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Ciências Humanas
1º ano/4º bimestre
1º ano/4º bimestre
Caderno do Estudante
Uma parceria entre a
SEEDUC/RJ e o Instituto
Ayrton Senna
Ciências Humanas
Cultura, identidade e território
Filosofia p. 03
Sumário
Geografia p. 10
História p. 16
Sociologia p. 27
Introdução
Caro(a) jovem,
Bem-vindo às aulas de Ciências Humanas. Neste Caderno do Estudante, você encontra as
orientações de aulas para o 4º bimestre do 1º ano do Ensino Médio. Este material tem o
objetivo de apoiar as atividades que serão propostas por seus professores.
Vamos lá?
Bom trabalho!
2. Escolha uma das palavras e, com a orientação do(a) professora(a), justifique sua escolha
e compartilhe com a turma.
Seu mapa de palavras pode ser uma forma de estudar algum assunto e até mesmo
servir como esquema para a elaboração de um texto.
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 3
“[...] A opinião só pode ver as coisas sensíveis mergulhadas no devir — [...] o próprio agente
da opinião está mergulhado no processo de mudança constante do seu ser que o levará, em
última instância, a não mais ser —; a opinião só pode perceber as primeiras aparências. O
intelecto, ao contrário, tenta ver, para além das aparências e das mudanças, o que não muda,
portanto, o que é...”.1
1. Atividade individual:
2. Atividade em dupla:
1Trecho retirado do texto “Doxa”, presente no E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia. Disponível em
bit.ly/descrição-doxa. Acesso: 11/04/2017
“O mundo real é o mundo das ideias que contém as formas ideais de tudo”.
Tudo nesse mundo é uma “sombra” de sua forma ideal no mundo das ideias.
“Todos os que se iniciam no conhecimento das ciências da natureza – mais cedo ou mais
tarde, por um caminho ou por outro – atingem a ideia de que a paisagem é sempre uma
herança. Na verdade, ela é uma herança em todo o sentido da palavra... Num primeiro nível
de abordagem, poder-se-ia dizer que as paisagens têm sempre o caráter de heranças de
processos de atuação antiga, remodelados e modificados por processos de atuação recente.
[...] mais do que simples espaços territoriais, os povos herdaram paisagens e ecologias pelas
quais certamente são responsáveis ou deveriam ser responsáveis. Desde os mais altos
escalões do governo e da administração até o mais simples cidadão, todos têm uma parcela
de responsabilidade permanente, no sentido da utilização não predatória dessa herança única
que é a paisagem terrestre. Para tanto há que conhecer melhor as limitações de uso
específicas de cada tipo de espaço e de paisagem.”
Aziz AB’ Saber. Os domínios de natureza no Brasil – potencialidades paisagísticas. 7. ed. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p. 10.
a) A partir dos seus hábitos diários na escola, descreva uma atitude ou exemplo que ajude na
conservação do meio ambiente e outra que o prejudique.
Charge – Mafalda
b) Explique, a partir de elementos discutidos nas aulas de Geografia, por que os fenômenos
representados se distribuem dessa forma.
O texto deve:
Estrutura do texto:
1º parágrafo – Introdução. Apresentar o problema da escassez dos recursos naturais nos dias
atuais (justificar com dados).
2º parágrafo – Relacionar o problema da escassez dos recursos com o nosso atual modelo
de desenvolvimento econômico.
Para tanto, lembrem-se dos conteúdos estudados e de como a relação entre homem e meio
ambiente em diferentes tempos históricos tem se alterado. Usem o conhecimento adquirido
ao longo do ano e abusem da criatividade para projetar o cenário ambiental do futuro!
Vocês serão responsáveis por elaborar a primeira página de um jornal. Esta primeira página
deverá conter os seguintes campos obrigatórios:
Nome do jornal
Data de publicação
Manchete principal com imagem e introdução do tema da reportagem
Manchetes secundárias com breve resumo sobre as reportagens
Seções extras: um “anúncio”, previsão do clima, uma breve entrevista, curiosidades,
uma “errata”...
Atenção: a reportagem completa não precisa ser escrita, apenas seus respectivos resumos.
No primeiro encontro, pensem na “linha editorial” do jornal, ou seja, quais serão os temas e a
abordagem do que será estampado na primeira página do periódico. Discutam também as
perspectivas para os próximos 200 anos em relação aos problemas ambientais. A partir daí,
dividam tarefas e produzam rascunhos das seções deste jornal. Não se esqueçam de pensar
no layout desta página: isto é muito importante para comunicar, de forma clara e objetiva, as
informações que vocês pretendem elaborar.
“Durante muito tempo na minha vida, eu comecei a ter vergonha de mim mesmo, de minha
origem, das minhas tradições, do meu povo, até mesmo de meus pais. Mas depois eu aprendi
que sem eles eu nunca seria nada, eu nunca seria um branco, vamos dizer assim... um branco
no sentido de pessoa da cidade, porque eu nasci índio Terena, e também morrerei um Terena.
Então, com esses princípios, eu procurei trabalhar minha formação de código indígena. Ao
mesmo tempo, eu procurei mostrar para a sociedade envolvente que o fato, por exemplo, de
não estar com a orelha furada, de não estar usando o beiço de pau, de não estar usando
cabelo comprido, não significava que eu tinha deixado de ser índio, mas, sim, que as
características de meu povo eram um princípio próprio de meu povo, e que não me identifica
na minha pessoa aquela generalização de ser índio, uma coisa que na verdade não existe.
Então eu peço que os educadores, eles contribuam com a formação do respeito mútuo desde
as crianças. [...]”
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
PREÂMBULO
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores
culturais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.
(...)
CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo
à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução
física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes.
§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas, só pode ser efetivado com
autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre
elas, imprescritíveis.
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, “ad referendum”
do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional,
garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar
em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os
atos do processo.
A ideia de raça, em seu sentido moderno, não tem história conhecida antes da América
talvez se tenha originado como referência às diferenças fenotípicas entre conquistadores
e conquistados, mas o que importa é que desde muito cedo foi construída como
referências a supostas estruturas biológicas diferenciais entre esses grupos.
Quando Cristóvão Colombo se lançou à travessia dos grandes espaços vazios a oeste da
Ecúmene, havia aceitado o desafio das lendas. Tempestades terríveis balançariam suas
naus, como se fossem cascas de nozes, e as arremessariam nas bocas dos monstros; a
grande serpente dos mares tenebrosos, faminta de carne humana, estaria à espreita. Só
faltavam mil anos para que os fogos purificadores do Juízo Final arrasassem o mundo,
como acreditavam os homens do século XV; o mundo era o mar Mediterrâneo com suas
costas ambíguas: Europa, África, Ásia. Os navegantes portugueses asseguravam que os
ventos do oeste traziam cadáveres estranhos e às vezes arrastavam troncos curiosamente
talhados, mas ninguém suspeitava que o mundo seria, logo, assombrosamente acrescido
por uma vasta terra nova.
A América não só carecia de nome. Os noruegueses não sabiam que a haviam descoberto
há muito tempo, e o próprio Colombo morreu, depois de suas viagens, ainda convencido
de que tinha chegado à Ásia pela rota do oeste. Em 1492, quando a bota espanhola pisou
pela primeira vez as areias das Bahamas, o almirante acreditou que estas ilhas eram uma
ponta da fabulosa ilha de Cipango: Japão. Colombo levava consigo um exemplar do livro
de Marco Polo, coberto de anotações às margens das páginas. Os habitantes de Cipango,
dizia Marco Polo, “possuem ouro em enorme abundância, e as minas onde o encontram
não se esgotam jamais... Também há nessa ilha pérolas do mais puro oriente em grande
quantidade. São rosadas, redondas e de grande tamanho e superam em valor as pérolas
brancas.” A riqueza de Cipango tinha chegado aos ouvidos do Gran Khan Kublai, tinha
despertado em seu peito o desejo de conquistá-la: ele tinha fracassado.
Das fulgurantes páginas de Marco Polo esvoaçavam todos os bens da criação; havia
quase treze mil ilhas no mar da Índia com montanhas de ouro e pérolas, e doze tipos de
especiarias em quantidades imensas, além da abundância da pimenta branca e preta. A
pimenta, o gengibre, o cravo, a noz-moscada e a canela eram tão cobiçados como o sal
para conservar a carne no inverno, sem que se apodrecesse ou perdesse o sabor.Os Reis
Católicos de Espanha decidiram financiar a aventura do acesso direto às fontes, para se
libertarem da onerosa cadeia de intermediários e revendedores que açambarcavam o
comércio das especiarias e plantas tropicais, as musselinas e as armas brancas,
provenientes de misteriosas regiões do oriente. O desejo de metais preciosos, meio de
pagamento para o tráfico comercial, impulsionou também a travessia dos mares malditos.
A Europa inteira necessitava de prata: os filões da Boémia, Saxônia e Tirol já estavam
quase exaustos.
3 GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. Paz e Terra. São Paulo-SP, 1980, pág. 11
b) Observe as quatro imagens e manchetes disponíveis nos links a seguir. Com base nelas,
discuta e registre: o que elas dizem a respeito das cotas?
c) Respondam se vocês são: a) a favor das cotas, b) em termos (contra ou favor), c) contra.
Justifiquem as suas posições.
Imagem 1
Imagem 2
Imagem 4
Para saber mais, leia o texto “Lei das Cotas revolucionará acesso da população excluída a
universidade”, publicado no site Pragmatismo Político. Disponível em: http://bit.ly/lei-cotas .
Acesso: 11/04/2017
Sua finalidade é informar o público a respeito da posição de uma pessoa sobre determinado
assunto ou fato de interesse na atualidade. Importante lembrar que o entrevistador, embora
não deva fazer juízo de valor em seus comentários, não é neutro. Há sempre uma
intencionalidade nas perguntas e nos comentários; por isso, deve-se estar atento, não apenas
ao entrevistado, mas também a quem elaborou a entrevista e ao órgão que a publicou.
3. Leiam e analisem a entrevista designada para o time. Registrem esse processo de acordo
com as orientações abaixo.
REGISTREM:
1. Para socializar as leituras das entrevistas, organizem, com o seu professor, as carteiras em
“U”.
2. Iniciem com a apresentação dos entrevistados, a instituição que publicou a entrevista e a data
em que foi publicada.
1. Façam um mapa de palavras para extrair as ideias principais do texto e sua sequência
lógica.
3. Produza um texto de opinião para discutir a política de cotas raciais. Sigam as orientações
abaixo:
O tema das desigualdades sociais deu origem à sociologia. Esta sem dúvida uma afirmação
forte. Será que é consistente? (... ) O pensador que ficou mais famoso por tratar da questão,
e ao qual ela é sempre associada, é sem dúvida Karl Marx (1818-1883). Seu emprenho em
entender as causas da desigualdade social levou-o propor um modelo de sociedade no qual
as distâncias entre as pessoas não existissem mas e as carências da maioria não fossem tão
brutais. Marx conhecia a opinião de outro grande pensador do século XVIII chamado Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778), que atribuía à instituição da propriedade privada a
responsabilidade pelo mal que se seguiu na história da humanidade: crimes, guerras, mortes,
misérias e horrores. A tese de Rousseau era que os homens nasciam iguais, mas eram postos
em situações de desigualdade na convivência com os outros.
O conceito de desigualdade sempre teve como par contrastante o de igualdade. Seria essa a
solução para os problemas que a situação de desigualdade social cria para a vida das
pessoas. Mas a este altura você já aprendeu que as respostas que a sociologia dá aos
problemas com os quais se defronta não são consensuais. Olhando para o mesmo fenômeno,
os teóricos deram respostas e sugestões não só distintas, como frequentemente
controversas. (...)
Cada dimensão do mundo social onde desigualdade está presente ajuda a fortalecer as
desigualdades de outros campos. Por essa razão se diz que as desigualdades se reforçam e
geral situações muito complexas. No mercado de trabalho brasileiro, as mulheres negras e
com baixa escolaridade formam um grupo que recebe os menores salários. Juntas, as
desigualdades de sexo, cor e instrução estão associadas à desigualdade de renda. É isso que
faz que esse grupo seja um dos mais suscetíveis à exclusão social no Brasil. E isso também
nos mostra como é difícil quebrar o círculo viciosos das desigualdades.
As desigualdades são conjuntos de processos e experiências sociais que fazem que alguns
indivíduos ou grupos tenham vantagens sobre outros. Existem muitas situações que nos
ajudam a compreender como alguns segmentos sociais são beneficiados no acesso aos bens
da civilização (educação, saúde, moradia, consumo, arte, esportes etc.). (...)
4BOMENY, H, MEDEIROS, B. (Coords.). Tempos modernos, tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil,
2010. p. 192-194
Para compreender:
MONTELLATO, A.; CABRINI, C.; CATELLI. R. História MP, Projeto Velear. São Paulo: Ed.
Scipione, 2013. p. 205-6
(...) Reconhecer que os pretos e pardos estão em posição de inferioridade não fez os
sociólogos interpretassem o problema da mesma maneira. Gilberto Freyre, por exemplo,
defendia a ideia de que no Brasil a população foi perdendo a divisão nítida entre cores pela
mistura, pela miscigenação. Aqui as raças teriam se fundido numa única comunidade
religiosa e emocional. Para outros, como Florestan Fernandes, o preconceito de raça seria
uma consequência da posição de classe que o contingente de pretos e pardos da população
brasileira ocupou em consequência da escravidão: “as deformações introduzidas em suas
pessoas pela escravidão limitavam sua capacidade de ajustamento à vida urbana, sob
regime capitalista, impedindo-os de tirar algum proveito relevante e duradouro, em escala
grupal, das oportunidades novas”. Para Florestan Fernandes, portanto, o problema tinha
origem na ordem econômica, e não cultural ou social. Resolvido o problema de classe ou
de condição social, estaria resolvido o problema da discriminação.
Em 1979, mais um sociólogo dedicou-se ao tema. Trata-se de Carlos Hasenbalg, que então
publicou Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Segundo ele, a cor importa muito
quando se está diante de uma escolha entre pessoas de cores diferentes; em todos os
planos, da economia, da educação e da hierarquia social, os não brancos são
desfavorecidos. Vê-se desde já que Hasenbalg está entre os autores que discordam da
tese de Gilberto Freyre, de que a “morenização” do Brasil seria resultado da harmonia das
relações inter-raciais. O termo impreciso “moreno” sugere que as classificações raciais
teriam pouca importância no Brasil, que as cores das pessoas não importariam tanto no dia
a dia de suas vidas e de suas relações sociais. Mas os efeitos da discriminação aparecem
em situações muito concretas. As pesquisas têm mostrado sistematicamente que as
oportunidades educacionais são mais limitadas para os não brancos do que para os
brancos: que os ganhos com os trabalhos de brancos ou não brancos são remunerados
diferentemente: que na escola social entramos as posições de maior prestígio ocupadas
por brancos em detrimento de não brancos, e assim sucessivamente.
5 NOGUEIRA, O. Tanto preto quanto branco: estudo de relações raciais. São Paulo: T.A. Queiroz, 1985. In
BOMENY, H, MEDEIROS, B. (Coords.). Tempos modernos, tempos de Sociologia, de São Paulo: Editora do
Brasil, 2010. P.196
Por fim, mais um sociólogo trouxe uma sugestão importante para o debate sobre racismo e
preconceito no Brasil. Para tratar do preconceito racial, Oracy Nogueira (1917-1996) buscou
comparar o Brasil e os Estados Unidos. Essa é uma comparação sempre lembrada, e
muitos de nossos intelectuais tentaram aproximar as experiências das duas nações, em
muitos aspectos semelhantes. O que se passa no Brasil pode ser comparado ao que
acontece nos Estados Unidos? Os negros aqui e lá enfrentaram situações semelhantes?
Como se dá a discriminação aqui e lá?
Oracy Nogueira não desconhecia nem discordava dos estudos que já mencionamos, mas
se esforçou para compreender outro aspecto: qual é o estado das relações entre os
componentes brancos e de cor, independentemente do grau de mestiçagem, da população
brasileira. Foi para isso que estabeleceu a comparação com os Estados Unidos. E o que
mais o impressionou foi a referência constante ao preconceito, em todos os estudos sobre
a situação racial. Qualquer que fosse o local da pesquisa, qualquer que fosse o tratamento
dado pelos pesquisadores às informações, em qualquer das teorias, o preconceito era
sempre mencionado. Era como se falar da questão racial fosse, necessariamente, falar de
preconceito. Foi nesse ponto que ele encontrou os conceitos que traduziriam a diferença
entre a situação brasileira e a norte-americana.
Nos Estados Unidos, a relação inter-racial chegou a extremos que não registramos no
Brasil. (...) Embora o Brasil também vivesse uma situação de discriminação e de preconceito
contra os negros, não havia aqui uma separação radical e legalmente garantida como na
experiência norte-americana. Nas décadas de 1950 e 1960, os americanos viveram uma
luta aberta em torno da convivência entre negros e brancos.
(...) Enquanto a questão racial voltava a sacudir os Estados Unidos em meados do século
XX, no Brasil, dizia Oracy Nogueira, tudo se disfarçava: “A tendência do intelectual brasileiro
– geralmente branco – a negar ou subestimar o preconceito, tal como corre no Brasil, e a
incapacidade do observador norte-americano em percebê-lo estão em contradição com a
impressão generalizada da própria população de cor do país”. O brasileiro seria o que ele
chamou de preconceito de marca; o norte-americano seria um preconceito de origem.
2. Faça uma tabela para destacar as posições dos sociólogos Florestan Fernandes, Gilberto
Freyre, Carlos Hasenbalg, Oracy Nogueira sobre a discriminação racial.
Exemplo:
DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Florestan
Gilberto Freyre Carlos Hasenbalg Oracy Nogueira
Fernandes
3. Analise o gráfico “Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, por
cor ou raça, segundo as Grandes Regiões (2010)”.
Para realizar a análise do gráfico, veja o exemplo no texto “Mulher negra é a maior vítima de
desigualdade”.
“Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, por cor ou raça,
segundo as Grandes Regiões (2010)”, disponível na página 6 do link a seguir:
Entre nós [brasileiros], (...) a separação imposta pelo sistema de produção foi a mais fluida
possível. Permitiu constante mobilidade de classe para classe e até de uma raça para outra.
Esse amor, acima de preconceitos de raça e de convenções de classe, do branco pela
cabocla, pela cunhã, pela índia (...) agiu poderosamente na formação do Brasil, adoçando-o.
(Gilberto Freire. O mundo que o português criou.)
[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não faz parte de um processo de integração
das “raças” em condições de igualdade social. O resultado foi que (...) ainda são pouco
numerosos os segmentos da “população de cor” que conseguiram se integrar, efetivamente,
na sociedade competitiva. (Florestan Fernandes. O negro no mundo dos brancos.)