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Este trabalho tem como finalidade entender umas das teorias arqueológicas que teve
sua eclosão na década de 1960, aonde seus organizadores não viam contemplação das
teorias arqueológicas advindas do eixo algo-americanas nos contextos de seus países,
marcados pelo colonialismo das potências europeias. A Arqueologia Social Latino
Americana (ASLA), consolidada no livro: Arqueologia como Ciência Social de
Guilhermo Lumbreras, nasce em meio a uma onda de ditaduras militares por todo
América Central/Latina.
Objetivos:
O trabalho tem como objetivo propor uma análise de quatro autores, defensores
da corrente arqueológica social. Autores esses que tiveram papel de destaque na
disseminação das ideias embrionárias que dão corpo a essa teoria. Assim analisaremos
como se estrutura a Arqueologia Social para esses autores a partir de conceitos
arbitrariamente pré-definidos, delimitando uma discussão entre os quatro autores - L. G.
Lumbreras, L. F. Bate, Iraida Vargas e Mario Sonoja – para compreensão dessa corrente
arqueológica.
Justificativa:
Como a história nos mostra muito se utilizou desses estudos científicos para dar
base aos pensamentos políticos; por exemplo, o arqueólogo, Gustaf Kossinna (1911) que
como outros cientistas alemães tiveram seus trabalhos utilizados como escopo científico
para a construção do estado totalitário, liderado por Adolf Hitler.
A metodologia defendida não só pelo casal, mas também pela nova geração de
arqueólogos brasileiros, tinha como paradigma a metodologia de seriação Ford, proposto
por James Ford, para entender o contexto cronológico de um determinado sítio
arqueológico, tendo como amostra um material específico, que no caso de James foi a
cerâmica do território norte-americano. James Ford ao analisar o material cerâmico
depositado em cada camada geológica, notou que esse material remetia a uma cronologia
específica, onde seu grau de decoração (adorno) demonstrava o patamar de complexidade
(fase) que essa sociedade alcançou. Assim, o que estava mais superficial – o começo da
escavação arqueológica – a fase final evolutiva dessa sociedade e o fim da escavação seria
o seu começo.
Essa metodologia advinda dos estudos de James Ford e trazida ao Brasil pela
expedição do casal norte-americano, foi explorada para entender a variabilidade cultural
presente no território brasileiro. Essa seriação permitiu que o material cerâmico – a
condição da maior parte dos solos brasileiros preserva essa espécie de material – fosse
analisado a partir de suas características estilísticas e pudessem ser caracterizadas as fases
e tradições – pelo cruzamento dos dados obtidos em campo, com outras escavações de
mesma visão teórica - indígenas presentes no Brasil. O que possibilitou o entendimento
da distribuição/disseminação das tradições indígenas em nosso território brasileiro.
O que se tem no Brasil, após a chegada desses dois casais, é o “inicio” de uma
arqueologia brasileira cientificista. O que presenciamos na arqueologia presente é a
continuidade nessa importação teórica tanto das potências europeias (Inglaterra/França)
quanto dos EUA. Por mais que após o Processualismo vieram outras correntes teóricas,
suas ideias ainda são vigentes no Brasil, com uma roupagem mais atual. As duas escolas
– americana e francesa – se misturam no decorrer do desenvolvimento da arqueologia
brasileira se adequando as necessidades arqueológicas do país, como defende Ondemar
Dias em uma entrevista.
No Brasil, a Nova Arqueologia foi muito utilizada com o programa citado acima
– PRONAPA – e outros trabalhos que vieram após essa grande expedição formadora
norte-americana, como exemplo o PRONAPABA, projeto que estendeu os postulados do
programa anterior para a bacia amazônica. Dando continuidade teórica ao que havia sido
disseminado pelo casal norte-americano.
Que inicia seus postulados na década de 1960 e tem seu ponto chave com o livro,
Arqueologia como Ciencia Social de Lumbreras na década de 1970. A falta de
compatibilidade da Nova arqueologia nos contextos histórico desses países “periféricos”
dão base para a criação dessa nova vertente que denuncia a falta de compromisso com os
contextos dos países de terceiro mundo. “ Para la mayoría -que éramos pocos- se trataba
de una búsqueda de coherencia entre el compromiso político con la sociedad en que
vivimos y nuestro quehacer professional (...) “ (BATE, 2008). As teorias advindas das
economias mundo para países terceiro mundistas, era na visão desses autores, uma forma
de adequação e complementação com a história já produzida.