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DEFINIÇÃO
Ética - ciência especulativa, que tem por objeto o estudo filosófico da ação e da
conduta humana, procurando a justificativa racional dos juízos de valor sobre a moralidade.
RELAÇÃO
A relação entre Ética e Moral está no comportamento humano com a diferença que
a Ética é uma ciência especulativa, que estuda o comportamento moral dos homens,
enquanto que a Moral é o próprio comportamento do homem junto com seus valores,
normas e padrões.
O normativo e o fatual
- O fato de uma norma não ser cumprida não invalida a exigência de que ela seja
posta em prática. Esta exigência e a validade da norma não são afetadas pelo que acontece
no mundo dos fatos (p.65).
- O normativo e o fatual possuem uma relação mútua: o normativo exige ser realizado
e orienta-se no sentido do fatual; o realizado (o fatual) só ganha significado moral na medida
em que pode ser referido positiva ou negativamente a uma norma (p.65).
Moral e moralidade
- Esta distinção entre o plano normativo (ou ideal) e o fatual (real ou prático) leva
alguns autores a propor dois termos para designar cada plano: moral e moralidade. A moral
designaria o conjunto dos princípios, normas, imperativos ou idéias morais de uma época
ou sociedade determinadas. A moralidade seria um componente efetivo das relações
humanas concretas que adquirem um significado moral em relação à moral vigente (p.66).
- A moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada. Por isso, cremos que
é melhor empregar um termo só: moral, indicando os dois planos, o normativo e o efetivo.
Portanto, na moral se conjugam o normativo e o fatual (p.66).
ou reprovação. Mas, os atos individuais que não tem conseqüência alguma para os demais
indivíduos não podem ser objeto de uma qualificação moral (p.68).
- A moral implica sempre uma consciência individual que faz suas ou interioriza as
regras de ação que se lhe apresentam com um caráter normativo, ainda que se trate de
regras estabelecidas pelo costume (p.75).
- O ato moral não pode ser reduzido a um de seus elementos, mas está em todos
eles, na sua unidade e nas suas mútuas relações (p.80).
2. Liberdade de escolha
- A palavra autônomo vem do grego autos – que quer dizer si mesmo – e nomos –
que quer dizer lei, regra, norma – ou seja, significa aquele que tem o poder de dar a si
mesmo a norma, a regra, a lei. Aquele que goza de autonomia e liberdade seria aquele com
capacidade plena de autodeterminação.
INTRODUÇÃO
Pereira & Pereira Neto (2003, p 20) definem esse período como o de
profissionalização da Psicologia, de 1890 a 1975. "Abrange desde a gênese da
institucionalização da prática psicológica até a regulamentação da profissão e a criação dos
seus dispositivos formais." Os autores assinalam como marcos desse momento: a Reforma
de Benjamin Constant no campo educacional (1890), a inauguração dos laboratórios de
psicologia junto ao campo educacional e médico (1906), e a criação do código de ética
(1975).
Pessotti (1998), por sua vez, elaborou outro critério baseado na presença ou não de
instituições com vínculos com a área psicológica. Elegeu três grandes marcos; foram eles:
1833, quando se criou as Faculdades de Medicina no Rio de Janeiro e na Bahia; 1934,
quando se constituiu um curso de Psicologia na Universidade de São Paulo; e 1962, quando
a Psicologia foi regulamentada.
Optou-se, nesse texto base, em assumir as diretrizes de Antunes (2004, 2006), que
são ligadas ao referencial histórico, e, na medida do possível, iluminar os marcos apontados
por esses outros autores de renome para os estudos historiográficos da Psicologia brasileira.
Bernardes (2007) afirma que a psicologia construiu-se nas relações que mantinha
com esse cenário, no qual os modelos de produção e consumo exigiam a padronização da
igualdade, resultado do auge da produção industrial, que requeria alto padrão de
produtividade. Diante desse quadro, a Psicologia, em sua nascente, foi marcada pelas
estratégias de controle de variedade e produtividade, transformando-se em um saber de
forte viés adaptativo.
Desde 1890, já existiam teses publicadas por médicos com teor psicológico, tais
como as obras de José Tapajós, Psicofisiologia da percepção e das
representações (1890), Das emoções de Veríssimo Dias de Castro (1890), A Memória e a
personalidade de Seabra em 1894, a famosa tese de Henrique Roxo, Duração dos atos
psíquicos elementares (1990), entre outras.
A prática médica legal, por sua vez, possuía uma atuação higienicista, ao buscar
erradicar ou minimizar as doenças infecto-contagiosas muito presentes nas cidades em
desenvolvimento. Segundo Costa (1983), essas atuações dispersaram-se nas cidades, por
meio de políticas públicas de saneamento básico e atingiu a educação moral e física das
famílias, que passaram a se responsabilizar também pelos cuidados com a higiene pública
e privada.
Antunes (2006) ainda aponta a preocupação com a ordem urbana e com a bandeira
do progresso ligada ao ideário positivista, relacionado a práticas de exclusão daqueles que
não se adaptassem às normas estabelecidas, os denominados desordeiros. Cabia à ciência
médica e psicológica contribuírem na identificação desses sujeitos e no seu tratamento em
locais específicos, como os asilos e manicômios.
Outro laboratório importante foi fundado junto à Liga Brasileira de Higiene Mental,
em 1923, no Rio de Janeiro, dirigida por Alfred Fessard, Plínio Olinto e Lemes Lopes.
Realizaram vários simpósios e seminários de Psicologia, com o intuito de divulgar as
pesquisas realizadas. Predominava o ideal eugênico, profilático e a preocupação com a
educação dos indivíduos mal adaptados. (ANTUNES, 2004)
Segundo Antunes (2006, p 51), em 1932, a " Liga propôs ao Ministério da Educação
e da Saúde Pública, a presença obrigatória de gabinetes de Psicologia, junto às Clínicas
Psiquiátricas". Além disso, promovia, todo ano, as Jornadas Brasileiras de Psicologia, para
difundir conhecimento.
Antunes (2006) nos revela a importância das Escolas Normais para a autonomização
da Psicologia, pois encontrou:
Segundo Antunes (2006, p 87), encontra-se na década de 20, em pleno século XX,
as primeiras experiências da aplicação de Psicologia ao mundo do trabalho, confirmando-a
como um "conjunto de conhecimento e práticas capazes de dar respostas e subsidiar ações
que interviessem nos problemas sociais".
Segundo Antunes (2006, p 91), nesse contexto, a Psicologia serviu como função de
sustentáculo cientifico dos novos métodos administrativos, onde imperava a lógica racional
e científica de atuação, seja pelos testes implementados ou por processos de seleção
profissional objetivos. Nessa lógica, o individuo era compreendido como uma peça material
do processo produtivo, inclusive pela própria Psicologia, que o nominava como parte dos
Recursos Humanos.
Segundo Soares (2010, p.20), em 1946, foi aprovado um decreto-lei que "ampliava
o regime didático da Filosofia, referindo-se à possibilidade de ter diploma de licenciado" em
Psicologia, quem por exemplo, fosse aprovado nos três primeiros anos do curso de Filosofia,
bem em cursos de Biologia, Fisiologia, Antropologia, Estatística e em cursos de
especialização de Psicologia.
Romaro (2006, p 28) afirma que, a partir do Decreto 53464, em 1964, regulamenta-
se definitivamente a Lei 4119 e se estruturam os cursos de psicologia, junto às Faculdades
de Filosofia, em cursos de bacharelado, licenciatura e psicologia. A lei estabelece como
"funções privativas do psicólogo brasileiro o diagnóstico psicológico, a orientação e seleção
pessoal, a orientação psicopedagógica, a solução de problemas de ajustamento, a
colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências".
Esse marco foi essencial para a profissionalização da Psicologia, pois como Pereira
& Pereira Neto (2003) elucidam:
Para que uma atividade seja reconhecida como tal, é necessário que
reúna algumas características. Por um lado, a profissão deve ter um
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Segundo Soares (2010, p. 28), o primeiro Conselho Federal enfrentou uma tarefa
árdua, pois precisou se empenhar em elaborar leis sobre "as quais viessem a assentar,
sólidas e definitivas, a tradição e a unidade da classe, recentemente reconhecida, ao lado
de uma consciência de corpo, sob a égide de uma só Autarquia".
Atualmente, no século XXI, segundo Pereira & Pereira Neto (2003), enfrentamos um
período de profissionalização mais madura, porém a Psicologia sofre com as alterações e
crises sócio econômicas, causando uma maior proliferação de faculdades de psicologia, a
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A partir desse novo cenário e dos novos fazeres, a Psicologia Brasileira foi chamada
a participar de um processo de reflexão e construção de novas diretrizes para as ações
profissionais da Psicologia. Esse processo se iniciou em 2001, quando os psicólogos foram
convocados a confeccionar um novo código, superando o anterior que havia sido feito em
1987. O documento anterior tinha marcas direcionadas predominantemente ao campo
clínico, e não dialogava com as novas configurações psicossociais e com leis mais
modernas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).
Esse novo documento modificou sua forma, apresentando metade dos artigos, em
contraponto ao antigo código com 50 artigos. É uma mudança formal, mas primordialmente
de sentido. Buscou-se um código que permite uma maior reflexão do sujeito, enfocando
amplos princípios norteadores e que não dita somente regras fechadas. Com isso, temos
um documento voltado para os direitos do psicólogo.
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A antropologia aristotélica continua sendo, até hoje, um dos fundamentos da concepção ocidental
do homem. Os problemas levantados por Aristóteles em torno da pergunta sobre o que é o homem e as
categorias com que tentou resolvê-los, embora tivessem como alvo principal o homem helênico no contexto
da Polis, tornaram-se o fundo conceptual permanente da filosofia moderna, e nada indica que sua
fecundidade heurística tende a esgotar-se. (LIMA VAZ, 2004, p.40)
Para Aristóteles, o homem é definido como zoon logikón. Ele se distingue de todos
os outros seres da natureza em virtudes do predicado da racionalidade: “ele é um animal
racional que fala e discorre, enquanto ser dotado de logos, o homem transcende de alguma
maneira a natureza e não pode ser considerado simplesmente um ser natural” (LIMA VAZ,
2004, p. 37).
Everson (2007, pág 168) afirma que a psicologia aristotélica não se interessou por
um enfoque mental ou o entendimento da diferença entre corpo e mente, mas sim por uma
psicologia da vida, especialmente na distinção entre vida e morte: “What determines the
scope of his psychology is not the recognition of a distinction to be drawn between the mental
and the physical, but rather that between the living and the dead. “
Também no livro I da obra Ética à Nicômaco, Aristóteles afirma que o homem possui
uma marca essencial que o diferencia dos outros, sua racionalidade. Essa capacidade o faz
criar a ética, como um modo de refletir sobre sua vida e seus hábitos cotidianos, em direção
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a um fim, que para o pensador resumia-se na seguinte questão: O que posso e devo fazer
para ser feliz junto a minha comunidade na pólis? Porém, para Aristóteles, nem tudo que
quero, como individuo, pode ser vivido em nome dessa felicidade. Há um balizador
importante nessa história: a pólis, ou seja, a cidade e a sociedade nela vivente.
Pegoraro apud Aristóteles (2006, p 36) reafirma para seus leitores: “O homem é um animal
capaz de pensar e de fazer política”
Essa supremacia política do âmbito público sobre o privado é uma contribuição evidente para a
elaboração dos códigos deontológicos na contemporaneidade, pois evidencia uma preocupação com o
coletivo ao invés de privilegiar o individualismo, marca recorrente de tempos atuais (MAIORINO, 2005).
Com relação ao projeto ético, Aristóteles o define como aquele que está subordinado
ao plano político, tornando-se uma ciência prática da vida. Afirma que a ética deve estudar
o bem supremo, a partir de um conhecimento do humano, investigando em que consiste a
sua felicidade (eudamonia).
Pegoraro (2006) delimita quatro eixos em torno dos quais giram o projeto ético
aristotélico, denominado de material, são eles: (1) a ética é natural, emerge da estrutura
biológica do ser humano; (2) a ética é finalista, todas as escolhas e decisões humanas visam
alcançar um fim, produzir um bem; (3) a ética é racional, ou seja, a razão deve harmonizar
a luta entre os desejos instintivos do homem e as exigências sociais; (4) a ética é
heterônoma, ou seja, ela vem do exterior, não está dada, o homem nasce como um animal
ético que precisará escolher, pelo uso da razão que o faz livre.
Essas quatro marcas do projeto ético aristotélico são a base da materialidade do seu
entendimento da ética, pois ele a compreende como um exercício racional realizado junto
ao mundo em que se vive, e não como um dado deliberativo a priori. Dessa forma,
Aristóteles torna-se atual para as práticas profissionais na contemporaneidade, pois ele
apresenta uma visão de ética material e racional, que está na base da maioria dos códigos
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de normas das profissões. Essa visão ética que transcende o indivíduo está na
apresentação do Código de Ética do Psicólogo:
Pode-se aprender com a visão aristotélica de homem e de projeto ético, pois ela
ensina que o humano se define como ser complexo, pertencente ao mesmo tempo, à
natureza, como ser biológico, mas também como um ser político, que se organiza a partir
da sua racionalidade. Ao se inserir na comunidade citadina, o homem torna-se ético, usa de
sua razão para ser livre e escolher, dentro da complexidade sócio-política a qual pertence.
Portanto, o exercício ético depende das condições materiais e sociais dessa realidade que
o cerca.
A visão aristotélica anuncia a base sócio histórica que também está presente na
confecção do código de ética do psicólogo brasileiro, participando de uma visão de homem
materialista-histórico-dialética.
Gonçalvez (2010) reafirma que a Psicologia Sócio Histórica é uma visão pertinente
aos novos tempos da psicologia brasileira, pois ela permite que se observe a produção
histórica da subjetividade no país, contestando visões naturalizantes de outrora, que
visavam a adaptação do indivíduo aos padrões normapatológicos.
A Carta Magna Federativa foi construída num cenário político ainda marcado pelos
resquícios da ditadura militar, porém sensível à instituição de uma Cultura de Direitos
Humanos, na qual o sujeito cidadão tem papel destacado. É uma Constituição que privilegia
a garantia dos direitos sociais, não descuidando dos individuais. Sem dúvida, uma carta
comprometida com uma filosofia de bem-estar social, sensível aos movimentos sociais e
políticos, a serviço da cidadania.
Alguns juristas de renome, como Bittar (2006), afirma que a Constituição Federal
Brasileira de 1988 promoveu uma mudança paradigmática importante: privilegiou o cuidado
ético e cidadão com o humano, antes destinado predominantemente ao Estado Maior.
Encontra-se, portanto, em nosso panorama jurídico e social, uma Lei Federal que defende
a dignidade humana frente a quaisquer postulados jurídicos, como se vislumbra no
preâmbulo dessa Constituição:
Diante desse contexto, o novo Código Civil apresentou maior sensibilidade legal
frente às novas configurações familiares, reconhecendo, por exemplo, as uniões estáveis
validadas a partir de dois anos de convivência, inclusive entre parceiros do mesmo sexo.
Enfim, nota-se que o Código de Ética do Psicólogo (2005) situa-se num cenário
interessado em garantir aos sujeitos seus direitos, e abrir espaço para políticas públicas que
promovam o pleno desenvolvimento psicossocial dos seus cidadãos.
Comentário
Comentário
a realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos
princípios da ética/bioética;
Disponível: em http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=12991, acesso em novembro 2013.
Comentário
Esse princípio diz respeito ao compromisso social que a Psicologia assumiu desde
a década de 90, com o crescente movimento de democratização no país. Assim como da
necessidade de enfrentamento de fenômenos psicossociais oriundos do contexto social e
econômico desigual e violento, refugo de uma economia liberal, que se instaurou no mundo
ocidental.
Comentário
Psicologia Brasileira está envolta nesse contexto revitalizado e tem destacado o papel da
produção de conhecimento nas universidades.
Comentário
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com
Comentário
O princípio V tem relação direta com o I, que assegura a intima conexão entre o
Código de Ética do psicólogo e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois é a partir
dessa cultura que a Psicologia tem demarcado o universo prático e teórico em que se esteja
negando ou negligenciando algum princípio básico da profissão.
A partir dessa diretriz da Cultura dos Direitos Humanos respeita-se uma atuação
profissional que defenda a dignidade humana e nega-se situações em que o psicólogo esteja
presenciando, por exemplo, discriminação de qualquer natureza, ou em que o direito de ir e
vir do cidadão esteja sendo aviltado. Também se consideram as situações em que um
profissional da Psicologia esteja atuando de forma indevida, mediante os artigos e diretrizes
fundamentais estabelecidas pelo Código Profissional (artigo 2º: práticas vedadas).
Em qualquer caso, cabe ao psicólogo que presencie tal situação a denúncia social
ao órgão competente, seja ao próprio Conselho Federal de Psicologia, como a outras
instâncias, como Conselhos Tutelares e Ministério Público.
Comentário
Nos últimos anos, a Psicologia Brasileira aprimorou sua interface com a área da
Saúde, que contribuiu para uma discussão profunda sobre a postura ética do psicólogo em
relação ao usuário do seu serviço. Essa discussão foi pautada por documentos éticos, como
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Esse documento foi construído com o intuito de assegurar os direitos do sujeito que
esteja participando de pesquisas científicas, garantindo a ele, entre outros: o direito à
autonomia na decisão de participar ou não do projeto de pesquisa, o direito ao
consentimento livre e esclarecido, entre outros.
Segundo Diniz e Guilhem (2008, p.77), a cultura ética fomentada pela Resolução
196/96, em diálogo com as diretrizes internacionais, estabeleceu alguns critérios para a
aprovação dos protocolos de pesquisa, a partir de uma preocupação básica com a
minimização de riscos e a proteção dos direitos dos participantes de pesquisas, tais como:
-seleção equitativa: a escolha dos participantes deve seguir objetivos definidos pela
pesquisa e não atender as amostras de conveniência. Pessoas vulneráveis devem ser
protegidas e não podem ser excluídas do envolvimento na pesquisa sem razões científicas;
- balanço favorável entre riscos e benefícios: as pesquisas tem que ser conduzidas
de acordo com o melhor padrão de atenção à saúde disponível. Deve ser feita uma avaliação
dos potenciais riscos e benefícios para os participantes;
-revisão ética do protocolo: deve ser realizada por um Comitê de Ética em pesquisa,
de conformação colegiada, que atue de forma independente;
-consentimento livre e esclarecido: é tido como uma das peças centrais à avaliação
ética de um protocolo de pesquisa. Deve ser considerado um processo e não apenas um
ato de apresentação de um documento escrito ou oral. O objetivo é garantir a livre e
informada decisão de um individuo em participar de um estudo;
O valor da não maleficência diz respeito ao não fazer o mal ao sujeito da pesquisa,
isso quer dizer, não ter nenhuma atitude interventiva, seja clínica ou dialógica, que coloque
em risco a saúde biopsicossocial do indivíduo que participa do processo investigativo
científico. Para ponderar esse aspecto, o pesquisador deve realizar uma reflexão criteriosa
sobre os riscos envolvidos em sua pesquisa, e caso não seja possível evitá-los
completamente, apresentar ao sujeito da pesquisa, possíveis suportes e amparos para lidar
com qualquer mal-estar, prejuízo suscitado pela pesquisa científica.
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O valor da Beneficência por sua vez diz respeito ao fazer o bem ao sujeito da
pesquisa, o que significa promover ganhos com a atividade investigativa, seja no tratamento
de uma doença, seja na testagem de medicamentos, ou então, num ganho psicossocial ao
refletir conjuntamente com o pesquisador sobre um tema de relevância pessoal e social.
Esse valor bioético é essencial numa relação simétrica entre pesquisador e participantes,
pois sugere uma relação igualitária, sem uma postura de exploração utilitária que
costumeiramente se tinha em pesquisas de campo, quando pesquisadores absorviam as
informações que necessitavam dos sujeitos e não se responsabilizavam com os possíveis
ganhos de quem participava da pesquisa.
(c) ao reafirmar seu serviço em prol dos seus clientes com dignidade,
ao prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e
apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas
reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação
profissional;
(f) garantir o sigilo profissional como dever ético, ao fornecer, a quem de direito, na
prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser realizado e
ao seu objetivo profissional;
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e do Adolescente. Essa aprovação tinha como meta promover uma lei nacional de proteção
integral para crianças e adolescentes, apresentada no artigo 3º:
Como Dias, Sieben, Cozer e Alves (2003) reafirmam ao conceber o ECA como:
quebrar o sigilo quando trabalham em instituições com esse caráter, por exemplo, numa
escola, seguindo em primeiro lugar as diretrizes do ECA (art 56).
Com relação às funções do Conselho Tutelar encontra-se uma específica que diz
respeito à prática da Psicologia, referente ao pedido de serviços de assistência técnica para
lidar com os jovens, fazendo valer seus direitos, por exemplo ao exigir do psicólogo a
confecção de laudos em casos que envolvam as crianças e jovens. Está previsto no artigo
151 do ECA o que:
A avaliação psicológica é uma prática técnica, mas acima de tudo ética e política do
psicólogo no Brasil, que tem sido muito cuidada pelo CFP. Este tema será melhor explorado
no módulo seguinte, o VI, que trata da Avaliação Diagnóstica.
· Advertência;
· Liberdade Assistida;
Drummond (2008) apresenta as mudanças que o ECA sofreu nas últimas décadas
em diálogo com a sociedade brasileira. O autor afirma que o ECA depende da aprovação
de novas leis que poderiam subsidiar melhor os cuidados éticos com as crianças e
adolescentes, tais como:
Com relação às mudanças implementadas pelo ECA nos últimos 20 anos, tem-se
apontado alguns desafios que a sociedade brasileira ainda enfrentará, tais como: o aumento
do número de casos de gravidez na adolescência, o homicídio de jovens na faixa entre 10
e 19 anos e as disparidades étnicas, raciais e regionais.
INTRODUÇÃO
Segundo Pellini & Sá Leme (2011), o processo de avaliação psicológica pode ser
compreendido como um processo técnico-científico em que se colhe dados e informações
com indivíduos ou grupos, por meio de questionários, métodos, instrumentos psicológicos,
entrevistas, entre outros.
Segundo Pacanaro, Alves, Rabelo, Leme e Ambiel (2011, p 31), entre os principais
requisitos de qualidade, encontram-se:
Reppold (2011) afirma que o processo de avaliação psicológica pode vir a promover
os direitos humanos pelo seu caráter de descrição e interpretação das condutas,
viabilizando o encaminhamento dos sujeitos que possuem demandas psicossociais para
tratamentos adequados e dignos, evitando-se os cuidados inócuos.
Reppold (2011, p 24) alerta o fato de que a maioria das queixas éticas denunciadas
ao Conselho Federal de Psicologia refere-se a problemas com o exercício inadequado da
avaliação diagnostica, como o uso de técnicas inapropriadas, falta de orientações e
encaminhamentos adequados, como também, a emissão de documentos sem a devida
fundamentação teórica.
Bicalho (2011) defende uma psicologia comprometida com sua sociedade e seu
tempo, recusando quaisquer práticas diagnósticas excludentes ou descontextualizadas.
Esse deverá ser o desafio da Psicologia e das avaliações psicológicas no século XXI:
Esse percurso marcou uma visão de psicologia clínica tradicional, calcada no modelo
liberal, que visava resolver conflitos mentais, com enfoque intraindividual, e que
compreendia o sujeito como instância universal a ser ajustado ao convívio social.
Bianco, Bastos, Nunes e Silva (2006) afirmam ainda que o campo clínico abriu-se
para o contexto social, e consequentemente, houve uma mudança nos referenciais teóricos,
que deixaram de considerar somente o aspecto individual para contemplar uma visão
multideterminada de homem e do seu sofrimento, buscando teorias que contemplem a
subjetividade como processo relacional e não apenas como instância intrapessoal.
Esse novo cenário demandou do psicólogo brasileiro uma nova formação e por
consequência uma revisão urgente das teorias, métodos e fazeres. Mudanças na grade
curricular universitária se fizeram necessárias, por exemplo, exigindo uma maior relação
entre a psicologia aplicada e as novas visões epistêmicas.
O psicólogo na rede básica de saúde, tem sido chamado a atuar com a atenção
primária, com ações que vão desde as ações preventivas complexas até as mais pontuais
e especializadas. Porém, esse tipo de atuação requer do profissional uma inserção
diferenciada, pois costumeiramente o psicólogo foi formado para lidar com doenças ou
distúrbios psicológicos já instalados nos sujeitos, para serem tratados ou removidos, ou seja,
com enfoque na atenção terciária. Outro problema muito recorrente, segundo Bianco,
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Bastos, Nunes e Silva (2006), é que há uma confusão entre ações de promoção de saúde
e preventivas no nível secundário. O que demanda uma formação diferenciada também nas
universidades, que precisam instruir e educar os novos psicólogos a atuarem no nível
primário, com ações mais complexas e integradoras.
A área da saúde pública tem oferecido diversos desafios ao psicólogo, tais como:
ações profissionais com base em necessidades coletivas, a demanda em lidar com um
número maior de indivíduos, levando o profissional a escolher estratégias grupais, além do
contato mais próximo com as condições concretas de uma população mais carente de
recursos financeiros e culturais.
Neto (2004) afirma ainda, que existem três tendências nesse novo panorama da
interface com a área da saúde: a flexibilização do setting terapêutico, a pluralidade de
recursos, procedimentos e técnicas e a permeabilidade entre concepções teóricas.
Existem psicólogos atuando junto às Varas das Famílias, junto a casos de adoção,
separação, além de atuar nas Varas da Infância e Juventude, junto as crianças e jovens em
situação de vulnerabilidade social, com a elaboração de laudos para decisões judiciais.
Uma das questões éticas mais prementes nessa interface diz respeito a função
social do psicólogo, como no campo organizacional. Por exemplo, se o profissional trabalha
em prol da saúde mental do esportista ou em prol dos ganhos de produtividade das
empresas que mantém os clubes e os desportistas.
Com relação ao universo ocupacional, uma das suas marcas diz respeito a
emergência de uma sociedade de serviços, com o peso do setor terciário na economia
mundial e globalizada. Bastos e Achcar (2006) indicam que as profissões voltadas para a
prestação de serviços nas áreas de educação e saúde prometem serem as mais procuradas.
A Psicologia está presente tanto em um setor como em outro, pode estar voltada a promoção
de saúde integral do indivíduo como pode estar inserida nas escolas em atuações diretivas.
Ainda segundo o CFP (2012), a Psicologia tem evoluído para uma identidade mais
social, preocupada com uma visão interdisciplinar com outras ciências, essencialmente
disparada pelas transformações no campo da saúde na década de 80, quando houve uma
reconstrução da visão do sujeito humano, com a perspectiva promocional da saúde, ao
invés de uma atuação apenas remediativa.
Uma das preocupações do CFP (2012) diz respeito ao cunho mercantilista que
alguns cursos e especializações de Psicologia assumem para responder ao mercado,
muitas vezes desligando-se das demandas psicossociais mais veementes. Estudiosos da
profissão, como Mitsuko Antunes reafirmam a necessidade da Psicologia estar atenta a uma
atuação comprometida e ligada com as reais necessidades da população.
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CONTEÚDO NP2
Conforme o CFP houve uma nova resolução sobre os documentos escritos,
o que mudou e porque houve tais modificações?