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2. Forais
Um foral (ou carta de foral) era um diploma concedido pelo rei, um senhor laico, ou
por uma entidade eclesiástica, a determinada terra, contendo normas que
disciplinavam as relações entre os habitantes e a entidade outorgante e entre os
habitantes entre si. Contendo, maioritariamente, normas de Direito Público,
abordavam assuntos como as liberdades e garantias das pessoas habitantes e dos seus
bens, impostos e tributos, serviço militar, aproveitamento de terrenos comuns, entre
outros. Consistiram numa das principais fontes de Direito, especialmente no Período
de Individualização do Direito Português, no qual se mantiveram os forais
promulgados anteriormente à fundação do reino (como, por exemplo, os forais de
Coimbra e de Soure, de 1111, concedidos pelos condes D. Teresa e D Henrique), e no
qual novos foram concedidos já após a formação do reino, mantendo-se como uma
das principais fontes de direito – particularmente pela elevada atribuição de forais,
causada pela fraca legislação devido a preocupações de conquista, defesa e
povoamento das terras por parte dos governadores. Considera-se que os forais
resultaram de um processo de complexificação das denominadas “cartas de
povoação”, que eram cartas através dos quais a entidade outorgante se dirigia aqueles
que se quisessem fixar numa determinada localidade pertencente ao seu domínio.
No que toca ao tema dos forais, é importante relevar a existência de uma divergência
doutrinal. Alexandre Herculano, numa conceção mais restrita deste conceito, assume
como foral apenas os documentos com as dadas características que confiram
existência jurídica a determinado conselho, indiciando a circunstância de previsão de
uma magistratura própria e individual – carecendo desta, o documento considerar-se-
ia uma carta de povoação. No âmbito desta conceção, Herculano distingue diferentes
tipos de concelhos: concelhos rudimentares, nos quais ocorre a presença de um
magistrado fiscal ou administrativo, mas não um juiz; concelhos imperfeitos, na qual
ocorre a existência de um magistrado judicial, contudo carecendo de uma organização
concelhia expressa no foral; e concelhos perfeitos/completos, nos quais existe uma
magistratura colegial, com funções judiciais plenas, e na qual está perfeitamente
definida a organização concelhia da localidade.
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Por sua vez, Paulo Merêa, contrariando a posição anteriormente referida, considera
que a existência de magistratura própria não é condição suficiente nem necessária
para que haja um concelho. Isto porque, segundo o professor de Coimbra,
anteriormente à existência de magistraturas municipais, já poderia haver uma ideia
municipal; também tendo em conta que existiam localidades com juiz eleito que não
se consideravam concelhos.
É importante referir que, devido à desatualização e deterioração dos forais, por volta
de 1472/73 e 1481/82, os procuradores concelhios requereram uma reforma dos forais
– concedida por D. João II, e terminada em 1520, no reinado de D. Manuel I.
No século XVIII, com o liberalismo, ocorreu a extinção dos forais, com o decreto de
13 de agosto de 1832 e, com a carta de lei de 22 de junho de 1846, os direitos foraleiros
foram abolidos.
3. Concílios
Os concílios eram reuniões marcadas pela sua natureza eclesiástica. Juntamente com
as Cúrias, consistiam numa das principais fontes de direito no período da
individualização do Direito Português, dado que não se observou uma rotura imediata
e total do sistema jurídico com a formação do reino, herdaram-se algumas das fontes
do Reino de Leão. Por sua vez, as cúrias eram órgãos auxiliares do rei, de carater
iminentemente político. Estes dois conceitos tendem a confundir-se, na medida em
que os altos dignatários da Igreja participavam em reuniões da Curia e os concílios
eram amiúde convocados pelo rei, participando neles leigos. Assim, para distinguir,
é necessário atentar na entidade convocante, nas matérias versadas e na sanção – que
poderia ser régia ou canónica – das decisões que eram tomadas.
Em todo o caso, parece que se pode falar da Cúria de Leão de 1017, no Concílio de
Coiança (1055) e no Concílio de Oviedo (1115).
4. Cúria Régia
v. nº3
5. Concórdias e Concordatas
As concórdias e as concordatas foram uma das principais fontes de direito na história
do Direito Português, com particular relevo no período da individualização do Direito
português. Tratavam-se de acordos celebrados entre o rei e as autoridades
eclesiásticas, em que ambas as partes se comprometiam ao reconhecimento de direitos
e deveres relativas ao Estado e à Igreja. Este tipo de situações poderia também ocorrer
em casos nos quais se verificassem respostas aos agravamentos proferidos em Cortes
pelos representantes do clero.
Uma concórdia deriva de um acordo entre o Rei e as autoridades eclesiásticas
nacionais, da negociação entre estes. Por sua vez, uma concordata ocorre quando, na
negociação, interviesse a Santa Sé (o Papa).
Foram, como já dito, fontes relevantes de direito no período da individualização do
direito português, no qual a legislação era ainda muito fraca, tendo sido das únicas
fontes de direito posteriores à fundação da nacionalidade neste período, os primeiros
destes acordos em Portugal verificaram-se nos reinos de D. Sancho I, D. Afonso II e
D. Sancho II.
6. Complantação
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7. Enfiteuse
A enfiteuse era um dos contratos agrários, do tipo contrato agrícola, característicos
do período da individualização do Direito português. Estes contratos tinham como
princípio o da conquista da propriedade pelo trabalho.
Na enfiteuse, um proprietário de um prédio cede este a um agricultor, o enfiteuta,
ficando este obrigado a pagar determinada prestação anual, designada de forro, que
consistia numa parte dos frutos produzidos pelo terreno, ficando também obrigado a
fazer um aproveitamento diligente das terras. O proprietário tinha, aqui, um domínio
direto do prédio, enquanto que o agricultor tinha apenas o domínio útil.
Caso o enfiteuta pretendesse transmitir o domínio útil do prédio a um terceiro, ficaria
este terceiro a ser o enfiteuta, pagando ele a prestação anual, com os mesmos direitos
e deveres. Nestes casos, o proprietário do prédio agia conforme uma das suas duas
opções: exercia o seu direito de preferência, através do qual pagava a mesma quantia
de dinheiro ao enfiteuta que o terceiro estava disposto a pagar pelo domínio útil do
prédio, ficando, novamente, com o domínio pleno deste; ou, não querendo recuperar
a propriedade plena, o senhoria poderia ficar com uma parte do valor acordado entre
o enfiteuta e o terceiro, o chamado laudínio (que normalmente era de 2%).
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9. Glosa
As glosas eram o principal instrumento de trabalho utilizado pela Escola dos
Glosadores (ou Escola de Bolonha, ou, ainda, Ineriana), escola esta marcada pelo seu
método de índole marcadamente exegética, analítica e casuística.
As glosas constituíam em anotações, esclarecimentos ou comentários sobre o texto
do Corpus Iuris Civilis, documento quase sagrado para esta Escola – sendo, até,
encarado com demasiado apego. Inicialmente, constituindo meras anotações,
escreviam-se entre as linhas do texto, denominando-se estas por glosas interlineares.
Porém, com o tempo, as glosas foram-se complexificando, sendo o espaço interlinear
do texto insuficiente para tais anotações, passando estas a fazerem-se na sua margem
– glosas mariginais.
O termo “Glosa”, só por si, pode também referir-se à Magna Glosa, ou Glosa de
Acúrsio, que consiste na compilação de uma imensidão (mais de 96 940 glosas) de
glosas, ordenada por Acúrsio entre 1220 e 1240, nas quais apresentava criticamente
as principais opiniões discordantes sobre as mesmas. A Glosa passou a acompanhar
as cópias do Corpus Iuris Civilis. Esta obra assinala o término de um ciclo da ciência
do Direito, sendo a secunda metade do sec. XIII um período de transição para uma
nova metodologia.
englobadas por estas últimas. Assim, as Siete Partidas eram uma obra legislativa
(adveniente do reinado de D. Afonso X e da sua política de reivindicação para o
monarca da criação jurídica, da uniformização e da renovação do Direito nos seus
Reinos) que se apresentava como uma exposição jurídica de caráter enciclopédico,
visando o alcance de uma certa uniformidade jurídica no reino, e sintetizando, a par
da inspiração no sistema romano-canónico, princípios filosóficos, teológicos,
religiosos e morais – estes como argumentos para a fundamentação de vários preceitos.
Foi um dos textos jurídicos de Castela com maior difusão, ainda assim, não
reconheceu vigência oficial para alem da sua aplicação nos tribunais do Rei, até
meados do séc. XIV, como fonte de Direito subsidiária.
É de destacar que, na elaboração das Ordenações Afonsinas, foram incluídas algumas
das normas presentes nas Siete Partidas.
14. Decretalistas
A reelaboração científica do Direito Canónico fez-se com base nas coletâneas
organizadas a partir do séc. XII – nomeadamente o Decreto de Graciano, as Decretais
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21. Filipismos
v. nº 19
22. Alvará
Entre as fontes de direito na Época das Ordenações do Período do DP de Inspiração
Romano-Canónica, encontramos fontes de Direito Pátrio, das quais fazem parte a
legislação extravagante, o costume e os estilos da Corte. A legislação extravagante
em grande escala é justificada pela necessidade de alterar e complementar as
Ordenações Filipinas, sendo as ordenações que vigoraram mais tempo na História do
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Direito Português. Alguns diplomas, que não se qualificavam como abstratos e gerais,
assumiam caráter legal – destes, os mais importantes são as Cartas de Lei (que
começavam pelo nome próprio do Rei, e eram assinados com a expressão El rei, sendo
o modo de promulgação de normas destinadas a vigorar mais de um ano) e os Alvarás.
Estes últimos, por sua vez, iniciavam-se com a expressão Eu el Rei, aparecendo na
assinatura somente Rei. Destinavam-se à promulgação de normas destinadas a vigorar
menos de um ano. Apesar desta divisão, os diplomas confundiam-se, chegando a
surgir alvarás da lei, em forma de lei ou com força de lei.
Um importante alvará para a história do Direito português é, por exemplo, um alvará
de 1518, que dita que os assentos da Casa da Suplicação em matérias de interpretação
jurídica têm caráter vinculativo.
26. Humanitarismo
O Humanitarismo foi uma corrente que decorreu do Iluminismo, focando-se,
essencialmente, no âmbito do Direito Penal, devendo ainda distinguir-se das correntes
humanistas. Tem, no seu âmbito, quatro aspetos essenciais. Primeiramente, no âmbito
geral do Direito Penal, verifica-se uma total independência deste a pressupostos
religiosos, passando a tutelar interesses e valores gerais – atuando na dimensão da
utilidade e necessidade comuns.
Relativamente aos fins das penas, estas param de ter caráter sancionatório, passando
a ter como objetivo a prevenção de delitos futuros – pode ser uma prevenção geral, se
prevenir crimes na generalidade da sociedade, ou uma prevenção especial, se o seu
foco for o individuo responsável pelo delito. Podem, aqui, ter caráter preventivo –
caso visem a reintegração social do mesmo –, ou negativo – quando o intuito for
incutir medo.
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O terceiro aspeto fundamental é o respeito pela dignidade humana, que passa a ser o
limite da justiça, exigindo-se uma proporcionalidade entre a pena e o delito cometido,
bem como a extinção de penas corporais, substituindo estas por penas de prisão.
Finalmente, o último aspeto, refere-se ao processo penal. Agora, contrariamente ao
anterior processo inquisitório, trata-se de um processo de caráter acusatório, no qual
há diferenciação entre a entidade que investiga e acusa e a entidade que julga. Nesta
matéria, com influeência do relevo da dignidade humana, passa a aplicar-se o
princípio in dúbio pro reo (caso o julgador não estiver convencido, o réu deve ser
absolvido).
Em Portugal, esta corrente influenciou a obra de Mello Freire.
por ela instituídas. O património da igreja, os bens que lhe tinham sido retirados, é
reconhecido como sua propriedade – ainda que na prática, nada foi efetivamente
devolvido, nem concedido via indemnização. Permitiu-se que a igreja formasse as
próprias escolas, bem com o ensino da religião católica nas escolas oficiais.
Ainda em consequência desta concordata, volta a prever-se o casamento católico ao
lado do casamento civil, sendo o divorcio excluído do primeiro.
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9. Mostre os reflexos que o direito natural, os seus princípios e as suas conceções tiveram
no Direito Português
A Escola Espanhola do Direito Natural, também chamada por Segunda Escolástica,
surgiu e desenvolveu-se nos séculos XVI a XVIII, devido, especialmente, ao
renascimento dos estudos filosóficos e à quantidade de novos problemas levantados
pela expansão dos Descobrimentos. Esta dedicou-se a trabalhar a posição idealista de
base tomista, que também defendeu que o Direito Natural existiria mesmo que se
admitisse o caso de Deus não existir (ainda que assentasse as suas bases em Deus,
dado que se alicerçam o Direito e o Estado numa posição teocêntrica).
Hugo Grócio recorreu a este argumento da Segunda Escolástica, para uma efetiva
laicização do Direito Natural: que, agora, se assentava na razão do homem, deixando
de ter cariz divino. Com os sucessores de Grócio, constrói-se o verdadeiro Direito
natural racionalista, verdadeiramente desvinculado de matérias metafisico-teológicas,
e completamente alicerçado na razão humana. O Direito Natural é, então, o conjunto
de normas jurídicas dimanadas pela razão humana, normas que são imutáveis no
tempo e no espaço e nas quais assentam todas as normas de direito positivo.
O Homem passava, também numa visão laicizadora, a ser tomado como ser natural e
não como obra de deus e o direito natural passa a ser entendido como construção
através de axiomas básicos.
prévia daquilo que é cada matéria, sendo esta lecionada da mais fácil para a mais
difícil; demonstrativa, dado que a matéria deve, também, visar um encadeamento
lógico, devendo apenas avançar-se para um ponto depois de o anterior estar totalmente
esclarecido, avançando-se, então, de forma dedutiva; compendiário, já que o que já
foi disposto deverá ser acompanhado por uma obra escrita pelo professor, substituindo
as anteriores apostilas – durante a elaboração desta, deverá recorrer-se a obras
estrangeiras equivalentes.
Uma terceira alteração consta no estabelecimento de um programa para dada
disciplina a lecionar, bem como da escolha prévia da Escola cuja doutrina deverá ser
seguida (por exemplo, no Direito Romano seguir-se-á uma perspetiva humanista).
Finalmente, temos que os Estatutos preveem, no seu texto, a existência de um aluno
empenhado e aplicado, submetido a um regime severo de comparência às aulas e a
provas de aproveitamento.
16. Analise as soluções consagradas pela Lei da Boa Razão quanto à utilização do direito
subsidiário
O Direito subsidiário consiste no ordenamento jurídico chamado a colmatar lacunas
de um outro ordenamento jurídico. A Lei da Boa Razão (1769), no seu processo de
reforma da ciência do direito, consagrou diversas soluções no âmbito da matéria de
direito pátrio e no âmbito do direito subsidiário. Esta foi marcada pelas correntes da
Escol Racionalista do Direito Natural, pelo usus modernus pandectorum, pela
Jurisprudência elegante, pelo iluminismo e pelo humanitatismo.
No que toca ao Direito subsidiário, abordaram-se os temas do Direito Romano,
Direito canónico e a Glosa de Acúrsio e Opinião de Bártolo (conjuntamente com a
communis opinio). Ora, quanto ao Direito Romano, este é aceite como fonte
subsidiária, porém a Lei da Boa Razão diz que apenas o é, quando respeite os
postulados da “boa razão” – devido a ser um preceito muito vago, os Estatutos da UC
de 1772 vêm complementá-lo: este será fonte de Direito subsidiário quando estiver
conforme o usus modernus pandectorum, acabando o uso moderno por assumir,
indiretamente, um valor de fonte subsidiária. Ainda sobre este, ele nunca poderia ser
aplicado a matérias políticas, económicas, mercantis e marítimas (nestes domínios
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dever-se-ia aplicar as leis das Nações Christãs, Illuminadas e Polidas, porque o Direito
Romano se considerava desadequado)
Relativamente ao Direito canónico, este deixa totalmente de ser fonte de direito
subsidiário – passando a ser aplicado exclusivamente nos tribunais eclesiásticos (esta
laicização é uma manifestação evidente da influência iluminista).
A Glosa de Acúrsio, a Opinião de Bártolo, e, consequentemente, a communis opinio
são também afastadas da vigência. Esta solução é justificada no facto de todas essas
fontes serem ignorantes em matérias de direito natural, e também pela falta de
conhecimentos históricos e linguísticos destes autores.
17. Trace a evolução do Direito Canónico, como fonte de direito subsidiário, ao longo da
história do Direito Português
Direito canónico é conjunto de normas que disciplinam as matérias de competência
da Igreja Católica. Segundo uma das chamadas “Leis de D. Afonso II” de 1211, o
direito pátrio estava subordinado ao direito canónico, assumindo-se este,
expressamente, como fonte do direito português. No período de receção do direito
romano renascido e direito canónico renovado, anterior às ordenações afonsinas,
recorria-se a este para o preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico – contudo,
estando os juristas impreparados para aceder às fontes de direito canónico originais,
circulavam com carater subsidiário obras castelhanas de relevo (como o Fuero Real,
Siete Partidas, Flores de Derecho, Nueve Tiempos). Já na época das ordenações, com
as ordenações afonsinas, o caráter subsidiário do direito canónico estava reservado
para as questões de ordem espiritual e para as questões de ordem temporal às quais o
direito romano induzisse pecado nas soluções. Nas ordenações manuelinas, a divisão
entre questões temporais e espirituais deixa de ter relevo, passando o direito canónico
a ser aplicado subsidiariamente apenas quando o direito romano apresentasse um
caminho pecaminoso. Com a Lei da Boa Razão, 1769, o direito canónico é
definitivamente afastado da aplicação subsidiária nos tribunais civis, restando a sua
aplicação nos tribunais eclesiásticos.
18. Das fases que marcaram o Direito português do século XX, escolha uma delas e faça
sobressair três matrizes jurídicas que, em seu entender, repute fundamentais.
delimitação temporal da época do direito social; identificação das diferentes fases
pelas quais passou o direito português do século XX(direito da Primeira República,
direito do Estado Novo Corporativo e direito posterior a1974); apresentação de três
aspectos jurídicos próprios de uma das fases identificadas delimitação temporal da
época do direito social; identificação das diferentes fases pelas quais passou o direito
português do século XX(direito da Primeira República, direito do Estado Novo
Corporativo e direito posterior a1974); apresentação de três aspectos jurídicos
próprios de uma das fases identificadas
19. Descreva a evolução do instituto dos assentos desde a sua criação às Reformas
Pombalinas
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se num sentido amplo, englobando todas as fontes de Direito tradicional sem caráter
legislativo (direito consuetudinário, sentenças da cúria régia, sentenças de juízes
municipais e arbitrais, pareceres de juristas, etc.).
Já no período do Direito Português de inspiração romano-canónica, na época da
receção do direito romano renascido e direito canónico renovado, este perde o seu
significado e importância, em favor da lei – decaindo a sua primazia como fonte de
direito novo – na sequencia das conceções romanísticas, o costume passa a ser visto
como manifestação da vontade do monarca (se o rei não promulgasse uma lei que
revogasse o costume, é porque tacitamente o aceita). No mesmo período, mas já na
época das Ordenações, este mantém a eficácia como fonte de Direito, quer conforme
à lei (secundum legem), além da lei (praeter legem) ou, ainda, contra legem, contra a lei;
nas ordenações afonsinas, mantem-se como na época previamente referida; nas ordenações
manuelinas e filipinas, salienta-se a validade no mesmo plano dos costumes gerais e locais,
mas restringe-se o seu campo de aplicação, como fonte imediata, aos casos em que ele fosse
admitido pelo Direito Romano e Canónico – existindo requisitos para o mesmo passar a ser
fonte de Direito (antiguidade de 10 ou mais anos; número de atos (2, comummente aceite;
opiniões divergem entre 1 a 10) necessários à demonstração de vigência do costume,
preferencialmente de natureza judicial).
Passando para o período da formação do Direito Português Moderno, com a Lei da Boa Razão,
os critérios para a aceitação do costume como fonte de Direito mudam: agora, este necessita
de não ser contra a lei (costume contra legem é afastado); ser conforme a boa razão (as normas
de jusracionalismo); e ter uma antiguidade de, pelo menos, 100 anos. Mais tarde, com o
Código de Seabra, primeiro Código Civil português, é também afastado o costume praeter
legem, aceitando-se apenas o costume conforme a lei, e como fonte mediata – sendo a sua
utilização dependente do legislador. Atualmente, o costume não é sequer reconhecido como
fonte de direito no nosso Código Civil.
22. Analise a evolução do Direito subsidiário português à luz das correntes doutrinais que
o foram marcando
Direito subsidiário é o sistema jurídico chamado a colmatar as lacunas de um
determinado ordenamento. Anteriormente às Ordenações afonsinas, o preenchimento
de lacunas era regulado por critério dos juristas e dos tribunais, utilizando-se, em
grande escala, direito romano e direito canónico – contudo, os juristas não se
encontravam preparados para aceder às fontes originais, portanto circulavam com
caráter subsidiário obras castelhanas de relevo (siete partidas, flores de derecho,
nueve tempos, fuero real).
Com as ordenações afonsinas, o direito subsidiário passa a ter fontes definidas:
Direito Romano (para questões temporais) e Direito Canónico (para questões
espirituais e temporais em que o Direito Romano oferecesse soluções pecaminosas),
a Glosa de Acúrsio e a Opinião de Bártolo (contributos da Escola dos Glosadores e
Escola dos Comentadores, respetivamente); caso nenhum destes oferecesse uma
solução concreta, ou oferecessem soluções divergentes recorria-se à resolução do
monarca. Com as Ordenações Manuelinas, a questão da espiritualidade e
temporalidade deixa de possuir importância, passando o Direito Romano a vigorar em
maior parte dos casos, sendo reservado ao Direito Canónico apenas as matérias em
que o primeiro induz o pecado; há também alterações no âmbito da subsidiariedade
da Glosa e da Opinião de Bártolo, sendo que estas terão de estar em conformidade
com a communis opinio, que serve como uma fonte subsidiaria a anteceder estas duas.
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25. Faça avultar alguns dos traços essenciais da época do direito social
A Época do Direito Social, inserida no período da formação do Direito moderno, com
inicio em 1914, estando, ainda, a vigorar, tem como marco inicial a I Guerra Mundial,
que trouxe consigo nomas relações sociais e impôs ao Direito noas exigências de
tutela. Dos traços essenciais desta época, importa assinalar o incremento do
intervencionalismo legislativo do Estado, limitando a autonomia da vontade e a
liberdade contratual. Também a tendência para a subordinação dos interesses
individuais aos interesses coletivos, que deviam convergir para a sua prossecução.
Finalmente, no inicio do século XXI, regista-se, contudo, uma tendência para a
desintervenção do Estado. (desenvolver)
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para as obras dos autores da escola do Usos Modernus Pandectarum, passando a ser
entendida como os códigos individuais já existentes na Europa.
Para justificar a utilização subsidiária destes códigos individuais recorreu-se ao
argumento apresentado por Coelho da Rocha: se o uso moderno está presente nas
obras dos jurisconsultos das nações europeias, então, por maioria de razão, poderia
ser encontrado nos seus Códigos. Claro que, como aponta Braga Cruz, o uso moderno
referido nos estatutos estava ligado a uma corrente doutrinal com um sentido muito
específico (ligação do jusnaturalismo ao Direito Romano), da qual os códigos
oitocentistas (associados ao individualismo) se afastavam.
Uma outra modernização do Direito privado consta da formação de novas
interpretações de textos legislativos em vigor, com base nos critérios da legislação
pombalina – assim, utilizando estes critérios, os juristas da primeira metade do sec.
XIX interpretaram varias normas legais, por via a alterar profundamente o Direito
vigente (é o caso do princípio da essencialidade da instituição do herdeiro: era visto
como essencial, porém como se consideraram exceções, estes autores interpretaram
essa existência de exceções como uma não-essencialidade de tal aspeto). Acresce a
isto que tanto a defesa de doutrinas contrárias às previstas nos textos, como a defesa
de novas doutrinas no domínio do Direito subsidiário, constituíam vias importantes
de transformação do Direito vigente.
28. Comente, de acordo com a sua ponderação, duas das mais emblemáticas
transformações do DP durante a I República
A revolução de 5 de outubro implementou um regime republicano, inserido na
tradição dos ideais do liberalismo e, por isso, o nomo regime pretendeu continuar essa
tradição, ainda que expurgando-a de todas as facetas monárquicas. Duas das mais
emblemáticas transformações do Direito Português foram no âmbito do/a [questão
religiosa, Direito da Família, Direito Contratual, Direito Sucessório, Direito
Constitucional, Direito do Trabalho e Proteção Social – escolher 2 destes].
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29. Explique três alterações de relevo ocorridas no direito português na fase do Estado
Novo Corporativo
O regime corporativo, numa recusa tanto da lógia do liberalismo individualista como
da do parlamentarismo democrático, proclamava o bem comum, devendo os
interesses individuais e coletivos convergir para a sua prossecução, assim, os
trabalhadores e as entidades patronais agrupavam-se dentro da organização
corporativa: os primeiros em sindicatos nacionais e as segundas em grémios. Estes,
por sua vez, agrupavam-se com outros do seu ramo de atividade, em Federações
Regionais ou Nacionais, de onde saíram as Uniões de sindicatos e de grémios. No
topo da pirâmide, encontravam-se as Corporações, através das quais o Estado
coordenava o sistema – isto constitui o corporativismo do Estado (1).
A quebra da continuidade entre o Código de Seabra e a legislação posterior, bem com
as conceções que nele não tinham acolhimento, levou a uma Reforma do Código em
1930, baseada num projeto de António Pinto de Mesquita – foi contudo uma revisão
limitada, que procurou apenas colmatar lacunas, suprir deficiências e adaptar certos
preceitos às novas circunstancias. Em 1944, começaram, então, os trabalhos
preparatórios para o novo Código Civil – de 1966, não qual estavam patentes uma
forte inspiração na filosofia de reação contra positivismo legalista, um Direito de
inspiração social e um estilo de maior sobriedade e simplicidade elegante. (2)
Uma outra alteração de relevância constitui na Concordata com a Santa Sé de 1940 e
as alterações no âmbito do direito da família dela originadas: esta foi a concordata
que pacificou a relação entre o Estado Português e a Igreja, que haveriam sido
abruptamente rompidas em 1911, aqui, prosseguiu-se o já publicado decreto da Lei
da Personalidade Jurídica das Igrejas, o que se estendeu às organizações e associações
por ela instituídas. O património da igreja, os bens que lhe tinham sido retirados, é
reconhecido como sua propriedade – ainda que na prática, nada foi efetivamente
devolvido, nem concedido via indemnização. Permitiu-se que a igreja formasse as
próprias escolas, bem com o ensino da religião católica nas escolas oficiais.
Ainda em consequência desta concordata, volta a prever-se o casamento católico ao
lado do casamento civil, sendo o divorcio excluído do primeiro.
30. Aluda à Concordata com a Santa Sé de 1940 e à sua importância para o Direito da
Família
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Concordata com a Santa Sé de 1940 foi a concordata que pacificou a relação entre o
Estado Português e a Igreja, que haveriam sido abruptamente rompidas em 1911, com
a Lei da Separação do Estado da Igreja, que procurou a máxima laicização do Estado
(foram proibidos os conventos, mosteiros e colégios das ordens religiosas regulares,
e s seus bens passaram a pertencer ao Estado; de notar é que se repuseram alguns
diplomas pombalinos; a vida religiosa em comunidade foi extinta, e baniu-se o ensino
da religião católica nas escolas oficiais, tendo sido proscritos da prática administrativa
os juramentos religioso). Aqui, prosseguiu-se o já publicado decreto da Lei da
Personalidade Jurídica das Igrejas, o que se estendeu às organizações e associações
por ela instituídas. O património da igreja, os bens que lhe tinham sido retirados, é
reconhecido como sua propriedade – ainda que na prática, nada foi efetivamente
devolvido, nem concedido via indemnização. Permitiu-se que a igreja formasse as
próprias escolas, bem com o ensino da religião católica nas escolas oficiais.
Ainda em consequência desta concordata, volta a prever-se o casamento católico ao
lado do casamento civil, sendo o divorcio excluído do primeiro.
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