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Análise dos resultados

Características do ambiente escolar


e entorno
A estrutura física da escola, seus espaços e equipamentos,
possuem grande importância no cumprimento de suas funções sociais.
Segundo Santos, “a função está diretamente relacionada com sua forma;
portanto, a função é a atividade elementar de que a forma se reveste”
(SANTOS, 1985, p. 51).
Desse modo, os lugares na escola, além de sua importância como
palco para a prática pedagógica de ensino, estão dotados de significados
e transmitem uma importante quantidade de estímulos, conteúdos e
valores que a criança internaliza e aprende (ESCOLANO, 1998, p. 27).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, com o
objetivo de caracterizar o ambiente escolar e o espaço onde está inserida
a escola que abriga os alunos do 9º ano do ensino fundamental, objeto da
pesquisa, aplicou um questionário para investigar questões relacionadas à
estrutura da escola, dimensão, espaços, equipamentos, práticas, políticas e
situações do entorno, e cujas informações pudessem ajudar a caracterizar
a situação de exposição a fatores de risco e proteção dos escolares.
Dentre as várias questões existentes, algumas foram selecionadas
e serão apresentadas considerando o número de 3 153 314 escolares
estimados. Vale ressaltar que as características levantadas se referem a
uma amostra representativa do conjunto de escolas do Brasil que possuem
15 ou mais alunos matriculados no 9º ano do ensino fundamental em
turmas regulares diurnas.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Estrutura de informação e comunicação


No Brasil, a biblioteca é um recurso disponível para 86,7% dos escolares do 9º
ano do ensino fundamental, não sendo observadas diferenças significativas quanto à
dependência administrativa da escola, com 86,0% para os estudantes da rede pública
e 89,9% para os da rede privada. Essas proporções apresentaram variação entre as
Grandes Regiões, indo da menor, 78,7% na Região Centro-Oeste, para os alunos da
rede pública, e alcançando 100% para os alunos da rede privada na Região Sul. Nos
Municípios das Capitais, a proporção de alunos com esse recurso disponível foi menor
em Cuiabá (86,4%) e Belém (86,7%), atingindo 100% em Boa Vista, Fortaleza, Vitória,
Curitiba e Florianópolis (Tabela 1.1.1).

As escolas oferecem sala ou laboratório de informática para uso de 88,9% dos


alunos, não sendo significativamente diferente para os alunos nas escolas públicas
(88,3%) ou privadas (85,3%). Esse recurso é oferecido a uma proporção maior de alunos
na Região Sul (92,8%) e menor na Região Norte (80,2%). A existência de sala com
recursos de mídia/comunicação atinge a 59,5% dos escolares, sendo mais frequente para
os alunos da rede privada (86,6%) do que para os da rede pública (53,9%). O acesso à
Internet, com equipamentos da escola, é facultado a 84,2% dos escolares, apresentando
maior proporção na Região Sul (98,1%) e menor, na Região Norte (78,1%). O acesso a
computadores da escola, pelos alunos, na sala de aula, atinge a 21,3% dos escolares,
sendo mais frequente para os alunos das escolas privadas (39,4%) do que para os das
escolas públicas (17,6%), e maior, também, para os escolares da Região Centro-Oeste
(31,7%) e menor para os da Região Sul (9,6%) (Tabelas 1.1.2,1.1.3,1.1.4 e 1.1.5).

Alimentos comercializados
Procurando disciplinar a venda de alimentos nas cantinas localizadas dentro das
escolas, tanto públicas quanto particulares, alguns governos estaduais, municipais e
distritais regulamentaram, via leis ou portarias, a venda de produtos considerados não
adequados para o consumo, sobretudo diminuindo o acesso à alimentação inadequada
e favorecendo escolhas alimentares mais saudáveis, buscando proteger, assim, a saúde
dos estudantes.

O governo federal, através da Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de


2006, instituiu as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas de
educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e privada, em âmbito
nacional. Esta Portaria, no Art. 3º, inciso IV, define, como um dos eixos para a promoção
da alimentação saudável, a restrição ao comércio e à promoção comercial, no ambiente
escolar, de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura trans,
açúcar livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras (BRASIL, 2006).

A PeNSE 2012 levantou a presença de cantina e de pontos alternativos de venda


de alimentos nas escolas e o tipo de alimento vendido. Cerca de metade dos escolares
(48,9%) estudavam em escolas com cantina e 42,8%, em escolas com ponto alternativo
de venda no interior destas ou em sua entrada. A presença de cantinas foi muito maior
para os estudantes das escolas privadas (94,8%) do que para os estudantes da rede
pública (39,4%), porém, para o ponto alternativo de venda, essas proporções não
apresentaram diferenças significativas na mesma magnitude: 44,8% para os alunos da
rede pública e 33,3% para os da rede privada.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

A oferta de bebidas e alimentos na cantina é apresentada de acordo com


o percentual de escolares expostos a essas opções de consumo. Dentre os itens
perguntados, destacaram-se como os que estão disponíveis, nas cantinas, para um
maior número de escolares: os salgados de forno (39,4%), o suco ou refresco natural de
frutas (34,1%) e as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros)
(32,0%). Frutas frescas ou salada de frutas foram os itens de alimentos disponibilizados
para a menor proporção de escolares, na cantina (11,1%).
O comportamento da exposição a esses itens por esfera administrativa é
apresentado no Gráfico 1, onde pode ser observado que uma maior proporção de
alunos das escolas da rede privada está exposta ao consumo de alimentos na cantina,
sendo que, quanto ao tipo de alimento disponibilizado em maior ou menor frequência,
se assemelham entre si e acompanham o resultado geral para o País.

Gráfico 1 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas
e produtos alimentícios vendidos na cantina - Brasil 2012
%
89,8
77,1

69,6

60,3
59,0

54,8

54,5
52,7

52,4

51,5

37,3
28,9
25,1

24,1
22,3

21,7
20,3

18,1

16,9
15,4

14,1

5,4
Leite ou bebida a

Balas, confeitos,
doces,chocolates,
Refrigerante

natural de frutas
Suco/refresco

Bebidas
açucaradas

base de leite

Salgados fritos

Salgados de forno

ou doces

Frutas frescas ou
salada de frutas
Salgadinhos

sorvetes e outros

Sanduiches
industrializados

bolachas salgadas
Biscoitos ou

Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.

Da oferta de bebidas e alimentos no ponto alternativo de venda, de acordo com o


percentual de escolares expostos, destacaram-se, dentre os itens perguntados, como os
que estão mais disponíveis: as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes
e outros) (33,2%), os salgados fritos (29,6%) e os salgadinhos industrializados (29,1%),
todos considerados como alimentos não saudáveis.
A exposição ao consumo, pelos escolares, de bebidas e alimentos no ponto
alternativo de venda, por esfera administrativa, é apresentada no Gráfico 2, onde pode
ser observado que, em vários itens, uma proporção maior de alunos das escolas da rede
pública está exposta ao consumo de alimentos nesse ponto alternativo, com destaque para
as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros) (34,9%), os salgados
fritos (31,4%) e os salgadinhos industrializados (30,9%). Em relação, porém, a algumas
bebidas e alimentos considerados mais saudáveis, a disponibilidade nos pontos alternativos
é similar entre os escolares da rede privada e os da rede pública, respectivamente, como:
sucos e refresco de fruta natural (15,8% e 15,0%) e leite ou bebidas à base de leite
(9,2% e 8,7%). As frutas frescas figuram como o item menos disponibilizado, tanto na
rede privada quanto na pública (aproximadamente 3,0% em ambas).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Gráfico 2 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas
e produtos alimentícios vendidos no ponto
% alternativo de vendas - Brasil - 2012

35,0
31,4

31,0

25,7
24,5
23,6

21,6
21,0

20,7
19,4
18,1

17,6
16,9

16,1

15,6
15,0

13,8
12,9
9,4
8,7

3,5
3,5
natural de frutas

Leite ou bebida a

Balas, confeitos,
doces,chocolates,
Refrigerante

Suco/refresco

Bebidas

Frutas frescas ou
salada de frutas
açucaradas

base de leite

Salgados fritos

Salgados de forno

Salgadinhos

ou doces

sorvetes e outros

Sanduiches
industrializados

bolachas salgadas
Biscoitos ou
Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.

A comparação dos resultados apresentados nos Gráficos 1 e 2 indica que muitas


dessas diferenças encontradas, tanto entre a cantina e o ponto alternativo de venda, como
entre a rede pública e a rede privada, guardam relação com as políticas de alimentação
escolar implementadas no País2 e as legislações de controle, mais eficazes na rede
pública e para as cantinas do que para os pontos alternativos de venda.

Estrutura para atividades físicas


A atividade física também é objeto de várias políticas de promoção à vida saudável
e tem na escola um importante ponto de apoio e disseminação. A PeNSE 2012 levantou a
disponibilidade de alguns espaços e equipamentos destinados para a prática de esportes
e atividade física.
Dentre esses recursos, destaca-se a quadra de esportes, disponível para 79,4% dos
escolares, sendo em uma proporção maior na rede privada (93,4%) do que na pública
(76,4%). O pátio da escola é utilizado para a atividade física, com instrutor, para 52,2%
dos escolares, numa proporção de 59,7% na rede privada e 50,6% na rede pública.
A disponibilidade de vestiários em condições de uso para os alunos atinge 28,5%
deles, sendo maior a cobertura dos estudantes das escolas privadas (66,8%) do que
das públicas (20,5%)
A pista de corrida e/ou atletismo é oferecida para apenas 1,9% dos estudantes,
nas proporções de 5,9% na rede privada e de 1,0% na pública. A piscina também é
pouco disponibilizada para os estudantes (6,7%), sendo muito diferenciada a oferta para
os alunos da rede privada (35,3%) em relação à oferta para os da escola pública (0,7%).

2
Para informações complementares sobre o assunto, consultar o documento: BRASIL. Ministério da Saúde. Política
nacional de alimentação e nutrição. 2. ed. rev. Brasília, DF, 2003. 48 p. (Série B. Textos básicos de saúde). Disponível em:
<http://www4.planalto.gov.br/consea/documentos/saude-e-nutricao/politica-nacional-de-alimentacao-e-nutricao-pnan>.
Acesso em: maio 2013.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Embora disponibilizando menor estrutura de apoio às atividades físicas, é a es-


cola pública que mais oferece atividade esportiva aos alunos, fora do horário regular
de funcionamento da escola. Cerca de 61,5% dos escolares da escola pública contam
com esse recurso, contra 38,3% na escola privada. Ao considerar, porém, as atividades
esportivas fora do horário regular de funcionamento da escola, oferecidas mediante
pagamento, essa proporção se inverte, com a rede privada passando a disponibilizar
esse recurso para 83,6% dos alunos, permanecendo a rede pública com praticamente
o mesmo percentual (61,9%) (Tabela 1.3.6).

Outras características
A maior parte dos adolescentes estuda em escolas que informaram possuir política
sobre proibição do uso do tabaco (89,3%), não sendo significativa a diferença entre as
esferas administrativas pública (90,3%) e privada (84,6%) (Tabela 1.4.1). Em relação
às escolas onde o diretor ou responsável referiu conhecimento quanto ao consumo de
cigarro, na escola, por professores, ou alunos, essas ocorrências atingiram os percentuais
de 15,8% dos escolares, para o caso de consumo de cigarro por professores, e de 19,6%
dos escolares, para esta ocorrência entre os alunos. Em ambas as situações, a diferença
entre as esferas administrativas das escolas foi significativa, com proporções de 5,9%
de escolares na rede privada e 17,8% na rede pública, para o caso de consumo de
cigarro por professores, e de 3,3% e 22,9%, respectivamente, para o caso de consumo
de cigarro por alunos. Essas proporções apresentaram variações importantes entre as
Grandes Regiões. As Regiões que apresentaram as maiores proporções para o consumo
de cigarro pelos professores foram Nordeste (23,3%) e Centro-Oeste (20,1%); para a
ocorrência de consumo de cigarro pelos alunos, foram as Regiões Centro-Oeste (32,1%),
Sul (20,7%) e Norte (20,6%) (Tabelas 1.4.2 e 1.4.3).
A PeNSE 2012 também levantou informações quanto à situação de risco, em
termos de violência, na região onde se encontra a escola. Esta informação foi obtida
através do questionário do ambiente escolar, respondido pelo diretor ou responsável
pela escola. Tendo em vista aqueles que informaram que a escola estava situada em
área considerada como de risco para a violência, a maior parte do tempo ou todo o
período, nos últimos 12 meses, 17,9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental
estudavam em escolas consideradas em áreas de risco, nas proporções de 5,5% para a
rede privada e de 20,4% para a rede pública (Tabela 1.4.4). Quanto às Grandes Regiões,
apesar de não serem estatisticamente significativas as diferenças entre as proporções,
elas oscilaram entre 27,8%, no Centro-Oeste, e 10,9%, no Sul. Diferenças significativas
foram obtidas para as capitais, com proporções que variaram de tal forma que as maiores
foram observadas em Belo Horizonte (46,2%), Maceió (45,9%) e Salvador (41,6%) e as
menores proporções, em Cuiabá (8,2%), Rio Branco (10,9%) e Rio de Janeiro (11,0%).

Características da população de estudo


Aspectos básicos
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 estimou em 3 153 314
o número de escolares do 9º ano do ensino fundamental frequentando escola no País.
Desse total, 1 508 703 (47,8%) são do sexo masculino e 1 644 612 (52,2%), do
sexo feminino. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que o Sudeste (44,3%)
concentra o maior percentual estimado desses escolares. Em seguida, figuram Nordeste
(25,3%), Sul (14,6%), Norte (8,0%) e, por último, Centro Oeste (7,9%). A população
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

estimada segundo a dependência administrativa da escola foi composta por 2 611 931
(82,8%) alunos que estudavam em escolas públicas e 541 384 (17,2%), em escolas
privadas (Tabela 2.1.1).
A estrutura etária3 observada entre os participantes da pesquisa revelou que 86,0%
dos escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de
idade, segmento etário preconizado pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World
Health Organization - WHO) como referência para os estudos de adolescentes escolares.
Cabe ressaltar que 45,5% tinham 14 anos de idade. As estimativas de escolares no grupo
de 13 a 15 anos de idade, por Grandes Regiões, somaram os seguintes percentuais: Sul
(91,1%), Sudeste (89,%), Centro-Oeste (86,4%), Nordeste (79,9%) e Norte (76,7%).
O maior percentual de escolares com idade igual ou inferior a 13 anos foi encontrado
na Região Nordeste (1,7%). Nas Regiões Norte (22,3%) e Nordeste (18,4%), foram
encontrados os maiores percentuais estimados para idade igual ou superior a 16 anos
(Tabela 2.1.2).
A distribuição estimada dos escolares segundo a cor ou raça, no País, mostra
maiores proporções de pardos (42,2%) e brancos (36,8%). Nos demais grupos de
cor ou raça, as proporções foram: 13,4% para pretos, 4,1% para amarelos e 3,5%
para indígenas. Na distribuição por Grandes Regiões, tem-se os maiores percentuais
de declaração da cor branca na Região Sul (57,8%), da cor parda na Região Norte
(57,3%) e da cor preta na Região Sudeste (15,6%), embora seja Salvador, na Região
Nordeste, a capital com o maior percentual de escolares que informaram a cor preta
(32,7%) (Tabela 2.1.3).

Aspectos socioeconômicos
Os fatores socioeconômicos exercem papel fundamental no desenvolvimento físico,
psicológico e social das crianças e adolescentes. As desigualdades socioeconômicas
são importantes determinantes sociais da saúde da população em geral e deste
segmento especificamente. Isso porque, de fato, são as condições econômica, cultural,
biológica e ambiental, nas quais os indivíduos e grupos familiares estão inseridos, que
se constituem em fatores diferenciais da situação de saúde. Os estudos que enfatizam
as desigualdades sociais e a saúde dos adolescentes são recentes e ainda carecem de
medidas mais adequadas para este grupo etário, uma vez que é difícil obter informações
de adolescentes sobre a posse de bens e serviços e de outros dados socioeconômicos,
resultando em percentual elevado de respostas em branco ou incompletas, segundo a
Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et
al., 2008a, 2008b).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 levantou alguns aspectos
socioeconômicos dos escolares de modo a obter indicadores que estabeleçam diferenciais
das condições de vida do público-alvo estudado. Neste sentido, investigou-se a
escolaridade dos pais, o número de residentes no domicílio do estudante, o trabalho entre
os escolares, o número de banheiros do domicílio, a posse de bens e a disponibilidade
do serviço doméstico no domicílio do escolar.

3
A amostra não foi calculada para desagregar as informações por grupos etários.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Escolaridade dos pais


A escolaridade dos pais, e em particular a da mãe, é considerada um importante
fator de proteção para a saúde de crianças e adolescentes. A forte associação com
as condições econômicas confere a essa variável a possibilidade de ser utilizada como
uma importante proxy das condições socioeconômicas, assim como ocorre em diversos
estudos estatísticos relativos às famílias.
Na PeNSE 2012, foi analisada tanto a escolaridade materna, quanto a paterna. O
percentual de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino ou possuíam
somente o ensino fundamental incompleto foi de 34,5% no País. Por outro lado, a
proporção de escolares cujas mães tinham o nível superior completo foi de apenas
8,9%. A proporção de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino
ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto foi mais elevada na Região
Nordeste (45,0%) e menor na Região Sudeste (28,1%). As Regiões Centro-Oeste e
Sul apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram a escolaridade
da mãe equivalente ao ensino superior completo (10,1% e 9,4%, respectivamente). Os
alunos que não souberam informar a escolaridade materna totalizaram 18,4% (Tabela
2.2.1). Há que se ressaltar as percentagens mais elevadas de alunos de escolas privadas
cujas mães tinham ensino médio completo ou superior completo. As diferenças são
ainda marcantes quando se observam as frequências de escolares da rede pública cujas
mães sequer completaram o ensino fundamental. O Gráfico 3 explicita as desigualdades
educacionais das mães dos estudantes do 9º ano do ensino funamental, conforme a
dependência administrativa da escola.

Gráfico 3 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução da mãe
% Brasil - 2012
29,9

28,7
25,2

19,2
17,8

14,8
10,2
9,7

9,1

8,4

7,0
6,2
4,9

4,8
3,2
0,9

Ensino médio ou 2º
grau completo
Ensino fundamental ou
1º grau incompleto

Ensino fundamental
ou1º grau completo

grau incompleto

Ensino superior
incompleto
Ensino médio ou 2º
Sem instrução

Ensino superior

Não soube informar


completo

Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

O percentual de escolares cujos pais não tinham qualquer grau de ensino ou


tinham somente o ensino fundamental incompleto foi de 35,7%, percentual um pouco
mais elevado do que o materno. Por outro lado, a proporção de escolares cujo pai tinha
o nível superior completo foi de apenas 8,0%. A proporção de escolares cujo pai não
tinha qualquer grau de ensino ou tinha somente o ensino fundamental incompleto foi mais
elevado na Região Nordeste (49,2%) e menor na Região Sudeste (26,9%). As Regiões
Centro-Oeste e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram
ter pai com ensino superior completo (9,4% e 9%, respectivamente). Os alunos que não
souberam informar a escolaridade paterna totalizaram 23,7% (Tabela 2.2.2).
Com relação à escolaridade do pai, as diferenças entre alunos de escolas públicas
e privadas também são acentuadas, sendo também maior a proporção de alunos de
escolas privadas cujos pais ossuem graus de ensino mais elevados (Gráfico 4).

Gráfico 4 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução do pai
% Brasil - 2012

27,0
27,0

24,6
23,5

19,4
14,2
13,6

10,1

8,6

7,6
5,4
5,4

5,1

4,0
2,5
2,0

Ensino médio ou 2º
grau completo
Ensino fundamental ou
1º grau incompleto

Ensino fundamental
ou1º grau completo

grau incompleto

Ensino superior
incompleto
Ensino médio ou 2º
Sem instrução

Ensino superior

Não soube informar


completo

Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Número de residentes no domicílio


A PeNSE 2012 levantou o total de moradores que residiam no domicílio do escolar
e mostrou que 50,8% dos estudantes viviam em domicílios que tinham 3 a 4 moradores,
e 34,1%, em residências com 5 a 6 moradores (Tabela 2.2.3). A média de moradores,
neste estudo, foi de 4,6 moradores, superior, portanto, aos dados obtidos na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2011, que apontou uma densidade domiciliar
de 3,3 moradores para o conjunto da população do País.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Trabalho entre escolares


A Constituição Federal do Brasil, em seu Art. 7º, inciso XXXIII, considera menor
o trabalhador de 16 a 18 anos de idade (BRASIL, 2013). Ao menor de 16 anos é
vedado qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz a partir de 14 anos, quando
é admissível o contrato de aprendizagem, o qual deve ser feito por escrito e por prazo
determinado, conforme dispõe o Art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT4.
Na edição da PeNSE 2012, foi inserido o tema trabalho entre escolares, isto é, foi
observado o percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que
possuíam, ou não, algum trabalho, emprego ou negócio e que recebiam dinheiro, ou
não, por desempenhar esta atividade. Os dados da pesquisa revelaram que 86,9% dos
escolares responderam não trabalharam, 11,9% responderam trabalhar e receber dinheiro
para desempenhar as atividades, e 1,2% responderam trabalhar sem remuneração. O
maior percentual de escolares que responderam não trabalhar está na Região Sudeste
(88,5%), mas são os Municípios das Capitais da Região Nordeste que concentram os
maiores índices dos que informaram não trabalhar: Recife (92,3%), São Luís (91,9%) e
João Pessoa (91,6%). Os dados também revelaram que o maior percentual de escolares
que responderam trabalhar com remuneração está na Região Sul do País, aproximadamente
15,1%. O Município de Campo Grande, na Região Centro-Oeste do País, concentrou o
maior percentual de estudantes que declararam trabalhar sem remuneração, com 2,4%
(Tabela 2.2.4).
Gráfico 5 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do
O Gráfico 5 mostra a ensino fundamental que informaram ter algum trabalho,
evolução do percentual de emprego ou negócio exercido atualmente, por grupos de idade,
menores que trabalharam, segundo as Grandes Regiões - 2012
%
observando-se tendência de

29,5
elevação conforme o aumento

28,0
da idade. Dentre os estudantes 24,5

com 13 anos ou menos de idade,


22,6
22,1

21,2

8,6% responderam ter algum


19,9
19,4

trabalho, emprego ou negócio.


17,7
17,3

A Região Sul apresentou as


16,2
15,2

14,4

maiores proporções para


12,8
11,9
11,3
11,2

este indicador, em relação às


11,0

9,9
9,9

demais regiões do País, não


8,6

8,1

7,8

7,5

só entre os estudantes com


13 anos ou menos de idade
(11,9%), como também entre
aqueles com 16 anos ou mais
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
(29,5%).

13 anos ou menos 14 anos 15 anos 16 anos ou mais

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais,


Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.

4
A legislação recente sobre o trabalho admissível para as crianças e adolescentes no Brasil encontra-se incorporada nesta
Consolidação, no Título III, Capítulo IV - Da proteção do trabalho do menor. Para informações complementares sobre o
assunto, consultar: BRASIL. Decreto nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário
Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, ano 82, n. 184, 9 ago. 1943. Seção 1, p. 11937.
Com alterações posteriores. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: maio 2013.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Posse de bens e serviços


A PeNSE 2012 inseriu questões sobre a posse de bens no domicílio de residência
do aluno, tais como: existência de computador (de mesa, ou netbook, laptop etc.),
excluindo-se tablet e palm top, acesso à Internet e se alguém que morava com o
adolescente tinha carro, entre outras questões. Também foi investigada a existência do
serviço de empregado(a) doméstico(a) na residência do escolar.
Os dados da pesquisa mostraram que 95,5% dos estudantes das escolas
privadas e 59,8% dos alunos das escolas públicas do País declararam possuir algum
tipo de computador (de mesa, netbook, laptop). Entretanto, 97,7% dos escolares que
frequentavam o 9º ano do ensino fundamental das escolas privadas da Região Sul
declararam possuir computadores no domicílio, a maior percentagem observada entre
as regiões.
Com relação ao acesso à Internet, 93,5% dos escolares da rede privada e 53,5%
da rede pública do País responderam acessá-la em casa. As maiores proporções foram
observadas na Região Sul (96,4%), para os estudantes de escolas privadas, e na Região
Sudeste (66,0%), para aqueles das escolas públicas, entretanto, somente 40,9% dos
estudantes de escolas públicas na Região Norte e 35,5% dos estudantes de escolas
públicas na Região Nordeste declararam possuir computador no domicílio (Tabela 2.2.5).
Perguntados sobre se alguém que morava no mesmo domicílio do estudante
tinha carro, 80,3% dos alunos de escolas privadas e 44,0% dos estudantes de escolas
públicas do País responderam afirmativamente. O maior percentual foi observado na
Região Sul, tanto entre os estudantes da rede privada (93,1%), quanto entre os da
rede pública (67,0%).
Quando perguntados sobre a existência de banheiros com chuveiro dentro de
casa, 95,7% dos escolares responderam possuir ao menos um nessas condições. As
Regiões Sul (99,3%) e Norte (86,9%) apresentaram, respectivamente, o maior e o menor
percentual de escolares que responderam possuir banheiro com chuveiro. Informaram
não ter banheiros com chuveiro dentro de casa 4,3% dos escolares pesquisados. Desses,
5,1% eram alunos de escolas públicas e 0,2%, de escolas privadas.
Os indicadores resultantes do tópico posse de bens demarcaram algumas
desigualdades de acesso às tecnologias de informação e comunicação, bem como com
relação à posse de um dos ícones de status socioeconômico na sociedade brasileira, que
é o carro. Há diferenciais expressivos entre os estudantes de escolas públicas e privadas,
sendo o acesso a esses bens menos comum entre os escolares do ensino público.
Considerando o serviço de empregados domésticos remunerados, 27,3% dos
alunos de escola privada e apenas 6,5% dos alunos de escola pública responderam ter
em seus domicílios a existência desse serviço em cinco ou mais dias da semana. Esse
percentual é maior entre os escolares da Região Norte, tanto da rede privada (40,4%),
quanto da rede pública (9,0%) (Tabela 2.2.5). Segundo as Grandes Regiões, nota-se
que no Norte e Nordeste do País a proporção de estudantes que referiram a posse de
bens é preponderantemente menor do que nas demais regiões. No entanto, em relação
à existência de empregado(a) doméstico(a), as proporções se invertem, isto é, as Re-
giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste revelaram menores proporções de estudantes que
informaram este serviço cinco dias ou mais da semana no domicílio (Gráfico 6).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Gráfico 6 - Percentual de escolares frequentando o 9o ano do ensino fundamental


que informaram possuir bens e/ou serviços no domicílio, por tipo de bens
e/ou serviços, segundo as Grandes Regiões - 2012
%

99,3
99,0

98,6
95,7

89,8
86,9

78,9
72,3

71,6

71,8
69,9
66,0

64,5
62,9
60,4

59,9
56,3
50,2

46,0

44,5
42,9
41,5
31,3

31,1
12,1
10,1

10,0
10,7

10,2
9,4
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Computador (de mesa,


Banheiro(s) com chuveiro Acesso à Internet
ou netbook, laptop, etc)

Empregado(a) doméstico(a)
Carro
5 ou mais dias da semana

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Contexto familiar
A concepção e a estrutura familiar têm atravessado mudanças expressivas, por
diversas razões, dentre as quais se destacam a redução da fecundidade, a mudança
das composições e formatos de família, o crescimento dos divórcios e o aumento do
percentual de famílias monoparentais. Há, também, o aumento dos conflitos entre pais
e filhos e a mudança nas relações de poder em decorrência dos adolescentes assumirem
papel mais ativo na tomada de decisões na família. Esta transição tende a ser mais
fácil quando existe comunicação entre pais e filhos e compartilhamento de tempo e
experiências (RODRÍGUEZ et al., 2005).
Com o propósito de analisar o contexto familiar dos estudantes, a Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 investigou os alunos do 9º ano do ensino
fundamental e mediu indicadores como: presença dos pais ou responsáveis na residência,
conhecimento dos pais ou responsáveis sobre o tempo livre dos filhos, falta às aulas
sem o consentimento dos pais ou responsáveis, e presença dos pais ou responsáveis
durante as refeições. Nesta edição da pesquisa, foram também acrescentadas variáveis
relacionadas a questões como: verificação dos deveres (lições) de casa pelos pais
ou responsáveis, entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e
preocupações dos filhos e atitude dos pais ou responsáveis no que diz respeito a mexer
em algo pessoal dos filhos sem a sua concordância.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Utilizando dados da PeNSE 2009, alguns autores concluíram que residir com ambos
os pais teve efeito protetor quanto aos hábitos de fumar, beber ou usar drogas. Além
disso, a supervisão familiar também foi importante na prevenção desses hábitos. Práticas,
tais como fazer pelo menos uma refeição com os pais ou responsáveis, na maioria dos
dias da semana, e o fato de os pais ou responsáveis saberem o que os adolescentes
faziam em seu tempo livre, mostraram-se de efeito protetor quanto a hábitos de risco
(MALTA et al., 2011a; OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013).
A PeNSE 2012 revelou que, considerando os dados do País, 62,1% dos escolares
responderam morar em lares com a presença de pai e mãe; 28,5% informaram morar só
com a mãe; e 4,0%, só com o pai. Os que responderam não morar nem com a mãe nem
com o pai totalizaram 5,4%. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que as Regiões
Nordeste (66,3%) e Sul (65,8%) apresentaram os maiores percentuais de escolares
morando com a mãe e o pai. As Regiões Sudeste (31,5%), Centro-Oeste (31,1%) e
Norte (28,0%) concentraram os maiores percentuais de escolares morando apenas com
a mãe. A Região Norte apresentou não só as maiores proporções de escolares morando
só com o pai (5,3%), como também de escolares que não moravam nem com a mãe
nem com o pai (9,2%), valores estes maiores do que a média nacional (Tabela 2.3.1).

Conhecimento dos pais ou responsáveis acerca do


tempo livre dos escolares
A comunicação constitui-se como um importante pilar de sustentação no contexto
familiar, atuando como um importante fator de proteção no período da adolescência. A
facilidade de comunicação com os pais reduz os riscos de comportamentos inadequados
e depressão. Adolescentes com facilidade de comunicação com as suas mães foram mais
propensos a demonstrarem excelente ou boa autopercepção do estado de saúde e menos
propensos a serem, em idade precoce, sexualmente ativos, fumantes e consumidores
de bebidas alcoólicas, conforme a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a).

Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que 58,5% dos escolares do País


declararam que os pais ou responsáveis sabiam o que eles faziam em seu tempo livre
nos últimos 30 dias. As Regiões Centro-Oeste (60,1%), Sul (60,0%) e Sudeste (59,2%)
apresentaram os maiores valores. A proporção dos escolares do sexo feminino que
declararam que os pais ou responsáveis estavam informados sobre suas atividades no
tempo livre foi de 62,1%, enquanto para os escolares do sexo masculino o percentual foi
de 54,5% (Tabela 2.3.2). Este indicador apresentou variação conforme a dependência
administrativa da escola, estando os pais ou responsáveis dos estudantes das escolas
privadas mais informados sobre o uso do tempo livre dos filhos (68,6%) que os pais ou
responsáveis dos alunos das escolas públicas, cuja proporção foi de 56,3% (Gráfico 7).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Gráfico 7 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


cujo(s) responsável(is) sabia(m) o que o escolar fazia durante o tempo livre,
nos últimos 30 dias, por dependência administrativa da escola,
segundo as Grandes Regiões - 2012
%

72,8
69,5
68,6

67,5
65,7
65,1

58,8
58,4
56,3

56,3
55,6
52,8

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Falta às aulas sem permissão dos pais ou responsáveis


Outro importante fator de proteção à conduta de risco para a saúde (uso de
tabaco, álcool e outras drogas ilícitas e violência) dos adolescentes é o fato de ocorrer
acompanhamento, pelos pais, das atividades dos filhos. O interesse dos pais pela vida
cotidiana dos filhos, dos lugares que frequentam e se faltam às aulas sem sua autorização,
diminui o envolvimento dos filhos em situações de violência e acidentes.
A PeNSE 2009, com dados que retrataram exclusivamente os Municípios das
Capitais e o Distrito Federal, revelou que 18,5% dos estudantes relataram faltar à
escola sem o consentimento dos pais ou responsáveis. Os dados da PeNSE 2012, por
sua vez, mostraram que o percentual de escolares do 9º ano do ensino fundamental
que faltaram às aulas, nos 30 dias anteriores à pesquisa, sem permissão dos pais ou
responsáveis, foi de 25,8%. No conjunto das capitais esta proporção foi de 26,0%, maior,
portanto, do que o resultado obtido em 2009. A pesquisa revelou ainda que a proporção
dos escolares do sexo masculino que declararam faltar às aulas sem autorização dos
pais ou responsáveis foi de 28,0%, enquanto a do sexo feminino foi de 23,8%. Os
estudantes de escolas públicas são os que mais faltaram às aulas sem autorização dos
pais ou responsáveis 28,2%, versus 14,4% dos alunos das escolas privadas. A Região
Sudeste (30,3%) registrou o percentual mais elevado, enquanto a Região Nordeste
(19,1%) obteve o menor percentual de escolares que faltaram às aulas sem autorização
dos pais ou responsáveis. Os Municípios das Capitais com as maiores frequências foram
Cuiabá (33,2%), São Paulo (30,9%) e Campo Grande (27,4%), enquanto as menores
frequências foram observadas em Aracaju (16,1%), Teresina (17,4%) e Maceió (18,6%)
(Tabela 2.3.3)
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Gráfico 8 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental


que faltaram às aulas ou à escola, nos últimos 30 dias, sem permissão dos pais
ou responsáveis, por dependência administrativa da escola,
segundo as Grandes Regiões - 2012
%

34,6

29,6
28,2

26,4
22,9

20,1

15,3
15,2

14,7
14,4

13,8

13,0
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Privada Pública

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Presença dos pais ou responsáveis durante as refeições


A importância da relação positiva entre pais e filhos tem sido registrada como
importante fator na redução de riscos. Os hábitos de conversar, passear e realizar as
refeições em família são comportamentos que têm se mostrado como fator protetor
para os adolescentes em relação a condutas de risco (CURRIE et al., 2008b).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 66,4% dos escolares faziam cinco
ou mais refeições na semana com a presença dos pais ou responsáveis. Na Região Sul,
foi observado o maior percentual (71,1%) e, na Região Sudeste, o menor (64,6%).
Não houve diferença estatisticamente significativa entre as respostas desagregadas
por sexo ou por dependência administrativa da escola. Com relação aos Municípios
das Capitais, a maior proporção foi observada em Florianópolis (71,5%) e a menor, em
Salvador (47%) (Tabela 2.3.4).

Verificação dos deveres de casa pelos pais ou responsáveis


Alguns autores consideram que o acompanhamento dos deveres de casa é visto como
uma forma positiva de filhos e pais interagirem e estes acompanharem o desenvolvimento
dos filhos na escola (CARVALHO, 2004; RAMIRES, 2004). O conhecimento dos pais
sobre os fatos da vida dos filhos previne ou minora os riscos aos adolescentes, à medida
que as atividades destes estão supervisionadas (RODRÍGUEZ et al., 2005).
O hábito dos pais ou responsáveis verificarem se foram feitos os deveres de casa
dos escolares também foi investigado na PeNSE 2012. Do total de escolares, 32,3%
responderam que seus pais ou responsáveis acompanharam seus deveres de casa, sendo
observado maior percentual entre os estudantes das escolas públicas (33,4%) versus
26,8% das escolas privadas. Na análise por Grandes Regiões, verificou-se na Região
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Nordeste (37,7%) o percentual mais elevado e, na Sudeste (29,9%), o menor. Com


relação aos Municípios das Capitais, São Luís (35,3%) registrou o maior percentual de
alunos com acompanhamento dos deveres pelos pais ou responsáveis. Entre os meninos,
33,5% informaram que, nos 30 dias anteriores à pesquisa, os pais ou responsáveis
verificaram se os deveres de casa foram feitos. Entre as meninas, este percentual foi
de 31,1%. (Tabela 2.3.5).

Entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e


preocupações dos filhos
Os laços afetivos familiares asseguram apoio psicológico e social, dando melhores
condições para que os filhos enfrentem as dificuldades causadas pelo cotidiano. Esses
laços ajudam no desenvolvimento de habilidades e competências sociais, favorecendo
o relacionamento em casa e na escola (POLONIA; DESSEN, 2005).
A PeNSE 2012 verificou com que frequência, nos últimos 30 dias, os pais ou
responsáveis entenderam os problemas e preocupações dos filhos. Dos escolares
pesquisados, 45,8% responderam que os pais ou responsáveis se preocupavam com os
seus problemas e preocupações. Os escolares do sexo masculino (47,2%), tiveram mais
atenção dos pais ou responsáveis do que as meninas (44,6%). As Regiões Sudeste
(46,8%) e Nordeste (46,4%) registraram os maiores percentuais neste indicador,
enquanto a Centro-Oeste (43,4%), o menor. O Município do Rio de Janeiro foi a capital
onde este indicador apresentou a proporção mais elevada, 47,8% (Tabela 2.3.6).

Hábitos alimentares
O hábito alimentar é formado de modo gradual ao longo da vida, ocorrendo
principalmente durante a primeira infância (BRASIL, 2005b). Hábitos inadequados
na infância e na adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis na idade adulta (ANDING et al., 1996). Os aprendizados e costumes
adquiridos no período da infância e adolescência repercutem sobre o comportamento
alimentar, a percepção da autoimagem, a saúde individual, os valores, as preferências
e o desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA; SOARES, 2002).
Diversos estudos têm demonstrado hábitos alimentares pouco saudáveis entre
os adolescentes, principalmente entre os que pertencem às classes econômicas mais
favorecidas, (NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007; LEVY et al., 2010). Este grupo etário
consome alimentos usualmente ricos em gorduras, açúcares e sódio, contando apenas
com uma pequena participação de frutas e hortaliças (TORAL; CONTI; SLATER, 2009).
Entre os adolescentes provenientes de famílias menos favorecidas, o consumo de
alimentos como o arroz e o feijão são mais frequentes (SANTOS et al., 2005; VEIGA;
SICHIERI, 2006).
Ainda no que se refere ao padrão de consumo alimentar dos adolescentes, estudos
internacionais confirmam as linhas gerais sobre o tema apontadas pela Organização
Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), a qual preconiza que é
importante desenvolver hábitos de alimentação saudável entre crianças e adolescentes
para sua manutenção na vida adulta e consequente redução de risco de doenças crônicas
e obesidade (CURRIE et al., 2012). Dentre os hábitos considerados saudáveis, destaca-
se o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para excesso de
peso, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (CURRIE et al., 2012).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2009, realizada com os


alunos do 9º ano do ensino fundamental, com recorte geográfico para o conjunto dos
Municípios das Capitais e Distrito Federal, demonstraram que a maioria dos estudantes
consumia regularmente feijão (62,6%), leite (53,6%) e guloseimas (doces, balas,
chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos) (50,9%).
Por se tratar de assunto que requer atenção especial, a PeNSE 2012 também
identificou a frequência semanal5 de consumo de alimentos considerados como
marcadores de alimentação saudável (feijão, hortaliças cruas ou cozidas6, hortaliças
cruas7, hortaliças cozidas8, frutas e leite) e de alimentação não saudável (frituras,
embutidos, biscoitos salgados e doces, salgados fritos, salgados de pacotes, guloseimas9
e refrigerantes), em cinco dias ou mais na semana.

Consumo de alimentos marcadores de alimentação saudável


Os marcadores de alimentação saudável foram verificados conforme a frequência
semanal de consumo. No que se refere à frequência de cinco dias ou mais na semana
anterior à da pesquisa, os dados da PeNSE 2012 apontaram que 69,9% dos escolares
consumiram feijão; 43,4%, hortaliças10; 30,2%, frutas frescas; e 51,5%, leite (Tabela
2.4.1 e 2.4.3).
A menor proporção de escolares que consumiram feijão foi obtida na Região Norte
(41,4%). Quanto ao consumo de hortaliças, também considerando a mesma frequência
semanal, os escolares da Região Centro-Oeste apresentaram o mais elevado percentual
(51,2%).
O consumo de frutas frescas foi referido por 26,7% dos estudantes da Região Norte;
28,4%, do Sul; 28,9%, do Nordeste, 31,7%, do Sudeste; e 32,9%, do Centro-Oeste. O
consumo de leite entre os escolares da Região Nordeste (39,9%) foi menor em relação
àquele referido por estudantes das demais Regiões (Tabela 2.4.1 e 2.4.3)

Consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável


O consumo de guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou
pirulitos) em cinco dias ou mais na semana foi referido por 41,3% dos escolares. Em
conjunto com o consumo de biscoitos salgados (35,1%) e de refrigerantes (33,2%),
estes foram os marcadores de alimentação não saudável mais referidos pelos escolares,
reafirmando as conclusões já observadas na PeNSE 2009 acerca do padrão regular e
elevado de consumo de alimentos não saudáveis por parcela significativa dos estudantes
brasileiros (Tabelas 2.4.1 e 2.4.3).
O Gráfico 9 mostra a variabilidade na frequência semanal de consumo dos
alimentos marcadores de alimentação saudável e não saudável.

5
Os resultados obtidos para os sete últimos dias antes da pesquisa foram considerados como frequência semanal.
6
Hortaliças cruas ou cozidas: abóbora, alface, brócolis, chuchu, couve, espinafre, tomate etc., exceto batata e aipim
(mandioca/macaxeira).
7
Hortaliças cruas: alface, cebola, cenoura, pepino e tomate.
8
Hortaliças cozidas:, abóbora, brócolis, cenoura, chuchu, couve, espinafre, etc., exceto batata e aipim (mandioca/macaxeira).
9
Guloseimas: balas, bombons, chicletes, chocolates, doces, ou pirulitos.
10
Na Tabela 2.4.1, o percentual de hortaliças corresponde ao indicador calculado, considerando as respostas obtidas para
as três perguntas existentes no questionário, referentes ao consumo de hortaliças em geral, cruas ou cozidas.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Gráfico 9 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por consumo alimentar na última semana, segundo o alimento consumido
Brasil - 2012
Feijão 6,6 4,6 5,3 6,9 6,6 69,9

Frutas frescas 21,3 14,6 13,0 11,9 9,0 30,2

Hortaliças 19,7 13,7 12,2 11,2 8,4 34,8

Hortaliças cozidas 37,4 20,3 13,9 9,3 5,6 13,5

Hortaliças cruas 30,0 15,0 11,6 9,8 7,0 26,6

Leite 18,7 9,0 7,8 7,4 5,7 51,5

Biscoitos doces 14,5 16,9 14,8 12,6 8,7 32,5

Biscoitos salgados 14,2 14,3 13,8 13,3 9,4 35,1

Embutidos 25,7 22,7 17,6 12,6 6,8 14,7

Guloseimas 11,6 15,1 12,4 11,4 8,3 41,3

Refrigerante 13,9 15,0 15,0 13,4 9,5 33,2

Salgado de pacote 39,7 20,3 12,9 8,8 5,3 13,0

Salgados fritos 26,0 21,0 17,3 13,0 6,8 15,8 %

Nenhum dia 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias ou mais

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.

Hábito de tomar café da manhã


Quanto ao hábito de tomar café da manhã, alguns estudos mais recentes
o associam a um maior consumo de micronutrientes e a hábitos alimentares mais
adequados, os quais incluem o consumo de frutas e hortaliças e menor consumo de
refrigerantes (AFFENITO, 2007; UTTER et al., 2007; TIMLIN et al., 2008; HAUG et
al., 2009).
Na edição de 2012, a PeNSE incorporou o quesito sobre o hábito de tomar café
da manhã e os resultados apontaram que 61,9% dos estudantes do 9º ano do ensino
fundamental costumavam ter esta prática cinco dias ou mais na semana, sendo esta
mais elevada entre os meninos (69,5%) e entre os alunos de escolas públicas (63,1%).
Este comportamento foi mais frequentemente observado nas Regiões Nordeste (71,2%)
e Norte (70,2%) (Tabela 2.4.8).

Hábito de comer assistindo à TV


Estudos com adolescentes apontam que o tempo de exposição à televisão está
associado a distúrbios alimentares. No que diz respeito ao hábito de comer enquanto
assiste televisão, estudo realizado na Espanha, durante o ano acadêmico de 2004-2005,
com 1 165 estudantes nas idades de 14 a 16 anos, apontou que os adolescentes que
apresentavam distúrbios alimentares foram os que estavam expostos por mais tempo à
televisão (CALADO et al., 2010).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que o percentual de escolares
frequentando o 9º ano do ensino fundamental que costumavam comer enquanto
assistiam à TV ou estudavam foi de aproximadamente 64,0%, não havendo diferença
relevante por sexo e dependência administrativa da escola. A Região Sudeste (67,9%)
apresentou a maior proporção desse hábito entre os adolescentes (Tabela 2.4.11).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Alimentação na escola
A quase totalidade (98,0%) dos estudantes de escolas públicas no País respondeu
que a escola oferece comida. Além disso, esse padrão se mantém de modo semelhante
nas Grandes Regiões brasileiras. Os resultados da PeNSE 2012 demonstram que o
percentual de estudantes que referiram a oferta de alimentação pelas escolas privadas
foi significativamente menor, 41,4%, entretanto, o hábito11 de consumir a comida
entre os escolares não foi elevado, sendo de 22,8% entre aqueles que estudavam em
escolas públicas e de apenas 11,9% para os alunos das escolas privadas. Os escolares
do sexo masculino foram mais frequentes em responder afirmativamente ao hábito de
comer a comida oferecida pela escola do que os do sexo feminino: 18,2% e 13,9%,
respectivamente. Os escolares da Região Centro-Oeste foram os que mais referiram
consumir a comida oferecida pela escola (20,2%), enquanto a menor proporção, 10,7%,
foi observada na Região Sul (Tabela 2.4.9).

Prática de atividade física


Estudos enfatizam como sendo importante a construção do hábito da prática
de atividade física desde a infância (SEABRA et al., 2008). Estimular esta prática em
crianças e adolescentes é importante para uma vida adulta mais ativa. É recomendado
que nesta faixa etária os jovens pratiquem pelo menos uma hora (60 minutos) de
atividade física moderada a vigorosa diariamente, ou 300 minutos de atividade física
acumulados por semana, segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a).
Estudo recente, usando dados de mais de 100 países, mostrou que apenas 20,0%
dos adolescentes de 13 a 15 anos de idade realizam atividade física diária com duração
de uma hora ou mais, sendo este percentual maior entre os meninos (CURRIE et al.,
2008a; HALLAL et al., 2010).
A pouca atividade física é um importante fator predisponente à obesidade, uma vez
que esta resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético (CASTANHEIRA;
OLINTO; GIGANTE, 2003).
A escola é um espaço privilegiado de difusão de informação para crianças e jovens
sobre a importância da prática de atividade física para promoção de uma vida com mais
saúde, desenvolvendo o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios
abordados nas aulas de Educação Física.
Em 2012, buscando a comparabilidade com dados internacionais, o módulo do
questionário da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE aplicado aos estudantes
do 9º ano do ensino fundamental foi modificado em relação à edição anterior, e, a partir
dos resultados obtidos, foram considerados ativos aqueles escolares que acumularam
300 minutos ou mais de atividade física por semana. Foram classificados como
insuficientemente ativos aqueles que tiveram 1 a 299 minutos de atividades física por
semana, os quais foram subdivididos em dois grupos: os que praticaram 1 a 149 minutos,
e os que praticaram 150 a 299 minutos. Foram considerados inativos os estudantes
que não praticaram atividade física no período.

11
Considerou-se como hábito de consumir comida na escola a ingestão de merenda/almoço em pelo menos três dias da semana.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Nesta edição, os ativos foram calculados por dois diferentes indicadores: atividade
física acumulada e atividade física globalmente estimada.

Atividade física acumulada


Este indicador foi obtido somando-se os tempos de atividade física acumulada,
nos últimos sete dias, investigados em seis questões, que tratam de três diferentes
domínios: deslocamento para a escola, aulas de Educação Física na escola, e outras
atividades físicas extraescolares.
Usando este indicador de tempo de atividade física acumulada nos três domínios,
a análise dos dados da PeNSE 2012 apontou que 30,1% dos escolares eram ativos, ou
seja, praticaram 300 minutos ou mais de atividade física por semana. A maioria dos
adolescentes, 63,1%, foi classificada como insuficientemente ativa e 6,8%, como inativa.
As porcentagens de estudantes considerados ativos, observadas entre as Grandes
Regiões, variaram de 36,3%, na Região Sul, a 25,2%, na Região Nordeste (Gráfico
10). No que se refere à prática de atividade física entre os meninos e as meninas e
entre os que frequentavam escolas públicas ou privadas, houve relevante diferença. O
percentual de escolares que informaram a prática, por 300 minutos ou mais, de atividade
física acumulada nos últimos sete dias antes da pesquisa foi de 39,1%, para o sexo
masculino, e de 21,8%, para o sexo feminino. Entre os adolescentes que estudam em
escolas públicas, a proporção de atividade física acumulada igual ou superior a 300
minutos foi de 34,7%; entre os alunos das escolas privadas, 29,1% (Tabela 2.5.2).

Gráfico 10 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por duração semanal
de atividade física acumulada, segundo as Grandes Regiões - 2012

Centro-Oeste 5,8 35,5 25,8 32,9

Sul 3,4 32,8 27,5 36,3

Sudeste 5,9 38,0 25,6 30,5

Nordeste 10,5 42,2 22,1 25,2

Norte 7,1 40,0 23,5 29,4

Brasil 6,8 38,3 24,9 30,1


%

Inativo 1 a 149 min 150 a 299 min 300 min ou mais

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Atividade física globalmente estimada


Este indicador, introduzido para comparação internacional, foi resultado de uma única
questão, que investigava a realização de atividade física por pelo menos uma hora por
dia. Este indicador foi apresentado como tempo de atividade física globalmente estimado.
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 20,2% dos escolares praticavam
uma hora de atividade física em pelo menos cinco dias por semana, sendo 27,9%, para
os estudantes do sexo masculino, e 13,1%, para os do sexo feminino. Os estudantes
das escolas privadas obtiveram porcentagem de 22,0%, enquanto 19,8% foi a proporção
para aqueles das escolas públicas (Tabela 2.5.6). Este indicador também demonstrou
diferenças importantes quanto à prática de atividade física entre meninos e meninas e
por dependência administrativa da escola.

Aulas de Educação Física na escola


A escola é um espaço privilegiado para a prática de atividade física de crianças e
jovens. Além disso, é um espaço importante para a promoção de saúde, desenvolvendo
o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios.
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) determina a obrigatoriedade da prática de aulas de Educação Física nas
escolas (BRASIL, 1996). Este incentivo é fundamental para que a prática de esportes
se consolide como hábito saudável desde a adolescência.
O Gráfico 11 mostra o percentual de escolares por frequência semanal de aulas de
Educação Física nos últimos sete dias antes da pesquisa, segundo as Grandes Regiões.

Gráfico 11 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por frequência


semanal de aulas de educação física na escola, segundo as Grandes Regiões - 2012
1,9 2,6
Centro-Oeste 17,5 35,8 34,5 7,7

2,9 2,2
Sul 8,3 21,9 40,6 24,1

1,9 2,9

Sudeste 15,0 51,0 25,6 3,7

1,3 2,7

Nordeste 28,1 44,6 20,3 3,0

1,7 3,0
Norte 24,7 40,3 27,5 2,8

1,9 2,7

Brasil 18,3 43,1 27,3 6,7


%

Nenhum dia 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 a 7 dias

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

As proporções de adolescentes por frequência de aulas de Educação Física na


semana anterior à entrevista foram de 18,3%, para aqueles que não frequentaram
nenhuma aula, e 38,6%, para os que frequentaram dois dias ou mais (Tabela 2.5.3).
Entre os meninos, a proporção dos que informaram dois dias ou mais de aulas de
Educação Física foi de 40,6%; entre as meninas, 36,8%. As porcentagens observadas
entre os alunos das redes privada e pública foram, respectivamente, 30,5% e 40,3%.
É importante destacar que essas diferenças por sexo e dependência administrativa da
escola não foram estatisticamente significativas. A mesma característica, analisada
por Grandes Regiões, apresentou os maiores percentuais na Região Sul (69,7%) e os
menores, na Região Nordeste (27,3%) (Tabela 2.5.4).

Hábito sedentário: tempo assistindo TV


Um importante indicador de sedentarismo é o hábito de assistir televisão
(SCHOENBORN, 2004). A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que
uma ou duas horas em frente à TV e video game diariamente. O tempo em frente à
TV também está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerantes e baixo
consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia (CURRIE et al., 2008a).
Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar
(Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), realizada no período de 2009 a 2010,
em mais de 40 países da Europa e América do Norte apontaram que 56,0% dos alunos
com 11 anos de idade relataram o hábito de assistir duas horas ou mais de televisão
por dia, e que entre os alunos de 13 anos e 15 anos de idade esses percentuais foram
de 65,0% e 63,0%, respectivamente (CURRIE et al., 2012). Os motivos pelos quais
as crianças e adolescentes têm sido menos ativos passam pelo aumento do tempo
frente à TV, Internet e video game, reduções de aulas de Educação Física nas escolas
e de opções de lazer ativo, em função da violência e da mobilidade urbanas, assim
como pelo aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a segurança
(RODRÍGUEZ, 2005).
Na PeNSE 2009, no conjunto dos Municípios das Capitais e Distrito Federal,
79,4% dos adolescentes informaram assistir a duas horas ou mais diárias de televisão.
Este indicador permaneceu praticamente inalterado na PeNSE 2012, 78,6%.
No País, em 2012, o hábito de assistir a duas horas ou mais de televisão, num
dia de semana comum, foi relatado por 78,0% dos estudantes do 9º ano do ensino
fundamental. Entre os escolares do sexo feminino, 79,2% mencionou este hábito,
enquanto para os do sexo masculino esta proporção foi de 76,7%. Os percentuais
observados entre os adolescentes das escolas privada e pública foram 77,5% e 78,2%,
respectivamente. A Região Sudeste apresentou a maior frequência do hábito de assistir
a duas horas ou mais diárias de televisão (80,2%) (Tabela 2.5.5).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Cigarro, álcool e outras drogas


Cigarro e outros produtos do tabaco
O tabaco é um dos determinantes mais importantes para o desencadeamento
das doenças crônicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO), o tabaco é líder nas causas de mortes preveníveis no mundo. Além
disso, o início do tabagismo em idade precoce está associado ao aumento da chance
de uso de outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas. Assim, um ponto-chave na
saúde pública é prevenir, ou pelo menos retardar, a iniciação deste hábito (WHO, 2008).
A experimentação de cigarro geralmente ocorre na adolescência. A maioria dos adultos
fumantes já eram tabagistas aos 18 anos, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).
A adoção de comportamentos prejudiciais à saúde é influenciada por uma série
de fatores e, dentre os principais, está o exemplo vindo da família. Vários estudos
têm apontado hábitos familiares como um importante fator de risco ou de proteção
para o consumo de tabaco. Isso se deve ao fato desse consumo ser apreendido,
predominantemente, a partir de interações estabelecidas entre os jovens e seus
contextos próximos de socialização, como a família, a escola e o grupo de amigos
(PAIVA; RONZANI, 2009).
Os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada
com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostraram que a experimentação
do cigarro foi de 19,6%, sendo a maior frequência de experimentação observada na
Região Sul (28,6%) e a menor, na Região Nordeste (14,9%). Entre os Municípios das
Capitais, Campo Grande apresentou a maior proporção (37,1%) de escolares que já
fizeram uso do cigarro alguma vez na vida, seguido de Curitiba (31,7%). Não houve
diferença significativa na distribuição por sexo. Em relação à dependência administrativa
da escola, a frequência de experimentação foi maior entre os estudantes das escolas
públicas (20,8%) do que das escolas privadas (13,8%) (Tabela 2.6.1).
Na PeNSE 2012, a população de escolares com 15 anos que experimentaram
cigarro em idade igual ou inferior aos 13 anos foi de 15,4%. Conforme a Pesquisa
de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour in
School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e América do Norte, os
adolescentes com 15 anos que experimentaram cigarro com idade igual ou inferior a
13 anos foi de 24,0% (CURRIE et al., 2012).
Os dados da PeNSE para as capitais brasileiras mostraram que o número de
escolares que experimentaram cigarro alguma vez na vida reduziu de 24,2%, em 2009,
para 22,3%, em 2012 (Tabela 2.6.1).
O uso atual de cigarros foi medido pelo consumo feito nos últimos 30 dias,
independentemente da frequência ou intensidade do consumo. A partir deste recorte
temporal, constatou-se que 5,1% dos escolares haviam fumado cigarro. As Regiões
Sul (7,6%) e Centro-Oeste (6,4%) apresentaram os maiores percentuais de escolares
fumantes e as Regiões Nordeste (2,9%) e Norte (3,8%), os menores percentuais. Os
Municípios das Capitais com as maiores proporções de escolares fumantes no período
foram Campo Grande, com 12,4%, e Florianópolis, com 9,7%, enquanto Salvador e Aracaju
registraram as menores frequências: respectivamente, 3,2% e 3,4% (Tabela 2.6.3).
Ao comparar os dados das pesquisas de 2009 e 2012, verifica-se que o percentual
de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias manteve-se estável, em
torno de 6,0%.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

A PeNSE 2012 perguntou também sobre o uso, nos últimos 30 dias, de outros
produtos de tabaco: cigarro de palha ou enrolados a mão, charuto, cachimbo, cigarilha,
cigarro indiano ou bali, narguilé, rapé e fumo de mascar. No Brasil, 4,8% dos escolares
consumiram outros produtos de tabaco. Nas Regiões Sul (7,9%) e Centro-Oeste (7,1%),
estão as maiores proporções de escolares que consumiram esses produtos de tabaco.
Nas Regiões Sudeste, Norte e Nordeste, o consumo de outros produtos de tabaco
pelos escolares foi de 5,8%, 2,2% e 1,6%, respectivamente. Esse consumo se deu
em maiores proporções pelos estudantes do sexo masculino (5,4%) do que entre os
do sexo feminino (4,3%) e não apresentou diferença entre os estudantes das escolas
públicas (4,9%) e das escolas privadas (4,5%) (Tabela 2.6.2).
No Brasil, 59,9% dos escolares declararam que estiveram na presença de
fumantes na semana anterior à pesquisa. A Região Nordeste (62,0%) apresentou o
maior percentual de escolares que estiveram na presença de pessoas que faziam uso de
cigarro e, entre os Municípios das Capitais, São Luís (49,6%) correspondeu ao menor
percentual, enquanto Porto Alegre (63,7%), ao maior. A proporção de meninas (62,4%)
que referiram a presença de fumantes foi maior do que a dos meninos (57,3%). Com
relação à dependência administrativa da escola, 61,5% dos estudantes de escolas
públicas estiveram na presença de pessoas que fumam, contra 52,3% dos escolares
da rede privada (Tabela 2.6.4).
Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares brasileiros que frequentavam o 9º
ano do ensino fundamental informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante.
No Município de Porto Alegre, esta proporção alcançou 40,9% e, em Florianópolis,
34,9%. Os percentuais de escolares do sexo masculino (28,3%) e do feminino (31,2%)
que referiram ter pelo menos um dos responsáveis fumante é praticamente a mesma.
Nas escolas públicas, 32,2% declararam pais ou responsáveis fumantes, e na rede
privada, 18,4% (Tabela 2.6.5).
A PeNSE 2012 investigou a percepção dos escolares sobre qual seria a reação
de sua família caso soubessem que eles eram fumantes. Os dados mostraram que
aproximadamente 91,7% dos escolares no Brasil declararam que sua família se
importaria muito caso soubesse que eles fumavam. Foram constatadas variações entre
a percepção dos estudantes de escolas públicas (91,1%) e de escolas privadas (94,8%).
Entre escolares do sexo masculino (91,4%) e do feminino (92,1%), a diferença não foi
significativa (Tabela 2.6.6).
Dentre os escolares que fumaram nos 12 meses anteriores à entrevista, 65,4%
tentaram parar de fumar. A iniciativa de tentar parar de fumar não apresentou grandes
diferenças entre os escolares dos sexos masculino, 65,2%, e feminino, 65,5%, nem entre
os estudantes de escolas públicas (66,0%) e da rede privada (61,5%) (Tabela 2.6.7).

Álcool
O consumo de bebida alcólica é um dos principais fatores de risco para a saúde
no mundo e está envolvido em mais de 60 diferentes causas de problemas de saúde,
constituindo uma importante questão para os indivíduos e sociedades (PATTON et al.,
2009; RHEM et al., 2009). O álcool pode alterar o desenvolvimento do cérebro nos
adolescentes, influenciando o desenvolvimento cognitivo, emocional e social (TAPERT
et al., 2004). O uso precoce do álcool está associado a problemas de saúde na idade
adulta, além de aumentar significativamente o risco de se tornar consumidor em excesso
ao longo da vida (STRAUCH et al., 2009; MCCAMBRIDGE; MCALANEY; ROWE, 2011).
O consumo excessivo de bebida alcoólica na adolescência está associado a insucesso
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

escolar, acidentes, violências e outros comportamentos de risco, como tabagismo,


uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido, segundo a OMS (PECHANSKY; SZOBOT;
SCIVOLETTO, 2004; ANDRADE et al., 2012; CURRIE et al., 2012).

Experimentação precoce de bebidas alcoólicas


A experimentação da bebida alcoólica foi avaliada na PeNSE, tanto em 2009 como
em 2012, com a pergunta Alguma vez na vida, você já experimentou bebida alcoólica?
Em 2012, esse indicador correspondeu a 70,5% para o conjunto dos Municípios das
Capitais, mantendo-se estável em relação a 2009 (71,4%). Os dados da PeNSE 2012,
para o País, mostraram que 66,6% dos escolares já haviam testado a bebida alcoólica,
sendo esse indicador maior nas Regiões Sul (76,9%) e Centro-Oeste (69,8%) e menor
nas Regiões Norte (58,5%) e Nordeste (59,6%) (Tabela 2.6.8).
Como este questionamento permite interpretações tais como provar bebidas e
testar o sabor, a PeNSE 2012 inseriu uma nova pergunta para medir a experimentação
de uma dose de bebida, que é a seguinte: Alguma vez na vida você tomou uma dose de
bebida alcoólica? Desta forma, o questionário tornou-se comparável aos questionários
internacionais, e o indicador tornou-se mais específico. Ao perguntar se o escolar tomou
ao menos uma dose de bebida alcoólica, correspondendo a uma lata de cerveja, uma
taça de vinho, uma dose de cachaça, ou uísque, a PeNSE 2012 mostrou que 50,3% dos
escolares responderam positivamente, variando de 56,8%, na Região Sul, a 47,3%, na
Região Nordeste. Os resultados revelaram também que as meninas (51,7%) apresentaram
uma proporção maior nesse indicador do que os meninos (48,7%). Na comparação entre
os Municípios das Capitais, os escolares de Campo Grande relataram o maior consumo
de uma dose de bebida alcoólica, 62,3% (Tabela 2.6.9).
Considerando a pergunta Que idade você tinha quando tomou a primeira dose de
bebida alcoólica, que pretende retratar o uso precoce de bebidas alcoólicas, levantado
pela PeNSE 2012, observou-se que, entre os adolescentes com idade de 15 anos, 31,7%
tomaram a primeira dose com 13 anos ou menos. Este percentual oscilou de 26,7%,
na Região Norte, a 43,2%, na Região Sul.

Consumo atual de bebida alcoólica


O consumo atual de bebida alcoólica entre os escolares, avaliado pelo consumo
feito nos 30 dias que antecederam a pesquisa, foi de 26,1% no Brasil e não apresenta
diferenças relevantes entre os sexos masculino (25,2%) e feminino (26,9%). Entre
os alunos de escolas privadas e públicas, este indicador foi, respectivamente, 23,0%
e 26,7%. Os Municípios das Capitais com os maiores percentuais de escolares que
consumiram bebida alcoólica no período considerado, foram Porto Alegre (34,6%) e
Florianópolis (34,1%), enquanto os menores percentuais foram registrados em Belém
(17,3%) e Fortaleza (17,4%) (Tabela 2.6.10).
Os dados da PeNSE para os Municípios das Capitais, em 2009 e 2012, não
mostraram diferenças de grande magnitude. Em 2009, o consumo de bebida alcoólica
nos últimos 30 dias foi de 27,3% e, em 2012, 26,8%.

Local de obtenção da bebida alcoólica


Entre os escolares que consumiram bebida alcoólica 30 dias antes de responder
ao questionário da PeNSE, a forma mais comum de obtê-la foi em festas (39,7%), com
amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%). Outros
10,2% dos escolares adquiriram bebida alcoólica para o consumo durante o período
considerado, na própria casa.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

A proporção de meninas foi preponderantemente maior em relação à proporção de


meninos que informaram adquirir bebida alcoólica em uma festa (44,4% e 33,9%), com
amigos (23,0% e 20,4%) ou em casa (11,2% e 8,8%, respectivamente). Por outro lado,
entre os meninos, a proporção dos que adquiriram bebida alcoólica no mercado, loja, bar
ou supermercado (21,9%) supera a proporção de meninas (10,5%) que mencionaram
estes locais ao adquirir bebida alcoólica (Gráfico 12).

Gráfico 12 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


que informaram consumo de bebida alcoólica, nos últimos 30 dias, por sexo,
segundo o local ou forma que foi adquirida a bebida - Brasil - 2012
44,4
Em uma festa 33,9

23,0
Com amigos 20,4

Mercado, loja, bar ou 10,5


supermercado 21,9

11,2
Em casa 8,8

Dinheiro a alguém 3,1


para comprar 3,4

1,7
Vendedor de rua 4,4

6,1
Outro modo 7,1
%

Masculino Feminino

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Episódio de embriaguez
Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de
embriaguez na vida. Os escolares da Região Sul apresentaram o maior percentual
(27,4%), e os da Região Nordeste, a menor frequência (17,3%). A proporção de alunos
das escolas públicas com episódio de embriaguez foi maior do que a observada nas
escolas privadas: 22,5% e 18,6%, respectivamente (Tabela 2.6.11).
Nos Municípios das Capitais, 24,3% dos estudantes relataram episódios de
embriaguez em 2012. Houve um aumento em relação a 2009, quando este percentual
foi de 22,1%.
No que diz respeito à percepção dos escolares sobre a reação de sua família, caso
eles chegassem em casa bêbados, 89,7% dos adolescentes afirmaram que a família
se importaria muito, 5,9% se importaria um pouco, 1,7% não se importaria e 2,7%
não souberam responder. A percepção dos escolares sobre a desaprovação dos pais
ou responsáveis em relação à embriaguez dos seus filhos foi maior na Região Nordeste
(91,8%) e menor na Região Centro-Oeste (87,9%). Segundo os dados da PeNSE 2012,
as famílias de grande parte dos escolares da rede privada (91,6%), como das escolas
públicas (89,3%), iriam se importar muito caso os adolescentes chegassem em casa
bêbados (Tabela 2.6.12).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Com relação ao consumo de álcool, 10,0% dos estudantes relataram ter tido
problemas com suas famílias ou amigos, faltaram às aulas ou se envolveram em brigas,
porque tinham bebido. A proporção de escolares que declararam problemas com o
consumo de álcool variou de 11,5%, na Região Centro-Oeste, a 8,4%, na Região
Nordeste. O percentual de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool
foi discretamente maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).

Uso de drogas ilícitas


O uso intenso de cannabis, também conhecida por maconha, está relacionado
a uma série de problemas, incluindo comprometimento cognitivo, baixo desempenho
escolar, deterioração e abandono, externalização de problemas, tais como a tomada
de riscos, agressão e delinquência e problemas de internalização, como depressão e
ansiedade, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).
Segundo a pesquisa HBSC, da OMS, 17,0% dos adolescentes com 15 anos dos
países da Europa e da América do Norte relataram uso de maconha pelo menos uma vez
em suas vidas, e 8,0%, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa
(consumo recente). Os meninos são mais propensos a usar maconha e sofrem influências
sociais de amigos ou irmãos mais velhos. Nos Estados Unidos, 30,0% dos meninos
e 26,0% das meninas fumaram maconha pelo menos uma vez na vida, assim como
16,0% dos meninos e 12,0% das meninas fumaram maconha nos 30 dias anteriores
à pesquisa, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).

Uso de drogas ilícitas alguma vez na vida


A PeNSE 2012 investigou o uso de drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína,
crack, cola, loló, lança perfume, ecstasy. Os dados evidenciaram que 7,3% dos escolares
já usaram drogas ilícitas. Considerando as Grandes Regiões, os maiores percentuais
foram observados nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%).
Analisando os resultados segundo os Municípios das Capitais, os maiores
percentuais foram encontrados em Florianópolis (17,5%) e Curitiba (14,4%), enquanto
os menores, em Palmas e Macapá (aproximadamente 5,7% em ambas).
Os escolares do sexo masculino, com 8,3%, foram mais frequentes no uso de
drogas ilícitas no Brasil. Entre os escolares do sexo feminino, o percentual foi de 6,4%.
A proporção de estudantes de escolas públicas que fizeram uso de drogas ilícitas foi de
7,5%, e a dos escolares da rede privada atingiu 6,5% (Tabela 2.6.14).
Considerando os escolares com 15 anos que usaram drogas antes dos 13 anos de
idade, o percentual para o conjunto do País foi de 2,6%, variando de 1,2%, na Região
Norte, a 4,4%, na Região Sul.
A PeNSE 2009 identificou que a experimentação de drogas ilícitas foi de 8,7% para
o conjunto dos alunos pesquisados nos Municípios das Capitais. Em 2012, a proporção
para este indicador, entre os adolescentes que frequentavam o 9º ano em escolas dos
Municípios das Capitais do País, foi de 9,9%, representando um ligeiro aumento em
relação ao resultado observado há três anos atrás.
Em 2009, os meninos entrevistados, que relataram o uso de drogas ilícitas,
representavam 10,6% e entre as meninas o percentual foi de 6,9%. Em 2012, os
percentuais no conjunto dos Municípios das Capitais por sexo masculino e feminino
foram 10,7% e 9,2%, respectivamente.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Ainda na comparação dos resultados para estudantes dos Municípios das Capitais
do País, observa-se que, em 2009, a proporção de estudantes de escolas públicas que
fizeram uso de drogas ilícitas atingiu 9,0%, e a da rede privada foi de 7,6%. Em 2012,
as proporções de estudantes por esfera administrativa da escola alcançaram 10,6%,
entre os alunos da rede pública, e 7,8%, entre os da rede privada.

Uso de maconha e crack


O consumo atual de maconha é medido por aqueles que usaram esta droga nos
30 dias que antecederam a data da pesquisa. Quando considerado o consumo atual
de maconha para o total dos escolares pesquisados no País, a proporção foi de 2,5%.
Os percentuais por sexo, neste indicador, foram de 3,1%, para os escolares do sexo
masculino, e 2,0%, para os do sexo feminino. Os escolares residentes na Região
Sul apresentaram maior consumo atual de maconha (3,6%). O menor percentual
foi observado na Região Nordeste, 0,9%. Considerando os Municípios das Capitais,
Florianópolis apresentou a maior proporção do consumo atual de maconha (10,1%)
(Tabela 2.6.15).
Os resultados da PeNSE 2012 também mostraram que, considerando exclusivamente
os escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, 34,5% utilizaram maconha
(Tabela 2.6.16) e 6,4% (Tabela 2.6.17) usaram crack, nos 30 dias que antecederam a
pesquisa. Em relação ao conjunto de escolares do País frequentando o 9º ano do ensino
fundamental, 0,5% relataram o uso de crack no período.

Saúde sexual e reprodutiva


Um dos principais aspectos na adolescência é a iniciação da vida sexual. O
comportamento sexual é diferente entre adolescentes de várias regiões do mundo
(WELLINGS et al., 2006). Estudos realizados no Brasil e no mundo mostram que a
vida sexual dos adolescentes tem início cada vez mais cedo e que a precocidade está
associada ao sexo desprotegido e ao maior número de parceiros ao longo da vida
(SHAFII; STOVEL; HOLMES, 2007). A precocidade da primeira relação sexual pode
trazer consequências graves para a saúde dos adolescentes. O não uso do preservativo
ou seu uso inadequado podem acarretar não só a infecção por doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs) e HIV, como provocar gravidez indesejada (GRANERO; PONI;
SÁNCHEZ, 2007).
Fatores do contexto familiar e da escola podem ser protetores para o comportamento
sexual de risco. Estudo sobre a influência dos fatores contextuais no comportamento
sexual de adolescentes, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE
2009, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostrou que
viver com ambos os pais, ter um maior envolvimento familiar e monitoramento parental,
além de receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva na escola, têm impacto
positivo no comportamento sexual de adolescentes, como menor chance de ter relação
sexual precocemente e realizar sexo desprotegido (OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013).
A educação sexual na escola é importante para dar orientação adequada para a
primeira relação sexual dos adolescentes. Ações dos Ministérios da Saúde e da Educação
têm implantado programas de acesso aos meios e métodos anticoncepcionais para evitar
a gravidez precoce e prevenir as DSTs e a AIDS.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Nesse sentido, a primeira edição da PeNSE, realizada em 2009, teve como objetivo
ampliar o conhecimento sobre a saúde dos escolares, com relação às orientações recebidas
na escola sobre saúde sexual, DSTs e AIDS, prevenção de gravidez e aquisição gratuita de
preservativos. Sob esses aspectos, a PeNSE 2009 mostrou que 89,4% dos estudantes das
escolas particulares e 87,5% dos alunos das escolas públicas responderam ter recebido
orientação sobre DSTs e AIDS. Com relação a receber informações sobre gravidez na
adolescência, 82,1% dos escolares da rede privada e 81,1% da pública responderam
positivamente. Quanto a orientações sobre como adquirir gratuitamente preservativos,
71,4% dos alunos de escolas públicas e 65,8% de escolas privadas disseram receber
tais informações.

Iniciação sexual
As pesquisas têm mostrado que a iniciação sexual de adolescentes do sexo
masculino é mais precoce do que a observada para o sexo feminino. Pesquisa realizada
no Estado de Lara, na Venezuela, com 2 070 estudantes do 7º, 8º e 9º anos demonstrou
que 27,0% dos meninos e 3,8% das meninas já haviam tido relações sexuais. Deste
contingente, 54,9% dos alunos e 23,5% das alunas tiveram sua primeira relação
sexual aos 12 anos de idade (GRANERO; PONI; SÁNCHEZ, 2007). Estudo realizado na
Europa e na América do Norte, Global School-Based Student Health Survey - GSHS,
pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), apontou
que 26,0% dos escolares com 15 anos de idade já haviam tido relação sexual (CURRIE
et al., 2012).
No Brasil, dados da PeNSE 2009, para o conjunto dos Municípios das Capitais,
revelaram que 30,5% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental já haviam tido
relação sexual alguma vez na vida, sendo em maior proporção para os meninos (43,7%)
do que para as meninas (18,7%), bem como entre aqueles que estudam em escola
pública (33,1%) e com idade acima de 15 anos (47,3%). O uso do preservativo na
última relação sexual foi de 75,9%, e também foi a “camisinha” (74,7%) o método
contraceptivo mais utilizado na última relação sexual.
Os resultados da PeNSE 2012, para o Brasil, revelaram que 28,7% dos escolares
já tiveram relação sexual alguma vez na vida. As proporções deste indicador foram de
40,1% entre os meninos e de 18,3% para as meninas. Com relação à dependência
administrativa da escola, 30,9% dos estudantes de escolas públicas e 18,2% dos
estudantes de escolas privadas declararam que tiveram relação sexual. A Região Norte
apresentou o maior percentual (38,2%) de escolares para este indicador, seguida das
Regiões Centro-Oeste (32,1%), Sudeste (29,1%), Sul (27,3%) e Nordeste (24,9%)
(Tabela 2.7.1).

Uso de preservativos
Quanto à informação sobre o uso de preservativos, os dados da PeNSE 2009
mostraram que, no conjunto dos Municípios das Capitais do País, dentre os 30,5% de
escolares que tiveram relação sexual, 75,9% disse ter usado preservativo na última
relação sexual. Segundo dados de estudo divulgado pela OMS, realizado em mais de
40 países, em 2005 e 2006, entre adolescentes com 15 anos de idade, 77,0% relatou
o uso de preservativo na última relação. Nos Estados Unidos, um inquérito realizado em
2007, entre alunos do 9º até o 12º ano (equivalente ao Ensino Médio), verificou que,
entre escolares que tiveram relação sexual, 61,5% usou preservativo durante a última
experiência (CURRIE et al., 2008a; MALTA et al., 2011b).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que, quanto ao uso de preservativos pelos


escolares, dos 28,7% que declarou relação sexual alguma vez na vida, 75,3% disse ter
usado preservativo na última vez. Desse total, 77,1% é do sexo masculino e 71,8%,
do sexo feminino. Com relação à dependência administrativa da escola, não houve
diferença significativa: 75,0% corresponde a estudantes da rede privada, e 75,4%,
da rede pública. Com relação às Grandes Regiões, os percentuais ficaram próximos: a
Região Norte registrou o mais elevado, 77,1%, e a Região Nordeste, 74,0%, apresentou
a menor proporção (Tabela 2.7.2).

Acesso na escola a informações sobre sexualidade


A PeNSE 2012 mostrou que 89,1% dos escolares disseram ter recebido informações
sobre doenças sexualmente transmissíveis e AIDS na escola. Em relação à dependência
administrativa da escola, não houve diferença entre escolares de escolas públicas (89,2%)
e privadas (88,7%). Na análise por Grandes Regiões, a Região Sul (91,4%) obteve o
maior percentual, vindo, em seguida, as Regiões Nordeste (90,3%), Norte (88,9%),
Centro-Oeste (88,7%) e, por último, a Região Sudeste (87,9%) (Tabela 2.7.3).
A proporção dos alunos entrevistados que receberam orientação na escola sobre
como adquirir preservativos gratuitamente foi de 69,7%. Em relação à dependência
administrativa da escola, o percentual encontrado entre os estudantes da rede pública
(72,3%) foi maior do que o registrado entre os da rede privada (56,7%). A Região
Centro-Oeste apresentou o maior percentual (73,3%), enquanto a Sudeste, o menor
percentual (68,1%) (Tabela 2.7.4).
Cerca de 82,9% dos escolares responderam ter recebido orientação na escola
sobre prevenção de gravidez. Não foram verificadas diferenças significativas entre
escolares de escolas públicas (83,3%) e escolas privadas (80,8%). A Região Sul (86,2%)
registrou o maior percentual; a Região Sudeste, o menor, 81,0% (Tabela 2.7.5).

Violência, segurança e acidentes


Em 2002, a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization -
WHO), no relatório mundial sobre violência e saúde definiu a violência como: “Uso da
força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou
contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”
(KRUG et al., 2002, p.5, tradução nossa).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990)
constitui uma das estratégias do Estado e da sociedade para preservar os direitos
fundamentais da população brasileira nessas faixas etárias. O Estatuto assegura
que nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência,
exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família. Estabelece
também que todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes têm o
dever de comunicar aos Conselhos Tutelares situações de maus tratos (BRASIL, 1990).
A violência intrafamiliar se caracteriza por todo tipo de agressão que prejudique o
bem estar, a integridade física ou psicológica, a liberdade, ou o direito de desenvolvimento
de algum membro da família. Segundo a OMS, podem ser distinguidos quatro tipos de
violência contra a criança e o adolescente: a física, a sexual, a emocional ou psicológica
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

e a negligência, as quais podem resultar em danos ao seu crescimento, desenvolvimento


psicológico e maturação. Esses tipos de violência são, na maioria das vezes, encobertos
e revelam uma triste realidade: a família, da qual se espera a proteção e o apoio, pode
também ser fonte de risco (MASCARENHAS et al., 2010).
Estudo realizado na Europa e na América do Norte, Global School-Based Student
Health Survey - GSHS, pela OMS, apontou que 14,0% dos alunos com 11 anos de
idade estiveram envolvidos em uma briga com luta física, por pelo menos três vezes,
nos 12 meses anteriores à pesquisa. Este percentual é igual a 13,0% aos 13 anos, e
10,0% aos 15 anos de idade. A prevalência de luta física relatada na maioria dos países
diminui com o aumento da idade, ou seja, é maior entre os adolescentes com idades de
11 a 13 anos do que entre os mais velhos, de 15 anos ou mais. No total, 25,0% dos
meninos e 7,0% das meninas afirmaram ter se envolvido em uma briga com luta física,
por pelo menos três vezes, nos 12 meses anteriores à pesquisa (CURRIE et al., 2012).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os
estudantes do 9º ano do ensino fundamental, investigou temas relacionados a vários
aspectos em que a violência pode afetar aos escolares, como: sentimento de insegurança
no deslocamento para a escola e no espaço escolar, envolvimento em brigas com armas
de fogo e branca, agressão física perpetrada por adulto da família, lesões e ferimentos
sofridos, violência no trânsito, e bullying.

Segurança no trajeto casa-escola e no espaço escolar


Em 2012, os resultados da PeNSE mostraram que, no País, a proporção de
estudantes que deixaram de ir à escola, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se
sentirem seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa, foi de 8,8%.
Observou-se que este percentual foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,5%) do
que entre aqueles de escolas privadas (5,0%). A proporção de alunos que deixaram de
ir à escola porque neste ambiente não se sentiam seguros alcançou 8,0%. A frequência
foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,1%) do que de escolas privadas (4,4%).
Na Região Sudeste, 9,9% dos estudantes faltaram às aulas por insegurança no trajeto
casa-escola e 8,7%, por insegurança no espaço escolar (Tabela 2.8.4).

Envolvimento em briga com armas


No que se refere às brigas com arma branca, 7,3% dos escolares declararam
envolvimento, nos 30 dias que antecederam a pesquisa, sendo este mais frequente
em alunos do sexo masculino (10,1%) do que do sexo feminino (4,8%). Os alunos de
escola pública que se envolveram em algum episódio dessa natureza corresponderam a
7,6%, enquanto os de escola privada foram 6,2%. A Região Centro-Oeste apresentou
o maior percentual de envolvidos neste gênero de briga, 8,4% (Tabela 2.8.6).
O envolvimento em brigas com arma de fogo foi declarado por 6,4% dos escolares,
sendo também mais frequente entre alunos do sexo masculino (8,8%) do que do sexo
feminino (4,3%). Observaram-se diferenças entre as esferas administrativas das escolas,
no que diz respeito ao envolvimento em briga com armas de fogo, sendo 6,7% para
estudantes de escolas públicas e 4,9% para estudantes de escolas privadas. A Região
Centro-Oeste também registrou a maior proporção de estudantes que participaram de
brigas em que havia arma de fogo, 8,0% (Tabela 2.8.5).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Agressão física por adulto da família


A informação sobre agressão física efetuada por um adulto da família, nos 30 dias
que precederam a pesquisa, foi mencionada por 10,6% dos escolares no País. Este tipo
de violência foi declarada por 11,5% das meninas e 9,6% dos meninos (Gráfico 13).

Gráfico 13 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que


informaram ter sido agredidos fisicamente por um adulto da família, nos últimos 30 dias,
por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2012
%

13,3
12,9

11,7
11,5

11,0
11,0
9,6

9,3
9,2

8,8
8,4
7,8

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Masculino Feminino

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

O percentual registrado entre estudantes de escolas públicas foi maior (10,8%) do


que entre os que frequentavam escolas privadas (9,9%). A Região Sudeste apresentou
proporção de 12,0% de adolescentes que sofriam agressão física praticada por alguém
da família, sendo o maior percentual verificado entre as Grandes Regiões (Tabela 2.8.7).
Observou-se, ainda, em todas as Grandes Regiões do País, que entre as meninas era mais
elevada a proporção que sofria agressão física praticada por familiar. Nas Regiões Sul e
Sudeste, 13,3% e 12,9%, respectivamente, das adolescentes se disseram vítimas de
agressão por alguém da família ao menos uma vez, nos 30 dias anteriores à pesquisa.

Lesões e ferimentos sofridos


A parcela de escolares do 9º ano do ensino fundamental que afirmaram ter sido
seriamente feridos, uma ou mais vezes, nos 12 meses que antecederam a pesquisa,
foi de 10,3% no País, sendo 11,8% do sexo masculino e 8,9%, do feminino. No que
diz respeito à dependência administrativa da escola, as proporções foram de 10,6%
para os estudantes de escolas públicas e 8,8% para os de escolas privadas. Dentre as
Grandes Regiões, o Norte apresentou o maior percentual (12,5%) de estudantes que
vivenciaram essa situação (Tabela 2.8.12). Observou-se ainda que nos Municípios de
Boa Vista e de Macapá as proporções de estudantes que relataram a ocorrência de
ferimentos sérios foram as mais elevadas: 15,4% e 14,6, respectivamente.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Violência no trânsito
Os acidentes de trânsito constituem uma das principais causas de morte e
hospitalizações de jovens e adolescentes no Brasil. Tanto os resultados da PeNSE 2009
como os da PeNSE 2012 revelaram que parcela significativa de alunos do 9º ano do
ensino fundamental não respeitavam as leis de trânsito ou se expunham a riscos. Fatores
como o não uso de cinto de segurança em veículos motorizados, a não utilização de
capacete em motocicletas, a direção de veículo motorizado, assim como o transporte
em veículos conduzidos por pessoas que ingeriram bebida alcoólica foram relatados nas
duas edições da pesquisa. “Os resultados estão de acordo com as elevadas taxas de
morbimortalidade de jovens no país por [acidentes de transporte terrestre] (ATT), o que
reforça a importância de ações educativas para adolescentes [...], além de fiscalização
rigorosa” (MORAIS NETO et al., 2010, p. 3043)

Uso de cinto de segurança


Do conjunto de adolescentes, 16,1% relatou não ter usado cinto de segurança,
nas ocasiões em que encontravam-se em veículo motorizado dirigido por outra pessoa.
Observou-se que 17,5% das meninas e 14,6% dos meninos não usaram cinto de
segurança nos 30 dias anteriores à pesquisa. Entre os alunos de escolas públicas, o
percentual foi de 17,5%, maior do que o registrado para os estudantes de escolas
privadas (10,8%). A Região Nordeste apresentou a maior proporção de escolares que
não cumpriam essa norma básica de segurança no trânsito, 23,3%. Nas Regiões Sul
e Centro-Oeste, foram encontrados os menores percentuais de estudantes que não
utilizaram cinto de segurança (Tabela 2.8.8).

Direção de veículo motorizado


A direção de veículo motorizado nos 30 dias que antecederam a pesquisa foi
declarada por 27,1% do total de escolares. É importante ressaltar que os estudantes
que responderam à PeNSE 2012 eram adolescentes, na sua maioria, com idades de
13 a 15 anos. No País, a idade mínima permitida para dirigir é de 18 anos, segundo as
leis que regem o Código de Trânsito Brasileiro. A proporção dos alunos que dirigiram
veículos motorizados (38,6%) foi mais que duas vezes superior à das alunas (16,6%).
A Região Norte apresentou o maior percentual (34,7%) de alunos que disseram ter
dirigido nos 30 dias anteriores à data da pesquisa (Tabela 2.8.9).

Transporte em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram


bebida alcoólica
Os dados da PeNSE 2012 mostraram que 22,9% do total de escolares foram
transportados, nos 30 dias anteriores à pesquisa, em veículos motorizados dirigidos por
motoristas que consumiram bebida alcoólica. Os estudantes de escolas privadas estiveram
mais expostos a esse risco, 25,8%, do que os de escolas públicas, 22,3%. O Centro-
Oeste, dentre as Grandes Regiões, apresentou o maior percentual de estudantes (26,8%)
que respondeu ter andado em veículos motorizados nessa condição (Tabela 2.8.10).

Uso de capacete ao andar de motocicleta


Do conjunto de estudantes, 19,3% declararam não ter usado o capacete, nas
ocasiões em que andaram de motocicleta, nos 30 dias anteriores à pesquisa. A não
utilização desse equipamento foi maior entre estudantes do sexo feminino (21,7%) do
que do masculino (16,9%).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Dentre as Grandes Regiões, a Centro-Oeste (94,0%) e a Sul (93,1%),


respectivamente, registraram as maiores parcelas de estudantes que usaram o capacete.
O Município do Rio de Janeiro apresentou a menor proporção de estudantes que referiram
a utilização de capacete, 33,1%.

Bullying
O bullying (do Inglês, bully = valentão, brigão) compreende comportamentos
com diversos níveis de violência, que vão desde chateações inoportunas ou hostis
até fatos francamente agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas,
sem motivação aparente, provocados por um ou mais alunos em relação a outros,
causando dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outras sensações.
Outros membros da comunidade escolar podem ser afetados pelo bullying, envolvendo
frequentemente os mesmos atores, nas mesmas posições de agente e de vítima. Trata-
se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e
vítima(s), nas quais se tem dificuldade de defesa. Na literatura especializada, adota-se
também o termo vitimização. Esse tipo de atitude deve ser identificado como violência
pela comunidade escolar e deve ser trabalhada para a construção de um ambiente
saudável (LIBERAL, et al., 2005).
Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar
(Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e
América do Norte, mostraram que 13,0% dos alunos com 11 anos de idade sofreram
bullying na escola, por no mínimo duas vezes nos dois meses anteriores à pesquisa:
12,0%, aos 13 anos, e 9,0%, aos 15 anos de idade (CURRIE et al., 2012). Estudo
realizado em 50 estados e no Distrito de Columbia, nos Estados Unidos, com 15 503
estudantes, em 158 escolas, revelou que 20,1% dos estudantes foram vítimas de
bullying na escola nos 12 meses que antecederam a pesquisa, sendo ele mais frequente
entre as meninas (22,0%) do que entre os meninos (18,2%), segundo o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC)
(YOUTH..., 2012).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 57,6% dos estudantes do 9º ano
do ensino fundamental foram bem tratados pelos colegas quase sempre ou sempre.
Cerca de 62,8% das alunas declararam ter sido bem tratadas pelos colegas, enquanto
entre os meninos esse percentual foi de 52,0% (Tabela 2.8.1).
Em relação ao fato de sofrer bullying pelos colegas de escola, 7,2% dos escolares
afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações, no
conjunto do Brasil.
Os percentuais foram maiores entre os estudantes do sexo masculino (7,9%) do
que do feminino (6,5%). Entre os alunos de escolas privadas, a proporção foi de 7,9%
e entre aqueles de escolas públicas, 7,1%.
Os resultados da PeNSE 2012 demonstraram que 20,8% dos estudantes praticaram
algum tipo de bullying (esculachar, zoar, mangar, intimidar ou caçoar) contra os colegas,
levando-os a ficarem magoados, incomodados ou aborrecidos, nos últimos 30 dias
anteriores à pesquisa. Foi observado que a prática de bullying era proporcionalmente
maior entre os estudantes do sexo masculino (26,1%) do que do feminino (16,0%)
(Tabela 2.8.3).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Hábitos de higiene
A promoção dos hábitos de higiene, abastecimento adequado de água e saneamento
básico são componentes que trazem implicações amplas no estado geral de saúde dos
indivíduos (CURTIS, 2000). Nos países em desenvolvimento, as infecções respiratórias
e as doenças diarreicas são responsáveis por um grande número de óbitos em crianças;
ambas as causas podem ser facilmente evitáveis por meio da prática de lavagem adequada
das mãos. Doenças causadas por helmintos e algumas infecções oculares também
podem ser prevenidas por meio da lavagem das mãos, segundo a Organização Mundial
da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (KRUG et al., 2002). Em pesquisa
conduzida em nove países da África, com escolares de 13 a 15 anos de idade, 62,2%
relatou que lavava as mãos regularmente antes das refeições; 58,4%, após utilizar o
banheiro; e 35,0% higienizava as mãos utilizando sabão (PENGPID; PELTZER, 2011).
Em 2012, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE, realizada com os
estudantes do 9º ano do ensino fundamental, introduziu em seu questionário o módulo
sobre higiene, com as seguintes variáveis: lavar as mãos antes de comer, lavar as mãos
após uso do banheiro ou vaso sanitário, e usar sabão/sabonete ao lavar as mãos.

Lavar as mãos
De acordo com os resultados da PeNSE 2012, em relação aos hábitos de higiene,
15,2% dos escolares responderam que nunca ou raramente lavaram as mãos antes de
comer, nos 30 dias anteriores à pesquisa. Entre os adolescentes do sexo masculino,
este percentual foi de 14,4%; para os do sexo feminino, foi registrada uma proporção
de 16,0%. Em todas as Grandes Regiões, o percentual de escolares que nos últimos
30 dias informou nunca ou raramente lavar as mãos antes de comer foi menor do que
20%, sendo a Região Sul a que apresentou a menor proporção, 13,5% (Tabela 2.9.1).
Por outro lado, a quase totalidade dos alunos pesquisados (91,8%) afirmou ter
lavado as mãos após uso do banheiro ou vaso sanitário. Nas escolas públicas, 8,6%
dos alunos responderam não lavar as mãos após uso do banheiro ou vaso sanitário nos
30 dias prévios à pesquisa. Nas escolas privadas, esse percentual foi de 6,4%. Essa
proporção foi menor para os escolares do sexo feminino (7,0%) do que entre aqueles
do sexo masculino (9,5%). A Região Sul apresentou as menores proporções (6,4%)
(Tabela 2.9.2).
Tendo em vista que a maior parte dos alunos declarou lavar as mãos antes de
ingerir alimentos e após uso do banheiro, ressalta-se ainda que 9,1% dos escolares
do 9º ano do ensino fundamental nunca ou raramente usaram sabão/sabonete quando
lavaram as mãos nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Essa proporção foi maior
entre os meninos (10,0%) do que entre as meninas (8,3%). Em relação à dependência
administrativa da escola, a maior frequência de escolares que não usaram sabão/
sabonete para lavagem das mãos, ou o fizeram raramente no período, foi de 9,6% nas
escolas públicas e 7,0% nas escolas privadas. O menor percentual entre os estudantes
foi verificado na Região Sul (8,1%) (Tabela 2.9.3).

Saúde bucal
A saúde bucal é modulada pelas atitudes individuais, tanto por fatores de risco
comuns a outras doenças crônicas, como dieta rica em açúcar, uso de tabaco e bebidas
alcoólicas, quanto por fatores de proteção, como exposição adequada ao flúor e boa
higiene oral. A escovação regular dos dentes, pelo menos duas vezes ao dia, é um dos
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

métodos mais eficazes para prevenir cárie dentária e doenças periodontais (ADDY et
al., 1994). Estudos nessa área mostram que indivíduos mais jovens costumam relatar
maior frequência de visitas ao dentista e de higiene oral. Segundo o inquérito nacional
sobre saúde bucal, SB Brasil 2003, realizado pelo Ministério da Saúde (PROJETO...,
2005), 48,5% dos adolescentes relataram visita ao dentista há menos de um ano, e
23,0%, entre um e dois anos.
No estudo de Lisbôa e Abegg (2006), 67,0% dos indivíduos de 15 a 19 anos de
idade relataram visita ao dentista há menos de um ano, no entanto 44,0% afirmaram ir
ao dentista apenas quando têm dor. As mulheres apresentaram percentual de escovação
mais frequente do que os homens. Entre os adolescentes de 14 a 19 anos de idade,
54,0% afirmaram escovar os dentes três vezes ao dia, e 34,0% relataram usar fio dental.
A cárie dentária acomete todas as faixas etárias e é a doença crônica mais comum
em crianças de 5 a 17 anos de idade, ainda que medidas simples, como a higiene oral
adequada, possam evitá-la. Para os jovens, além de causar dor, a cárie dentária pode
afetar o desempenho escolar e social, com grande impacto na qualidade de vida.
Estudos demonstraram que escolares com dor de dente apresentaram maior índice
de dentes cariados, perdidos ou obturados, indicando maior necessidade de tratamento.
Aqueles que não relataram ter sentido dor nos últimos três meses mostraram-se mais
satisfeitos com a aparência de seus dentes (RIHS et al., 2008).
Pesquisa conduzida em nove países da África, com escolares de 13 a 15 anos
de idade, apontou que 77,3% escovava os dentes mais de uma vez por dia. Dados da
Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour
in School-Aged Children - HBSC), da Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO), realizada na Europa e na América do Norte, apontaram que 65,0%
dos alunos com 11 anos de idade escovavam os dentes mais de uma vez por dia. Este
percentual é igual a 64,0% entre os alunos de 13 anos, e 65,0% entre aqueles com
15 anos de idade (CURRIE et al., 2012).
No Brasil, estudo conduzido com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar -
PeNSE 2009, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, apontou que
a frequência de escovação dentária três ou mais vezes ao dia foi de 73,6% dos escolares,
enquanto 4,8% relatou não escovar os dentes ou escovar apenas uma vez ao dia.
Em 2012, foi incluído no questionário da PeNSE um novo indicador neste módulo:
ir ao dentista nos últimos 12 meses.

Escovação dos dentes


A proporção de escolares do 9º ano do ensino fundamental que declararam escovar
os dentes três ou mais vezes ao dia foi de 68,4%, sendo ela maior entre as meninas
(72,1%) do que entre os meninos (64,3%). Os alunos de escola pública que referiram
três ou mais escovações diárias representaram 69,1%, enquanto entre os da escola
privada este percentual foi menor, 64,8%. As maiores frequências desse hábito foram
observadas entre os adolescentes das Regiões Norte (74,8%) e Nordeste (70,8%),
quando comparados aos das outras Grandes Regiões (Tabela 2.10.1).

Relato de dor de dente


O sintoma de dor de dente, nos últimos seis meses, foi relatado por 19,0% dos
escolares entrevistados na PeNSE 2012. Esta queixa foi mais frequente nos alunos do
sexo feminino (21,0%) do que entre os do sexo masculino (16,9%). Verificou-se que os
adolescentes que estudavam em escola pública registraram maiores percentuais (20,0%)
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

de relato de dor de dente, nos últimos seis meses, do que os estudantes de escola privada
(15,1%). Os dados da PeNSE 2012 indicaram que, entre os estudantes do 9º ano do
ensino fundamental das Regiões Centro-Oeste e Sul, 21,0% e 20,5%, respectivamente,
afirmaram ter sentido dor de dente nos últimos seis meses (Tabela 2.10.2).

Frequência de ida ao dentista


Mais de 1/3 dos alunos do 9º ano do ensino fundamental (36,4%) declarou não
ter ido ao dentista nenhuma vez no último ano, sendo que o percentual dos meninos
(39,0%) foi maior do que o das meninas (34,0%). O percentual de alunos de escola
pública que não frequentaram o consultório odontológico no último ano foi de 39,0%.
Entre os alunos de escola privada, foi observada a mais alta proporção dos que informaram
três visitas ou mais ao ano, 44,0% (Tabela 2.10.3).

Percepção da imagem corporal


A adolescência é um período de transição para a vida adulta e, por isso, traz
muitas mudanças, tanto a nível biológico, quanto cognitivo, emocional e social. Trata-se
de um momento de adoção de novas práticas e comportamentos, ganho de autonomia
e mesmo exposição a diversas situações. A adolescência é ainda uma fase, na vida das
pessoas, marcada por transformações físicas que podem interferir na formação da sua
autoimagem corporal. Num período de transição, em que não se é criança nem adulto,
tanto o déficit como, principalmente, o excesso de peso, podem gerar insatisfação e
até mesmo distorções em relação à forma como o próprio corpo é percebido.
Nesse sentido, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada
com os alunos do 9º ano do ensino fundamental, avaliou a percepção desses estudantes
acerca de sua imagem corporal, com base nas categorias relativas a seu peso: magro ou
muito magro, normal, gordo ou
Gráfico 14 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano muito gordo (Tabela 2.11.1). No
do ensino fundamental, por sexo, segundo a autopercepção nível nacional, a maioria, 61,9%,
da imagem corporal - Brasil - 2012
% relatou encontrar-se em uma
faixa de peso normal; 22,0% se
64,7 achava magro ou muito magro;
59,3
e 16,2%, gordo ou muito gordo.
Chama a atenção o fato de que
19,1% das alunas se considera-
ram gordas ou muito gordas, ao
passo que uma proporção menor
18,8 17,4 17,2 (13,1%) dos estudantes do sexo
12,2
masculino se incluiu nessa cate-
3,4 4,2
0,9 1,9 goria (Gráfico 14).
Muito magro(a) Magro(a) Normal Gordo(a) Muito gordo(a)
De acordo com os resul-
tados examinados, segundo a
Masculino Feminino
dependência administrativa da
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, escola, destaca-se que 22,8%
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
dos alunos das escolas privadas
se achavam gordos ou muito gor-
dos, enquanto que uma parcela menor, 14,9% dos que frequentavam escolas públicas,
percebiam-se dessa maneira (Tabela 2.11.1).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Em 2012, o percentual de escolares que se avaliaram dentro de um padrão de


normalidade, no que se refere ao peso, era de 59,1% em escolas situadas nos Municípios
das Capitais e no Distrito Federal, enquanto, em 2009, 60,1% dos estudantes informaram
a mesma condição.

Segundo resultados da PeNSE 2009, foi registrado excesso de peso, em 23,0%


dos estudantes, e obesidade, em 7,3%. Embora o excesso de peso e a obesidade
atinjam os adolescentes de maneira geral, entre as meninas a parcela que se declarou
com excesso de peso foi sempre superior àquela registrada entre os meninos.

O exame dos dados de acordo com as Grandes Regiões revela que a proporção mais
elevada de alunos que se achavam gordos/muito gordos, 19,6%, encontrava-se na Região
Sul, seguida pela Região Sudeste, com 17,4% de estudantes que assim se consideravam.
Além disso, cabe ressaltar que as Regiões Norte e Nordeste apresentavam os percentuais
mais elevados de estudantes que declararam ter peso normal, em torno de 64,0%.

Entre os Municípios das Capitais, Porto Alegre foi o que apresentou a maior parcela
de alunos que se percebiam gordos/muito gordos, 22,7%, seguido por Florianópolis, com
21,9%. Em Curitiba, foi observada a maior proporção de estudantes do sexo feminino
que assim se declararam (27,5%), seguindo-se Porto Alegre, com 26,8% de alunas
que se consideraram na mesma situação. Comparando-se os dados de 2012 com os
da edição anterior da pesquisa, realizada em 2009, os percentuais são semelhantes.

Atitude em relação ao peso corporal


Ao analisar os dados da PeNSE 2012 acerca da atitude dos estudantes do 9º ano
do ensino fundamental em relação ao peso corporal, por sexo, no País (Tabela 2.11.2),
observou-se que 1/3 aproximadamente (31,1%) das escolares estavam tentando emagrecer
e 16,0% delas tentavam engordar, enquanto, entre os meninos, um percentual menor
(21,0%) tinha como objetivo perder peso e 19,6% desejava ganhar peso (Gráfico 15).

Gráfico 15 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por sexo, segundo a atitude em relação ao peso corporal - Brasil - 2012
%

38,9
33,9
31,1
21,1 19,6 20,4 19,1
16,0

Fazendo nada Tentando Tentando Tentando manter


perder peso ganhar peso o mesmo peso

Masculino Feminino

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

É importante notar que 19,1% das alunas do 9º ano do ensino fundamental se


achavam gordas ou muito gordas e, no entanto, uma proporção maior (31,1%) relatou
que tentava perder peso.

Considerando as escolas das redes pública e privada, observou-se que existe uma
diferença de mais de 12 pontos percentuais entre os alunos das escolas particulares que
tentaram perder peso (36,4%) e aqueles que frequentavam escola pública e tomavam
essa atitude (24,2%).

Indução de vômitos ou ingestão de laxantes


Com base nos resultados da PeNSE 2012, observa-se que a proporção de alunos
do 9º ano do ensino fundamental, no País, que, nos últimos 30 dias, utilizaram o
método de provocar o vômito ou tomar laxantes foi de 6,0%, e que 6,2% recorreram a
medicamentos, fórmulas ou outro produto para ganhar peso ou massa muscular.

Para o conjunto do País, o procedimento de induzir o próprio vômito ou de tomar


laxantes foi um pouco mais comum entre as meninas que entre os meninos: 6,4% e
5,7%, respectivamente (Tabela 2.11.3).

Nas escolas públicas, o percentual de alunos que adotou esse tipo de procedimento
foi cerca de 5,0%, enquanto nas escolas particulares essa proporção atingiu 6,3%,
diferença estatisticamente significativa (Tabela 2.11.3).

Em relação às Grandes Regiões, os percentuais de estudantes que se utilizaram da


prática de provocar o vômito, com exceção da Região Nordeste (5,2%), apresentaram
variações de 6,2% a 6,5%. Na maioria das Grandes Regiões, esse tipo de atitude
foi mais comum entre os estudantes do sexo feminino do que entre aqueles do sexo
masculino. Na Região Nordeste, essa situação se inverteu, observando-se proporções
de 4,9% das meninas e 5,5% dos meninos adotando esse recurso.

Ingestão de medicamentos, fórmulas ou outro produto


A análise dos resultados acerca da ingestão de medicamentos, fórmulas ou outro
produto com a intenção de ganhar peso ou massa muscular, sem acompanhamento
médico, mostrou que 6,2% dos estudantes recorreram a esse procedimento. Chamou
a atenção o fato de que 8,4% dos escolares do sexo masculino declararam ter tomado
essa atitude, enquanto a metade desse percentual (4,2%) dos alunos do sexo feminino
declararam tê-lo feito, nos 30 dias que precederam a PeNSE 2012. O fato da parcela
de meninos que tomaram essa atitude ser o dobro daquela das meninas deve-se,
possivelmente, à busca de um corpo forte e musculoso.

O percentual de alunos que ingeriram medicamentos, fórmulas ou outro produto


com a intenção de ganhar peso ou massa muscular foi mais elevado (6,4%) nas escolas
públicas do que nas particulares (5,1%).

Na maioria das Grandes Regiões brasileiras, a parcela dos estudantes que tomou
essa atitude esteve em torno de 6,4%. A exceção ocorreu na Região Sul, onde uma
proporção menor de escolares utilizou medicamentos, fórmulas ou outro produto com
a finalidade de aumentar o peso ou a massa muscular (4,9%). Nas Regiões Norte
e Centro-Oeste, foram encontradas as maiores diferenças entre os percentuais de
estudantes do sexo masculino e do feminino que se utilizaram desse recurso. Na Região
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Norte, esses percentuais foram de 9,3% entre os meninos e 4,1% para as meninas.
Na Região Centro-Oeste, 9,1% dos meninos e 3,7% das meninas relataram o uso de
medicamentos, fórmulas ou outro produto com o objetivo referido.

O município onde a maior parcela de estudantes lançou mão desse recurso foi Boa
Vista (9,3%), seguido de São Luís (8,0%), Salvador (7,9%) e Macapá (7,7%). O Município
de Cuiabá registrou a maior diferença na proporção de meninos (11,0%) e meninas (3,1%)
que desejavam ganhar peso ou massa muscular através de medicamentos, fórmulas ou
outro produto, 7,9 pontos percentuais, seguido de Macapá (11,7% entre os meninos e
4,1% para as meninas), com 7,6 pontos percentuais (Tabela 2.11.5).

Saúde mental
A Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) define
como saúde mental um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas
próprias habilidades, recuperar-se do stress rotineiro, ser produtivo e contribuir com a
sua comunidade (PROMOTING..., 2004). Há um vínculo entre transtornos de saúde
mental na adolescência e problemas de saúde pública, os quais podem ser classificados
em quatro grupos: emocionais, de comportamento, de concentração e com drogas
(SANTOS et al., 2011).

Devido às particularidades biopsicossociais, a adolescência é uma etapa da


vida que apresenta vulnerabilidades a diversos agravos sociais, que geram demandas
familiares, comunitárias e para os serviços de saúde (COSTA; BIGRAS, 2007).

A parte específica de saúde mental, do questionário da Pesquisa Nacional de Saúde


do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental,
tem o objetivo de identificar situações de sofrimento subjetivo, como o sentimento de
solidão e a dificuldade de conciliar o sono em função de preocupações. Aborda também
a questão de ter ou não amigos próximos, um aspecto importante para se avaliar o
bem-estar e a capacidade de relacionamento e de interação social dos adolescentes.

Sentimento de solidão
Nesse contexto, a análise dos resultados da Tabela 2.12.1 revelou que 16,5%
dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental no Brasil declararam ter se sentido
sozinhos nos 12 meses que antecederam à pesquisa. Contudo, a desagregação por
sexo aponta para resultados bastante diferentes entre meninos e meninas: enquanto
21,7% dos escolares do sexo feminino declararam ter experimentado esse sentimento,
entre aqueles do sexo masculino a proporção foi de 10,7%.

Ao analisar os resultados por dependência administrativa da escola, observa-se


que há pouca diferença entre os percentuais relativos às escolas privadas e públicas.
Nos Municípios das Capitais, 11,1% dos meninos sentiam-se sozinhos, sendo que o
dobro das meninas (22,2%) referiram esse sentimento. Tomando-se as Grandes Regiões,
observou-se uma variação de 15,5% (Nordeste) a 18,2% (Centro-Oeste) nos percentuais
de estudantes que declararam ter esse sentimento. O estudo por Grandes Regiões reforça
a constatação de que o sentimento de solidão é mais frequente entre as meninas, pois,
em quase todas as Grande Regiões, o percentual de meninos que relatou sentir-se só
foi menos da metade do percentual de meninas na mesma situação.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

O Município de Campo Grande foi a capital em que se registrou a maior parcela


de escolares que informaram o sentimento de solidão (18,7%), nos 12 meses anteriores
à realização da PeNSE 2012, seguido por Belém (18,4%), Natal (18,2%) e Palmas
(18,0%). A menor proporção foi encontrada no Município de Belo Horizonte (14,6%).
Em três municípios, Campo Grande, Palmas e Curitiba, ¼ das meninas (25,0%) referiu
esse sentimento. Entre os alunos do sexo masculino, o maior percentual de meninos
que se sentiram sós foi encontrado no Município de Belém (14,5%).

Embora os resultados registrados para escolas particulares e públicas sejam


muito próximos, vale destacar que dois Municípios das Capitais registram proporções
muito diferentes: em Vitória, 20,1% dos estudantes de escolas públicas e 12,3% dos
estudantes de escolas particulares relataram ter sentido solidão no ano que antecedeu
à pesquisa; e, em Teresina, 20,6% dos alunos de escolas privadas e 15,8% dos alunos
de escolas públicas declararam esse mesmo sentimento.

Gráfico 16 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, que


se sentiram sozinhos na maioria das vezes ou sempre, durante os últimos 12 meses,
por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2012
%

21,7 21,3 22,4 23,4 24,0


19,3
10,7 10,3 10,6 10,5 10,8 12,0

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Masculino Feminino

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.

Perda do sono em decorrência de preocupações


A parcela de estudantes do 9º ano do ensino fundamental no Brasil que declarou
ter perdido o sono devido a preocupações, na maioria das vezes ou sempre, nos últimos
12 meses, foi de 9,7% (Tabela 2.12.2). Observou-se que, entre as estudantes, a
proporção das que perdiam o sono era de 12,8%, ao passo que, entre os estudantes do
sexo masculino, era de 6,3%. No âmbito dos Municípios da Capitais, as preocupações
afetavam o sono de 13,5% das meninas e de 6,4% dos meninos.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Na análise por Grandes Regiões, as proporções de escolares que relataram ter


perdido o sono em decorrência de preocupações variaram de 9,1% (Norte) a 10,3%
(Centro-Oeste). As Regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores diferenças
percentuais no que se refere à distribuição por sexo. No Sudeste, 13,8% das meninas
perderam o sono em decorrência das preocupações e 6,6% dos meninos foram
acometidos pela perda do sono por este motivo. No Centro-Oeste, as proporções foram,
respectivamente, de 13,3% e 7,0%.

Os Municípios de Salvador, Campo Grande e Manaus registraram as maiores


proporções de escolares com dificuldade de dormir devido a preocupações:
respectivamente,11,7%, 11,5% e 11,1%. Observou-se que os maiores percentuais de
estudantes do sexo feminino que declararam perder o sono em razão de preocupações
encontravam-se nos Municípios de Salvador (15,1%), Campo Grande (14,9%) e São
Paulo (14,8%). Campo Grande também apresentou a maior parcela de meninos (8,2%)
que referiram ter perdido o sono face às preocupações que os afligiam.

Existência de amigos
No que se refere às interrelações sociais, a maioria (91,2%) dos escolares do 9º
ano do ensino fundamental no Brasil afirmou ter, no mínimo, três amigos próximos, e
somente 3,5% deles declararam não ter amigos próximos, sendo 4,6%, meninos, e
2,5%, meninas (Tabela 2.12.3).

A comparação desses resultados com aqueles sobre sentir-se só (Tabela 2.12.1)


demonstram, conforme mencionado anteriormente, que 16,5% dos estudantes
declararam ter se sentido só nos 12 meses que precederam a pesquisa, sendo 10,7%
do sexo masculino e 21,7% do sexo feminino.

Examinando-se as respostas dos estudantes às questões que tratam das relações


interpessoais, como não ter amigos próximos, por sexo e segundo as Grandes Regiões,
observa-se que entre os estudantes do sexo masculino é sempre mais elevado o
percentual dos que declararam não ter amigos próximos. Destacam-se as Regiões Sudeste
e Centro-Oeste, onde as proporções de alunos sem amigos foi mais que o dobro do que
as encontradas para as alunas.

Ainda no tocante às Grandes Regiões, ao analisar a parcela de estudantes que


tinham amigos, observou-se que a maioria, independentemente do sexo, tinham, no
mínimo, três amigos. As proporções variavam pouco, entre 90,0% e 92,0% nas cinco
Grandes Regiões (Tabela 2.12.3).

A situação das capitais brasileiras em relação a esse indicador não apresentou


muitas diferenças: a maioria dos estudantes relatou ter, no mínimo, três amigos e, ao
analisar as diferenças por sexo, verificou-se que os percentuais são muito próximos,
variando de 90,0% a 93,8%. A exceção ocorre com o Município de Campo Grande,
onde 89,5% dos estudantes do sexo masculino e 72,9% daqueles do sexo feminino
declararam ter, no mínimo, três amigos (Tabela 2.12.3).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

Observou-se que 21,7% das alunas do 9º ano do ensino fundamental no País


referiram ter experimentado o sentimento de solidão, na maioria das vezes ou quase
sempre, percentual duas vezes superior ao dos meninos (10,8%). Verificou-se ainda
que, no País, entre as meninas, os distúrbios de sono eram mais frequentes (12,8%)
do que entre os meninos (6,3%). Assim, percebe-se que as escolares do sexo feminino
estavam mais expostas aos riscos para a saúde, que horas perdidas de sono por motivos
que as preocuparam muito podem provocar. Por outro lado, verificou-se que a maioria
dos estudantes (91,2%) tinha, no mínimo, três amigos e que somente 3,5% não tinha
amigos próximos. Entre as meninas, esse percentual era ainda menor, 2,5%.

Uso de serviços de saúde


Na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os
estudantes do 9º ano do ensino fundamental, foi inserido o módulo sobre uso de
serviços de saúde. Alguns trabalhos apontam as dificuldades de acesso aos serviços
de saúde pelos adolescentes (MARQUES, QUEIROZ, 2012).

Uma pesquisa realizada em escolas no Município de Niterói, Rio de Janeiro, no


período de outubro de 2003 a junho de 2004, com estudantes de 12 a 17 anos de
idade, observou que 46,0% dos adolescentes entrevistados sentiram necessidade de
procurar algum serviço de saúde nos três últimos meses. Quanto à procura por este
serviço, 47,7% dos adolescentes afirmaram que os fatores associados a esta demanda
foram: estudar em escola privada; e estar em tratamento de doença e sentir necessidade
de procurar o serviço. Os motivos para a não procura do serviço foram: considerar a
doença como não grave; preguiça; falta de tempo; o responsável não poder levá-lo; e
o não funcionamento do serviço de saúde (CLARO et al., 2006).

As perguntas inseridas no questionário da PeNSE 2012 relativas ao uso de serviços


de saúde pretendiam observar as seguintes questões: se os escolares procuraram algum
serviço ou profissional de saúde para atendimento relacionado à própria saúde; qual
serviço de saúde foi procurado mais frequentemente; se houve procura por algum Posto
de Saúde (Unidade Básica de Saúde); e se os escolares foram atendidos na última vez
em que procuraram algum Posto de Saúde.

Os dados obtidos pela PeNSE 2012 mostram que 48,2% dos escolares procuraram
algum serviço ou profissional para atendimento relacionado à própria saúde, nos últimos
12 meses, sendo essa procura mais frequente entre os estudantes do sexo feminino
(49,1%) do que do sexo masculino (47,2%). Quanto à dependência administrativa
da escola, a procura dos serviços de saúde foi maior entre os estudantes de escolas
privadas (55,8%) do que os de escolas públicas (46,6%). As Regiões Sudeste e
Nordeste apresentaram um maior percentual de procura por esses serviços: cerca de
49,0 % dos alunos (Tabela 2.13.1). Entre os escolares que informaram a procura por
algum serviço de saúde (48,2%), o serviço mais procurado por estes alunos foi o Posto
de Saúde (47,9%), figurando, a seguir, o consultório médico particular (22,4%). Quando
a análise considera a dependência administrativa da escola, as proporções se invertem,
ou seja: a procura por estudantes da rede pública é maior ao posto de saúde, enquanto
o consultório médico é procurado mais frequentemente pelos estudantes das escolas
privadas, conforme demonstra o Gráfico 17.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________

Gráfico 17 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,


por dependência administrativa da escola, segundo o serviço de saúde procurado
mais frequentemente, nos últimos 30 dias - Brasil - 2012
14,2
Posto de Saúde (Unidade Básica de Saúde) 56,3
43,2
Consultório médico particular 17,2

Hospital 12,9
9,6
11,3
Consultório odontológico 6,1

Farmácia 3,9
2,4
Laboratório ou clínica para exames 4,5
complementares 2,1
Consultório de outro profissionalde saúde 2,9
(fonoaudiólogo, psicólogo, etc.) 1,4
3,4
Pronto-socorro ou emergência 1,4

Serviço de especialidades médicas ou Policlínica 0,9


0,7
0,1
Serviço de atendimento domiciliar 0,1

Outro 2,6
2,5
%

Pública Privada

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.

Prevalência de asma
A asma é a doença crônica de maior preva­lência na infância e adolescência,
caracterizada por inflamação brônquica com hiperresponsividade das vias aéreas
inferiores e limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com uso de
broncodilatadores, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - SBPT (IV
DIRETRIZES..., 2006). Esta doença acarreta custos elevados para o sistema de saúde,
interfere na qualidade de vida dos indivíduos e no absenteísmo na escola. Além disso,
quando não controlada, pode ser fatal (GLOBAL..., 2000; ROSA, 2009).
A utilização de questionários padronizados, como os do Estudo Internacional sobre
Asma e Alergias na Infância (International Study of Asthma and Allergies in Childhood
- ISAAC), tem sido importante na comparabilidade de inquéritos sobre o assunto, por
apresentarem boa sensibilidade e especificidade na identi­ficação de casos em estudos
populacionais, orientados para escolares da faixa etária de 6 a 7 anos e para adolescentes
de 13 a 14 anos de idade (SOLÉ, 1998).
Em estudo12 realizado em 2007, utilizando o questionário ISAAC em um município
na região da Amazônia Brasileira (Tangará da Serra, em Mato Grosso), observou-se que a
prevalência de asma, nos 12 meses anteriores à pesquisa, entre adolescentes de 13 a 14
anos de idade, foi de cerca de 15,9% (ROSA, 2009). Entre as causas predisponentes da

12
Este estudo foi desenvolvido como produto do projeto de pesquisa "Avaliação dos efeitos da queima de biomassa na
Amazônia Legal à saúde humana", financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Mato Grosso,
Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e do projeto PAPES IV FIOCRUZ/CNPq, vinculado ao
Instituto Milênio, que está inserido à rede de Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA, Experimento
de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

asma, são citados: fatores genéticos; urbanização; aumento da densidade populacional;


fatores ambientais, como poluição; alérgenos; tabaco; nutrição; infecções; e estilo de
vida (COOPER; RODRIGUES, BARRETO, 2012).
Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a prevalência da asma entre os
adolescentes, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os
estudantes do 9o ano do ensino fundamental, incorporou este tema, incluindo questões
também investigadas no ISAAC, ao perguntar se o escolar teve chiado (ou piado) no
peito e asma alguma vez na vida, nos 12 meses anteriores à pesquisa. Os resultados
apontaram que 23,2% dos escolares tiveram chiado no peito no período, sendo este
mais frequente entre as meninas (24,9%) do que entre os meninos (21,4%). Não foram
observadas diferenças significativas entre estudantes das escolas públicas e da esfera
administrativa privada. A Região Sudeste apresentou o maior percentual de escolares
com chiado no peito (24,9%), e a Região Nordeste, o menor (19,8%). De acordo com
os dados da PeNSE 2012, os escolares com asma foram 12,4% no País, variando de
18,4%, na Região Norte, a 11,4%, na Região Sudeste (Tabelas 2.14.1 e 2.14.2).).

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