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9º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos,(6) que veda para a progressão de regime, em relação à primeira condenação, pois, unificadas

as penas, conforme determina o art. 111 da LEP, a reincidência deve incidir


a aplicação de pena mais grave do que a aplicável no momento da sobre o somatório das penas e não apenas na segunda condenação. Ademais,
perpetração do delito, na medida em que fez retroceder os efeitos da esta Corte Superior pacificou entendimento no sentido de que a Lei dos Crimes
reincidência ao crime hediondo em que inexiste reincidência, com Hediondos não faz distinção entre a reincidência comum ou específica. Assim,
o aumento do patamar para progressão de regime (de 2/5 para 3/5), havendo reincidência, ao condenado deverá ser aplicada a fração de 3/5 da pena
cumprida para fins de progressão do regime. Habeas Corpus não conhecido.
agravando a pena. (HC 427.803/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
Por fim, importa dizer ainda que o entendimento não considerou julgado em 04/10/2018, DJe 19/10/2018)
(2) Execução penal: teoria crítica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 208.
as consequências práticas da decisão,(7) de maneira que até mesmo
(3) Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com
no campo da política criminal a decisão é equivocada, porquanto a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
além de ferir a lei, acaba apenas aumentando o tempo de cárcere e em o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
nada contribui para a harmônica integração social do sentenciado; ao bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei 10.792,
contrário, resulta em superlotação carcerária e no aumento de gasto de 2003)
público para a manutenção em regime mais gravoso de pessoa que já (4) § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste
deveria cumprir pena em regime mais brando, posto que a progressão artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado
de regime acaba sendo postergada para momento futuro. for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei
11.464, de 2007)
Dessa maneira, é necessário profunda reflexão sobre o (5) “Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo
entendimento sustentado no HC 427.803/PR, uma vez que, conforme ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita
acima demonstrado, o entendimento jurisprudencial não parece o mais pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a
detração ou remição.
acertado quando analisado sob a luz da legislação e nem mesmo quando
(6) Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em
analisado tendo por norte os aspectos prático e político-criminais. que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da
Notas perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição
de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.
(1) HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
(7) LINDB. Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se
DESCABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.
decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as
CRIME HEDIONDO. REINCIDÊNCIA. ART. 111 DA LEI DE EXECUÇÃO
consequências práticas da decisão.
PENAL - LEP. LAPSO TEMPORAL DE 3/5. UNIFICAÇÃO DAS PENAS.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA OU
COMUM. FRAÇÃO APLICÁVEL. AUSÊNCIA DE DISTINÇÃO LEGAL.
WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo Diego de Azevedo Simão
de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo orientação Membro da Defensoria Pública do Estado de Rondônia.
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF e do próprio Superior
Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, considerando as alegações expostas
Coordenador adjunto da Coordenadoria
na inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual Estadual do IBCCRIM em Rondônia.
constrangimento ilegal. 2. A jurisprudência desta Corte fixou-se no sentido Especialista em Direito Processual Penal pela
de que, ante a unificação das penas, a condição de reincidente do apenado
determina o cumprimento de 3/5 sobre o total. Na hipótese, possuindo o Universidade do Vale do Itajaí - Univale.
paciente quatro condenações, não há falar em aplicação do percentual de 2/5 diego.azevedo.simao@gmail.com

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Para uma criminologia dos intelectuais


revolucionários: o bicentenário de Marx na
encruzilhada da questão criminal(1)
Adrian Barbosa e Silva
“A lógica de um pensamento é o conjunto das crises que Em conferência proferida em 1991 na Universidade de Amsterdã,
ele atravessa, assemelha-se mais a uma cadeia vulcânica do Cohen(2) propôs o “resgate do espírito” de Willem Adriaan
que a um sistema tranquilo e próximo do equilíbrio.” Bonger – criminólogo holandês cujo ofício se situava na tensão
entre o mundo das táticas políticas (socialismo) e da investigação
(Gilles Deleuze)
social (sociologia). Ao considerar a imprescindibilidade de sua obra
– Criminality and economic conditions (1905) – para o pensamento
“Assim como se admite o triunfo do capitalismo logo ocidental, sustentou não apenas ser possível como necessária a
depois do colapso das nações socialistas, o capitalismo interlocução teoria-política a partir da postura (teórica) cética e do
também revela continuamente sua inabilidade de crescer e compromisso (político) estratégico ante a busca humana por justiça
de se desenvolver sem expandir e aprofundar a exploração social.
humana (...). Temos que ser capazes de desenredar as nossas Incorporada ao campo da questão criminal, duzentos anos
noções de capitalismo e de democracia, a fim de adotar após o seu nascimento, a obra de Karl Marx parece se perpetuar
modelos verdadeiramente igualitários e democráticos.” de forma análoga, só que com fôlego e pulsão incomparáveis.
(Angela Davis) Desde a denúncia da assepsia e da despolitização das narrativas

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Publicação do
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais

criminológicas, ela reflete a própria inventiva da décima primeira do lumpemproletariado, o uso genérico das fases intelectuais do
das Teses sobre Feuerbach,(3) que muito bem poderia ser colocada autor etc.;(18) da carta de Bobbio a Baratta, na qual questionava o
nos seguintes termos: “os criminólogos apenas interpretaram estatuto de uma “teoria materialista do desvio”, seja quanto ao uso
a questão criminal de modos diferentes; é preciso, agora, do referente material como fator decisivo ou exclusivo de análise,
transformá-la”. Muito embora haja estável concordância de que o sob pena de se incorrer no mais do mesmo ou em um economicismo
filósofo de Trier e seus precursores não sistematizaram uma “teoria denunciado no âmbito do próprio marxismo;(19) do texto de Zolo
materialista do desvio e da pena”,(4) o corpus marxiano possibilitou e Ferrajoli, publicado na revista Questione Criminale, no qual
que fossem forjadas “criminologias marxistas” – analíticas sociais se sustentou que, muito embora a análise marxista oferecesse
desenhadas para explicar o delito e o controle penal a partir dos elementos necessários para a compreensão dos processos de
eixos de classe, poder e Estado.(5) criminalização nas sociedades modernas, tais ferramentas seriam
Visionário que foi, além de inserir chaves de leitura até hoje insuficientes para a elaboração de uma teoria “total” sobre o desvio
indispensáveis (v.g. mais-valia, luta de classes, materialismo criminal – à qual deveriam ser conjugados elementos empíricos de
dialético etc.), antecipou no século XIX a crítica da razão punitiva ordem sociológica, psicológica, política e cultural.(20)
que seria feita pela penologia e sociologia do desvio na segunda De todo modo, inegável que questões externas e internas
metade do século passado. Para exemplificar: em seu artigo no precisam ser (re)pensadas face ao acúmulo teórico – a exemplo,
New York Daily Tribune, em 1859, já havia algo de labelling respectivamente, do eurocentrismo (crítica pós-colonial), do
(que, futuramente, seria problematizado pelos próprios marxistas) patriarcalismo (crítica feminista), do racismo (crítica antirracista),
no questionamento às estatísticas criminais e na descrição dos do determinismo economicista, das leituras ortodoxas reducionistas,
processos de criminalização; bem como, antes disso, em 1853, da percepção funcionalista do controle social etc., arsenal este que
já publicava o argumento do esvaziamento empírico das teorias confessa o ímpeto pela interdisciplinaridade e confirma a hipótese
retributivas e ressocializadoras da pena – hipóteses levantadas no de negação de um saber universalizante autossustentável.(21)
debate sobre a lei contra o furto de madeira, publicado em 1842
na Gazeta Renana –, sempre partindo do pressuposto de que as O que não pode ocorrer é o seu abandono, conforme a
relações jurídicas somente poderiam ser compreendidas com seminal passagem de Foucault: “Ocorre-me frequentemente citar
base nas condições materiais de existência.(6) Não é à toa que a conceitos, frases e textos de Marx, mas sem me sentir obrigado a
contribuição central apropriada pelas ciências criminais tenha sido acrescentar a pequena peça autentificadora que consiste em fazer
quanto ao método.(7) uma citação de Marx, em colocar cuidadosamente a referência
elogiosa, por meio da qual eu possa ser considerado como alguém
Seguindo o raciocínio, a acumulação originária descrita
que conhece Marx, que reverencia Marx e que será honrado pelas
em seu capolavoro(8) se torna indispensável para a percepção da
revistas ditas marxistas. Cito Marx sem dizê-lo, sem colocar
origem histórica do cárcere e sua íntima vinculação à organização
aspas, e como eles não são capazes de reconhecer os textos de
da vida econômico-social: essa expropriação violenta que
Marx, passo por ser aquele que não cita Marx. Será que um físico,
transformou produtores servis (exploração feudal) em assalariados
quando faz física, experimenta a necessidade de citar Newton
(exploração capitalista) disciplinados nas corporações, sem meios
ou Einstein? (...). É impossível fazer história atualmente sem
de produção, excluídos, marginalizados e criminalizados na era
20 do protocapital. A relevância conceitual é tamanha que recebeu
utilizar uma sequência infindável de conceitos ligados direta ou
indiretamente ao pensamento de Marx e sem colocar um horizonte
dedicação específica no estudo de Rosa Luxemburgo;(9) e
atualização por Harvey,(10) a partir da noção de “acumulação por descrito e definido por Marx”.(22) Nesse sentido, tanto a coletânea
espoliação” aplicável à geografia do “novo imperialismo”. organizada por Greemberg(23) quanto por Laval, Paltrinieri &
Fehrat(24) são imprescindíveis para um balanço problematizador
Torna-se, assim, fértil o terreno para uma crítica radical
atual.
ao liberalismo humanizador da prisão e aos ideais burgueses
de legalidade, segurança e igualdade (Escola clássica), bem Dada a crise estrutural do sistema penal e sua configuração
como às proposições etiológicas e deterministas do positivismo refratária aos direitos humanos, o encarceramento em massa, o
criminológico (Escola positiva) – estas, ainda presentes no genocídio em curso, a desigualdade social (de classe, de raça e de
modelo oficial de ciência penal(11) –, crítica essa amplamente gênero) e a seletividade que movem as agências penais, sobretudo
desenvolvida por Pachukanis,(12) Rusche & Kirchheimer,(13) em países periféricos, não resta alternativa senão retomar as bases
Foucault,(14) Melossi & Pavarini(15) e Baratta(16) – intelectuais fundacionais da criminologia radical, afinal, “se o pensamento
que aprofundaram os fundamentos contemporâneos sobre crítico se caracterizou historicamente pela capacidade de
penalidade, criminalização e controle social (v.g. retribuição demarcar uma posição radical contra a reificação do humano,
equivalente, less eligibility, disciplina, ilegalismos, isomorfismo, fundamental, neste cenário, retomar sua potência desconstrutora
microfísica, defesa social etc.), tendo em comum a associação e, sem qualquer semanticismo que possa reduzir sua força,
da operacionalidade dos sistemas punitivos aos sistemas de reafirmar o núcleo teórico e político que o sustenta”.(25)
produção. Se a reconstrução da vida revolucionária de um militante
O que não se pode ignorar é que o referencial, tal qual qualquer cientista social – que, como ninguém, analisou rigorosamente
outro complexo e denso campo do conhecimento, não está um regime antipopular de produção, em busca da construção de
blindado a críticas.(17) Quanto a esse aspecto, fundamental situar uma sociedade sem opressão e miséria(26) – evidencia a completa
alguns “pontos altos” das tensões epistemológicas em torno da mudança dos rumos da história, não se pode ignorar, nos termos
inserção do marxismo na questão criminal, a exemplo: do debate de Vera Malaguti Batista, que “é em Marx que tudo começa. Só
promovido entre Hirst e Taylor & Walton, publicado na histórica os tolos podem achar que a obra marxista está superada; ela só
coletânea Critical criminology (1975), em que se discutiu o desvio será superada quando derrotarmos o capitalismo”,(27) tarefa a ser
como objeto de preocupação científica marxiana, a romantização gestada e vocacionada por intelectuais revolucionários.

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Notas London: Routledge & Kegan Paul LTD, 1951.
(1) O ensaio – dedicado ao casal de professores Bárbara Dias e Jean-François (10) Harvey, David. The new imperialism. New York: Oxford University Press, 2003.
Deluchey – é produto parcial das investigações realizadas na Università de (11) “As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe dominante”
Bologna/Itália, por ocasião do estágio de doutorado sanduíche no exterior (bolsa (Marx, Karl. Manifesto comunista. Trad. Álvaro Pina & Ivana Jinkings. São
PDSE/CAPES) sob a supervisão do Prof. Alvise Sbraccia, bem como resultado Paulo: Boitempo, 2010. p. 57).
das comunicações realizadas no Seminário A atualidade de Marx: em homenagem (12) Pachukanis, Evguiéni B. Teoria geral do direito e marxismo. Trad. Paula Vaz de
aos 200 anos do nascimento de Karl Marx, ocorrido em 03.05.18, no ICSA/ Almeida. São Paulo: Boitempo, 2017.
UFPA, sob a coordenação do CESIP e do PPGSS/UFPA, e na Mesa Redonda 200 (13) Rusche, Georg; Kirkhheimer, Otto. Punição e estrutura social. 2. ed. Trad.
anos: Marx e a Política, promovida pelo PPGCP/UFPA em 21.06.18. Gizlene Neder. Rio de janeiro: Revan/ICC, 2004. p. 7-20.
(2) Cohen, Stanley. Intellectual skepticism and political commitment: the case of (14) Foucault, Michel. Surveiller et punir: naissance de la prison. Paris: Gallimard,
radical criminology. In: Walton, Paul; Young, Jock (eds.). The new criminology 1975.
revisited. London: Palgrave Macmillan, 1998. (15) Melossi, Dario; Pavarini, Massimo. Carcere e fabbrica: alle origine del sistema
(3) “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de modos diferentes; é preciso, penitenciario. 4ª. Bologna: Società editrice il Mulino, 2018.
agora transformá-lo” (Marx, Karl. A ideologia alemã e outros escritos. Trad. (16) Baratta, Alessandro. Criminologia critica e critica del diritto penale:
Waltensir Dutra & Florestan Fernandes. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. p. 90). introduzione alla sociologia giuridico-penale. Bologna: Il Mulino, 1982.
(4) Cf. Pavarini, Massimo. Control y dominación: teorías criminológicas burguesas (17) Sparks, Richard F. A critique of Marxist criminology. Crime and Justice, v. 2. p.
y proyecto hegemónico. Trad. Ignacio Muñagorri. Buenos Aires: Siglo XXI, 159-210, 1980.
2002.
(18) Hirst, Paul. Marx e Engels: sobre direito, crime e moralidade. In: Taylor, Ian;
(5) Sheptycki, James. Marxist criminologies. In: Mclaughlin, Eugene; Muncie, Walton, Paul; Young, Jock (orgs.). Criminologia crítica. Rio de Janeiro: Graal,
John (eds.). The Sage dictionary of criminology. London/Thousand Oaks/New 1980.
Delhi: Sage Publications, 2011. p. 170. (19) Bobbio, Norberto. Marxismo e questione criminale. Lettera ad Alessandro
(6) MARX, Karl. Population, crime, and pauperism. New York Daily Tribune, Baratta. In: _____. Né con Marx, né contro Marx. Roma: Editori Riuniti, 1997.
New York, September, 1859; Marx, Karl. Capital punishment – Mr. Cobden’s (20) Ferrajoli, Luigi; Zolo, Danilo. Marxismo e questione criminale. La Questione
pamphlet – regulations of the Bank of England. New York Daily Tribune, New Criminale, n. 1, III, p. 97-132, Bologna, 1977.
York, February, 1853; Marx, Karl. Debates on the law on thefts of wood. In:
(21) Cf. Giannotti, José Arthur. Marx além do marxismo. Porto Alegre: L&PM,
______; Engels, Fredrich. Collected works. Trad. Richard Dixon et al. London:
2009; Netto, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo:
Lawrence & Wishart, 1975; Marx, Karl. Introduzione alla critica dell’economia
Expressão Popular, 2011.
politica. Trad. Lucio Colletti. Roma: Rinascita, 1954.
(22) Foucault, Michel. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. 25. ed. São
(7) MELOSSI, Dario. The penal question in Capital. Crime and Social Justice, pp.
Paulo: Graal, 2012. p. 231-232.
26-33, spring-summer, 1976.
(23) Greenberg, David F. (ed.). Crime and capitalism: readings in Marxist
(8) “O processo que cria a relação capitalista não pode ser senão o processo de
criminology. Philadelphia: Temple University Press, 1993.
separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de realização de
seu trabalho, processo que, por um lado, transforma em capital os meios sociais (24) Laval, Christian; Paltrinieri, Luca; Fehrat, Taylan (dir.). Marx & Foucault:
de subsistência e de produção e, por outro, converte os produtores diretos em lectures, usages, confrontations. Paris: La Découverte, 2015.
trabalhadores assalariados. A assim chamada acumulação primitiva não é, por (25) Carvalho, Salo de. O “gerencialismo gauche” e a crítica criminológica que não
conseguinte, mais do que o processo histórico de separação entre produtor e teme dizer seu nome. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, v.
meio de produção. Ela aparece como ‘primitiva’ porque constitui a pré-história 15, n. 1, p. 135, jan.-jun. 2014.
do capital e do modo de produção que lhe corresponde (...). Expulsos pela (26) Rossi, Davide. L’attualità del pensiero di Karl Marx. Milano: Pgreco, 2018. p.
dissolução dos séquitos feudais e pela expropriação violenta e intermitente de 13-50.
suas terras, esse proletariado inteiramente livre não podia ser absorvido pela (27) Batista, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. Rio de
manufatura emergente com a mesma rapidez com que fora trazido ao mundo. Janeiro: Revan, 2011. p. 14.
Por outro lado, os que foram repentinamente arrancados de seu modo de vida
costumeiro tampouco conseguiam se ajustar à disciplina da nova situação.
Converteram-se massivamente em mendigos, assaltantes, vagabundos, em parte
por predisposição, mas na maioria dos casos por força das circunstâncias. Isso
Adrian Barbosa e Silva
explica o surgimento, em toda a Europa ocidental, no final do século XV e ao Doutorando em Direito pela UFPA, 21
longo do século XVI, de uma legislação sanguinária contra a vagabundagem. em período sanduíche na Università di Bologna.
Os pais da atual classe trabalhadora foram inicialmente castigados por sua
metamorfose, que lhes fora imposta, em vagabundos e paupers. A legislação os Mestrando em Sociologia jurídico-penal
tratava como delinquentes ‘voluntários’ e supunha depender de sua boa vontade pela Universitat de Barcelona.
que eles continuassem a trabalhar sob as velhas condições, já inexistentes” Professor de Direito Penal do Centro Universitário
(Marx, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro I. Trad. Rubens
Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 786/805-806). do Pará - CESUPA e da Faculdade Estácio do Pará.
(9) Luxemburgo, Rosa. The accumulation of capital. Trad. Agnes Schwarzschild. adrian_abs26@hotmail.com

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