Sunteți pe pagina 1din 17

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PARA A

CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL

Susana Peres dos Santos1

Maria Terezinha Hanel Antoniazzi Gardolinski2

RESUMO

A implantação da educação ambiental nas escolas pode ser considerada uma das
formas mais eficazes para a conquista de uma sociedade sustentável. Os debates
mundiais e nacionais sobre o meio ambiente, que aconteceram nos últimos anos,
estabeleceram que as escolas poderiam se tornar aliadas para o alcance do
desenvolvimento sustentável, desde que se transformassem em espaços de
conscientização ambiental, desenvolvendo o senso crítico, a mudança de
comportamento, incentivando o respeito à vida e disseminando novas práticas de uso
dos recursos naturais. Este trabalho teve como objetivo analisar a legislação brasileira
acerca de educação ambiental e a sua implantação no país, bem como apresentar
modelos de escolas sustentáveis de sucesso. Após fazer uma apresentação histórica
sobre os principais acontecimentos mundiais que deram origem ao debate ambiental,
o presente artigo, cita as principais legislações criadas no país, em ordem cronológica,
até chegar ao projeto de Escolas Sustentáveis do governo federal. Ao final, foram
selecionados exemplos de escolas reconhecidas como transformadoras, com o
propósito de que sirvam de inspiração a educadores e governantes para a
incorporação da educação ambiental em todas escolas do Brasil.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Escolas Sustentáveis. Meio Ambiente.


Sociedade Sustentável.

1
Jornalista (UFRGS), pós-graduanda no curso Sustentabilidade e Políticas Públicas do Grupo Uninter
2
Advogada (PUC-PR), Especialista em Direito Constitucional (Unibrasil), Especialista em Formação de Docentes
e Orientadores Acadêmicos no EAD (Grupo Uninter), Professora Orientadora de TCC e Avaliadora em Bancas de
TCC de Pós-graduação (Grupo Uninter)
2

1 INTRODUÇÃO

A educação ambiental nas escolas pode ser determinante para a amenização


dos problemas que, há anos, vêm sendo causados ao meio ambiente pela ação do
homem. As crianças representam as futuras gerações em formação e, como estão em
fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência ambiental
possa ser internalizada e traduzida de forma mais bem-sucedida do que nos adultos,
já que ainda não possuem hábitos e comportamentos constituídos (CARVALHO,
2001, p.46).

O desenvolvimento sustentável, ideal a ser alcançado por todos os países que


discutem os problemas ambientais, surge a partir de uma mudança de costumes, que
pode ser ensinada nas escolas. Estudos têm mostrado que ações educativas
relacionadas ao ambiente natural apresentam ganhos cognitivos, mudança de valores
e auxiliam na construção da consciência social e individual (FONSECA, 2007, p.67
apud PÁDUA, TABANEZ, 1997; TILBERY, 1999; BECKER, ELLIOT, 2000; NKOSKI,
2002).

Fazendo uma análise da legislação federal, pode-se constatar que as leis


brasileiras a respeito da educação ambiental avançaram, nos últimos anos, em
sintonia com os preceitos mundiais. Diversos programas foram desenvolvidos pelo
Ministério da Educação (MEC), sendo o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
- Escolas Sustentáveis, um dos últimos, e que se encontra em fase de implementação.

De acordo com Figueiró (2015), a determinação da temática ambiental na


educação ganhou força, em nível mundial, a partir da proclamação da Década das
Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014); e, em
nível nacional, em 2012, com a implantação da educação ambiental nos currículos
escolares do MEC. A partir de então, foram estabelecidos parâmetros para que a
educação ambiental fizesse parte de todos níveis educacionais, desde a educação
infantil, ensino fundamental, ensino médio, até a educação superior, incluindo também
a educação especial, quilombola e indígena.

A Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-Vida),


criada em 2012, a partir de conferências infantojuvenis promovidas pelo MEC, e o
3

programa Escolas Sustentáveis estão sendo considerados essenciais para o


fortalecimento das políticas de educação. De acordo com Grohe (2015), o programa
Escolas Sustentáveis incentiva a reflexão e prioriza o diálogo entre os conhecimentos
científicos, culturais e os saberes locais, ao mesmo tempo em que propõe a gestão
democrática da escola com a comunidade escolar.

O presente estudo faz um levantamento da execução dos programas


governamentais nas escolas públicas, baseado em dados de artigos e teses de
mestrados. E, ao final, apresenta dois modelos de escolas que são publicamente
reconhecidas como casos bem-sucedidos de escolas sustentáveis. A ideia é a de que
esses exemplos possam ser inspiradores e contribuam para a implantação da
educação ambiental de forma transversal e integral na totalidade das escolas
brasileiras.
4

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: HISTÓRICO, LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, ESCOLAS


SUSTENTÁVEIS E EXEMPLOS BEM SUCEDIDOS

Este artigo foi elaborado por meio de uma revisão bibliográfica relativa à
educação ambiental e dividido em três partes. A primeira, mostra um histórico dos
principais eventos mundiais relacionados ao meio ambiente. A segunda, traz uma
retrospectiva da construção da legislação brasileira sobre o tema. E a terceira parte
apresenta casos de escolas que implementaram a educação ambiental em seus
currículos.

A revisão foi realizada a partir do levantamento de dados publicados por meio


escrito e eletrônico, através de livros e capítulos de livros especializados no tema
desenvolvido; páginas de web sites de pesquisa e de universidades, onde foram
encontrados artigos científicos, teses e dissertações; artigos de revistas; e legislação
pertinente.

HISTÓRICO

Os problemas ambientais começaram a ser discutidos no final dos anos 1960,


início dos anos 1970, baseados em constatações científicas sobre os danos que
estavam sendo causados ao planeta pela exploração dos recursos naturais com
consequente degradação do meio ambiente. Além do consumo desenfreado
produzido pela industrialização, não havia cuidado com a destinação de resíduos
sólidos, tampouco havia comprometimento com a reparação dos problemas
causados, o que ocasionava impacto ambiental.
O despertar da consciência e da sensibilidade social para esses problemas teve
um grande marco com a publicação do livro Primavera Silenciosa (1962), da bióloga
Rachel Carson, que tornou público o resultado de estudo a respeito do efeito da
contaminação química de pesticidas sobre o meio ambiente e a extinção de certas
espécies animais. Pouco tempo depois, aconteceu, em 1968, o encontro do Clube de
Roma, uma associação livre com 75 cientistas, de 25 países. Os resultados foram
publicados no livro Limites do Crescimento, um dos documentos mais influentes a
respeito do alarme ambiental contemporâneo. Segundo Meadows, Randers e
5

Meadows (2007), a sociedade se confrontaria, dentro de poucas décadas, com os


limites do crescimento pelo esgotamento dos recursos naturais. “A partir de então, foi
confirmado que os processos econômicos e sociais precisavam ser revistos” (JACOBI,
2005, p. 237).
Na década de 1970, a educação ambiental passou a ter uma importância
estratégica na busca pela qualidade de vida, pois se tornou essencial para alterar o
os problemas ambientais que se apresentavam no planeta. A primeira grande
conferência mundial sobre o meio ambiente foi realizada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1972, em Estocolmo, da qual participaram representantes
de 113 países. Nesse encontro, foi elaborada a Declaração de Estocolmo que
demarcou alguns princípios, como a relevância dos recursos naturais para a espécie
humana, a necessidade de preservar culturas, respeitar etnias, crenças e de ter
equidade social. Uma das recomendações estabelecidas na Declaração, indicou a
necessidade de realizar a educação ambiental como instrumento estratégico na busca
da melhoria da qualidade de vida e na construção do desenvolvimento (LIMA, 1999,
P.4 apud REIGOTA, 1995; GRÜN, 1996).

A Conferência de Tbilisi, na Geórgia, promovida pela UNESCO, junto com o


Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1977, mostrou a
necessidade da abordagem interdisciplinar para o conhecimento e a compreensão
das questões ambientais por parte da sociedade como um todo (PHILIPPI JUNIOR;
PELICIONI, 2014). E ainda, estabeleceu princípios norteadores, salientando o caráter
interdisciplinar, critico, ético e transformador da educação ambiental. Sendo assim, é
apontado como um dos eventos decisivos para os rumos que a educação ambiental
tomou em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Posteriormente, ocorreram
algumas conferências até 1987, quando foi produzido o Relatório Brundtland - Nosso
Futuro Comum, na Noruega, que apresentou o conceito de Desenvolvimento
Sustentável como sendo aquele capaz de satisfazer as necessidades presentes sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades.

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar deliberadamente sobre


a questão ambiental e sinalizou para a efetivação de ações governamentais relativas
ao meio ambiente no Brasil. O artigo 225 da Constituição expressa:
6

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

A segunda grande conferência de renome internacional ocorreu no Brasil e


colocou o país definitivamente em mobilização para combater os problemas
ambientais. Em 1992, a ONU organizou a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), no Rio de Janeiro, que reuniu mais de 18
mil pessoas de centenas de países, e se transformou num momento especial para a
evolução da educação ambiental. Desse evento, originaram-se três documentos que
estão entre as principais referências para educação ambiental: Agenda 21, Carta
Brasileira para a Educação Ambiental e Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.

A Agenda 21 foi apresentada como um programa de ação global, propondo


ações para um novo modelo de desenvolvimento, com o uso sustentável dos recursos
naturais e preservação da biodiversidade, e pensando a qualidade de vida das futuras
gerações por meio da educação. A Carta Brasileira para a Educação Ambiental cobrou
o compromisso do poder público federal, estadual e municipal para o cumprimento da
legislação brasileira na inserção da educação ambiental em todos os níveis de ensino.
O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global lançou o compromisso da sociedade civil para a construção de um modelo
mais harmônico de desenvolvimento (EFFTING, 2007, p.7,8).

Em 2012, a Conferência Rio+20, em que participaram mais de 190 países,


reafirmou o acordo político das nações com o desenvolvimento sustentável e foram
definidas metas para enfrentar os desafios que afetavam o crescimento econômico, o
bem-estar social e a proteção ambiental. De acordo com Velasco (2013), ao final, foi
elaborado o documento O Futuro que queremos, um compromisso estabelecido por
todas as nações presentes, reconhecendo que o acesso à educação de qualidade era
uma condição essencial para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.
Assegurou o compromisso com o fortalecimento dos sistemas de educação na busca
7

do desenvolvimento sustentável, inclusive através de um melhor treinamento e


desenvolvimento curricular dos educadores.

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

O Brasil passou a criar órgãos encarregados na implantação da educação


ambiental a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. Mas desde 1973,
com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), já havia a
preocupação de esclarecer e educar para o uso adequado dos recursos naturais.
Posteriormente, com a institucionalização da Política Nacional de Meio Ambiente, em
1981, foi estabelecida a necessidade de ser incluída a educação ambiental em todos
os níveis de ensino (BRASIL, 2005, p.22).

A criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ocorreu em 1992, com a


missão de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a
proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais,
a valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável
na formulação e na implementação de políticas públicas, em todos os níveis e
instâncias de governo e sociedade.

Após a realização da Rio-92, o governo federal criou o Programa Nacional de


Educação Ambiental – PRONEA, compartilhado pelo então Ministério do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e pelo Ministério da Educação
e do Desporto, com parcerias do Ministério da Cultura e do Ministério da Ciência e
Tecnologia, cabendo sua execução à coordenação de Educação Ambiental do MEC.
O programa previu a capacitação de gestores e educadores, o desenvolvimento de
ações educativas e o desenvolvimento de instrumentos e metodologias (BRASIL,
2005, p.25).

A educação ambiental foi incluída pela primeira vez no Plano Plurianual do


governo federal, em 1996, e a Lei 9.795 instituiu a Política Nacional de Educação
Ambiental, no ano de 1999. Assim, o governo federal oficializou o entendimento de
educação ambiental:
8

”Entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o


indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade". (BRASIL, 1999)

A Resolução das Nações Unidas n.º 57/254 estabeleceu a Década da


Educação para o Desenvolvimento Sustentável, entre os anos de 2005 e 2014, um
conjunto de atividades para buscar o compromisso prático, coletivo de aprender a
viver sustentavelmente, utilizando a educação como instrumento capacitador.

Em 2002, o decreto n.º 4.281, regulamentou a Política Nacional de Educação


Ambiental (PNEA), definindo sua composição e competências. Iniciaram-se então, os
preparativos para a realização das Conferências Nacionais Infantojuvenis pelo Meio
Ambiente de 2003 e 2006, numa parceria dos Ministérios do Meio Ambiente e da
Educação, que originou o programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas (BRASIL,
2005, p.28 e p.29). A realização de diversos seminários mobilizou estudantes e
delegados de escola, bem como participantes de organizações juvenis em torno das
questões socioambientais.

Nesses encontros, foi estruturada a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade


de Vida na Escola (Com-Vida), juntando a ideia dos jovens da primeira conferência de
criar conselhos de meio ambiente nas escolas, com proposta do educador Paulo
Freire de criar círculos de aprendizagem e cultura nos bairros. A Com-Vida surgiu com
o objetivo de construir a Agenda 21, desenvolver e acompanhar a educação ambiental
de forma permanente e contribuir para que a escola se torne um espaço educador
sustentável, acessível, democrático, saudável, motivador e que estimule a inovação,
a aprendizagem e reflita o cuidado com o ambiente e as pessoas (BRASIL, 2012,
p.13,15).

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES, órgão ligado à


Presidência da República, ao qual compete assessoria na formulação e apreciação
de propostas de políticas, realizou, em 2009, o colóquio denominado
Sustentabilidade, Educação Ambiental e Eficiência Energética: um Desafio para as
9

Instituições de Ensino e para a Sociedade, onde foram discutidos os rumos da


educação ambiental, que geraram as primeiras reflexões para a construção da
proposta que hoje se denomina escolas sustentáveis.

Com a edição do Programa Mais Educação, Brasil (2010), a construção de


escolas sustentáveis passou a fazer parte das políticas públicas do Brasil. O decreto
nº 7083/2010 propôs a ampliação para turno integral nas escolas e incentivou a
criação de espaços educadores sustentáveis. As escolas das redes públicas de
ensino estaduais, municipais e do Distrito Federal, ao aderirem ao programa, optam
por desenvolver atividades nos campos de acompanhamento pedagógico, educação
ambiental, esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes, cultura
digital, promoção da saúde, comunicação e uso de mídias, investigação no campo
das ciências da natureza e educação econômica.

No ano de 2013, aconteceu a IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio


Ambiente, cujo tema foi Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis. Nela,
ocorreu o lançamento do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) – Escola
Sustentável, que tem como base o investimento de recursos financeiros,
disponibilizados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em
escolas que se proponham a desenvolver projetos voltados para a sustentabilidade.
O objetivo é atingir as escolas da rede pública infantil, de ensino fundamental e médio.

ESCOLAS SUSTENTÁVEIS

Antes da estruturação do PDDE- Escolas Sustentáveis, a educação ambiental


nas escolas públicas, estava restrita, na maioria das vezes, a uma ou duas disciplinas,
ou a datas comemorativas, como o Dia da Árvore, a Semana da Água, entre outras.
A ideia de escola sustentável pressupõe que os cuidados com o meio ambiente
estejam inseridos na rotina da escola e estabelece que ela se torne um espaço de
reflexão, em que alunos e professores debatam sobre as melhores ações a serem
desenvolvidas para que os recursos naturais continuem existindo e possam ser
usufruídos.
10

"Espaços educadores sustentáveis são aqueles que têm a intencionalidade


pedagógica de se constituir em referências concretas de sustentabilidade
socioambiental. Isto é, são espaços que mantêm uma relação equilibrada
com o meio ambiente; compensam seus impactos com o desenvolvimento de
tecnologias apropriadas, permitindo assim, qualidade de vida para as
gerações presentes e futuras” (TRAJBER; SATO, 2010).

Há bastante tempo, as escolas tentam colocar a educação ambiental em seus


currículos, entretanto a sua implementação passa por diversas dificuldades. Com o
intuito de verificar como está acontecendo a adesão das escolas aos programas atuais
do governo federal, foram analisados trabalhos que realizaram pesquisas de campo.
Entre eles, está uma dissertação de mestrado na área de educação, que observou o
processo de mudança ocorrido nas escolas contempladas pelo PDDE- Escolas
Sustentáveis. Grohe (2015) participou desse processo em três escolas no município
de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, com o intuito de constatar se a proposta de
Escola Sustentável vem-se constituindo como política pública no Brasil.

No início da pesquisa, foi observada uma grande rotatividade de educadores


nas escolas. Ao assumirem novos cargos, tanto a direção quanto os professores, não
tinham informação sobre as atividades realizadas pelas gestões anteriores. Em razão
do constante remanejo de professores, existia falta de continuidade nos projetos das
escolas.

"Percebi que, de acordo com as três escolas que acompanhei, o currículo, a


gestão e o espaço físico precisam caminhar lado a lado, como define a
proposta de escolas sustentáveis, porém sem pessoas disponíveis para
sensibilizar e provocar a internalização de valores éticos, estéticos e morais
em torno do cuidado com o ambiente, essa proposta não terá êxito” (GROHE,
2015, p.122).

Grohe (2015) comprovou, no decorrer da pesquisa, que o processo de


ambientalização, ocorrido nas escolas durante a preparação para a obtenção dos
recursos financeiros do PDDE – Escolas Sustentáveis, acabou sendo um dos fins
intrínsecos da política pública, pois contribuiu para o estímulo à gestão democrática e
ao espaço físico repensado, privilegiando o diálogo e incentivando processos
educativos sensibilizadores. Ao final de sua pesquisa, constatou que não apenas as
escolas haviam melhorado, mas o município havia se transformado positivamente
11

para instituir o programa, passando a disponibilizar formação permanente e


continuada aos professores para atuarem como articuladores ambientais.

EXEMPLOS BEM SUCEDIDOS

Depois de analisar a rede pública brasileira, buscou-se exemplos de espaços


educadores sustentáveis. O primeiro, localizado na Califórnia, EUA, é o Centro de
Ecoalfabetização, uma fundação de interesse público, que atua desde 1995,
estimulando a sustentabilidade; o segundo, situado em Porto Alegre, é a Escola
Amigos do Verde, da rede privada, que existe desde 1984, ligada a questões
ecológicas.

O livro Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão


ambiental nas suas áreas de conhecimento, no capítulo: Alfabetização ecológica: um
desafio para a educação do século 21, Capra (2008) apresenta a experiência ocorrida
no Centro de Ecoalfabetização, que fundou, em 1995, junto com Peter Buckley e
Zenobia Barlo, localizado em Berkeley, Califórnia,

O Centro desenvolve, nos níveis da escola primária e secundária, um sistema


de educação para uma vida sustentável, com uma pedagogia centrada na
compreensão da vida e que reacende o senso de participação.

No currículo, estão atividades como o plantio de hortas orgânicas e o seu uso


no preparo de alimentos na escola. Segundo Capra (2008), a experiência na horta
restabelece a conexão das crianças com os fundamentos da alimentação e, ao
mesmo tempo em que integra, torna-as mais interessadas nas outras atividades da
escola. Além disso, o Centro mantém projetos estudantis para a recuperação e
exploração de bacias hidrográficas, programas de educação ecológica voltados para
a justiça ambiental, além de organizar parcerias entre fazendas e escolas para
desenvolver o aprendizado.

De acordo com Capra (2008), pesquisas que iniciaram na década de 1950,


indicam que expor crianças a um ambiente rico em experiências sensoriais e desafios
cognitivos tem resultados duradouros, já que na primeira infância a sensibilidade do
cérebro a influências ambientais é mais intensa. Cientistas e psicólogos estão cada
12

vez mais convencidos de que o desenvolvimento infantil repleto de experiências


sensoriais e desafios cognitivos tem efeitos benéficos, que podem durar por muito
tempo, enquanto que não participar de tantas experiências pode inibir o
desenvolvimento neurológico futuro.

As escolas do Centro trabalham com projetos que usam como referência a


horta ou a recuperação de um curso d’água, por exemplo. Isso só acontece porque o
espaço educacional se transformou numa verdadeira comunidade de aprendizagem,
onde professores, alunos e administradores estão conectados em uma rede de
relações, trabalhando juntos. “O ensino não acontece de cima para baixo, mas existe
uma troca cíclica de informações. O foco está na aprendizagem, e todos no sistema
são ao mesmo tempo mestres e aprendizes” (CAPRA, 2008).

A Escola Amigos do Verde, localizada em Porto Alegre, em uma área de 3,6


mil metros quadrados, é o modelo brasileiro, que, há mais de 30 anos, desenvolve
uma proposta de educação integral aliada a questões ecológicas. “Surgiu com o
objetivo de desenvolver uma aprendizagem equilibrada entre as áreas cognitiva e
afetiva” (CARNEIRO, 2011, p.27).

De acordo com a diretora da escola, sua missão é proporcionar aprendizagem


integral ao indivíduo, acreditando na interdependência de seus atos e fomentando a
parceria com a comunidade Amigos do Verde.

“Acolher a diversidade é uma meta a que nos propomos, respeitando as


particularidades e a riqueza inerentes em cada um. Através de práticas
ecológicas, possibilitaremos a expansão da consciência, contribuindo para o
desenvolvimento de um ser mais criativo, reflexivo, autônomo e solidário”
(CARNEIRO, 2011, p.28).

Os alunos mantêm contato diário com a terra, plantas e animais e, desde


2001, a escola implementa espaços com cisternas para captação de água da chuva,
telhados vivos, espiral de ervas e galinheiro móvel. O trabalho em equipe é um
requisito importante para o desenvolvimento do projeto educacional. “Dentro de uma
escola para um planeta sustentável e exercitando a ecologia social, o trabalho
cooperativo da equipe é uma marca que pode ser observada desde o portão da
escola” (CARNEIRO, 2011, p. 136).
13

Esse também é o diferencial do ensino, que preconiza a participação dos


alunos em todas as atividades desenvolvidas. Estudantes e professores chegam
juntos ao tema do projeto a ser estudado, através do consenso, após terem acolhido
opiniões divergentes e argumentado suas vontades. Segundo Carneiro (2011), essa
experiência oportuniza a necessidade de negociação entre os colegas e a integração
com o meio ambiente, cenário de grande parte dos projetos desenvolvidos pelos
grupos, que incluem atividades como plantar, alimentar animais, colher frutas, produzir
papel reciclado, separar o lixo e reutilizar materiais.

Faz parte também do aprendizado, a alimentação oferecida pela escola. Além


de disponibilizar apenas alimentos considerados saudáveis aos alunos, há uma
nutricionista à disposição dos pais para orientação sobre hábitos alimentares. Dentro
desse processo, as crianças cuidam de hortas e desenvolvem projetos de culinária
para preparar alimentos. Dessa forma, a escola contribui para que os hábitos
adquiridos sejam vivenciados também em família e na comunidade em que o aluno
está inserido. "A escola como espaço de convivência e modelo de relações, propõe
no dia-a-dia as situações para que a comunidade escolar viva essa possibilidade de
um planeta sustentável” (CARNEIRO, 2001, p. 142).
14

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dos anos, as ideias sobre o meio ambiente sofreram modificações.


Os primeiros eventos sobre o tema tratavam de ecodesenvolvimento, que
priorizava a preservação dos recursos naturais, baseando-se na constatação de
que a natureza era finita. Com o passar do tempo foi sendo aperfeiçoada a noção
de que os recursos naturais poderiam ser usados, desde que fossem devolvidos ao
planeta. Assim surgiu o conceito de sustentabilidade.
Da mesma forma, a legislação brasileira sobre educação ambiental passou
por transformações até chegar ao conceito de escola sustentável. Segundo
preceitua o Programa Nacional de Educação Ambiental, a Escola Sustentável tem
o objetivo de promover processos de educação ambiental voltados para valores
humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam
para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis.
O Brasil é um país com extensão continental, por isso o ensino e a prática
da educação ambiental na totalidade das escolas, tanto públicas quanto privadas,
requer empenho dos governantes das três esferas: federal, estadual e municipal, a
fim de possibilitar o alcance dos projetos a cada espaço educacional do país, bem
como a capacitação de professores. Como refere Grohe (2015), a proposta de
políticas sustentáveis está aos poucos se firmando no Brasil com o intuito de
transformar as escolas em espaços educadores sustentáveis.
Os exemplos compartilhados, neste artigo, de escolas que tiveram sucesso
ao investir na educação ambiental, tem a intenção de mostrar que é possível educar,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do planeta, e, dessa forma,
possibilitar a construção de uma sociedade sustentável.
15

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 5


out. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso
em: 26 nov. 2015.

BRASIL. Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educacão


Ambiental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>.
Acesso em: 25 nov. 2015.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente e Ministério da


Educacao (Org.). Programa Nacional de Educacao Ambiental – ProNEA. 3. ed.
Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. 102 p. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/pronea3.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2015.

BRASIL. Decreto nº 7083, de 27 de janeiro de 2010. Programa Mais Educação.


Brasília, DF, 27 jan. 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7083.htm>.
Acesso em: 11 dez. 2015.

BRASIL. Trajber R. Ministério da Educacao (Ed.). Formando COM-VIDA Comissão


de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: Construindo Agenda 21 na
Escola. 3. ed. Brasília: 2012, 2012. 54 p. Disponível em:
<http://conferenciainfanto.mec.gov.br/images/pdf/com_vida_isbn_final.pdf>. Acesso
em: 05 dez. 2015.

CAPRA, F. Alfabetização Ecológica: O desafio para a educação do século 21. In:


TRIGUEIRO, A. et al. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da
questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. 5. ed. Campinas: Armazém do
Ipê (autores Associados), 2008. Cap. 1. p. 19-33.

CARNEIRO, S.L. Escola Amigos do Verde: resiliência, amorosidade e ciência para


a sustentabilidade. 1 ed. Porto Alegre: Armazém Digital. 2011.

CARSON, R. Primavera Silenciosa. Brasil: Gaia, 2010.328p.

CARVALHO, I.C.M. Qual educação ambiental?: Elementos para um debate sobre


educação ambiental e extensão rural. Agroecologia e Desenvolvimento Rural
Sustentável, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p.43-51, abr./jul. 2001. Quadrimestral. Disponível
16

em:
<http://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/ano2_n2/revista_agroecologia_ano
2_num2_parte11_artigo.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2015.

EFFTING, T.R. Educação ambiental nas escolas públicas: realidade e desafios.


2007. 90 f. Monografia (Especialização) - Curso de Planejamento Para o
Desenvolvimento Sustentável, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal
Cândido Rondon, 2007.

FIGUEIRÓ, P.S. Educação para a Sustentabilidade em cursos de graduação em


Administração: proposta de uma estrutura analítica. 2015. 262 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Pós Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/131866/000982132.pdf?sequence
=1>. Acesso em: 26 jan. 2016.

FONSECA, M.J.C.F. A biodiversidade e o desenvolvimento sustentável nas escolas


do ensino médio de Belém (PA), Brasil. Educ. Pesqui., [s.l.], v. 33, n. 1, p.63-79, abr.
2007. FapUNIFESP (SciELO). DOI: 10.1590/s1517-97022007000100005. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
97022007000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 20 jan. 2016.

GROHE, S.L.S. Escolas Sustentáveis: Três Experiências no Município de São


Leopoldo. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós Graduação em
Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.

JACOBI, P.R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento


crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 233-250,
maio/ago. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/ep/v31n2/a07v31n2.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2015.

LIMA, G.F.C. Questão ambiental e educação: contribuições para o debate.


Ambiente & Sociedade, NEPAM/UNICAMP, Campinas, ano II, nº 5, 135-153, 1999.
Disponível em: <http://dev.eesc.usp.br/sustentabilidade/wp-
content/uploads/2015/01/Artigo-Lima1999.pdf>. Acesso em 20 nov. 2015.

MEADOWS, D.; RANDERS, J.; MEADOWS, D. Limites do Crescimento. Roma:


Qualitymark, 2007. 364 p.

PHILIPPI JUNIOR, A.; PELICIONI, M.C.F. Educação Ambiental e Sustentabilidade.


2. ed. Barueri, Sp: Manole, 2014. 991 p.
17

TRAJBER, R; SATO, M. Escolas Sustentáveis: Incubadoras de Transformações nas


Comunidades. Remea – Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental,
Rio Grande, v. 32, p.1-9, set. 2010. Disponível em:
<http://www.seer.furg.br/remea/article/view/3396/2054>. Acesso em: 14 fev. 2016.

VELASCO, S.L. Anotações sobre a “Rio+ 20” e a educação ambiental ecomunitarista.


Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. especial,
p.93-109, mar. 2013. Disponível em:
<http://www.seer.furg.br/remea/article/view/3442/2071>. Acesso em: 25 jan. 2016.

S-ar putea să vă placă și