua
apreciação. ...................................................................................................................8
4 - CORPO DE DELITO......................................................................................................................9
4. 1 - Das Nulidades....................................................................................................................9
5 - VESTÍGIOS....................................................................................................................................9
5.2 - Teoria geral dos vestígios.................................................................................................10
5.3. - Vestígios relacionados com o fato........................................................................10
5.4 - Vestígios relacionados com o autor........................................................................10
5.5 - Classificação dos vestígios quanto à origem......................................................10
5.6 - Classificação dos vestígios quanto à forma........................................................11
5.7 - Vestígios Psiquicos (a escrita e a voz humana)......................................11
6 - EVIDÊNCIA................................................................................................................................11
7 - INDÍCIOS....................................................................................................................................12
8.2 – O isolamento e a Preservação .........................................................................................13
8.3 – Técnicas a serem adotadas.........................................................................................................16
8.3.1 – Locais de Crimes Contra Pessoas ..........................................................................................16
ISOLAMENTO EM LOCAL DE CRIME.......................................................................................17
NÌVEL 1..............................................................................................................................17
NÍVEL 2..........................................................................................................................17
NÍVEL 3.....................................................................................................................17
LOCAL DE CRIME – PARTE II..............................................................................................18
Observações .......................................................................................................................................20
9.1.1.1.3 - Instrumentos Perfurantes.........................................................................................20
9.1.1.1.4 - Instrumentos Perfurocortantes................................................................................20
9.1.1.1.5 - Instrumentos Cortocontundentes.............................................................................20
9.1.1.1.6 - Instrumentos Perfurocontundentes.........................................................................21
I - Quanto à alma do cano...................................................................................................................21
II – Quanto ao sistema de carregamento............................................................................................21
III - Quanto ao funcionamento..................................................................................................21
IV - Quanto a mobilidade.....................................................................................................21
9.1.1.2 – Agente Barométricos...........................................................................................................23
9.1.1.3 – Agentes Térmicos................................................................................................................23
9.1.1.4 – Energia Elétrica..........................................................................................................23
9.1.2 – Energia de Ordem Química......................................................................................23
9.1.3 – Energia Físico-Química..................................................................................24
a) Enforcamento..........................................................................................................24
b) Estrangulamento................................................................................................24
c) Esganadura ...............................................................................................24
d) Morte por sufocação......................................................................................25
d) Confinamento ...............................................................................................25
e) Soterramento.............................................................................................25
f) Afogamento........................................................................................................26
12.1 - Tipos de Exames.....................................................................................................................31
14.1 - Espargimento: ..........................................................................................................................33
14.1.2 - Direcional: observado em manchas formadas por projeção oblíqua. Define, portanto,
manchas formadas por projeção oblíqua com espargimento direcional. A forma da mancha
varia de acordo com o valor da componente horizontal da velocidade com que as gotas são
projetadas e com o ângulo de incidência formado entre a direção de sua trajetória e o suporte,
podendo ser:..............................................................................................................................33
14.2 - Escorrimento:..........................................................................................................................34
14.3 - Impregnação: ...........................................................................................................................34
14.3.1 - Fluimento..............................................................................................................................34
14.4 – Contato....................................................................................................................................34
15. DINÂMICA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E CONCLUSÃO...........................................35
Ta lá o corpo estendido no chão
Em vez de um rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém.

O bar mais perto de pressa lotou


Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador.

Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato


E a baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
E a moçada resolveu parar, e então...

Ta lá o corpo estendido no chão


Em vez de um rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém.

Sem pressa foi cada um pro seu lado


Pensando numa mulher ou num time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime.

(De Frente pro Crime)


(João Bosco - Aldir Blanc)
1. APRESENTAÇÃO

O crime é um acontecimento humano que causa dupla tristeza: uma para a família do agente
em conflito com a lei, e a outra, para a família da vítima, além de um transtorno para o Estado, que
tem a obrigação de dar uma resposta célere e eficiente à sociedade, no sentido de identificar seu
autor e aplicar o direito visando à promoção da justiça, restabelecendo a paz social.

Uma vez praticada a infração penal, há necessidade de se apurar os fatos. Essa apuração tem
início no exato instante em que há a comunicação do fato às autoridades competentes, que, a partir
de então, passam a desenvolver uma intensa atividade investigatória, chamada investigação
criminal, visando materializar aquele fato, dizer dos meios e dos modos pelo qual aquele fato
ocorreu, bem como, de sua autoria.

Para tanto, vários órgãos são chamados a contribuir para o esclarecimento da verdade.
Normalmente a primeira instituição a se fazer presente na cena do crime é a Polícia Militar,
que detém uma singular importância no que diz respeito ao isolamento e preservação do local do
crime, até a chegada da Polícia Civil, por meio da autoridade policial, que tem a obrigação legal de
preservar o local até a chegada da Polícia Científica (Criminalística). Com a chegada dos peritos
estes assumem a cena do crime.

Portanto, local de crime, como bem define o mestre Carlos Kahedy, “é todo a área onde
tenha ocorrido qualquer fato que reclame as providências da polícia”.

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LOCAL DE CRIME I

2. – DA PROVA

Não resta dúvida que o local de crime se transforma no ponto de partida da investigação
criminal, cujo desiderato é provar o crime, suas circunstâncias e autoria.

Juridicamente, prova constitui os atos e meios usados pelas partes e reconhecidos pelo juiz
como sendo a verdade dos fatos alegados.

Representa o meio utilizado pelo homem para, através da percepção, demonstrar uma verdade.
Para provar os fatos é preciso conhecê-los.
Para conhecer os fatos acerca de um crime a criminalística recorre a três tipos de fontes de
informações, a saber:
a pessoa que praticou o ato confessa;
alguém viu o fato e é testemunha;
o fato deixa um rastro de elementos materiais possível de ser seguido, culminando com o
esclarecimento do crime.

2.1. - Classificação da Prova

A classificação mais adotada é a de Malatesta, cujos critérios são:


Quanto ao objeto – direta e indireta
Quanto ao sujeito – pessoal ou real
Quanto à forma – testemunhal, documental e material

2.2 - Do objeto da Prova


É o de demonstrar em juízo a existência de um fato perturbador ou violador de um direito.
O objeto da prova é o fato a ser demonstrado. Logo, como regra geral, provam-se fatos.

DIRETA – quando por si demonstra o fato, quer por testemunhas quer por documentos. Refere-se
imediatamente ao fato probando, ao fato cuja prova é desejada.

INDIRETA – quando a comprovação de um fato permite provar outro, diante de sua ligação com o
primeiro. Exemplo: o álibi. Afirma outro fato do qual, por via do raciocínio, se chega ao que se
deseja provar

Logo na prova direta a conclusão é imediata e objetiva, já na prova indireta exige-se um


raciocínio, com formulações e hipóteses, exclusões e aceitações, para uma conclusão final. São
provas indiretas as presunções e os indícios.

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2.3 - Sujeito da Prova

Sujeito da prova é a pessoa ou coisa de quem ou de onde promana a prova.

REAIS – as que consistem em coisas ou bens, distintos do indivíduo (o local do crime, a arma, uma
pegada, as impressões digitais, uma mancha de sangue, etc.).

PESSOAIS – as relacionadas ao conhecimento pessoal atribuído ao indivíduo, como, por exemplo,


o interrogatório, o depoimento, o reconhecimento, etc. É a revelação consciente feita por uma
pessoa das impressões mnemônicas de um fato.

2.4 - Quanto a Forma da Prova

Quanto a forma temos três possibilidades distintas de manifestação em juízo:

2.4.1 - Testemunhal
A prova testemunhal é realizada por meio de depoimentos realizados perante autoridades
competentes. É uma prova que tem o ponto de vista subjetivo do indivíduo, mostra o que ele sabe
sobre o caso.
Sem entrar no aspecto legal desse tipo de prova, pode-se perceber que não é possível, diante
apenas do depoimento, saber se o indivíduo está certo, se age por motivação diversa da vontade de
apurar os fatos, falseando-os, ou se ainda está enganado quanto ao que viu.
Essa é uma prova muito importante, porém sempre está vinculada à credibilidade do
depoimento prestado, e este geralmente precisa ser confirmado perante o juiz.
De acordo com De Plácido e Silva (1995, p. 497) “A prova testemunhal somente é admitida,
segundo a regra legal, quando produzida perante o juiz e com ciência da parte contrária”.
(testemunha, vítima, acareações, réu)

2.4.2 - Documental
Também conhecidos como literal ou instrumental. São os documentos (escritos públicos ou
particulares, cartas, livros comerciais, fiscais, societários, etc..)

2.4.3 - Materiais
A obtenção destas informações depende muito do alcance do conhecimento do investigador
para conseguir enxergá-las e interpretá-las. Esse rastro, constituído por elementos materiais, é
fundamental para se comprovar a verdade.
Com o avanço das ciências e do processo tecnológico, a polícia necessitou utilizar-se cada
vez de mais tecnologias para descobrir e interpretar os vestígios materiais relacionados com o
crime.
No senso comum, o próprio conceito de prova confunde-se com o conceito de prova
material. Julga-se ter encontrado a prova quando se obtém um elemento material que demonstre
claramente o fato. – (corpo de delito, vistorias, perícias, instrumentos do crime, etc..)

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3 - PRINCIPIOS GERAIS DAS PROVAS

3.1 - Princípio da Auto-responsabilidade:

.Ônus da prova – cada parte assume e suporta as consequências de sua inatividade.

3.2 – Princípio do Contraditório


Toda a prova admite a contraprova. É nulo o processo quando uma das partes não tenha ciência
de uma prova existente nos autos.

3.3 – Principio da comunhão das provas

Toda a prova produzida serve a ambos os litigantes (Estado e réu).

3.4 – Princípio da oralidade

Depoimentos sempre orais. Há predominância da palavra falada (exceção da perícia).

3.5 – Princípio da publicidade

Os atos judiciais são públicos. Somente se admitindo o segredo de justiça como exceção.

3.6 – Princípio do livre convencimento

As provas não são prévia e legalmente valoradas, O Juiz tem a libertada em sua apreciação.

Nesse sentido o art. 155 do Código de Processo Penal é taxativo quando afirma:
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”.

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4 - CORPO DE DELITO
Segundo Décio de Moura Mallmith, em seu trabalho de Local de Crime,(Porto Alegre –
Agosto de 2008) corpo de delito é o elemento principal de um local de crime, em torno do qual
gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o elemento desencadeador da
perícia e o motivo e razão última de sua implementação.

4. 1 - Das Nulidades
Art. 564 CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II – por ilegitimidade de parte;
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167;

Para que o exame de corpo de delito pudesse ser levado a termo com êxito, uma série de
profissionais especializados começou a integrar as etapas de apuração dos delitos. A investigação
passou a utilizar-se cada vez mais de métodos científicos para descobrir os vestígios e interpretá-
los. Surgiu assim a Criminalística.

5 - VESTÍGIOS

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL


Art. 158 CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

5.1 - Princípio da Transferência:

Em locais de crime, existe sempre a troca entre os agentes e o ambiente. Geralmente, o


criminoso deixa algo seu no local, ou leva algo do local consigo.
Em Criminalística, vestígios são elementos materiais que podem conter informações
relacionadas ao fato que se busca apurar. São alterações resultantes da conduta humana que se
relacionam com o crime. Sua importância como meio probatório é destacada no ordenamento
jurídico. Os vestígios do crime nem sempre estão à vista. Na maioria das vezes, é necessário possuir
um conhecimento técnico apurado para sua localização, coleta e interpretação.
Após a interpretação desses vestígios pela Criminalística, tem-se a prova pericial ou prova
material.
No Brasil, onde ainda existem duas fases distintas na persecução penal, a prova material é
elaborada, quase sempre, durante a investigação penal, muitas vezes, antes mesmo da instauração
do próprio inquérito policial. Mas, com certeza, é uma das poucas peças da fase policial que não é
refeita durante a instrução do processo.
A missão de realizar a investigação por meio do exame técnico e científico dos vestígios, ou
seja, da elaboração da prova material, é que constitui a tarefa da Criminalística.
Embora o art. 157 do Código de Processo Penal prescreva que “o juiz formará sua convicção
pela livre apreciação da prova” e o art. 182 do mesmo diploma legal registre que “o juiz não ficará
adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte”, é certo que a prova material
obtida por meio do exame cuidadoso dos vestígios tem importância destacada tanto na elucidação

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dos crimes quanto na decisão do juiz.
A experiência tem mostrado que o juiz, ainda que não seja obrigado a se prender ao laudo,
nas matérias mais complexas, não decide em sentido contrário à conclusão da perícia. Aliás, o
próprio Código de Processo Penal, em seu art. 158, estabelece uma determinada prioridade à prova
material, ao decretar que a confissão não torna dispensável o exame de corpo de delito.
Segundo Nunes (1999, p. 319): “Corpo de Delito é o conjunto de provas materiais ou
vestígios da existência do fato criminoso, obtido pelo exame da pessoa, ou coisa sobre o que ele
incidiu, e dos elementos utilizados na sua consumação.”
A ausência do exame do corpo de delito é um dos motivos que podem levar à nulidade de
um processo, como pode ser visto no artigo 564 do CPP:

5.2 - Teoria geral dos vestígios


Vestígios representam elementos materiais que servem como a matéria-prima da Perícia
Criminal nos locais de crime. De acordo com o enfoque desejado em uma investigação, é preciso ter
em mente que os vestígios se apresentam ou, até mesmo, ocultam-se sob as mais variadas formas.

5.3. - Vestígios relacionados com o fato


Em função da sua relação com o fato, os vestígios podem ser classificados em:
Ilusórios: aqueles que se apresentam desde o início das investigações como muito importantes,
demandando muito tempo em sua análise, mas que, no fim, não apresentam relação com o fato.
Forjados: aqueles que o autor do crime o prepara com o objetivo de desviar a atenção da
investigação e conduzi-la a uma direção contrária aos fatos em apuração.
Verdadeiros: aqueles que têm relação com os fatos em investigação por serem resultado da
ação ou omissão do autor e cuja interpretação correta pode levar à elucidação do crime.
Em locais de crime, é quase sempre muito difícil para o policial diferenciar entre os
vestígios verdadeiros, os ilusórios e os forjados. Por isso, nenhum detalhe pode ser desprezado; tudo
deve ser investigado e analisado cuidadosamente.

5.4 - Vestígios relacionados com o autor


De acordo com sua relação com o autor do crime, os vestígios são classificados em:

Absolutos: aqueles que permitem que se estabeleça relação absoluta, direta com o autor,
como, por exemplo, impressões digitais, manchas de sangue. Nesse caso, quem deixou a impressão
digital, ou o sangue no local, deixou uma parte identificável de si mesmo.

Relativos: aqueles que não guardam relação absoluta, identificável de pronto com o autor.

5.5 - Classificação dos vestígios quanto à origem


Quanto à sua origem, os vestígios podem ser classificados em:

Biológicos – Fisiológicos: como, por exemplo, secreções corporais, sangue, etc.

Químicos: resultantes de transformações da matéria. São comuns em locais de explosão e de


processamento de drogas.

Físicos – Mecânicos: aqueles em que não ocorre a modificação da matéria, mas somente
uma mudança de forma, sob a influência de forças em corpos rígidos ou maleáveis.

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Alguns vestígios são facilmente identificados pela sua forma, porque são bastante
específicos (ex.: um fio de cabelo, um botão de roupa, etc.) ou porque guardam uma relação muito
clara com o seu agente provocador (ex.: estojo de munição de arma de fogo). Outros somente são
identificados após criteriosas análises de laboratório (ex.: amostra de pó branco).

5.6 - Classificação dos vestígios quanto à forma


Quanto à sua forma, os vestígios são classificados em:

Originais: aqueles que resultam de uma separação forçada do seu agente provocador (ex.:
uma ponta de ferramenta deixada no local de um arrombamento).

Reprodutivos: aqueles em que a relação com o seu agente provocador se dá por meio de
contato, pressão, sem perda ou troca de matéria. Os vestígios reprodutivos adicionalmente se
subdividem em:
• Marcas: aqueles formados quando um instrumento mais rígido força um outro mais
maleável, deslocando sua massa, sem perda de material e, desta forma, reproduzindo o perfil
ou contorno da forma do agente provocador. Ex.: marca de ferramenta sobre uma peça de
madeira.
• Impressões: vestígios que reproduzem a forma do seu agente sem alterar o suporte. Ex.:
impressões digitais.

5.7 - Vestígios Psiquicos (a escrita e a voz humana)


Um tipo de vestígio muito importante, somente executável pelo ser humano, é a escrita.
Além de representar uma forma de vestígio absoluto, que se apresenta de forma concreta, ela
é o resultado de um esforço físico de origem psíquica, isto é, deriva de um ato comandado
diretamente pelo cérebro humano. Os instrumentos de escrita e os suportes não influem na sua
originalidade. A escrita é individual e identificável, por isso, é um vestígio de grande importância
para a Perícia Criminal.
Outro vestígio de caráter pessoal é a voz humana. A aceitação desta modalidade de prova
pela justiça ganhou força, principalmente, após a edição da Lei nº 9296, de 24 de julho de 1996, que
regulamentou a interceptação de comunicação, mediante autorização judicial.

6 - EVIDÊNCIA

Segundo Aurélio, evidência significa “qualidade daquilo que é evidente, que é incontestável,
que todos vêem ou podem ver e verificar”. No entanto, quando se trata de Criminalística o termo
passa a se constituir no vestígio que, uma vez analisado, se mostra diretamente relacionado com o
fato. Assim, todo o vestígio que tem relação direta com o crime passa a se denominar evidência, e
como tal deve ser preservada.

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7 - INDÍCIOS

É comum a confusão entre indício e vestígio.


Indício é uma palavra que o Código de Processo Penal define, em seu art. 239, da seguinte
forma: considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Da interpretação desse dispositivo legal, pode-se concluir que indício é uma suspeita
fundamentada que pode muitas vezes não ser representada por meio de vestígios materiais. O
indício é, portanto, uma hipótese sobre determinado fato, cujo valor é diretamente proporcional ao
número de provas encontradas para provar a sua existência.
Os indícios de um crime podem ser representados por meio de vestígios materiais ou de
circunstâncias.
Um clássico exemplo dessa afirmação é o caso de uma rixa entre dois vizinhos, com
freqüentes ameaças públicas. Se um deles for encontrado morto, vítima de disparos de arma de
fogo, nas proximidades da casa do outro, essas ameaças públicas e as constantes brigas, que não são
vestígios materiais, constituem-se em indícios circunstanciais contra o inimigo vivo.
Caso sejam coletados os projéteis de arma de fogo no corpo da vítima, cujo calibre seja
equivalente ao de uma arma de fogo apreendida na casa do indivíduo suspeito, tem-se uma prova
material reforçando a hipótese inicial. O indício de autoria do crime fica mais forte, a suspeita mais
fundamentada.
Posteriormente, se os exames de balística provarem materialmente que os projéteis foram
efetivamente disparados pela arma do suspeito, ter-se-á a prova material e de que a arma disparou o
projétil. Mas não se poderá ainda provar que o indivíduo, dono da arma, realizou os disparos. A
arma poderia ter sido roubada de sua casa.
Os indícios de autoria do crime são fortes, mas ainda não são definitivos, pois as provas
encontradas não são plenas. Ainda é preciso provar que o suspeito realizou o disparo.
Existem ainda os vestígios materiais que, quando analisados, produzem uma prova plena.
Nesse caso não há a necessidade de se falar em indícios, pois se não há mais a suspeita
fundamentada do fato, tem-se a certeza material. Como exemplo, pode-se citar o caso de verificação
de paternidade realizada por meio do exame de DNA. Mesmo existindo vários indícios apontando
em direção contrária, o resultado do exame indicará com grande certeza quem são os pais
biológicos.

8 - O ISOLAMENTO E A PRESERVAÇÃO DO LOCAL DE CRIME

8.1 - Considerações iniciais

Um dos grandes e graves problemas das perícias em locais onde ocorrem crimes, é a quase
inexistente preocupação das autoridades em isolar e preservar adequadamente um local de infração
penal, de maneira a garantir as condições de se realizar um exame pericial da melhor forma
possível. Essa problemática abrange duas fases distintas:
A primeira compreende o período entre a ocorrência do crime até a chegada do responsável
pela preservação e isolamento do local. Esse período é o mais grave de todos, pois ocorrem diversos
problemas em função da curiosidade natural das pessoas em verificar de perto o ocorrido, além do
total desconhecimento (por parte das pessoas) do dano que estão causando pelo fato de estarem se
deslocando na cena do crime.

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A segunda fase compreende o período desde a chegada do agente da Segurança Pública
responsável pela preservação e isolamento do local até o comparecimento dos profissionais da
Perícia Criminal. Esta fase, apesar de menos grave que a anterior, também apresenta muitos
problemas em razão muitas vezes da falta de conhecimento e preparo técnico de alguns membros da
Polícia Militar - que, em tese são os primeiros a chegar - para a importância que representa um local
de crime bem isolado e adequadamente preservado.
Em razão disso, em muitas situações, deixam de observar regras primárias que poderiam
colaborar decisivamente para o sucesso de uma perícia bem feita. Além disso, também nessa fase
podem ocorrer falhas, devido a falta de percepção - em muitos casos - da autoridade quanto à
importância que representa para ele um local bem preservado, que irá contribuir para o conjunto
final das investigações, que instruirá um bem elaborado inquérito policial.

8.2 – O isolamento e a Preservação


Um dos requisitos essenciais para que os peritos criminais possam realizar um exame
pericial de maneira satisfatória, é que o local esteja adequadamente isolado e preservado, a fim de
não se perder qualquer vestígio e/ou evidências que tenham sido produzidos pelos atores da cena do
crime.
Segundo o Código de Processo Penal, logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
O isolamento e a consequente preservação do local de infração penal é uma garantia que o
perito terá de encontrar a cena do crime conforme fora deixada pelo(s) infrator(es) e pela vítima(s)
e, com isso, ter condições técnicas de analisar todos os vestígios. É também uma garantia para a
investigação como um todo, pois teremos muito mais elementos a analisar e carrear para o inquérito
e, posteriormente, para o processo criminal.

8.2.1 - Preservação de local de crime contra a pessoa (morte violenta)

A área a ser isolada nos casos de crimes contra a pessoa compreenderá, a partir do ponto
onde esteja o cadáver ou de maior concentração dos vestígios até além do limite onde se encontre o
último vestígio que seja visualizado numa primeira observação. Essa área terá formato irregular,
pois dependerá da disposição dos vestígios e também não se poderá estabelecer tamanhos ou
espaços prévios.
Dependerá sempre da visualização que o responsável pelo isolamento e guarnição fará na
área, com o objetivo de observar até onde possam existir vestígios. Como prudência, é de bom
termo proceder ao isolamento tomando-se um pequeno espaço além do limite dos últimos vestígios
visualizados, pois nesses tipos de ocorrências poderá haver elementos técnicos a serem buscados em
áreas adjacentes, os chamados locais mediatos.
Nas situações em que haja vítima no local, a única providência é quanto à verificação se
realmente a vítima está morta. A partir dessa constatação, não se deve tocar mais no cadáver,
evitando-se uma prática muito comum de mexer na vítima e em seus pertences para estabelecer a
sua identificação.
Os procedimentos levam em conta se existem vítimas no local ou se trata apenas de um delito

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sem vítimas a serem socorridas. Num local onde existam vítimas vivas, a primeira preocupação
deverá ser em providenciar o respectivo socorro, a fim de encaminhar para o hospital de
atendimento de emergência.
Tomadas as providências de socorro, deve-se isolar o local e garantir a sua preservação, não
permitindo nenhum acesso ao interior daquela área. Deve ainda, sempre que possível, rememorar a
sua movimentação na área do delito, a fim de informar aos peritos quando do exame pericial, no
sentido de colaborar com eles para que não percam tempo analisando possíveis vestígios (ilusórios)
deixados por aqueles que adentraram no local do crime.
Uma outra situação de local é quando há vítima aparentemente morta. Nesses casos, deve o
militar dirimir qualquer dúvida (mesmo por excesso de zelo), verificando se a vítima realmente já
está morta. A verificação do óbito pode até parecer fato simples, todavia, quando estamos tratando
da vida das pessoas, todo o cuidado será pouco e, portanto, toda ação deverá ser excessiva nesse
sentido. Por menor que seja a dúvida, o militar deverá adentrar no local do crime e verificar se a
vítima realmente está morta.
Para adentrar no local onde está a vítima deve fazê-lo mediante deslocamento em linha reta.
Chegando junto à vítima, fará as verificações para constatar o óbito. Caso esteja viva, deverá
providenciar o socorro o mais urgente possível, deixando de se preocupar – naquele momento - com
possíveis preservações dos vestígios, pois o mais importante é aquela vida que deve ser salva. No
entanto, constatado que a vítima está morta, deve então se preocupar exclusivamente com a
preservação dos vestígios.
Neste caso, não deverá movimentar o cadáver e nem tocá-lo por qualquer motivo, pois, a
partir daquele momento, somente os peritos é que devem trabalhar naquele local, até a sua liberação
à autoridade policial. Assim, deve voltar de maneira mais lenta pelo mesmo trajeto feito quando da
entrada e, ao mesmo tempo, observar o seu percurso para verificar o acréscimo ou adulteração de
qualquer vestígio que ele tenha produzido naquela sua movimentação. Guardará essas informações
para repassar aos peritos quando chegarem ao local.
Atingindo a área externa da cena do crime, observará visualmente todo o espaço que possa ter
algum vestígio e providenciará o isolamento de toda a área, utilizando fitas amarelas, cordas ou
quaisquer instrumentos que possam propiciar a delimitação da área, no sentido de demarcar os
limites de acesso de quaisquer outras pessoas, inclusive outros profissionais alheios ao caso em
questão. Este militar será o responsável por qualquer irregularidade que venha a ocorrer nesse
espaço de tempo, até a chegada da autoridade policial militar ou seu representante e, posteriormente
dos peritos.
Se esse militar tiver que sair do local por motivos quaisquer, deve passar para a “autoridade
policial militar” as informações relativas ao seu deslocamento no interior da cena do crime, a fim de
que esta repasse aos peritos. Caso ele permaneça no local, ele mesmo dará as informações aos
peritos.

8.2.2 - Preservação de local de ocorrência de tráfego

Para esses tipos de locais já há uma dificuldade natural no que diz respeito ao fluxo do
sistema de trânsito, onde vários riscos são verificados no dia-a-dia, chegando a situações em que os
locais são desfeitos por estarem prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de
ocorrência de outros acidentes.
Para tais situações existe a Lei nº 6.174, de 09 de dezembro de 1974, que autoriza a
descaracterização do local.

“Nos casos de acidente de trânsito, não impede que a autoridade ou agente policial possa

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autorizar, independente de exame de local, a imediata remoção das vítimas, como dos veículos
envolvidos nele, se estiverem no leito da via pública e com prejuízo do trânsito”.

Parágrafo único: “A autoridade ou agente policial que autorizar a remoção facultada neste artigo
lavrará boletim, no qual registrará a ocorrência com todas as circunstâncias necessárias à apuração
de responsabilidades, e arrolará as testemunhas que a presenciaram, se houver.”

8.2.3 - Preservação de local de crime contra o patrimônio

Esses tipos de ocorrências são muito diversificadas sendo por questão natural, muito difícil
estabelecer parâmetros básicos de isolamento e preservação. No geral, seguem-se os mesmos
critérios de isolamento e preservação dos demais casos. Nos locais de furtos com arrombamento, as
vítimas deverão ser orientadas para não tocarem em nada, a fim de evitar a adulteração ou
destruição dos vestígios. Preferencialmente, seria conveniente que as pessoas (vítimas) de uma
residência ou repartição furtada sequer entrassem no recinto até que os peritos tenham realizado a
respectiva perícia.
Repetimos, um dos requisitos essenciais para que os peritos possam realizar um exame pericial
de maneira satisfatória, é que o local esteja adequadamente isolado e preservado, a fim de não se
perder qualquer vestígio que tenha sido produzido pelos atores da cena do crime.
Este é um problema que os peritos encontram quase sempre nos locais de crime, pois não há no
Brasil uma cultura de isolarmos e preservarmos o local de infração penal. Esta falta de tradição é
da própria população que, ao passar por um local, acaba se aproximando de tal maneira que se
desloca por entre os vestígios. Da população, em princípio, é até compreensível a curiosidade
natural em olhar tais fatos, no entanto, as dificuldades são maiores quando a própria polícia, que é a
responsável por esse mister, na grande maioria das situações não cumpre a sua obrigação prevista
em lei.
Com a vigência da Lei 8862/94, a questão do isolamento e preservação de local de crime
mudou de patamar, passando a fazer parte da preocupação daqueles que são elencados como os
responsáveis por essa tarefa, ou seja, por intermédio da autoridade policial.
Tais determinações legais que garantem esse novo status para o local de crime, estão previstos
nos dispositivos a seguir transcritos, do Código de Processo Penal.

Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos,
que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.

Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do alterações na dinâmica dos


fatos.

Como podemos observar, a questão do isolamento e preservação de local de crime está, a partir

15
da edição da Lei 8862/94, tratada devidamente e a altura da importância que representa no contexto
das investigações periciais e policiais.

8.3 – Técnicas a serem adotadas


Neste tópico queremos abordar, principalmente, as áreas que devem ser delimitadas e
isoladas, para os casos distintos de crimes de morte violenta, de acidente de tráfego e de crimes
contra o patrimônio.
Evidentemente que a preservação dos vestígios será uma conseqüência inicial do correto
isolamento (delimitação) da área, além da conduta firme e vigilante do policial em não permitir
nenhum acesso ao interior da área isolada.
Para que as autoridades policiais e quaisquer outros policiais tenham condições de fazer um
correto isolamento e consequente preservação nos locais de crime, é necessário que detenham
conhecimentos gerais de criminalística para, no mínimo, saberem distinguir tudo o que possa ser
vestígio e, portando, de grande importância ao exame dos peritos. Dada a precariedade de grande
parte dos cursos de formação policial nas Academias, é compreensível até observarmos erros de
avaliação por parte dos policiais nesse campo pericial.

8.3.1 – Locais de Crimes Contra Pessoas


A área a ser isolada nos casos de crimes contra a pessoa compreenderá, a partir do ponto onde
esteja o cadáver ou de maior concentração dos vestígios até além do limite onde se encontre o
último vestígio que seja visualizado numa primeira observação. Essa área terá formato irregular,
pois dependerá da disposição dos vestígios. Não há como estabelecer tamanhos ou espaços prévios.
Dependerá sempre da visualização que o policial fará na área, com o objetivo de observar até
onde possam existir vestígios. Como prudência, é de bom termo proceder ao isolamento tomando-
se um pequeno espaço além do limite dos últimos vestígios, pois nesses tipos de ocorrências poderá
haver elementos técnicos a serem buscados em áreas adjacentes, os chamados locais mediatos.
Nesses locais de morte violenta a visualização de alguns vestígios, em determinados casos,
não é tarefa fácil, dada as variedades e sutilezas desses elementos presentes numa cena de crime.
Nas situações em que haja vítima no local, a única providência é quanto à verificação se
realmente a vítima está morta. A partir dessa constatação, não se deve tocar mais no cadáver,
evitando-se uma prática muito comum de mexer na vítima e em seus pertences para estabelecer a
sua identificação.
A seguir vamos dar um exemplo do perímetro de um local de crime, considerando três níveis
de isolamento. Esses níveis são definidos conforme a importância dos vestígios e a necessidade de
o perito trabalhar afastado de populares e principalmente da imprensa.

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ISOLAMENTO EM LOCAL DE CRIME

SISTEMA DE SEGURANÇA PERIFÉRICA (Isolamento dos perímetros do Sítio em Locais de


Crime)

17
LOCAL DE CRIME – PARTE II

9 – LOCAIS DE MORTE
Segundo o professor Odon Ramos Maranhão “a morte é um processo de desequilíbrio
biológico e físico-quimico, culminando com o desaparecimento total e definitivo da atividade do
organismo.”
Em criminalística devemos distinguir dois tipos de morte: a natural e a violenta
A morte natural é aquela atribuída à velhice ou à decorrente de doença.
A morte violenta é decorrente de homicídio, suicídio ou acidente.
O interesse pericial é pelo local de morte violenta, uma das áreas da criminalística que mais
oferece riqueza de vestígios, capaz de propiciar ao perito criminal um trabalho de desafio ao
raciocínio lógico e à metodologia científica que deve ser aplicada em cada caso.
O Professor Alberi Spindula alerta “Uma coisa importante que sempre ressaltamos, e que os
peritos têm muito presente no seu dia-a-dia, a fim de não serem pegos de surpresa em qualquer
tipo de exame pericial, é o fato de que não existem dois exames de local de morte violenta iguais”.
“Por mais semelhança que possa ter um exame com outro que tenha sido realizado, jamais
serão exatamente iguais. Certamente cada um de per si terá as suas peculiaridades próprias e os
respectivos vestígios que o caracterizam. Se agirmos dessa forma, completamente despidos de
qualquer pré-informação à respeito de outros exames anteriores, teremos mais condições de chegar
a um bom levantamento pericial de local”.
Desta forma, na cena do crime, o perito faz um exame perinecroscópico: análise externa do
cadáver e do que está ao seu redor. O local e a posição em que o corpo está e o tipo de lesões
visíveis fornecem indícios a ser complementados pela autópsia.
Seu trabalho é encontrar e encaixar peças que remontem o quebra-cabeça do crime. Para
isso, ele observa e anota detalhes da cena, o corpo e a presença de armas, de sinais de luta, de
arrombamento etc., além de coletar todos os vestígios identificáveis no local.
Para esse trabalho de observação, identificação e coleta das evidências, nos locais de crime,
o perito dispõe de acessórios. Luvas e jalecos evitam que ele "suje" a cena do crime. Luzes
especiais realçam pistas discretas, como manchas de sangue apagadas ou resquícios de matéria
orgânica como impressões digitais.

9.1 Da Morte Violenta


A morte violenta é aquela que deriva da ação de energias externas, como:

9.1.1 - Energias Físicas (agentes mecânicos, barométrico, térmico, elétrica e radiante


9.1.2 - Energias Químicas (venenos)
9.1.3 – Energias Físico-quimicas (asfixias)

9.1.1 – Energias Físicas


9.1.1.1 – Agentes Mecânicos
São agentes que atuam pela energia mecânica
Essa energia modifica o estado inercial (repouso ou movimento) de um corpo em agente
agressor e produzindo lesões em todo ou em parte do outro corpo
É a energia que pode ser transferida por meio de força. Transfere energia cinética para a

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parte do corpo com que entram em contato
Energia cinética – Energia que um corpo em movimento possui devido à sua velocidade.

As lesões produzidas por agentes mecânicos decorrem da utilização dos seguintes


instrumentosa;
– Instrumentos Contundentes)
– Instrumentos Cortantes)
– Instrumentos Perfurantes

9.1.1.1.1 - Instrumentos Contundentes

Atua sobre a vítima por meio de uma superfície plana ou romba. Podem dar origem a:
Rubefação – vermelhidão (superficial, pouco intenso);

Tumefação – Caracteriza-se pela palidez e elevação da pele.

Equimose – Extravasamento de sangue. Rompimento de pequenos vasos. Sem solução de


continuidade da pele. Podem surgir só algum tempo após a agressão.Espectro Equimótico de
Legrand du Saulle:
1º dia – lívida ou vermelho bronzeada2º - 3º - arroxeada4º - 6º - azul7º - 10º - esverdeada10º - 12º -
amarelo esverdeado12º - 17º - amarelada(segundo a gradação química da hemoglobina).
Equimoses com diferentes tempos de evolução e diferentes colorações no mesmo indivíduo
significa que foram infligidas em tempos diferentes (importante nas crianças mal tratadas ou
tortura),.

Hematoma – extravasamento de sangue em maior volume.

Erosões/Escoriações (ação tangencial sobre a epiderme/derme respectivamente)Causas


mais comuns: quedas no chão, queimaduras de fricção, objetos rombos, tendo como resultado
solução de continuidade da pele.
Frequentemente retêm o padrão do objeto causador – escoriações modeladas (grelha do
radiador, sulcos dos faróis, tacos de madeira do soalho.

Feridas contusas (ação perpendicular/oblíqua)Soluções de continuidade da pele de forma,


bordos e fundo irregulares; podem ter componente equimótica e/ou escoriada. Podem dividir-se
em:
a) Cortantes (comprimento>profundidade, habitualmente acidentais);
b) Perfurantes (profundidade>comprimento, quase sempre intencionais – homicídio)

Síndrome explosiva – Lesão devido à expansão dos gases

Empalamento - inserção de uma estaca no ânus, vagina, ou umbigo até a morte do torturado

9.1.1.1.2 – Instrumentos Cortantes


É todo aquele dotado de lâmina que apresente fio, gume ou corte. Age por pressão ou
deslizamento, gerando a secção dos tecidos.
Provoca feridas incisa (Exemplo: Navalha, caco de vidro, faca, etc...) A ferida apresenta-se
com solução de continuidade com bordos regulares, lisos e nítidos.

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Maior extensão de comprimento do que de profundidade, direção retilínea, ausência de
outros vestígios traumáticos em torno da lesão.
A lesão depende de pressão e deslizamento entre o corpo e o instrumento. Apresenta-se
como uma:
a)Ferida incisa simples – apresenta maior comprimento do que profundidade. É geralmente
superficial
b) Ferida incisa mutilante – ocorre no caso de haver perda de substância pela ação do instrumento.
Geralmente ocorre em orelha, nariz, órgão genitais masculino.

9.1.1.1.2.1 - Tipos de feridas incisas


a) Esgorjamento – ferida profunda nas faces anteriores (frente) e laterais do pescoço
b) Degola – lesão profunda situada na parte posterior do pescoço (nuca)
c) Decapitação – Secção total do pescoço (separação da cabeça e tronco)
d) Esquartejamento - Separação do corpo em 4 partes

Observações
• As feridas localizadas nas mãos e antebraço da vítima são chamadas lesões de defesa.
• As lesões na palma da mão demonstram a tentativa de segurar a arma do agressor.
• Ambas denunciam resistência da vítima e afastam o elemento surpresa.
• A multiplicidade de golpes é frequente nos homicídios

9.1.1.1.3 - Instrumentos Perfurantes


As feridas perfurantes são caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Atuam no sentido
de profundidade.
Instrumento perfurante é aquele que possui uma haste cilíndrica dotada de ponta. Podem ser:
a) De pequeno calibre: Ferimento puntiforme (ponto) ex: agulha, alfinete, espinho
b) De médio calibre: Ferimentos em fenda (tipo casa de botão) Furador de gelo, punhal, etc
Sangramento inexistente ou pequeno.

9.1.1.1.4 - Instrumentos Perfurocortantes


Nesse tipo de instrumento há a predominância da profundidade sobre a extensão;
A ferida pérfuro-incisa pode ser:
a) Penetrante (abre cavidade);
b) Transfixante (atravessa parte do corpo);
c) Em fundo de saco (encontra obstáculo resistente e não vai além)
Observação:
O afastamento das roupas – sugere suicídio (Haraquiri)

9.1.1.1.5 - Instrumentos Cortocontundentes


Instrumentos que, apesar do gume, são influenciados pela ação contundente, quer pelo seu
próprio peso, quer pela força ativa que os maneja. Produz ferida mista, com muitas características
das incisas, mas produzida pelo mecanismo das contusas, isto é, por pressão sem deslizamento.
São dotados de grande massa (machado, foice, facões, etc..) Produzem lesões
(cortocontusas) que podem atravessar até o plano ósseo.
Ferimentos geralmente profundos, graves e mutilantes.

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9.1.1.1.6 - Instrumentos Perfurocontundentes
Instrumentos que perfuram e contundem ao mesmo tempo. Típico de arma de fogo.

9.1.1.1.6.1 - Arma de Fogo


Objeto criado pelo homem, capaz de expelir projetis, usando para tal a força expansiva dos
gases resultante da queima controlada de determinado propelente

Classificação das Armas de Fogo

I - Quanto à alma do cano


Lisa – sem raiamento em relação à superfície interna do cano. Ex. Espingarda (expele múltiplos
projéteis)
Raiada – com raias (aumentam a velocidade e precisão do disparo) Ex. Revólver, pistola etc..
(projétil único – permite o exame de comparação balística)

II – Quanto ao sistema de carregamento


a) Antecarga – (munição colocada pela parte anterior da arma – boca do cano)
b) Retrocarga – (munição colocada pela parte posterior da arma)

III - Quanto ao funcionamento


a) Tiro unitário – tem que ser carregada a cada disparo efetuado
b) Repetição – uma vez carregada permite efetuar vários disparos
Não automática - Ex. Revólver
Semiautomática – Necessidade de acionar o gatilho a cada tiro Ex. Pistola
Automática – Basta acionar o gatilho e toda a munição será consumida. Ex. Metralhadora

IV - Quanto a mobilidade
a) Fixas – Montada sobre um suporte
b) Móveis – Quando a base é móvel
c) Semiportáteis – podem ser movimentadas por mais de uma pessoa.
d) Portáteis:
De cano longo – para tiro a longa distância
De cano curto – para tiro a curta distância

As armas de fogo funcionam, geralmente pelo sistema:


Gatilho-percussor-espoleta-combustão(gases)-disparo

9.1.1.1.6.1.1 - Tipos de tiros produzidos por arma de fogo:

a) Tiro encostado:
Ocorre quando a arma é pressionada contra o corpo da vítima. O orifício é grande e disforme
e pólvora causa lesões. Efeito mina ou “blow-up”: A pólvora + gases provocam laceração no corpo.
b) Tiro a queima-roupa:
É o tiro desferido numa distância de até 40cm. Causa tatuagem verdadeira (a pólvora

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incombusta atinge ao redor do alvo, penetrando na epiderme) e causa tatuagem falsa (a pólvora não
penetra na epiderme, ficando apenas superficialmente). Causa depressão e queimadura.

c) Tiro à distância:
É o tiro desferido a uma distância superior a 40cm. Tem apenas a orla, não possuindo a
tatuagem.

Observação:
Todo tiro é estéril, não tem bactérias, devido à alta temperatura do projétil. A exceção é se
perfurar a alça intestinal. Em virtude disso, o projétil pode ser deixado dentro do corpo. A exceção é
o projetil que fica alojada em uma articulação. Isso pode acarretar em uma doença chamado
SATURNISMO (contato do chumbo e do líquido SINOVIAL – da articulação -), podendo levar a
pessoa a óbito.
O tiro dado perpendicularmente ao corpo, a orla formada é circular. Caso contrário, a orla é
sempre elíptica. TESTE RESIDUOGRÁFICO/PARAFINA: Identifica se há pólvora na mão da
pessoa que se supõe ser o atirador.

9.1.1.1.6.1.2 – Orifício de Entrada


O projétil ao tocar a pele, como tem a ponta romba, vai empurrando até ao máximo a sua
elasticidade, sempre girando sobre o próprio eixo, rompendo a pele no máximo de sua capacidade
de distensão. Desta forma o orifício produzido fica menor que o diâmetro do projétil, pois a pele
distendida volta ao seu normal e as bordas ficam invertidas. Isto é, viradas para dentro.
O movimento giratório do projétil, ao penetrar esfola a pele dando origem a orla de
escoriação e permite que ele se limpe, deixando todas suas impurezas, como graxa, óleo, fuligem
da queima da pólvora na entrada do corpo, formando uma área escura, chamada orla de enxugo.
A hemorragia, formada pelo rompimento dos vasos vizinhos à lesão forma a chamada
auréola equimótica.
Já a chamada zona de tatuagem – decorre da incrustação de grânulos e fragmentos de
pólvora não-combusta pelo disparo na região atingida (até 40 cm de distância)
A zona de esfumaçamento – (tatuagem falsa) se cria pelo depósito de impurezas e pólvora
combusta (fuligem). Podem ser removidas com água. (até 20 cm)
Zona de chamuscamento ou queimadura – é produzida pelo fogo que saí da boca do cano
que queimam a epiderme, pelos e vestes. Só se forma nos tiros muito próximos (5 cm).
O ideal sempre é testar a arma em questão para avaliar o alcance do seu cone de explosão.

Observações:
• Disparo à distancia – apenas efeitos devido ao projétil (acima de 40cm)
- Orla de escoriações
- Orla de enxugo
- Orla ou auréola equimótica

• Disparos a curta distância – apresenta efeito do projétil e efeito do clone de explosão,


podendo estar presente apenas uma ou todas as zonas, em função da proximidade do
alvo:

- Orla de escoriações

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- Orla de enxugo
- Orla ou auréola equimótica
- Zona de tatuagem
- Zona de esfumaçamento
- Zona de chamuscamento

Disparo à queima roupa – estão presentes todas as zonas.

9.1.1.1.6.1.3 – Orifício de Saída


É aquele por onde o projétil sai do corpo, sendo bastante diferente do orifício de entrada. É
geralmente maior que o orifício de entrada e, ao contrário deste, pode apresentar fragmentos de
ossos e/ou tecidos. No orifício de saída a lesão é de dentro para fora.
Para sair o projétil força os tecidos de dentro para fora, rasgando-os e invertendo-os, isto é,
virando para fora as bordas da pele.

9.1.1.2 – Agente Barométricos


São as alterações provocadas no corpo humano pela permanência em ambientes de pressão
atmosférica muito alta, muito baixa, ou decorrentes de variações bruscas de pressão.

9.1.1.3 – Agentes Térmicos


O calor e o frio podem lesar o organismo de forma difusa ou localizada
O corpo humano precisa manter a temperatura em torno de 36,5ºC para que seus aparelhos e
sistemas se mantenham em estado de higidez, não resistindo a temperatura abaixo de 32ºC e acima
de 42ºC.

9.1.1.4 – Energia Elétrica


Dividem-se em: Natural e Industrial
Energia elétrica natural é aquela causada pelos raios, que podem ser:
a) Ação letal – causa morte – chamada fulminação
b) Ação apenas lesiva – não causa morte – chamada fulguração

9.1.2 – Energia de Ordem Química

São os venenos ou substâncias tóxicas. Atuam em reação química com a célula viva.

Envenenamentos mais comuns são os produzidos pelo monóxido de carbono, drogas e álcool.

Para a perícia é importante saber os sintomas do envenenamento, como: vômitos, diarréia,


alteração profunda da face. Sabe-se, também, que as diferentes espécies de venenos podem
ocasionar mortes mais lentas ou mais rápidas, sintomas peculiares, etc..

De qualquer maneira, nesses casos, o exame toxicológico das vísceras é fundamental,

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procedimento que deverá ser adotado no momento da necropsia no IML.

9.1.3 – Energia Físico-Química


É o caso típico da asfixia
Asfixia é a supressão da respiração. Segundo Flamínio Fávero “É a morte produzida por
impedimento mecânico à penetração de ar atmosférico na árvore respiratória”.
A asfixia qualifica o homicídio (vide art, 121, § 2º, III do CP). Ou seja, para matar-se
alguém por asfixia é preciso se utilizar da surpresa ou da superioridade de força, e, além disso,
estudos demonstram que a asfixia só produz a morte com cerca de 5 minutos, demonstrando, com
isso, a intenção de matar.
A asfixia é considerada meio cruel, portanto, circunstância agravante. Modalidades de
asfixia.

a) Enforcamento
Conceito: A asfixia se dá por constrição do pescoço, quando o laço é acionado pelo próprio
peso da vítima. Deixa sulco submandibular que não percorre habitualmente a totalidade da
circunferência do pescoço, pois a junção do nó com a porção vertical fica afastada da pele; verificar
se a vítima tinha de fato acesso ao ponto de suspensão.
Etiologia: Maioria absoluta: suicida. Na ordem de freqüência, aparecem a natureza acidental
e homicida (raro).
Tipos: suspensão completa e suspensão incompleta.
Vestígios característicos:
O sulco em geral é único, oblíquo, ascendente (de baixo para cima, interrompido ao nível do
nó, apergaminhado, com o bordo superior saliente (bordos desiguais).
vítima com protusão da língua, cianose facial, presença de fezes, urina e sêmen (quando ocorre
relaxamento dos esfíncteres).
objeto constritor e sua amarração (cordas, cintos, faixas, roupas, fios, etc).
adjacente ao sulco podem aparecer escoriações e marcas ungueais (unhas).

b) Estrangulamento
Conceito: A asfixia se dá por constrição do pescoço, quando o laço é acionado não pelo
próprio peso da vítima, mas por força diversa, usando-se corda, ou material semelhante ou
antebraço. Deixa sulco horizontal ao nível do pescoço. Típico em crimes sexuais seguidos de
homicídio.
Etiologia: Maioria absoluta: homicida. Na ordem de freqüência, aparecem a natureza
acidental e suicida (raro), quando se usa um torniquete.
Vestígios característicos:
O sulco pode ser único ou não, horizontalizado ou ligeiramente oblíquo, não se apresenta
interrompido ao nível do nó, apergaminhado, com os bordos iguais devido a uniformidade da
compressão.
Vítima com cianose facial.

c) Esganadura
A asfixia se dá por constrição do pescoço por meio das mãos (uma mão ou duas, pela frente

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ou por trás); É uma modalidade especial de estrangulamento. Geralmente na sequência de uma
agressão sexual de um homem contra uma mulher.
Exclusivamente homicida.

Vestígios característicos:
No pescoço não aparecem sinais externos de compressão (como sulcos) e sim escoriações e
equimoses produzidas pela pressão violenta dos dedos e unhas (marcas ungueais), nas faces anterior
e laterais. - Vestígios de luta no local.

d) Morte por sufocação


É a morte por asfixia, onde há uma obstrução mecânica das vias respiratórias, ou de
segmentos da árvore respiratória. o obstáculo a entrada de ar no aparelho respiratório não é
produzido pela constrição do pescoço, como exemplo, pode-se citar a:

a) oclusão direta das narinas e da boca;


b) oclusão da laringe e da faringe
c) compressão torácica
d) confinamento em recinto fechado
e) soterramento
f) afogamento

Pode ocorrer por ação mecânica direta, quando a obstrução é feita nos próprios orifícios
respiratórios, e indireta, por exemplo no caso de compressão do tórax, impedindo sua expansão
(asfixia posicional)
Em geral não há lesões externas, a não ser que o agressor tenha usado as mãos e deixado
escoriações típicas produzidas por unhas.
Presença no local de panos impregnados com saliva, vômito, pode indicar este tipo de
asfixia.

d) Confinamento
É a morte por asfixia, ocorrida em indivíduos que permanecem em ambientes fechados sem
renovação do ar, consequentemente pobres em O2, e ricos em Co2.
Exemplos: escavações de poços profundos, crianças trancadas em ambientes pequenos.

e) Soterramento
Neste tipo de asfixia mecânica a massa gasosa é substituída por substâncias pulverulentas,
tais como terra, areia, lama, etc.
Maioria absoluta: acidental. Muito raramente homicídio.

Sinais característicos: presença de materiais sólidos nas cavidades bucal e nasal, bem como
traquéias e brônquios.
Obs: vítima pode apresentar lesões anexas, decorrentes do processo traumático de soterramento:
escoriações, contusões.

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f) Afogamento
É uma asfixia mecânica onde a massa gasosa é substituída por massa líquida no momento da
inspiração.
Pode se dar por imersão completa ou incompleta (por ex. pessoas epilépticas que morrem
afogadas em lâminas d'água de pequena profundidade ou até mesmo em poças).
O suicídio não é tão raro, na Argentina pessoas se atiravam no Rio da Prata com pedras
amarradas ao pescoço (1932: 17 casos).
O homicídio, isto é submergir a cabeça da vítima até a morte, é muito raro. Segundo
pesquisas o agressor teria que ter no mínimo 2 vezes a força da vítima pra que o fato fosse
consumado.
Fases do processo de afogamento:
Fase de defesa ou apnéia voluntária: Ao cair na água o indivíduo automaticamente pára de
inspirar por vontade própria.

Fase de resistência ou dispnéia involuntária: A medida que o Oxigênio vai sendo consumido,
sobe a taxa de CO2 no sangue. a elevação desta taxa estimula o centro respiratório no cérebro e a
inspiração se dará mesmo contra a vontade da vítima. Ocorrem aí inspirações profundas e ,
involuntárias.

Fase de exaustão ou Hipóxia cerebral: A diminuição do O2, e a não renovação do ar


provocam uma hipóxia cerebral, que leva à convulsão, inconsciência, parada respiratória, parada
circulatória e à morte.

Obs: Todas estas fases duram entre 5 a 10 minutos.

Características importantes do cadáver do afogado:


• Cianose da face (característica de asfixia)
• Pele anserina ou arrepiada: é explicada pela rigidez dos músculos pilo-eretores.
Aparece em baixa freqüência nos afogados.
• Pele macerada: fenômeno causado pela infiltração de água na epiderme; após 48
horas o fenômeno é mais evidente, com desgarramento da pele em várias regiões.
• “mãos de lavadeira”: a pele dos membros fica enrugada
• Presença de plâncton nas mãos (retidos antes da morte)
• Lesões por animais aquáticos: peixes e crustáceos atacam partes moles como lábios,
globos oculares em geral. As vezes produzem mutilações maiores.
• Presença de corpos estranhos sob as unhas: areia, lama, vegetais e outros materiais,
obtidos, provavelmente na tentativa da vítima em se agarrar a alguma coisa.
• Cogumelo de espuma: Em geral, 2 ou 3 horas após o cadáver ser retirado da água
aparece nas cavidades oral e nasais, uma espuma esbranquiçada, as vezes
sanguinolenta. Este cogumelo se forma a partir de gases da putrefação mais o líquido
do afogamento.
Outras lesões podem ser encontradas, tais como escoriações e feridas contusas, decorrentes
de atrito contra o leito de rios, choques contra blocos rochosos, troncos, etc. Devido à posição que o
corpo assume, com a cabeça mais baixa que o tronco e os membros largados, ficando os inferiores
semi-fletidos, espera-se lesões na região frontal (face), faces anteriores dos joelhos, dorso das mãos
e dos pés.
Dar especial atenção ao exame do local e às vestes da vítima.

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10 –EXAME DAS VESTES
Todo o exame feito no cadáver, mencionado até aqui, é acompanhado simultaneamente pelo
exame das vestes, que assumem uma importância destacada sobre vários aspectos, conforme
discutiremos a seguir.

O exame das vestes deve ser bastante cuidadoso - como o são os demais - tendo em vista a
quantidade de informações que poderemos dela extrair.

Quando iniciamos o exame em um cadáver, normalmente ele estará trajando vestes, o que
necessita uma atenção redobrado por parte dos peritos, a fim de começarem as suas observações e
buscas com todo o cuidado para não correrem o risco de perder qualquer elemento.

Desse modo, o exame das vestes, de uma maneira geral, deve merecer a atenção dos peritos
antes mesmo de examinarem o cadáver, no intuito de constatarem qualquer vestígio passível de ser
destruído ou adulterado quando começarem a examinar o corpo da vítima.

A partir desse exame inicial, deve-se examiná-las simultaneamente ao cadáver, observando


todos os elementos passíveis de ter relação com o evento delituoso, dentre os quais citaremos alguns
tópicos que não podem deixar de ser verificados:

- Disposição geral das vestes, quanto a sua forma de acomodação na vítima, observando se
estão repuxadas, abertas, ou fora de alinhamento normal quanto ao seu uso correto no corpo da
pessoa.
- Orifícios ou perfurações em qualquer de suas partes, verificando a sua possível
correspondência, quanto a posição, com ferimentos no corpo do cadáver, a fim de poder
caracterizar se a vítima fora ferida com as vestes em seu uso normal ou não.

- Botões arrancados ou partes rasgadas em qualquer de suas aberturas normais também são
informações que podem evidenciar, p.ex., a ocorrência de luta entre vítima e agressor.

- Manchas de sangue sob formatos variados, tais como gotejamentos, concentração,


alimpadura, respingos, que podem ser comparados com o tipo de lesão sofrida pela vítima, bem
como se ela movimentou-se após ser atingida. Algumas vezes a vítima pode ainda apresentar
manchas de sangue em suas vestes, originadas a partir de ferimentos no agressor.

- Buscar a presença de qualquer substância que possa estar presente nas vestes, também são
dados que podem ser esclarecedores dentro do contexto geral dos vestígios.

- Examinar o interior de bolsos a fim de verificar a presença de carteira com documentos da


vítima e quaisquer outros objetos porventura existente, onde poderão ser encontrados elementos
bastante significativos para a perícia. Chamamos a atenção de todos, para quando são encontrados
dinheiro ou quaisquer outros valores (cheques, promissórias, etc), os peritos procuram sempre ter
o cuidado de fazer a sua contagem na presença de testemunhas ou policiais presentes e, se julgarem
desnecessário o seu recolhimento para outros exames laboratoriais, fazem a devolução no próprio
local para a autoridade policial ou seu agente presente, tendo o cuidado de constar em suas
anotações do croqui o nome, função, número de matrícula e lotação do policial que recebeu tais
valores. Este mesmo procedimento vale para quaisquer outros vestígios, especialmente aqueles de

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maior importância pecuniária e de relevância para o esclarecimento dos fatos. Esses procedimentos
são adotados rotineiramente pelos peritos, a fim de evitar qualquer dúvida posterior quanto ao que
fora encontrado com a vítima.

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11 –EXAME DO CADÁVER NO IML

Concluído todo o exame possível do cadáver no local em que foi encontrado, seu corpo é
liberado pelos peritos e recolhido ao IML para que o médicos legistas façam a necropsia.

É importante que no momento da necropsia, tanto o médico legista quanto o perito criminal
estejam juntos. O médico legista realizando a perícia no corpo, enquanto que o perito criminal irá
complementando alguma informação técnica sobre os vestígios verificados no próprio cadáver e
passando ao médico legista alguma informação do local que possa vir a auxiliá-lo quanto ao
diagnóstico da causa médica da morte.

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12 – EXAMES DE LABORATÓRIO
Durante o exame realizado no local do crime, os peritos criminais estarão, simultaneamente,
coletando todos os vestígios que tenham relação com o delito e, nesse contexto, encontrarão
inúmeros vestígios que serão analisados nos laboratórios do Instituto de Criminalística.

12.1 - Tipos de Exames


Assim, no local de crime poder-se-á recolher vários tipos de vestígios que necessitarão de
exames laboratoriais, para que o perito tenha o maior número de informações técnicas quando da
análise geral dos vestígios, visando a reconstituição da cena do crime.

A seguir, discriminaremos alguns tipos de vestígios que, quando recolhidas amostras, são
encaminhados ao laboratório:

- sangue

- esperma

- fios de cabelo

- armas de fogo

- projéteis de arma de fogo

- tecido humano

- facas, estiletes (arma branca)

- produtos químicos

- fragmentos de impressão digital

- ferramentas

- pedaços de madeira

- segmentos de barras metálicas outros vestígios

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13 – ANÁLISE GERAL DOS VESTÍGIOS
Segundo o professor Alberi Spindula, após o levantamento pericial no local, os peritos são os
responsáveis por todo o conjunto de informações à respeito daquela perícia.

Observamos, então, que dentro desse contexto geral dos exames, eles foram subdivididos em
três fases distintas:

A primeira, e talvez a mais importante, é a do exame do próprio local, onde os peritos


examinaram o local imediato, o cadáver e o local mediato, retirando todas as informações que
julgaram necessárias.

A segunda, é a do acompanhamento da necrópsia pelos peritos que realizaram o exame de


local, onde vimos o quanto é importante a interação profissional entre os médicos legistas e os
peritos criminais, pois todos buscam um mesmo objetivo, que é o de melhor realizar a perícia em
questão.

A terceira, é a dos diversos exames de laboratório que se fizerem necessários e que foram
realizados por outros colegas peritos, especialistas nas respectivas áreas de atuação.

As últimas informações que os peritos do local recebem são os resultados dos exames de
laboratório, pois em algumas situações eles podem ser relativamente demorados.

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14 - MANCHAS DE SANGUE EM LOCAL DE MORTE VIOLENTA
Nos locais de morte violenta é comum encontrar-se vestígios de sangue, tanto em objetos,
armas, móveis, paredes, pisos,etc..
É importante, nos exames de manchas de sangue no local do crime a sua caracterização
morfológica.

• Projeção ou gotejamento

➢ Projeção vertical ou gotejamento estático: sangue é projetado apenas sob a ação


gravitacional (força peso). Gotas apresentam trajetória vertical.

➢ Projeção oblíqua ou gotejamento dinâmico: sangue é projetado sob a ação de uma


segunda força. Neste caso sempre existe uma componente horizontal, além da força
peso, atuando sobre as minúsculas porções de sangue, que descrevem uma trajetória
parabólica.

Três processos de produção:


a) Movimentação da vítima
b) Movimentação de um instrumento ou objeto que contenha sangue.
c) Artéria ou veia de grosso calibre lesionadas

Após deixar o ferimento ou um objeto, pelo processo de projeção, as gotas de sangue podem
assumir três tipos de comportamento:

14.1 - Espargimento:
Espalhamento adquirido pelo líquido no instante em que o mesmo entra em contato com seu
suporte e que depende exclusivamente das forças que o impulsionaram até o ponto onde será fixado.
Poderá se apresentar de forma:

14.1.1 - Radial: observado em manchas formadas por projeção vertical. Define, portanto,
manchas formadas por projeção vertical com espargimento radial. Forma da mancha é circular ou
aproximadamente circular, apresentando bordas que, em função da altura em que se dá a projeção,
podem ser:
• regulares (pequena altura);
• irregulares: festonadas (ou estreladas) e denteadas (com gotas satélites associadas).
À medida que se verifica um aumento da altura do ponto de projeção, se passa das formas com
bordas regulares para aquelas com formas irregulares, até se observar a presença das gotas satélites.

14.1.2 - Direcional: observado em manchas formadas por projeção oblíqua. Define,


portanto, manchas formadas por projeção oblíqua com espargimento direcional. A forma da
mancha varia de acordo com o valor da componente horizontal da velocidade com que as
gotas são projetadas e com o ângulo de incidência formado entre a direção de sua trajetória e
o suporte, podendo ser:

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14.1.2.1 Forma elíptica, com projeções denteadas, apontando para o sentido oposto em
relação ao ponto de onde partiram as gotas. Forma-se quando as gotas possuem valores menores da
componente da velocidade horizontal.

14.1.2.2 - Forma de “ponto de exclamação”: a parte mais larga indica a posição


da fonte e o ponto o sentido da movimentação. Forma-se quando as gotas
possuem valores maiores da componente da velocidade horizontal.
14.1.2.3

14.2 - Escorrimento:
O líquido desloca-se ("escorre") pelo seu suporte em função deste não se apresentar em um
plano horizontal.

14.3 - Impregnação:
Neste caso o suporte obrigatoriamente é absorvente, o espalhamento do sangue se dá por um
processo semelhante a capilaridade. Assim muitas vezes não se pode determinar de que forma o
sangue foi conduzido até o suporte, tem-se aqui apenas o resultado final estabelecido entre o líquido
e seu suporte

14.3.1 - Fluimento
Grande volume de sangue flui a partir do ferimento e em seguida entra em contato com seu suporte,
2 subtipos:

14.3.1.1- Concentração (poças) formadas por acúmulo do líquido que se apresenta


concentrado sobre seu suporte.

14.3.1.2 - Filetes: manchas que apresentam uma de suas dimensões muito desenvolvida em
função do processo de escorrimento do líquido, onde os filetes, algumas vezes, servem como
condutos alimentadores das poças.

14.4 – Contato
Mancha formada pelo contato entre um objeto ou parte anatômica previamente manchado
por sangue e um suporte. Muitas vezes este tipo de mancha mostra-se como uma impressão em
negativo do objeto ou parte anatômica responsável por sua produção, permitindo assim sua
identificação. Quando além do simples contato, ocorre uma movimentação relativa entre o objeto
ou membro anatômico e o suporte, produz-se um tipo particular de mancha de contato, a
Alimpadura.

Muitas vezes os tipos de manchas ocorrem de forma associada.

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15. DINÂMICA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E CONCLUSÃO

Realizados todos os exames, analisados todos os vestígios e resultados laboratoriais, os peritos


terão condições de formar a sua convicção sobre como foi que ocorreu aquele delito, ou seja, terão
informações técnicas suficientes para restabelecer a “cena do crime”, o que convencionamos
chamar de dinâmica do local.

Nessa formação de convencimento técnico, em que puderam remontar a “cena do crime”, os


peritos criminais estarão - ao mesmo tempo - em condições de definir o diagnóstico diferencial da
morte. Se aquela morte ocorrida foi em conseqüência de suicídio, homicídio, acidente ou morte
natural.

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