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o que você
precisa
saber sobre
harmonia
Um resumão
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APRESENTAÇÃO
De antemão, gostaria de agradecer imensamente a você
que teve iniciativa de buscar se informar na internet e procurar um
material relevante sobre harmonia. Sendo assim, o que você está
prestes a ler é um resumo dos conteúdos estudados nas aulas de
Harmonia e Contraponto que fiz na Universidade Estadual de
Londrina. É preciso deixar claro aqui, que trata-se de um resumo, um
recorte de diversos assuntos muito mais vastos do que essa pequena
janela que te apresento.
O conteúdo tem valor, pois está embasado em grandes
autores, e acima de tudo em grandes professores, e é justamente aí
que se dá seu brilho. Na era digital, dificilmente encontramos
conteúdos relevantes e condensados. É necessário um garimpo.
As mensagens presentes nesse e-book buscam portanto
esse objetivo: Apresentar uma síntese honesta e embasada de
harmonia, com conteúdos extremamente relevantes para qualquer
músico, independentemente de seu instrumento. É necessário ainda
lembrar o leitor que nenhum conteúdo aqui tem relevância, se não for
tirado da tela, ou do papel, passado para o instrumento, e
interiorizado.
Recomendo para qualquer estudo musical,
que você:
• Abra os ouvidos, e acima de tudo,
escute;
• Interiorize e cante todos os exemplos
enquanto toca;
• Manipule de todas as formas possíveis o
conteúdo apresentado, mude de
contexto, mude de tom, mude de
registro, faça séries de variações,
imponha-se limites.
• Estude focado, e entre em kairós, a
experiência do momento oportuno, o
momento vivido. Esse momento deve ser
o período exclusivo da música. Desligue
o celular, feche todas as abas do seu
navegador, fique off-line, e apenas
estude.
© Natália Cavalcanti @letargiafotografica
© Natália Cavalcanti @letargiafotografica reinaldoneves.com.br
AGRADECIMENTOS
Dedico esse e-book a todos que me suportaram de todas as
maneiras durante minha caminhada, a minha família e amigos, e
também para aqueles cujo desestímulo foi fundamental para
alimentar minha teimosia em seguir no caminho da música.
Dedico ainda aos amantes da harmonia, e dedico ainda
principalmente aos meus mestres, seres iluminados e inspiradores,
sem os quais eu jamais conseguiria caminhar, conceber ou chegar
até aqui.
Uma gratidão especial a Mario Loureiro, Fábio Furlanete,
André Siqueira, Fernando Kozo, e Ronaldo Matos e tantos outros
inúmeros mestres, pessoas transformadoras sem as quais esse
trabalho jamais teria acontecido.
Um agradecimento especial a Natália Cavalcanti e ao Lucas
Reis, responsáveis pelas maravilhosas imagens que ilustram o
ebook.
RECURSOS SUGERIDOS:
Recomendo para entender este e-book que você já saiba:
• Leitura de cifras
• O básico de leitura de partituras
• Construção de acordes
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Sumário
Apresentação 02
Agradecimentos 03
Música Tonal 05
Base e trilha 07
Dominantes e regiões 06
Harmonizando e rearmonizando 19
Melodização de corais 25
Conclusão 27
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MÚSICA TONAL
Eixo paradigmático
(harmonia)
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MÚSICA TONAL
Nesse sentido, a
escala maior é uma imitação da
Afastamento natureza (SCHOENBERG,
1999, p.61), já que tem sua
origem nos harmônicos
Tensão superiores de um som
fundamental. Nesse contexto, o
cerne portanto da dinâmica
Repouso tonal é o movimento de eixo de
quarta ascendente V I,
conforme ilustrado na figura 1,
Figura 3- Os três arquétipos considerando dó um som
tonais
fundamental.
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MÚSICA TONAL
BASE E TRILHA
Pautadas nas sensações tonais mencionadas, base e
trilha são maneiras de harmonização de uma determinada
melodia. A Base diz respeito estritamente às três relações:
repouso, tensão, e afastamento, ou seja, os três arquétipos da
música tonal. Nas figuras abaixo, segue um exemplo de
harmonização da canção infantil “Dona Aranha”:
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BASE E TRILHA
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EIXOS FORTES E FRACOS
1 2
Eixos fortes Eixos fracos
• A fundamental do novo acorde deve • A fundamental do novo acorde
necessariamente ser um som novo, deve necessariamente ser uma
que não existia no acorde anterior. nota em comum com o acorde
anterior.
• Quanto menos notas em comum, • Quanto mais notas em comum,
mais forte é o eixo. mais fraco é o eixo.
3
Eixos fortíssimos, ou eixos
abreviatura:
Intensidade
Mais Menos
Eixos fortes 4ºJ ↑ ou 5ªJ ↓ 3ª ↓ ou 6ª ↑
Eixos fracos 5ªJ ↑ ou 4ºJ ↓ 3ª ↑ ou 6ª ↓
Eixo fortíssimo 2ª ↓ 2ª ↑
Tabela 1 - Eixos fortes e fracos
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EIXOS FORTES E FRACOS
I ii iii IV V vi vii
4ºJ ↑ I – IV ii – V iii – vi - V–I vi – ii vii - iii
3ª ↓ I – VI ii – vii iii – I IV – ii V – iii vi – IV vii – V
2ª ↑ I – ii ii – iii iii – IV IV – V V – vi vi – vii vii – I
2ª ↓ I – vii ii - I iii - ii IV - iii V - IV vi - V vii - vi
°
4ºJ ↑ °
3ª ↓ ° °
2ª ↑ ° °
2ª ↓ ° °
Tabela 2 - Eixos fortes e possibilidades no C.H. Maior
I ii iii IV V vi vii
5ºJ ↑ I–V ii – vi iii – vii IV – I V – ii vi – iii vii - iv
3ª ↑ I – iii ii – IV iii – V IV – vi V – vii vi – I vii – ii
°
5ºJ ↑ ° °
3ª ↑ ° °
Tabela 3 - Eixos fracos e possibilidades no C.H. Maior
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DOMINANTES E REGIÕES
TIPOS DE DOMINANTES
Veremos a seguir, os diferentes tipos de dominantes
que podem ajudar a enriquecer uma harmonização, tanto para
deslocar a sensação do centro tonal original, quanto para gerar
novas cores e dinamismo pra a representação de um mesmo
eixo:
a) Dominante primária e dominante alterada
b) Dominantes secundárias e individuais
c) Dominante com fundamental omitida
d) Dominantes auxiliares
e) Dominantes substitutas
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DOMINANTES E REGIÕES
TIPOS DE DOMINANTES
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Dominante primária Dominante alterada
• Trata-se da dominante “original” do • Note na figura ao lado que as
campo harmônico. É o quinto grau possibilidades de resolução por
da tonalidade, maior representante meio de segundas
do eixo arquetípico de quarta justa ascendentes ou descendentes
ascendente, como G7 no caso de polarizam, e tendem a se unir.
Dó Maior, conforme já visto. As forças das sensíveis são
fatores determinantes na
sensação de resolução.
A dominante alterada é a
respeito da mobilidade do
quinto e do nono grau da
dominante, variando meio tom
acima ou abaixo, e gerando
diferentes polarizações:
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DOMINANTES E REGIÕES
2
Dominantes secundárias e
individuais
• Acordes maiores com sétima menor • Acordes maiores com sétima menor
que pertencem a uma das regiões que não pertencem às regiões da
de determinada tonalidade, e tonalidade em questão, e também
podem afirmar esta por meio do exercem papel de dominante,
eixo arquetípico de 4J↑, conforme porém de um acorde distante da
exemplo da figura 6. primeira tônica de referência.
• Utilizaremos o exemplo de Dó
maior, e portanto como
dominante. Veja o acorde de
ao lado:
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DOMINANTES E REGIÕES
Figura 9- As possibilidades de resolução do acorde diminuto *O lá bemol foi enarmonizado para sol sustenido
Escala ocatatônica
Considerando esse
mesmo material sob o
prisma horizontal, ou
seja, executando uma Figura 10- Escala Octatônica, ou escala diminuta
e) Dominantes substitutas
• Considere a inversão do
acorde de sol maior com
sétima, conforme a figura 11
ao lado Figura 11- Inversão do dominante gerando SubV
Dom Sec.
viiº Sec
Sub V “sec”
15 Tabela 5 - Inversão da dominante gerando SubV
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DOMINANTES E REGIÕES
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Dominantes auxiliares
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ACORDES DE EMPRÉSTIMO MODAL
Há mais possibilidades de acordes para uma mesma
harmonização que extrapolam os limites do campo harmônico
natural, originado a partir do empilhamento de terças da escala
maior. Esses acordes surgem do intercâmbio entre os modos
maior e menor. Ao fazer a mudança de Dó maior por exemplo,
para seu homônimo Dó menor, transcendemos os acordes do
campo harmônico maior, bem como abrimos possibilidades a
partir de sua subdominante e dominante homônimas menores
também. Veja a tabela a seguir:
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ACORDES DE EMPRÉSTIMO MODAL
I II III IV V VI VII
Raiz
Dórico
Frígio
Lídio
Mixolídio
Eólio
Tabela 8 – Empréstimo modal com base nos modos gregos
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HARMONIZANDO E REARMONIZANDO
1 2
BASE TRILHA
• Apenas acordes dos arquétipos • Apenas os eixos fortes de
principais das sensações tonais 4J↑ serão utilizados na
são utilizados: I – IV- V representação dos
Tônica, Subdominante, e arquétipos T-SD-D. Nesse
Dominante (T-SD-D). caso as possibilidades são
vi-iii-ii-V-I.
3 4
DOMINANTES SECUNDÁRIOS HARMONIZAÇÃO FINAL
• Além da Base mais a Trilha, é • Mescla dos passos anteriores,
possível agora fazer uso das base + trilha + dominantes
dominantes secundárias, secundários + acordes de
atentando-se para o ritmo empréstimo modal advindos
harmônico, e para os caminhos dos campos harmônicos
da melodia, evitando choques homônimos a tônica, conforme
de segunda com as notas tabela 7. O resultado final da
cordais. mescla juntamente com os
• Utilização de sétimas outros passos está na figura 12
secundárias VIIº7. a seguir:
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HARMONIZANDO E REARMONIZANDO
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HARMONIZANDO NO MODO MENOR
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HARMONIZANDO NO MODO MENOR
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CONDUÇÃO DE VOZES E CONTRAPONTO
Nota de passagem:
Dissonância em tempo fraco
ou parte fraca do tempo, e
está ligada entre duas
consonâncias por graus
conjuntos.
Bordadura:
Dissonância em tempo
fraco ou parte fraca do
tempo, está entre duas
consonâncias, sai
desta, e retorna para a
mesma.
Suspensão: Dissonância
precedida por consonância,
que é portanto preparada e
resolvida descendentemente
por grau conjunto.
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CONCLUSÃO
É necessário frisar novamente: este ebook é um resumo
superficial de diversos assuntos muitíssimos vastos. A Harmonia é
uma área da linguagem e estruturação musical que envolve centenas
de termos, tratados, contextos e conceitos que necessitam muito
mais do que apenas essas poucas páginas para o pleno domínio. De
qualquer forma, o material aqui apresentado pode servir como um
bom ponto de partida, principalmente porque procura conhecimento
minimamente embasado, pouco comum na matrix da internet.
Seja qual for seu instrumento, essa obra nenhuma
serventia terá se o leitor não aplicar diariamente os conceitos em seu
cotidiano, a fim de construir fluência ao implementar tudo o que aqui
foi informado. Sente e toque, entre em kairós com seu instrumento.
Gratidão!
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