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Tal como em seu primeiro livro, MENTE FELINA, publicado pela Record,
Mama Rampa aborda em GATOS E HOMENS temas transcendentais, profundos,
mais uma vez imprimindo ao seu texto um característico tom leve e ameno.
O budismo — mais como filosofia de vida do que como religião — muitas
reminiscências do tempo da Segunda Guerra Mundial na Inglaterra, extraordinárias
e, às vezes, divertidas passagens autobiográficas das quais se evola um perfume de
outras épocas, incidentes descritos com ternura e senso de humor, envolvendo
gatos tão ilustres como Mr. T. Catt, Miss Cleo, Miss Tadalinka, Miss Kuei, tudo isso
se reúne para formar estranha mas fascinante tapeçaria contra a qual se recorta a
proposição central do livro.
GATOS E HOMENS é uma narrativa rica de experiências e vivências,
cheia de conselhos utilíssimos e curiosos, especialmente quando se referem aos
cuidados a serem dispensados ao "povinho felino", como a autora lhe chama.
Mama Rampa nos ensina neste seu novo livro o que é a transmigração, diz-nos
como se deu a "partida" de Cari e como foi o "advento" do Dr. Rampa, a autora
mantém a teoria de que a morte não representa o fim e afirma que os gatos têm uma
importante missão a Cumprir na Terra — coisa que pessoas de baixa vibração não
podem compreender.
GATOS E HOMENS é, em suma, um livro para ser lido com grande
deleite por pessoas de altas vibrações, pois segue uma linha filosófica próxima da
que o famoso T. Lobsang Rampa, marido da autora, prega em suas obras, também
publicadas pela Record.
RECORD
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GATOS E HOMENS
por
Mama San Ra'ab Rampa
Tradução de
VERA NEVES PEDROSO
EDITORA RECORD
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Título original norte-americano
TIGERLILY
adquiridos pela
Impresso no Brasil
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Um pensamento
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Este livro e dedicado ao Capitão-Médico Reginald
supor."
Shakespeare
http://groups.google.com/group/digitalsource
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A pena é mais poderosa
do que a espada.
Disraeli
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Índice
Capítulo 1 ....................................................................................................................8
Capítulo 2 ..................................................................................................................12
Capítulo 3 ..................................................................................................................16
Capítulo 4 ..................................................................................................................22
UM PEQUENO SKETCH.......................................................................................25
Capítulo 5 ..................................................................................................................28
Capítulo 6 ..................................................................................................................34
Capítulo 7 ..................................................................................................................40
Capítulo 8 ..................................................................................................................46
Capítulo 9 ..................................................................................................................51
Capítulo 10 ................................................................................................................57
Capítulo 11 ................................................................................................................63
Capítulo 12 ................................................................................................................69
Interlúdio....................................................................................................................76
Capítulo 13 ................................................................................................................84
Capítulo 14 ................................................................................................................89
Capítulo 15 ................................................................................................................94
Capítulo 16 ...............................................................................................................99
Capítulo 17 ..............................................................................................................105
Capítulo 18 ..............................................................................................................113
Capítulo 19 .............................................................................................................123
Capítulo 20 ..............................................................................................................128
Capítulo 21 ..............................................................................................................134
Capítulo 22 ..............................................................................................................140
Capítulo 23 ..............................................................................................................148
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Capítulo 1
Tive a boa sorte de nascer numa época em que a família ainda tinha
como seres humanos. A coisa mais difícil era voltar da escola e encontrar a casa
vazia: mamãe estava sempre em casa, ora costurando, ora fazendo crochê (arte que
me ensinou quando eu ainda era bem menina) e havia sempre um ótimo chá
firme não calharia mal — mas mamãe era toda bondade e doçura.
Ela fazia questão de dedicar muito do seu tempo aos filhos e de cuidar
das suas necessidades mentais e espirituais, bem como do seu bem-estar físico.
lembrança, permanecem muito mais do que num computador com o seu "banco de
cotidiano, era algo que se tinha que fazer. Do que eu realmente gostava era de ouvir
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mamãe contar histórias verdadeiras sobre a família e os parentes próximos. Como
parecem estar longe, já que estou agora escrevendo isto num apartamento de um
edifício, aqueles dias em que o lar era uma casa, onde a gente se sentava junto à
À medida que minha mãe ia contando, com sua voz calma e pausada, eu
imaginava uma menininha dos seus cinco anos, sendo levada para morar com a
avó, que vivia muito longe da cidade grande onde a menina nascera e morava.
seria, para uma meninazinha, adaptar-se à vida numa aldeia, com pessoas que lhe
eram estranhas, embora fossem parentes. Minha mãe contava pouca coisa sobre o
avô, mas a avó aparentemente se esquecera de tudo o que uma menina pequena
poderia necessitar.
passando, depois semanas, meses e anos, e minha mãe nunca mais voltou ao lugar
onde nascera, por isso acabou considerando os primos mais como sua família do
experiências e histórias que ela costumava contar. Naqueles dias, eu achava que
que minha mãe era capaz de ver o futuro. Contou-nos como, num sonho, vira o que
chamou de carruagens sem cavalos, e isso quando ela era bem menina, isto é,
antes do começo deste século. Além dessa capacidade de prever o futuro, acho que
ela também via o passado, pois nos contou de como vira vasilhas cheias de luz de
uma brancura fora do comum — e de como, em sonho, visitara uma cidade de uma
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civilização anterior. Também via pessoas, só que elas não ficavam paradas,
acho que o meu amor pelas citações e pelos provérbios — interesse que continua
até hoje — vem desses dias. Antes de saber ler, adorava que lessem para mim, e
Mais tarde, passei pela usual fase "adolescente" das novelas românticas,
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Procurei a minha alma
Procurei um amigo
E encontrei os três.
William Blake
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Capítulo 2
Tive também a boa sorte de casar com alguém interessado em algo mais
do que os aspectos materiais da vida. Ele, a quem chamarei Cari, era uma pessoa
palavras, pois éramos, por assim dizer, capazes de ler os pensamentos um do outro.
"Que chato!", pensarão alguns; mas, quando não há nada a esconder, esse é, sem
dúvida, o meio mais simples de comunicação. Há quem diga que, quando duas
pessoas vivem juntas durante muitos anos, vão aos poucos ficando parecidas
tomamos um atalho e, em vez de esperar pelo fim da vida, começamos logo a nos
A primeira tarde que passamos juntos foi uma alegria para ambos — uma
— Se não gostar do que se segue, por favor, leia com os olhos fechados.
Acho que vou fazer uma sugestão semelhante. Quem não acreditar em
astrologia, feche os olhos, porque vou contar algo para quem acredita:
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— O encontro de vocês era inevitável. Saturno está na mesma casa, em
algo perplexo com certas coisas que via nos nossos horóscopos. Tendo em vista as
experiências incomuns por que passaríamos nos dias e semanas seguintes, isso
não era de espantar. Percebia-se que, embora nem sempre víssemos da mesma
forma as coisas do dia-a-dia, não havia dúvida de que, nas coisas mais profundas e
sustentou através dos altos e baixos, das subidas e descidas da gangorra que é a
vida a dois. Sabia que, por trás de tudo, havia um propósito e, mesmo quando tudo
mãe dele, com quem morava. De aspecto algo atemorizante, com opiniões
inabaláveis sobre muitos assuntos, ela mostrou-se amável comigo, mas eu sempre
tive a impressão de que ressentia a minha aparição em cena. Como acontece com
muitas mães, queria conservar o filho só para si, embora nunca tivesse demonstrado
nenhum afeto especial por ele. Provavelmente, queria apenas se agarrar a algo que
corria o perigo de perder. Eu tinha a certeza de que suportaria tal situação, pois era
natural um rapaz querer encontrar a felicidade com uma moça, e sentia que
estávamos fazendo o que fora traçado para nós. Havia já alguns anos que me
aquela era apenas uma a mais. Não sei por que, mas por diversas vezes, na minha
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que me pergunto se isso não me acompanhará até o fim da vida. O astrólogo deu a
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A melhor parte da vida
de uma pessoa
Abraham Lincoln
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Capítulo 3
foi interessante, embora tudo indicasse ter havido várias tentativas, por parte dos
apresentados por um homem, conhecido de ambos, que afirmou ter tido como que o
palpite de que caberia a ele aproximar-nos. Isso mostra que devemos sempre seguir
as nossas intuições, ou, pelo menos, não rechaçá-las sem antes pensar bem; e que
instrumento no plano geral das coisas. A certa altura da vida, eu tinha uma atitude
os conselhos dos outros — achando que eles sabiam muito mais do que eu — mas
sofri por causa disso. Hoje em dia, sei que devo me responsabilizar pelas minhas
crenças e pelos meus atos. Graças a isso, adquiri um bocado de confiança em mim
mesma.
A primeira vez que eu e Carl nos vimos foi num sábado, em setembro, e
logo sentimos que já tínhamos estado juntos antes. Era como se cada um de nós
tivesse voltado de uma viagem e fosse reencenar a vida a partir de onde a tínhamos
deixado, após termos nos afastado para cumprir as nossas respectivas missj5es.
Naquele primeiro dia e nos dias que se seguiram, muitas vezes eu ia começar a
dizer algo... fazer algum comentário ou perguntar alguma coisa.. e logo estacava,
Onde e quando nos tínhamos conhecido? Desse tempo até hoje, acho
que fiquei bem mais esclarecida a respeito dessas coisas e muitas vezes desejei ter
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tido, naquela época, um pouco mais do conhecimento e da compreensão que depois
me seriam concedidos.
costumávamos caminhar ou sentar junto ao rio, tomando chá numa das muitas
quando eu caí na água Carl riu muito, embora para mim o incidente nada tivesse de
divertido.
Apesar de, na ocasião, nos parecer que não havia outra escolha, no dia
não combinava conosco e, olhando para trás (expressão que ficou muito popular
Contudo, "o homem põe e Deus dispõe", e não se podia viver em Londres
sem trabalhar, pelo menos, não se podia no tempo sobre o qual escrevo; porque, a
julgar pelo que se ouve dizer a respeito da assistência social, dos fundos de
muito a nossa vida. O lugar onde Carl trabalhava como gerente foi bombardeado e
muitas mudanças tiveram que ser feitas. Uma manha, ele saiu de Knightsbridge,
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Quando a gente afasta a neblina da memória é que percebe quão
apartamentos, como o chamavam) em que morávamos também foi atingido por uma
bomba, para meu grande susto. Nervosa, gritei por Carl, com medo que o prédio
alucinadamente a maçaneta da porta, pois fazia algo que ninguém podia fazer por
ele. A bomba fez com que todos os inquilinos fossem evacuados do edifício até a
manhã do dia seguinte. Demos graças a Deus por conhecer alguém que nos
pudesse acomodar e rumamos para Earl's Court, onde caímos direto na cama.
Muitas vezes comentei que o melhor café da manhã que jamais tomei foi naquele
dia, quando voltamos para o nosso apartamento e fizemos uma refeição com bacon,
não no dia seguinte e não me esquecerei da noite em que Carl me despertou (nós
profundamente.
muito tempo para saber o que lhe tinha acontecido, de modo que é melhor estar
o que ele dissera fazia... a tal ponto, que desde então nunca mais isto me saiu da
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cabeça. Desde que não esteja com algo que me incomode ou com alguma dor, nem
profundo no sono, o que me faz um bem enorme. A maneira pela qual eu durmo, o
seguinte.
à minha rua pela madrugada, e devo confessar que não ouvi nada — só soube do
que tinha acontecido quando me contaram. Dormir profundamente não quer dizer
que a gente durma a noite inteira... no meu caso, durmo apenas algumas horas, no
máximo três, o que me parece ser mais benéfico do que dormir oito horas seguidas.
que "algo parece estar faltando nas pesquisas sobre o sono feitas até agora".
Escreve ele:
quem está de fora — para essa outra vida que levamos à noite,
prova real. Porque, se existe uma outra vida, ela pode ser mais
'real' do que aquela que vivemos. Quem sabe que papéis cada
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Ao ler esse livro, lembrei-me de um incidente ocorrido durante a nossa
— Bem — sorriu ele — você disse que ia mandar pintar o nosso carro de
azul.
que, respondeu que ia pintá-lo de azul porque era dessa cor que o carro de Warwick
Mais tarde, nesse mesmo dia, estávamos folheando uma revista e, para
20
Se aceito o sol
e o calor,
o trovão e o relâmpago.
Kahlil Gibran
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Capítulo 4
continuar em Londres, pois não havia forma de garantia contra os ataques aéreos.
Começou a procurar um lugar mais seguro, escolhendo, por fim, um local na área de
termos marcado hora, para lá nos dirigimos de ônibus, chegando antes do Diretor-
Gerente. Carl teve que esperar enquanto eu descia à rua a procura de um café...
onde esperei o que me pareceu horas intermináveis pelo meu marido. O Diretor-
Gerente (que era também o patrão, o dono) esquecera-se da entrevista, por isso
achávamos muita graça, mas não havia mais nada em vista, tínhamos de
não faltavam alunos, pois todo mundo queria estar bem preparado para o futuro e
pessoal deixassem muito a desejar, parece que o dono não demorou a ficar
milionário. Como tantas vezes acontece, não conseguia entender que os seus
como as suas vidas seriam melhores! Ou não? Parece tão fácil escolher o caminho
errado...
bote e remar no rio Wey. Mas isso só foi possível depois de seis ou sete meses, pois
Íamos sentir falta dos passeios nos parques, e dos fins de semana
passados em Green Park e nos jardins de Kensington. Carl adorava visitar museus,
jantar fora. Um dos nossos lugares prediletos era o Empire Restaurante, em Victoria
Street, onde íamos às vezes, depois que Carl saía do escritório... e muitas vezes
fiquei pensando se ele não faria isso por minha causa, para me dar prazer. Sabia
que ele gostava muito de cinema, de modo que sugeria irmos a um, antes do voltar
para casa.
morava com a mulher numa pequena casa e tinha uma horta onde cultivava vegetais
para si e seus "fregueses". Não devia haver nada de ilegal nisso, mas ele não
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coisas entre nós corriam mais ou menos bem, excetuando-se a sua queixa de que
um gato — que ele achava ser o nosso — vinha-lhe cavando os canteiros de flores e
hortaliças.
Certa manhã, muito cedo, fomos acordados por batidas fortes na porta e
uma voz agitada. Abrimos a porta e demos com a mulher do jardineiro, muito
achava que o marido estava morrendo e queria a minha opinião. Vi-a tão aflita, que
não pude deixar de aceder, embora ela e o marido não tivessem senão mostrado
ressentimento contra nós. Enfiei um robe e dirigi-me com ela para a casinha, cuja
soleira atravessei pela primeira vez. Fiquei um momento olhando para o jardineiro e
vi que era demasiado tarde e que nada havia a fazer, pois o espírito já se havia
desligado do seu corpo. A mulher olhou para mim, compreendendo aos poucos o
Deve ser uma das situações mais tristes essa em que um dos cônjuges é
de repente levado (a maioria das pessoas não sabe para onde), enquanto o outro
conservado por muito tempo como estava, quando normalmente a corda era retirada
tão logo a roupa estivesse seca. Isso porque o varal fora uma das últimas coisas que
o jardineiro colocara, e a esposa não se sentia com forças para recolhê-lo pois
Muitas vezes me pergunto por que razão não somos instruídos para
aceitar a morte, por que não nos dizem que a morte é uma coisa natural e não o fim.
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A maioria dos jovens de hoje parece ter uma concepção confusa do que seja a
morte, mas o que eles hão de fazer, se não há ninguém para lhes ensinar?
UM PEQUENO SKETCH
A calçada era fria e dura ao contato do seu corpo, que caiu do alto de
vinte andares e ficou ali, imóvel, à mercê do vento gélido e da curiosidade mórbida
dos transeuntes.
Teria ele nascido com a Lua na oitava casa, sinal de morte em lugar
público?
Depois que os três carros da polícia foram embora e o corpo levado para
anos. — Vim até aqui porque vi uma luz de compreensão, mas a primeira criatura
Com uma expressão intrigada, acrescentou que achava que devia estar
O avatar olhou para o rapaz com simpatia e perguntou-lhe por que estava
tão preocupado (o jovem parecia ignorar tudo o que se relacionasse com a morte e
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A fim de convencê-lo de que estava morto, sugeriram que o rapaz fosse
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Se desejas ver os vales,
Kahlil Gibran
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Capítulo 5
da Vickers. Uma hora depois, a rua estava quase totalmente deserta. Sim, nunca
Aquele foi um período bastante sossegado para nós, pois não fazíamos
muita vida social e tínhamos poucas visitas. Carl não gostava de vida social e o
patrão estava sempre censurando-o por isso. Se alguém quiser triunfar nos negócios
ao que parece, deverá fumar, beber e ser sociável, o que quer que isso signifique!
que trabalhava e se casara recentemente com um dos seus pacientes. Embora não
me recorde mais do seu nome, tenho várias razões para me lembrar dessa moça,
uma delas é o fato de que era uma excelente enfermeira, admirada por todos. Antes
proporcionados pela enfermeira, ele se apaixonara por ela. Após ter recebido alta do
hospital, tinham-se encontrado várias vezes, depois do expediente, e não tardou que
os dois se casassem. Por esse tempo, um conhecido ator de cinema também tivera
uma perna amputada e recorrera a uma perna artificial. Minha amiga e seu marido
patologista. Sempre que nos encontrávamos nas proximidades, íamos até o hospital
onde ele trabalhava, para bater um papo. O Dr. Murray era um homem muito culto,
autor de vários livros e candidato a um lugar no parlamento britânico; mas, como nós
não gostávamos do partido que ele representava, não ficamos aborrecidos quando
ele não conseguiu os votos suficientes. Teria sido muito triste um médico brilhante
O Dr. Murray não está mais no plano da Terra — mas será sempre
em morar perto de uma fábrica de aviões, o que para certas pessoas é uma fonte de
Rua, pode ascender a um status que nunca seria capaz de alcançar em tempos de
paz.
no alto mostrava uma coisa parecida com um disco voador, e costumava sobrevoar
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Não há prazer em reviver os horrores da guerra, com todo o seu ódio e
Lar dos Inválidos, perto de Richmond Park, para se ter idéia de como os homens
podem ser maus uns com os outros. Todos aqueles inválidos e aleijados tinham sido
Outras vezes, tomávamos o trem e íamos até Woking ou Guildford. Um dos médicos
mais encantadores que jamais conheci morava em Woking. Era irlandês e, devido à
dos seus clientes achava que tinha muita sorte em ser tratada por ele. Esse
autêntico CAVALHEIRO partiu para um plano mais elevado, com a certeza de que a
casa, quando passamos por um pequeno restaurante e vimos um cartaz que dizia:
restaurante era uma simpática inglesa e a sua família de gatos tinha um aspecto
saudável e feliz, de modo que decidimos ficar com um dele, ao qual demos o nome
de Mr. T. Catt.
T. Catt era uma bolinha de gato, com uma cauda muito curta e uma
as duas semanas que tivemos que esperar que ele tivesse idade suficiente para ser
desmamado, compramos pratos (fundos e rasos), vasos onde ele fazia "as
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necessidades" e um cesto para ele dormir; pois os gatos, como todas as criaturas,
Quando fomos buscá-lo, já estava tudo pronto. Ele era tão pequeno, que
cabia facilmente no bolso de Carl e foi assim que o levamos de uma casa para a
outra.
mostra interesse pela comida, você pode ter quase a certeza de que ele vai se
A vida como que adquiriu um novo significado, pois tínhamos estado por
afetos. Eu e Carl tínhamos passado tanto tempo a dois, que havia poucos "espaços"
A chegada de Mr. Catt trouxe, pois, uma nova dimensão às nossas vidas
e eu iria aprender muito com ele. A experiência mais fascinante foi um dia, quando
Mr. Catt já atingira a maioridade. Eu estava com ele ao colo, diante de um espelho.
Sem me concentrar no que fazia, virei-me para deixar que ele se visse, porque sabia
que os gatos podem ver a sua imagem, desde que estejam interessados. Às vezes,
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atrás do espelho, para ver se encontram o "intruso". Nessa ocasião, porém, não quis
que eu estava vendo: refletida no espelho, havia em volta do gato, uma estreita faixa
vim a identificar como sendo o corpo etérico que circunda todos os seres vivos. Foi,
para mim, uma descoberta muito importante, porque, bem mais tarde, após ter lido a
respeito, pude dizer para mim mesma: "Sim, é verdade, porque eu vi com os meus
próprios olhos." Às vezes, é possível ver coisas desse tipo com maior clareza com o
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No meio do inverno, compreendi, finalmente,
Albert Camus
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Capítulo 6
Quando olho para trás percebo cada vez mais que o tempo que
passamos em Weybridge foi uma espécie de preparação para uma outra fase das
nossas vidas. Não estávamos destinados a ter amigos ou mesmo conhecidos, e não
acusados de deixar passar uma fresta de luz — mas foi mais um caso de despeito
Carl adorava animais e estávamos cada vez mais felizes por termos o
nosso gatinho, que por sua vez mostrava um grande interesse em tudo o que
fazíamos e parecia saber que a sua missão na vida era tomar conta de nós. Carl
sugeriu que comprássemos uma coleira para Mr. T. Catt, antes de nos aventurarmos
a sair com ele. Foi o que fizemos e, embora ele não gostasse de se sentir cerceado,
vista deles.
nenhuma razão pela qual a coisa não possa se transformar em realidade. Quase
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todos nós já ouvimos comentar: "Gosto mais do meu cão do que da maioria das
pessoas", ou "Quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos cães". Tem-se dito
muitas vezes que, o que a pessoa é capaz de visualizar, pode existir. Quem é capaz
Gostaria de citar um trecho de Alice no País das Maravilhas, que tão bem
se adapta aqui, pois nos ajuda a acreditar nas chamadas coisas impossíveis.
Alice riu.
coisas impossíveis.
Quando eu era mais moça, praticava sempre pelo menos meia hora cada dia. As
sobre duas patas? Pois bem, eu acho que, de acordo com certas lendas, eles
costumava dizer que ele parecia um lírio tigrino — tinha as listras do tigre e o
aspecto delicado de um lírio. A expressão da sua carinha era o que se pode chamar
de angélica.
adota um bichinho e se lhe dá todo o afeto que ele merece a gente nunca se
devoção. Nunca esquecerei o quanto devo ao meu gatinho vira-lata, ao meu Lírio-
Tigrino.
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Como levávamos uma vida muito isolada, o dia em que nos tornamos
Carl trabalhava esperava que ele servisse de mecânico para os carros dele e
assistente de mecânico bastante aceitável. Certa vez, ajudei a trocar todo o motor de
um carro (espero me lembrar da marca; ah, sim, era um Standard e, pelos padrões
velocidade, fazia com que os pedestres pulassem fora do caminho, quando ele
voava pela avenida, a caminho do escritório. Esse carro também estava aos
cuidados de Carl, já que o seu conhecimento de motores era grande. Mas, como
Carl detestava esse tipo de trabalho, acabou exigindo que o patrão procurasse outra
entusiasmada quando Carl me disse que ouvira falar num Morris Minor quase novo,
fechamos negócio, fazendo com que a vida ficasse muito mais interessante.
(Heathrow), que estava em fase de acabamento, pois achávamos muito divertido ver
os aviões. Com surpresa verifico que o nome "Heathrow" continua a ser usado, pois
naquele tempo se dizia que a sua pronúncia representava um problema para muitos
estrangeiros, que não conseguiam dizer o th. Mas, como o nome persistiu, o
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Às vezes, íamos até outros locais de interesse, como Epsom Downs ou
menos por sair. Preferia meter-se debaixo do carro e examiná-lo quando voltávamos
pressentisse mais do que nós que havia algo de estranho relacionado com o carro.
oposta. Outras vezes, parecia andar para trás, algo que era logicamente impossível,
pessoa morrera e, segundo o homem que nos contou a história, o carro era tido
como mal-assombrado. Por isso fora tão barato e talvez aí residisse o segredo de
Mr. Catt não querer andar nele, resistindo sempre às tentativas de levá-lo conosco.
O que o nosso tigre adorava era passear no jardim, nos fins de semana
ou à noitinha, geralmente usando uma coleira, para que não se afastasse de nós.
escritórios, aquele terreno fora uma propriedade particular, com cerca de três acres
e meio de terra). Era muito, agradável passearmos por entre as árvores e as fiares,
nas noites de verão acompanhados por Mr. Catt e conversando sobre uma porção
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— Sabe, Ra-ab, esse gato me faz lembrar um bichinho que eu tive antes;
embora a cor seja diferente, tinha os mesmos maneirismos e muitas vezes penso no
voltam várias vezes à Terra, aceitamos o fato de que o gato preto John voltara de
novo à Terra sob a forma de um gato listrado — para olhar por nós e adquirir mais
Carl era extremamente delicado com os animais e pegava nos gatos com
todo o cuidado, com as duas mãos — e não pelo cachaço, como tanta gente faz.
Costumava dizer que nunca se devia rir de um gato, pois eles se sentiam ofendidos,
principalmente os vira-latas. Parece que os siameses não ligam tanto para isso; em
Ficamos muito preocupados, uma noite em que Mr. Catt não voltou para
casa à hora de dormir. Tínhamos saído para o quintal, numa noite quente de verão,
e, de repente, ele disparara como uma flecha, indiferente aos nossos chamados.
Nunca tinha passado a noite fora e, preocupados, não conseguimos dormir, apenas
cochilar. Foi com alegria que, pela manhã, ao olhar pela janela, o vi sentado debaixo
de uma árvore, esperando que a porta se abrisse para ele poder entrar.
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Eu faço o que posso
Você é você
E eu sou eu.
Fritz Peris
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Capítulo 7
Era a coisa mais engraçada, quando Mr. Catt começava a 'se exibir'
Sendo um nativo de Leão, era orgulhoso... e muito bonito —; todo mundo elogiava a
sua beleza. Até mesmo o rabinho curto crescera e ficara lindo. Eu passava muito
várias cores.
gatos pelo seu efeito emético; felizmente, botava tudo para fora antes de entrar em
que vem a ser aquilo. Quando lhes dizemos: "A, é capim", olham para nós de
maneira estranha, pensando que é maconha, até se darem conta de que é capim
— Por que o efeito emético? — perguntarão vocês. — Não deve ser bom,
— Claro que é bom — respondo eu — pois ajuda-o a pôr para fora o pêlo
que ele engole quando se lava e que forma uma bola dentro do estômago do bicho.
Quando essas bolas, muitas vezes demasiado grandes e duras para poderem
passar pelos intestinos do animal, não são expelidas, podem gerar obstruções e
outros males.
parafina líquida, que ajuda a amolecer a bola de pêlo, permitindo com isso que o
bolo passe pelo trato digestivo; mas é preciso estar sempre alerta aos sintomas que
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o problema acarreta. A fim de preveni-lo e manter o gato saudável e livre de prisão
de ventre, deve-se ter o cuidado de lhe colocar sempre ao alcance uma vasilha com
água, de manhã e de noite. Muita gente fica surpresa, ao saber que a maioria dos
gatos prefere água a leite e que, na maior parte dos casos, a água é mesmo melhor
para eles. Todos os gatos deveriam ser escovados e penteados diariamente, para
evitar que engolissem pêlo solto. Não só os gatos de pêlo comprido, mas também os
dá ao trabalho de aprender a cuidar deles, de saber o que é melhor para eles, o que
se lhes deve dar de comer etc. Da mesma forma que os seres humanos, os bichos
sofrem e sentem-se desprezados quando não se liga para eles — sejam peixinhos
Muitos de nós somos culpados de não agir logo, quando um bicho está
doente ou não parece muito bem. No caso dos gatos, principalmente, um dia, ou
mesmo umas horas de demora no tratamento podem fazer muita diferença. Todos
os veterinários concordam nesse ponto e, certa vez, o Dr. Randall (nosso atual
Ele sabe que nós o chamamos só para ter a certeza de que os nossos
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servem para fazer uma boa refeição para um ser humano e um gatinho novo pode
ficava com algumas roupas para fotografar e anunciar. Como eu vestia o mesmo
número que ela, consegui que ela me desse algumas peças que não queria... o que
fazia um bem enorme ao meu ego. Até que fiquei irritada, quando ela me ofereceu
um lindo casaco de lã vermelha, "que precisava ficar com ela somente por uns dias,
T. Catt adorava flores e nós brincávamos com ele, dizendo que parecia o
Touro Ferdinando, cujo maior prazer era cheirar as flores. Lembro-me que passamos
amores-perfeitos das mais variadas cores e tons de azul, roxo, laranja e amarelo;
Há pessoas que parecem ter mais sorte que outros no cultivo de flores.
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— nascidos em maio — os de Virgem, que aniversariam em setembro ou os
emanações etéricas são absorvidas, propiciando a energia extra que resulta num
crescimento mais rápido e saudável das plantas. Conheço uma pessoa que possui
algo, por assim dizer, improvisado: por causa da guerra, as cortinas do blackout
ajudavam a escurecer o quarto, mas não havia água corrente, de modo que
o máximo de cuidado para evitar que a poeira se juntasse nas bacias. Logo aprendi
que é preciso manter toda a limpeza possível ao processar filmes e fazer revelações,
quase tanta limpeza quanto num hospital. Também aprendi que, se a pessoa
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Muita gente se pergunta por que existem películas de tamanho reduzido.
Parece que a vantagem está em tornar o filme mais acessível ao grande público,
principalmente pelo fato de ser mais fabricada que as outras. A firma belga Gevaert
fabricou o filme, em colaboração com a Agfa, cuja câmara de 35mm foi uma das
lançou no mercado a Compase, uma câmara de pulso, que utilizava uma película
também esse filme, que é mais ou menos a metade do tamanho da de 35mm. Pouco
uma das melhores jamais fabricadas mas que, não sei por que, não recebeu a
representava uma vantagem, é coisa discutível. Vi algumas fotos tiradas com essa
câmara e devo dizer que, do ponto de vista de qualidade, eram quase perfeitas.
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A amizade é o
conforto indescritível
George Eliot
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Capítulo 8
A vida é feita de sol e de sombra e não seria bom para ninguém se tudo
fossem experiências deprimentes ou extasiantes. Não sei quem disse que "Se o sol
ser restaurada. É como quando a gente se afastasse de alguém com quem está
diariamente — o fato de ter havido uma separação temporária faz com que o
uma mistura como a que acabei de descrever, onde nem tudo foi alegria e felicidade
vida, achando que ela deve ter sido diferente devido às circunstâncias pouco
comuns, em que uma pessoa deixou esta divida e o seu lugar foi tomado por outra.
Vocês, que: têm seguido os ensinamentos contidos nos livros de Lobsang Rampa (a
quem devo tanto, que acho que não vai ser possível pagar-lhe, nem em muitas
outras vidas), por certo conhecem em detalhe a longa caminhada. Como a sua
descrição tem muito mais força do que a minha, não vou me estender mais sobre o
assunto.
Lobsang Rampa tem a vida mais difícil do que a maioria das pessoas
ações (ou falta delas) poderiam ter facilitado em muito as condições para aquele que
nos sempre intrigados ao pensar na força especial que fizera com que nos
encontrássemos e no propósito que devia haver por trás dela. Eram tantos os
incidentes, as recordações de coisas que deviam ter-se passado, mas que pareciam
nebulosas, como se envoltas numa espécie de fog! Foi só quando Lobsang Rampa
entrou em cena, que a luz se fez sobre muita coisa e é por essa luz, que iluminou os
direção ao alto, a gente vai percebendo que não é aconselhável, nem mesmo
subconsciente: dê-lhe um nome mas não diga a ninguém qual é, ou o seu poder — o
ajudar alguém na caminhada, mas o que pode ajudar uma pessoa pode prejudicar
outra, de modo que vamos guardar as nossas experiências para nós mesmos, de
maneira a beneficiar pelo menos uma pessoa, ao invés de espalhar uma porção de
47
"receitas" que provavelmente não beneficiariam ninguém — em parte, porque não
Há algo, porém, que pode ser passado adiante, na certeza de que irá
ajudar pelo menos alguém que ache a sua cruz pesada demais. Várias vezes
problemas que não seja capaz de suportar. Há sempre alguma circunstância que
tolerância, e isso acontece com todo mundo, em determinada altura, a menos que
sejamos um desses raros indivíduos que, por uma razão qualquer, sofreram numa
outra vida e estejam tendo um descanso, ou que não tenham alcançado o estágio
em que uma experiência desse gênero seja considerada benéfica ao seu progresso.
precisei, uma sensação de força que não julgara possível ter. Estou dizendo isto
escreveria um livro sensacional, cheio das coisas excitantes que quase todo mundo
gosta de ouvir. Bem, embora não queira desiludir ninguém, nunca tive a intenção de
escrever uma história "sensacional". Não há nada de sensacional no meu livro (toda
a minha vida tem sido vivida segundo a lei da Natureza), de modo que o meu maior
desejo é que, aqueles que lêem estas páginas, as aceitam como elas são, uma
gato muito inteligente e alguém que eu creio ter alcançado um nível bastante alto na
escala evolutiva.
Talvez haja quem ache interessante saber que, sempre que me sento à
48
aparece a figura ou impressão — como quiserem — de um gato, sob uma forma ou
outra. É quase como se eu fosse impelida a fazer com que ele fosse o tema central
da minha história e não tivesse outra escolha. Agora mesmo, enquanto escrevo, há
uma gata muito inteligente sentada bem à minha frente, com os olhos semicerrados,
mas com um ar de quem está alerta. Essa criatura, uma das mais inteligentes que
tive a honra de conhecer, parece estar me dizendo que eu escreva mais acerca de
gatos e do seu mundo felino — e que, se eu não estiver suficientemente a par desse
mundo, devo perguntar. O Guv — como todos nós chamamos, afetuosamente, o Dr.
Rampa — está sempre pronto a dar conselhos e dicas tirados do seu vasto
contamos com um ótimo veterinário, igualmente pronto a nos dar os frutos da sua
experiência. Por tudo isso, a minha Lady Cleópatra não vê razão para que eu não
escreva um livro todo sobre felinos, contando muita coisa que as pessoas gostariam
de saber, mas não sabem. Por conseguinte, talvez seja boa idéia voltarmos a falar
de gatos, assunto que tanta alegria e felicidade traz aos amantes dos bichanos.
49
O amor não consiste
e sim em olhar
na mesma direção.
Antoine de Saint-Exupéry
50
Capítulo 9
Diz-se que as pessoas são como navios que passam, mas isso também
pode ser aplicado a outras criaturas, e vou me referir aqui, particularmente, aos
gatos. Todos nós, criaturas humanas e animais, somos como navios que se
encontram em alto mar, param para se cumprimentar e depois continuam, cada qual
fazer, deixai que o faça agora, pois talvez eu não volte a passar
demasiado tarde reparamos no gesto amigo que poderíamos ter tido, ou na palavra
de apoio que poderíamos ter dito, e que sem dúvida teria dado ânimo à pessoa a
fiquei espantada ao ver quanta coisa mudou desde que o livro foi iniciado, há dois
anos atrás. Várias das pessoas nele referidas, senão todas, já desapareceram da
nossa vida. Pensar nisso pode ser bastante desconcertante, se você for dessas
51
Recordando e ainda tratando do tema felinos, cabe a lembrança da Sra.
Potter, que tinha um gatil muito bem montado e ocupava uma posição de
Eu gostava de bater papo com a Sra. Potter e de visitar o seu gatil, para
ver os lindos gatos e gatinhos. Nunca nos passaria pela cabeça que a situação
mudasse, e tão depressa; mas, quando o Amor entra em cena, tudo pode acontecer.
Ela enviuvara muito cedo e conservara este estado durante alguns anos, quando
resolveu casar de novo e partir para os Estados Unidos com o segundo marido,
levando, segundo creio, alguns dos gatos aos quais mais se afeiçoara.
Antes de ir embora, ela teve a idéia de gravar uma fita com as impressões
sonoras de sua família de gatos, antes de uma das refeições do dia. Assim, sempre
que pomos a fita para tocar, nos lembramos daqueles tempos felizes. Além disso, a
gravação nunca deixa de atrair a atenção das nossas Miss Cléo e Miss Taddy, que
aquela raça que não tem rabo — era muito querido da Sra. Potter e não tenho
dúvidas de que a acompanhou. Não sei se Mr. Ming, o cão cuja tarefa era guardar o
gatil, também viajou, mas espero que sim, pois era uma criatura extremamente
simpática e dedicada, que levava muito a sério os seus deveres. Uma das coisas
mais tristes deve ser ter que abandonar um serzinho querido, principalmente um
animalzinho, que não pode dizer o que está pensando e para quem é tão difícil
acostumar-se a uma vida diferente, após ter vivido tanto tempo num lugar e passado
tantos anos cumprindo com os seus deveres. Mr. Ming sempre foi muito gentil
comigo, quando eu ia visitar o gatil, de modo que tenho a certeza de que, onde quer
52
Quem quer que tenha lido o meu livro A Mente Felina se lembrará de dois
gatos siameses, chamados Tiki e Shara, que haviam sido adotados pela Sra. Potter,
enquanto ela procurava encontrar um lar permanente para eles. Não tinham a
temporários e não podia arriscar-se a uma briga entre gatos desconhecidos. Em vez
causava um problema para Tiki e Shara. Por isso, foi um dia feliz, aquele em que um
mostrou logo interesse pelo casal e especial afeto pelo homem, influindo na sua
escolha. E assim foi que aquele casal de ex-fazendeiros, que estava em Calgary
apenas de passagem, pôde propiciar um lar feliz e permanente para dois bichinhos
que, sem culpa nenhuma, tinham sido mais ou menos abandonados pelos antigos
Seria bom que todas as histórias de gatos terminassem de maneira tão feliz, pois
esses dois gatinhos encontraram uma família que soube apreciá-los e o ex-
fazendeiro e sua esposa receberam, em troca, toda a gratidão que só os bichos são
capazes de oferecer.
ações não só dos humanos, mas também de outras criaturas de Deus, Estou
pensando numa certa família felina. Já escrevi sobre a mãe-gata siamesa Nikki que,
com a idade de doze anos, teve de ser mandada para o Outro Lado, por estar
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sofrendo de uma doença fatal e galopante. O Vovô Gato conhecera Nikki toda a sua
vida e, como ele próprio chegara à avançada idade de dezesseis anos, deve ter
sentido muito a falta dela. A medida do seu sofrimento só foi, porém, perfeitamente
apreciada quando, algumas semanas depois da morte de Nikki, ele foi aos poucos
companheira de tantos anos. Ficou apenas Ichabod, com dez anos, que nunca se
afastara da mãe Nikki ou do Vovô Gato. E, como, pelos padrões humanos, ele teria
porque ele nunca fora o que se diz um gato "normal", devido a uma doença que
tivera.
Penso muitas vezes em Ichabod, vivendo sozinho e triste o resto dos seus
bichano. Poucos dentre nós temos a noção exata do tormento que, conscientemente
ou não, podemos causar através do que geralmente não passa de puro egoísmo,
por não sermos capazes de suportar o fato de perder um bicho — sofra ele ou não
compreendemos que isso seria a coisa mais humanitária a fazer. Quando o animal
nosso egoísmo fale mais alto, embora eu reconheça que seja uma atitude difícil de
que lhe dê uma injeção indolor, tornando mais fácil ao animalzinho atravessar o rio
para o outro lado da vida, onde o esperam amigos da mesma espécie e onde ele
54
estimação não estarão sós quando chegar a hora de atravessar o rio para a Grande
ente querido, seja ele humano ou animal, e se perguntam onde ele estará, se estará
se sentindo bem, ou sozinho. Quem tiver lido os livros de Lobsang Rampa, não terá
dúvida quanto às experiências passadas pelos seus entes queridos. Saberá que vai
poder encontrá-los durante o sono e que, quando chegar a hora de fazer a viagem
para o País da Luz Dourada, encontrará todos aqueles com quem esteve em
harmonia na Terra — e também com aqueles com quem não esteve em perfeita
harmonia podem ter compreendido os seus erros, da mesma forma que você pode
demasiado, que devemos ser mais plácidos, principalmente em relação aos nossos
entes queridos. Quanto mais a gente se preocupa, mais difícil é para eles. Os que
estão do outro lado sentem-se atraídos por nós, na Terra, através de fios invisíveis
que ainda estão encarnados. Isso é fácil de dizer, mas não tão fácil de fazer, mas
pelo menos podemos nos esforçar nesse sentido, pois ninguém que tenha
mais humano deixá-los partir para o Verdadeiro Lar! E, muitas vezes, as pessoas
55
O que fica atrás de nós
comparado com
56
Capítulo 10
futuro e voltar ao presente, espera-se que, por causa disso, a clareza não venha a
sofrer. Quando uma amiga inglesa leu o original datilografado de A Mente Felina,
comentou que todos aqueles nomes de lugares no Canadá lhe deixavam um bocado
confusa. Já que nunca tinha visitado este país e não tendo alma de viajante, ficava
tonta só de ler sobre os vários lugares por onde tínhamos andado e onde tínhamos
vivido. Tenho quase a certeza de que não era questão de querer estar em nosso
lugar; a inveja é um defeito que não se lhe podia atribuir, pelo menos a esse
respeito.
deixem-me dizer que, às vezes, a gente encontra um "navio" (uma pessoa) pela
No ano passado, sem mais nem menos, recebi uma carta de alguém com
quem há quase dezessete anos não tinha contato e de quem não esperava ter
notícias, pois vivíamos em países diferentes e, sendo ela muito mais jovem, então
Não obstante, Adrienne me escreveu porque a Família Rampa "não lhe saía da
viagens, Adrienne me acompanhou. Como era a primeira vez que saía de casa, foi
uma experiência e tanto para ela — e uma responsabilidade enorme para mim.
Disse-me, na carta, que depois disso fora muitas vezes a Londres e que sempre
único lugar que ainda tinha quartos. Apesar disso, aproveitamos bem a viagem e,
como o avião era pequeno e voava baixo, pudemos apreciar a beleza da paisagem
Tussaud, que reunia figuras de gente famosa, e infame. A masmorra dava arrepios,
São Paulo, onde se pode ver a obra de Sir Christopher Wren e, naturalmente, o
Park, em cujos lagos homens e crianças punham seus pequenos barcos na água
para navegar.
Achamos que seria boa idéia ir a um cinema, desde que houvesse algum
filme interessante passando. Alguma força superior devia estar nos guiando, pois
não demoramos a achar um filme muito adequado para Adrienne. Contava a vida de
uma freira e, como a minha jovem amiga era católica, a escolha não podia ter sido
melhor. Nunca esquecerei o título do filme, Heaven Knows, Mr. Allison, no qual
Deborah Kerr fazia o papel da freira. Adrienne ficou fascinada. Hoje em dia, ela está
casada, tem um casal de filhos e, neste ano que passou, recebi várias cartas dela,
um exemplo de alguém que "passou pelo meu caminho" mais de uma vez e se, por
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acaso, Adrienne pensasse que tudo tinha sido um sonho e que nunca tinha feito
aquela viagem a Londres, precisava apenas puxar da carteira e olhar para as fotos
encontramos em nossa vida, porque o que devemos fazer é andar em frente não
viver no passado, para que possamos progredir no nosso caminho, subindo, sempre
Muitas vezes deparamos com uma pessoa que vive muito feliz, mas sem
pensar em progredir, portanto vive num perfeito marasmo. Embora algumas pessoas
se dêem a esse luxo, a maioria precisa abrir caminho para poder alcançar o objetivo
embora o tempo não pare de correr e, se não abrirmos bem os olhos, talvez depois
seja demasiado tarde, e seria muito triste se fôssemos obrigados a voltar à Terra
para concluir uma tarefa deixada incompleta. Quantas vezes me disseram para não
"olhar para trás" e sim para ir em frente, com um objetivo em mente. E essa a idéia
expressa no episódio da mulher de Lot, na Bíblia: ela olhou para trás, quando a
nosso objetivo.
decorriam quase iguais uns aos outros, sem que nada de muito interessante
acontecesse.
Só quando Mr. T. Catt, o nosso "tigre", tinha os seus quatro anos, é que o
deixamos sair sozinho. Eu e Cari discutimos o assunto e decidimos que ele ficaria
59
em segurança andando nas vizinhanças da casa, desde que não tentasse
algum vizinho.
Uma das atrações para o nosso "tigre" era o fato de os vizinhos criarem
outro problema — pulgas! Era um dia aziago para ele, quando o levava para o
quintal e, com todo o cuidado (sem afetar os olhos e as orelhas) lhe esfregava pó
contra pulgas no pêlo, pois cada vez que ele visitava o galinheiro voltava com uma
pulgas, deve-se catar cuidadosamente os gatos e evitar que eles andem perto de
Nós nos divertíamos muito com Mr. T. Catt. Ele adorava pegar nas mais
delas com urgência. Lembro-me de certa vez em que Carl estava à procura de um
isto é, Mr. Catt, saiu de um peitoril onde costumava passar horas sentado, trazendo
na boca a faca, que depôs, todo satisfeito, aos pés de Carl. Devia ter estado fora
60
muito tempo, pois ficara enferrujada. Foi um episódio que terminou bem, porque, até
encontrarmos o instrumento, Carl deve ter pensado que eu o tivesse tirado do lugar.
De outra feita, o nosso tigre chegou a casa com aspecto de quem brigou
e levou a pior, pois estava todo lanhado e com uma orelha mordida Talvez fosse o
resultado de seu gosto pela fanfarronada, pois era nativo de Leão. Ainda muito
novinho, caíra do mesmo peitoril onde costumava sentar-se e fora parar no chão, um
andar abaixo. Foi miar na porta da frente, como se nada lhe tivesse acontecido. Sem
dúvida, porém, isso lhe diminuiu em uma as sete vidas que se atribuem aos gatos.
mas continuávamos com poucos amigos. Entre estes, um oficial da Real Força
Aérea e sua esposa. Um dia, resolvemos alugar um barco e passar a tarde vagando
no rio Wey. Pensamos que não seria má ideia levar o nosso tigre, seria uma boa
mudança para ele. Uma boa mudança, vírgula! Tenho a certeza de que foi o dia
mais infeliz da sua vida. Ficou o tempo todo ofegando como um cachorro e
parecendo que ia morrer. Foi essa a primeira e última vez que Mr. Catt andou de
barco...
61
O grande homem (ou mulher)
nem sempre
62
Capítulo 11
Weybridge: o casamento da então Princesa Elizabeth com o Príncipe Philip, hoje reis
da Inglaterra. Foi um momento feliz, aquele em que, do nosso posto, na ponte que
dá para St. George's Avenue, vimos passar a comitiva real, levando o jovem casal
para gozar parte da sua lua-de-mel com seus parentes, Lord e Lady Mountbatten.
Era um dia frio de novembro, com a chuva molhando os que faziam questão de
assistir à passagem da carruagem real. Onde quer que a família real se encontre,
ingleses têm grande afeto pelos seus reis e rainhas e por tudo o que a monarquia
representa.
Durante um certo período, durante a guerra, Mary, a filha mais nova de Sir
Winston Churchill, passou algum tempo na região, junto com outras moças do Corpo
obra de Shaw Desmond era, então, muito popular, bem como os. livros de Paul
princípio, não gostava de vê-lo ler tanto, pois achava que ele ficaria sabendo muito
mais do que eu. Era uma forma estúpida de pensar, mas não tão incomum como se
possa crer, a julgar pelas cartas que recebemos. Hoje em dia, sei que todo mundo
acontece com tanta gente que casa, ainda tínhamos muito que aprender um sobre o
outro, de modo que passávamos muitos momentos falando sobre a vida que
A juventude de Carl não foi muito feliz. Era um rapaz distante, difícil de ser
mecânico, coisa que ele detestava. Enfrentando intempéries, ficou com problemas
coisa que achava muito mais interessante e para a qual parecia ter uma certa
vocação. Na companhia em que trabalhava quando nos conhecemos, Carl tinha sob
bem mais satisfatório. O cargo que ele ocupava em Weybridge também era ligado à
publicidade, e Carl desempenhava-se bem nele, o que prova que uma pessoa que
faz um trabalho que gosta tem muito mais chance de ser bem-sucedida do que
alguém que é empurrado para fazer algo de que não gosta e por que não se
interessa.
talvez tenha sido bom, porque os dois não se davam bem. Aparentemente, a irmã
era a favorita dos pais, conseguindo deles tudo o que desejava, ao passo que Carl
tinha de lutar sozinho. Às vezes penso que talvez Carl cedesse muito facilmente, em
vez de exigir um tratamento igual dos pais, principalmente da mãe, que parecia
cortar-lhe todas as ambições. Mas é muito fácil ver o que as outras pessoas
deveriam fazer, e não tão simples resolver os nossos próprios problemas, por isso
não devemos censurar tanto os outros, principalmente quando não estamos a par de
todos os fatos. Cari costumava falar com afeto do pai. Eles sempre tiveram um bom
64
relacionamento e isso ajudava a equilibrar a situação, pois de outra forma teria sido
muito ruim para Carl. Ele falava freqüentemente do pai e parece que sua mãe tinha
têmpera mais sóbria. Porém não tive o prazer de conhecê-lo, pois morreu alguns
meses antes que eu e Carl nos conhecêssemos. Sempre gostei muito de ouvir falar
preto, foi um companheiro fiel, principalmente nos seus últimos dias de vida, ficando
no seu colo de inválido até ele partir para regiões mais felizes. Carl costumava falar
na bênção que esse gato tinha representado, pois parecia ter o dom de confortar o
velho, e de como, quando seu pai fora, John sentira a perda do seu dono querido.
Fiquei sabendo também que o nome completo do gato preto era Johnny
Shanko. Mais tarde, Johnny Shanko teve que ir dormir antes da hora, pois a família
se dissolveu e resolveu mudar para muito longe e não seria possível levá-lo. Muitas
vezes pensei se não teria sido possível achar outra solução, que certamente
acabaria sendo encontrada, se a mãe de Carl tivesse mais paciência. Ouvindo Carl
falar do gato, senti o doloroso que deveria ter significado para ele. Não obstante,
tivesse vivido até o fim da Terra, não teria voltado para nós sob a forma do nosso
pequeno tigre. Realmente, não há mal que não venha para bem!
Rampa, autor conhecido no mundo inteiro. Pode ser que não compreenda coisas
Lobsang Rampa, o leitor ficará entendendo como Johnny Shanko, o gato preto de
Carl, pôde voltar à Terra como Mr. T. Catt, a fim de completar o ciclo de vida que
65
antes lhe fora negado, ao ser enviado para o seu lar celestial antes do tempo. É
que vamos voltar a nos encontrar neste plano terrestre ou no próximo, que não vai
mais haver separação. Se vocês lerem os livros que mencionei, poderão ter uma
vida muito mais rica, desde que os levem a sério, pois todos os dezessete títulos —
e parece que em breve vai sair o décimo oitavo — não dizem senão a verdade.
Muita inverdade se tem escrito sobre Carl e sobre Lobsang Rampa, seu
dizer que ele era bombeiro-hidráulico. Que diferença faz que Carl seja filho de um
ser que isso possa trazer satisfação a certas pessoas que pretendem denegri-lo e
possui uma mentalidade superior, algo que as pessoas que tentam destruí-lo não
entendem. Mas o que nunca consegui entender foi o que pode haver de errado em
ser bombeiro — Cristo não era filho de um carpinteiro, de alguém que trabalhava
ambas. Por que colocar um estigma num bombeiro ou num carpinteiro? Pelo que se
homens ou mulheres, que vêm à Terra antes do seu tempo, são perseguidos pelo
66
muito mais adiantado do que a maioria das pessoas que vivem nela. Isso faz com
que sejam malvistos pelos que não podem entendê-los. Diz-se que as pessoas
temem e procuram destruir o que não entendem, assim, pode ser essa uma das
razões pelas quais esses seres superiores têm tanta dificuldade em levar avante a
inteligentes, mas isso não impede que procuremos destruir tudo aquilo que não
compreendemos! É uma sorte que essas criaturas como o Yeti (também chamado o
vez em quando, são vistos saindo dos Objetos Voadores Não-Identificados, nunca
67
Nenhum livro é tão
algo de bom.
Plínio
68
Capítulo 12
vida eram inteiramente diferentes das de agora, e eu gostava de ouvir Carl contar
Cari morava numa casa conhecida como a Prefeitura, pois fora anteriormente
residência do prefeito. Era uma casa enorme, construída numa elevação, e tinha
abriam para um jardim de cerca de três acres — que também exigia pelo menos um
jardineiro. Nesse jardim, à esquerda, havia uma casa de pedra com janelas de vidro
algum tempo, quase vesgos e meio tontos, devido aos efeitos causados pela luz
multicolorida.
de forte, com canhões à volta. Depois, desciam-se alguns degraus até um grande
tanque com peixinhos dourados, que tinham sido ensinados a puxar um fio quando
estavam com fome. Eu ficava fascinada, ouvindo Carl contar coisas sobre a sua
segurava duas rodas. Quando se abria uma torneira, a água jorrava e ouvia-se uma
69
lago ficava um grande aviário, construído contra um muro. Era muito espaçoso e as
Espero que os leitores não fiquem entediados com estas descrições, mas
acredito que a maioria ficará tão fascinada quanto eu, ao imaginar aquele jardim de
outros tempos.
Carl tinha a capacidade de, ao contar coisas da sua juventude, fazer com
que tudo fosse revivido. Eu sentia que estava literalmente vivendo em meio àquela
Quero contar mais alguma coisa a respeito desse jardim, mas vamos
agora mudar um pouco de assunto, porque os que, como eu, forem amigos de
mudanças, devem estar querendo evitar essa horrível sensação de tédio e sem
dúvida erguerão aos céus uma silenciosa prece de gratidão. O nome do chefe de
família que habitava a Casa da Prefeitura era William. É importante assinalar este
fato porque ele tinha dois nomes, mas William será suficiente para identificá-lo. Muito
bem, esse senhor, que era engenheiro hidráulico chefe do distrito, morava bem em
frente à prefeitura propriamente dita que, por sua vez, ficava ao lado do Quartel
Central de Polícia.
Pode parecer estranho, meio século mais tarde, entender que Wiliam,
estendendo-se até o Castelo de Plympton, que tinha uma bela torre de menagem,
70
As muralhas do castelo estavam em ruínas, mas ainda se podia perceber
o seu plano originário. Eram muralhas extremamente grossas, tão grossas, que
havia um túnel passando por elas e levando a uma câmara escondida, sob a
elevação onde se erigia o castelo. Essa câmara fora recentemente obstruída por
pedras que haviam caído. Do lado de fora das muralhas havia uma grande pedra
vermelha. A lenda — como sempre, imprecisa — contava que o Príncipe Negro tinha
visitado o castelo e, por ter muito mau gênio, castigara um guarda menos obediente,
espatifando-lhe os miolos contra a tal pedra, que desde então ficava vermelha do
sangue do coitado.
pequena caleça puxada por um pônei, carregando o seu comprido estetoscópio, que
naquele tempo era de madeira e comprido, como se fosse uma bengala: numa das
grossa do pau no chão e ficava escutando, para ver se a água estava saindo do
da direita, ia-se ter a um pomar. O jardim era muito grande. Uma horta ocupava
cerca de dois acres e, entre ela e o jardim, havia uma casa onde eram guardadas as
bombas contra incêndio que William adquirira, pois não havia outro Corpo de
Papai William eram puxados por cavalos. Cada vez que havia um incêndio, seguia-
se uma reunião do Conselho, que votava quanto se devia pagar aos bombeiros.
71
Todos esses bombeiros usavam uniformes azul-escuro e reluzentes
algum empreendimento.
influenciado por seu irmão Richard, que pertencia à Academia Real, onde, inclusive,
havia vários quadros seus. Mas William era de temperamento impulsivo, o que fez
com que comprasse várias "antiguidades" que nada tinham de autêntico, empatando
dinheiro nelas. Ao descobrir mais tarde que muitos dos quadros e obras de arte
eram falsificados, todos da família ficaram perplexos. Depois que William faleceu,
verificou-se que, embora no papel os seus bens valessem muito dinheiro (graças,
sobretudo, às antiguidades), grande parte não tinha valor, por ser constituída de
falsificações.
Volto a afirmar aqui que Papai William nunca foi bombeiro hidráulico (só
se a confusão for devida ao fato de ele apagar fogo ..) e sim engenheiro hidráulico
chefe do distrito. Insisto nisso porque muita gente, principalmente jornalistas, tem
dito, em tom de sarcasmo: — Como é que o filho de um bombeiro pode saber algo
além de mexer com canos? Felizmente, isso não mais me afeta, pois aprendi coisas
mais importantes do que ligar para a imprensa, que não se importa em provocar
possível manter o ânimo em meio a mais cruel das doenças. Aprendi a sentir
satisfação neste planeta, tantas vezes decepcionante. Vi como uma pessoa ajudou
tenha agido assim, o fato de ter estado imersa nesse clima de bondade decerto
72
deixou marcas no meu subconsciente, o que permite que cada vez mais eu me torne
Não, William não era encanador, mas que importância tem se tivesse
os dois campos. Ambas as famílias (naquele tempo ricas) foram à Justiça e, quando
uma família perdia uma ação, entrava com uma apelação. A coisa continuou assim
homens sob suas ordens, esses homens trabalham horas extras, fazendo serviços
tubulação, conforme devia. Aconteceu que esse homem, que não era lá muito
inteligente, estava freando o pônei para saltar da caleça, quando o animal se mexeu
e o fundilho de suas calças ficou preso na lâmpada da caleça. Ele estava justamente
lembrou-se de que estava de plantão. Na pressa, não pensou mais nas calças e
parou o carro, ao ouvir uma tremenda risada. Eram os outros bombeiros, rindo do
colega, com o seu capacete reluzente, mas sem calças e com as fraldas da camisa
73
Antes de deixarmos o interessante assunto da água e seus usos, quero
relatar um caso que li no The Albertan, ainda esta manhã, 1.° de dezembro de 1976:
tardou a lhe bater à porta. Pôs-se ao trabalho e em breve tinha consertado o defeito.
Talvez vocês já tenham, como eu, ouvido essa piada, mas a verdade é
que ela reflete as mudanças que estão ocorrendo. Bombeiros ricos, médicos
pobres...
74
ODE À MONTANHA
No alto da montanha
Só tu e eu,
Só tu e eu.
75
Interlúdio
parecem ter uma pressa desesperada em chegar a algum lugar, sem poder esperar
por ninguém?
sete e, ao mexer nas primeiras páginas desse livro vejo que a última (ou será melhor
dizer "a primeira?") parte dele foi concluída em princípios de dezembro de 1976. Que
aconteceu nesse intervalo? Doenças na família, doença fatal num dos casos,
nestes quatro meses! Mas, pelo menos, eu posso dizer: "Saudações, Lírio Tigrino,
vamos continuar com a nossa história!" Talvez este seja o momento adequado para
espalhados à volta do nosso planeta. Quero dizer àqueles que me escreveram após
terem lido o meu primeiro livro, A Mente Felina, que muito apreciei as suas palavras
especialmente feliz por ver que, através das suas páginas, muita gente ficou
sólido de companheirismo com eles.- Uma dessas pessoas que me escreveu disse
que desde jovem sempre tivera cães e pouco sabia a respeito de gatos. O gato do
vizinho ignorava-a quando se encontravam, mas, para sua grande surpresa, depois
de ler as histórias de A Mente Felina, o gato começou a lhe dar atenção. E ainda há
quem diga que os gatos são pouco inteligentes!!! A maioria das pessoas inteligentes
conhece algo sobre a história dos gatos, como eles foram torturados, tidos como
feiticeiros (e, em certas épocas, adorados como deuses). Bem, se como talvez seja
76
possível, eles tinham que pagar por erros passados, reais ou imaginários, a
"humanidade" cuidou de que pagassem muito caro, mas agora eles se redimiram.
Muita gente talvez não saiba, mas os gatos fazem tanto para ajudar os humanos,
que vai levar muito, muito tempo, para que possamos pagar-lhes o mal que nós lhes
causamos e o bem que ora estão fazendo em prol da humanidade. Espero, pelo
menos, contribuir um pouco para mostrar aos que estiveram interessados como é
obrigações cotidianas e a Páscoa me permite isso, fazendo com que eu possa usar
outras partes do meu cérebro, dedicar-me a fazer coisas diferentes da rotina que o
dia-a-dia exige e que não envolve grande esforço intelectual. No caso de escritoras
como eu, a ocasião permite que paremos para bater papo e não tenhamos que
correr à caixa postal para apanhar a correspondência e ter que responder às cartas,
o que nos consome a maior parte do dia. Não me entendam mal. Nós recebemos
reclamando e sim dizendo apenas que é bom poder parar um pouco a fim de
"recarregar" o mecanismo.
Conheço uma senhora que não pode funcionar se não parar de vez em
quando para se sentar, fechar os olhos e esquecer o mundo à sua volta. Ou então
vai até o jardim e cuida dos canteiros de flores, a fim de relaxar. Atualmente, ela está
vivendo momentos de grande tensão, causados pela doença de duas pessoas muito
idosas da sua família, que não têm esperança de se recuperar. Felizmente, ela está
agora aposentada, após ter passado muitos anos viajando de um lado para o outro,
77
Há uns dias atrás, tivemos ocasião de nos falar, e ela me disse quanta
coisa aprendeu nos últimos anos, coisas que anteriormente só tinham existido como
teorias na sua cabeça, mas que aos poucos ela foi pondo em prática. Por ter mais
família, ela constatou que, quanto mais trabalhava com as mãos, num hobby com a
mente ela ficava. Foi com grande interesse que a ouvi contar isso, pois o mesmo
aconteceu comigo. Às vezes, acho que não aprendo com facilidade e que deve ter
havido uma porção de falhas na minha instrução, com relação a conceitos que eu
No que diz respeito à sensibilidade, ainda no outro dia ouvi no rádio algo
ou seja, sabem que vai haver um terremoto dentro de seis anos, mas não podem
precisar quando. Disse também ter sido constatado que as humildes baratas são,
desse tipo de fenômeno. Essa minha amiga que tem os parentes doentes me contou
que, de vez em quando, tem umas sensações estranhas e que "você pode apostar o
que quiser como, dentro de três ou quatro dias, outro terremoto sacudirá o planeta".
Contou que, há algumas semanas atrás, estava preocupada com a doença dos
parentes quando sentiu os primeiros sintomas de uma gripe e, ainda por cima houve
um desses terríveis ataques que precedem um tremor de terra — tremor esse que
logo foi noticiado. Não há dúvida de que se trata de uma pessoa altamente sensitiva.
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Trabalhar com as mãos é, realmente, algo que pode nos ajudar a
progredir e até, em certos casos, a preservar a saúde mental. Como acontece com a
maioria das coisas, bastando que se saiba vê-las, o trabalho manual tem o seu lado
bom.
Neste fim de semana de Páscoa, vimos uns filmes do National Film Board
e um deles tratava dos hippies e seus imitadores. Ao que parece, eles estão
encontrada foi convidá-los para uma reunião com o Prefeito, no seu gabinete. O
para todo o mundo, trabalhar, ter um emprego, pagar pelas coisas que se
consomem na vida.
— Então, por que é que todo mundo procura trabalhar o menos possível?
E eu pensei:
haver ponto de contato, ponte de comunicação entre eles, de modo que todos se
sentem como que perdidos. Felizmente, a gente pensa que em breve a humanidade
chegará ao "fundo do poço" e depois teremos outra Idade de Ouro, pois não haverá
outro jeito senão subir. Mesmo que muitos de nós não vivamos para ver isso,
79
nesse meio tempo, destruamos o planeta...) e se sentirão orgulhosas, e não
fez sentir grata. Há sete anos atrás, quando estávamos vivendo em New Brunswick,
desagregasse dali a três a seis meses e teria sido muito triste. Que faria eu com os
meus dois gatos siameses, que naquele tempo eram ainda bebês, mas que já
mostravam tanto amor por Lobsang Rampa (o Guv), sentimento esse recíproco?
Agora, sete anos mais tarde, novamente nos divertimos vendo filmes,
como naqueles dias que nos parecem já tão longínquos. Ainda recentemente, vimos
por Lotte Reiniger, essa brilhante alemã, de que já falei em A Mente Felina e que no
uma fotografia. Gostamos principalmente de saber que essa célebre alemã está
da British Broard Casting Corporation, que mais tarde fundou o National Film Board.
Lotte Reiniger, ao que parece, foi a pioneira do filme de silhuetas e fez o primeiro
anos, continua viajando muito e cheia de vivacidade. Foi uma grande experiência,
conhecê-la mesmo que apenas através de um jornal. É bom constatar que o nosso
sentir como a gatinha, que se sentia tão ancha pelo fato de estar incluída no quadro
de Buda, que acabou sobrando neste planeta e teve de ir para o outro mundo. De
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modo que, se todos nós não tivéssemos as nossas tristeza se as nossas tensões,
propúnhamos.
porque, nos dias úteis, há tanta gente pedindo ajuda, principalmente por carta, que
a primeira página deste "Interlúdio", a beleza do tempo fez com que eu pusesse de
uma hora. Temos um encantador motorista, que adora Cléo e Taddy, de modo que
me sinto segura quando as deixo com ele e saio do carro para comprar algo ou fazer
muitas vezes são endiabradas), fecha todas as portas do carro e guarda as minhas
gatas com zelo de pai. Cléo e Taddy têm Keith na mais alta estima e, acostumadas
que estão com ele, podem se esquecer da sua presença e devotar todas as suas
sentadas nos carros estacionados, ou que passam por nós (comentando "Que lindos
gatos!"), ou então fazendo o que Cléo e Taddy mais gostam, correr e deixar para
Tínhamos andado muito pouco, quando Mama San sentiu que os óculos
estavam frouxos e, mal tinha comentado a respeito, a lente direita caiu. Keith pulou
logo para fora do carro, abrindo a porta de trás e mostrando-se, como sempre,
solícito. Mas a lente foi rapidamente achada dentro do carro e logo nos metemos de
novo a caminho, Mama San sentindo-se meio cega. Foi um contratempo e tanto,
pois parte da minha missão era dar um pulo na casa de uma senhora minha
81
conhecida, que desejava me mostrar uns trabalhos que está fazendo. Essa senhora
faz de tudo, inclusive macramê, e seus dois filhos são artistas profissionais, um
por sua vez, faz histórias em quadrinhos, de modo que não pude apreciar como
devia as coisas que me mostraram. Outro hobby dela é fazer turbantes. Tinha um
quase pronto para mim e queria que eu o provasse. Achei melhor ela decidir
esperando cerca de duas horas de uma linda tarde para que lhe dessem sete pontos
no dedo. Foi apenas um pequeno acidente, uma luta para abrir uma lata de
Realmente, foi uma Páscoa a ser recordada por muitas razões. Após
esperar em casa mais de duas horas, telefonei para o hospital, a fim de saber o que
— Você acha que vamos voltar a ver mamãe? Aqui termina o nosso
Interlúdio.
82
Se você está sempre
em si mesmo!
83
Capítulo 13
Terminado o interlúdio, talvez seja boa idéia voltar à história central de
lírio tigrino, antes de perder completamente o fio da meada, porque eu gosto mesmo
feliz hoje em dia, que tenho a vantagem de experiências passadas, vantagem essa
que procuro utilizar para tornar a vida um pouco mais agradável aos outros membros
Naturalmente, isso levava a momentos difíceis, que por sua vez resultavam em
sofrimento para Cari, pessoa extremamente sensível. Felizmente, porém, ele nunca
abrigou qualquer ressentimento — passado algum tempo, tudo voltava a ser como
antes. O mesmo não acontecia com a Ra'ab, que ficava "morando" no assunto,
aumentando tudo o que fora dito e fazendo o papel do elefante, que nunca esquece.
Hoje, que a Ra'ab tem mais conhecimento das coisas, ela compreende as diferenças
que existem em cada pessoa e sabe que procurar controlar o leão e o touro,
principalmente quando eles coexistem na mesma pessoa, é tarefa muito difícil, pois
Uma coisa que me enfurecia era ser objeto de brincadeiras, mas hoje eu
vejo que isso era pura infantilidade da minha parte. Eu era demasiado "quadrada"...
Mas que é que vocês achariam se fossem empurrados para fora da cama, só por
brincadeira? Por trás de tudo isso, porém, eu sabia que a vida era muito mais do que
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num lugar qualquer, seria afetado, e que os meus atos, se eu me desviasse do
caminho que escolhera, poderiam causar um sério problema e resultar pelo menos,
numa grande perda pessoal. Nos nossos momentos de harmonia, eu ficava muito
feliz » em ouvir Cari dizer que a sua vida presente era a melhor que ele jamais
conhecemos, ele costumava me dizer que, do ponto de vista espiritual e mental, teria
achado a minha companhia interessante fosse eu homem ou mulher! Para mim, isso
era um maravilhoso tributo a outro ser humano e ele costumava fazer observações
Isso até eu resolver deixar de me pintar, por perceber que era o que ele
queria. Não havia dúvida que ele usava de psicologia. Mas, se você não se esforça
por agradar o seu marido, a quem mais você pretende agradar? Diz-se que as
mulheres se vestem para as outras e, não raro, para vantagem das outras. Procuram
competir umas com as outras e só se pode concluir que têm tão pouca confiança em
si próprias, que tentam ser melhores do que as outras para compensar o seu
sentimento de inferioridade!!!
ele quando começamos a sair juntos. Para minha surpresa, quando Carl o pendurou
85
Carl não suportava artificialismos de nenhum tipo, fazendo-me lembrar o
Esse faraó, que era fisicamente disforme, recusava-se a ser pintado diferente do que
era na realidade. Falando do Egito, já quase não me lembro por que comecei a ser
pelo meu verdadeiro nome, eu não me dava conta de que estavam falando comigo.
Às vezes, suspeito que o nome seja o diminutivo de um nome mais longo, mas isso
não tem importância. Já fui chamada de várias maneiras, durante a minha vida, mas
atrizes que nunca tiveram sorte e não conseguiram ir para a frente enquanto não
mudaram de nome. Depois que mudaram, foi como que uma porta se abrisse e eles
passaram a ser aclamados onde que fossem. Alguns nomes parecem dar azar e
impedir que a pessoa progrida, ao passo que outros são harmônicos e protetores.
Conheço uma pessoa que acrescentou apenas uma letra ao seu nome para poder
mas, como isso foi descrito em foi assim! um dos últimos livros de Lobsang Rampa,
repetindo! Sim, nós tivemos a nossa parcela — acho que até mais do que a parcela
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barba. Tenho boas razões para crer que algumas dessas pessoas, que nos
achavam loucos, não estão tão bem assim hoje em dia, umas deste lado do véu da
vida, outras do outro, onde é demasiado tarde para pedir desculpas e o máximo que
elas podem fazer é arrepender-se da sua cegueira. Às vezes, a gente sente uma
certa empatia pelos que foram avisados do seu propósito, da sua missão na vida,
oportunidade, têm que esperar muito tempo para poderem ver os seus erros e voltar
remorso e no arrependimento.
87
Acho que nunca hei de ver
88
Capítulo 14
todos pelas suas mágoas, em vez de olhar bem para si mesma e compreender que
é dentro de nós que está a maior parte, ou mesmo todo o mal. Há quem acuse todo
o sistema de estar errado, quem culpe o establishment pela sua falta de sorte, ou os
seus pais, ou o fato de não haver trabalho (às vezes, ha trabalho, mas não é
considerado à altura dos seus talentos imaginários). É por isso que tanta gente
O que acabei de dizer não é conversa fiada, pois quando olho para trás,
para a minha juventude, ainda me parece ouvir-me dizer, sempre que estava em
de tal comentário. Agora, eu sei que todos planejamos nascer, embora o resultado
possa ser um pouco diferente do que nós pretendíamos. A verdade que há nisto
veio-me à mente com maior nitidez há alguns dias atrás, quando estava relendo o
livro de Lobsang Rampa, Eu Creio, que acabou de ser publicado e dedica quase
dois terços das suas páginas a esse tema. Por isso, o rubor da ignorância deve, a
esta altura, ter empalidecido, à medida que me fui dando conta da verdade.
tanta felicidade trouxe às nossas vidas e que ainda está conosco sob outra forma,
pronto a me saudar com alegria quando chegar a minha vez de ir para a terra onde
Mr. T. Catt ficou todo excitado e entusiasmado, quando pela primeira vez
lhe permitimos percorrer, sozinho, os três e meio acres, mas a princípio a sua "mãe"
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humana ficou muito apreensiva. Acho que já mencionei isso, mas há pessoas que
pessoa ou dando a desculpa de que, quando a gente fica mais velha, costuma
repetir as coisas.
quando chegou a hora de ir embora, foi para ele um grande golpe, embora nós, na
ocasião, não percebêssemos isso. A primeira noite depois que mudamos (e nem foi
para um lugar muito distante) ele ficou sentado, sem comer nem ir ao banheiro, até o
dia seguinte. Nesse tempo, a sua "mãe" era bastante ignorante e Carl era quem
entendia de gatos, mas talvez Ra'ab esteja aos poucos compreendendo que essas
está preparada para dar. Como talvez eu já tenha dito, os gatos são extremamente
sensíveis e os chamados felinos domésticos não suportam que riam deles — eles
podem rir com vocês (quem já ouviu falar em que a coisa aconteceu me parecesse
sentir-se muito só. Embora eles sejam capazes de entender os humanos, seguindo-
compreender o que os gatos estão tentando lhes transmitir. Ainda há pouco, isto é,
família", como dizia no jornal, que acordou os ocupantes da casa quando esta
começou a pegar fogo, salvando-os de uma morte horrível. Se o gato tivesse sido
capaz de gritar:
— Ei, a casa está pegando fogo! — o alarme teria sido dado mais
90
dizendo: "Sempre achei os gatos estúpidos". Pobre rapaz, pensei, você é que é
estúpido!
um dos invernos mais frios de que tenho notícia, em que tudo parecia congelado.
um sifão de soda num armário do hall, que não só congelou, como também explodiu!
coloquei-lhe outro por cima, tentando aquecê-lo. Tinha medo de pôr um saco de
água quente perto dele, temendo que o furasse com as garras e se queimasse. Hoje
em dia, já sei que não há perigo e que os gatos adoram esse conforto, mesmo
quando não faz tanto frio assim. Os gatos siameses parecem sentir mais frio do que
os outros, talvez por terem o pêlo mais curto. Aconselho os leitores que estejam
cuidado de apertar bem a rolha e não fazerem a coisa de qualquer jeito, como
aconteceu comigo uma ou duas vezes, resultando num banho do estofo do sofá
onde as minhas atuais gatas se sentam. Como o sofá estava forrado com uma
amarelos.
nós ainda não sabíamos disso. Com o passar do tempo, Carl muitas vezes parecia
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embora soubesse que as coisas iam mudar. A solidão foi sempre um dos meus
maiores problemas e eu bem sabia que a coisa toda estava dentro de mim. Foi só
nos últimos anos que essa atitude mudou e, atualmente, sinto quase o contrário.
Talvez o passar dos anos me tenha feito mudar — embora eu não me atreva a
Carl estava trabalhando muito, sua saúde nunca fora boa (o serviço de
essa fora uma das principais razões por que tínhamos decidido morar perto do seu
local de emprego. Como tantos outros, naqueles tempos, ele era alvo de insultos por
não estar na ativa e ficou em silêncio quando, um belo dia, recebeu anonimamente,
mensagens publicitárias, instigado pelo patrão, que nunca lhe elogiava nem
reconhecia o trabalho. Havia um bocado de ciúme e inveja no ar, pois Carl era capaz
crédito ia sempre para a pessoa para quem Carl escrevia a matéria e nunca para
ele.
Acabamos decidindo que era hora de mudar e, de certa maneira, isso nos
foi imposto, mas preciso deixar claro que foi nossa a decisão de sair, pois mais tarde
correram boatos segundo os quais Carl fora despedido. O chefe também queria que
92
Escreve sem cobrar até que
Mark Twain
93
Capítulo 15
que era um pouco menor e mais perto. A localidade mais próxima para fazer
Para nós, foi como que um arrancar de raízes, pois tínhamos morado
durante muito tempo em Weybridge, mas não estávamos tristes por ir embora.
memória. Houvera uma certa agitação quando a filha de Sir Winston, Mary Churchill,
mudanças, mas eram muito poucas as coisas que íamos levar conosco e até as
roupas eram escassas. O nosso "tigre", foi quem sentiu mais, ia deixar o único lar
vizinha, dessas que adoram bater um papo. Ao voltar, encontrei o tigre a ponto de
ter um ataque. Felizmente, Carl ficara com ele e soube contornar a situação melhor
do que eu seria capaz. Ia ser muito duro para ele e para nós ficar sem o grande
jardim, sem a boa vizinhança, e ter que ficar fechados dentro de dois quartos que
assim o ordenavam.
94
A senhoria, em Thames Ditton, parecia ansiosa por nos ter como
possibilitar alugar dois quartos, pois tínhamos deixado claro que não poderíamos
ocupar um. Isto passou-se por volta de agosto ou talvez setembro, é uma das datas
de que não tenho certeza, coisa rara em mim, que geralmente guardo bem datas.
pensava que podia mandar nos inquilinos. Passava muito tempo no seu quarto e
reencarnação podem facilmente chegar à conclusão de que ela (ou ele) fora alguém
de importância em outras vidas — na vida atual, tinha tido estreito contato com uma
alta personalidade da Ásia e agia com se ainda lá estivesse. Suas roupas fora de
moda mostravam claramente que pertencera à classe alta e, embora bastante velha,
pois duvido muito que possa descrever adequadamente, com palavras, um episódio
95
Morávamos ainda com Madame quando chegou o Natal e, como é de
costume, a maioria das pessoas, nesse dia pelo menos, gosta de irradiar amizade.
Algo como ir à igreja aos domingos e passar o resto da semana vivendo como
ímpios.
ofegar bem alto, seguidos de um estrondo terrível, enquanto "algo" rolava pela
escada abaixo e Madame, sem a peruca, abria a porta do seu quarto para ver o que
gatos, ou algo parecido, para dar de presente a Mr. T. Catt, saíra do quarto e
deixara-a no alto da escada, onde ela se agüentara alguns segundos para depois,
Não, não acho que a descrição esteja à altura da cena. Mas tudo terminou bem, com
É difícil dizer se a situação era pior para Carl ou para o tigre. Muita gente
já passou por algo semelhante e sabe o que é estar sem emprego. Na Inglaterra, a
pessoa era considerada liquidada quando não estava estabelecida na vida aos
trinta anos. Quando se largava um emprego por vontade própria, sem se ter sido
despedido, não havia esperanças de conseguir ajuda. Que diferença do que ocorre
na Inglaterra dos nossos dias, onde se pode obter todo tipo de ajuda sem se ter
será isso uma boa coisa? Não estará contribuindo para se criar uma nação de
molengas? Carl passava horas indo de bicicleta até East Molesley, onde ficava a
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houvesse uma exceção e um dos funcionários se portasse de maneira humana com
ele e viesse nos visitar uma ou duas vezes. Os poucos empregos que havia eram
dados a pessoas que tinham sido despedidas dos cargos anteriores e não aos que
se tinham despedido por conta própria, não obstante os motivos que os tivessem
levado a isso Eu sabia que Mr. Catt estava muito preocupado, porque os gatos
sua família humana, e ele devia estar aflito com o nosso futuro. Felizmente,
economizar nada, mas. uma coisa veio em nosso socorro. Alguns anos antes, eu
prestações eram muito altas e não era possível continuar a pagá-las, na situação em
que estávamos, mas a restituição foi boa e, à nossa maneira, continuamos nos
mantendo.
era apenas um quebra-galho, que nos proporcionava algumas libras. O nosso living
tinha uma sacadinha, mas isso foi depois de termos saído da casa de Madame, o
que ocorreu menos de uma semana após a troca de gentilezas natalinas. Madame
poucos andares, que logo tratamos de aceitar. Era uma suíte mobilhada, que
Catt ficava horas a fio na sacada, desfrutando do sol da tarde e vendo os pássaros.
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Um clássico é um livro
98
Capítulo 16
vogando, na sua lancha, sobre o Tamisa, até Hampton Court, onde parece que ela
possível visitar a suite que ela utilizava e contemplar a cama onde ela dormia — ou
ficava acordada. Na Inglaterra, há uma frase muito conhecida usada para atrair
turistas: "A Rainha Elizabeth dormiu aqui" — e designa vários lugares. Todos nós
acrescentar que deviam ser americanos, desses que gostam de percorrer vários
folheando um livro de história e foi para mim uma satisfação visitar o palácio que
Henrique VIII mandou construir para o Cardeal Wolsey. Meu propósito, ao escrever
estas páginas, não é falar de Hampton Court ou discorrer sobre assuntos históricos,
e sim escrever sobre a minha família que, naturalmente, inclui os felinos. Muito bem,
quero apenas mencionar outro item de interesse: a fileira de casas que há em frente
do Court e que foram desenhadas por Sir Christopher Wren, personalidade que
99
Por isso, sendo medianamente obediente, vou voltar à minha história
particular, que talvez deva frisar ser verdadeira, pois é meu desejo descrever, da
maneira mais acurada possível, exatamente o que aconteceu durante esse período
da nossa vida. Tanta gente tem procurado levar o público a pensar que os livros de
Lobsang Rampa não passam de ficção (embora a maioria das pessoas saiba que
ele só escreve a verdade), que faço questão de insistir em que, da mesma forma,
A metade da casa, a parte que nos cabia, era, sob muitos pontos de vista,
bastante conveniente porque podíamos descer a pé até o rio, e gozar da sua calma
pensando em quantas histórias o velho Tamisa não teria para contar se pudéssemos
A estação ferroviária ficava muito perto, de modo que era fácil ir até
Naturalmente, não viajávamos muito, mas Carl tinha que ir de um lado para o outro
Mr. T. Catt ficava em casa comigo e fazíamos muita coisa juntos. Tenho a
sempre tinha a sensação de que o nosso tigre estava ligado no que eu fazia, da
levavam à parte de cima, onde nós morávamos, mas não havia privacidade e
tínhamos que sair pela única porta, da mesma forma que os inquilinos idosos que
100
habitavam no andar térreo. Naturalmente, ninguém gostava disso, mas não
Acho que um dos casais idosos devia ser ligeiramente surdo, porque o
reclamando de uma coisa ou outra. Ela trabalhava, mesmo sendo bem velha, mas
acho que o homem devia ser aposentado. Seja como for, certa manhã, quando ela
estava saindo, após a briga de costume, ouvimos o homem gritar, logo atrás dela:
Pessoalmente, acho que ele devia estar era muito satisfeito, e por dois
motivos: tinham um pouco mais de dinheiro (a menos que ela o escondesse dele!) e,
A vida sem dúvida tem momentos mais felizes e tenho a certeza de que
— Puxa vida, por que será que esses humanos não concordam nunca,
uma das razões pelas quais sofrem de males físicos e nervosos. Quando há atritos
demais e de menos o gato desiste de viver, deita-se e morre, ou então some de vez.
Olhando para trás, vejo que uma boa parte da minha vida foi passada
(citação bíblica) sempre, no fundo, eu sentia que havia algo por trás de tudo. Agora,
sei que todos os períodos de reclusão, principalmente depois de ter conhecido Carl
e no tempo que se seguiu à sua partida deste planeta, tiveram uma razão especial.
101
Já que mencionei uma citação bíblica, vou fugir um momento ao assunto
para contar uma experiência de há dois dias atrás, quando dois homens, entre meia-
Educadamente, respondi:
coisas para lazer, àquela hora da manhã — porque nós aqui somos budistas.
exclamaram:
— Que interessante!
Uma jovem tinha expressado o desejo de ler o meu livro A Mente Felina e, como eu
tinha um exemplar extra, emprestei-o. Uma ou duas semanas mais tarde, recebi pelo
ela me informava ser uma história verídica. O bilhete estava escrito de maneira a
sugerir que a minha história era apenas uma fábula. Da mesma forma que meu
marido, também eu sou contra essa atitude missionária, pois ambos acreditamos
que podemos ser salvos sem fazermos parte da Igreja de Cristo. Quando muito
jovem, eu achava, como tantas outras pessoas, que devíamos procurar converter os
outros à fé cristã, nem que fosse pela força. Agora, que entendo as coisas, sei que o
verdadeiro budista não tem missionários e não acredita nas tentativas de modificar
102
as crenças dos outros. As pessoas parecem não entender que o budismo, em vez
de ser uma religião, é um modo de vida, um esforço para tratar os outros como
gostaríamos de ser tratados. Cristo não viveu segundo essa lei? Então, por que
tanta briga?
103
Se você não sabe o que
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Capítulo 17
Tinha sido um dia daqueles, em que tudo parece sair errado. O tempo —
bem, vocês sabem como é o tempo em Calgary, frio, ventoso, com uma grande faixa
Calgary, acho que há mais carros per capita do que em qualquer outro lugar da
América do Norte, e os carros roncam durante todo o dia e toda a noite. À noite,
sinais. Uma noite, eu estava à janela, quando dois carros passaram à toda. O
primeiro parou no sinal, mas o motorista do segundo resolveu não parar! Ouviu-se
um bater de lataria, felizmente não foi nada grave, mas o chofer do segundo carro
rosto e a berrar como loucos. Ambos pareciam estar bêbedos. O sinal ficou verde,
depois vermelho, depois verde outra vez, e eles brigando. Aí, o sinal ficou de novo
Bem, o dia tinha sido difícil. A toda a hora gente na porta, o homem da
deixasse escoar água pela pia da cozinha porque havia um vazamento no andar de
É, fora um desses dias horríveis, em que tudo parece conspirar para dar cabo da
105
começam a cair e as luzes se acendem nos altos edifícios, de trinta e quarenta
estava todo aceso. Mais à esquerda, o novo aeroporto, ainda em construção, estava
tendo a iluminação testada. Fazia um belo clarão no céu e combinava bem, quase
que artisticamente, com algumas das lâmpadas cor de âmbar da rua e com as
passando por cima dos arranha-céus, um grande jato 747, com centenas de
vemos a luz verde de estibordo, mas este avião estava iluminado como uma cidade
Mas eu me sentia muito cansada. Miss Cleo estava indócil, andando de um lado
para outro em volta dos meus pés e me atrapalhando, porque queria dar uma
porta e deixei-a sair. Temos que ter muito cuidado, porque Miss Cleo é uma gata
muito sociável e gosta de se sentar na frente dos três elevadores, de modo a poder
gosta de atuar como recepcionista oficial. É engraçado, ver como tanta gente a
ignora, parece nem sequer vê-la, mas temos que estar vigilantes, porque Miss Cleo
já muitas vezes tentou entrar num elevador. Não se considera uma gata, considera-
se uma pessoa, talvez porque ela e Tadalinka foram tratadas como seres humanos
106
cauda erguida e soltando gritinhos de satisfação por estar regressando a casa,
O Guv estava em seu pequeno quarto, onde tudo o que ele pode ver do
com um espelho, o que faz com que, naturalmente, a esquerda e a direita sejam
invertidas.
o dia seguinte. O Guv já tinha tomado o seu remédio e estava pronto para se
recolher. Pus para fora o jantar das gatas. Ou melhor, a ceia. Elas fazem questão de
ter uma boa ceia todas as noites. Assim que eu encho os pratinhos, elas vêm
cheirar, para ver o que é, e depois se retiram. Não querem comer logo. Gostam de
poster. É uma paisagem havaiana, uma linda praia de areia branca e mar muito azul,
além das inevitáveis palmeiras, tão bem fotografadas que, com um pouco de
imaginação, a gente pode vê-las ondular ao vento. Tenho também um quadro com
está trancada e que a tranca está no lugar. Tem havido tantos assaltos em Calgary,
que mandei fazer uma tranca de aço especial. Uma das pontas se encaixa no chão
ninguém pode entrar. Coloquei a tranca no lugar, recolhi jornais e coisas pela casa
pequeno, mas tenho uma linda cama de metal dourado, dessas do tipo antigo.
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Assim que deitei ouvi um ronronar satisfeito. Miss Tadalinka se acomodara ao meu
corredor do nosso apartamento e pulou para a minha cama — mas aí viu a gorda
delas, ao lado da minha. Não demorou que estivesse toda enroscada e ressonando
baixinho.
que tínhamos respondido durante o dia, pois todo dia chega muita correspondência.
O Guv é quem responde às cartas, mas depois eu faço uma revisão, à procura de
mas estava me sentindo tonta de sono. Não adiantava insistir, estendi a mão direita,
Não sei quanto tempo dormi, mas acordei sobressaltada. Não podia
imaginar o que estava errado, mas sentia que "algo" não estava certo. Era como se
alguém estivesse ali no quarto comigo, além de Cleo e Taddy. Olhei para cima e, à
luz da rua, refletida nas paredes do quarto, vi Miss Kuei sentada aos pés da minha
cama. Miss Kuei deixou-nos faz já algum tempo para viver no astral, mas continua
nos dando conselhos e, muito frequentemente, o prazer de vê-la outra vez. Não
existe isso a que chamam morte. Algumas pessoas chamam-lhe "transição", mas o
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nome que lhe não importa. A chamada morte é apenas o abandono do corpo
terreno, algo assim como tirar a roupa antes de partir para a terra do sono.
Miss Kuei estava sentada nos pés da minha cama, sorrindo para mim.
Deve-se escová-los ou penteá-los? Que se deve fazer com um gato que tem
pulgas? E com um gato que sofre de prisão de ventre? As pessoas parecem não
— Você pode responder a todas essas perguntas, Ma! Pode tornar a vida
muito mais fácil para nós, gatos. As pessoas acham que nós somos criaturas
estranhas, que não precisamos de nada. Mas você sabe que isso não é verdade,
não sabe? Quero que você escreva sobre os gatos: como é possível tornar os gatos
mais felizes, por que nós temos uma missão a cumprir. Nós somos os Olhos dos
Jardineiros e o que vemos determina o que deve ser feito em prol dos humanos e
dos animais. Mas, — e sorriu — não somos todos animais? Afinal de contas, os
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— Não, Ma, você está enganada. Não são necessidades diferentes, todos
uns certos remédios básicos. Por que você não escreve sobre isso?
— Que é que você acha disso, Cleo, como vamos poder responder a
— Claro que você vai poder, você já teve gatos bastantes para saber o
— Miss Kuei, a melhor coisa que eu posso fazer é escrever o que penso
Mesmo assim, decidi telefonar, no dia seguinte, para o Dr. Peter Randall,
o excelente veterinário que cuida de Cleo e Taddy desde que viemos para Calgary.
Cleo dá-se muito bem com ele. Taddy bufa, faz uma encenação completa, mas
— Muito bem, de manhã bem cedo vou entrar em contato com o médico
de gatos e lhe pedir para ler algumas páginas do que escrevi, dizendo-me se estou
— Não se esqueça de escrever sobre como fazer para curar gatos que
sofrem de prisão de ventre, gatos que sofrem de diarreia, sobre qual a melhor
110
maneira de alimentá-los — tanta gente pensa que os gatos bebem só leite, quando
precisam igualmente de água. Escreva sobre todas essas coisas! Diga que os gatos
gatos não são inteiramente carnívoros — gostam também de vegetais. Mais do que
isso, os vegetais são necessários à sua boa saúde. Escreva sobre como obter
sementes de capim e cultivá-la em vasos, pois o capim é a melhor coisa para limpar
o gato por dentro, botando para fora as bolas de pêlo. Faça isso, Ma, que você
desapareceu, voltou para o mundo astral que habita desde que deixou a Terra.
segundo livro e acho que voltei a dormir porque, quando acordei, o sol da manhã
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Eu me preocupo com a tua felicidade
assim como tu te
se tu não estivesses.
Kahlil Gibran
112
Capítulo 18
olhando. Assim que Guv termina, ela se senta no peito dele! Por uma razão
qualquer, que nós ainda não conseguimos entender, Cleo nunca se senta no colo
dele, sempre no seu peito, às vezes tão próximo, que ele não pode nem virar a
cabeça. Sentou-se e ficou ronronando, ronronando, até que eu tive de sair para ir
venham nos visitar. Já tivemos muitos aborrecimentos e resolvemos não dar o nosso
endereço particular.
avião do Peru. Queriam passar o fim de semana conosco. Nunca tínhamos ouvido
falar neles, nem sequer recebido uma só correspondência deles mas, no mesmo dia
em que saíram de Calgary, recebemos uma carta pedindo que Guv entrasse em
contato com eles, pois tinham vindo do Peru para passar o fim de semana conosco e
pedir conselhos a ele. Disseram também que tinham pedido a ajuda da polícia, do
correio, de todo mundo que lhes passara pela cabeça, tinham procurado vários
hotéis e motéis, mas não tinham conseguido descobrir o nosso endereço e, como
É a coisa mais irritante, quando as pessoas vêm a Calgary para tentar nos
achar. Pensam que vão ser recebidas como o filho ou a filha pródiga e, para
conseguir isso, removem céus e terra. Muitos chegaram a ir à polícia e inventar uma
história patética sobre um caso extremo — alguém estava morrendo etc. etc. — e
logo um policial vinha até a portaria do nosso edifício, anunciar "Polícia!" pelo
polícia?
cadeira de rodas que pretendia dar a um policial que ficara inválido, depois de ter
olhou para a cadeira e achou que convinha. Depois, veio um enorme sargento da
para apanhar a cadeira. Muito bem, Guv desceu com a cadeira de rodas pelo
realmente divertido — para quem tem esse sentido de humor — ver uma porção de
cabeças espiando por trás das cortinas e os jardineiros se esconderem atrás dos
arbustos, tudo para ver o Guv sendo levado num camburão. Deve ter sido uma
decepção, quando viram a cadeira ser içada para dentro do veículo, as portas se
fecharem, o carro partir e Guv voltar para o edifício em outra cadeira. Por tudo isso,
não gostamos de visitas. Temos uma caixa-postal para evitar visitantes e devia ficar
mesma forma, já tivemos algumas experiências com pessoas que nos telefonam.
Numa ocasião, por volta da meia-noite, dois policiais foram até a nossa
casa, em New Brunswick, e houve uma longa troca de palavras, pois eles insistiam
para que nós ligássemos para alguém do outro lado de Montreal e se recusavam a ir
embora antes que o fizéssemos. Uma mulher, que se negou a pagar o chamado,
queria que Guv telefonasse para o marido dela e lhe dissesse que não tinha
114
Mas os dias foram passando, dias comuns, sem nenhum acontecimento
chá, a hora do recreio das gatas, que é quando elas dão para correr e subir na casa
de árvore, até a hora de ir de novo para a cama. O Guv passa 99 por cento do seu
linda cama de metal e, mal adormeci, senti que me batiam no ombro. Tonta de sono
a Lady Kuei!
Não tive outro remédio senão abrir os dois olhos e esperar que ela
falasse.
— Que é que você vai dizer quanto ao sofrimento dos gatos? Agora
mesmo chegou aqui uma gata que se tornou minha amiga: As pessoas com quem
ela vivia não lhe ligavam, não tinham tempo para ela. Era apenas uma gata,
esperavam. Que é que você diria a gente como essa? Bem, ela tocou num ponto
ornamento dentro de casa, que não merece atenção. Ora, é possível deixar peixes
dias a fio sem comida, porque, se tiverem um bom aquário, podem se sustentar
Além disso, a maioria das pessoas sempre pede a alguém para dar comida aos
peixes, mas parecem não se preocupar com os gatos. Foi o que fiquei pensando, ali
115
deitada na cama, com o luar entrando pela janela e um avião chegando e saindo
necessários devem passar sem eles. Os animais têm direitos, tanto quanto as
crianças. São criaturas de Deus. São seres inteligentes. Quando as pessoas viajam,
veterinários costumam ter espaços cercados, especiais para alojar cães e gatos.
Naturalmente, os donos dos bichos têm que pagar — mas não pagariam pelos filhos,
Pagariam para se embriagar. Pagariam por qualquer diversão mas, quando se trata
de pagar por um pobre animalzinho inofensivo e sem defesa, que não pode tomar
conta de si mesmo, agem como miseráveis. Choram tudo, até a comida que lhes
dão. Essas pessoas deveriam ser postas numa jaula ou, então, presas por
Se você tiver que viajar, pergunte ao seu veterinário se pode ficar com o
seu bichinho por tantos dias. Se ele não puder, decerto saberá indicar-lhe quem
possa. Você viajará sabendo que o seu animalzinho está sendo bem tratado. Não se
Por que você tem um bichinho? Para enfeitar a casa? Mesmo sendo esse
o motivo, você afinal de contas cuida dos seus enfeites, faz questão de que eles
estejam limpos, num lugar seguro. Um enfeite é um enfeite — por mais artístico que
seja, é algo inanimado. Já os animais são uma das maravilhas deste mundo, com
sentidos muito mais desenvolvidos do que os dos humanos. Você seria capaz, por
exemplo, de farejar um tapete e saber quem andou em cima dele, três ou quatro dias
116
antes? Cleo é capaz, Taddy também. Todos os nossos gatos foram capazes de tal
façanha. Se você não se comunica com o seu gato, a ignorância é sua, quem perde
é você. Seu gato sabe o que você está pensando. Se você estiver pensando nele
com amor, seu gato lhe demonstrará amor. Se você irradiar ódio, seu gato
pessoas. Dão-lhes comida errada, restos, tudo o que não presta para os homens é
geralmente jogado para o gato ou o cão comerem. E por quê? Se você realmente
ama o seu animalzinho, não acha que ele merece uma alimentação adequada?
Existem muitas rações para gatos e cães no mercado. A ração para gatos
só serve para eles, não para os cães. A ração para cães, é adequada aos cães e
nem sempre aos gatos, mas, seja qual for a ração, por melhor que ela seja, por si só
sensacionalista: ração para gatos ou para cães, sozinha, não é suficiente. Outras
coisas são precisas. Vegetais, por exemplo. É necessário dar-lhes carne e também
água. Muitas pessoas têm a ideia errada de que os gatos só bebem leite. Não é
pequenos tubos, algo assim como agulhas hipodérmicas. Penetram na massa que
está sendo expelida através dos intestinos. Ora, no intestino delgado, o conteúdo é
117
Quando a matéria chega ao cólon, está-se transformando de um estado
sobe pelo cólon, torna-se mais dura, como que uma pasta e, quando desce para o
cólon descendente, em direção ao reto, vai endurecendo cada vez mais, mas
seu organismo, a matéria fecal endurece cada vez mais e, no fim, o pobre animal
tem que tomar uma lavagem, a fim de obter a água necessária para amolecer a
sofrerá de males como esse, porque a matéria fecal nunca endurecerá. Às vezes,
quando a criatura está debilitada, os músculos dos intestinos ficam por demais
algo que irrite o cólon e o faça contrair -se, provocando a expulsão da matéria fecal.
tomar também bastante água, para amolecer a massa fecal. Com os gatos
descobrimos que, usando leite em pó, o gato lambe tudo até à última gota e vai
direto, aos pulos evacuar. Dá ótimos resultados, mas é preciso ter cuidado porque,
gato com diarreia não é nada agradável de se ver — além de dar muito trabalho — o
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Ração demasiada pode causar prisão de ventre. Um pouco de carne crua
ajuda a vencer esse problema, mas também não se deve abusar, porque, se o gato
come carne crua em excesso pode ficar com vermes. A prática fará com que você
Mas — para que é que eu estou dizendo tudo isto? Se você consultar um
bom veterinário, ele lhe dirá qual a melhor maneira de tratar o seu gato. Não lhe vai
custar muito uma consulta, pois constatamos que os veterinários são bem mais
humanos e menos comerciantes do que muitos médicos de gente. Guy sempre diz
que gostaria de poder ter um veterinário; sem dúvida teria muito mais compaixão,
pois não há muita compaixão pelas pessoas que têm doenças fatais. Negam-lhes
vaga nos hospitais e os médicos não têm tempo para visitá-los, de modo que a vida
se resume numa espera, ao longo de dias intermináveis e noites mais ainda, de que
Os gatos são criaturas peculiares. Têm uma característica que nem todo
mundo conhece. São algo parecidos com os patos que acabaram de sair do ovo.
Quando um patinho sai do ovo trata a primeira pessoa que vê como se fosse a sua
mãe. É isso mesmo! Já foram feitas experiências muito divertidas a esse respeito.
Bem, o mesmo acontece com os gatos. Um gato nunca esquece a primeira comida
que lhe dão, de modo que, se você der a um gatinho novo um pouco de peixe, ele
toda a sua vida adorará peixe. Se você lhe der carne, gostará de carne toda a vida.
Os gatos são criaturas extremamente fiéis aos hábitos adquiridos — não gostam de
novidades. A maioria dos gatos gosta de um único tipo de comida, o que não é bom.
Devem ter uma dieta bem equilibrada, em que entrem diversos alimentos. Algumas
rações para gatos são excelentes; outras são exatamente o contrário, de modo que
o melhor é experimentar várias delas até constatar qual o animal prefere e depois
119
usá-la como alimento básico, acrescentando-lhe outras coisas: um pedacinho de
madeira cheia de capim plantado. É uma coisa muito fácil de fazer. Basta arranjar
semana, você terá um belo canteiro de capim, que o seu gato poderá mastigar à
vontade, até vomitar, pois é esse o propósito do capim: limpar o estômago e remover
a bola de pêlos nele acumulada. Uma bola de pêlos no intestino do gato pode
causar entupimento intestinal e morte, de maneira que você pode estar salvando a
vida do seu bichinho certificando-se de que ele consome capim fresco. É muito fácil
modo a ter capim sempre fresco, quando o primeiro murchar ou for consumido!
verdade. Um gato nunca arranhará um móvel se tiver algo próprio onde exercitar os
músculos das garras. As nossas gatas têm o que se chama "casa na árvore". Trata-
se de uma coisa comprida, que se estende do chão até o teto e é mantida firme por
uma espécie de mas tro, formado de um pau que desliza dentro de outro, e a parte
interna impelida para fora por uma mola forte. Esta espécie de árvore coberta de
tapete, tem várias plataformas, cada uma com um buraco. Os gatos sobem pelo
120
nenhum móvel nem estofo, pois reconhecem nessas duas coisas sua propriedade
particular, sabem que elas foram postas ali para a sua conveniência e nunca
Uma outra coisa, muito importante. Quando você tiver que se afastar por
um certo número de horas, diga isso ao seu gato. Pegue nele com carinho, olhe bem
para sua carinha e diga-lhe, em voz lenta e firme, que vai sair, mas que dentro de
tantas horas vai voltar. Constatei essa necessidade há um tempo atrás. Tive de sair
— Bem, gatinhas, vou sair, mas não vou demorar. Até logo.
olhar vitrinas, vi uma porção de coisas que não podia comprar, mas fiquei
quando voltei para casa, soube que as duas gatas por pouco não tinham
na cama e virado a cara para a parede, que é uma espécie de preparação para a
morte.
não estou exagerando — vira a cara para a parede e morre. Infelizmente, vimos isso
acontecer.
É um companheiro que nunca nos deixa mal, em quem a gente sempre pode confiar,
um bom amigo, que sabe expressar o seu carinho, nos dar ânimo e demonstrar que,
embora o mundo inteiro se vire contra a gente, ele continua a nos compreender e
amar.
121
Deus me dê
SERENIDADE
CORAGEM
SABEDORIA
122
Capítulo 19
tamanhos, cores e tipos. Têm uma pata em cada extremidade do corpo, da mesma
forma que um automóvel tem uma roda em cada ponta, e a maioria dos gatos possui
cauda, embora o gato de Manx não a tenha, e isso atrapalhe o pobrezinho quando
família se muda, é muito frequente que este tipo de gato não se acostume e queira
mesmo comprimento. Já o gato siamês é bem diferente. Tem patas mais compridas
atrás, de modo que, quando você vê um gato siamês pela primeira vez, pensa que o
pobre bicho está descendo uma ladeira. Mas o gato dessa raça é muito inteligente,
muito sensível e, ao contrário do gato comum, se liga mais à família do que à casa.
- Ora bolas, ainda bem que vamos sair desta espelunca! — E parte feliz
dizer que eles são os Rolls-Royce e os Cadillacs do mundo felino, mas têm que ser
quantidades. Se a pessoa tem que sair para trabalhar, é muito cruel ter apenas um
gato siamês. Dois não custam mais a manter e fazem companhia um ao outro. Se
você tem um gato siamês e não o ama, ele também não o amará, na maioria das
vezes, nem vai querer ficar com você. Um dia, acabará fugindo e pronto, você nunca
123
mais o verá. Irá para um lugar onde as pessoas o ame. Assim, se você quer um
bichinho só para enfeitar, prefira um gato comum — eles estão acostumados a isso.
São independentes e capazes de suportar quase tudo. Mas, se você quer uma
você tiver que sair durante muitas horas por dia, arranje dois gatos.
às brigas, ressentimentos e ciúmes que os gatos possam ter, mas isso, na verdade,
não acontecerá mais nada. Naturalmente, se você trouxer um gato novo e atirá-lo
junto do outro que você já tem, a coisa vai dar em briga e eles nunca serão amigos.
Você precisa usar de psicologia felina. Tem de dar muita atenção ao primeiro gato,
depois dar muita atenção ao segundo e, quando eles tiverem resolvido as suas
diferenças e decidido qual dos dois vai ser o gato número um, você terá paz em
casa. Os dois viverão muito bem juntos, cuidarão um do outro e não se sentirão sós
Muita gente me pergunta o que eu acho sobre castrar gatos. Acho que é
uma boa coisa. No caso de uma gata, por exemplo, depois de operada ela fica muito
mais carinhosa e não é a mesma coisa que praticar uma histerectomia numa mulher.
Numa mulher, uma operação dessas geralmente provoca uma grande mudança de
personalidade. Isso não acontece com as gatas. Elas têm um metabolismo diferente
e a única coisa que acontece é você se livrar dos miados e gritos, ganhando em
troca uma companheira ainda mais amorosa. Se você não mandar operar a sua
124
gata, ela fará um barulho horrível quando estiver no cio, um barulho que não deixará
você dormir sossegado e, se você permitir que ela engravide, em breve toda a
Os gatos machos devem ser castrados quando bem jovens, pois possuem
uma glândula especial, que faz com que excretem um líquido sobre os móveis e em
volta das paredes, líquido esse que é um autêntico chama-gatas. Castrando o seu
gato, ele vai ficar mais calmo, e a sua casa livre de cheiro.
Por falar em cheiros, todos os gatos devem ter um lugar onde fazer as
necessidades. Este lugar precisa ser mantido limpo, ou seja, a sujeira deve ser
jogada no vaso sanitário, porque de outra forma o cheiro fica demasiado forte e o
gato não pode ser responsabilizado por preferir um canto escuro, sujar debaixo da
cama ou coisa parecida. Você não faria o mesmo? Gostaria de usar um vaso
entupido ou com sinais de ter sido usado por outros, antes de você? Claro que não!
Então, procure ter com o seu gato os mesmos cuidados básicos que você teria
Muita gente diz que os gatos são destruidores. Não são não. Os humanos
é que são os culpados. Se você acha que as suas unhas estão muito compridas,
pega uma tesoura e corta-as. Já um gato não pode fazer o mesmo. Tem que ter algo
onde possa aparar as garras e, se você lhe proporcionar o que ele precisa, não terá
que se preocupar com estofos rasgados. Nós temos o que se chama uma casa-na-
árvore. Acho que já a descrevi. Tem duas plataformas e as gatas sobem pelo
um pouco e acabam chegando ao alto, onde se firmam nas patas traseiras e ficam
125
Temos essa casa-na-árvore e também uma espécie de tapete especial,
relação ao chão e as gatas se jogam de lado em cima dele e arranham com vontade
depois de receber uma carta acusando-o de se repetir, recebe uma outra carta de
alguém que elogia a repetição e diz que a segunda ou terceira vez que ele falou de
me repetindo, bem, é tudo em prol da minha campanha pelo bom tratamento dos
gatos!
126
Quando alguém se preocupa conosco
127
Capítulo 20
Recebi uma carta com algumas perguntas que podem ser de interesse
geral. Uma delas é sobre os gatos e o carma. Bem, os gatos têm um carma diferente
dos humanos, pois estão isentos de muitas das influências cármicas por serem "os
colocadas na Terra para relatarem coisas, para agirem como — digamos assim —
está acontecendo. Ãs vezes, têm que fazer algo que normalmente incorreria em
carma mas, nesse caso particular, o carma é anulado pelo fato de eles estarem
errado. Tanto os humanos quanto os animais podem ter igual valor na comunidade
superior que exista além da Terra e, em certas condições, um animal pode ser
muito mais valioso para os Jardineiros da Terra do que um ser humano. Depende
das circunstâncias, mas não se pense que um animal pode ser "elevado" ao status
humano. O animal pode achar que, ao contrário, isso seria uma degradação.
de uma indústria farmacêutica dizer que o seu produto foi experimentado em não sei
muito mimados. Aqui em Calgary temos uma prisão que mais parece um hotel de
primeira, com televisão em todas as celas, uma piscina e tudo quanto é esporte.
Acho que é uma maneira errada de tratar os criminosos. Se eles têm uma dívida
para com a sociedade pelo mal que fizeram, por que não pagar servindo de cobaias
Guv tem uma opinião ainda mais radical a respeito. Diz ele:
experiências? Afinal de contas, eles ficam o tempo todo sem fazer nada, a não ser
dizer aos outros o que está errado no mundo. Mas não mexem uma palha para
endireitá-lo.
estava sentado perto de uma cerca, numa calçada ampla, à espera do dono. De
repente, um jovem criminoso surgiu num carro todo amassado e, com um olhar
Depois, fugiu à toda. A polícia tentou pegar o carro, mas tratava-se de um veículo
roubado e o sujeito conseguiu fugir. Tem havido muitos casos tristes aqui, como o
dos marginais que foram até ao Jardim Zoológico e alvejaram os pobres animais
com flechadas. Esse não era o carma dos animais, mas não há dúvida de que
os animais aqui na Terra e no astral. Tem, por exemplo, três gatos amigos que
moram no astral e que lá permanecem para poderem auxiliá-lo sempre que ele
129
precisa de ajuda. Um chama-se Shindi, outra chama-se Jasmine e a terceira, Phyllis.
Além disso, ele conversa muito e, por vezes, durante longo tempo com
Miss Cleo Rampa e Miss Tadalinka Rampa. Muitas vezes vejo Cleo entrar no quarto
dele, pular para cima do seu peito e ficar sentada, conversando com ele. Também
me perguntam sobre o que acontece quando os animais são mortos por outros
terror? A resposta é: não, porque a Natureza faz com que, ao se aproximar a hora
da morte, o animal não tenha consciência disso. Não fica paralisado de medo e sim
porque é muito comum ele ferir um animal e o pobrezinho ficar com uma pata
animal fica, então, sofrendo de fome e dor até que finalmente a morte venha libertá-
humanos de vibrações tão baixas, que não pareciam sentir amor por nenhuma
acrescentada, com toda a justiça ao carma desse homem. Numa outra ocasião,
nesta vida ou quando ele voltar de novo à Terra, irá padecer uma agonia semelhante
130
Não é a mesma coisa quando um animal é morto humanamente, ou seja,
num matadouro, pois aí a morte é quase instantânea, não leva mais de dois minutos
para que o animal morra. Falo nisto porque tenho a certeza de que alguém vai dizer:
mais são, para mim, inspiradas diretamente pelo demônio. Como você se sentiria, se
de repente lhe atiçassem uma matilha de cães em cima??? É a única coisa em que
a família real britânica deixa a desejar: sua responsabilidade é tão grande, e o seu
cederem à sua preferência por esse "esporte" de aspectos morais tão repulsivos!
Muitas pessoas não sabem ver quando a morte realmente ocorre, não
E acrescenta:
é inevitável e irreversível.
cegos à visão dessa separação entre corpo e alma, de modo que precisamos nos
131
Procuramos sentir o pulso da pessoa, erguer-lhe as pálpebras, para ver se os seus
O estado cataléptico pode ser muito difícil de diagnosticar. Mas, enquanto estamos
vivos, todos nós, animais, humanos e demais criaturas da Natureza, devemos viver
realmente e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que os outros fiquem
cãezinhos, Guv sempre diz que eles devem ter os seus brinquedos. Pode ser
mudar para um lugar diferente, não se esqueça de levar também os objetos de uso
do seu animalzinho. Leve-os consigo, como objetos pessoais, pois pode ter de
esperar algum tempo para que a mudança chegue. Leve um tapete velho, uma
casa-na-árvore, a manta que seu bichinho costuma usar e qualquer brinquedo predi-
leto, de maneira a que o animal não se sinta perdido. Os gatos são muito sensíveis e
o fato de serem, de uma hora para a outra, trasladados para um novo ambiente, com
cheiros desconhecidos, pode ser terrível e resultar até num desfecho triste, como
posso garantir por experiência realizada. Use a mesma vasilha de água e o mesmo
prato de comida que sempre usou para ele. O seu bichinho sentirá menos a
mudança.
132
Quando se está curado de
133
Capítulo 21
Era uma sorte naquele tempo não haver televisão, pois tenho a certeza
de que nos sentíamos muito mais felizes com o rádio que, após todos estes anos,
deles tivesse mais utilidade para Carl. Fred Hoyle, o famoso cientista, ora Sir Fred
respeito, estava desejosa de aprender. Achava o assunto fascinante, mas Carl era
ouvindo, nem que fosse para lhe fazer companhia, pois essa era a única coisa que,
Uma coisa que me enervava era quando Carl dava para desmontar um
velho rádio, a fim de estudar o seu mecanismo e consertar, desde que possível, o
aparelho. Quando a pessoa está mexendo num rádio, fica girando todos aqueles
botões, passando de uma estação para a outra, coisas que, para quem está de lado,
Sem dúvida, eu era hipersensível — o que ainda sou, embora em grau um pouco
134
mais atenuado — mas, recordo-me nitidamente do dia em que perdi a cabeça,
paz, que rumei para o armazém, com o pretexto de comprar umas coisas, e a
Acho que este é um bom momento para confessar que não tenho sido
uma pessoa de convívio fácil e gostaria de ser eu mesma a dizer isso. Talvez, em
dias futuros, quado muito se escrever sobre Carl e sobre T. Lobsang Rampa, parte
"mulher da história", que sou eu, possa merecer uma ou duas palavras. É em parte
por esse motivo que achei boa ideia a própria Mama San escrever sobre Mama
San Ra'ab.
É certo que me sinto tão satisfeita quanto é possível estar, nesta Terra,
mas isso não quer dizer que eu seja uma pessoa fácil de se conviver. Intimamente,
sinto-me muito satisfeita, mas influências estranhas tendem a me tirar desse estado.
nos permitem ter visitas, principalmente devido à doença do Guv, o que para mim é
parecem não ter muita compreensão das coisas. Gostaria de pagar tributo a uma
pessoa que representa uma exceção nesse aspecto: a Sra. Gertrud Heals, uma de
minhas amigas. A Sra. Heals é proprietária de uma livraria e de uma galeria de arte
da firma. Mas sempre lhe sobra tempo para fazer muitas coisas extras e, por vezes
vem ao nosso apartamento numa missão qualquer, mas nunca procura aproveitar-se
da situação e estender a visita por muito tempo. Embora seja grande admiradora de
Rampa, nunca pede uma entrevista com ele — pelo que lhe estou muito grata.
135
Por outro lado, acontece de algumas pessoas se queixarem de que Guv
lhes escreveu uma carta num tom um pouco mais amistoso, diferente do tom
— Muito bem, se é isso o que elas querem, vou voltar a lhes escrever da
explicar que, se você quiser progredir espiritualmente, ter mais consciência das
coisas etc., não pode andar de um lado para o outro, colecionando amigos e
conhecidos como quem coleciona borboletas! Até mesmo a Bíblia, que norteia
quietos e meditar, o que vem a dar no mesmo que "Fique quieto e procure se
conhecer". Por isso, não acho que seja errado levar uma vida quieta e sossegada e
sinto que sou feliz por não ser tão sensível quanto o Guv, que é altamente afetado
por vibrações não harmoniosas. Claro que a harmonia também o afeta e oxalá essa
"tigre". Para Carl os tempos foram ainda mais difíceis do que para mim, pois uma
grande mudança estava prevista para ele, mais ainda do que para mim, embora eu
agora o passado, com a maturidade que então não possuía, percebo o quanto isso
deve ter sido interessante para Mr. T. Catt que, como todos os gatos, vivia ao
136
mesmo tempo em dois planos. Mais tarde, Guv me disse que o tigre lírio deve ter
etérico! — retruquei.
vejo que, embora ele tivesse concordado em renunciar ao seu corpo por uma
tínhamos por hábito ouvir o outro programa de rádio que nos interessava, as
irradiava o programa de Fred Hoyle o qual, incidentalmente, hoje em dia conta com a
vitoriana. O Professor Joad contou certa vez que nunca vira as pernas de sua mãe,
o máximo que ele vira fora os tornozelos e, mesmo assim, por descuido dela.
Quando ele era criança, até mesmo a mesa, as poltronas e o piano eram cobertos
Se o professor pudesse olhar para baixo agora, sem dúvida ficaria sem
137
Não pretendo descrever o advento de Lobsang Rampa, pois ele já
escreveu sobre isso em seu livro Foi Assim e estou certa de que a maioria dos
leitores deste meu Lírio Tigrino, se não o leram pelo menos terão ouvido falar, de
modo que lhes recomendo comprá-lo, para saberem como tudo aconteceu, de viva
voz.
138
O que nos fez amigos
Saudaram-se um ao outro
139
Capítulo 22
sensação estranha — e deve ter sido muito pior para Guv. Saíamos de vez em
quando, coisa que eu gostava muito de fazer e, de vez em quando, íamos comer
num restaurante, após os nossos passeios exploratórios pelo campo. Ele parecia se
adaptar muito depressa àquela vida nova e estranha, e eu me sentia grata por isso.
Num dia memorável, fomos até Mortlake, lugar conhecido em todo o mundo, mesmo
que ele passara a maior parte do tempo dentro do seu cesto, na varanda porque,
Chiswick e pouco falamos, pois Guv parecia imerso nos seus pensamentos. Devia
respeito. Uma das coisas que comentou comigo foi sobre a era da Rainha Elizabeth
I, três ou quatro séculos antes. Falou no Dr. John Dee, o célebre alquimista, que era
também astrólogo da rainha, e que tinha morado em Mortlake com a família. O Dr.
Dee tivera uma vida movimentada, ora gozando dos favores da Corte, ora sendo
repudiado por ela. Nunca fora rico, por vezes passara necessidades. No fim da vida,
fora uma pessoa muito franca e algo desconcertante. Tudo isso o Guv me disse,
controvérsia de quem escreveu as obras a ele atribuídas, se esse não seria um caso
como Sir Francis Bacon, ter sido o autor das obras-primas. Minha suposição não
parece descabida.
para casa, pois eu estava fascinada com o que Guv me dizia. Nunca lhe serei
Uma coisa que sem dúvida interessará aos que lerem estas páginas é
saber como Guv se adaptou ao novo ambiente. Logo comecei a me dar conta de
que ele agia muito mais normalmente do que o seu antecessor. Até a voz era
diferente, o Guv fala num tom mais profundo, uma espécie de barítono, ao passo
que a voz de Carl era de tenor. Nenhum dos dois tinha, porém, voz de cantor, coisa
que eu também lamento, pois tampouco tenho voz boa. Guv sempre foi mais
adaptável, no que dia respeito a se dar com as pessoas. É mais sociável, não tão
fechado com as pessoas quanto Carl, que era muito reservado. Antes de ficar tão
doente, Guv ajudou muita gente, através de contatos pessoais, mas agora chegou a
um ponto em que, por um motivo ou outro, as visitas não são permitidas, nem
sequer cogitadas. Muitas vezes fiquei pensando se não teria sido melhor que Carl
tivesse adotado uma atitude mais firme para comigo, pois eu era teimosa e
precisava de um marido capaz de usar de firmeza e que soubesse lidar com alguém
com a minha força de vontade. Felizmente, essa situação parece ter sido remediada
e Mama San está muito satisfeita em ser orientada por alguém mais forte do que ela,
141
fazendo com que a sua vida seja mais disciplinada do que antes. É, a disciplina é
muito boa, permite que a pessoa encontre a felicidade naquilo que realiza.
Constantinopla (60 a.C), dando aos padres maior poder graças à supressão dos
mas agora sei que a transmigração não é um fenômeno raro. Conheci uma pessoa
que esteve envolvida num acidente e sofreu ferimentos na cabeça, resultando num
impossível que uma outra entidade, um outro espírito tenha tomado conta dela,
enquanto a pessoa estava desorientada devido ao choque, mas isso não quer dizer
que a coisa toda não tivesse sido preestabelecida, pois talvez tivesse chegado o
momento de o primeiro indivíduo concluir o seu ciclo de vida. Quem pode dizer,
exceto os que "estão por dentro", se um ser de outro planeta não poderia utilizar-se
vida no nosso planeta? Vale a pena pensar nisso, pois tudo o que a pessoa imagina
vitais. Dão a impressão de que têm medo de originar pânico entre o povo, que
governos temam perder o poder, de ter de competir com seres mais adiantados.
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É um assunto sobre o qual não me sinto em condições de prolongar e
nem é esse o propósito deste livro. Alguém me mandou um cartão no outro dia e
acredito que se referisse à sua própria situação. Vou tentar descrevê-lo, pois acho
que transmite um sentimento, uma atitude bastante familiar a todos nós. No cartão,
mandar citações divertidas, embora eu deva dizer que recebemos uma verdadeira
também os enviados pelo nosso amigo comum Eric Tetley que mora na Inglaterra e
tem o dom de nos divertir com as suas cartas. Isso muito contribui para aliviar as
em geral e, em particular, sobre a nossa situação e o futuro. Ele decidiu que não
podíamos pensar em permanecer onde estávamos, lugar que, sob muitos aspectos,
era um atraso de vida, mas que fora um refúgio muito útil enquanto se processavam
escritórios do The Milk Marketing Board, parte importante de Thames Ditton, não nos
eram mais interessantes e a maioria dos habitantes aparentemente optara por uma
rotina confortável, coisa que absolutamente não combinava com os nossos planos.
Havia muitos aposentados, outros viajavam todos os dias para a cidade, onde
trabalhavam, de modo que Thames Ditton era ótima para passar os fins de semana
e, graças à sua localização, à margem do rio Tamisa, ideal para uma vida
143
sua gratidão de um modo típico aos judeus, povo muito generoso desde que
"gostem da sua casa". Foi para mim uma honra quando, muitos anos depois, tendo
castanhos fizeram com que muita gente especulasse sobre a minha ancestralidade.
Eu mesma especulei!
descobri que ele era muito mais firme e tinha uma personalidade muito mais forte do
que o seu antecessor, descrição essa que usamos ao falar no Carl da época pré-
Rampa. Guv tinha propósitos de vida bem mais definidos e não tinha tempo a
perder. Era capaz de lidar de maneira mais adequada com os meus ocasionais
ataques de mau humor e, através dessas experiências, concluí que o seu método dá
certo. Embora ele possa estar sentindo uma grande compaixão por alguém
"desesperado", muitas vezes não o demonstra, ao contrário, pode até dizer algo
duro, pelo menos na opinião da vítima. Ora, eu sei que o que ele diz e o modo pelo
que o que se deveria fazer com os jovens de hoje em dia era pô-los a trabalhar em
qualquer coisa, para que eles não tivessem tempo livre nem energia para estar
ao fato de, através da minha associação com ele, ter aprendido a enfrentar muitos
podendo assim ajudar um pouco aqueles que não tenham tido tanta sorte. Claro que
144
a gente não fica com tantas rugas no rosto, economizando em cosméticos, que na
verdade não escondem mesmo nada, principalmente quando você encara a vida
— Por que será que me sinto tão satisfeita? Todos os momentos do dia
são bons, ir para a cama é maravilhoso, pois posso visitar todos os gatos e pessoas
que significaram algo para mim, e acordar às seis da manhã não é nenhum esforço,
pois que cada novo dia traz acontecimentos interessantes que me permitem
aprender algo.
— Bem, Ra'ab, vou lhe dizer. A resposta é que você sabe para onde está
Achei que valia a pena meditar sobre o assunto, mas logo ele fez outro
comentário:
meada, acabamos nos mudando para uma localidade maior e mais movimentada,
porta dos fundos, onde o Mr. Catt costumava ficar horas sentado num galho que
formava um ângulo de quase noventa graus com o tronco da árvore. Nosso "tigre"
levou algum tempo a se acostumar com mais essa mudança, pois já estava ficando
velho e tivemos que deixá-lo trancado durante alguns dias até que voltasse a se
orientar, o que para ele foi muito duro, principalmente porque eu saía muito e
precisava sair bastante. Por tudo isso o "tigre" ficava muitas vezes sozinho e, sendo
mais velho, sofria mais do que, na ocasião, eu poderia imaginar. Arrependi-me muito
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de, devido a minha falta de idéia, tê-lo feito sofrer de solidão, coisa que muitas vezes
podia ter evitado. Depois que ele nos deixou para sempre, meu remorso foi enorme
pelas ruas. Era algo que ambos adoravam, principalmente quando o passeio era de
descansando — e muitas vezes ia até o jardim, bater um papo com a Dona Árvore.
Foi na véspera do Ano Novo que ele contraiu pneumonia e eu fiquei toda a noite
estendida com ele no chão da sala, vendo-o piorar a olhos vistos. Quando, por fim,
ele partiu, a sala foi inundada por uma luz brilhante, sem dúvida provocada pela
conduzi-lo até em Casa. Sei que vou vê-lo de novo, quando chegar a minha hora de
partir também.
convencionou chamar sonho. Parecia haver uma espécie de chama ardendo — algo
que eu não entendia, mas que sentia estar ligado a Mr. Catt. Guv explicou-me que
era exatamente isso — o espírito puro do meu Lírio Tigrino, que eu vira porque as
nisso e sei que teria tido outras experiências se não me tivesse deixado vencer de
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Agarre-se aos sonhos
Gelado de neve.
Langston Hughes
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Capítulo 23
À medida que este meu livrinho vai chegando âo fim, parece-me boa idéia
pensamentos de muitos leitores. Muita gente nos tem escrito pedindo que
comentemos por que "o assunto não costuma ser discutido hoje em dia". Ainda esta
manhã, recebi uma carta que pelo conteúdo, vi que não veio parar em minhas mãos
por mero acidente. Era como um lembrete mencionando o que tantos outros leitores
me tinham escrito, durante os últimos meses. Como conheço bem o autor da carta,
"Seria uma ótima idéia escrever mais a respeito da morte, porque é algo
que afeta a todos nós e ajudaria a romper as barreiras do medo que a maioria das
pessoas tem."
E continua:
"No século passado, na era vitoriana, o sexo era tabu, mas agora, ao
contrário, ele está na moda. Agora, o tabu é a morte do corpo físico. Esperemos que
este assunto venha a ser tratado mais abertamente num futuro não muito distante,
sem medo, e tenho a certeza de que você poderá ajudar, tocando nisso."
Acho que Lobsang Rampa é a pessoa mais indicada para escrever sobre
a morte e, muito mais do que isso, sobre o que acontece depois da morte. Em seu
último livro Eu Creio, foi exatamente o que ele fez e muita gente expressou a opinião
de que é esse o melhor dentre os dezessete que ele já escreveu. Todos nós
esperamos que ele possa ter força física suficiente para levar avante a sua intenção
de publicar o décimo oitavo livro. A julgar pelos seus comentários, tenho a certeza
de que esse poderá ultapassar, em interesse, até mesmo o décimo sétimo, embora
preocupada com o meu desempenho enquanto viva. Se eu fizer o melhor que posso
na vida, há sempre a esperança (na verdade, a certeza) de que não será preciso me
preocupar quando chegar a minha hora. Outro dia, li que alguém se considerava "um
homem com pressa", querendo com isso dizer que os anos estavam passando e ele
ainda tinha muito que fazer. Sinto-me na mesma posição, pois não acho que tenha
feito ainda o máximo possível da minha vida e preciso esforçar-me por recuperar o
tempo perdido.
entrevistado e disse:
— Eu tinha ao todo oito vitrines para lavar. Cada uma delas me levava um
dia de trabalho, assim, como a semana útil tem apenas seis dias, eu sempre estava
Acho que não é importante os anos que vivemos e sim como vivemos,
sejamos nós humanos ou "animais", pois todas as criaturas estão na Terra para
aprender certas lições e cumprir certas missões. Faz umas semanas, recebi de
Eric Tetley um recorte de jornal, que guardei para incluir em Lírio Tigrino. Mr. Tetley
costuma mandar muitos artigos sobre gatos e vocês precisavam ver o meu acúmulo
álbum! De quaquer maneira, foi com muito interesse que li a respeito do gato mais
velho do mundo, segundo o Livro de Recordes Guinness. O nome dele era Butch e
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morava com um certo Sr. Arthur Baxter, em Claxby Lincolnshire. Butch fora
apanhado, coberto de óleo, nas docas de Immington, em 1942, quando tinha apenas
semanas, e viveu até os trinta e quatro anos. Multipliquem isso por sete vejam o
resultado, em anos-gato: duzentos e trinta e oito. Deve ter sido um gato feliz e bem
Muitas vezes penso no mundo dos gatos no chamado Além e sei que é
um lugar belíssimo. Guv, como muitos de vocês devem saber, possui maravilhosos
astrais, visito aqueles que eu conheci um dia, e que, num futuro não muito distante,
Morte — Vida. Esta experiência terrena não é mais parecida com a morte
e o além com a Vida Real? É assim que eu penso e deve ter sido esse o conceito
que levou Longfellow a escrever O Salmo da Vida, que eu tive de aprender de cor
És pó e ao pó voltarás
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Gosto também das palavras de Mark Twaín, presumivelmente ditas no
os desprezados.
Prata da Rainha Elizabeth II, um dia de saudade para todos aqueles que, como nós,
coisa que não sabemos, por se tratar de assunto muito controvertido, assim como o
separatismo e o bilinguismo.
do que aconteceu e eu não pude deixar de rir quando, na sua fala de Jubileu, Sua
Majestade disse:
Acrescentando:
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— É um passatempo popular, atualmente! Bem dúvida o mundo seria
bem melhor se nós fôssemos tão conscientes quanto a nossa rainha e seu ilustre
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