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Giovânni Lima Valle da Costa – Cadeira de Psicoterapia Infatil

“Às vezes nos esquecemos que as crianças acabaram de chegar a Terra. Elas são como alienígenas,
seres de muita energia e puro potencial, em uma espécie de missão exploratória, e estão aprendendo
o que significa ser humano. Por algum motivo surgimos no Universo e nos encontramos; nunca vou
saber como nem porque, e descobrimos que eu posso amar um alienígena e ele pode amar uma
criatura. E isso é estranho o bastante para nós dois."
-A Martian Child (Ensinando a viver)

A quanto tempo existe vida na terra? A quanto tempo o ser humano, homo sapiens, está na terra?
Com estar perguntas, gostaria de propor um olhar para nossa condição humana, que exige-nos uma
boa dose de humildade. Estamos no mundo, criando nossa existência, a muito tempo, investigando,
sobrevivendo, criando, modificando, transmitindo saberes, questionando verdades, multiplicando os
significados de ser humano. As vezes, tudo isso é feito sem um motivo claro e definido, mas
seguimos em marcha, entre guerras, dominações, entre terror e medo. Avançamos e recuamos, mas
não paramos, e dificilmente seremos parados. As formas de existir, investigar, sobreviver, criar,
modificar, transmitir, questionar, estão no mundo, e cada criança que nasce, tem o poder de brincar
com estas ferramentas de enfrentamento da dura condição humana, podendo se divertir com elas,
utilizando-as de maneiras não convencionais, que causam estranhamento a quem já está a algum
tempo no mundo, condicionado a enxergar de uma determinada forma. O ponto que tento chegar é
este, o estranhamento. Estranhar algo gera espanto, curiosidade, vida. Tememos o estranho, o não
familiar, o diferente. Há motivos, é claro, pois isso nos permitiu sobreviver em épocas onde
qualquer coisa diferente poderia nos matar, mas não estaríamos hoje, morrendo, ou deixando de
viver, ou proibindo a vida, por continuarmos temendo o estranho? Não há respostas óbvias para
isto, não existem respostas simples para questões complexas desta ordem, e talvez, a ausência de
uma resposta certa para isso, seja um ponto ideal de inicio. O drama da criança Marciana, nos
coloca diante desta reflexão, como acolher o estranho, aprender sobre como ele percebe o mundo,
mostrar-lhe como vê o mundo, e encontrar a partir da diferença, algum denominador comum, novo,
único, e que talvez jamais tenha estado no mundo?
Quando pensamos em fazer uma experiência antropológica, o que fundamentalmente nos
propomos? Se conseguirmos abandonar nosso instinto colonizante, de outro colonizados, se
vencermos essa repetição, imagino que possamos nos abrir, ainda que maneira precária, a um não
saber, que poderá nos provocar a revivência da angústia do desamparo, mas que sobrevivendo,
poderá nos levar a um desejo de saber, de compreender, experimentar, sentir, perguntar, escutar,
imitar, comparar, incorporar, analisar, sintetizar, aplicar, enfim e resumidamente, brincar. Talvez,
brincar seja o agrupamento de todas estas ações. Talvez inventar seja o exito totalmente
despreocupado do brincar. A invenção pode até ser sistemática, mas há uma dose de acaso, de
desordem, de descoberta do que não se procurava, um encontro com algo que não estávamos
olhando, isto me parece uma boa definição de inventar. Com esta definição, gostaria de pensar o
percurso do existir humano, da busca interminável do verdadeiro self, esse encontro com o
particular, com o que não havia sido dito, com o que não estava programado, que não se esperava de
si mesmo, porque mesmo aquilo que sonhamos para nós, pode ser o sonho de alguém. Por isso
penso que precisamos brincar com nossos sonhos, sem a expectativa de chegar a algum lugar com
isto, para inventar novos sentidos.
Dada minha visão do que imagino ser uma boa experiência antropológica, gostaria de propor
uma nova pergunta: por quando um novo ser humano chega ao mundo, não podemos nos colocar na
relação com estes de uma maneira semelhante? Como alguém que está ali para brincar com a
realidade, com o embate entre o que já está dado, e o que há de totalmente singular em uma criança,
como alguém disposto a explorar mutuamente o universo, partindo do pressuposto, que um
marciano ou seja lá que cultura estejamos antropologicamente conhecendo, conhece coisas que nós
não conhecemos, ou talvez, tenhamos esquecido? Novamente, não temos uma resposta simples a
uma pergunta tão complexa, que pode ser respondida, muito nobremente, a partir de olhares
políticos, econômicos, sociais, higienistas, biológicos, teológicos, religiosos, místicos, filosóficos,
psicanalíticos, psicológicos, mas a grande verdade é que, nós não sabemos a melhor maneira de
criar uma criança, a melhor maneira de apresentar o mundo a um marciano, ou a essência do
comportamento de uma tribo. Para não cair em um relativismo, por conta de nossas utopias, talvez
possamos nos fundamentar em pressupostos básicos a partir daquilo que foi experimentado nestes
milhares anos de educação, e que podemos considerar, que adoeceu o ser humano, cerceou sua
liberdade, e causou-lhe sofrimento para além do natural mal estar da nossa existência. Se podermos
então, manter uma relação com uma criança, que respeito isto, e ao mesmo tempo, seja aberta para
o redescobrimento do mundo, podemos pensar que fomos suficientemente exitosos em marchar
juntos, criando condições favoráveis para o florescimento de uma nova existência humana.
Escrevo aqui uma breve visão daquilo que atualmente sustenta a base do meu pensamento
sobre a visão que tenho do educar. Se tivesse que resumir, diria que educar para a liberdade, para a
espontaneidade, é propiciar segurança física e afetiva, com alguma estabilidade física e emocional
do ambiente e dos cuidadores, com propícios lugares físicos e emocionais para a descarga da
agressividade e da ambivalência do amor-ódio que sentimos pelo outro, em um sistema de convívio
ético pautado na co-responsabilidade para com os acontecimento sociais, onde a liberdade, a
invenção, e o direito a vida digna, seja tanto um direito, quanto uma responsabilidade, que precisa
ser conquistada no mundo, dado que a luta por isto, sempre existiu, e provavelmente sempre
existirá. Entretanto, esclareço, os caminhos não são claros para isto, não existem fórmulas, e
portanto não há uma clara pedagogia para isto, e que faz de toda proposta terapêutica para um
sujeito, para uma criança, uma invenção e permissão do existir pleno, ausente de lógicas de causa e
efeito, onde o caminhar, é a única certeza, e o caminho, se constrói, a partir da individualidade que
nos mostra o caminho, que nos pega da mão, e convida, para juntos seguir.
A criança marciana, ensina-me que, apenas a despretensão completa, a aceitação total da
individualidade, daquele que deseja nos cuidar, pode nos ser um convite aceitável para continuar na
terra, nós, estes estrangeiros, que sem convite formal ou razão, aparecemos neste inóspito ambiente
que não nos dá nenhuma certeza de que a jornada valerá a pena, que não tem significado em si, e
precisa ser constituído a cada instante, e que reserva caminhos tortuosos desde muito cedo para
muitos de nós. Sobreviver é um ato de coragem, e usamos todos os recursos que temos disponíveis
para isto. Lançamos mão de fantasias, brincadeiras, arte, razão... e o ser humano, ou melhor, a vida,
de qualquer lugar do mundo, luta até o fim das suas forças, luta sozinha muitas vezes, mas sempre
lutará melhor, acompanhado de alguém que queira lutar com ela, por ela.

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