Sunteți pe pagina 1din 114

Mercado de Capitais

Autor: Prof. Alexandre Saramelli


Colaboradores: Prof. Santiago Valverde
Prof. Paulo Fernando Minotti
Professor conteudista: Alexandre Saramelli

Prof. Me. Alexandre Saramelli é nascido na cidade de São Paulo, contador formado pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie de São Paulo e Mestre profissional em controladoria pela mesma universidade.

Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e
orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP.

Como entusiasta de tecnologia da informação e ambientes altamente informatizados, é um incentivador da


pesquisa, difusão e uso eficiente e intensivo das modernas ferramentas de gestão, da transferência de conhecimento
e do ensino a distância por telecomunicações.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S243 Saramelli, Alexandre

Mercado de capitais. / Alexandre Saramelli - São Paulo: Editora


Sol, 2013.

112 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-067/13, ISSN 1517-9230.

1.Economia 2.Mercado de capitais 3. Bolsa de valores I.Título

CDU 336.76

U503.09 – 19

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida


Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Virgínia M. Bilatto
Amanda Casale
Sumário
Mercado de Capitais

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................................11

Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)...................... 17
1.1 Estrutura do sistema financeiro nacional................................................................................... 19
1.2 As instituições financeiras................................................................................................................. 22
2 ABERTURA DE CAPITAL DE EMPRESAS.................................................................................................... 29
2.1 Companhia aberta – conceito legal............................................................................................... 29
2.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas.............................................................................. 32
2.2.1 Estrutura da sociedade anônima ..................................................................................................... 33
2.3 Abertura de capital na estratégia empresarial.......................................................................... 34
2.4 Conceito de mercado monetário.................................................................................................... 35
2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip................................................. 35
2.4.2 Títulos públicos......................................................................................................................................... 37
2.4.3 Mercado aberto ....................................................................................................................................... 37
2.5 Conceito de mercado de crédito..................................................................................................... 38
2.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo............................................................................................. 38
2.6 Conceito de mercado de câmbio ................................................................................................... 40
2.7 Conceito de mercado de capitais................................................................................................... 41
2.7.1 Mercado futuro ....................................................................................................................................... 43
2.7.2 Mercado de opções................................................................................................................................. 44
2.7.3 Derivativos - swap...................................................................................................................................45

Unidade II
3 OS TÍTULOS DO MERCADO DE CAPITAIS................................................................................................. 52
3.1 Ações.......................................................................................................................................................... 53
3.1.1 A escolha de uma ação.......................................................................................................................... 55
3.2 Debêntures............................................................................................................................................... 55
3.3 Commercial paper................................................................................................................................. 56
4 MODALIDADES OPERACIONAIS DO MERCADO ACIONÁRIO........................................................... 57
4.1 Operações no mercado à vista......................................................................................................... 58
4.1.1 Formas de negociação........................................................................................................................... 58
4.1.2 Liquidação................................................................................................................................................... 59
4.1.3 Mercado de lote-padrão e mercado fracionário......................................................................... 60
4.1.4 Os custos de transação.......................................................................................................................... 60
4.1.5 Tributação................................................................................................................................................... 60
4.1.6 Riscos do mercado de ações............................................................................................................... 60

Unidade III
5 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO................................... 66
5.1 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa)............................................................... 67
5.1.1 Procedimentos para rebalanceamento........................................................................................... 69
5.1.2 Cisão de empresas................................................................................................................................... 70
5.1.3 Início da negociação em bolsa........................................................................................................... 70
5.2 Índice Brasil – IBRX...............................................................................................................................71
6 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO INTERNACIONAL.......................... 74
6.1 Índice Dow Jones – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)............................................. 75
6.2 Índice S&P 500 – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)................................................ 75
6.3 Índice composto Nasdaq.................................................................................................................... 76
6.4 Índice Nikkei – Bolsa de Valores de Tóquio................................................................................ 76
6.5 Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres............................................................ 77

Unidade IV
7 OPERAÇÕES NO MERCADO DE DERIVATIVOS....................................................................................... 83
7.1 Conceito de mercado de derivativos............................................................................................. 84
7.2 Definição de derivativos..................................................................................................................... 84
7.3 Mercado a termo................................................................................................................................... 85
7.4 Mercado de opções............................................................................................................................... 86
7.5 Fundos de investimento em ações................................................................................................. 87
7.5.1 Tipos de fundos de investimento em ações.................................................................................. 89
7.5.2 Rating dos fundos................................................................................................................................... 91
8 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA...................................................................................................................... 92
8.1 Conceito.................................................................................................................................................... 92
8.2 Formação do preço justo de uma ação........................................................................................ 93
8.3 Principais indicadores fundamentalistas..................................................................................... 94
8.4 Aspectos a serem observados na análise de uma empresa.................................................. 96
APRESENTAÇÃO

Olá, aluno(a) UNIP.

Os mercados financeiros e de capitais sempre estão presentes na vida das pessoas, mesmo que elas
não percebam (ou não queiram perceber isso). Até o indivíduo que vive isolado, em um local muito
distante, terá contato em algum momento com o mercado, nem que seja para praticar uma troca, o
chamado escambo.

Porém, se já temos tantas disciplinas que precisamos estudar ao longo do curso de Gestão em
Finanças, qual é o motivo, ou ainda, qual é a justificativa para se estudar Mercado de Capitais?

Mercado de Capitais é um assunto que vemos todos os dias na televisão, na internet e nos jornais.
Trata-se de um dos temas mais bem comentados em qualquer noticiário das principais mídias. Por
isso, imagino que você tenha a sensação de que conhece esse assunto mais que o suficiente, o que
certamente o(a) fará acreditar que o ideal seria substituir essa disciplina por outra qualquer, como
contabilidade, negócios, estratégia, marketing, ou informática. Temos tantas outras coisas importantes
para estudar, não é verdade?

Temos que observar também que o mercado de capitais, apesar de ser bem dimensionado no Brasil,
costuma ser uma realidade apenas para as grandes empresas e para as pessoas que têm conhecimento
e gana de investidoras. Certamente, não é um assunto que você irá aplicar imediatamente em seu atual
trabalho na cidade onde você mora, ou mesmo importante para a sua vida particular.

No entanto, Mercado de Capitais é o tipo de disciplina que não deve ser encarada apenas
como um elemento para constar no currículo, já que o MEC e/ou algum burocrata de Brasília
exigem que as universidades abordem esse assunto. Não é uma disciplina para se estudar de
forma cerimonial.

Com muita esperança, espera-se que você, no papel de aluno(a), não se prenda a argumentos diversos
e veja a disciplina Mercado de Capitais com empolgação e com muito interesse.

Uma das recomendações, ao se estudar Mercado de Capitais, é se desvencilhar desse sentimento de


que a disciplina não tem utilidade. Pode até ser verdade que o mercado de capitais brasileiro seja um
ambiente para poucos atualmente, mas é igualmente verdade que, cada vez mais, o mercado de capitais
está recebendo a devida atenção dos governos nacionais e dos profissionais das mais diversas áreas, para
que seja desenvolvido e faça parte da vida dos grandes, médios e pequenos empresários, além da vida
particular das pessoas.

Entre as iniciativas mais importantes nesse sentido, destacam-se o processo de convergência contábil
internacional e a publicação do CPC-PME, o pronunciamento contábil brasileiro para pequenas e médias
empresas, que, em linha com os pronunciamentos contábeis internacionais, tem a intenção de facilitar
o acesso desse tipo de empresa ao mercado de capitais.

7
Segundo dados da IASB (International Accounting Standards Board), entidade responsável pelas
normas contábeis internacionais, há 52 bolsas de valores no mundo que, juntas, negociam ações de
cerca de 45.000 empresas. O que chama a atenção é que, apenas na Europa, há aproximadamente 25
milhões de empresas atuando no setor privado.

As pequenas e médias empresas são uma força econômica invejável, mas o mercado de capitais não
é uma opção para a captação de recursos para elas.

Nada irá mudar se profissionais e estudantes como você não olharem para o mercado de capitais
com interesse. Além de incentivos, normas e regulamentos que facilitem o acesso das pequenas e médias
empresas (e mesmo das grandes empresas), é necessário também um contingente de profissionais que
conheçam além dos aspectos mais visíveis do mercado de capitais.

É nesse sentido que o estudo de mercado de capitais passa a ser imprescindível. Hoje, talvez, você
ainda não use esse conhecimento, mas, daqui a pouco tempo, você poderá usá-lo e terá o mercado de
capitais como uma forte opção para obter renda, seja na empresa onde está trabalhando, seja para sua
vida particular.

Objetivos da disciplina:

Expomos aqui os objetivos da disciplina, que são as expectativas da universidade e dos coordenadores
pedagógicos quanto ao que o professor deve proporcionar aos alunos. Dessa forma, a disciplina Mercado
de Capitais visa propiciar a você, aluno(a), uma visão geral do mercado de capitais e sua importância
para a criação de valor econômico das empresas e para a promoção do desenvolvimento social do país;
além disso, também oferece condições de interpretar as variações de preços nas bolsas, a partir da
composição das carteiras e da análise da macroeconomia.

Sugestões de estudo:

Sugerir como um aluno deve estudar é um exercício muito complicado, porque cada um de nós tem
suas individualidades e manias.

Há pessoas que conseguem absorver bem o assunto a partir de uma leitura flutuante, rápida. Outros
não conseguem entendê-lo sem uma leitura minuciosa, lenta e criteriosa.

Da mesma forma, para muitos, o ato de ler e estudar pode ser muito prazeroso, pois a sensação de
adquir um conhecimento por si só já traz satisfação. No entanto, para outros, simplesmente saber que
este livro-texto tem 180 páginas já é um motivo mais que suficiente para insatisfação.

Há alunos que preferem um livro cheio de gráficos, figuras, resumos, enquanto outros preferem um
livro apenas com texto, que vá direto ao assunto e sem interferências. Há ainda aqueles que não gostam
de teorias acadêmicas e citações de pesquisadores, ou seja, preferem livros que mostrem exemplos
práticos e tragam o ambiente da prática empresarial.

8
Quando este livro foi elaborado, pensou-se em trazer vários conteúdos para que se tornasse
interessante a todos. A intenção aqui, ao se falar em “sugestão” de estudo, não é a de se
estabelecer uma forma rígida para o curso, mas sim de trazer um guia sobre como agir para
que a sua experiência ao estudar seja mais efetiva e prazerosa. É evidente que você tem
liberdade para estudar da forma que acredita ser mais eficiente. Não é necessário seguir esta
sugestão que proporemos aqui, mas é fundamental que se envolva com os assuntos com muito
entusiasmo.

Nesse sentido, são sugeridos os seguintes passos:

1. Comece o seu estudo pela bibliografia. Isso mesmo. Vá até o final do livro-texto e verifique quais
livros, artigos e referências foram utilizados na sua elaboração. Uma vez conhecida a bibliografia,
é recomendado que você siga o roteiro sugerido no sumário, ou seja:

2. Estude a unidade I, na qual conhecerá o sistema financeiro nacional e os aspectos relacionados à


abertura de capital nas empresas.

3. Em seguida, vá para a unidade II, em que são explorados os títulos do mercado de capitais e suas
modalidades operacionais.

4. Depois siga para unidade III, em que são analisados os índices e os mercados de derivativos.

5. Finalmente, continue seus estudos com a unidade IV, em que irá estudar os fundos de investimento
e as análises fundamentalistas.

Finalizando assim o seu estudo!

1 Referências

2 Unidade I
Saiba mais
Exercícios
3 Unidade II Tarefas

4 Unidade III

5 Unidade IV

Figura 1: Esquema de estudo.

A palavra finalizar aqui deve ser apenas um referencial, porque a proposta é que, a partir de agora,
o seu estudo sobre o mercado de capitais seja permanente.
9
Leve suas dúvidas, comentários e pesquisas para os chats e/ou fóruns.

Fazer boas perguntas aos professores é também uma forma muito eficaz de estudar, além de ser uma
ótima contribuição para os outros colegas e para próprio professor, pois abre possibilidade para que ele
possa expandir a abordagem do livro-texto.

Caso você tenha dificuldades para entender algum assunto e entre na desconfortável situação de
não saber nem o que perguntar, use como poderosas ferramentas as seguintes perguntas:

• Quem?
• Que?
• Como?
• Quando?
• Onde?
• Por quê?

Faça essas perguntas a você mesmo e, a partir desse exercício, conseguirá formular uma pergunta
mais estruturada, ou até entender o assunto sozinho. Com essa ótima hipótese, ajude seus colegas a
entender também as suas descobertas.

É muito importante saber que o livro-texto não esgota todas as possibilidades de estudo, ou seja,
não deve ser tratado como a única fonte de referência no assunto.

Por isso, em cada uma das unidades, leia sempre os resumos iniciais e finais e busque as informações
propostas nas áreas de saiba mais. Leia também os artigos e veja os filmes sugeridos. Faça os exercícios
e as tarefas propostas. É fundamental que você use a sua curiosidade.

Ao final de cada unidade, será estudado o jargão específico da área de finanças, em que serão
discutidos os significados dos termos que foram usados ao longo do conteúdo.

Além do significado de uma palavra na língua portuguesa ou em uma língua estrangeira (como o
inglês, que é largamente empregado no mercado de capitais), é muito importante que você conheça o
significado específico que uma palavra ou frase têm dentro do contexto estudado.

Caso, ao final do estudo, você sinta que ainda tem muitas dúvidas, a ponto de não saber responder
às perguntas da prova, estude mais. Retorne às unidades anteriores quantas vezes achar necessário e
tente entender o conteúdo sem a ansiedade por obter uma boa nota na prova, o que, não raramente,
atrapalha o processo de aprendizagem.

No entanto, as sensações de dúvida e querer conhecer mais são o real objetivo de toda aula. Uma
aula nunca acaba!

10
INTRODUÇÃO

Figura 2: Touro da Bolsa de Nova York.

O touro da Bolsa de Nova York foi esculpido pelo artista ítalo-americano Arturo di
Modica, em 1989, e é um dos símbolos de Wall Street.

O touro e o urso apresentam uma simbologia toda especial. Sabe-se que há momentos
em que a bolsa está em alta e outros em que está em baixa. A “época do touro” é o como
é chamado o momento em que a bolsa está em alta, porque esse animal, quando ataca,
sempre ataca de baixo para cima. Já a “época do urso” é a expressão utilizada quando a
bolsa está em baixa, pois esse animal ataca sempre de cima para baixo.

Para muitos, o touro representa uma superstição. A maioria dos nova iorquinos, ao passar
pelo touro a caminho da bolsa de valores, costuma bater a pasta na estátua de bronze para
dar sorte. Há os que dizem também que quem tocar nas partes íntimas do touro de bronze...
Torna-se milionário!

Antes de iniciarmos os nossos estudos, imagine as seguintes situações:

Primeira situação:

De um lado da cidade, um comerciante tem uma ótima ideia: expandir seu negócio e/ou criar
um novo produto. Essa ideia é muito boa, pois pode resolver um problema que muitas pessoas
(prováveis clientes) enfrentam no seu dia a dia, além de movimentar a economia local. No entanto,
resignado, esse comerciante irá dormir triste, porque não poderá pôr em prática essa ideia, já que
não tem dinheiro, nem quem se interesse em injetar capital em seu comércio.

Do outro lado dessa mesma cidade, outra pessoa, que aqui chamaremos de investidor, também
está com um problema: recebeu uma herança ou, por um motivo qualquer, tem certo estoque
de dinheiro. Ele não quer deixar esse dinheiro parado, mas também não está disposto a abrir um
11
negócio. Talvez, falte a essa pessoa uma boa ideia. Talvez, não tenha motivação ou conhecimento
para trabalhar numa ativiade qualquer. Quem sabe, falta-lhe saúde, ou já está ocupado demais
trabalhando em outro negócio. Por qualquer um desses motivos, seria muito bom para nosso
investidor encontrar alguém sério e honesto, com uma boa proposta e, com essa pessoa, ganhar
dinheiro.

No entanto, o dia terminará e nada de útil terá acontecido.

Onde invisto o
meu dinheiro?
Preciso de
dinheiro!

Figura 3: Onde invisto meu dinheiro?

Segunda situação:

Amanhece. Um operador de bolsa de valores acaba de iniciar o seu dia, em uma sala apertada
de uma corretora de valores qualquer. Tempos difíceis. Todos estão muito nervosos na cidade.
Na televisão, passa uma entrevista em que os jornalistas criticam acidamente o governo, que
não toma “as medidas necessárias”. Uma senhora idosa, dentro de um supermercado, reclama
da “caristia”. Os jornalistas discutem então as consequências de uma crise nos mercados
internacionais. Tudo é incerto, a única certeza que se tem é a de que há diversos problemas
por resolver na economia. Esse operador, no entanto, está confiante. Apesar de todas as
dificuldades da economia e/ou do mercado, ele está com esperança de fazer bons negócios.
Ás vezes, em tempos de crise é que as boas oportunidades acontecem. A qualquer momento
poderá surgir uma ótima chance.

O telefone toca. Trata-se de um cliente pedindo para comprar ações da empresa X e vender ações
da empresa Y. Mas, antes de fechar o negócio, ele gostaria de saber a opinião do corretor, que diz que
não tem certeza se será uma boa oportunidade. Sugere, então, que não feche o negócio na parte da
manhã e espere até o período da tarde, após os executivos da empresa Y anunciarem os resultados
trimestrais. Caso o cliente não quisesse esperar, sugere também que compre as ações da empresa W,
que, segundo os analistas e previsões da corretora, certamente irá ganhar muito dinheiro nos próximos
meses porque, em um determinado país, estão precisando muito dos produtos que ela fabrica. Por conta
de um problema na navegação marítima, os fornecedores tradicionais não estão conseguindo entregar
a mercadoria.

12
Repentinamente, o operador fala para o cliente:

– Estou vendo aqui e, ao mesmo tempo em que conversamos, todas as ações disponíveis para a W já
foram vendidas. Fica, então, a sugestão de esperar até à tarde, após o anúncio da empresa Y.

Então, cliente pede que o corretor compre as ações da empresa H. Completamente espantado, ou
melhor, abismado, o corretor diz:

– O senhor tem certeza? Essa empresa está em uma situação financeira desesperadora, as ações
estão despencando, está todo mundo vendendo-as a preço de banana! Tudo indica que a crise que essa
empresa está enfrentando é irreversível, não haverá recuperação.

O cliente, no entanto, com toda a naturalidade e segurança afirma:

– É isso mesmo. Ao contrário do que você diz, eu confio que a H não só irá se recuperar, como
também ganhará muito dinheiro nas próximas semanas.

O corretor diz:

– Ok. Negócio fechado!

Diante das situações expostas, pergunta-se:


• Há diferença entre o perfil de investidor das personagens da primeira situação e da segunda
situação?

• De que as personagens da primeira situação e da segunda situação têm medo? O medo é o mesmo
para ambos, ou há um personagem mais avesso ao risco que o outro?

• Que problemas podem ocorrer em cada uma das situações anteriores?

• Qual o papel do sistema monetário nacional, no processo de organizar e criar confiança para que
as pessoas possam realizar os seus negócios?

• Como profissional da área de finanças, o que você poderia fazer para prestar um bom serviço, caso
estivesse interagindo com um desses personagens?

13
Unidade I

14
MERCADO DE CAPITAIS

Unidade I

Figura 4: Sala do Conselho Monetário Nacional.

Nesta unidade, iremos estudar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e a função dos agentes
intermediários e auxiliares, bem como compreenderemos como a intermediação desempenha papel
fundamental no cenário econômico atual. Para isso, é fundamental uma abordagem histórica que
explique o porquê da necessidade de se formar um sistema financeiro.

Saiba mais

Como comentado anteriormente na apresentação, este livro texto não


deve ser visto como fonte única de estudos. Por isso, não deixe de consultar
os seguintes livros que compõem a bibliografia básica do nosso curso:

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. e RUDGE, L. F. Mercado de capitais. 7ª ed.


Rio de Janeiro: Elisevier, 2009.

LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2ª ed. São Paulo:


Atlas, 2009.

O modelo a ser estudado será o brasileiro. Também iremos discutir a abertura de capital das empresas:
o que representa para uma empresa participar da bolsa de valores e captar dinheiro no mercado, tanto
a longo como a médio prazo, para a geração de capital de giro, e quais os diferentes tipos de mercado
existentes e as estratégias que as empresas utilizam.

15
Unidade I

As origens do mercado financeiro e de capitais são antigas e se confundem com a evolução da


humanidade. Há muitos séculos, os romanos formaram uma bem organizada rede bancária internacional,
pois era comum a atuação de banqueiros e agiotas. Em Veneza, na época do renascimento, por conta de
sua excelente localização e do clima de efervescência social, o sistema financeiro desenvolveu-se ainda
mais.

A origem das bolsas de valores é confusa. Há historiadores que atribuem aos romanos o seu
surgimento, com o Collegium Mercatorum Romano; outros, aos gregos, com o Emporium Grego. Há
ainda os historiadores que atribuem ao Fundack (bazar) Palestino.

Mas a origem mais aceita para as bolsas de valores, como as conhecemos atualmente, surge na
cidade de Bruges, na atual Bélgica, em 1309. Bruges era a então capital de Flandres, pertencente à Liga
Hanseática, onde havia uma importante rota comercial europeia e um mercado muito desenvolvido.
Nesse ambiente, um senhor de nome Van der Burse abriu sua casa para a realização de reuniões de
comerciantes, onde negociavam capitais.

Segundo De Clercq (1992), na fachada dessa casa, que pode ser observada na imagem a seguir, havia
um escudo com três bolsas, que eram o brasão d´armas da família do Sr. Burse.

Figura 5: Prédio do Sr. Van Der Burse, conhecido como a primeira bolsa de valores, e o brasão d´armas
de sua família, formado por um escudo e três pequenas bolsas.

Logo, as reuniões frequentes na casa do Sr. Van Der Burse foram conhecidas como as reuniões de
Burse e, posteriormente, simplesmente como “bolsa”.

Joseph de La Vega, que narrou as histórias das bolsas em 1688, descreveu que a bolsa era uma
pequena praça rodeada de pilares e se chamava assim por se encerrarem nela os mercadores, como em
uma bolsa, e pelas diligências que cada um faz de ali encher a sua.

Independente dessas origens, podemos observar que os locais onde os comerciantes e as pessoas
em geral buscam negócios e capitais financeiros são sempre relacionados à palavra “mercado”, no
mesmo sentido do mercado onde as pessoas procuram um produto de que precisam, como alimentos
e/ou roupas; ou seja, um local seguro e em condições para que os negócios sejam realizados de forma
satisfatória.
16
MERCADO DE CAPITAIS

Fortuna (2007, p. 214) conceituou sistema financeiro como o “conjunto de instituições que se
dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um
fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O sistema financeiro nacional é responsável pela
regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas à circulação da moeda e do crédito”.

1 BREVE HISTÓRICO E ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)

Analisando o conceito de Fortuna, imagine um mercado de alimentos em que o telhado está


quebrado, deixando vazar água. A temperatura do ambiente é quente ou fria demais. As condições de
higiene são ruins e os alimentos facilmente são contaminados com bactérias nocivas à saúde. Os preços
não são atribuídos de forma justa, os comerciantes são aproveitadores e as pessoas estão sujeitas a
serem assaltadas por ladrões.

Os bons comerciantes buscam dar aos seus clientes boas condições para compra, mantendo o
prédio onde estão alocados em bom estado estrutural e as instalações com bom asseio e higiene.
Se o comércio fica em uma região sujeita a assaltos, certamente serão instaladas medidas
antiassalto. Os preços praticados serão justos, de forma que o cliente se sinta bem e compre com
confiança.

Não raramente, alguns comerciantes passam a ser conhecidos por conta de atributos nobres, como a
honestidade e a gentileza. Porém, sabe-se que nem sempre isso ocorre. Há comerciantes sem escrúpulos
que fazem tudo parecer bom para atrair clientes. Ou ainda, há casos conhecidos de comerciantes que
são muito ousados e que acabam tendo comportamentos que prejudicam os demais.

Devido a esses fatores, os governos e autoridades públicas costumam interferir nos mercados no que
diz respeito às relações entre particulares (que, supõe-se, deveriam ser praticadas livremente), exigindo
ou impondo aos comerciantes comportamento ético e cumprimento de leis e normas. Nos mercados de
alimentos, por exemplo, as prefeituras somente autorizam o estabelecimento de um novo comércio se
o comerciante buscar uma licença sanitária. Caso isso não ocorra, o poder público poderá, se for o caso,
solicitar o uso de força policial para, por exemplo, fechar o negócio.

No mercado financeiro, não poderia ser diferente. Os governos têm o importante papel de conferir
aos mercados segurança e credibilidade. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é um instrumento que
corrobora essa ação. O SFN atual é o resultado de anos de experiência e do desenvolvimento do mercado
de capitais no país. Da mesma forma como ocorreu em outros países, esse desenvolvimento surgiu a
partir de circunstâncias tanto positivas como negativas.

O órgão supremo do Sistema Monetário Nacional (SMN) é o Conselho Monetário Nacional


(CMN), que é responsável pela política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da
moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Os membros efetivos do CMN são o
Ministro da Fazenda, o Ministro do Planejamento e Orçamento e o Presidente do Banco Central.
É permitido ao presidente do conselho convidar outros ministros de estado e representantes de
entidades públicas ou privadas apenas para participar das reuniões, no entanto, aos convidados,
não lhes é dado o direito ao voto.
17
Unidade I

O CMN é um órgão deliberativo/normativo, o que significa que é responsável pelo estabelecimento


de diretrizes para o sistema financeiro nacional, e se reúne ordinariamente uma vez ao mês e,
extraordinariamente, sempre que houver uma convocação pelo presidente.

Lembrete

A sala onde o Conselho Monetário Nacional se reúne está na foto do


início desta unidade!

As principais atribuições do CMN são:

• Regular a constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras.


• Aplicar as penalidades previstas na Lei quando cabíveis.
• Estabelecer medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos.
• Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias.
• Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e
externa.
• Autorizar as emissões de papel-moeda.
• Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras.

Saiba mais

Acompanhe as decisões do Conselho Monetário Nacional, que são publicadas


no Diário Oficial e podem ser acessadas no seguinte site: <http://www.bcb.gov.br
/?id=CMNATAS&ano=2010>.

Acesse também o site do Ministério da Fazenda, que sempre divulga as


decisões do CMN, como se pode ver em: <http://www.fazenda.gov.br/>.

No sistema financeiro nacional há regulamentação, fiscalização e execução das operações relativas


à circulação da moeda e do crédito. A seguir, apresentamos uma breve cronologia das suas origens e de
seus aspectos históricos, conforme Ferreira (2011, p.1):

Em 1952, foi fundado o atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social – BNDES.

Em 1964, ocorreu a reforma bancária, por intermédio da Lei nº 4.595, que


dispôs sobre a criação do Conselho Monetário Nacional, a transformação

18
MERCADO DE CAPITAIS

da Sumoc no Banco Central da República do Brasil, que, posteriormente,


passou a ser denominado Banco Central do Brasil, e a composição original do
sistema financeiro nacional: Conselho Monetário Nacional, Banco Central da
Republica do Brasil (atual Banco Central do Brasil – Bacen), Banco do Brasil
S/A, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (atual Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES) e demais instituições
financeiras públicas e privadas.

Entre 1964 e 1965, foi criado o Sistema Financeiro da Habitação – SFH –,


tendo como principal operador o Banco Nacional da Habitação – BNH. As
principais fontes de recursos do SFH são o Fundo de Garantia por Tempo de
Trabalho – FGTS – e o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE.
Em 1986, o BNH foi extinto, e suas atribuições foram transferidas para a
Caixa Econômica Federal.

A Lei do mercado de capitais, nº 4.728/65, estabeleceu normas relativas ao


mercado de investimentos.

Em 1976, pela Lei nº 6.385, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários, que
também integra o sistema financeiro nacional.

Em 1986, foi encerrada a conta movimento do Banco do Brasil perante o


Banco Central, dando-se início ao processo de transferência de todas as
atribuições de autoridade monetária responsável pela emissão de moeda ao
Bacen (FERREIRA, 2011, p.1).

1.1 Estrutura do sistema financeiro nacional

Saiba mais

No Brasil, a Lei que rege o sistema financeiro nacional é a 4.595, de 31 de


dezembro de 1964. Consulte-a em: <http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/
Port/lei4595_Hist.asp?idpai=leis>.

Segundo Ferreira (2011), o sistema financeiro nacional é dividido em dois subsistemas:

• Subsistema de supervisão ou normativo: edita normas que definem os parâmetros para


transferência de recursos dos poupadores aos tomadores e controla o funcionamento das
instituições e entidades que efetuam atividades de intermediação financeira. O subsistema de
supervisão é formado pelas seguintes entidades:

— Conselho Monetário Nacional.


19
Unidade I

— Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.


— Banco Central do Brasil S/A.
— Comissão de Valores Mobiliários.
— Conselho Nacional de Seguros Privados.
— Superintendência de Seguros Privados.
— IRB – Brasil Resseguros.
— Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
— Secretaria de Previdência Complementar.

O Conselho Monetário Nacional, conforme estudamos anteriormente, é o órgão máximo do sistema


financeiro nacional. Estudemos, então, as outras entidades.

Um dos principais componentes do subsistema normativo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


foi criada pela Lei 6.385, de 07/12/1976, e é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, com a
responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de capitais.

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA, 2010), a principal atribuição da
CVM é promover medidas que incentivem os poupadores a investirem no mercado de capitais.
A função do mercado de valores mobiliários na economia é o atendimento às necessidades de
financiamento de médio e longo prazo por parte das empresas, bem como fiscalização, a fim de
evitar irregularidades.

Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições operadoras do mercado de


capitais é outra atribuição da CVM, que assegura um andamento eficiente e regular, assim como
protege os investidores, com vistas a manter a confiabilidade do mercado, além de coibir qualquer
tipo de irregularidade, como já mencionamos.

Assim segundo a Bolsa de Valores de São Paulo (2010), os principais objetivos da CVM são: fortalecer
o mercado de títulos e valores mobiliários e assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de
valores, de mercadorias e futuros e de instituições auxiliares que operem nesses mercados.

As principais funções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) são:

• Disciplinar e fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado.


• Disciplinar a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários.
• Fiscalizar a organização, o funcionamento e as operações das bolsas de valores e das bolsas de
mercadorias e futuros.
• Fiscalizar a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários.
• Manter a fiscalização da auditoria de companhias abertas e dos serviços de consultores e analistas
de valores mobiliários.
20
MERCADO DE CAPITAIS

• Fixar limites máximos de preços e comissões cobradas pelos intermediários e fiscalizar companhias
de capital aberto.
• Suspender a negociação de valores mobiliários.
• Decretar recesso das bolsas de valores.
• Divulgar informações para orientar os participantes do mercado.
• Efetuar o registro para negociação em bolsa de valores e no mercado de balcão.
• Expedir normas aplicáveis às companhias abertas.

No subsistema normativo há também o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), criado pelo
Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, para fixar as diretrizes e normas da política governamental
relativa aos seguros privados e à capitalização. É também responsável por aplicar normas às atividades
de seguros nacionais.

Ainda no subsistema normativo, existe a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que fiscaliza
o mercado de seguros, previdência aberta, capitalização, planos privado de assistência à saúde, além do
IRB (Brasil Resseguros), que surgiu em 1997, após a quebra do monopólio das atividades de seguro no
país, que cabia ao Instituto de Resseguros do Brasil.

Finalmente, nesse subsistema, temos o Conselho de Gestão da Previdência Complementar, que regula,
coordena e normatiza as entidades fechadas de previdência complementar (os fundos de pensão) e é
controlado e fiscalizado pela Secretaria de Previdência Complementar, assim como todas as instituições
particulares de previdência complementar.

• Subsistema operativo: operacionaliza a transferência de recursos do poupador para o tomador,


seguindo as regras estabelecidas pelas entidades integrantes do subsistema de supervisão. A
composição do sistema operativo é a seguinte:

— Instituições financeiras bancárias ou monetárias.


— Instituições financeiras não bancárias ou não monetárias.
— Instituições do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos.
— Agentes especiais.
— Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.
— Instituições do Sistema de Liquidação e Custodia de Títulos e Valores Mobiliários.
— Instituições administradoras de recursos de terceiros.
— Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.
— Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.
— Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e de Previdência Complementar.

21
Unidade I

1.2 As instituições financeiras

Neste capítulo, estudam-se as instituições financeiras e, segundo Ferreira (2011) e com base na lei
4.595, de 31 de dezembro de 1964, as pessoas jurídicas se consideram instituições financeiras, privadas
ou públicas, quando atuam em atividade acessória à coleta, intermediação ou até aplicação de capital
próprio ou externo, tanto em moeda nacional quanto estrangeira, levando em conta a legislação
vigente.

Para que uma entidade ou empresário possam atuar no mercado financeiro nacional, é fundamental
que peçam autorização ao Banco Central. Essa regra é fundamental, inclusive para instituições financeiras
que já atuam no exterior e que tenham interesse em atuar também no Brasil, e a autorização deve ter a
sanção do Presidente da República.

Saiba mais

Segundo a jornalista Ana Paula Ribeiro, do jornal Brasil Econômico, e


a Associação Brasileira de Bancos, entre os anos de 2010 e 2011, vários
bancos internacionais, como os britânicos Royal Bank of Scotland (RBS),
Standard Chartered e o conhecido banco suíço UBS, antes de iniciar suas
operações no Brasil, solicitaram autorização ao Banco Central. Saiba mais
em: <http://www.abbc.org.br/m5_imprime.asp?cod_noticia=9326&cod_
pagina=1187>.

As instituições financeiras são divididas em dois tipos:

• As instituições financeiras bancárias.


• As instituições financeiras não bancárias.

E recebem as seguintes classificações:

• Instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).


• Agentese especiais.
• Instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários.
• Instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários.
• Instituições administradoras de recursos de terceiros:

— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen.

— Fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM.

22
MERCADO DE CAPITAIS

— Fundos mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM.


— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep.

• Entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados.


• Instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e Previdência Complementar.
• Instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados.
• O caso específico do Banco do Brasil.
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
• Caixa Econômica Federal – CEF.
• Bancos comerciais.
• Cooperativas de crédito.
• Sociedades de crédito, de financiamento e de investimento.
• Sociedades corretoras.
• Sociedades distribuidoras.
• Sociedades de arrendamento mercantil.
• Associações de poupança e empréstimos.
• Investidores institucionais e entidades fechadas de previdência privada.
• Companhias hipotecárias.

Analisemos a seguir essas classificações:

• As instituições financeiras bancárias são autorizadas a captar recursos junto ao público sob
a forma de depósitos à vista. Com isso, têm permissão para criar moeda escritural. A seguir,
exemplos de instituições financeiras bancárias:

— Bancos comerciais.
— Caixas econômicas.
— Cooperativas de crédito.
— Bancos cooperativos.
— Bancos múltiplos com carteira comercial.

• Já as instituições financeiras não bancárias (ou não monetárias) não são autorizadas a captar
recursos sob a forma de depósito à vista. Alguns exemplos:

— Bancos de investimentos.
— Bancos estaduais de desenvolvimento.
23
Unidade I

— Sociedades de arrendamento mercantil.


— Sociedades de crédito, financiamento e investimento.
— Companhias hipotecárias.
— Bancos múltiplos sem carteira comercial.

• As instituições ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são


autorizadas a captar recursos em forma de depósitos em caderneta de poupança, sendo que os
recursos são encaminhados principalmente a atividades de financiamento habitacional. Exemplos
de instituições ligadas ao SBPE:

— Sociedades de crédito imobiliário.


— Associações de poupança e empréstimos.
— Caixas econômicas (estaduais).
— Bancos múltiplos com carteira de credito imobiliário.
— Sociedades de crédito imobiliário.

• Instituições que executam funções atípicas, diferentes das demais instituições que são registradas
no Banco Central, são denominadas agentes especiais. Geralmente, são entidades que atuam
como instrumento de política de desenvolvimento do governo, fomentando negócios. Exemplos
de agentes especiais:

— Banco do Brasil S.A.


— Caixa Econômica Federal.
— Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
— Banco do Nordeste do Brasil S/A.
— Banco da Amazônia S/A.

• As instituições do Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários prestam


serviços a poupadores e tomadores, mediante compra e venda, como intermediários de títulos,
valores mobiliários e câmbio. Exemplos:

— Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários.


— Sociedades corretoras de câmbio.
— Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
— Corretores de mercadorias e corretores de mercadorias agrícolas, operadores especiais de
mercadorias agrícolas e corretores de algodão.
— Agentes autônomos de investimentos.

24
MERCADO DE CAPITAIS

• As instituições do Sistema de Liquidação e Custódia de Títulos e Valores Mobiliários prestam


serviços aos intermediários financeiros, proporcionando condições de mercado para a emissão e
circulação de títulos e valores mobiliários. No entanto, essas instituições não efetuam operações
de compra e venda. Exemplos:

— Bolsa de valores.
— Entidades de mercado de balcão organizado.
— Sociedades de compensação e liquidação de operações.
— Bolsa de mercadorias e futuros.
— Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic.
— Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos.

• As Instituições administradoras de recursos de terceiros reúnem poupadores que têm objetivos


comuns para a aplicação de seus recursos. Aqui, temos:

— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen (Banco Central do Brasil), que são
formados por:

- Fundos de investimento financeiro.


- Fundos de investimento financeiro – dívida estadual e/ou municipal.
- Fundos de aplicação em quotas de fundos de investimento financeiro.
- Fundos de renda fixa – capital estrangeiro.
- Fundos de investimento no exterior.
- Fundos de investimento extramercado.

— Os fundos mútuos de investimentos regulados pela CVM possuem outras características. São
compostos por:

- Fundos mútuos de investimento em ações.


- Fundos mútuos de investimento em ações – carteira livre.
- Fundo de investimento em quotas de fundos mútuos de investimentos em ações.
- Fundos setoriais de investimento em empresas emergentes.
- Fundos de investimento cultural e artístico.
- Fundos de privatização.
- Fundos de conversão – capital estrangeiro.

25
Unidade I

―— Fundos Mútuos de investimentos regulamentados pelo Bacen em conjunto com a CVM, que
possibilitam escolhas aos investidores, como:

- Fundos de investimento – capital estrangeiro.


- Fundos mútuos de investimento em ações do setor de mineração.
- Fundos mútuos de ações incentivadas.
- Fundos de investimento imobiliários.
- Fundos mútuos de privatização – dívida securitizada.

―— Fundos mútuos de investimento regulamentados pelo Bacen, CVM e Susep, que são formados
pelo Fundo de Aposentadoria Programada Individual, (FAPI), assim como:

- Clubes de investimentos.
- Carteira de títulos e valores mobiliários.
- Sociedades de investimento – capital estrangeiro.
- Administradores de consórcio.

• As entidades prestadoras de serviços financeiros regulamentados são entidades que,


juridicamente, não pertencem à categoria de instituição financeira, mas prestam serviços
regulamentados. Como exemplo, temos as agências de fomento e/ou de desenvolvimento.
• Ainda segundo Ferreira (2011), as instituições do Sistema Nacional de Seguros Privados e
Previdência Complementar são organizações mantenedoras de seguros de coisas, pessoas, bens,
responsabilidades, obrigações, direitos, garantias, cosseguro, resseguro, retrocessão de seguros,
planos de pecúlio ou de rendas e de assistência médica ou odontológica e planos de benefícios
complementares ou assemelhados aos da Previdência Social, formados pelas sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência privada com fins
lucrativos, entidades abertas de previdência privada sem fins lucrativos, entidades fechadas
de previdência privada, sociedades administradoras de planos de seguro-saúde e corretoras de
seguros.
• As instituições prestadoras de serviços financeiros não regulamentados não são organizações
financeiras. Porém, prestam serviços tipicamente financeiros. Como exemplos, temos as sociedades
administradoras de cartões de crédito e as sociedades de fomento mercantil.
• O Banco do Brasil representa um caso à parte. Até janeiro de 1986, essa instituição assemelhava-
se a uma autoridade monetária, efetuando serviços de política econômica do governo mediante
ajustamentos da conta movimento do Banco Central do Brasil (Bacen) e do Tesouro Nacional (TN).
Porém, atualmente, é considerado um banco comercial comum, embora ainda seja responsável
pela Câmara de Confederação.
• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é responsável pela
política de investimento de longo prazo. É conhecido atualmente como a principal instituição
26
MERCADO DE CAPITAIS

financeira de fomento do Brasil, cumprindo o importante papel de atenuar os desequilíbrios


regionais, promover o crescimento das exportações, entre outras funções. Para tal, usa recursos de
programas e fundos de fomento. As principais formas de atuação do BNDES são:

— Financiamento direto, podendo ser concedido a empresas e instituições privadas ou públicas,


bem como a seus acionistas, para que estes participem do aumento de capitais.
— Financiamento para a compra de máquinas e equipamentos.
— Financiamentos indiretos, mediante linhas de crédito operadas por agentes financeiros
credenciados (bancos comerciais, de investimento, desenvolvimento etc.) e por meio de
participação acionária.
— Apoio ao capital privado para a complementação, consolidação e modernização da base
industrial do país.
— Aval de repasse de linhas de crédito externo para financiamento de importação de equipamentos
e insumos.
— Apoio ao lançamento de ações (operações underwriting).
— Apoio à construção naval com recursos do fundo da Marinha Mercante.
— Apoio a operações de interesse do país, como fazendas de silvicultura (madeira) e programas
de TV digital e audiovisual.

• A Caixa Econômica Federal (CEF) mantém a forte característica de ser um instrumento


governamental de financiamento social, estando voltada a demandas importantes para o país,
como o financiamento habitacional e o saneamento básico.
• Os bancos comerciais são intermediários financeiros. A sua principal função é a de transferir
recursos dos agentes superavitários para os deficitários. Esse mecanismo cria moeda por meio do
efeito multiplicador, por isso, os bancos são fortemente fiscalizados pelo Banco Central (o “banco
dos bancos”), que efetua depósitos compulsórios para diminuí-lo. Os bancos comerciais prestam
os seguintes serviços:

— Desconto de títulos.
— Realização de operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente.
— Realização de operações especiais de crédito rural, de câmbio e de comércio internacional.
— Captação de depósitos à vista e a prazo fixo.
— Obtenção de recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes.
— Entre outros serviços.

• As cooperativas de crédito, geralmente, atuam em setores primários da economia brasileira,


equiparando-se às instituições financeiras. No entanto, são formadas entre os funcionários das
próprias organizações.
27
Unidade I

• As sociedades de crédito, de financiamento e de investimentos são organizações de


intermediação de crédito que captam recursos por meio de letras de câmbio. Sua principal função é
a de financiar bens de consumo duráveis aos consumidores finais. São os conhecidos crediários.
• As sociedades corretoras desenvolvem operações por meio de títulos e valores mobiliários por
conta de terceiros. São aquelas organizações que dependem diretamente do Banco Central do
Brasil (Bacen) para constituírem-se e são reguladas pelo órgão mais importante desse segmento,
a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
• As sociedades distribuidoras subscrevem as emissões de títulos e ações, intermediam e realizam
operações no mercado aberto. Essas sociedades não têm acesso às bolsas de valores.
• As sociedades de arrendamento mercantil efetuam operações conhecidas como leasing, uma
palavra em inglês que significa locação de bens. Nessa operação de leasing, o locatário pode,
ao final do contrato, renová-lo, adquirir o bem por valor residencial ou devolver o bem locado
à sociedade. As operações de leasing tornaram-se muito comuns atualmente. As sociedades de
arrendamento mercantil costumam captar os recursos financeiros dos agentes superavitários por
meio de títulos conhecidos como debêntures.
• As associações de poupança e empréstimos são sociedades civis em que os associados têm
direito à participação nos resultados. Essas associações captam recursos financeiros por meio de
cadernetas de poupança, cujo objetivo é principalmente o financiamento de imóveis.
• Os investidores institucionais são os fundos mútuos de investimentos, condomínios abertos que
aplicam seus recursos financeiros em títulos e valores mobiliários. O principal objetivo desse tipo
de instituição é oferecer aos condomínios maiores retornos e menores riscos possíveis aos seus
patrimônios. Nessa classificação, podemos citar também as entidades fechadas de previdência
privada, que são organizações mantidas por contribuições de um grupo de trabalhadores e de
uma mantenedora. Por meio de uma determinação legal, parte de seus recursos financeiros devem
ser destinados ao mercado acionário.
• As companhias hipotecárias atuam prioritariamente em financiamentos imobiliários e
administração de crédito de longo prazo de bancos de desenvolvimento, destinando-se a
financiamentos privados de capital fixo e de giro.
• Os bancos múltiplos, como o próprio nome já dá a entender, atuam em vários setores do sistema
financeiro nacional. Como obrigação jurídica, devem possuir pelo menos duas das seis carteiras a
seguir:

— Comercial.
— De investimento.
— De crédito imobiliário.
— De aceite.
— De desenvolvimento.
— De leasing.
28
MERCADO DE CAPITAIS

• Os bancos cooperativos surgiram das cooperativas de crédito e tornaram-se verdadeiros bancos


comerciais. São restritos a atuar apenas em uma Unidade da Federação (UF) para impulsionar o
desenvolvimento local, porque a intenção é que os recursos fiquem na região e não migrem para
outros estados e/ou cidades. Como peculiaridades, esses bancos oferecem condições para que um
agente econômico superavitário, que não tenha a intenção de aplicar seus recursos financeiros
excedentes em algum empreendimento próprio, seja colocado em contato com outro agente
econômico deficitário que tenha como objetivo realizar investimentos em alguma atividade que
emane capital superior às suas disponibilidades.

Observação

No mercado, costuma-se utilizar a expressão em inglês going public


para a empresa que almeja abrir o seu capital. E, quando a empresa lança
a sua primeira oferta de ações, costuma-se utilizar a expressão IPO - Initial
Public Offering.

2 ABERTURA DE CAPITAL DE EMPRESAS

Neste tópico, iremos entender o conceito legal e o desenvolvimento das empresas estabelecidas
como Sociedades Anônimas (S.A.). Um fator relevante para este estudo é a análise das estratégias das
empresas que almejam captar recursos e alavancar resultados.

2.1 Companhia aberta – conceito legal

Considera-se uma companhia aberta aquela que efetua a colocação de valores mobiliários em bolsa
de valores ou em mercado de balcão. Em muitos casos, emitir ações é uma excelente estratégia de
captação de recursos para as empresas.

Saiba mais
Um exemplo muito interessante de companhia aberta é a RENAR Maçãs
S.A., a primeira empresa do setor hortifrutigranjeiro a abrir seu capital. Nos
seguintes sites, é possível conhecer o histórico em torno da abertura de
capital da empresa, com um exemplo da atuação de sociedades corretoras
que ajudaram esse processo:
<www.renar.agr.br>.
<http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/RevistaBovespa/94/
Empresas.shtml>.
<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/07/06/renar-
macas-fara-aumento-de-capital-de-r-16-milhoes.jhtm>.
29
Unidade I

Fortuna (2007, p. 116) ressalta que “para que uma empresa possa abrir o seu capital, o primeiro
passo é estar estabelecida como sociedade anônima, ou seja, estar adequada à regulamentação
disposta na Lei 10.303, de 30/10/2001, a nova Lei das sociedades anônimas .” Não é um processo
simples para a empresa se adequar ao disposto na lei 10.303/01. Não raramente, é necessário
investir uma boa quantidade de recursos financeiros, porque as exigências são muito grandes.
A empresa deve publicar frequentemente suas demonstrações contábeis, por exemplo.

Além disso, os sócios devem aprovar a transformação da empresa em sociedade anônima, com
moldes determinados pelo estatuto social em assembleia geral ou por escritura pública. O valor do
capital social deve ser subscrito por um número mínimo de acionistas e posteriores alterações devem
ser dispostas.

Deve-se determinar também o número de ações de acordo com:

• A divisão do capital.
• A proporção entre preferenciais e ordinárias.
• Suas classes.
• Posse ou não de valor nominal.
• Fixação de dividendo mínimo.
• Possibilidade de se manter ações em tesouraria.
• Criação do Conselho de Administração – CA.
• Criação da diretoria que delibera futuros aumentos de capital.

O processo de abertura de capital e o registro são basicamente compostos por três etapas:

• Nomeação do diretor de relações com investidores.


• Contratação de auditoria independente, da qual os auditores devem ser credenciados pela CVM.
• Apresentação da documentação necessária para cumprimento das normas legais.

Dessa forma, o diretor de relações com investidores é um profissional responsável por prestar
informações à CVM e aos acionistas, divulgando as atividades e decisões da companhia, além de
esclarecer dúvidas.

Os auditores independentes devem ser credenciados pela CVM e auditarão anualmente as


demonstrações contábeis, apresentando um parecer. É muito importante que os auditores sejam de fato
independentes, ou seja, não tenham vínculos de qualquer tipo com a empresa, para não gerar conflito
de interesses.

30
MERCADO DE CAPITAIS

Saiba mais

Para entender melhor o trabalho do diretor de


relações com investidores, visite o site do Ibri (Instituto
Brasileiro de Relações com Investidores): <http://www.ibri.
org.br/home/>.

Fortuna (2007, p. 131) comenta que “a operação de lançamento de valores mobiliários precisa ser
coordenada por uma instituição financeira, que pode ser um banco de investimento, um banco múltiplo,
uma sociedade corretora ou sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários.” Por sua vez, essa
instituição financeira coordenadora responsabiliza-se também pelo registro dos valores mobiliários nas
bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão e pelos processos de registro na CVM.

Como comentado anteriormente, a abertura de capital de uma empresa geralmente é uma operação
complexa, envolvendo o dispêndio de altas somas de recursos financeiros para pagar os custos de
exigências legais, como:

• Contratação de auditoria externa.


• Taxa de fiscalização do registro de emissão junto à CVM.
• Pagamento de anuidade à bolsa, de acordo com seu porte.
• Serviço de ações escriturais e taxa de fiscalização de manutenção de companhia aberta junto à
CVM.
• Custos de divulgação.
• Prospectos e material informativo aos acionistas.
• Atendimento a analistas de investimentos e investidores.
• Custos de intermediação financeira.

Além desses custos, há também os custos de cunho interno para a empresa, tais como:

• Formação de grupo de estudos sobre a abertura.


• Consultoria externa de mercado de capitais.
• Departamento de acionistas.
• Estrutura da diretoria de relações com o mercado.

Basicamente, para uma empresa abrir o seu capital e estar em uma bolsa de valores, é muito
importante que seja apresentada com muita transparência para os acionistas e para a sociedade em
geral.
31
Unidade I

Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo instituiu, no ano de 2000, uma classificação


do nível de governança corporativa das sociedades anônimas, com o
objetivo de criar segmentos especiais que proporcionassem um ambiente de
negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores
e a valorização das companhias. O novo mercado é direcionado às empresas
que venham abrir capital, enquanto os níveis diferenciados 1 e 2 destinam-se
a empresas que já possuem ações negociadas na BM&F Bovespa.

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse:


<http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/download/Folder_
NovoMercado.pdf>.

Observação

A operação de underwriting (best effort) ou “o melhor esforço” é a


intermediação que as entidades financeiras fazem em relação à oferta
pública de títulos. Caso não encontrem interessados em quantidade para a
compra das ações, as próprias entidades financeiras as comprarão. Assim,
quando uma empresa anuncia um IPO ou uma captação de recursos, há a
certeza de que esses recursos realmente serão captados.

2.2 Desenvolvimento das sociedades anônimas

Conforme Borba (1997) o desenvolvimento das sociedades anônimas ocorreu em três sistemas
distintos de formação:

• O sistema de privilégios.
• O sistema da autorização.
• O sistema da livre criação.

No sistema de privilégios, a criação de uma sociedade anônima dependia apenas de um ato do


governo. As sociedades não eram criadas por conta da vontade das partes, mas sim por uma concessão
do Estado por meio de um ato legislativo. Por isso, não se aplicava às demais empresas. Ser uma sociedade
anônima era um privilégio. Esse sistema vigorou entre os séculos XVII e XVIII.

No sistema de autorização, segundo Borba (1997 p.95), “a sociedade era criada pelos interessados,
mas dependia de uma autorização preliminar do governo.”
32
MERCADO DE CAPITAIS

Já no sistema de livre criação, que é o modelo atualmente em vigor, os interessados são livres
para criar as sociedades anônimas, não há necessidade de prévia autorização governamental, mas são
obrigadas a se registrarem nos órgãos competentes.

Segundo a Lei das sociedades por ações, 6.404/76, com as alterações das Leis 9.457/97 e 10.303/2001,
existem duas espécies de sociedade anônima:

• A companhia aberta.
• A companhia fechada.

Segundo Borba (1997), a companhia aberta é aquela que procura captar recursos junto ao público.
Já a fechada não possui registros junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Elas possuem o capital
social representado por ações, mas, os títulos e valores mobiliários de sua emissão não são permitidos à
negociação em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

Observação

Um exemplo de sociedade anônima de capital aberto é a empresa Dasa


(Diagnósticos da América S.A.), que é atualmente a maior empresa da área
de diagnósticos da América Latina.

Já um modelo de sociedade anônima de capital fechado é a Tac Motors


(Tecnologia Automotiva Catarinense S.A.), uma empresa automobilística
especializada em veículos especiais.

Saiba mais
Visite os sites da Dasa e da Tac Motors, conheça o seus históricos como
sociedades anônimas e compare as duas propostas empresariais em:
<www.dasa.com.br>.
<www.tacmotors.com.br>.

2.2.1 Estrutura da sociedade anônima

Segundo Almeida (2011), as sociedades anônimas devem possuir, necessariamente, três órgãos:

• A assembleia geral.
• A diretoria.
• O conselho fiscal.
33
Unidade I

A assembleia geral e a diretoria devem ter funcionamento permanente, conforme dispuserem os


estatutos. Nas companhias abertas e de economia mista, deve-se manter também um conselho de
administração. No entanto, esse órgão é facultativo para as empresas de capital fechado.

Almeida (2011) expõe que os acionistas têm obrigação pessoal perante a sociedade e não apenas
de caráter patrimonial. Obrigam-se a integralizar as ações subscritas pelo seu preço de emissão e não
pelo seu eventual valor nominal. Por outro lado, essa integralização não torna os acionistas condôminos
do patrimônio social, dando a eles o direito apenas ao que remanescer desse patrimônio, no caso de
dissolução da sociedade.

O autor ainda destaca o papel dos controladores, que, dentro do conjunto de acionistas, são aqueles
que são titulares de direito de voto. Isso lhes assegura, de modo permanente, a maioria das deliberações
da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. Os administradores,
por usa vez, poderão ou não ser acionistas da empresa, mas são responsáveis por eventuais abusos que
cometerem no exercício de suas funções.

2.3 Abertura de capital na estratégia empresarial

De acordo com Mellagi Filho (2000):

[...] a crescente globalização dos mercados e a reestruturação pela qual


a economia brasileira vem passando, vêm trazendo para o nosso meio
uma quantidade expressiva de experientes e exigentes investidores
internacionais, que, somados ao processo de aprendizado e sofisticação de
nossos investidores institucionais – que aprenderam, quando da aquisição
de ações ofertadas à venda nos processos de privatização das empresas
estatais, a atuar em defesa de seus direitos –, começamos a conviver com
pleitos crescentes no sentido de se assegurar uma forma mais efetiva de
governança corporativa (MELLAGI FILHO, 2000, p. 87).

Mellagi Filho (2000) comenta também que:

Diversas operações de reestruturação que procuraram se mobilizar com o


objetivo de melhor defender os interesses têm como estratégia a incorporação
da sociedade controladora pela sociedade controlada, que permite a utilização
do ágio pago quando da aquisição do controle, com vantagem fiscal, originando
aumento do capital social da sociedade incorporadora e a consequente diluição
da participação dos acionistas minoritários. Nessas operações, foram debatidos
os critérios utilizados para determinar a avaliação das empresas envolvidas e para
estabelecer a relação de troca de ações (valor patrimonial, valor de mercado das
ações e valor econômico), assim como a eliminação do direito de recesso nas
operações de cisão de sociedades e nas operações de incorporação e de fusão
em que há liquidez de mercado das ações (porque integram índice de bolsa de
valores) ou dispersão acionária relevante (MELLAGI, 2000, p. 88).
34
MERCADO DE CAPITAIS

A Comissão de Economia da Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo elaborado pelo Deputado
Emerson Kapaz ao projeto de Lei n.º 3.115, de 1997, que engloba os projetos de Lei números 3.519/97 e
1.000/99.

2.4 Conceito de mercado monetário

Assaf Neto (2003, p. 118) declara que “o mercado monetário visa ao controle da liquidez monetária
da economia, em que os papéis negociados têm como parâmetro de referência a taxa de juros, que
se constitui em sua mais importante moeda de transação.” Os papéis que lastreiam as operações do
mercado monetário são caracterizados pelos reduzidos prazos de resgate e alta liquidez.

Ainda segundo Assaf Neto (2003),

[...] os papéis negociados são aqueles emitidos pelo Banco Central do Brasil,
voltados à execução da política monetária do Governo Federal (BBC – Bônus
do Banco Central), e pelo Tesouro Nacional, emitidos com o objetivo de
financiar o orçamento público (NTN – Notas do Tesouro Nacional, LTN –
Letras do Tesouro Nacional), além de diversos títulos públicos emitidos pelos
estados e municípios (ASSAF NETO, 2003, p. 119).

Também são negociados no mercado monetário os Certificados de Depósito Interfinanceiros (CDI),


exclusivamente entre instituições financeiras, e títulos de emissão privada, como o Certificado de
Depósito Bancário (CDB) e debêntures.

2.4.1 Sistemas de custódia e liquidação de títulos – Selic e Cetip

Grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário são escriturais, ou
seja, não são emitidos fisicamente, exigindo maior organização em sua liquidação e transferência.

As negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois sistemas especiais, denominados
Selic e Cetip. Assaf Neto (2003, p. 123) descreve Selic “como o Sistema Especial de Liquidação e Custódia,
desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado
Aberto), em 1979, voltado a operar com títulos públicos de emissão do Bacen e do Tesouro Nacional.

Saiba mais
O Banco Central do Brasil conceitua Selic como sistema informatizado
que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro
Nacional e ao registro e à liquidação de operações com esses títulos.

O Banco Central disponibiliza um manual de utilização do Selic, que


pode ser acessado em: <http://www.bcb.gov.br/?SELICINTRO>.

35
Unidade I

A Cetip, também é um sistema de controle e custódia, mas para


transações entre particulares. Atualmente, a Cetip é uma sociedade
anônima de capital aberto. Você pode conhecer mais sobre a Cetip
acessando o seguinte site: <http://www.cetip.com.br/index.asp>.

A seguir, o histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e a evolução da taxa Selic:

15,0
14,5
Expectativa
14,0 13,75
Focus
13,5
13,00
13,0 12,75
12,25 Taxa Selic (Expectativa 25/03/11) 12,25
12,5 Taxa Selic
12,0 11,75 famoso 11,75
período
11,5 11,25 11,25 11,25
eleitoral
11,0
10,75
10,5 10,25 10,25
10,0
9,50
9,5 9,25
9,0 8,75
8,5
8,0
dez/07

fev/08

abr/08

jun/08

ago/08

out/08

dez/08

fev/09

abr/09

jun/09

ago/09

out/09

dez/09

fev/10

abr/10

jun/10

ago/10

out/10

dez/10

fev/11

abr/11

jun/11

ago/11

out/11

dez/11
Figura 6: Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic.

A Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados) é um sistema


semelhante ao Selic, porém controla títulos privados como CDB, RDB, debêntures, CDI etc.,
podendo operar também com títulos públicos que estão em poder do setor privado da
economia.

Assaf Neto (2003) informa que:

Na Cetip, os negócios não são liquidados imediatamente como no Selic,


porque as transferências de recursos são efetuadas por meio de ordens
de pagamentos equivalentes. Toda compra de títulos terá sua liquidação
no dia seguinte ao da operação, após a compensação bancária (ASSAF
NETO, 2003, p.128).

A taxa Selic tem maior relevância, porque é a referência do custo do dinheiro no mercado
financeiro, e a taxa Cetip é ligeiramente mais elevada que a Selic, porque embute maior risco
decorrente do fato de sua liquidação ser efetivada no dia seguinte. Por isso, existe a possibilidade de
se atuar de forma especulativa, aproveitando-se dos conhecimentos das tendências e informações
obtidas no mercado.

36
MERCADO DE CAPITAIS

2.4.2 Títulos públicos

A respeito dos títulos públicos, Assaf Neto (2003) explica que:

Os governos federal, estadual e municipal captam recursos no mercado por


intermédio da emissão de títulos representativos da dívida pública. Os títulos
estaduais e municipais apresentam baixa liquidez no mercado, motivo pelo
qual possui circulação mais restrita. Os títulos públicos federais têm maior
aceitação e liquidez (ASSAF NETO, 2003, p. 204).

Os títulos da dívida pública do governo federal são classificados de acordo com sua natureza de
emissões e características de negociação, como:

• Títulos do Tesouro Nacional.


• Títulos do Banco Central.
• LTN – Letras do Tesouro Nacional.
• BBC – Bônus do Banco Central.
• LFT – Letras Financeiras do Tesouro Nacional.
• LBC – Letras do Banco Central.
• NTN – Notas do Tesouro Nacional.
• NBC – Notas do Banco Central.
• CTN – Certificado do Tesouro Nacional.
• CFT – Certificado Financeiro do Tesouro.

2.4.3 Mercado aberto

O mercado monetário é um instrumento do Estado para controlar a liquidez monetária da economia.


Com esse objetivo, negociam-se compras e vendas de títulos públicos.

Se a autoridade monetária decide reduzir a oferta monetária da economia, coloca (vende) títulos
de sua emissão junto aos agentes econômicos, retirando do sistema monetário parte do dinheiro em
circulação.

Se a autoridade monetária decide fazer o contrário, ou seja, expandir os meios de pagamento,


recompra, então, os títulos anteriormente vendidos. Com isso, aumenta-se a oferta de moeda.

Dessa forma, a liquidez monetária da economia pode ser regulada e as necessidades do Tesouro Nacional
podem ser supridas de forma mais dinâmica e imediata. Esse sistema é tão flexível que, atualmente, é possível
regular diariamente o nível de oferta monetária e a taxa de juros em curto prazo.

37
Unidade I

2.5 Conceito de mercado de crédito

Segundo Assaf Neto (2003, p. 209), o mercado de crédito “visa fundamentalmente suprir as
necessidades de caixa de curto e médio prazo dos vários agentes econômicos, seja por meio da concessão
de créditos às pessoas físicas, seja por empréstimos e financiamentos às pessoas jurídicas.”

Essas operações são realizadas dentro de uma política de especialização do sistema financeiro
nacional por instituições financeiras bancárias, sendo essas bancos múltiplos e comerciais.

2.5.1 Empréstimos de curto e médio prazo

As instituições bancárias oferecem várias modalidades de créditos. As mais conhecidas e/ou as que
mais se destacam são:

• Descontos de cheques.
• Contas garantidas.
• Créditos rotativos.
• Hot money.
• Empréstimos para capital de giro e para pagamento de tributos das empresas.
• Vendor.
• Repasse de recursos externos.
• Crédito direto ao consumidor.
• Assunção de dívidas.
• Adiantamento de contratos de exportação.

As modalidades de crédito anteriores são clássicas. Atualmente, há muita criatividade no mercado


financeiro e as instituições financeiras lançam, vez ou outra, novas modalidades de crédito. A seguir,
conheceremos um pouco mais dessas modalidades mais comuns, conforme as descrições de Assaf Neto
(2003):

• Desconto bancário de títulos: é uma operação de crédito típica do sistema bancário, que envolve
principalmente duplicatas e notas promissórias. Para ser efetuado o desconto é necessária uma
garantia do recebimento de um crédito futuro de um título representativo para que a instituição
conceda um empréstimo.

O desconto bancário de títulos é uma forma de antecipar o recebimento do crédito por meio da
cessão de seus direitos a um mutuante. Após o título ser transferido para a instituição financeira,
é de responsabilidade do tomador de recursos (cedente) a liquidação do título negociado perante
o banco.

38
MERCADO DE CAPITAIS

• Contas garantidas: é um limite de crédito rotativo para suprir eventuais necessidades de recursos.
As contas garantidas são movimentadas geralmente mediante cheques, cobrindo o saldo devedor
existente. Os encargos financeiros são calculados sobre o saldo que permanecer descoberto e
cobrados dos clientes normalmente ao final de cada mês.
• Créditos rotativos: são linhas de crédito abertas pelos bancos que visam ao financiamento das
necessidades de curto prazo (capital de giro) e são movimentadas por meio de cheques.

• Operações hot money: são operações de curto prazo para cobertura de necessidades mais
permanentes de caixa das empresas. As taxas de hot money são formadas com base nas taxas do
mercado interfinanceiro (taxa CDI). Essas taxas podem ser mudadas rapidamente de posição, de
acordo com as variações que ocorrerem nos percentuais.

• Empréstimos para capital de giro e pagamento de tributos: constituem adiantamentos


concedidos às empresas para liquidação de impostos e tarifas públicas, como IPI, ICMS, IR, INSS,
entre outros.

Os empréstimos são formalizados por meio de contratos que estabelecem condições básicas, como
garantias, prazo de resgate e encargos financeiros.

• Operações de vendor: é uma operação de crédito em que a instituição bancária paga à vista a
uma empresa comercial os direitos relativos às vendas realizadas e recebidas em cessão, em troca
de uma taxa de juros de intermediação. No vendor, a empresa vendedora atua como cedente do
crédito, e o banco como cessionário e financiador do comprador.

O objetivo das operações de vendor, que vêm sendo cada vez mais usadas em substituição a
operações mais tradicionais, como o desconto de cheques, é viabilizar as vendas comerciais a
prazo, permitindo que a empresa vendedora receba à vista e, ao mesmo tempo, repasse um crédito
ao comprador.

• Repasse de recursos externos: configura um repasse de recursos contratados por meio de


captações em moeda estrangeira efetuada pelos bancos comerciais e múltiplos e bancos de
investimentos. Esses recursos são captados no exterior por meio de empréstimos ou colocação de
títulos e repassados às empresas nacionais visando ao financiamento de capital de giro e capital
fixo.

• Crédito direto ao consumidor: conhecido no mercado como CDC, é uma operação tipicamente
destinada a financiar aquisições de bens e serviços por consumidores ou usuários finais. A
concessão do crédito é efetuada por uma sociedade financeira, e a garantia da operação é a
alienação fiduciária do bem ou objeto do financiamento.

• Assunção de dívidas: é uma operação destinada a empresas com recursos em caixa para quitação
de uma dívida futura. O banco negocia a liberação de recursos equivalentes ao valor de liquidação
da dívida vincenda, garantindo uma aplicação financeira a taxas superiores às praticadas para os
fundos a serem utilizados na quitação. Com isso, a empresa consegue baratear o custo de sua
dívida.
39
Unidade I

Nos casos de dívida internacional, o devedor transfere a responsabilidade de seu pagamento a


uma instituição financeira mediante sua liquidação antecipada. Essa operação pode ser vantajosa
porque, nesse caso, é concedido um desconto (deságio) em relação ao montante pago.

• Adiantamento de contrato de câmbio: o denominado ACC, é uma operação que representa um


incentivo de crédito aos exportadores. É desenvolvida com o objetivo de dinamizar as exportações
nacionais, tornando-as mais competitivas no mercado. As instituições financeiras autorizadas a operar
com câmbio adiantam aos exportadores recursos lastreados nos contratos de câmbio firmados com
importadores estrangeiros, antecipando os recursos às empresas nacionais vendedoras.

2.6 Conceito de mercado de câmbio

Assaf Neto (2003, p. 216) define mercado de câmbio como o “segmento financeiro em que ocorrem
operações de compras e vendas de moedas internacionais conversíveis, ou seja, em que se verificam
conversões de moeda nacional em estrangeiras e vice-versa.”

As operações de câmbio também precisam de intermediação de instituições financeiras


regulamentadas pelo Banco Central e são realizadas por operadores de câmbio, que são especialistas
vinculados a essas instituições, e por corretoras de câmbio.

As taxas de câmbio, conforme expõe o autor, são determinadas por diversos fatores que formam as
paridades no mercado de câmbio. Um desses fatores é a influência das reservas monetárias que um país
deseja manter.

Assim como o governo controla a liquidez da economia por meio da oferta e compra de títulos
públicos, a autoridade monetária promove intervenções no mercado de moedas estrangeiras e altera as
taxas de câmbio, o que incentiva o aumento das exportações e inibe as importações.

A liquidez da economia também é um fator que atua sobre a taxa de câmbio. Quando a liquidez está mais
restrita, os importadores de bens e serviços costumam adiar suas aquisições. Da mesma forma, os importadores
e os exportadores procuram antecipar seus negócios para realizarem recursos de caixa. Essas decisões costumam
elevar a oferta de moeda estrangeira, promovendo uma redução da taxa de câmbio.

Além disso, as taxas de câmbio também costumam sofrer influências por fatores domésticos, como a
posição das reservas cambiais, a situação do balanço de pagamentos, a condução da política econômica etc.

Lembrete

As empresas que atuam em mercados estrangeiros, seja com exportação,


importação, recebendo repasses de capitais e/ou enviando capitais para
outros países, costumam formar políticas de proteção contra variações
bruscas na política cambial. Para isso, adotam as chamadas operações de
Hedge, derivativos que estudaremos nas próximas unidades.
40
MERCADO DE CAPITAIS

2.7 Conceito de mercado de capitais

Segundo Bovespa (2010), a função primordial dos mercados financeiros é aproximar agentes
econômicos normalmente separados no mercado: o superavitário e o deficitário. A Bovespa (2010)
também conceituou mercado de capitais como:

[...] um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito


de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu
processo de capitalização.
É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras
instituições financeiras autorizadas.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos
do capital de empresas — as ações — ou de empréstimos tomados, via
mercado, por empresas — debêntures conversíveis em ações, bônus de
subscrição e commercial papers —, que permitem a circulação de capital
para custear o desenvolvimento econômico.
O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos
de subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e
demais derivativos autorizados à negociação (BOVESPA, 2010, p. 10).

Para Gitman e Joehnk (2005, p.21), mercado de capitais “é o mercado em que títulos a longo prazo,
como ações e títulos de dívida, são comprados e vendidos.”

O mercado de capitais divide-se em dois:

• Mercado primário.
• Mercado secundário.

O mercado primário, ainda sob a definição de Gitman, “é o mercado em que novas emissões de títulos
são vendidas ao público.” É nesse mercado que as empresas realizam as ofertas iniciais ou conhecidas
como IPO´s, conforme estudamos anteriormente.

Saiba mais
O maior IPO, ou a maior captação de recursos em bolsas, foi realizado
pela empresa brasileira Petrobrás, no segundo semestre de 2010, conforme é
demonstrado no jornal de relações com investidores da empresa, que pode ser
acessado no seguinte endereço: <http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/
126/arq_126_12105.pdf>.
Esse também é um exemplo de meio de comunicação com os acionistas,
uma atividade obrigatória por lei.

41
Unidade I

Já o mercado secundário, conforme Gitman e Joehnk (2005), é o mercado em que os títulos são
negociados depois de emitidos e são conhecidos também como aftermarkets ou pós-mercado. Esse
mercado permite que se negocie títulos que já estão circulando.

Lembrete

Lembra-se das situações apresentadas na introdução deste livro-


texto?

A primeira situação representava uma operação tipicamente de mercado


primário, em que uma pessoa precisa de dinheiro e outra precisa investir.
Esse também foi o mercado utilizado pela Renar Maçãs, mencionada numa
das observações que estudamos anteriormente.

Já a segunda situação mostrava um investidor que está interessado


em ações que já estão circulando no mercado, ou seja, ações em mercado
secundário. Nesse caso específico, nos é revelado que as ações dessa
empresa estavam desvalorizadas e ninguém gostaria de comprá-las. No
entanto, isso pode mudar repentinamente e esse investidor poderá ganhar
muito dinheiro. É claro que esse investidor aceita trabalhar com um risco
muito elevado, em uma ação especulativa.

Observação

Mercado de balcão:

Várias vezes, citamos neste livro-texto a expressão mercado de


balcão. Pois bem, o chamado mercado de balcão é, atualmente, segundo
Gitman e Joehnk (2005), uma rede amplamente disseminada de
telecomunicações pela quais são realizadas transações tanto de ofertas
públicas iniciais, como IPO´s de títulos que já estão em circulação.
No passado, realmente as ações costumavam ser transacionadas nos
balcões das corretoras, (daí o nome) mas, atualmente, o comum é que
as ações sejam negociadas por meio das telecomunicações, seja por
telefone, seja pela internet.

É muito comum as corretoras disponibilizarem aos seus clientes os chamados home brokers,
que são sistemas de computador que podem ser acessados de casa ou de qualquer lugar pela
internet e que dispensam ou minimizam a necessidade do atendimento ao cliente por um
corretor.
42
MERCADO DE CAPITAIS

O mercado de capitais, ao ser praticado de forma saudável, acaba por provocar um aumento da
eficiência microeconômica das empresas. Isso também gera efeitos macroeconômicos positivos.
Esse efeito é devido ao fato de que, quando uma empresa aceita abrir o seu capital e ter ações
na bolsa de valores, está também assumindo um compromisso com terceiros, na maioria das
vezes, de longo prazo. Além disso, passa a pulverizar também os seus riscos, pois um universo de
investidores se torna conivente com o sucesso dessa empresa.

Naturalmente, a empresa se vê com a necessidade de fornecer ao mercado informações


detalhadas sobre seu desempenho, seu passado, seus planos e compromissos para o futuro. Com
isso, os investidores acompanham os resultados das empresas, apontam falhas, premiam os acertos
e dão sugestões para a melhoria das atividades, o que cria um ambiente muito saudável para os
negócios.

No mercado de capitas, é possível também captar recursos para capital de giro e capital fixo. Como
afirma Assaf Neto (2003), o mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades de
investimentos dos agentes econômicos por meio de diversas modalidades de financiamento a médio e
longo prazo, para capital de giro e capital fixo.

A seguir, serão analisados alguns exemplos de como é possível captar recursos para capital de giro
e capital fixo.

2.7.1 Mercado futuro

O mercado futuro opera por meio de contratos em que se estabelece um compromisso entre
comprador e vendedor, na venda de um determinado ativo a um preço predefinido, numa data futura.
A principal característica do mercado futuro é a padronização de contratos, que facilita a formação de
preços e implementa a liquidez, agilizando sua negociação. Assim, caso o investidor tenha comprado um
contrato futuro de determinado produto, não terá dificuldades em vendê-lo.

O mercado futuro é uma boa alternativa para os empresários, que, ao negociar antecipadamente
suas mercadorias, evitam o risco de não ter a quem vendê-las no futuro. As mercadorias negociadas
nesses mercados são conhecidas pelo nome de commodities e podem tanto ser aço, algodão, boi gordo,
como camisetas, desde que possam ser padronizadas.

Porém, há também algumas dificuldades nos contratos futuros, que não são flexíveis em comparação
aos contratos a termo. Nem sempre os compradores e vendedores conseguem compatibilizar os seus
interesses. Um comprador de algodão, por exemplo, pode desejar que a mercadoria seja entregue em
um prazo diferente daquele que o vendedor tem condições de entregar. Por isso, esses períodos de
defasagem precisam ser administrados.

A seguir, segue a variação do preço e do número de contratos do boi gordo, negociados na


BM&F:

43
Unidade I

86,00 2.500
84,00
82,00 2.000
80,00
78,00 1.500
76,00
74,00 1.000
72,00
70,00 500
68,00
66,00 -
4/1/2010

7/1/2010

12/1/2010

15/1/2010

20/1/2010

26/1/2010

29/1/2010

3/2/2010

8/2/2010

11/2/2010

18/2/2010

11/2/2010

23/2/2010

26/2/2010

3/3/2010

8/3/2010

11/3/2010

16/3/2010
mai/10 out/10 Contratos negociados (mai +out)

Figura 7: Variação do preço e do número de contratos do boi gordo negociados na BM&F.

2.7.2 Mercado de opções

O mercado de opções confere apenas direitos ao comprador e obrigações ao vendedor de opções,


o que não ocorre nos mercados a termo e futuros. Ao titular dá-se o direito sobre algo e, ao vendedor,
uma obrigação futura requisitada pelo comprador. Por exemplo: a opção de compra chamada em inglês
de call fornece ao titular o direito de comprar o ativo da transação a um preço predeterminado, numa
data certa.

Nos contratos de opções, é necessário pagar um prêmio para se ter o direito e somente uma das
partes incide em obrigações. Isso porque o titular já cumpriu com sua obrigação no acordo, que é o
pagamento do prêmio.

Nesse mercado e nas bolsas em geral, existe uma grande variedade de estratégias, com opções de
muita criatividade que podem resolver grandes problemas. Há ainda a possibilidade de combinação de
varias opções, que é conhecida no jargão do mercado de capitais como “trava”. Essas combinações são
conhecidas também por outras denominações, como:

• Butterfly.
• Condor.
• Straddle.
• Box.
• Conversion.
• Entre outras.

Operações com opções dão margem a especulações refinadas, em que é possível efetuar bons
negócios.

44
MERCADO DE CAPITAIS

2.7.3 Derivativos - swap

As operações de swap, um termo em inglês que significa troca, são um tipo de operação de derivativos
em que o objetivo é trocar o fluxo financeiro de determinado ativo ou passivo, sem que se troque o
principal.

Por exemplo, é muito comum as empresas trocarem entre si fluxos de moedas diferentes. Sabe-se
que as empresas possuem vantagens competitivas em determinados mercados e algumas conseguem
obter melhores taxas de financiamento no mercado de juros flutuante. Assim, as empresas optam em
trocar essas vantagens entre elas.

Existem alguns tipos de swap, mencionados a seguir:

• Swap pré.
• Swap dólar.
• Swap forward.
• Swap IGP-M.

A seguir, conheceremos mais a fundo essas modalidades:

• O swap pré é uma taxa pré-fixada por uma taxa pós-fixada. Nessa operação o cliente
ficará passivo a uma taxa pós-fixada e ativo a uma taxa pré-fixada. No final do período do
swap efetua-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas
envolvidas.

• O swap dólar é um swap da variação cambial acrescido de uma taxa de juros contra uma taxa
pós-fixada. Na operação, o cliente fica passivo a uma taxa pós-fixada e ativo em variação cambial
acrescida de uma taxa de juros. Ao final do swap, realiza-se um ajuste referente às diferenças de
rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap forward é um swap de variação cambial contra uma taxa pré-fixada, derivada de uma
estimativa da variação cambial no período da operação. O cliente ficará passivo a uma taxa pré-
fixada e ativo em variação cambial na transação. Ao final do swap realiza-se um ajuste referente
às diferenças de rendimento geradas pelas duas taxas envolvidas.

• O swap IGP-M é um swap de uma taxa pós-fixada contra o IGP-M (Índice Geral de Preços de
Mercado). Ao final do swap realiza-se um ajuste referente às diferenças de rendimento geradas
pelas duas taxas envolvidas.

45
Unidade I

2.7.3.1 Objetivos das operações com derivativos

Saiba mais

O cartoon Buy-buy-sell-sel, de autoria de Kevin Kallaugher, mais


conhecido como Kal, mostra uma situação típica do mercado de capitais:
uma pessoa anuncia, em um dia normal de trabalho na “mais importante
instituição financeira da nação”, que tem uma ação muito interessante.
A partir daí, desencadeia-se uma série de atitudes das pessoas, que ora
mostram-se calmas, ora mostram irritabilidade, desespero, fúria, dúvida,
temores e sentimentos diversos em torno da ação, que “parece” ser
interessante.

Desde então, essa imagem, em sua simplicidade, é usada para representar


o ambiente do mercado de capitais, que nem sempre é possível expressar
por palavras.

O quadrinho Buy-buy-sell-sel, do Kal, foi feito para a capa de uma das


edições da revista The Economist, em 1989, e pode ser visto no site: <http://
shop.kaltoons.com/collections/prints/products/buy-sell-print/>.

Dentro do mercado de capitais, o mercado de derivativos destina-se a dar transparência/visibilidade


na formação de preços dos ativos e commodities, a permitir transferências de risco de preços e a oferecer
possibilidades de alavancagem de preços e de definição do custo futuro do dinheiro na formação das
taxas de juros.

Nas operações com derivativos, alguns objetivos são destacados, como:

• Especulação.
• Hedge.
• Arbitragem.
• Financiamento.

Na especulação, o ganho é baseado na expectativa e existe uma assunção de risco no ativo. Nas
operações de hedge há proteção de posição do ativo-objeto e redução de risco.

Em arbitragem, o ganho é baseado no desequilíbrio do mercado e não existe risco.

Em financiamento existe uma operação de aplicação/captação e não há risco do ativo-objeto.

46
MERCADO DE CAPITAIS

Saiba mais

Os filmes a seguir propiciam uma relação com o conteúdo que você


estudou nesta unidade:

STONE, Oliver. Wall Street: poder e cobiça. EUA, 1987, 126 min.

Mostra os bastidores do mundo dos grandes negócios da década de


1980 e a ganância e a cobiça da ascensão capitalista por causa do acúmulo
de riqueza e poder nas mãos de poucos.

STONE, Oliver. Wall Street: o dinheiro nunca dorme. EUA, 2010, 127
min.

Continuação de Wall Street: poder e cobiça, esse filme mostra o mundo


dos grandes negócios na atualidade.

Exemplos de aplicação

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados
no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das
expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário
de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

Underwriting
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Swap
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

47
Unidade I

Arrendamento mercantil
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Trava
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) O mercado financeiro e de capitais é importante para a economia de um país? Por quê?


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) É recomendável, para uma empresa pequena, captar recursos na bolsa de valores? O que é
necessário?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

48
MERCADO DE CAPITAIS

Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais
conceitos estudados:

Resumo

Nesta unidade, estudamos a estrutura e os objetivos do sistema


financeiro nacional, as instituições financeiras e suas várias classificações,
bem como o papel de cada um dos agentes financeiros.

Vimos também como as empresas se tornam sociedades anônimas, as


exigências para que uma empresa abra seu capital em bolsa e como captar
recursos financeiros junto ao público. Além disso, você conheceu os vários
tipos de mercado, do cambial ao mercado de capital, os mercados primário
e secundário, as estratégias e variedades de transações que as empresas
podem realizar no mercado de capitais para captar capital de giro e capital
a médio e longo prazos, além de táticas para se proteger, os chamados
derivativos.

É fundamental observar a importância do mercado de capitais para o


país e entender que existe toda uma estrutura formada pelo SFN com suas
instituições especializadas, tanto para normatização quanto para operação,
visando dar tranquilidade e segurança aos interessados em participar dos
mercados.
49
Unidade I

Com esse conhecimento, iremos passar para a unidade II, em que


estudaremos os títulos do mercado de capitais, bem como suas modalidades
operacionais.

Exercícios

Questão 1 (ESAF 2008 - analista de finanças e controle - CGU, adaptada). A Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) constitui órgão integrante do subsistema normativo do mercado de valores mobiliários.
Aponte a única opção incorreta no que diz respeito à CVM.

A) É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei n. 6385/76.

B) As funções da Comissão de Valores Mobiliários repercutem junto a três grandes grupos: instituições
de mercado, companhias abertas e investidores.

C) A Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade a fiscalização e a regulação do mercado de


títulos de renda variável.

D) No cumprimento de sua missão como agente da sociedade para assegurar o equilíbrio monetário,
a CVM zela pela adequada liquidez da economia.

E) A CVM, em função da natureza de suas atividades, recebe, processa e coloca à disposição do


mercado uma enorme massa de informações; a atualização desse banco de dados é condição para
que o acesso seja rápido e eficaz.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a Lei n. 6385/76, que criou a CVM, e a Lei n. 6404/76 (Lei das Sociedades por Ações)
têm por objetivo a manutenção da disciplina e do funcionamento do mercado de valores mobiliários,
bem como a atuação de seus participantes. A CVM foi criada com a responsabilidade de disciplinar,
fiscalizar e desenvolver o mercado de capitais.

B) Alternativa correta.

Justificativa: os grupos citados representam o mercado de bolsa e o de balcão, e as ações da CVM


impactam nos participantes destes mercados.

50
MERCADO DE CAPITAIS

C) Alternativa correta.

Justificativa: a política de atuação da CVM está em regular e disciplinar as atividades relacionadas


ao mercado de valores mobiliários, entendidos os de renda variável.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: cabe ao Banco Central assegurar o equilíbrio monetário, bem como zelar pela adequada
liquidez da economia.

E) Alternativa correta.

Justificativa: a CVM deve assegurar o acesso do público às informações sobre os valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido.

Questão 2 (FCC 2011, Banco do Brasil - escriturário). O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(SELIC) do Banco Central do Brasil é um sistema informatizado que

A) é operado em parceria com a CETIP, balcão organizado de ativos e derivativos.

B) substitui o Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB.

C) tem como participantes, exclusivamente, a Secretaria do Tesouro Nacional e os bancos múltiplos.

D) impossibilita a realização de operações compromissadas, ou seja, a venda ou compra de títulos


com o compromisso de recompra ou revenda.

E) destina-se à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro Nacional, bem como ao registro
e à liquidação de operações com esses títulos.

Resolução desta questão na plataforma.

51
Unidade II

Unidade II

Figura 8: Fachada do prédio da Bovespa.

Nesta unidade, iremos estudar os títulos do mercado de capitais e as suas modalidades


operacionais.

Sabe-se que, com o crescente processo de globalização, o mercado acionário tem apresentado grande
importância no cenário financeiro. Objetivando o desenvolvimento das economias de nações emergentes,
a abertura de capitais vem sendo constante nesses países, uma vez que permite o crescimento das
empresas com geração de novos empregos e contribui para o progresso.

Assim, serão abordados conceitos básicos sobre o funcionamento das bolsas, como e por que investir,
bem como um aprofundamento sobre os títulos de mercado de capitais.

A maior ou menor oferta/procura de determinado papel está diretamente relacionada ao


comportamento histórico dos preços, às perspectivas futuras das empresas emissoras de ações e à
política de dividendos?

3 OS TÍTULOS DO MERCADO DE CAPITAIS

Observaremos aqui que, para se custear o desenvolvimento econômico, é de fundamental


importância que o capital circule. E, nesse contexto do mercado de capitais, as ações, que são
os principais títulos negociados, são os representativos do capital de empresas e dos títulos de
52
MERCADO DE CAPITAIS

empréstimos tomados, dos quais destacamos as debêntures conversíveis em ações, os bônus de


subscrição e os commercial papers.

3.1 Ações

Ação é uma fração do capital social de uma empresa representada por títulos nominativos
negociáveis.

As sociedades anônimas têm seu capital dividido em ações. Dessa forma, o acionista de uma S.A.
é proprietário de uma parte da companhia, ou seja, ao adquirir ações, o acionista passa a ser sócio da
empresa.

A emissão de ações é uma das formas que as empresas têm de captar recursos no mercado. Imagine
que uma empresa X queira fazer um investimento para aumentar a produção, mas que não tenha
recursos para isso. Nesse caso, ela poderia aumentar seu capital emitindo novas ações e as colocando
no mercado. Assim, os recursos provenientes da venda dessas ações seriam utilizados na expansão da
companhia.

A legislação brasileira dispõe que as ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que
confirmam a seus titulares (os acionistas), são classificadas em espécies. As duas espécies mais comuns
de ações são:

• As ordinárias.
• As preferenciais.

As ações ordinárias oferecem ao acionista direitos equivalentes aos de um sócio comum, com
destaque para os direitos de receber dividendos e votar em assembleia, na proporção de um voto por
ação.

Assim, os acionistas que detêm ações ordinárias podem decidir os rumos da empresa, já que a
assembleia geral tem poderes para decidir todos os negócios e tomar as resoluções que julgar
convenientes.

Já as ações preferenciais também oferecem direito à participação nos lucros, mas os detentores não
têm direito a voto. Em compensação, possuem prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso
de capital, em caso de dissolução da sociedade.

A escolha da melhor espécie de ação depende do perfil e dos anseios do investidor. Se ele estiver
interessado em participar das decisões da empresa, provavelmente optará por ações ordinárias. Porém, se
estiver mais interessado no recebimento de dividendos, certamente irá optar por ações preferenciais.

Os detentores das ações preferenciais podem passar a ter direito a voto quando a companhia, pelo
prazo não superior a três exercícios consecutivos, previsto no estatuto, deixar de pagar os dividendos

53
Unidade II

fixos ou mínimos aos investidores. No entanto, se a companhia retornar o pagamento dos dividendos,
as ações preferenciais deixam de proporcionar esse direito.

Independente de serem ordinárias ou preferenciais, as ações são sempre nominativas. São


representadas, após o nome (ou sigla) da empresa, pelas denominações:

• ON (Ordinárias Nominativas).
• PN (Preferenciais Nominativas).

Além dessa representação, podem ser adotadas variáveis, como as nominativas registradas, na hipótese
de haver um registro de controle de propriedade feito pela empresa ou por terceiros, sendo possível haver
emissão de certificado e escrituras nominativas. Isso ocorre quando há a designação de uma instituição
financeira credenciada pela CVM, que atua como fiel depositária dos títulos, administrando-os via conta
corrente de ações.

A empresa pode definir, no estatuto social, classes variáveis para as ações, que são representadas por
alguma outra letra após a denominação ON ou PN. Não há uma definição geral de classes, porque cada
empresa é livre para estabelecer as suas.

A quantidade de ações que uma empresa emite e/ou mantém sofre as seguintes influências ou
razões:

• Subscrição de novas ações ou aumento de capital.


• Bonificação em ações.
• Desdobramento do número de ações.
• Dividendos.
• Juros sobre o capital.

Analisemos essas razões.

Quando a empresa emite novas ações no mercado para captar recursos novos, naturalmente emite
uma determinada quantidade de ações.

Se há um aumento de capital, em que há incorporação de reservas acumuladas, também são emitidas


novas ações que são oferecidas aos acionistas na forma de ações bonificadas.

Caso a empresa decida desdobrar o número de ações, mas apenas realizando uma divisão da
quantidade, ocorre, como é conhecido no jargão do mercado de capitais, o split, ou “fatiamento” das
ações já existentes.

54
MERCADO DE CAPITAIS

Ao final de cada exercício social, são distribuídos dividendos aos acionistas que correspondem à
parcela de lucro. Segundo a lei das sociedades anônimas, a companhia deve distribuir, no mínimo, 25%
de seu lucro líquido ajustado.

Há ainda uma situação em que a empresa opta por remunerar seus sócios com juros sobre o capital,
modalidade que pode ser contabilizada como custos, sendo então um incentivo fiscal que reduz o
montante de imposto de renda a ser recolhido.

3.1.1 A escolha de uma ação

Já estudamos anteriormente que os investidores costumam escolher as ações entre ordinária ou


preferencial, de acordo com o seus anseios particulares. Mas há que se ressaltar que também costumam
escolher as ações de acordo com o valor de mercado.

Devido à força da dinâmica entre a demanda e a oferta de cada papel, os preços das ações sofrem
oscilações ao longo do pregão. Isso torna a cotação praticada confiável em relação ao valor que é
determinado pelo mercado. Assim, as ações podem sofrer variações a qualquer momento, pois os
investidores adquirem os papéis de uma empresa quando acreditam que terão lucro ou que o valor da
ação subirá.

Essa movimentação sofre influência das condições do mercado e das análises dos investidores e
analistas, pois, no momento em que os investidores acabam por acreditar que o ambiente está ruim
para os negócios e cessam os investimentos, ou começam a vender as ações que dispõem, a tendência
é de que o preço dos papéis sofra desvalorização. São muito comuns esses movimentos no mercado,
determinados pelo comportamento dos investidores.

Lembrete

Na introdução deste livro-texto, na segunda situação que lhes foi


mostrada, é possível ver uma simulação desses movimentos de mercado. O
corretor não recomendava a compra de ações de uma empresa que estava
com dificuldades. No entanto, o cliente decidiu comprá-las, mesmo ciente
de que todos estavam evitando. Certamente esse investidor confiava que
as ações iriam subir e que, com isso, ganharia um bom dinheiro.

3.2 Debêntures

Silva Neto (1998) conceitua debêntures como valores mobiliários representativos de dívida de médio
e longo prazo que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito contra a companhia
emissora.

Para captar recursos no mercado, as companhias utilizam a emissão de debêntures. No


entanto, a captação por meio de debêntures só pode ser feita por sociedades anônimas abertas ou
55
Unidade II

fechadas. E somente as de capital aberto com registro na CVM podem efetuar emissões públicas
deste recurso.

As debêntures poderão assegurar ao seu titular os seguintes benefícios:

• Juros fixos ou variáveis.


• Participação no lucro da companhia.
• Prêmio de reembolso.

O Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários decidiram que as debêntures de distribuição


pública somente podem remunerar com taxa de juros prefixada ou por remunerações básicas, ajustadas
para mais ou para menos, por taxa fixa.

Como taxa fixa, aceita-se:

• A Taxa Referencial (TR) ou Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), observado o prazo mínimo de um
mês para vencimento ou período de repactuação.
• Taxa Básica Financeira (TBF), observado o prazo mínimo de dois meses para vencimento ou período
de recuperação.
• Alternativamente à forma de remuneração prevista, é admitida a emissão de debêntures com
cláusulas de correção, com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da dívida pública
federal, na variação da taxa cambial ou em índice de preços ajustados por taxa fixa.

A base para o cálculo do prêmio das debêntures é a variação da receita ou o lucro da companhia
emissora e o emissor é o responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda. O cálculo do
prêmio não pode ter como base a TR, a TBF, a TJLP, o índice de preços, a variação da taxa cambial nem
qualquer outro referencial que se baseie em taxa de juros.

3.3 Commercial paper

Em 27 de junho de 1990, após muita discussão, o Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução
1.723, autorizou a emissão de notas promissórias como valor mobiliário das sociedades por ações.

Commercial Paper (CP) ou Nota Promissória (NP) é um título de crédito de curto prazo emitido
por sociedades anônimas com o objetivo de captar recursos para financiar seu capital de giro. Não é
permitido à instituição financeira emitir commercial paper. Elas são emitidas sem garantia real, podendo
ser asseguradas por fiança bancária. Dependendo do conceito de crédito, a empresa deverá conceder
garantias adicionais, quando for o caso.

Os rendimentos periódicos produzidos pelo título, bem como qualquer forma de remuneração
adicional aos rendimentos prefixados, serão submetidos à incidência do imposto de renda na fonte, por
ocasião do seu pagamento ou crédito.
56
MERCADO DE CAPITAIS

Conforme Martins (2011), as notas promissórias são uma modalidade de título muito antiga, sendo
usada há vários séculos. Há relatos da sua utilização no mercado de capitais norte-americano ainda no
ano de 1790, mas somente veio a ser instituída nesse país a partir de 1830 e, desde então, nunca deixou
de ser usada, por conta de sua praticidade. No entanto, é um título que não traz nenhuma garantia e
depende da confiança que empresa tomadora de recursos merece junto ao público.

Baseando-nos ainda em Martins (2011), em algumas ocasiões, grandes e conhecidas empresas, que
gozam de boa situação patrimonial e perspectivas interessantes de rentabilidade, costumam emitir
commercial papers diretamente, para se beneficiarem com um desconto do valor de face, já que não
há a necessidade de pagar por um intermediário ou dealer. No entanto, o comum é que as empresas
busquem a intermediação de uma instituição financeira.

De acordo com o autor, há três tipos básicos de emissão com intermediação de dealers:

• O tipo mais básico é aquele em que a empresa emissora recebe no ato o valor do titulo, deduzidos
o desconto e a comissão, correndo, por conta do intermediário, o risco de vir a revender a CP com
deságio maior ou com ajuste de um prêmio.
• Existe também o chamado bought as sold, em que o intermediário, sob a responsabilidade da
sociedade tomadora dos recursos, busca no mercado o melhor preço para a transação, que é
totalmente repassado à emissora, deduzida a comissão devida.
• Outro tipo de comercialização é uma mistura dos dois open rates, em que a empresa tomadora,
quando da entrega ao intermediário, recebe adiantadamente parte do valor da face do titulo.
Após as vendas no mercado, o montante apurado é entregue à empresa, já deduzidos o montante
adiantado e o valor da comissão devida.

4 MODALIDADES OPERACIONAIS DO MERCADO ACIONÁRIO

Neste tópico, as modalidades operacionais do mercado financeiro são destacadas pelas operações à
vista, que envolvem a formação do preço, a negociação, os tipos de ordem (compra ou venda), liquidação
e tributação.

• Mercado de ações: dentro do mercado de capitais, o mercado de ações é onde ocorrem a compra
e venda de participações no capital das sociedades (as ações). Já estudamos alguns dos aspectos
do mercado de ações na unidade I, e vimos que esse mercado é praticado nos mercados de bolsas
e de balcão.
• Mercado de bolsas: são locais que proporcionam condições para que os negócios sejam realizados
a contento. As bolsas são fiscalizadas e regulamentadas pelas autoridades, para permitir maior
transparência sobre as operações realizadas. No Brasil, basicamente temos a BM&F-Bovespa, em
São Paulo.
• Mercado de balcão: são chamadas de balcão aquelas operações realizadas fora das bolsas,
fechadas diretamente entre as partes ou com a intermediação de instituições financeiras. Como
discutimos, as telecomunicações estão sendo muito usadas nesse mercado nos dias de hoje.
57
Unidade II

4.1 Operações no mercado à vista

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo(2010), operação à vista é a compra ou venda de
uma determinada quantidade de ações estabelecida a um preço em pregão. Quando há a realização
de um negócio, cabe ao comprador arcar com o valor financeiro envolvido na operação e ao vendedor
fazer a entrega dos títulos nos prazos estabelecidos pela bolsa de valores e pela Companhia Brasileira
de Liquidação e Custódia (CBLC).

Os preços são formados em pregão, de acordo com a dinâmica da demanda e da oferta. Há muitos
outros fatores que interferem também na formação de preços, como o interesse dos investidores em
determinado momento.

Em relação à negociação no mercado à vista, é imprescindível, de acordo com a Lei das


sociedades anônimas, que os negócios sejam realizados com a intermediação de uma sociedade
corretora, que executa a ordem de um cliente por meio de seus representantes e operadores ou
autoriza a utilizar um sistema de computador, o home broker, que geralmente pode ser acessado
pela internet.

4.1.1 Formas de negociação

Há várias formas para a negociação das ações, conforme expomos a seguir:

• Viva voz.
• Sistema eletrônico de negociação.
• Compra ou venda, por:
— Ordem a mercado.
— Ordem administrada.
— Ordem discricionária.
— Ordem limitada.
— Ordem casada.
— Ordem de financiamento.
— Ordem on-stop.
— Day trade.

• Viva voz: os representantes das corretoras gritam as ofertas de viva voz, ou seja, oferece como
se estivessem em uma feira de rua. Eles especificam o nome da empresa, o tipo da ação e a
quantidade e preço de compra ou de venda. O sistema viva voz atualmente não é utilizado no
Brasil, mas continua a ser usado em outros países, geralmente para negociações de ações de
empresas conhecidas e com maior liquidez.
58
MERCADO DE CAPITAIS

• Sistema eletrônico de negociação: as sociedades corretoras cumprem ordens de clientes


cadastrados, de seus escritórios, por meio do sistema eletrônico de negociação. Assim como no
pregão viva voz, há ofertas e demandas de ações e compras e vendas sendo realizadas por meio
de computadores. O fechamento dessas transações são realizados pela Bovespa.

• Tipos de ordens de compra ou venda:

— Ordem a mercado: o investidor especifica para a corretora somente a quantidade e as


características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender.

— Ordem administrada: o investidor especifica para a corretora somente a quantidade e as


características dos valores mobiliários ou direitos que deseja comprar ou vender e a execução
da ordem fica a critério da corretora.

— Ordem discricionária: as condições são estabelecidas pela pessoa física ou jurídica que
administra a carteira de títulos e valores mobiliários. Ou ainda, representantes de mais de um
cliente estabelecem as condições de execução da ordem.

— Ordem limitada: o investidor especifica para a corretora um preço e a corretora somente irá
executar a ordem se o preço for igual ou melhor que o indicado.

— Ordem casada: a ordem somente pode ser executada quando determinado ativo puder ser
vendido e outro comprado. Pode-se especificar qual das operações deseja-se ver executada em
primeiro lugar.

— Ordem de financiamento: o investidor determina ao operador uma ordem de compra ou


venda de um valor mobiliário ou direito em determinado mercado e, simultaneamente, a venda
ou compra do mesmo valor mobiliário ou direito no mesmo ou em outro mercado, com prazos
de vencimento distintos.

— Ordem on-stop: especifica ao operador o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser
executada.

— Day trade: a corretora deve realizar uma compra e a venda das ações deve ser realizada no
mesmo dia.

4.1.2 Liquidação

A liquidação das operações realizadas na Bovespa é realizada por uma empresa, a Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

A CBLC efetua também a guarda de ativos e se encarrega da atualização e repasse dos proventos
distribuídos pelas empresas. O processo de transferência da propriedade dos títulos e do pagamento e
recebimento do montante financeiro envolve duas etapas:
59
Unidade II

• Entrega dos títulos: os títulos são disponibilizados para a CBLC pela sociedade corretora
ou pela instituição responsável pela custódia dos títulos do vendedor. Essa etapa ocorre no
terceiro dia útil (D+3) após a realização do negócio em pregão. Após o pagamento, as ações são
disponibilizadas ao comprador.

• Pagamento da operação: é o acompanhamento da quitação do valor total da operação


pelo comprador, o recebimento pelo vendedor e a transferência das ações para o
comprador.

4.1.3 Mercado de lote-padrão e mercado fracionário

Segundo a Bovespa (2010), para se assegurar uma boa formação de preço aos ativos negociados em
seus pregões, mantém-se o perfil de negociação mais observado: padroniza-se a quantidade mínima
de títulos, ou seja, cada título com quantidade de papéis por negócio (volume financeiro por transação)
é distribuído pelos diferentes lotes uniformizados por negociação. Quando os negócios precisam ser
realizados em volumes inferiores aos parâmetros estabelecidos, forma-se um outro mercado, chamado
de “fracionário”.

4.1.4 Os custos de transação

Conforme afirma a Bovespa (2010), taxas de corretagem incidem sobre as operações realizadas no
mercado à vista. Estas são cobradas livremente entre o cliente e a corretora e incidem sobre o movimento
financeiro total.

4.1.5 Tributação

Nas operações de mercado à vista, incide o imposto de renda de acordo com a as alíquotas vigentes,
quando ocorrer ganho de renda, que é calculado subtraindo-se o preço de compra dos custos de
transação, corretagem e taxas do preço de venda.

Os prejuízos obtidos no mercado de capitais e em outros mercados podem ser compensados, com
exceção das operações que foram iniciadas e encerradas no mesmo dia, como, por exemplo, o day trade,
que somente poderá ser recuperado com ganhos da mesma espécie.

4.1.6 Riscos do mercado de ações

Segundo declara a Bovespa (2010), as ações são ativos de renda variável que não oferecem ao
investidor uma rentabilidade garantida, previamente estabelecida, dependendo muito das condições do
mercado.

Assim, o retorno financeiro ao investidor depende de diversos fatores econômicos, como o


desempenho da empresa e o comportamento do mercado nacional e internacional. Como não há
garantia de rentabilidade no investimento em ações, pode haver prejuízo na aplicação.

60
MERCADO DE CAPITAIS

Portanto, é aconselhável que os indivíduos que queiram investir no mercado de capitais não
dependam somente do recurso de aplicações em ações. Geralmente, esta atividade confere um bom
retorno, mas deve-se evitar o imediatismo e esperar os resultados em médio e longo prazo.

Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo mantém um espaço permanente para


visitação pública, onde oferece palestras e a oportunidade de conhecer o
seu funcionamento, tanto no aspecto teórico como no prático.

O Espaço Bovespa fica na rua XV de novembro, 275, Centro, São Paulo.

Caso você não possa vir a São Paulo, a Bovespa também preparou vídeos
que informam sobre o seu funcionamento e estão disponíveis na TV Bolsa,
no seguinte endereço: <http://www.tvbvmf.com.br/Videos/573>.

Exemplos de aplicação

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados
no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados das
expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um dicionário
de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito bom.

Commercial paper
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Debêntures
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

61
Unidade II

Ações ordinárias
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Operação à vista
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) Alguém lhe pergunta como escolher uma ação. O que você responderá para essa pessoa?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) Você enviou a uma corretora uma ordem casada. O que você quer dizer com isso?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais
conceitos estudados:

62
MERCADO DE CAPITAIS

Resumo

Nesta unidade, aprendemos sobre as debêntures, os commercial papers


e outros títulos que são comumente usados no mercado de capitais.

Vimos também como são os procedimentos da bolsa de valores, como


a negociação das ações e o trabalho das sociedades corretoras. Além disso,
conhecemos rapidamente alguns aspectos importantes, como tributação e
riscos inerentes ao mercado acionário.

É fundamental observar e absorver com naturalidade a rotina com que


os negócios são realizados e as tarefas do cotidiano.

Então, como já estudamos o funcionamento do sistema financeiro


nacional e a rotina operacional, vamos examinar, na unidade III, como todo
esse trabalho é avaliado, quer dizer, os índices das bolsas de valores (tanto
o índice Bovespa como alguns índices de bolsas de valores estrangeiras).
63
Unidade II

Exercícios

Questão 1. A abertura de capital traz várias vantagens às empresas. A principal delas é permitir
o uso dos recursos levantados por prazo indeterminado. Além disso, a remuneração do capital
integralizado depende do sucesso do empreendimento, estando seu pagamento vinculado às condições
econômico-financeiras apresentadas. Outras vantagens são: menor risco financeiro diante de uma maior
capitalização, melhores condições de liquidez para os acionistas realizarem seu patrimônio e incentivo
à profissionalização das decisões da empresa. Por outro lado, a abertura de capital também traz novas
obrigações e custos. Ao abrir o capital, a empresa adquire compromisso com o pagamento de dividendos,
obriga-se a efetuar a publicação periódica de informações ao mercado e arca com a elevação dos custos
administrativos e com as taxas da Comissão de Valores Mobiliários e da Bolsa de Valores.

Sobre o assunto, avalie as afirmativas:

I - Uma empresa que faz a opção pela abertura de capital apresenta capacidade técnica produtiva
acima da sua capacidade financeira.

II - O processo de abertura de capital de uma companhia tem início com a decisão de abertura de
capital, tomada em assembleia geral. Após tal decisão, a empresa deverá efetuar registro na CVM como
“companhia aberta”.

III - A abertura de capital, apesar de algo simples, gera somente benefícios para as empresas.

É correto apenas o que se afirma em:

A) I.
B) I e II.
C) I e III.
D) II.
E) II e III.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: a abertura de capital representa maiores condições de produção para a empresa e,


assim, eleva sua capacidade produtiva sem a necessidade de aporte de capital por parte dos sócios.

64
MERCADO DE CAPITAIS

II – Afirmativa correta.

Justificativa: toda abertura de capital deve passar por uma assembleia de acionistas e ter tal ato
registrado junto à CVM, que deverá, ainda, aprová-la.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: a abertura de capital não pode ser tratada como algo simples, pois representa a tomada
de um endividamento por parte da empresa, podendo gerar benefícios e/ou desvantagens.

Questão 2 (CESGRANRIO 2012, Caixa Econômica Federal - técnico bancário). As ações constituem
títulos representativos da menor fração do capital social de uma empresa, podendo ser classificadas em
ordinárias ou preferenciais. As ações ordinárias atribuem ao seu titular

A) prioridade no recebimento de dividendos.

B) prioridade no reembolso do capital, no caso de dissolução da empresa.

C) permissão para revenda a qualquer tempo.

D) direito de voto na assembleia de acionistas.

E) direito de compra de outras ações ordinárias.

Resolução desta questão na plataforma.

65
Unidade III

Unidade III

Figura 9: Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Tóquio – Japão.

Nesta unidade, iremos estudar os índices do mercado de capitais.

Nas duas primeiras unidades, pudemos compreender o sistema financeiro nacional, o funcionamento
das bolsas e do mercado de capitais, bem como seus documentos, rotinas e particularidades.

A partir de agora, aqui e na unidade seguinte, exploraremos os resultados do mercado de capitais e


como extrair oportunidades a partir das análises desses.

Em seguida, vamos identificar os índices acionários, tanto da Bovespa como de outros países, e sua
relevância para as bolsas de valores, bem como sua formação, composição, divulgação e a utilização de
seus históricos para projeções futuras.

Além disso, estudaremos também as operações no mercado de derivativos.

É possível mencionar os índices como um importante indicador do desempenho médio das cotações
do mercado de ações?

5 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO

Nesta seção, iremos compreender o índice Ibovespa, sua finalidade e metodologia de cálculo; assim
como o índice IBRX, composto por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa.

66
MERCADO DE CAPITAIS

5.1 Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa)

O Ibovespa, segundo a Bovespa (2010) é:

O mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado


de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato de o Ibovespa retratar o
comportamento dos principais papéis negociados na Bovespa e também de
sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e
não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação, em 1968
(BOVESPA, 2010, p.3).

No Brasil e mesmo em outros países, é muito comum surgirem críticas a respeito do fato de que os
índices e regras de cálculo estão sempre mudando e não há um padrão histórico para análise. Certamente,
não é o caso do índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, que foi constituído em 02/01/1968
e, desde então, não foi modificado. Observe que esse aspecto é muito evidenciado pela Bovespa (2010),
pois, de acordo com a bolsa, o Ibovespa:

É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações


constituída em 2/1/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação
hipotética.

Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde


então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência
da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como
reinversão de dividendos recebidos do valor apurado com a venda de
direitos de subscrição e manutenção em carteira das ações recebidas
em bonificação. Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações
dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos
proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total
de suas ações componentes.

Extremamente confiável e com uma metodologia de fácil


acompanhamento pelo mercado, o índice Bovespa representa fielmente
o comportamento médio das principais ações transacionadas e o
perfil das negociações à vista observadas nos pregões da Bovespa
(BOVESPA, 2010, p. 3).

Sendo assim, o Ibovespa é basicamente um apanhado de ações, que, desde então, é observado.
Foram efetuadas algumas adequações ao índice para divulgação e transparência da metodologia de
cálculo sem prejuízos.

A seguir, de acordo com os dados da Bovespa, algumas das adequações para efeito de
cálculo:

67
Unidade III

Quadro 1: Algumas adequações para cálculo do Ibovespa.

1 – divisão por 100, em 03/10/1983.


2 – divisão por 10, em 02/12/1985.
3 – divisão por 10, em 29/08/1988.
4 – divisão por 10, em 14/04/1989.
5 – divisão por 10, em 12/01/1990.
6 – divisão por 10, em 28/05/1991.
7 – divisão por 10, em 21/01/1992.
8 – divisão por 10, em 26/01/1993.
9 – divisão por 10, em 27/08/1993.
10 – divisão por 10, em 10/02/1994.
11 – divisão por 10, em 03/03/1997.

O cálculo do Ibovespa é computado em tempo real e é realizado pela própria Bovespa, considerada a
responsável pela segurança e pela divulgação do índice, que é um indicador médio de comportamento do
mercado. Sua composição procura aproximar-se o melhor possível da real configuração das negociações
à vista na bolsa.

Veja a seguir o gráfico da evolução do índice Ibovespa entre 1994 até 2010:
60000
40000
20000
0

1995 2000 2005 2010

Figura 10: Ibovespa de 1994 a 2010.

Metodologia de cálculo:

Para o cálculo do Ibovespa, cria-se uma carteira (um grupo de ações) composta pelas ações que
atenderam a três critérios, nos últimos doze meses:

68
MERCADO DE CAPITAIS

• A carteira deve representar 80% do valor acumulado de todos os índices individuais incluídos na
relação de ações.

• Em termos de volume, deve apresentar participação superior a 0,1% do total.

• No período referido, deve ter sido negociada em mais de 80% do total dos pregões.

Segundo a Bovespa (2010), há uma relação direta entre representatividade dos títulos no mercado
à vista e a participação de cada ação ajustada ao tamanho da amostra, devido ao número de negócios
e volume financeiro.

Caso a carteira não consiga atender a pelo menos dois critérios de inclusão, será excluída do índice
e ressalta-se que empresas que estiverem em recuperação judicial, em processo falimentar ou em
situações sujeitas a um prolongamento dos períodos de suspensão de negociação, não poderão integrar
o índice Ibovespa.

Ocorrendo suspensão de uma ação pertencente ao Ibovespa, é utilizado o preço do último negócio
registrado na bolsa, até que seja feita a normalização das negociações com o papel. A contar da data
de suspensão, não havendo liberação para negociação nos próximos 50 dias, a ação será excluída da
carteira. Ocorrendo essa situação, serão efetuadas alterações de ajustes para garantir a continuidade do
índice.

A representatividade do Ibovespa, ou seja, sua composição da carteira, é reavaliada a cada 4 meses.


A cada avaliação identificam-se as alterações na participação relativa de cada ação no índice, como
também sua permanência ou exclusão e, de acordo com o cenário econômico e condições das empresas
de capital aberto, a possibilidade de novos papéis.

5.1.1 Procedimentos para rebalanceamento

A cada quatro meses, a Bolsa de São Paulo realiza um rebalanceamento da carteira e, para efetuar
esse trabalho, são adotados os seguintes procedimentos, segundo Bovespa (2010):

Nos últimos doze meses a Bovespa calcula o índice de negociabilidade para


cada uma das ações nela negociadas. Em ordem decrescente, os índices são
colocados em uma tabela e uma coluna apresenta a soma de tais índices, à
medida que se percorre a tabela do maior para o menor. Individualmente,
cada índice de negociabilidade é calculado em relação à soma total, listando
as ações até que o montante de suas participações atinja 80%.

Atendendo aos dois critérios de inclusão, as ações listadas vão compor a


carteira do índice. Se não os atendam, elas são substituídas pelas ações que
vierem a seguir na listagem decrescente, e que consigam atender a tais
parâmetros.

69
Unidade III

Identificar as ações que pertencem à carteira vigente é o passo seguinte,


identificar se alguma delas será excluída, também.

Novamente, os índices de negociabilidade das ações escolhidas são listados,


apura-se o percentual de cada papel em relação à soma dos índices de todas
as ações da carteira.

A determinação do peso inicial, que é o número de pontos do índice, é


realizada a partir da participação ajustada de cada ação, aplicada sobre o
valor do índice do último dia do quadrimestre anterior.

O número teórico de cada ação, resultante da divisão de sua parcela na


composição do índice (peso) pelo seu preço de fechamento no último dia
do quadrimestre anterior, será constante pelos quatro meses de vigência
da carteira, sendo que somente haverá alteração caso ocorra distribuição
de proventos, como dividendos, bonificações, e subscrições por parte da
empresa (BOVESPA, 2010, p. 6).

5.1.2 Cisão de empresas

Quando uma empresa com ações listadas na carteira do Ibovespa anuncia que pretende realizar uma
cisão, não se altera a carteira teórica do índice. As ações da empresa permanecerão na carteira do índice
com uma marcação indicando que está com cisão.

A partir do momento em que efetivamente ocorre a cisão, aguarda-se a operacionalização das


empresas resultantes, considerando-as como uma unidade de negociação na carteira.

Segundo a Bovespa (2010), a efetivação da cisão significa, para efeito de negociação na


bolsa, o ato pelo qual as ações das empresas originadas pela cisão passam a ser negociadas em
pregão.

5.1.3 Início da negociação em bolsa

De acordo com a Bolsa de Valores de São Paulo (2010), a quantidade de títulos e o preço teórico
para cada empresa incluída no índice serão determinados em função da razão de proporção de cisão
patrimonial informada pela empresa.

Quanto à apuração do índice Ibovespa (BOVESPA, 2010), aplicam-se os critérios e fórmula para
calculá-lo.

O Ibovespa é a somatória dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo seu último preço)
das ações integrantes de sua carteira teórica. Assim sendo, pode ser apurado, a qualquer momento, por
meio da seguinte fórmula:

70
MERCADO DE CAPITAIS

n
Ibovespat = å Pi, t * Qi, t
i=1

Em que:

• Ibovespa t = índice Bovespa no instante t.


• n = número total de ações componentes da carteira teórica.
• P = último preço da ação i, no instante t.
• Q = quantidade teórica da ação i na carteira, no instante t.

5.2 Índice Brasil – IBRX

Conforme nos mostra a Bovespa (2010), o IBRX - índice Brasil é um índice de preços que mede
o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na
Bovespa, em termos de número de negócios e volume financeiro:

Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número
de ações disponíveis à negociação no mercado.

De acordo com o índice de negociabilidade medido nos últimos doze


meses, o IBRX será composto por 100 papéis escolhidos em uma relação de
ações classificadas em ordem decrescente, por liquidez e ações que foram
negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos nos doze meses
anteriores à formação da carteira.

Uma ação será excluída do índice quando deixar de atender aos critérios
de inclusão nas reavaliações periódicas, que são efetuadas no final de cada
quadrimestre. Caso, durante a vigência da carteira, a empresa emissora entrar
em regime de recuperação judicial ou falência, as ações de sua emissão serão
excluídas da carteira do índice.

A oferta pública que resultar em retirada de circulação de parcela


significativa de ações do mercado terá suas ações excluídas da carteira.
Nessas eventualidades, serão efetuados os ajustes necessários para garantir
a continuidade do índice (BOVESPA, 2010, p. 3).

Analisemos o IBRX Brasil por meio do gráfico a seguir, no período de dezembro de 2010 a maio de
2011.

71
Unidade III

Figura 11: Índice IBRX Brasil de dezembro de 2010 a maio 2011.

Em relação ao critério de ponderação, segundo a Bovespa (2010):

O IBRX medirá o retorno de uma carteira teórica composta pelos papéis


que atenderem a todos os critérios discriminados anteriormente,
ponderados pelo seu respectivo valor de mercado no tipo pertencente
à carteira.

A base do IBRX foi fixada em 1.000 pontos para a data de 28 de dezembro de


1995, e sua divulgação teve início em 02 de janeiro de 1997. Para adequar-
se à base inicial, o valor de mercado da carteira foi ajustado por um redutor
(coeficiente de ajuste), designado pela fórmula do índice.

Índice inicial = valor da carteira / = 1.000

O redutor do índice será alterado sempre que necessário, para acomodar


inclusões ou exclusões de ações na carteira, à época de seu rebalanceamento
periódico ou quando ocorrerem ajustes decorrentes de proventos/eventos
concedidos pelas empresas.

O peso específico de cada ação no índice poderá alterar-se ao longo da


vigência da carteira, em função da evolução dos preços de cada ação e/ou
da distribuição de proventos pela empresa emissora.

Quando da distribuição de proventos por empresas emissoras de ações


pertencentes ao índice, se efetuará os ajustes necessários de modo a
assegurar que o índice reflita não somente as variações das cotações da
ação, como também o impacto da distribuição dos proventos.

72
MERCADO DE CAPITAIS

Em função dessa metodologia, o IBRX - índice Brasil é considerado um


índice que avalia o retorno total (total return) das ações componentes de
sua carteira (BOVESPA, 2010, p. 4).

Relativamente aos ajustes, em caso de ofertas públicas de aquisição de ações, a Bovespa (2010),
assegura que:

Se uma empresa efetuar uma oferta pública que resulte na aquisição de


parte expressiva de suas ações, a Bovespa adotará um de dois procedimentos:
quando a aquisição for inferior a 2/3 (dois terços) das ações em circulação,
retirar do índice o percentual do capital em circulação que foi comprado pela
empresa; ou retirar a ação do índice quando a aquisição for superior a 2/3
(dois terços) das ações em circulação e incluir outra ação em substituição (a
próxima da fila da lista de ações ordenadas segundo os critérios de inclusão,
utilizada na última recomposição quadrimestral) (BOVESPA, 2010, p.11).

O IBRX pode ser calculado por meio pela seguinte fórmula:

n
å Qit-1 * Pit
i=1
IBrX( t ) = IBX( t -1) * n
å Qit-1 * Pit-1
i=1

Em que:

IBRX (t) = valor do índice no dia t.

IBRX (t - 1) = valor do índice no dia t – 1.

n = número de ações integrantes da carteira teórica do índice (100).

Qit-1 = quantidade teórica da ação i disponível à negociação no dia t - 1. Na ocorrência da distribuição


de proventos em ações do mesmo tipo pela empresa, refere-se à quantidade teórica da ação i disponível
à negociação no dia t - 1, recalculada em função desse rendimento.

Pit = preço da ação i no fechamento do dia t.

Pit-1 = preço de fechamento da ação i no dia t - 1, ou seu preço ex-teórico no caso da distribuição
de proventos nesse dia.

73
Unidade III

Saiba mais
No dia 27/09/07, os jornalistas brasileiros, entre eles os da revista Exame,
noticiaram que a Bovespa atingiu a marca histórica dos 60.000 pontos.
Entre os vários motivos para tal feito, os jornalistas concluíram que
o Brasil teria superado dificuldades provocadas pelos efeitos da crise
hipotecária nos Estados Unidos (que na verdade estava apenas começando)
e alcançado maior prestígio e confiabilidade entre os investidores
internacionais.
Leia essa matéria jornalística no seguinte endereço: <http://exame.abril.com.br/
s e u - d i n h e i ro / n o t i c i a s / b o v e s p a - a t i n g e - a - m a rc a - h i s t o r i c a -
de60000pontosm0139487>.

No site da Bovespa, é possível verificar que de fato, a partir do ano de 2007, o Brasil superou a marca
histórica dos 60.000 pontos no Ibovespa e, no ano de 2008, atingiu um recorde exatamente no dia
20/05/08. Após esse período, o mundo experimentou uma grave crise entre 2008 a 2010, mas mesmo
assim, o índice Ibovespa se manteve sempre acima dos 60.000 pontos.

Tabela 1: Evolução do Ibovespa de 2001 a 2010, em que se verifica


que o recorde do índice Ibovespa foi no dia 20/05/08, com 73.516,80 pontos.

Ano Nominal Pregão


2001 17.889,00 26/01/01
2002 14.471,20 04/03/02
2003 22.236,30 30/12/03
2004 26.196,20 30/12/04
2005 33.629,40 14/12/05
2006 44.526,30 27/12/06
2007 65.790,80 05/12/07
2008 73.516,80 20/05/08
2009 69.349,40 14/12/09
2010 72.995,60 04/11/10
Fonte: <http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoEvolucaoDiaria.aspx?Indice=IBOVESPA&idioma=pt-br>.

6 CONCEITUAÇÃO DOS ÍNDICES DO MERCADO ACIONÁRIO INTERNACIONAL

Os índices de ações servem como termômetro para o mercado, pois as ações tendem a seguir um
movimento em grupo, desvalorizando-se ou valorizando-se conjuntamente.

A partir de agora, buscaremos entender os conceitos dos índices do mercado acionário internacional
e sua relevância para a bolsa de valores.
74
MERCADO DE CAPITAIS

6.1 Índice Dow Jones – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)

Segundo a ADVFN (2009), a Dow Jones Industrial Average foi fundada por Charles Dow, em 26
de maio de 1896, e representou a média do dólar de 12 ações das principais indústrias americanas.
Anteriormente, em 1884, o Sr. Dow tinha composto uma média de estoque inicial chamada médias
Dow Jones, que continha nove ferrovias e duas empresas industriais que apareceram no Cliente
Afternoon Letter, uma página de notícias financeiras, que foi a precursora do The Wall Street
Journal.

A empresa responsável pelo cálculo do índice Dow Jones, a ADVFN (2009), afirma que, atualmente,
o cálculo é feito considerando uma carteira das 30 maiores e mais importantes empresas norte-
americanas com ofertas públicas de ações. Essas empresas podem vir a ser substituídas, com o objetivo
de acompanhar mudanças no mercado.

Ainda conforme ADVFN (2009), quando acontece uma substituição nas empresas que constituem a
carteira usada pelo Dow Jones, é necessário fazer uso de um fator de ajuste para que o índice não seja
diretamente afetado. Inicialmente, o índice era composto por apenas 12 ações e seu cálculo era uma
simples média aritmética da soma dos preços. Com o passar dos anos, devido a todos os ajustes que
aconteceram e à elevação do número de empresas para 30, o índice passou a ser calculado por uma
razão onde o numerador é a soma do preço destas 30 ações. O denominador é um valor chamado de
divisor Dow.

DJIA =
åp
d

O valor do divisor Dow é 0.132319125, o que significa que o valor do índice Dow Jones é, na verdade,
maior que a soma do preço de todas as 30 ações que o constituem.

6.2 Índice S&P 500 – Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE)

De acordo com a ADVFN (2010), o índice S&P 500 foi criado em 1957. Trata-se de um índice
ponderado de valor de mercado (valor do ativo multiplicado pelo número de ações em circulação), em
que o peso de cada ativo é proporcional ao seu preço.

O índice é composto por 500 ativos negociados nos Estados Unidos e selecionados de acordo com o
seu tamanho de mercado, a liquidez e sua representação dentro de seu grupo industrial.

Ainda conforme a ADVFN (2010), o S&P 500 é o índice mais usado no acompanhamento do
mercado financeiro norte-americano e também é considerado um termômetro da economia
do país. As empresas incluídas no índice são selecionadas pelo índice S&P Comitê, uma
equipe de analistas e economistas da Standard & Poor’s . O S&P 500 é ponderado de valor
de mercado, ou seja, o peso de cada ação é proporcional ao seu valor de mercado.

75
Unidade III

Esse é o mais conhecido entre os diversos índices publicados pela Standard & Poor’s, empresa de
consultoria financeira que é a principal provedora de informações para os mercados financeiros globais,
e também a principal fonte de ratings de crédito, índices, pesquisas de investimento, avaliações de risco
e dados.

6.3 Índice composto Nasdaq

A ADVFN (2010) considera o Nasdaq Composite o índice de referência da Nasdaq (National


Association of Security Dealers Automated Quotations), que é a bolsa de valores que concentra o
maior volume de negociação de ações dos Estados Unidos, tanto em número de negócios quanto
em valor financeiro.

Para a Nasdaq, esse índice reflete o comportamento da chamada nova economia, porque essa
bolsa engloba em sua listagem empresas menos tradicionais que as empresas listadas na NYSE
(New York Stock Exchange). As empresas da nova economia desenvolvem e fabricam produtos de
alta tecnologia.

O principal índice utilizado nas negociações do mercado eletrônico Nasdaq expressa a variação
média diária das cotações de todas as empresas, incluindo empresas não norte-americanas.

Esse índice utiliza uma média ponderada, de acordo com o valor de mercado das cotações de cerca
de 3.000 ativos. Entre as principais empresas que compõem esse índice estão a Microsoft, a Cisco e a
Intel.

6.4 Índice Nikkei – Bolsa de Valores de Tóquio

Conforme descreve a ADVFN (2010), o Nikkei é o índice de ações mais tradicional do mercado japonês.
Ainda segundo a ADVFN (2010):

O mais conhecido entre os índices asiáticos começou a ser calculado pela


Bolsa de Valores de Tóquio em 7 de setembro de 1950, o índice Nikkei se
refere a flutuações das cotações de uma carteira formada por 225 ações
inscritas na primeira seção da Bolsa de Valores de Tóquio, [...] as ações mais
negociadas e de maior capitalização desse mercado.

Em 1971, o jornal Nikon Keizai Shimbun adquiriu os direitos para o cálculo


e divulgação do índice, mais tarde rebatizado de Nikkei Stock Average. A
metodologia de cálculo do índice Nikkei é semelhante à metodologia do
índice Dow Jones, ou seja, reflete a média aritmética das variações de preços
das ações que compõem a sua carteira. Esse indicador, entretanto, apresenta
uma composição mais variada (225 ações) que a do índice Dow Jones.

Os 225 títulos que constituem o índice Nikkei são beneficiados pela mesma
ponderação: base em 50 ienes por ação. Não existe ponderação setorial.
76
MERCADO DE CAPITAIS

O valor do Nikkei pode ser calculado pela soma das cotações dos seus
componentes (valor das ações), dividindo o valor obtido por um divisor
preestabelecido.

A composição do índice é revisada todos os anos, durante o mês de setembro,


e as suas eventuais alterações são aplicadas no início do mês de outubro
(ADVFN, 2010).

A seguir, apresentamos um gráfico com a evolução do índice Nikkei 225, por um ano:

11000

10500

10000

9500

9000

8500

Jun 09 Aug 09 Jan 09


Figura 12: Gráfico histórico Nikkei 225 Índex - 1 ano.

6.5 Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres

Conforme no explica a ADVFN (2010), o FTSE (Financial Time Stock Exchange) é uma companhia
independente, de propriedade do lendário jornal The Financial Times e da Bolsa de Valores de Londres
(London Stock Exchange).

A ADVFN (2010) comenta que:

Esse grupo é responsável pela elaboração e manutenção de mais de 120.000


índices de ações, títulos e classes alternativas de ativos.

Com escritórios em Londres, Frankfurt, Hong Kong, Pequim, Boston, Xangai,


Madri, Paris, Nova Iorque, São Francisco, Sidnei e Tóquio, o grupo FTSE possui
parceiros e clientes em 77 (setenta e sete) países.

Os índices elaborados pela FTSE são amplamente utilizados, tanto


por investidores individuais quanto por consultores de investimento,
77
Unidade III

empresas de asset management, administradores de fundos de


investimento, bancos de investimentos, bolsas de valores e corretoras
de valores mobiliários.

Um comitê independente de avaliação, formado por administradores de


fundos de investimento com larga experiência mercadológica, revisa e
aprova qualquer alteração de algum índice, com o objetivo de assegurar a
confiabilidade do processo de manutenção e alteração dos índices do grupo
FTSE (ADVFN, 2010).

Exemplos de aplicação

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados
no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados
das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em um
dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário muito
bom.
Mercado a termo
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Índice
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Índice Brasil IBX


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
78
MERCADO DE CAPITAIS

Índice Nikkei
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) Qual é a diferença do índice Dow Jones e do índice Nikkei? E qual a diferença desses dois índices
em comparação ao Ibovespa?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) Um industrial têm planos de construir uma fábrica de processamento de alimentos, mas não
sabe se conseguirá comprar frutas, verduras e legumes em quantidade razoável para aproveitar bem os
recursos das máquinas que serão adquiridas. O que esse industrial pode fazer?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 3. Nesta atividade, é necessário que você acompanhe diariamente, pelos meios de
comunicação, o fechamento do índice Ibovespa, pelo período de uma semana (você pode acompanhar
por um período maior).

A cada dia, anote o índice Ibovespa e tente montar o gráfico.

Procure saber, a cada dia, o(s) motivo(s) que levou(aram) o índice Ibovespa a sofrer alta ou baixa.

79
Unidade III

80000
75000
70000
65000
60000
40000
20000

Datas / / / / / / / / / / / /

Questão 4. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais
conceitos estudados:

Resumo

Nesta unidade, estudamos os índices do mercado de capitais, tanto os


brasileiros como estrangeiros.

Como comentamos aqui, pudemos entender não apenas a estrutura


e o funcionamento do sistema financeiro e de capitais, mas também seus
resultados e a oportunidade de usar o conhecimento obtido para projeções
futuras.
80
MERCADO DE CAPITAIS

Aprofundamos-nos também nas particularidades do mercado de


derivativos.

É fundamental prestar a atenção nas diferentes metodologias que são


usadas para a formação dos índices, na constância com que são calculados e
divulgados e na importância que têm para a análise e tomada de decisões.

Se, nessa unidade, aprendemos a analisar o resultado geral do mercado


de capitais, na próxima, compreenderemos casos particulares de empresas,
análise fundamentalista, aspectos a serem observados, além de analisar os
resultados de uma empresa em específico.

Exercícios

Questão 1 (ESAF 2013, analista de finanças e controle). Uma das principais características da
metodologia de cálculo do Índice Bovespa é a determinação das ações componentes da carteira teórica:

A) com base em sua participação no volume de negócios no mercado.

B) com base no valor de mercado de cada ação em relação ao valor total das ações contidas na
carteira.

C) por votação realizada em assembleia quadrimestral de corretoras de valores.

D) somente se a empresa estiver inscrita no segmento de governança corporativa mais elevado.

E) com a inclusão de todas as ações negociadas no mercado, excluindo-se as ações de empresas em


processo de recuperação judicial.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: o Ibovespa apresenta-se como um indicador médio do comportamento das ações


que são negociadas em bolsa. Ele procura aproximar-se o melhor possível da real configuração das
negociações à vista em bolsa.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Ibovespa é o somatório dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo seu
último preço) das ações integrantes de sua carteira teórica.
81
Unidade III

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a metodologia de cálculo do Índice Bovespa não leva em consideração as reuniões


realizadas no âmbito das corretoras de valores, por elas não definirem os preços médios de mercado das
ações negociadas em bolsa.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: os programas de governança corporativa não influenciam a determinação do valor


médio das ações e estão intimamente ligados à reputação da empresa emitente das ações.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: quando uma empresa com ações listadas na carteira do Ibovespa está em processo de
recuperação judicial, não se altera a carteira teórica do índice. As ações permanecerão na carteira do
índice com uma marcação indicando a situação da empresa.

Questão 2. No mercado de capitais, vários são os índices que indicam o desempenho médio das
cotações do mercado de ações. Sobre tais índices, avalie o que se apresenta.

I – Quando o Índice Ibovespa registra alta, isso quer dizer que todas as ações negociadas na BM &
FBovespa subiram de preço.

II – As bolsas de valores objetivam manter um local adequado ao encontro de seus membros e à


realização, entre eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários pertencentes a
pessoas jurídicas públicas e privadas, em um mercado livre e aberto.

III – O Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova Iorque, leva em consideração uma carteira das
30 maiores e mais importantes empresas norte-americanas com ofertas públicas de ações.

IV – O Índice Nasdaq, bolsa que reflete o comportamento da chamada nova economia, expressa a
variação média diária das cotações exclusivamente de empresas americanas do setor.

Está correto apenas o que se afirma em:

A) I e II.
B) II e III.
C) I, III e IV.
D) II e IV.
E) III e IV.

Resolução desta questão na plataforma.


82
MERCADO DE CAPITAIS

Unidade IV

Figura 13: Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Nova York – EUA.

Nesta unidade, estudaremos quais são os fundos de investimento e como são geridos pelas
sociedades, além de conhecer a análise fundamentalista. Identificaremos também quais são os
critérios utilizados para efetuar essa administração dos recursos.

Nas três primeiras unidades, discutimos os aspectos genéricos do mercado de capitais, bem como
sua estrutura, funcionamento e resultados. O intuito foi de compreender esse mercado como um todo.
A partir de agora, veremos os resultados do mercado de capitais de uma forma mais particular, além de
aprender a observar os resultados e oportunidades de uma empresa.

No atual cenário econômico, é de fundamental importância a ferramenta analítica que possibilita a


avaliação do histórico das empresas?

7 OPERAÇÕES NO MERCADO DE DERIVATIVOS

Buscaremos aqui entender quais investimentos e negociações de commodities pertencem ao


mercado de derivativos e quais as formas de fomento no mercado a termo, de opções e futuro.
83
Unidade IV

7.1 Conceito de mercado de derivativos

A negociação de mercadorias básicas está relacionada à origem dos derivativos. Alguns autores
informam que sua origem se deu na China Antiga, outros dizem que seu início está na Idade Média,
com a especialização do comércio. Independentemente de sua origem histórica, o aparecimento de
derivativos deu-se como forma de acelerar e dar maior segurança à negociação de commodities.

A possibilidade de antecipar vendas era uma forma de garantir ao produtor a comercialização de seus
produtos, por meio de um contrato em que ele se comprometia a entregar futuramente determinado
volume de mercadoria a determinado preço. Dessa forma, o comprador poderia considerar o contrato
como uma garantia do preço do produto na quantidade solicitada, da qualidade e do local previamente
contratados.

Silva Neto (1998), expõe uma versão sobre o surgimento desse mercado no tempo dos samurais,
no Japão do século XIX, em que o arroz, além de alimento básico era também um meio de troca
e, por conta disso, servia de parâmetro para o estabelecimento de preços. O autor afirma também
que a cidade de Osaka, um conhecido centro de comercialização do produto, sentia as fortes
oscilações de preço provocadas pela lei da oferta e da procura. Essa situação despertou o interesse
de um comerciante que, ao perceber oportunidades de ganho, passou a adquirir o produto para
revendê-lo a preços superiores e acabou por tornar-se um ponto de referência de comércio e de
preço do arroz.

A confiança nas relações foi fundamental nesse período, porque, com o aumento das negociações, os
ofertantes passaram a levar apenas amostras do produto e não um carregamento completo, como faziam
anteriormente, pois acreditavam que o produto teria a mesma qualidade. Com isso, os comerciantes
deram início à modalidade de venda para entrega sob encomenda e, posteriormente, verificaram que
poderiam negociar inclusive o arroz ainda a ser colhido.

Surge, assim, a operação de venda para entrega futura. Mais tarde, devido ao aumento dos prazos
dos contratos, os compradores, com receio de firmar um acordo em que o pagamento fosse feito apenas
no momento da entrega do produto e com o valor definido a posteriori (na data da entrega, com o
preço vigente no momento), decidiram fechar contratos em que o valor fosse definido na época do
fechamento do negócio. Esse procedimento passou a ser conhecido como mercado a termo.

7.2 Definição de derivativos

Derivativos são instrumentos financeiros que constituem acordos formais e que têm a função de
transferir risco de uma parte à outra, sem deslocar o ativo básico, como ações, moedas, commodities ou
título de dívida.

Para fins de investimentos, os instrumentos financeiros derivam de algum ativo que tenha, por
finalidade, razoável utilização. Os preços dos derivativos são formados a partir do preço de um bem
principal, denominado ativo subjacente. Dessa forma, o preço de um contrato futuro de dólar vai
depender do preço desse ativo no mercado à vista.
84
MERCADO DE CAPITAIS

Conclui-se que os derivativos são contratos firmados entre partes, pois têm como objetivo a troca
somente de valor de ativos, commodities agrícolas ou minerais e índices.

Os derivativos objetivam a troca de um resultado financeiro obtido por meio da aplicação


da variação do valor de índices ou projeções de preços, em um determinado período, sobre
um montante teórico inicial. São utilizados para alterar a característica do risco de caixa, ou
da carteira de uma empresa, por conta da possibilidade de alteração no valor de determinado
ativo.

O mercado de derivativos pode ser dividido em quatro mercados principais:

• Mercado a termo.
• Mercado futuro.
• Mercado de opções.
• Mercado de swaps.

7.3 Mercado a termo

Fortuna (2007) conceitua que:

[...] os mercados a termo são semelhantes aos mercados futuros, pelo fato
de serem acordos de compra e venda de um ativo em uma data futura, por
preço previamente estabelecido. No entanto, não são negociados em bolsas
com as mesmas características dos contratos futuros, já que são acordos
particulares entre duas instituições financeiras e seus clientes (FORTUNA,
2007, p. 315).

No mercado a termo, são negociados contratos nos quais é definido o produto a ser entregue
ao comprador pelo vendedor, prezando quantidade e qualidade, além do local, preço e uma data
futura para a entrega. Esses termos são acordados entre ambas as partes. O vendedor compromete-
se com entrega do bem na forma estipulada, enquanto o comprador obriga-se a pagar o preço
previamente ajustado.

Como o comprador não necessariamente precisa possuir o dinheiro prometido e nem o vendedor o
produto comercializado, surgiu uma sensação de risco muito grande no mercado, o que gerou, em um
primeiro momento, uma procura por esse tipo de operação. Para diminuir essa insegurança e garantir
a liquidação do contratos, criaram-se as chamadas câmaras de compensação (clearing house). Nessas
câmaras, a partir do capital dos participantes, mediante uma cobrança de taxas em cada operação
realizada, os contratos são liquidados mesmo que uma das partes não possa cumpri-los. Em contraponto,
as câmaras de liquidação passaram a exigir depósitos de garantias para evitar o comprometimento com
contratos de grande valor.

85
Unidade IV

A vantagem principal desse tipo de operação é permitir que os investidores protejam preços de
compra, diversifiquem riscos, obtenham recursos e alavanquem ganhos. Um investidor que espera um
aumento nos preços de um ativo pode comprar a termo, fixando o preço e beneficiando-se com a alta.

Os contratos a termo não são ajustados diariamente, porque as partes liquidarão a operação apenas
na data de entrega acertada. Então, o preço no mercado a termo é estabelecido adicionando-se ao preço
à vista a expectativa de juros, fixada livremente no mercado, pelo prazo do contrato.

Os tipos básicos de operações a termo são:

• Simples.
• A prazo fixo.
• A prazo com prêmio.
• De report e deport.

As operações simples e a prazo fixo consistem na compra ou venda para liquidação em data
futura. O comprador e o vendedor acertam a cotação e o prazo e, na data combinada, o comprador
entrega o dinheiro e recebe os ativos.

A operação a prazo com prêmio é uma transação a termo firmada com a condição de que uma das
partes possa desistir mediante o pagamento de um prêmio previamente estipulado. A desistência pode
aplicar-se ao vendedor, ao comprador ou a ambas as partes.

A operação de report é a compra à vista de ativos e a sua venda simultânea a prazo pelo primitivo
vendedor, realizada no mesmo ato.

A operação de deport limita-se a vender à vista e, vinculadamente, comprar a prazo do primitivo


vendedor, ou seja, equivale a tomar dinheiro emprestado a taxas pré-fixadas.

7.4 Mercado de opções

No mercado de opções, negociam-se, instrumento financeiros em que o titular adquire o direito


(apenas o direito e não a obrigação) de comprar ou vender um determinado ativo, que pode ser um bem
qualquer, por um determinado valor.

Uma analogia muito interessante para bem entender o conceito de “opção” é o sinal, ou seja, um
adiantamento para a compra de um imóvel. Quando alguém recebe um sinal, garante o preço fixo,
mesmo que esse imóvel venha a se valorizar até o momento do seu pagamento efetivo.

Imagine, por exemplo, que um indivíduo queira adquirir um lote de mercadorias que está sendo
ofertado a um preço muito bom, mas ainda não tem o dinheiro disponível. Nesse caso, essa pessoa pode
comprar a opção de comprar essa mercadoria, adquirindo o direito (importante, apenas o direito, não a
obrigação) de compra sobre o produto.
86
MERCADO DE CAPITAIS

7.5 Fundos de investimento em ações

Como vimos com muita ênfase nas unidades anteriores, o mercado financeiro e de capitais exige
sabedoria para lidar com o risco. Quem tem conhecimento das particularidades do funcionamento
do mercado e acompanha as notícias e informações sobre as empresas tende a conseguir melhores
ganhos.

Operadores de mercado de capitais, não raramente, são pessoas cercadas por computadores e fontes
de informação a todo instante. Com o avanço das telecomunicações, é muito comum que decisões
ocorridas em países distantes surtam impactos imediatos, não importando nem mesmo o fuso horário.
Dessa forma, sabe-se que é necessária a dedicação diária, porque mesmo o mais bem informado operador
de ontem poderá estar desatualizado hoje.

Entretanto, não são todas as pessoas que têm tempo, vontade ou vocação para se dedicar ao mercado
financeiro. Ou, talvez, nem gostem muito dessa atividade. Além disso, pode ser que mesmo a pessoa
que goste das rotinas do mercado de capitais, por força de sua profissão ou outros compromissos, não
possa se dedicar.

Os fundos de investimento são boas opções para pessoas com esse perfil. Da mesma forma como
existem condomínios de casas e/ou apartamentos, em que as pessoas dividem as despesas e usufruem
dos benefícios, existem os fundos de investimento, na forma de condomínios.

De acordo com a legislação brasileira, fundos de investimento são uma comunhão de recursos
constituída sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros.

Para efeito da composição do patrimônio do fundo, consideram-se ativos financeiros:

• Títulos da dívida pública.


• Contratos de derivativos.
• Ações.
• Debêntures.
• Bônus de subscrição, seus cupons, direitos, recebidos de subscrição e certificados de
desdobramento.
• Certificados de depósito de valores mobiliários.
• Cédulas de debêntures.
• Cotas de fundos de investimento.
• Notas promissórias, desde que a emissão ou negociação esteja registrada ou autorizada pela CVM
ou quaisquer outros valores mobiliários.
• Títulos ou contratos de investimento coletivo, registrados na CVM e ofertados publicamente.

87
Unidade IV

• Certificados ou recibos de depósito emitidos no exterior com lastro em valores mobiliários de


emissão de companhia aberta brasileira.
• O ouro, ativo financeiro, desde que negociado em padrão internacionalmente aceito.
• Quaisquer títulos, contratos e modalidades operacionais de obrigação ou coobrigação de instituição
financeira.
• Warrant.
• Contratos mercantis de compra e venda de produtos, mercadorias ou serviços para entrega ou
prestação futura.
• Títulos ou certificados representativos desses contratos e quaisquer outros créditos.
• Títulos e modalidades operacionais desde que expressamente previstos no regulamento (CCB,
CPR, Warrants etc.).

Há fundos de investimento que oferecem cotas. Esses são conhecidos normalmente pela
sigla FI e devem manter, no mínimo, 95% de seu patrimônio investido em cotas de fundo de
investimento da mesma classe. Essa regra só não vale para os FIC`s (Fundos de Investimento em
Cotas) classificados como multimercado, ou seja, que têm autorização para investir em cotas de
fundos de classes distintas.

Os outros 5% do patrimônio do fundo podem ser mantidos em depósitos à vista ou aplicados


em títulos públicos federais, títulos de renda fixa de emissão de instituição financeira ou operações
compromissadas, de acordo com a regulação específica do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Os fundos de investimento são constituídos em forma de condomínio. Assim, cada investidor detém
uma parte do valor que está aplicado. A rentabilidade gerada será atribuída a cada um deles, na justa
proporção de sua participação no fundo. O mesmo procedimento é adotado para o rateio das despesas
geradas.

A cota é uma fração ideal do patrimônio do fundo e pode ser escritural e nominativa. Ao aplicar seus
recursos em um fundo, o investidor adquire um determinado número de cotas que é obtido dividindo-se
o valor aplicado pelo valor da cota da data da aplicação ou do dia útil posterior (conforme regulamento
do fundo).

Compete privativamente à Assembleia Geral de Cotistas deliberar sobre:

• Demonstrações contábeis apresentadas pelo administrador.


• Substituição do administrador, do gestor ou do custodiante do fundo.
• Fusão, incorporação, cisão, transformação ou liquidação do fundo.
• Aumento da taxa de administração.
• Alteração da política de investimento do fundo.
88
MERCADO DE CAPITAIS

• Emissão de novas cotas no fundo fechado.


• Amortização de cotas, caso não esteja prevista no regulamento.
• Alteração do regulamento.

Os fundos de investimento são constituídos seguindo duas formas:

• Fundos abertos.
• Fundos fechados.

Nos fundos abertos, os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer momento.
Portanto, o ingresso e a saída de cotistas se dão automaticamente por solicitação junto ao administrador
do fundo.

Nos fundos fechados, as cotas podem ser resgatadas somente ao término do prazo de duração do
fundo ou de sua liquidação. Logo, nos fundos fechados, não há resgate de cotas. Nesse caso, as cotas
podem ser negociadas em mercado secundário, apresentando diferentes níveis de liquidez.

Há uma série de informações relevantes à qual o cotista de um fundo de investimento deve ter
acesso. Essas informações são disponibilizadas por meio do regulamento e do prospecto do fundo.

O regulamento é o documento em que estão estabelecidas as regras básicas de funcionamento do


fundo. Entre essas regras, merecem destaque aquelas que se referem aos ativos que serão adquiridos e
às estratégias de investimento adotadas, uma vez que estão diretamente relacionadas com o risco do
investimento.

O prospecto é o documento que apresenta as informações relevantes para o investidor a respeito


da política de investimento do fundo e dos riscos envolvidos. Deve estar atualizado e à disposição dos
investidores potenciais durante o período de distribuição.

O termo de adesão, assinado pelo investidor, é a prova da qual dispõe o administrador do fundo de
que o cotista conhece as principais características do investimento feito e os riscos a ele inerentes. É
obrigatório, para o ingresso no fundo, que o cotista assine o termo de adesão correspondente, que será
fiscalizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A taxa de administração é uma cobrança da instituição para cobrir as despesas dos serviços de
administração de um fundo de investimento.

7.5.1 Tipos de fundos de investimento em ações

A seguir, examinaremos os vários tipos de fundos de investimento em ações. Os fundos de


ações deverão ter como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à
negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado.

89
Unidade IV

No mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) de seu patrimônio líquido deverá ser composto pelos
seguintes ativos:

• Ações admitidas à negociação em bolsa de valores ou entidade de balcão organizado.


• Bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações admitidas à negociação em
bolsa de valores ou entidades de balcão organizado.
• Cotas de fundos de ações e cotas dos fundos de índice de ações, negociadas em bolsa de valores
ou entidades de balcão organizado.
• BDR (Brazilian Depositary Receipts) classificados como nível II e III.

Os fundos são classificados em:

• Fundo setorial de investimento em ações.


• Fundo mútuo de investimento em ações do setor de mineração.
• Fundo de ações fechado.
• Clube de investimento – CI.

Os fundos setoriais de investimento em ações e os fundos mútuos de investimentos em


ações do setor de mineração investem em ações de empresas de setores específicos da economia,
como telecomunicações e energia, ou de empresas que tenham alguma outra característica comum,
como a privatização.

No entanto, os fundos mútuos de investimentos em ações do setor de mineração devem ter


no mínimo, 75% de seu patrimônio investido em valores mobiliários das mineradoras, adquiridas por
subscrição privada e/ou em ações e debêntures de emissão de companhias de mineração registradas na
CVM, adquiridos em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado. Desse percentual mínimo, no
máximo 75% poderão ser constituídos por debêntures de empresas mineradoras.

Os fundos de ações fechados são regulamentados pela Instrução nº 215 da CVM e se destinam
a atender a nichos específicos de mercado, do ponto de vista do administrador em relação ao cotista.
É a opção para o investidor que quer sacrificar segurança e liquidez, em troca de maior perspectiva de
rentabilidade indireta. Pelos estatutos desses fundos, o cotista investe por um prazo determinado, e só
pode resgatar a aplicação ao final do período. A única alternativa para resgatá-la é vender as cotas para
outro investidor, via bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.

Os fundos fechados podem ser divididos em função das características dos papéis que os comporão,
em:

• Setoriais.
• De renda (ações com dividendos garantidos).

90
MERCADO DE CAPITAIS

• De “micos” (ações com relação entre cotação e valor patrimonial muito baixa).
• De índices das bolsas.
• De opções e índice futuro.
• De valor (ações cuja vantagem não apareça em balanço, mas sim em logomarcas e reservas
inexploradas).
• De empresas exportadoras e de recuperação econômica.

Esses fundos normalmente não possuem taxa de administração. As taxas incidentes normalmente
são equivalentes às operações com ações e/ou opções, dependendo da carteira do fundo fechado.

Os Clubes de Investimento (CI) foram normalizados pela Instrução nº 40 da CVM, de 07/11/94, e


é o condomínio constituído por pessoas físicas para aplicação de recursos comuns em títulos e valores
mobiliários sujeitos às normas da instrução, quando vinculados a banco de investimento, DTVM e CTVM.
As cotas do CI corresponderão às frações ideais da divisão do seu patrimônio, devendo contemplar um
número mínimo de 3 e máximo de 150 pessoas, a não ser que seja integrado por funcionários de uma
mesma empresa ou que estejam ligados por vínculo associativos, desde que autorizados pela CVM.

A carteira do CI será composta por, no mínimo, 51% em ações, bônus de subscrição e debêntures
conversíveis em ações de companhias abertas, adquiridas em bolsa de valores ou no mercado de balcão
organizado por entidades autorizadas pela CVM, ou durante período de distribuição pública.

7.5.2 Rating dos fundos

Há algumas empresas que se especializaram em avaliar fundos de investimento, usando para tal
uma classificação denominada rating. Nessa classificação, também se analisam o país de origem e a
instituição gestora do fundo.

Na elaboração do rating, todos os riscos que podem impactar o retorno do investimento são
cuidadosamente avaliados. Os riscos mais importantes em cada caso são:

• Países (possibilidade de reestruturação unilateral de dívida, confiscos, impostos etc.).


• Instituições financeiras (solidez financeira).
• Empresas de asset management (histórico de desempenho e tecnologia de gestão de ativos).
• Títulos (capacidade de repagamento do emissor e a estrutura legal do título) e fundos de
investimento (composição de carteira e consciência da performance ao longo do tempo).

• Risco de crédito:

— Investment grade – AAA/AA/A e BBB.


(grau qualitativo) (excelente) (bom).

91
Unidade IV

— Speculative Grade – BB/B/CCC/CC/D.


(grau especulativo) (especulativo) (falência – default).

• Risco de mercado:

— Baixo risco: V1 + /V1/V2 (não compromete o principal investido).


— Risco moderado: V3/V4.
— Risco moderado a alto: V5/V6/V7.
— Risco especulativo: V8/V9/V10 (pode haver perda do principal).

O rating é importante porque é uma forma rápida de um investidor poder comparar as diferentes
alternativas de investimento e decidir onde aplicar. Além disso, o rating de uma empresa de asset management
é uma avaliação de sua solidez e capacidade de fornecimento de bons serviços aos seus clientes.

Ao aplicar em um fundo analisado por agências de rating, o investidor deve ter ciência dos critérios
utilizados para a classificação.

8 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

Nesta fase de nosso estudos, entenderemos como a análise fundamentalista é relevante para o
processo de exame da situação financeira de uma empresa.

Iremos abordar a formação do preço justo de uma ação, por meio do modelo de precificação de
ativos financeiros, para determinar a taxa de retorno de um ativo.

8.1 Conceito

Segundo a ADVFN (2008), a análise fundamentalista é um importante instrumento utilizado para se


examinar o investimento em ações. O princípio dessa análise está baseado na avaliação quantitativa da
empresa.

A ADVFN (2008) descreve o trabalho do analista fundamentalista:

O analista fundamentalista busca estudar a situação financeira, econômica


e mercadológica de uma empresa e suas expectativas e projeções para o
futuro.

O objetivo principal dessa análise é avaliar o comportamento da empresa


com vistas a determinar o valor intrínseco da ação. Os principais subsídios
desse critério de análise são os demonstrativos financeiros da empresa e os
diversos dados e informações referentes ao setor econômico de atividade,
ao mercado acionário e à conjuntura econômica.

92
MERCADO DE CAPITAIS

Em contraposição à análise técnica, a análise fundamentalista não se baseia


no estudo das cotações de bolsa e dos seus movimentos, mas sim nos
fundamentos econômicos no qual a empresa está inserida.

A análise fundamentalista interpreta dados fundamentais de uma empresa


obtidos por meio dos principais demonstrativos financeiros, como: balanço
patrimonial, demonstrativo de resultado, fluxo de caixa, demonstração de
origens e aplicações de recursos. A justificativa para o uso desse tipo de
análise é antecipar o comportamento futuro de uma determinada empresa
no mercado (ADVFN, 2008).

8.2 Formação do preço justo de uma ação

Segundo a ADVFN (2008), o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), mais conhecido
mundialmente pela sigla em inglês CAPM (Capital Asset Pricing Model), é utilizado em finanças para
determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em relação a uma carteira de
mercado perfeitamente diversificada:

[...] o modelo leva em consideração a sensibilidade do ativo ao risco não


diversificável (também conhecido como risco sistêmico ou risco de mercado),
representado pela variável conhecida como índice beta ou coeficiente beta
(β), assim como o retorno esperado do mercado e o retorno esperado de um
ativo teoricamente livre de riscos.

O CAPM considera que, num mercado competitivo, o prêmio de risco varia


proporcionalmente ao β. Segundo o CAPM, o custo de capital corresponde
à taxa de rendibilidade exigida pelos investidores como compensação pelo
risco de mercado ao qual estão expostos. O CAPM considera que, num
mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao β.

Na sua forma simples, o modelo prevê que o prêmio de risco esperado, dado
pelo retorno esperado acima da taxa isenta de risco, é proporcional ao risco
não diversificável, o qual é medido pela covariância do retorno do ativo com
o retorno do portfólio composto por todos os ativos no mercado ou pelo β,
que mede a contribuição do ativo para a variância dos retornos do portfólio
de mercado.

Todos os investidores têm idênticas expectativas quanto às médias, variâncias


e covariâncias dos retornos dos diferentes ativos no fim do período, isto é,
têm expectativas homogêneas quanto à distribuição conjunta dos retornos.

O CAPM é um modelo de precificação de ativos tomados individualmente ou


de carteiras de ativos. No primeiro caso, fazemos uso da linha do mercado
de ativos, conhecida pela sigla em inglês SML (Security Market Line), e de
93
Unidade IV

sua relação com retorno esperado e risco sistemático (beta) para entender
como o mercado deve precificar ativos individualmente em relação à classe
de riscos a que pertencem.

Assim, quando a taxa de retorno esperada para qualquer ativo é deflacionada


pelo seu coeficiente beta, o excesso de retorno em relação ao risco para
qualquer ativo individual no mercado é igual ao excesso de retorno do
mercado:

E(Ri ) - R¦
= E(Rm ) - R¦
bim

Em que:

E(Ri) é o retorno esperado do ativo.

Rƒ é a taxa de juros livre de riscos.

bim é o coeficiente beta, que representa a sensibilidade dos retornos do ativo


em relação aos do mercado.

E(Rm) é o retorno esperado do mercado.

E(Rm) - Rƒ é, por vezes, chamado de prêmio de mercado ou prêmio de risco e


representa a diferença entre a taxa de retorno esperada do mercado e a taxa
de retorno livre de riscos (WIKIPÉDIA, 2011).

Segundo a Bovespa (2010), o preço da ação é formado pelos investidores do mercado que, dando
ordens de compra ou venda às corretoras das quais são clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura
de cada papel, fazendo com que se estabeleça o preço justo da ação.

8.3 Principais indicadores fundamentalistas

De acordo com a ADVFN (2008), os principais indicadores fundamentalistas são os seguintes:

• Índice preço/lucro:

[...] também conhecido por múltiplo de lucros ou PLPA, é um índice


usado para medir quão baratos ou caros os preços das ações estão. É
provavelmente o mais consistente indicador de ressalva quanto ao otimismo
excessivo no mercado. Serve também como um marcador de problemas e
de oportunidades de negócio. Relacionando o preço e os lucros por ação
de uma companhia, pode-se analisar a avaliação de mercado das ações de
companhias relativa à riqueza que a empresa está criando realmente. O
94
MERCADO DE CAPITAIS

conceito do índice deve ser dinâmico, ou seja, sua utilização deve conter
as perspectivas de desenvolvimento da empresa e de seus lucros, de acordo
com os prazos ideais (do ponto de vista do investidor) para sua aplicação no
papel em questão.

O índice P/L é calculado da seguinte forma:

preço por ação


Índice P/L =
lucro por ação
A razão principal de se calcular o índice P/L é tornar comparável para os
investidores duas ou mais ações de empresas de diferentes setores. Se uma
ação tiver um P/L duas vezes maior que de outra ação, esse provavelmente
é um investimento menos atrativo (quanto maior for o P/L, mais cara estaria
a ação) (ADVFN, 2008).

• Cash-yield:

Esse instrumento decorre da verificação do dividendo pago em dinheiro por


ação. Para muitos investidores, que preferem retornos em dinheiro para suas
aplicações, o cash-yield, combinado com levantamentos estatísticos sobre a
periodicidade e a época do pagamento dos dividendos, constitui importante
instrumento de apoio às suas decisões.

Um aspecto muito importante, que confere ao cash-yield características


diferentes do P/L, é que a legislação societária brasileira permite que, em
certas ocasiões, efetue pagamentos de dividendos à conta de saldos de
reservas de lucros, ainda que a empresa não tenha apresentado lucro em
seu último balanço ou balancete (BASTTER, 2011).

• Cotação/valor patrimonial:

Esta relação, como se verifica diretamente no seu nome, resulta do quociente


entre a cotação de um determinado papel, em certo momento, por seu valor
patrimonial.

Esse último valor, por sua vez, é obtido pela divisão do montante global do
patrimônio líquido da empresa pelo número de ações em poder dos diversos
acionistas.

Como se sabe, o patrimônio líquido de uma empresa é o somatório de


todos os recursos da companhia que não são exigíveis, a não ser por
seus próprios acionistas (capital integralizado, reservas diversas e lucros
acumulados).

95
Unidade IV

O resultado desse cálculo revela a relação existente entre os bens da empresa e


o valor da ação. O valor patrimonial não deve ser analisado individualmente,
muito menos utilizado como fator determinante de uma compra ou venda
de ativos (BASTTER, 2011).

8.4 Aspectos a serem observados na análise de uma empresa

Segundo Bastter (2011) e a Bovespa (2010), os seguintes aspectos necessitam ser observados ao se
analisar uma empresa:

O faturamento líquido é o saldo dos valores recebidos pela empresa, como


remuneração por uma atividade social, subtraídos os valores referentes a
impostos diretos, descontos concedidos, devoluções e eventuais parcelas
repassadas a terceiros, mas que tenham composto seu preço final.

A maior ou menor oferta/procura por determinada ação, que influencia o


processo de valorização ou desvalorização de uma ação, está relacionada
ao comportamento histórico dos preços e principalmente às perspectivas
futuras de desempenho da empresa emissora da ação (BASTTER, 2011).

Tais perspectivas podem ser influenciadas por notícias sobre o mercado


no qual a empresa atua, divulgação do balanço da empresa (com dados
favoráveis ou desfavoráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças
tecnológicas e muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa
emissora da ação.

Cabe ressaltar que, para as instituições bancárias, essa informação não


costuma ser aplicada, sendo mais significativa a referente aos ativos totais,
enquanto que, para as empresas holding adiciona-se ao seu faturamento
líquido próprio o resultado da equivalência patrimonial (BOVESPA, 2010).

Bastter (2011) também cita algumas metodologias de acordo com Matarazzo (1998):

Liquidez corrente: trata-se do quociente que avalia a capacidade de


pagamento da organização de curto prazo, significando que a empresa pode
ter insuficiência de recursos para obrigações quase imediatas. É calculada
por meio da seguinte fórmula:

LC = ativo circulante anual/passivo circulante anual.

Endividamento: é a participação de capital de terceiros sobre a dívida total,


ou seja, a avaliação da qualidade das obrigações da organização. Podendo
este ser calculado por meio da seguinte fórmula:

96
MERCADO DE CAPITAIS

Part. capital de terceiros = (pc + pelp/ passivo total) X 100.

Em que:

PC = passivo circulante.
Pelp = passivo exigível a longo prazo.

Taxa de retorno do patrimônio líquido: é o quociente entre o lucro


líquido de uma companhia e seu patrimônio líquido. Representa, em
outras palavras, o percentual de retorno dos recursos totais aplicados
pelos acionistas nos negócios (e à disposição dos administradores
da empresa), permitindo a previsão no tempo necessário para a
recuperação do capital próprio investido. Esse índice obviamente
permite comparações entre empresas dos mais diversos setores e é
calculado da seguinte maneira:

TRPL = (lucro líquido anual/patrimônio líquido anual) X 100.

Margem líquida: é a relação entre o lucro líquido (após o imposto de


renda) e o faturamento líquido. Demonstra para os analistas quanto resta do
faturamento para as destinações decididas pelos acionistas (reservas livres,
dividendos etc.).

A margem líquida é calculada por meio da seguinte fórmula:

M. líquida = (lucro líquido/receita líquida anual) X 100.


(MATARAZZO, 1998, p.161, 173, 183 e 186; apud BASTTER, 2011).

Lembrete

Lembra-se de que, na apresentação deste livro-texto, comentamos


que o mercado de capitais é algo ainda muito restrito no Brasil e que a
mudança depende de nós, que estudamos seus principais conceitos?

Pois bem, como profissional da área, é possível que você não aplique
imediatamente ou mesmo a médio e curto prazo os conceitos que você
aprendeu no ambiente profissional. Contudo, como cidadão, você pode
ajudar (e muito) a curto prazo, organizando, entre seus colegas de trabalho,
amigos, ou ainda em algum grupo específico, a formação de um CI (Clube
de Investimento).

97
Unidade IV

Saiba mais

A Bolsa de Valores de São Paulo incentiva a criação de CI´s (Clubes de


Investimento). Nos últimos anos, centenas de clubes foram criados e essa
pode ser uma excelente oportunidade para investir o rico dinheirinho que
sobra no final do mês.

Visite os seguintes sites e saiba como criar um clube de investimento:

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/download/clube-
de-investimento.pdf>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/clubes-de-investimento/
clubes-de-investimento.aspx?idioma=pt-br>.

Exemplos de aplicação

Ao longo da unidade, você teve contato com várias palavras que representam conceitos utilizados
no jargão de mercado de capitais.

Questão 1. Nos espaços a seguir, tente explicar com suas próprias palavras os significados
das expressões sugeridas. Caso não consiga explicar, volte ao texto e releia. Ou pesquise em
um dicionário de negócios ou em um glossário. No site da BMF & Bovespa há um glossário
muito bom.

Rating
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Investment grade
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

98
MERCADO DE CAPITAIS

Análise fundamentalista
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Cash yield
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Questão 2. Nos espaços a seguir, tente responder às seguintes perguntas:

a) O que é mais interessante: investir individualmente na bolsa de valores ou participar de um clube


de investimento? Qual é a diferença?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) Um importante investidor pergunta a você se é interessante investir em algumas das empresas


que foram citadas ao longo deste livro-texto. Antes de responder é importante que você faça uma
análise. Como deve ser feita essa análise?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

99
Unidade IV

Questão 3. No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema, com os principais
conceitos estudados:

Resumo

Na unidade IV, estudamos a estrutura e funcionamento dos fundos


de investimento e as técnicas de análise fundamentalista e de análise de
aspectos de empresas.

Conhecemos também os fundos de investimento e como são geridos


pelas sociedades. Além disso, identificamos quais são os critérios utilizados
para se efetuar a administração dos recursos.

Finalizamos então o estudo do mercado de capitais, sob a disciplina


Mercado de Capitais. No entanto, a palavra final não significa que a pesquisa
100
MERCADO DE CAPITAIS

acaba por aqui. Lembre-se sempre de que este livro-texto não deve ser visto
como única fonte de seus estudos, estude também consultando os livros
básicos e complementares que constam da ementa da disciplina.

Exercícios

Questão 1 (CESGRANRIO 2012, Banco do Brasil - escriturário). No mercado financeiro, os derivativos


são instrumentos que dependem do valor de outro ativo, tido como ativo de referência. Em relação aos
derivativos, os contratos que preveem a troca de obrigações de pagamentos periódicos ou fluxos de
caixa futuros, por certo período de tempo, são denominados contratos de:

A) futuro.

B) hedge.

C) opções.

D) swaps.

E) termo.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: em contratos de mercado futuro são estabelecidas as condições de compra e venda


de certa mercadoria ou certo ativo financeiro. O preço é estipulado para liquidação em data futura, em
que os preços são ajustados financeiramente às expectativas do mercado acerca do preço futuro por
meio do ajuste diário. Esse procedimento oferece aos participantes total liberdade de entrada e saída do
mercado a qualquer momento.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: operações de hedge visam à proteção contra riscos financeiros do mercado. Consistem
na compra ou na venda a termo de produtos semelhantes, em dois mercados diferentes, com a expectativa
de compensar lucros ou prejuízos assumidos em um mercado oposto.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: no mercado de opções negociam-se instrumentos financeiros em que o titular adquire


o direito de comprar ou vender um determinado ativo, que pode ser um bem qualquer, por determinado
valor.
101
Unidade IV

D) Alternativa correta.

Justificativa: entende-se por swap, de forma genérica, a troca de riscos entre duas partes onde são
firmados acordos em que são trocados os riscos de suas posições, ativas ou passivas, envolvendo taxas
de juros, moedas e commodities.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: no mercado a termo são negociados contratos nos quais é definido o produto a ser
entregue ao comprador pelo vendedor, prezando quantidade e qualidade, além de local, preço e uma
data futura para a entrega.

Questão 2. A análise fundamentalista busca, basicamente, avaliar a saúde financeira das empresas,
projetar seus resultados futuros e determinar o preço justo para as suas ações. Para tanto, os analistas
levam em consideração os chamados fundamentos da empresa, entendidos como fatores macro
e microeconômicos que influenciam o desempenho de determinada organização. Sobre a análise
fundamentalista, indique a alternativa incorreta:

A) O Modelo de Precificação de Ativos Financeiros - CAPM (Capital Asset Pricing Model) é utilizado
em finanças para determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em
relação a uma carteira de mercado perfeitamente diversificada.

B) O indicador preço/lucro é um índice que mede o quão barato ou caro está o preço de determinada
ação.

C) A análise fundamentalista encara o investimento em ações de forma a entender o investidor


como se fosse sócio da empresa.

D) A análise fundamentalista requer conhecimentos da área de contabilidade, notadamente aquelas


relacionadas à análise por índices.

E) O preço de determinada ação é formado pelos investidores do mercado que, dando ordens de
compra ou venda às corretoras das quais são clientes, estabelecem o preço da ação a cada ordem
que empreendem.

Resolução desta questão na plataforma.

102
MERCADO DE CAPITAIS

FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 2

DAVIDSON, M. Touro da Bolsa de Nova York. 1 foto, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Wall_Street>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 4

TORRES, T. Sala do Conselho Monetário Nacional. 1 foto, color. Acervo ACS/GMF. Disponível em:
<http://200anos.fazenda.gov.br/galeria-de-imagens/ministerio-da-fazenda-df/Sala-CMN-GALERIA.
jpg/view>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 5

Prédio do Sr. Van Der Burse e o brasão d´armas da família. 1 foto, color. In: DE CLERCQ, G., et al. À la
Bourse: histoire du marché des valeurs en Belgique de 1300 a 1990. Paris: Duculot, 1992.

Figura 6

Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic. 1 gráfico, color. Disponível
em: <http://financasfaceis.wordpress.com/2011/03/31/brasil-perspectiva-2011-mar11/>. Acesso em: 27
jul. 2011.

Figura 7

Variação do preço e do número de contratos do boi gordo negociados na BM&F. 1 gráfico, color.
Disponível em: <http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=7881>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 8

Fachada do prédio da Bovespa. 1 foto, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_


Valores_de_S%C3%A3o_Paulo>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 9

Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Tóquio – Japão. 1 foto, color. Disponível em: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_de_Valores_de_T%C3%B3quio>. Acesso em: 27 jul. 2011.

Figura 10

Ibovespa de 1994 a 2010. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:


Ibovespa.png>. Acesso em: 29 jul. 2011.

103
Figura 11

Índice IBRX Brasil de dezembro de 2010 a maio 2011. 1 gráfico, color. Disponível em: <http://www.
bolsafinanceira.com/cotacoes/grafico/IBRX%20BRASIL>. Acesso em: 29 jul. 2011.

Figura 12

Gráfico histórico Nikkei 225 Índex - 1 ano. Disponível em: <http://br.advfn.com/p.php?pid=qkquote&


symbol=NIK^NI225>. Acesso em: 29 jul. 2011.

Figura 13

Fachada do prédio da Bolsa de Valores de Nova York – EUA. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/
wiki/User:Djmutex/Gallery>. Acesso em: 29 jul. 2011.

REFERÊNCIAS

Audiovisuais

WALL Street: poder e cobiça. Dir. STONE, O. EUA, 1987, 126 min.

WALL Street: o dinheiro nunca dorme. Dir. STONE, Oliver. EUA, 2010, 127 min.

Textuais

ADVFN. Análise fundamentalista. 2008. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/


pt/%C3%8Dndice_Pre%C3%A7o/Lucro#.C3.8Dndice_Pre.C3.A7o.2FLucro>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Análise fundamentalista: índice preço/lucro. 2008. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/


An%C3%A1lise_Fundamentalista:%C3%8Dndice_Pre%C3%A7o/Lucro>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Índice Nikkei 225. 2010. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/%C3%


8Dndice_Nikkei_225>. Acesso em: 29 jul. 2011.

______. Financial Time Stock Exchange (FTSE). 2009. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/Grupo_
FTSE>. Acesso em: 29 jul. 2011.

ALMEIDA, A. P. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

ASSAF NETO, A. F. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

BASTTER.com. Análise fundamentalista. 2008. Disponível em: <http://www.bastter.com/mercado/


aprendizado/entendendo-o-mercado/analise-fundamentalista/default.aspx>. Acesso em: 29 jul. 2011.

BERTOLDI, M. M. Curso avançado de direito comercial. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, v. 1.

104
BOLSA de Valores de São Paulo. Mercado à vista. São Paulo: Bovespa, mar/2010.

BOLSA de Valores de São Paulo. Ibovespa. São Paulo: Bovespa, abr/2010.

BOLSA de Valores de São Paulo. IBRX. São Paulo: Bovespa, abr/2010.

BORBA, J. E. T. Direito societário. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1997.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. e RUDGE, L. F. Mercado de capitais. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elisevier, 2009.

COMISSÃO de Valores Mobiliários. Cartilha Sistema Financeiro Nacional. Disponível em: <http://www.
cvm.gov.br>. Acesso em: 10 mai. 2010.

CONSELHO Monetário Nacional. Resolução 1.723 de 27 de junho de 1990. Autoriza a emissão de notas
promissórias, como valor mobiliário, pelas sociedades por ações. Disponível em: <http://www.cnb.org.
br/CNBV/resolucoes/res1723-1990.htm>. Acesso em: 29 jul. 2011.

DE CLERCQ, G., et al. À la Bourse: histoire du marché des valeurs en Belgique de 1300 a 1990. Paris:
Duculot, 1992.

FERREIRA, R, J. Contabilidade de instituições financeiras. São Paulo: Ferreira, 2005.

FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 15ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.

GITMAN, L. J. e JOEHNK, M. D. Princípios de investimentos. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005.

LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 1998.

MELLAGI FILHO, A. e ISHIKAWA, S. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Atlas, 2000.

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SILVA NETO, L. A. Derivativos: definições, emprego e risco. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.

Sites

<http://www.bmf.com.br>.

<http://capitalizar.com.br>.

<http://www.bcb.gov.br/?id=CMNATAS&ano=2010>.

<http://www.fazenda.gov.br/>.

105
<http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei4595_Hist.asp?idpai=leis>.

<http://www.abbc.org.br/m5_imprime.asp?cod_noticia=9326&cod_pagina=1187>.

<www.renar.agr.br>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/RevistaBovespa/94/Empresas.shtml>.

<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/07/06/renar-macas-fara-aumento-de-
capital-de-r-16-milhoes.jhtm>.

<http://www.ibri.org.br/home/>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/download/Folder_NovoMercado.pdf>.

<www.dasa.com.br>.

<www.tacmotors.com.br>.

<http://www.bcb.gov.br/?SELICINTRO>.

<http://www.cetip.com.br/index.asp>.

<http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/126/arq_126_12105.pdf>.

<http://shop.kaltoons.com/collections/prints/products/buy-sell-print/>.

<http://www.tvbvmf.com.br/Videos/573>.

<http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/bovespa-atinge-a-marca-historica-
de60000pontosm0139487>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/download/clube-de-investimento.pdf>.

<http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/clubes-de-investimento/
clubes-de-investimento.aspx?idioma=pt-br>.

Exercícios

Unidade I - Questão 1: Prova para provimento de cargos de analista de finanças e controle -


CGU, realizada em 2008. Questão 20. Disponível em: <http://www.questoesdeconcursos.com.br/
prova/arquivo_prova/863/esaf-2008-cgu-analista-de-financas-e-controle-area-auditoria-e-
fiscalizacao-prova.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2013.

106
Unidade I - Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Prova para provimento de cargos de
escriturário, realizada pelo Banco do Brasil S.A. em 2011. Questão 54. Disponível em: <http://www.
questoesdeconcursos.com.br/prova/arquivo_prova/23578/9_FCC_-_2011_-_Banco_do_Brasil_-_
Escritur%C3%A1rio.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Unidade II - Questão 2: FUNDAÇÃO CESGRANRIO (CESGRANRIO). Prova para provimentos de cargos


de técnico bancário, realizada pela Caixa econômica Federal em 2012. Questão 47. Disponível em:
<http://www.cesgranrio.org.br/pdf/caixa0112_m/tbn_gab1.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Unidade III - Questão 1: ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA (ESAF). Prova para provimento de
cargos de analista de finanças e controle, realizada em 2013. Questão 22. Disponível em: <http://www.
questoesdeconcursos.com.br/prova/arquivo_prova/30070/esaf-2013-mf-analista-de-financas-e-
controle-economico-financeira-prova.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Unidade IV - Questão 1: FUNDAÇÃO CESGRANRIO (CESGRANRIO). Prova para provimento de cargos


de escriturário, realizada pelo Banco do Brasil S.A. em 2012. Questão 64. Disponível em: <http://www.
cesgranrio.org.br/pdf/bb0112/provas/GABARITO_1_PROVA_COMPLETA.pdf>. Acesso em: 24 jun.
2013.

107
108
109
110
111
112
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

S-ar putea să vă placă și