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ARTIGO DE REVISÃO

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Mara Morelo
Rocha Felix1, Alergia à penicilina: aspectos atuais
Fábio Chigres
Kuschnir2
Penicillin allergy: current aspects

> RESUMO
Objetivo: Revisar os principais mecanismos imunopatológicos e apresentar uma abordagem prática para o diagnóstico
e conduta da alergia à penicilina. Métodos: Revisão não sistemática de artigos originais e revisões indexadas nas bases
MEDLINE e LILACS, além de textos clássicos que tratam do tema. Os seguintes descritores foram utilizados: hipersensibilidade
a drogas, agentes antibacterianos, penicilina, febre reumática, adolescentes. Resultados: A penicilina é um antibiótico
amplamente utilizado na prática clínica com uma incidência de reações alérgicas estimada em 2% por curso de tratamento.
Entretanto, a percepção geral de alergia a este medicamento é de 10 a 15%. Convém ressaltar sua importância na prevenção
da febre reumática e no tratamento da sífilis congênita, doenças ainda bastante prevalentes no nosso país e que constituem
importante problema de saúde pública. A penicilina pode causar reações através de todos os mecanismos imunológicos
descritos por Gell & Coombs. Além da história clínica, os testes diagnósticos in vivo e in vitro são úteis para esclarecimento
dos casos suspeitos de alergia à droga. Conclusão: Muitos indivíduos são falsamente rotulados como alérgicos à penicilina.
A utilização das ferramentas disponíveis para o diagnóstico correto permitirá o uso seguro deste medicamento de elevada
eficácia e baixo custo.

> PALAVRAS-CHAVE
Penicilina, alergia, hipersensibilidade a drogas.

> ABSTRACT
Objective: To review the main immuno-pathological mechanisms and present a practical approach to the diagnosis and
treatment of penicillin allergies. Methods: non-systematic review of original articles and reviews indexed in the MEDLINE
and LILACS databases, in addition to classical texts on this subject. The descriptors used were: drug hypersensitivity, anti-
bacterial agents, penicillin, rheumatic fever and adolescents. Results: Penicillin is widely used in clinical practice, with
an incidence of allergic reactions estimated at 2% per course of treatment. However, the general perception of allergy
to this medicine is between 10% and 15%. Its importance must be stressed for preventing rheumatic fever and treating
congenital syphilis, which are diseases still quite prevalent in Brazil, constituting major public health problems. Penicillin can
cause reactions through all the immunological mechanisms described by Gell & Coombs. In addition to clinical history, in
vivo and in vitro diagnostic tests are useful for exploring suspected cases of allergy to this drug. Conclusion: Many people
are wrongly labeled as allergic to penicillin. Using the tools available for correct diagnosis will allow the safe use of this
medication of high efficacy and low cost.
>
KEY WORDS
Penicillin, allergy, drug hypersensitivity.

1
Mestre em Clínica Médica, Setor de Saúde da Criança e Adolescente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Médica do Setor
de Alergia e Imunologia Pediátrica do Hospital Federal dos Servidores do Estado – RJ.
2
Doutor, Professor da Disciplina de Pediatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do Programa de Pós-Graduação em
Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Mara Morelo Rocha Felix (maramorelo@gmail.com) – Av. Maracanã, 1523/104, Tijuca – CEP: 20511-000 – Rio de Janeiro – RJ
Recebido em 15/08/2011 - Aprovado em 10/09/2011

Adolescência & Saúde Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 43-53, jul/set 2011
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> INTRODUÇÃO elevados para o sistema de saúde5, 8. Qualquer


órgão do corpo pode ser afetado, porém o en-
A penicilina é um antibiótico amplamente volvimento cutâneo é o mais comum. Estudo de
utilizado na prática clínica e a incidência de re- Bigby et al. compreendendo o período de 1975
ações alérgicas com seu uso é estimada em 2% a 1982 mostrou uma frequência de 2,2% de re-
por curso de tratamento. As reações anafiláticas ações alérgicas cutâneas a drogas em pacientes
ocorrem em apenas 0,01% a 0,05% dos pacien- hospitalizados, sendo a amoxicilina o agente
tes tratados. Entretanto, a percepção geral de mais frequentemente envolvido8.
alergia à penicilina na população é de 10 a 15%1. Em relação às reações anafiláticas, um estu-
Vários indivíduos são falsamente rotulados do prospectivo multicêntrico avaliou a incidência
como alérgicos à penicilina. O relato de reações de reações alérgicas à penicilina em pacientes
pode estar associado a distúrbios neurovege- com febre reumática em uso de penicilina ben-
tativos, erupções cutâneas desencadeadas por zatina para profilaxia secundária. Dos 1.790 pa-
infecções virais, ou ainda provocadas por outros cientes incluídos, houve quatro episódios de ana-
medicamentos usados concomitantemente com filaxia, representando uma incidência de 0,2%,
o antibiótico, como os anti-inflamatórios não hor- e apenas um óbito, com incidência de 0,05%9.
monais. Além disso, a sensibilização à penicilina O padrão de consumo de antibióticos tem
pode desaparecer com o decorrer do tempo2. mudado ao longo do tempo e estudos recentes
A penicilina é considerada a primeira esco- têm mostrado que a penicilina não é mais o be-
lha nas profilaxias primária e secundária da febre ta-lactâmico mais prescrito em países da Europa
reumática e no tratamento da sífilis. Também está e EUA, sendo substituída pela amoxicilina. Além
indicada para tratamento das infecções do trato disso, o consumo de cefalosporinas também
respiratório superior e de tecidos moles, pneumo- vem aumentando. Esta mudança de padrão se
nia por Streptococcus pneumoniae, na glomerulo- reflete nas reações alérgicas, com aumento na
nefrite pós-estreptocócica, difteria, entre outras frequência de reações alérgicas às aminopenici-
afecções infecciosas3. O diagnóstico incorreto de linas e cefalosporinas6.
alergia à penicilina exclui uma opção terapêutica
de elevada eficácia e baixo custo, aumentando as
despesas do tratamento e possibilitando o surgi- REAÇÕES ADVERSAS ÀS DROGAS >
mento de cepas de bactérias resistentes4.
As reações adversas às drogas (RAD) são
definidas, de acordo com a Organização Mun-
> EPIDEMIOLOGIA DAS dial da Saúde (OMS), como todas as consequên-
REAÇÕES À PENICILINA cias não terapêuticas do uso de uma medicação,
exceto falência terapêutica, envenenamento
As reações adversas a drogas (RAD) atin- acidental ou intencional e abuso de drogas. Tais
gem cerca de 15% dos pacientes hospitalizados. reações são didaticamente classificadas em: rea-
Já as reações alérgicas, também denominadas ções previsíveis e não previsíveis10.
reações de hipersensibilidade, constituem 6 a As reações previsíveis constituem cerca de
10% de todas as RAD5. 80% das reações adversas, e baseiam-se nas
Entre os antibióticos, o grupo dos beta-lactâ- propriedades farmacológicas da droga. A super-
micos é o mais prescrito, representando também dosagem ou toxicidade é definida como efeito
a causa mais comum de reações adversas às dro- tóxico da droga relacionado à concentração sis-
gas mediadas por mecanismos imunológicos6,7. têmica ou local da droga. Pode ser resultante de
As reações alérgicas a antibióticos estão uma dose em excesso, tomada acidentalmente
associadas à alta morbimortalidade e custos ou deliberadamente, como por exemplo, necro-

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se hepática por acetaminofeno. Efeitos colaterais tipo I é mediado por anticorpos do tipo IgE. São
são as reações adversas mais comuns. Ocorrem as reações imediatas, do tipo anafilático como,
em doses usuais e são decorrentes das ações far- por exemplo, a urticária, o angioedema e a ana-
macológicas da droga diferindo do efeito tera- filaxia. As reações de hipersensibilidade do tipo II
pêutico desejado, como por exemplo sedação são mediadas por anticorpos IgG e IgM, e tam-
com anti-histamínicos de primeira geração. Os bém por complemento. São as chamadas reações
efeitos secundários são consequências indiretas citotóxicas, como, por exemplo, as citopenias
da ação farmacológica primária da droga, como imunes (anemia hemolítica, trombocitopenia) e
por exemplo clindamicina levando à colite pseu- algumas inflamações de órgãos. As reações de
domembranosa por Clostridium difficile. A intera- hipersensibilidade do tipo III são mediadas por
ção medicamentosa é definida como a modifica- imunocomplexos, com a participação do sistema
ção do efeito de uma droga pelo uso anterior ou complemento. Exemplos deste mecanismo são as
concomitante de outra medicação, por exem- vasculites e a doença do soro. Por último, o me-
plo, eritromicina e fluconazol3,10. canismo de hipersensibilidade do tipo IV é me-
As reações não previsíveis correspondem a diado por células. São as reações tardias, como a
20-25% das reações adversas a drogas. Hiper- dermatite de contato e alguns exantemas10.
sensibilidade (alergia) é definida como uma re- Pichler e colaboradores propuseram uma
ação imunologicamente mediada no paciente subclassificação das reações do tipo IV de Gell &
previamente sensibilizado. A idiossincrasia é ca- Coombs. O tipo IVa seria determinado por um pa-
racterizada como um efeito não esperado e não drão Th1, semelhante ao que ocorre em resposta
relacionado à ação farmacológica do medica- à tuberculina. O tipo IVb seria constituído por um
mento, por exemplo, dapsona causando anemia padrão Th2, com níveis elevados de IL-5 e eosinofi-
hemolítica em um paciente com deficiência de lia. O tipo IVc seria constituído por células T CD4+
G6PD. A intolerância é o efeito indesejado que citotóxicas, que contêm citolisinas, e estão presen-
ocorre com doses pequenas ou terapêuticas de tes no exantema maculopapular, e por células T
um medicamento, por exemplo, tinnitus induzi- CD8+ que, além de conter citolisinas, expressam
do pela aspirina. As reações pseudo-alérgicas ou Fas-Ligante (mediador de apoptose) quando ati-
anafilactoides são reações sistêmicas imediatas, vadas, como ocorre no exantema bolhoso. O tipo
com quadro clínico semelhante ao da anafila- IVd seria determinado por células produtoras de
xia, porém não são mediadas por IgE, como por IL-8 (fator quimiotático de neutrófilos), levando ao
exemplo, reações por contraste iodado3,10. Atu- acúmulo de neutrófilos nas lesões12.
almente, o termo anafilactoide está em desuso, A penicilina pode causar reações através de
pois a reação requer tratamento semelhante ao todos mecanismos descritos acima10.
da anafilaxia mediada por IgE.

ANTIGENICIDADE DA PENICILINA >


> MECANISMOS IMUNOLÓGICOS
DAS REAÇÕES À PENICILINA A penicilina é uma substância de baixo
peso molecular e precisa se ligar covalentemen-
As reações alérgicas podem ocorrer através te a macromoléculas para produzir complexos
de todos os mecanismos descritos por Gell & hapteno-proteína e induzir uma resposta imu-
Coombs. Entretanto, algumas não são classificá- ne2,3,13. Seus determinantes antigênicos são:
veis devido ao desconhecimento do mecanismo a) Determinante antigênico principal: corres-
imunológico envolvido11. ponde a 95% dos antígenos penicilínicos e
Segundo a classificação original de Gell & é constituído pelo benzilpeniciloil (BPO),
Coombs, o mecanismo de hipersensibilidade do resultante da rotura do anel beta-lactâmico

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e da ligação com proteínas plasmáticas e um indivíduo previamente sensibilizado com


teciduais13. Para a utilização deste reagente outro fármaco de estrutura similar14.
na realização de testes alérgicos, o deter- As penicilinas têm o anel beta-lactâmico
minante peniciloil é ligado em laboratório fundido à tiazolidina (ácido amino 6-penicilâni-
a um carreador fracamente imunogênico, co). Nas cefalosporinas, o anel está fundido à es-
a polilisina, para formar a peniciloil polili- trutura 1,3-tiazina. Algumas reações anafiláticas
sina (PPL), disponível comercialmente em às cefalosporinas são decorrentes de anticorpos
alguns países3. Os anticorpos contra o gru- direcionados contra as cadeias laterais específicas
po BPO podem ser detectados pelo teste nessas moléculas mais do que ao anel beta-lactâ-
cutâneo e por testes in vitro13. mico2. As cefalosporinas de 3ª e 4ª gerações pare-
b) Determinantes antigênicos secundários: cor- cem estar mais envolvidas em reações IgE-media-
respondem a 5% dos antígenos derivados das específicas para estas cadeias e, geralmente,
da benzilpenicilina e incluem a própria pe- não apresentam reatividade cruzada com os de-
nicilina e mais de 10 metabólitos (benzilpe- terminantes tradicionais da benzilpenicilina15.
niciloato, benzilpeniloato, ácido benzilpeni- Uma revisão de vários estudos sobre o uso
ciloico, etc). Uma mistura de determinantes de cefalosporinas em pacientes com história de
menores (MDM), disponível comercialmen- alergia à penicilina mostrou reações à cefalospo-
te, é utilizada em testes cutâneos13. rina em 4,4% dos pacientes com teste cutâneo
positivo para penicilina16. O teste cutâneo com
penicilina não é indicador de sensibilização para
> FATORES DE RISCO PARA cefalosporina, a menos que a cadeia lateral da
ALERGIA À PENICILINA penicilina seja similar à cadeia lateral da cefalos-
porina sob investigação17.
As reações à penicilina ocorrem mais fre- Os estudos sobre reatividade cruzada entre
quentemente em mulheres entre 20 e 49 anos de penicilina e carbapenêmicos, imipenem e mero-
idade e naqueles pacientes com reação prévia ao penem, indicam um baixo grau de reatividade
antibiótico quando submetidos a novos tratamen- cruzada nas reações IgE-mediadas. Os pacien-
tos. A via de administração e a frequência de uso tes com história de alergia à penicilina e testes
da droga também são variáveis importantes, sen- cutâneos positivos para penicilina geralmente
do encontrada uma frequência maior de reações apresentam testes cutâneos negativos para estes
anafiláticas na administração parenteral e entre os carbapenêmicos e, quando provocados, toleram
pacientes com exposições intermitentes e repeti- bem estes compostos17. Portanto, os carbapenê-
das à penicilina. A presença de atopia não predis- micos podem ser usados na maioria dos pacien-
põe o indivíduo ao desenvolvimento de alergia à tes alérgicos à penicilina18.
penicilina, porém, os atópicos sensíveis apresen-
tam risco aumentado de reações anafiláticas gra-
ves ou fatais. A infecção pelos vírus HIV, Epstein- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS >
Baar (EBV) e Citomegalovírus (CMV) e a leucemia REAÇÕES ALÉRGICAS À PENICILINA
linfoide aguda aumentam o risco de erupção
máculo-papular induzida pela penicilina10. A) IMEDIATAS
As reações de hipersensibilidade à penicilina
podem ser classificadas de acordo com o tempo
> REAÇÕES CRUZADAS À PENICILINA em que ocorrem após a administração da droga2,3.
As reações imediatas geralmente ocorrem
A reatividade cruzada é definida como em até 1h após a administração da droga e se
uma resposta imune a um medicamento em traduzem clinicamente por urticária com ou

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sem angioedema, e anafilaxia. A urticária carac- 30% na NET, com uma sobreposição SJS/NET
teriza-se por pápulas pruriginosas transitórias quando o destacamento cutâneo está entre 10 e
disseminadas pelo corpo6, 7. A anafilaxia é defi- 30%. A taxa de letalidade é cerca de 10% na SJS
nida como sendo uma reação alérgica grave, de e maior que 30% na NET18.
início rápido e que pode levar ao óbito. O pa- A síndrome de hipersensibilidade a drogas
ciente pode apresentar sintomas como prurido ou DRESS (drug rash with eosinophilia and syste-
nas palmas e plantas que se torna generalizado, mic symptoms) é uma doença sistêmica grave
eritema, urticária, dispneia, hipotensão, taqui- caracterizada por exantema macular, edema
cardia e perda da consciência6. centrofacial eritematoso, mal-estar, febre, linfa-
As reações imediatas são geralmente IgE- denomegalia e envolvimento de outros órgãos,
mediadas, e frequentemente direcionadas con- incluindo hepatite e nefrite, respectivamente em
tra os determinantes antigênicos secundários da 50% e 10% dos casos e, mais raramente, pneu-
penicilina2, 3. Entretanto, é importante lembrar monite, colite e pancreatite. A eosinofilia é um
que algumas reações IgE-mediadas podem ocor- achado importante (> 1,5 x 109 eosinófilos/L). A
rer após 1 hora da administração da droga18. taxa de letalidade é de aproximadamente 10%.
É interessante notar que a DRESS é causada por
B) TARDIAS um número limitado de drogas, como os anti-
As reações tardias ou não imediatas ocor- convulsivantes, alopurinol e as sulfonamidas. Os
rem após 1 hora da administração, e envolvem beta-lactâmicos não são comumente relatados
um amplo espectro de patologias. São as rea- como causa desta reação, porém já existem rela-
ções mais comuns, sendo frequentemente me- tos de casos após o uso deste grupo de antibióti-
diadas por células T18. cos, principalmente as cefalosporinas19.
O tipo mais frequente é a erupção macu- Outras reações de hipersensibilidade de
lopapular ou morbiliforme, caracterizada por aparecimento tardio são a nefrite intersticial, as
máculas e pápulas eritematosas, afetando prin- citopenias e a doença do soro-símile. A doença
cipalmente tronco e extremidades proximais. É do soro apresenta manifestações como febre, ar-
observada em cerca de 2% dos pacientes hospi- tralgias, exantema macular e urticariforme, e lin-
talizados, e geralmente aparece após 2 a 9 dias fadenopatia. Anteriormente, com o uso de soro
da introdução da droga18. heterólogo, era comum o seu aparecimento 1 a
Uma doença rara que pode ser causada por 3 semanas após a administração deste compos-
aminopenicilinas é a chamada PEGA (Pustulose to imunobiológico. Atualmente, as penicilinas e
Exantemática Generalizada Aguda). Caracteriza- as cefalosporinas são as causas mais comuns de
se por pústulas cutâneas estéreis, de 1 a 3 mm doença do soro-símile, com um período de la-
de diâmetro, que aparecem após 3 a 5 dias de tência de 6 a 8 horas. Esta apresentação clínica
tratamento. Os pacientes apresentam febre e leu- geralmente é autolimitada, com duração média
cocitose importante, algumas vezes com eosino- de 1 a 2 semanas18.
filia. A taxa de letalidade está em torno de 4%18.
Outras duas patologias extremamente gra-
ves que podem ser causadas por drogas são as DIAGNÓSTICO DE >
síndromes de Stevens-Johnson (SJS) e a necrólise ALERGIA À PENICILINA
epidérmica tóxica (NET) ou síndrome de Lyell.
São caracterizadas por exantema macular erite- O diagnóstico de alergia à penicilina deve
matoso ou purpúrico que evolui para formação ser avaliado, primeiramente, através de uma his-
de bolhas. As mucosas, mais comumente labial, tória clínica detalhada. Assim, pode-se classificar
genital e a conjuntiva ocular, estão envolvidas. as reações de hipersensibilidade em imediatas
A extensão da pele afetada é < 10% na SJS e > ou não imediatas.

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A reatividade cutânea IgE-mediada diminui ção sistêmica adversa durante o teste com peni-
com o tempo e os testes cutâneos diagnósticos cilina é menor que 1%20.
podem se tornar negativos. Por esta razão, é im- Estes testes não têm valor e não devem
portante avaliar o tempo entre a ocorrência da re- ser realizados em pacientes com história de re-
ação clínica e a avaliação pelo especialista. Outros ação não IgE-mediada grave à penicilina, como
dados relevantes são: idade; sexo; história pessoal por exemplo: hepatite, nefrite, síndrome de
de atopia e hipersensibilidade documentada a ou- Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica e
tras drogas; história familiar de alergia a drogas; dermatite exfoliativa grave13.
outras drogas usadas no momento da reação; a Os consensos sobre a realização dos tes-
patologia para a qual o paciente estava tomando tes aconselham a realização dos mesmos entre
a medicação; a última vez que o paciente tolerou 6 semanas e 6 meses após a reação aguda de
qualquer tipo de beta-lactâmico; quantos dias de hipersensibilidade, pois o intervalo após a rea-
tratamento e qual a dose que o paciente estava ção permite a resolução dos sintomas clínicos e
tomando antes da reação; qual foi o tratamento o clearance da droga suspeita17.
da reação e a ocorrência de episódios prévios de Algumas medicações devem ser descon-
reação à penicilina e outros beta-lactâmicos6. tinuadas antes da realização dos testes, como
por exemplo: anti-histamínicos, cinco dias, e
β-bloqueadores, 48 horas. Os glicocorticoides,
> TESTES PARA AVALIAÇÃO DE se utilizados em longo prazo, devem ser evita-
ALERGIA À PENICILINA dos por 3 semanas antes dos testes e, se utiliza-
dos por curto prazo, em altas doses, devem ser
A hipersensibilidade IgE-mediada é avalia- evitados por 1 semana. Os pacientes devem es-
da, além da história clínica, por testes diagnós- tar sem febre e sem qualquer doença infecciosa
ticos in vivo, que são os testes cutâneos de leitu- ou inflamatória ativa6, 17.
ra imediata (puntura e intradérmico) e in vitro Os testes cutâneos podem ter resultados
(dosagem de IgE específica sérica e o Teste de falso-positivos, ou seja, a resposta ao teste é in-
Ativação Basofílica). Alguns exames laboratoriais terpretada como positiva, mas o paciente não
como o Teste de Ativação Basofílica (baseado na desenvolve sintomas se reexposto à droga. Entre
quantificação por citometria de fluxo da expres- as possibilidades para ocorrência deste achado
são de CD63 ou CD203c induzida por drogas) temos: (1) o paciente é sensibilizado e pode ter
estão disponíveis apenas em centros especiali- anticorpos IgE específicos de baixa afinidade,
zados. Em casos selecionados, como etapa final que não levam à reação clínica; (2) a droga pode
no processo diagnóstico, o teste de provocação causar degranulação mastocitária espontânea
oral pode ser necessário. Mais frequentemente, (ex. opiáceos ou quinolonas); (3) o reagente do
estes testes são realizados para estabelecer uma teste está muito concentrado; (4) o paciente pos-
alternativa segura de tratamento18. sui dermografismo; (5) interpretação errônea do
teste, com leitura do eritema e não da pápula; (6)
A) TESTES CUTÂNEOS DE LEITURA IMEDIATA ausência de controles negativos e positivos17.
Os testes cutâneos de leitura imediata são Os testes também podem ter resultados fal-
rápidos, de fácil execução, baixo custo e segu- so-negativos. As causas podem ser as seguintes:
ros. Para avaliação de alergia à penicilina é o mé- (1) aplicação de pequena quantidade de antíge-
todo mais conveniente e adequado13. De qual- no, seja por diluição inapropriada ou perda de
quer modo, é essencial que estes testes sejam potência; (2) técnica inapropriada, ex: introdu-
realizados por pessoal treinado e em ambiente ção inadequada de antígeno; (3) efeitos de medi-
com suporte adequado para reversão de uma cações que bloqueiam a resposta, como os anti-
eventual reação anafilática. A incidência de rea- histamínicos; (4) leitura inadequada do teste17.

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Felix e Kuschnir ALERGIA À PENICILINA - ASPECTOS ATUAIS 49

É importante lembrar que alguns dos cofa- eleva a sensibilidade para 70%. Por outro lado,
tores presentes no momento da reação, como, a especificidade individual de cada reagente é
por exemplo, infecções virais ou interações com estimada em 98-99%, e de 97% quando utili-
outras drogas, podem não mais estar presentes zados em conjunto6.
no momento do teste17. Estima-se que a penicilina G ou benzilpe-
Atualmente, em nível mundial, somen- nicilina, utilizada como reagente único, é capaz
te dois laboratórios comercializam os reagen- de identificar em torno de 15% dos indivíduos
tes para investigação de hipersensibilidade à sensíveis, sendo estes pacientes mais propensos a
penicilina21,22. O Ministério da Saúde do Brasil desenvolver reações anafiláticas graves à penicili-
(MS) recomenda como alternativa diagnóstica na13. Embora apresente baixa sensibilidade, como
a utilização do teste com penicilina G potássi- os demais reagentes utilizados, a especificidade
ca (benzilpenicilina) na concentração 10.000 dos testes cutâneos com penicilina G potássica
UI/ml, uma vez que os reagentes PPL e MDM é alta, em torno de 95-97%, sendo de grande
não estão disponíveis comercialmente em nosso utilidade na exclusão do diagnóstico de alergia
meio. Outra solução sugerida pelo MS é a mistu- à penicilina23. Assim, na indisponibilidade do PPL
ra de determinantes menores, realizada através e MDM, o teste com penicilina G (10.000 UI/ml)
da mistura de benzilpenicilina e benzilpenicilo- pode ser considerado um teste compensatório24.
ato de sódio. Entretanto, os autores propõem Os testes devem ser realizados na superfície
na prática a realização do teste com penicilina volar do antebraço, iniciando-se com o teste de
G 10.000 UI/ml, pois o preparo desta solução é puntura. Aplica-se uma gota de cada reagente
disponível mesmo em serviços de menor com- com distância mínima de 2 cm. O preparo da so-
plexidade, diferentemente do preparo da MDM lução de penicilina G potássica 10.000 UI/ml está
que necessita de manipulação em laboratório13. descrito nos quadros 1 e 2. Utilizam-se ainda con-
A sensibilidade do teste cutâneo é estima- troles negativo (soro fisiológico) e positivo (clori-
da em 22% para o PPL e 21% para o MDM, drato de histamina - 10 mg/ml). A puntura deve
43% para a amoxicilina, e 33% para a ampi- ser feita com lancetas descartáveis e individuais
cilina. A combinação destes quatro reagentes para cada extrato e leitura após 15-20 minutos.

Quadros 1 e 2. PREPARO DO REAGENTE: SOLUÇÃO DE PENICILINA G POTÁSSICA 10.000 UI/ML


1 – Frasco de penicilina G com 1.000.000 UI
Frasco de Penicilina G potássica com 1 milhão de unidades
Solução Estoque Reconstituir 1 frasco de 1.000.000 UI com 9,6 ml de soro fisiológico 0,9%. A
(validade 7 dias) solução estoque conterá 100.000 U/ml. Manter sob refrigeração (2 a 8oC).
Solução Diária = Solução Aspirar 1 ml da solução acima e diluir em 9 ml de soro fisiológico. A solução
Final (validade 24h) final conterá 10.000 UI/ml. Manter sob refrigeração (2 a 8oC).
Adaptado do Manual de Testes de Sensibilidade à Penicilina - MS.

2 – Frasco de penicilina G com 5.000.000 UI


Frasco de Penicilina G potássica com 5 milhões de unidades
Injetar 8 ml de soro fisiológico 0,9% no frasco. Cada 1 ml conterá 500.000 UI
Solução Estoque
de penicilina G. Aspirar 2 ml do frasco e diluir em 8 ml de soro fisiológico. A
(validade 7 dias)
solução estoque conterá 100.000 U/ml. Manter sob refrigeração (2 a 8oC).
Solução Diária = Solução Aspirar 1 ml da solução acima e diluir em 9 ml de soro fisiológico. A solução
Final (validade 24h) final conterá 10.000 UI/ml. Manter sob refrigeração (2 a 8oC).
Adaptado do Manual de Testes de Sensibilidade à Penicilina - MS.

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São considerados positivos aqueles com pápulas siderado o “padrão-ouro” diagnóstico, porém
≥ 3 mm, na presença de controle negativo igual seu uso é limitado pela possibilidade de reações
a zero. Nos casos em que a puntura é negativa, graves e incontroláveis26.
realiza-se teste intradérmico (TID) com 0,02 ml Todo TPD deve ser precedido de uma ava-
de soro fisiológico e a penicilina G na mesma liação risco versus benefício individualizado. Não
concentração do teste de puntura. O TID é con- deve ser realizado em pacientes de alto risco,
siderado positivo se o tamanho da pápula inicial por exemplo: infecção aguda; asma não contro-
aumenta ≥ 3 mm após 15-20 minutos6,13. lada; comorbidades cardíaca, renal, hepática ou
outras; ou em gestantes. Exceção deve ser dada
B) DOSAGEM DE IgE ESPECÍFICA SÉRICA para pacientes cuja droga suspeita é indispen-
No diagnóstico de reações de hipersensibi- sável para o tratamento, como é o caso da sus-
lidade imediata à penicilina, dispomos ainda dos peita de alergia à penicilina em pacientes com
testes in vitro, como a dosagem de IgE específica neurossífilis ou sífilis gestacional26.
para penicilina G e V. Os métodos mais utiliza- As cinco principais indicações para realiza-
dos são os imunoensaios: ELISA (Enzyme Linked ção de TPD incluem: (1) excluir hipersensibilida-
Immunosorbent Assay), RIA (Radio Immunoassay) de na presença de história não sugestiva e em
ou FEIA (Fluorometric Enzyme Immunoassay), pacientes com sintomas inespecíficos; (2) esta-
e os mais validados são o RIA, principalmente belecer diagnóstico conclusivo na presença de
por RAST (Radio Allergosorbent Test), e o FEIA. história sugestiva, porém com testes diagnós-
Todos são baseados na detecção do complexo ticos negativos, inconclusivos ou indisponíveis,
hapteno-carreador-anticorpo. A desvantagem por exemplo, erupção maculopapular durante
do RIA é a utilização de um isótopo que necessi- tratamento com aminopenicilina; (3) excluir re-
ta de equipamentos laboratoriais especiais6. ação alérgica imediata, exemplo: paciente com
O método FEIA é disponível mundialmente e exantema após aminopenicilina e testes cutâne-
baseia-se no seguinte: a droga de interesse é aco- os e in vitro negativos; (4) fornecer uma alterna-
plada covalentemente ao ImmunoCAP® e reage tiva segura farmacologicamente ou droga não
com a IgE específica do soro do paciente. A con- relacionada na presença de hipersensibilidade
centração da IgE varia de 0,35 a 100 kUA/l, com confirmada, como por exemplo, possibilitar o
valor de corte ≥ 0,35 kUA/l para resultados posi- uso de outros antibióticos nos pacientes alérgi-
tivos e < 0,35 kUA/l para resultados negativos6. A cos aos beta-lactâmicos; (5) excluir reatividade
sensibilidade deste método varia de 37,9% a 54% cruzada de drogas relacionadas na presença de
e a especificidade de 86,7 a 100%7. hipersensibilidade confirmada, por exemplo, ex-
A maioria dos pesquisadores concorda que cluir reatividade à cefalosporina num paciente
os testes in vivo superam os testes in vitro, pois alérgico à penicilina26.
têm maior sensibilidade, menor custo e maior O TPD nunca deve ser realizado em pacien-
disponibilidade25. tes que tiveram reações graves a drogas, como
por exemplo: síndrome de Stevens-Johnson, ne-
C) TESTES DE PROVOCAÇÃO crólise epidérmica tóxica, síndrome de hipersen-
O teste de provocação a droga (TPD) é de- sibilidade induzida por droga (DRESS), vasculite,
finido como a administração controlada de uma nefrite, hepatite, entre outras26.
droga para diagnosticar reações àquela droga, Apenas em casos selecionados, como os
seja de natureza imunológica ou não. A vanta- citados anteriormente, haverá necessidade do
gem é que o TPD permite testar um paciente TPD. O paciente deve estar sob observação ri-
com seu metabolismo individual e respectivos gorosa e a equipe médica e o local devem estar
fatores imunogenéticos. Pode reproduzir sinto- preparados para o tratamento de uma eventual
mas alérgicos e outras reações adversas. É con- reação durante a realização do TPD26.

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Felix e Kuschnir ALERGIA À PENICILINA - ASPECTOS ATUAIS 51

Por último, é importante ressaltar a diferen- ção brônquica e hipotensão. Os corticosteroides


ça entre o TPD, que é um método diagnóstico, agem em 4 a 6 horas, e atuam na fase tardia da
e a dessensibilização. A dessensibilização é um anafilaxia, inibindo a progressão da urticária e o
procedimento terapêutico realizado em um pa- angioedema3, 13.
ciente sensibilizado que necessita de uma me- Caso o paciente apresente hipotensão, deve-
dicação, sem alternativas disponíveis para seu se colocá-lo em posição supina com as pernas ele-
tratamento26. vadas e administrar fluidos intravenosos imedia-
tamente. Em situação de dificuldade respiratória,
o paciente deverá ficar em decúbito dorsal com
> TRATAMENTO DAS REAÇÕES o pescoço em extensão, e ser oferecida oxigenio-
ALÉRGICAS À PENICILINA terapia. Se houver sibilância, iniciar nebulização
com beta-agonistas. Se o paciente mantiver hipo-
Qualquer unidade de atenção básica à saú- tensão, administrar fluidos intravenosos3,13.
de deve dispor de pessoal capacitado para o
diagnóstico e tratamento de reações alérgicas,
assim como de material necessário à sua abor- DESSENSIBILIZAÇÃO >
dagem. Toda reação leve ou moderada pode ser
manejada na própria unidade. No caso de uma A dessensibilização para alergia a medica-
reação grave, como a anafilaxia, as medidas mentos é definida como a indução temporária
iniciais devem ser feitas na unidade de atenção de uma ausência de resposta clínica a antígenos
básica, após as quais o paciente deverá ser enca- de drogas. A reintrodução gradual de pequenas
minhado para um serviço de referência3, 13. doses da droga a intervalos fixos permite a ad-
ministração de doses terapêuticas plenas, prote-
gendo os pacientes da anafilaxia28,29.
> TRATAMENTO DAS REAÇÕES As primeiras dessensibilizações realizadas
ANAFILÁTICAS para reações de hipersensibilidade tipo I em pa-
cientes alérgicos à penicilina foram desenvolvidas
A anafilaxia após a administração de penici- há cerca de 50 anos. De um modo geral, a con-
lina é um evento raro. Entretanto, constitui uma duta inicial em pacientes com história de hiper-
emergência médica, pois é uma reação alérgica sensibilidade IgE-mediada e testes cutâneos po-
grave e que pode levar à morte. O mais impor- sitivos para reagentes de penicilina é evitar o uso
tante diante de um quadro de anafilaxia é a ins- de beta-lactâmicos como penicilina, amoxicilina,
tituição de um tratamento adequado e rápido. ampicilina, e cefalosporinas28. Entretanto, alguns
A epinefrina é a droga de escolha para tra- pacientes necessitam deste grupo de antibióti-
tamento da anafilaxia. Deve ser administrada por cos e não possuem alternativa terapêutica com a
via intramuscular, preferencialmente na face late- mesma eficácia. Para estes casos selecionados, a
ral da coxa, na concentração de 1:1.000, dose de dessensibilização está indicada. É importante res-
0,01 ml/kg até o máximo de 0,3 ml em crianças e saltar que a dessensibilização é um procedimento
0,3 a 0,5 ml em adultos. Podem ser feitas até três de risco e somente deve ser realizada com con-
doses com intervalos de 15 a 20 minutos27. sentimento e em ambiente hospitalar13.
Outros medicamentos podem auxiliar Acredita-se que a dessensibilização oral seja
no manejo da anafilaxia. Os anti-histamínicos mais segura, simples e fácil que a endovenosa13.
anti-H1, como a prometazina, são importantes Existem protocolos específicos de dessensibili-
quando estão presentes urticária, angioedema, zação oral para pacientes alérgicos à penicilina,
obstrução de vias aéreas superiores, hipersecre- como o descrito por Wendel e colaboradores30.

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52 ALERGIA À PENICILINA - ASPECTOS ATUAIS Felix e Kuschnir

> CONCLUSÃO As reações anafiláticas verdadeiras à peni-


cilina são eventos raros. O benefício da utiliza-
As penicilinas são antibióticos de extrema ção da penicilina supera, em muito, os riscos de
utilidade na prática clínica. Convém ressaltar sua reações alérgicas.
importância na prevenção da febre reumática e O diagnóstico correto de alergia à penicili-
no tratamento da sífilis, doenças ainda bastan- na, através de uma história clínica detalhada e
te prevalentes no nosso meio e que constituem dos testes in vivo e in vitro disponíveis no nosso
grandes problemas de saúde pública. meio, poderá permitir o uso seguro deste medi-
camento de elevada eficácia e baixo custo.

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