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Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj

Diretoria de Formação Profissional e Inovação - Difor


Escola de Inovação e Políticas Públicas - Eipp
Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Museus, Identidades e Comunidades - Cemic

Elinildo Marinho de Lima

RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA A SANTA BÁRBARA NAÇÃO XAMBÁ,


ILÊ AXÉ OYÁ MEGUÊ

Recife , 13 de novembro de 2019


Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj
Diretoria de Formação Profissional e Inovação - Difor
Escola de Inovação e Políticas Públicas - Eipp
Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Museus, Identidades e Comunidades - Cemic

Elinildo Marinho de Lima

RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA A SANTA BÁRBARA NAÇÃO XAMBÁ,


ILÊ AXÉ OYÁ MEGUÊ

Trabalho apresentado ao Profa. Silvia Gonçalves Paes Barreto como requisito


parcial das atividades do componente curricular Museus e Sociedade da Pós
Graduação Lato Sensu em Museus, Identidades e Comunidades da Escola de
Inovação e Políticas Públicas.

Recife , 13 de novembro de 2019


Considerações iniciais
Como parte das atividades do componente curricular Museus e Sociedade, foi
realizada uma visita técnica a Nação Xambá (Casa Xambá), único terreiro de nação
Xambá na América Latina, e o primeiro quilombo urbano do Brasil, localizado em
Olinda, território da ancestralidade africana, Nação e Patrimônio Vivo de Pernambuco
(2018).
Mediada pelos professores da disciplina, a visita teve como objetivo conhecer de
perto este território cultural importantíssimo para a cultura, possibilitando perceber os
arranjos e dinâmicas sociais que o espaço estabelece com a comunidade local e também
outras comunidades.
O povo Xambá ou Tchambá, são apontados como povos que habitavam a região
ao norte dos Ashanti e limites da Nigéria com Camarões, nos montes Adamaua, vale do
rio Benué, existem várias famílias com esse nome, nos Camarões, tendo inclusive
participado nas lutas pela independência daquele país.
A Organização Religiosa Africana Santa Bárbara Nação Xambá, Ilê Axé Oyá
Meguê, foi fundada no dia 07 de junho de 1930 por Maria das Dores da Silva (Maria
Oyá) no bairro de Campo Grande, em Recife. Em seu contexto histórico e de lutas
evidencia-se que uma violenta repressão policial fecha a Casa Xambá em 1938, que
continuou a manter o culto religioso a portas fechadas, em 1939, Maria Oyá falece em
decorrência de depressão e o terreiro segue com as práticas escondidas até a década de
1950, quando Mãe Biu o reabre e um ano depois, muda-se para o atual endereço.
A Casa Xambá, então, é transferida em 1951 para o bairro de São Benedito, em
Olinda, onde mãe Biu procurou juntar seus familiares e amigos às margens do Rio
Beberibe. Foi ela quem preservou e difundiu a tradição Xambá para todo o Brasil e, que,
junto com a sua irmã realizava as atividades culturais do bairro como o carnaval de rua,
torneio de quadrilhas, festas das mães, sambadas de coco, entre outras.
Com o falecimento de Mãe Biu em 1993 e de Mãe Tila, sua sucessora, a direção
da Casa é assumida por Pai Ivo de Xambá, filho de Mãe de Biu, que cuida do espaço até
os dias de hoje. A Casa reabre em 1996 com a criação do Memorial Severina Paraíso da
Silva, com a difusão do Coco da Xambá e da Casa Xambá. O terreiro passa a ser
visitado por pesquisadores, universitários, gestores públicos, autoridades, órgãos de
preservação do patrimônio cultural, escolas e outros.
No Memorial foi organizado um grande acervo com mais de 800 fotografias
onde estão registradas as festividades religiosas, comemorações e fatos da vida familiar,
datadas dos anos 30 aos 90. Além de documentos pessoais da yalorixá e do terreiro
(atas, registros de filiados, de yaôs, de obrigações religiosas, de nomes de orixás),
artigos de jornais, revistas e outros documentos impressos diversos.
No contexto da criação do memorial os especialistas em museu com o uso dos
aportes conceituais e teóricos da museologia social, atrelado à interlocução dos museus
e sociedade, podem contribuir significativamente para a organização, tratamento,
conservação, musealização, pesquisa e comunicação do acervo existente na Casa
Xambá. A presença do profissional de museu dotado de conhecimentos técnicos e
práticos pode potencializar a preservação do referido acervo, bem como ampliar sua
difusão para a sociedade. Entretanto é importante salientar que por se tratar de um
acervo cultural que exprime os processos culturais e religiosos de um povo especifico é
necessário observar que nem tudo pode ser revelado, assim a decisão de revelar ou não
certas práticas e segredos é de única e exclusiva escolha da comunidade, ou seja, de
seus detentores, mestres e mestras.
Ainda sobre a Nação Xambá, aponta-se o seu grande potencial artístico e sua
tradicional história de repasse de saberes, a Nação Xambá foi criando um universo
cultural entre amigos, admiradores, familiares, comunidade local, outras comunidades,
além de outros terreiros e Nações. Diversas manifestações artísticas e eventos foram
surgindo como o Afoxé Ylê Xambá, o grupo Bongar, o Coco Miudinho da Xambá, o
Samba do Quintal do Ivo, a Feira Cultural e Literária e o conhecido Coco da Xambá,
que ocorre tradicionalmente todo dia 29 de junho.
Com a missão de resgatar e executar as ações sociais, culturais e comunitárias
desenvolvidas por Maria Luiza de Oliveira nas décadas de 70 e 80, através da primeira
Associação de Moradores do Bairro Jardim Beberibe (hoje bairro do Quilombo do
Portão do Gelo – Nação Xambá), surge em 04 de junho de 2015 o Instituto de Cultura e
Economia Solidária Maria Luiza – Instituto Tia Luiza, com a missão de dar
continuidade ao trabalho social da ativista política Tia Luiza, falecida e outubro de
2019.
O Instituto carrega o dever de desenvolver ações sociais e culturais dentro do
Quilombo do Portão do Gelo e fora dele, preservando e executando a cultura afro-
brasileira e as características da comunidade onde está inserido, além de zelar pela
saúde, educação, economia criativa e assistência jurídica dos quilombolas e
comunidades tradicionais. Também é responsável pela representação de manifestações
culturais e de artistas da comunidade, tais como:
 Afoxé Ylê Xambá;
 Coco Miudinho da Xambá;
 Banda Afro Abé Adulofé;
 Grupo de Coco Raízes;
 Bateria da Charanga do Bié;
 Orquestra de Frevo Beberibe;
 Célia do Coco;
 Instituto de Cultura Manoel do Coco;
 Tribo de Índio Tupinambá;
 Tribo de Índio Tupinambá Mirim;
 Tribo de Índio Tupiguarani;
 Coco da Xambá;
 Coco de Mãe Biu;
 Bloco Afro Comigo Ninguém Pode;
 Pé de Serra Beberibe;
 Polo Afro Nação Xambá;
 Organização Religiosa Africana Santa Bárbara Nação Xambá;
 Casa Xambá;
 Centro Cultural Grupo Bongar;
 Grupo Bongar;
 Quilombo Livros;
 Boi Quebra Coco da Xambá;
 Grupo de Samba Terreiro;
 Quilombo do Portão do Gelo – Nação Xambá;
 Feira Cultural Jeito Xambá de Ser;
 Negro Tom;
 Grupo de Samba Balanço Black;
 Leide do Banjo;
 As Criolas;
 Gabi do Carmo;
 Manu Nascimento;
 Vanessa Alves;
 Leno Simpatia;
 Leno Galeria;
 Mamão da Xambá;
 Mamão da Xambá Produções; e
 Projeto Samba na Comunidade.
Com todo o seu ativismo e representatividade religiosa, a Nação Xambá recebeu
o título de 1º Quilombo Urbano do País, concedido pela Fundação Cultural Palmares em
2007 e foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2018, como
mencionado anteriormente, além de ter Pai Ivo da Xambá como o primeiro Babalorixá a
receber a Medalha Leão do Norte concedida pela Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco.
A Casa Xambá, mantém-se há mais de 70 anos viva e atuante, preservando seus
ritos e tradições religiosas, que se distinguem das casas de tradição Nagô do Recife. A
Casa se tornou um espaço voltado para a difusão do conhecimento, com uma intensa
organização do seu acervo documental, fotográfico e bibliográfico, referentes ao
universo cultural afro-brasileiro, especialmente sobre religião, história e artes, que está
reunido no Memorial Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu).
A Casa Xambá é muito respeitada pelo cuidado que tem com a preservação da
sua história e das suas práticas religiosas, a comunidade que ganhou o Terminal
Integrado de Ônibus Xambá, terá também a primeira escola técnica de Olinda que será
chamada de Escola Técnica Estadual Severina Paraíso da Silva.
Essa fortaleza se construiu a partir do momento em que Mãe Biu reuniu toda a
família para construir o seu novo terreiro no bairro de São Benedito em 1930, e a fez
residir em seu entorno. A religião vem de uma relação familiar e no terreiro mais de
40% da população é formada por familiares. Essa força familiar também fez surgir
diversos grupos e manifestações culturais na Casa Xambá e na comunidade, sendo um
deles o Coco Miudinho da Xambá, formado por crianças e jovens.
Criado há 11 anos, o Coco Miudinho hoje conta com 25 crianças na faixa etária
de 04 a 17 anos, que dominam a percussão e tocam instrumentos como ilu, agbê, agogô,
caixa, alfaia e pandeiro. São primos ou apresentam parentesco consanguíneo, de uma
relação que extrapola a genética e toca na ancestralidade e espiritualidade, tão
vivenciada em uma comunidade que gira em torno de um terreiro. São incentivados e
ensinados por músicos de outros grupos da Casa, que repassam esse sentimento de
pertencimento a partir de uma construção diária, com uma conexão que extrapola o
visível.
Além das referências ao tradicional e ao religioso, as letras das músicas
apresentam conteúdos engajados que falam sobre o preconceito, afirmação identitária e
a intolerância religiosa sofrida pelos povos de terreiro. Na relação do passado com o
presente, e do tradicional com o contemporâneo, a maior escola é o próprio terreiro,
onde a sabedoria é viva e o conhecimento colocado em prática. É na observação dos
pais, mães e avós que filhos e netos vão aprendendo música, dança e tradição. São esses
os princípios familiares e religiosos abordados e transmitidos pelos representantes da
Nação Xambá, além do refoço da ancestralidade e o aprendizado vivenciado
diariamente em uma comunidade com grande preocupação na transmissão de saberes e
na preservação da sua história e memória.

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