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HODIE

P R E C O N C E IT O
U m a Q u a r t a ­ F e i r a q u e d e ve r i a
# 1
Edição de

e n t r a r pa r a a H i s t ó r i a
L a n ç a m en t o

1 98 4
A pr e s e n ç a d a d i s t o pi a d e
O r w el l
L i m a Ba r r et o
H o t e l 7 d e Se t e m b r o

K e e p l o o ki n g a t M e
As meditações de Lyah

O C l u b e d o L i vr o
A e x pe r i ê n c i a t r a n s f o r m a d o r a d a L e i t u r a
EDITORIAL

Hodie mihi, cras tibi


A frase em latim é antiga, no entanto, continua uma
máxima irrevogável para os homens, o nosso tempo
é uma história e o fim sempre está ali se
aproximando silenciosamente, a ampulheta
derramando um pouco mais de areia a cada
presente sentido. Somos os filhos do tempo sendo
devorados por Cronos pouco a pouco, e que não nos
enganemos, a fome infinita do deus só é saciada
com a vida.
Quando olhamos para o passado vemos todas as
ilusões que podemos criar, tudo o que foi pode ser
outra vez na nossa memória, é possível sentir e ver,
lembrar é editar a vida vivida. Quando, por outro
lado, é para o futuro que dirigimos nossos olhos, as
possibilidades são infinitamente maiores, tudo está
lá, pois não está aqui, o longe é diferente, é melhor.
Situação difícil para nós, do passado resta a
memória, e só, no futuro o nada, porque se
esticamos muito a vista encontramos a certeza
inevitável: é lá que o livro termina.
O passado e o futuro existem, mas não podem ser
experimentados, são ideais vívidos do desejo que se
move em todas as direções do tempo. O que existe
é o hoje, somente ele, nossa ínfima parcela de
eternidade, nossa chama divina brilhando
intensamente para que o presente se confirme como
encantado.
Nossa revista traz o registro de um presente único,
um tempo que foi guardado nestas páginas para ser
lembrado como um período de desejo de
conhecimento e de buscas por novas possibilidades
para a educação.

Boa Leitura!

Gustavo Brito
COLABORADORES

04 CULTURA LEITURA
Amanda Damasceno fala sobre a experiência com o
Clube do Livro.
Editor e diretor responsável: Gustavo Santana
Miranda Brito Redatora­chefe: Amanda
Damasceno Editor­assistente: Alisson Rodrigues
de Paula Colaboradores: Rafaella Cintra, Lara
Moreira, Muryel Almeida, Rafael Fallone,

05
Bárbara Fonseca Editora de Literatura: Amanda
Caixeta

AUTORES NOVOS Imagem da capa: Paul Klee, Highway and


Rafaella Cintra apresenta as reflexões de Lyah. Byways (1929), editada por Gustavo Brito e João
Gabriel.

Produtora: Patrícia Nonato Vieira

Design: João Gabriel Brito e Gustavo Brito

06 FORMANDO LEITORES ‐
Alunos que participaram desta edição: Amanda
de Oliveira Caixeta, Drielly Oliveira de Araújo,
Renata Santana Braga de Sousa, Arthur, Maria
ENTREVISTA Carolini Candida Pires, Victor Reis de Oliveira,

A revista Hodie entrevista o Círculos de Leitura.


Vitor Fornieles Ganzriegler, Rafaella Martins
Freitas Cintra, Izabella da Cruz Scalia, Leticia
Assis Michalczyk Rocha, Giulia Barbieri
Salustio, Marília Gabriela Mendes Maranhão,
Stefany da Silva Rodrigues, Livia Ferreira Brito,
Lara Alves de Souza Moreira, Diego Queiroz
Santana de Souza, Larissa Veridiane Coutinho,
Johnathan Pedroso da Rocha, Natalia Ramos de
Amorim, João Orestes Martins de Farias, Daniel
Claudino Lupo,Thaynara Romão, Thaís Carneiro

07
de Moraes, Felipe Greyck, Igor Rodrigues de
Moraes, Lucas Henrique Santiago Dourado, Luiz
Cesar de Camargo Ferro, Marcus Paulo
Faustino, Phillip ALexandre Almeida Guedes,
LARA MOREIRA ‐ ARTIGO Vinícius Fernandes Vasconcelos, Vyctor

Um dia que não esqueceremos.


Américo, Amanda Damasceno, Alisson
Rodrigues de Paula, Rafael Fallone, Muryel

Comentário de Muryel e Fallone.


Almeida, Ana Carolina Finotti, Alisson Américo,
Bárbara Fonseca, Iago dos Reis

Aviso de Copyright: Todas as imagens utilizadas


nesta edição foram retiradas da internet. A
publicação das imagens de Paul Klee e da
fotografia de Lima Barreto possui caráter
unicamente pedagógico.

10 AMANDA CAIXETA ‐ LITERATURA


A distopia de Orwell.

Unidade Bueno: 62 3254‐6600

Unidade Jardim Goiás: 62 3091‐6607

11
Unidade Planalto: 62 3236‐6500

DOMÍNIO PÚBLICO
Hotel Sete de Setembro, do gênio da raça Lima Barreto.
Os meninos‐poeira de Bárbara Fonseca
CULTURA LEITURA

O Meu Clube do Livro


Sobre aprender a ler o mundo

N
ão gostaria que este texto tivesse aquilo que acredito, a escutar o que o outro
um ar declamatório, mas acho que tem para dizer e a aceitar suas ideias, os
vai ser difícil escapar dele, pois encontros me auxiliaram na construção de
falarei de uma das experiências mais uma visão mais ampla da realidade que existe
transformadoras que vivenciei (e vivencio) dentro e fora de mim. Experiências como essa
durante meus anos de formação na escola. deviam ser vividas por todas as pessoas: a
Proponho que você imagine um lugar no qual sensação de descobrir um novo mundo a cada
o diálogo é a ferramenta de construção do livro aberto é indescritível e encontrar
conhecimento e a leitura a fonte onde pessoas que estejam dispostas a conversar
buscamos os temas para os nossos debates; os sobre a sociedade a partir do que lemos é
relacionamentos não passam pela hierarquia maravilhoso.
burguesa das escolas particulares e a O Clube do Livro é uma parte muito
liberdade de pensamento é incentivada importante da minha vida, graças a ele, ao
constantemente. Esse lugar é, para mim, o professor Gustavo, aos meus colegas e a
Clube do Livro, que talvez, mais do que ter todos os livros que eu li, eu tenho uma noção
me apresentado alguns autores fundamentais, do que sou e de como é o mundo. Durante os
tenha me trazido o desejo de aprender a ler o três anos que participei do Clube, cresci e fui
mundo e a mim mesma. me moldando de acordo com o que aprendia,
Foi lá que conheci Thomas Mann, hoje sei que a leitura desempenhou um
George Orwell, William Shakespeare, grande papel na minha formação até aqui e
Machado de Assis, Fiódor Dostóievski, que será de grande importância no meu
Michel Foucault e tantos outros que futuro.
permitiram que eu entendesse que a Só tenho que agradecer por ter
Literatura, a Filosofia, a Crítica, a Psicologia, participado deste projeto e de ter tido a
a História não estão separadas em grupos oportunidade de estudar Literatura da forma
didáticos, mas antes, se irmanam na tentativa que estudei, sei que essa experiência vai me
de ampliar e esclarecer aquilo que chamamos abrir ainda mais portas e que boa parte do
de Humano. A leitura assumiu, desde então, que serei sempre carregará um pouco desse
um papel essencial na minha vida, pois com grupo que me acolheu com carinho e me
os olhos dos mestres posso ver mais e melhor. ensinou tanto.
O Clube se tornou mais que um
grupo de estudos, ele me ajudou a perceber
quem sou e o que quero, aprendi a defender Amanda Damasceno

4 Novembro, Ano 1
AUTORES NOVOS

Keep looking at me
M
adrugada. Tempo fresco, genuína e me prende, curiosamente.
poderia usar um casaco Aqueles olhos olham pra mim e tentam
agora se quisesse. Sou derreter o gelo nos meus, enquanto os
tomada pelo sono e fica mais difícil meus tentam derreter‐se. Mas não
separar o real do imaginário. Não posso consigo deixar que isso dure muito
confiar em meus olhos ao olhar pela tempo. Logo desvio o olhar e quando
janela. Fito com um pouquinho mais de volto, seus olhos ficaram tão frios
coragem esse breu do lado de fora e quanto os meus. Tento reacender a
acabo vendo a mim mesma, talvez com chama de curiosidade que parece tão
uma certa arrogância. Tento procurar presente naqueles olhos, mas ela já está
significados para os meus devaneios; o camuflada pelo falso desinteresse. Me
que significa essa nova presença, e num deixam aturdida e confusa... Meço
momento de utopia, imagino um futuro cada uma de minhas ações tentando
estranho. Volto abruptamente ao não afastá‐la e não dar a entender o
presente, culpo a sonolência por estar sentimento errado. Percebo uma
tendo pensamentos tão errôneos, tão... pequena mudança de hábitos. Afinal,
distantes dessa realidade absurda. hoje choveu e senti algo muito
Sinto um certo receio em dormir e ter diferente do que costumava sentir.
sonhos caóticos, como essa Novas lembranças começam a florescer
fragmentação de personalidade. Pego e a chuva não tem mais o mesmo clima
um livro e o folheio, sem prestar muita nostálgico. Tudo está diferente. Uma
atenção naquele monte de letras alegria quase iminente. Tento me
grafadas por alguém tão alienado esquecer do mundo e daqueles olhos.
quanto essa personagem, talvez. Deito‐ Deito‐me na cama, o dia está quase
o na escrivaninha e volto a olhar pela amanhecendo. O fim da noite e de
janela. Percebo a vontade de ver meus pensamentos turbulentos.
aqueles olhos de novo. Aqueles olhos
grandes, selados em segredos que em
poucas olhadelas possuem minha
atenção. Sinto vontade de desvendá‐
Rafaella Cintra é
los. Pensar que vejo aqueles olhos há responsável pelo blog:
tanto tempo e nunca prestara atenção. http://myheartisntyours.blogs
Não consigo me lembrar o que me fez
prestar logo agora. Tudo anda tão
pot.com, lá encontramos as
automático e ver seu brilho faz com reflexões da personagem
que o mundo torne a ter vida. A Lyah.
importância disso pra mim é tão
Paul Klee, Dream City (1921)

Novembro, Ano 1 5
FORMANDO LEITORES ENTREVISTA

Os Círculos de Leitura
Projeto criado há oito anos com a missão de Sentamos‐nos em círculo, para que cada um
estimular jovens de escolas da periferia da possa ver os demais participantes. A leitura é
Grande São Paulo a ler e, principalmente, feita em voz alta, pois valorizamos a
compreender o que lêem. sonoridade das palavras, seu ritmo, sua
musicalidade. A magia do texto vai entrando
HODIE: O que buscam os Círculos de pelos ouvidos, sua compreensão passa pelo
Leitura? som das palavras, pelas imagens que elas
Círculos de Leitura: O Projeto Círculos de evocam. A inteligência de um texto passa
Leitura busca apoiar o jovem no pela emoção que em nós desperta.
desenvolvimento de sua identidade, HODIE: Quem participa?
comunidade e cidadania. A leitura e debate Círculos de Leitura: Os Círculos são
em grupo criam um espaço para adolescentes dirigidos para jovens na faixa etária de 12 a 19
que querem dividir suas experiências e anos, cursando a rede pública de ensino
ampliar seu universo de conhecimento e básico. A participação voluntária é chave
idéias através das palavras e do vínculo com o para incentivar o poder de escolha do
outro. adolescente, e seu envolvimento com o grupo
HODIE: O que vocês lêem?

"Ao conhecer as obras


Círculos de Leitura: Nos Círculos de
Leitura, nossos amigos íntimos são: Homero,
desses grandes Platão, Shakespeare, Saramago, Guimarães

homens, acabamos por


Rosa, Machado de Assis e tantos outros... Ao
conhecer as obras desses grandes homens,
nos reconhecer nelas" acabamos por nos reconhecer nelas. Tudo o
que elas trazem também está em nós, uma
vez que falam da experiência humana,
HODIE: Quando surgiram os Círculos? comum a todos os tempos.
Círculos de Leitura: Em 2000 o projeto HODIE: O que os participantes levam dos
Círculos de Leitura foi criado, com um Círculos, além do gosto pela leitura?
primeiro grupo de alunos na Escola Círculos de Leitura: Quando percebemos
Municipal do Conforja, em Diadema. Entre que esse grande patrimônio da humanidade
2000 e 2010 mais de 7500 alunos foram nos pertence, nos vemos fazendo parte de
atendidos na Grande São Paulo através de algo maior, nosso presente ganha novos
Círculos conduzidos por jovens significados. Adquirimos um sentimento de
multiplicadores. identidade, de pertencimento, que facilita
HODIE: Como são os encontros? nossa inserção na vida social e nos torna
Círculos de Leitura: Nos Círculos de responsáveis em manter vivo o patrimônio
Leitura os encontros são semanais. desses homens extraordinários.

6 Novembro, Ano 1
LARA MOREIRA ARTIGO

The Spirit Day


Um dia que não esqueceremos

V
inte de outubro de 2010. Quarta‐ protesto contra a homofobia.
feira. Um dia que deveria entrar para Parece um ato pequeno, quase
história. Poucos tomaram medíocre diante da gravidade do problema
conhecimento do significado dessa quarta. que a homofobia é na sociedade hoje em dia.
Não foi comentado por nenhuma celebridade. Mas já diziam nossas avós, é de grão em grão
Não saiu no Jornal Nacional. A data foi que a galinha enche o papo. Hoje,
batizada “Dia do Espírito” (Spirit Day) ou conseguimos o apoio de três milhões de
“Quarta‐feira Roxa” (Purple Wednesday), e pessoas. Amanhã podem ser seis. E quem
mobilizou mais de três milhões de pessoas ao sabe, nove, depois de amanhã.
redor do mundo. Confuso? Acalme‐se. Você E o que é a homofobia? Vamos
vai entender já. O Dia do Espírito foi uma começar analisando a palavra. Homo significa
ideia de uma jovem canadense, chamada igual. Fobia, do grego, significa medo. Então
Brittany McMillan. O objetivo da podemos entender “Homofobia” como medo,
mobilização era homenagear os sete garotos aversão, ódio ou discriminação contra um
homossexuais que cometeram suicídio devido indivíduo que tenha preferência por um
a ataques homofóbicos nos últimos meses. outro indivíduo “igual”, ou seja, do mesmo
Nas palavras da própria Brittany, “Roxo sexo. Os homofóbicos são divididos em
representa o Espírito na bandeira LBGTQ, e níveis. Existem aqueles que sentem aversão à
isso é o que nós gostaríamos que todos vocês homossexualidade, porém não passam disso;
sentissem: Espírito”. A canadense ainda aqueles que podem chegar a ofender
pediu: “Por favor, vistam roxo no dia 20 de verbalmente, ou humilhar; e aqueles que
outubro. Avisem seus amigos, familiares, chegam ao cúmulo de agredir fisicamente um
empregados, vizinhos e colegas de escola”. E homossexual. Uma pesquisa promovida pelo
foi assim, passando de amigo em amigo, Instituto Perseu Abramo em abril deste ano
vizinho em vizinho, colega em colega, que a confirma a triste realidade: 25% dos
manifestação se espalhou ao redor do mundo, brasileiros são homofóbicos, sendo 19%
como um vírus do bem. E o resultado foi um destes, medianamente homofóbicos e 6%
só: o sucesso. Não só no Canadá onde fortemente homofóbicos. Pouca coisa? Pode
Brittany vive, mas também nos Estados parecer, mas certamente não é.
Unidos, México e até mesmo no Brasil. A mesma pesquisa comprova que os
Milhões de homens e mulheres, crianças, homofóbicos geralmente têm conceitos
jovens e adultos, homossexuais e atrasados para o modelo de sociedade liberal
heterossexuais saíram às ruas de roxo em em que vivemos hoje. Quando perguntado:

Novembro, Ano 1 7
“Se você tivesse filhos pequenos e modo como se vestia. E por ser gay. Seus
descobrisse que o professor deles é atacantes satirizavam atos de sexo gay nas
homossexual, você...” E a maioria absoluta aulas de educação física.”. E um terceiro caso,
respondeu que mudaria de professor. A talvez o mais chocante de todos, é o do
pesquisa mostra ainda, que os homens mais pequeno Seth Walsh, um estudante também
velhos tendem a ser mais preconceituosos: o de treze anos. Outro caso de uma criança que
índice de homofobia entre homens de 35 a 44 sofreu ataques homofóbicos até não suportar
anos é de 21%, contra 48% daqueles com mais mais viver. Os ataques vinham pela Internet,
de 60 anos de idade. pessoalmente e até mesmo por telefone. Seth
Alguns duvidam do mal que a foi encontrado morto pela sua mãe, enforcado
discriminação pode causar na vida de uma numa árvore no quintal de casa. Ele passou
pessoa. Mas o preconceito tem consequências mais de uma semana vivo no hospital graças a
terríveis, principalmente na vida dos jovens, aparelhos de suporte de vida, antes de
já que é fato que as pessoas estão se morrer.
assumindo homossexuais muito mais cedo. Infelizmente, essas histórias não são
Ao contrário do que muitos pensam, a as únicas. Como elas, existem milhares e
homofobia deixa sim, marcas. Elas podem milhares ao redor do planeta. Milhares de
variar de depressão, falta de apetite, insônia, corações que pararam de bater; milhares de
perda do prazer ao realizar qualquer olhos que jamais verão o mundo novamente;
atividade e medo de sair de casa, até (nos milhares de bocas que nunca mais vão se
casos mais graves) o suicídio. Prova disso é a abrir num sorriso; milhares de crianças que
criação do Dia Do Espírito: como já foi dito, é decidiram jogar suas vidas fora pelo ódio dos
uma homenagem aos sete jovens gays que seus colegas; milhares de almas que nos
cometeram suicídio. Para compreender um deixaram pra sempre.
pouco mais sobre como a homofobia é Todos nós temos o sagrado direito de
aterrorizantemente prejudicial, vamos não gostar de algo ou de alguém. Mas
conhecer a história de alguns desses sete também temos o sagrado dever de respeitar
jovens. cada criatura vivente, seja ela uma pequena
Tyler Clementi tinha 19 anos e era joaninha ou um ser humano. Não gostar de
estudante da Universidade de Rutgers. Tyler gays é uma coisa; agredi‐los e humilhá‐los até
se jogou de uma ponte após descobrir que seu levá‐los à morte é outra totalmente diferente.
colega de quarto o havia transmitido via O que falta na sociedade hoje em dia é
Internet tendo relações com seu namorado. respeito. Queremos que todos respeitem
Outro caso aterrorizante foi o de Asher nossas opiniões, verdades e pensamentos.
Brown, de apenas 13 anos. Ele era aluno da Porém, não respeitamos os das outras
oitava série nos arredores de Huston, e pessoas.
segundo sua família, sofreu preconceito, Temos que acordar para o mundo em
discriminação, e foi humilhado até morrer. De que estamos, e perceber que discriminar um
acordo com os pais, “Asher era provocado por homossexual não vai fazer de você uma
ser pequeno. Por suas crenças religiosas. Pelo pessoa melhor. Além do preconceito contra

8 Novembro, Ano 1
os próprios homossexuais, o alvo constante
dos homofóbicos têm sido aquelas pessoas
Muryel & Fallone
Comentam:
(heterossexuais) que defendem os gays.
Segundo essas pessoas, nós não deveríamos
“compactuar com essas bobagens”. E mais
uma vez temos um exemplo claro da A solução da crise de gêneros,
estupidez de alguns. O que podemos fazer é assim como a maioria dos
simplesmente ignorar, e jamais sentir problemas sociais, está na
vergonha de defender uma causa na qual
educação. A única forma para
acreditamos, por preconceito.
Quanto aos jovens, a situação é mais resolver esse dilema é
grave ainda. Sejam eles meninos ou meninas, trabalhando nas mentes de
adolescentes gays de 10 a 20 anos têm sofrido nossas crianças, acostumando
cada vez mais com o bullying. Os colegas de primeiramente as nossas ‐ já que
escola fazem brincadeiras maldosas com essas
a educação se baseia no
crianças, sem pensar nas consequências. Seus
colegas, que deveriam estar do lado deles, não exemplo‐ que antes dessas
estão. Não há mais motivos para sair de casa. definições de gênero, há a
Ir aonde, fazer o quê? Não se pode colocar o diferenciação entre nossas
pé pra fora de casa que já escuta um “bicha” personalidades, habilidades,
daqui, um “veado” dali, e quando a vítima dá
enfim, existe uma diferença de
por si, já não tem mais motivo algum para
querer viver. A solução pra acabar com tanto pessoa para pessoa e nunca de
sofrimento muitas vezes é o suicídio. E assim um grupo para outro. A
terminou a história desses sete jovens, e de educação iria fazer com que
muitos outros, meninos e meninas. Jovens memes como a aceitação, o
que nunca nem ao menos responderam aos
respeito, a compaixão e tantos
seus agressores. Jovens que terminaram suas
vidas pendurados em árvores, no fundo de outros, achassem novos
rios. Jovens cujo único pecado foi nascer num receptores que no futuro seriam
planeta onde diferenças não são aceitas nem transmissores dessas ideias.
respeitadas. Afinal, por mais que se tente
Se os agressores dessas crianças
definir os grupos, sempre haverá
pensassem nos seus atos, os números de
homossexuais que morreram por preconceito indivíduos que fogem dos
não seriam tão altos. E os números não estereótipos. O que deve existir
mentem. Por isso, antes de rir de alguém, entre nós é a verdadeira
mesmo que de “brincadeira”, por qualquer aceitação da diversidade como
motivo, pense bem. Heterossexualismo é
parte da natureza.
amor. Homossexualismo é amor. Homofobia e
preconceito têm outro nome: estupidez.

Novembro, Ano 1 9
A Distopia de Orwell
AMANDA CAIXETA LITERATURA

O
livro 1984, lançado em 1949, é Os principais ideais da obra estão
uma das grandes e majestosas enquadrados na política duplipensar, eles
obras de George Orwell. Nela o propõem ideias opostas, como se ambas
autor relata, através de Winston Smith, um fossem verdadeiras. Nunca negando nem
regime político totalitário, num periodo em uma nem outra. Como é perceptível no lema
que o mundo estava dividido em três do partido Guerra é Paz; Liberdade é
nações: Letásia, Eurásia e Oceania, as quais Escravidão; Ignorância é Força.
vivam em guerra constante e inacabável, Sempre com o objetivo de suprimir
determinada pelas diferentes e suspeitas a individualidade o partido vai
alianças feitas entre tais paises. influenciando a população, através de
O livro é marcado pela opressão da supostos eventos patrióticos, como os “Dois
polícia do pensamento, responsável por ir minutos de ódio”.
em busca dos que cometiam uma crimidéia, E quem não participava dos eventos de
isto é, os que cometiam o “deslize” de forma correta e empolgante era acusado de
pensar de maneira diferente da imposta pelo cometer uma crimidéia e corria o risco de
Ministério. Para impedir, então, cada vez ser pego pela polícia do pensamento que
mais esses “deslizes”, é formulada a iria vaporizar o suspeito.Não apenas o
Novilíngua, a qual será responsável por matando, mas acabando com qualquer
reduzir o vocabulário, até se chegar ao indício de que tal já existiu.
ponto de não existir nenhuma possibilidade Portanto, 1984 não pode ser
da formulação de ideias próprias, e considerado de modo algum apenas mais
contrárias ao Partido, deixando as pessoas um livro de política, pois ele apresenta uma
sem outra opção além de amar o Big distopia e uma previsão da nossa realidade.
Brother, ou em bom português, o Grande Expondo de maneira espetacular a
Irmão. manipulação à qual somos submetidos e a
Por meio de tal leitura pode‐se vigilância crescente proporcionada pela
chegar à conclusão de que o Grande Irmão é tecnologia e, principalmente, o controle da
uma figura inexistente. Contando que ele linguagem que leva ao controle da memória,
nunca realizou uma aparição pública apesar permitindo ao partido editar o passado, o
de sempre estar presente através de cartazes presente e o futuro de acordo com suas
pela rua e através das pessoas, que amam e necessidades. Por isso é aconselhável a
idolatram tal personagem, devido à todos que leiam a grande obra de Orwell,
manipulação do partido, que propaga os que continua e continuará sendo uma
grandes feitos do Big Brother usando o grande lente de aumento para observarmos
Paul Klee, Diktator (1933)

slogan “O Grande Irmão zela por ti”. a sociedade em que vivemos.

10 Novembro, Ano 1
LimaBarreto(1881­1922)
DOMÍNIO PÚBLICO

Hotel Sete de Setembro


Careta 5‐8‐1922
Lima Barreto

uma vantagem. Quero dizer que Os Meninos‐poeira


semelhante festa, a dez mil‐réis a
cabeça, para proteger crianças

L
Nas ruas, sem nome,
pobres, é uma injúria e uma ofensa, sem família, com fome
feita a essas mesmas crianças, num e rancor, os meninos‐
edifício em que o governo da cidade poeira lutam todos os
i nos jornais que um grupo de gastou, segundo ele próprio dias para amanhecer o
senhoras da nossa melhor confessa, oito mil contos de réis. outro. Uma moeda
sociedade e gentis senhoritas Pois é justo que a dada no semáforo,

inauguraram, com um chá dançante, municipalidade do Rio de Janeiro


uma roupa velha

a dez mil‐réis a cabeça, o Hotel do gaste tão vultosa quantia para


doada durante o

Sr. Carlos Sampaio, nas encostas do


Natal, um brinquedo
abrigar forasteiros ricos e deixe sem
morro da Viúva. Os resultados
quebrado são os atos
abrigo milhares de crianças pobres caridosos que aliviam
pecuniários de semelhante festança, ao léu da vida? as nossas consciências.
segundo diziam os jornais, O primeiro dever da A poeira social que são
reverteriam em favor das crianças Municipalidade não era construir os meninos de rua é
pobres, das quais as referidas hotéis de luxo, nem hospedarias, varrida para debaixo
senhoras e senhoritas, agremiadas nem zungas, nem quilombos, como dos nossos tapetes de
sob o título de "Pequena Cruzada", se pensa o Sr. Carlos Sampaio. O seu concreto e asfalto para
fizeram espontâneas protetoras. primeiro dever era dar assistência não incomodar os
Ora, não há nada mais belo aos necessitados, toda a espécie de olhos dos filhos
que a Caridade; e, se não cito aqui assistência. legítimos da cidade; os
um profundo pensamento a respeito, Agora, depois de gastar tão invasores sujos, por

motivo é não ter ao alcance da mão fabulosa quantia, dar um bródio


outro lado, poluem a

um dicionário de "chapas". para minorar o sofrimento da


vista como a poeira

Se o tivesse, os leitores veriam como


dos móveis, mas não
infância desvalida, só uma coisa
eu ia além do esteta Antônio Ferro,
mais que isso. São
resta dizer à edilidade: “passem crianças invisíveis
que saltou no cais Mauá, para nos bem!” existindo sob os
ofuscar, com os seus trapos de José Um dia é da caça e outro é do nossos pés.
Estêvão, Alexandre Herculano e caçador. Digo assim, para não dizer
outros que tais! em latim: "Hodie mihi, cras tibi".
Felizmente não o tenho e Nada mais ponho na carta. Bárbara Fonseca
posso falar simplesmente ‐ o que já é Adeus.

Novembro, Ano 1 11
Professor Gustavo Brito
85844962

Unidade Bueno
Setor Bueno, Av. T-30, nº 2.736 62
3254-6600
Unidade Jardim Goiás
Esquina com Rua 14 , Jardim Goiás
62 3091-6607
Unidade Planalto
Av. São Bartolomeu esq. com av. São
Carlos, Jd. Planalto
62 3236-6500

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