Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
SEMIOTÉCNICA NEUROLÓGICA
1
O início súbito deve ser comparado, para o paciente
entender bem, como sendo parecido com o estalar de um trovão e deve
ser diferenciado por exemplo de um início rápido mas que dure alguns
segundos ou poucos minutos. O primeiro caso lembra a ruptura de um
aneurisma cerebral enquanto que o segundo lembra a instalação de
acidente vascular cerebral isquêmico.
O início insidioso lembra lesão expansiva ou doenças
lentamente progressivas como a D. de Parkinson e a D. de Alzheimer.
O tipo de evolução ajuda no raciocínio do diagnóstico
etiológico.
A evolução estacionária indica uma doença que deixa
seqüela, como por exemplo um trauma medular ou hemorragia cerebral.
Se no decorrer dos meses (dias) houver melhora dos sinais/sintomas a
evolução é chamada de regressiva.
A evolução progressiva lembra patologias que aumentam
com o tempo como as doenças degenerativas e as lesões expansivas.
A evolução paroxística e recidivante diferem apenas na
duração dos sintomas. No primeiro tipo os sinais/sintomas devem durar
por minutos ou poucas horas (ex. crise epiléptica, enxaqueca) enquanto
no segundo tipo os sinais/sintomas poderão durar meses (ex. Esclerose
Múltipla) e depois regredir total ou parcialmente.
A evolução ondulante caracteriza algumas doenças que
sofrem influência de fatores internos como a hipo ou hiperglicemia,
uremia, amonemia ou externos como o frio (afetando a circulação
cerebral por exemplo).
2
O paciente pode estar inconsciente. Poderá estar deitado,
no leito de olhos fechados, diferindo do sono por não ser possível
3
despertá-lo mesmo com estímulos intensos. Neste caso, o paciente está
em coma que pode ser superficial ou profundo. A avaliação da
profundidade do coma será visto em capítulo posterior. O paciente
inconsciente poderá estar acordado, deambulando ou até agitado.
Neste caso poderá não obedecer ordens, não conseguir manter
diálogo coerente (confusão mental) ou apresentar alucinações, ilusões
ou delírios (de grandeza?). Estes casos são chamados de estados
confusionais.
Se o paciente está consciente, avaliaremos a orientação no
tempo (dia, mês, ano, idade, etc) e no espaço (endereço onde reside,
onde está agora, há quanto tempo, etc).
A atenção e a memória podem ser testadas solicitando ao
paciente para repetir sequências de números ou palavras na ordem
direta ou inversa, fazer pequenos cálculos como por exemplo tirar 7 de
100 por 4 a 5 vezes, etc.
Quanto a memória, podemos testar a memória remota, que
dificilmente é perdida (onde nasceu, onde morou quando criança, os
filhos, etc), a memória recente que frequentemente é comprometida nas
síndromes demenciais e pode ser testada perguntando-se se já almoçou,
como veio até o hospital, que dia é hoje, qual a cidade onde está, etc.
O raciocínio e a associação de ideias podem ser testadas
propondo-se pequenos problemas matemáticos ou solução de alguma
situação do cotidiano. Pode-se ainda pedir para o paciente interpretar
pequenas histórias ou provérbios bem conhecidos.
A avaliação do estado emocional é visto em detalhes no
curso de Semiologia Psiquiátrica. Devemos assinalar neste ponto do
exame a presença de ansiedade excessiva, depressões evidentes ou
alteração da afetividade.
4
fazer e, depois examina o paciente. Táctil, usa-se um algodão seco,
gaze ou um pedaço de lenço de papel. Térmica, usa-se dois tubos de
ensaio cheios, um de água fria (+ ou - 10o.C) e outro de água quente (+
ou - 45o.C), coloca-se de maneira aleatória os tubos, nos locais a serem
testados. Os testes devem ser feitos nas regiões suspeitas comparando-se
a sensibilidade dessas regiões com outras, consideradas normais. Uma
sistematização interessante pode ser usada: testar os membros iniciando-
se dos dedos até a raiz para detectar algum nível em “luva” ou em
“bota” de perda das sensibilidades (indicaria polineuropatia periférica) A
seguir testa-se as circunferências dos membros na altura da mão,
antebraço, braço, pé, perna e coxa para detectar alguma faixa de
perda das sensibilidades (indicaria comprometimento de raízes sensitivas).
A seguir pesquisa-se a sensibilidade do tronco de um lado e do outro,
comparando-se áreas homólogas, ao mesmo tempo vai-se caminhando
pelo tronco cranialmente até a mandíbula (poderia indicar níveis de
alteração das sensibilidades sugestivas de patologias medulares). Não
esquecer de examinar as regiões ventral e a dorsal.
Na determinação de nível de sensibilidade com exatidão pode-se, entrar
e sair, com os estímulos correspondentes, nas áreas afetadas solicitando-
se ao paciente dizer o momento que as sensibilidades aumentam
(quando sai da área afetada) e diminuem (quando entra na área
afetada). Esta manobra poderá ser repetida em casos de dúvidas, várias
vezes ou em dias subsequentes. É necessário fazer-se um mapa das
alterações da sensibilidade em um desenho do corpo humano.
5
Outra forma de testar a sensibilidade proprioceptiva é
colocar um dos membros numa determinada posição estando o
paciente de olho fechado e solicitar para que coloque o membro
homólogo na mesma posição. Isto será feito corretamente se houver
integridade da sensibilidade profunda. Uma manobra muito usada é
balançar os dedos da mão ou do pé, de preferência o primeiro dedo,
pegando-o pelas bordas laterais e parar com o dedo, ora em flexão, ora
em extensão e pedir ao paciente identificar esta posição de olhos
fechados (o dedo está para cima ou para baixo?)
6
(diminuição ou ausência de movimentos na face, membro superior e
membro inferior de um lado), hemiparesia desproporcionada (quando
um dos três segmentos citados acima estiver mais comprometido),
hemiparesia ou hemiplegia alterna (diminuição ou ausência de
movimentos envolvendo grupos musculares inervados por um nervo
craniano de um lado com hemiparesia ou hemiplegia de membros do
lado oposto), quadriparesia ou tetraparesia ou quadriplegia ou
tetraplegia (diminuição ou ausência de movimentos dos quatro
membros).
7
Examina-se o trofismo muscular pela inspeção, olhar locais de
maior comprometimento como os interósseos, adutor do polegar,
deltoide, cintura escapular, panturrilhas, coxas, etc. Quando houver
dúvidas quanto a presença de assimetria podemos medir com fita
métrica os perímetros das coxas, pernas, braços e antebraços em lugares
previamente marcados e simétricos. O trofismo muscular poderá estar
aumentado em algumas doenças raras. O aumento do volume do
músculo, no entanto, pode se dar pelo aumento de tecido fibroso
conjuntivo (pseudo hipertrofia).
8
O exame é feito pela inspeção. Coloca-se o paciente
sentado, com os braços estendidos para frente, mãos em pronação e
dedos em adução. Pede-se ao mesmo tempo para o paciente colocar
a língua para fora da boca. Nesta posição podem surgir movimentos
involuntários como tremores, asterixe, coreia, atetose, mioclonias, etc.
Depois pede-se ao paciente para fletir o antebraço e abduzir os braços,
com as mãos em frente do rosto e os dedos indicadores estendidos
estando os demais dedos fletidos. Os indicadores devem estar próximos,
um em frente ao outro, sem se tocarem. Nesta posição observa-se melhor
os tremores posturais e o bater de asa. “Bater de asa” caracteriza-se pelo
movimento involuntário de abaixar e elevar os cotovelos, mantida a
posição descrita acima. Estes e outros tipos de movimentos involuntários
anormais como os tiques, balismo, distonias, fasciculação, etc. serão
descritos em doenças específicas.
9
indicadores no nariz ou na orelha repetidamente. A prova poderá ser
realizada com movimentos simétricos e ao mesmo tempo ou
alternadamente, colocando-se primeiro o índex direito no nariz (ou
orelha) voltando a estender o braço direito e, a seguir, fletir o braço
esquerdo colocando o índex esquerdo no nariz (ou orelha) repetindo-se
essa sequência várias vezes, de olhos abertos e, a seguir de olhos
fechados. Durante o movimento observamos a harmonia, a medida e o
aparecimento de tremores. Alterações: a) Na harmonia do movimento
com fases de movimento mais rápidos e mais lentos, mais para o alto ou
mais para baixo. b) Na medida do movimento com interrupção antes do
alvo (nariz ou orelha) ou a ultrapassagem do alvo (dismetria) e c) Tremor
que se acentua quando o índex está parado, próximo do alvo (tremor de
intenção).
A prova do calcanhar-joelho testa a coordenação dos
membros inferiores. Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal
solicitando que coloque um dos calcanhares no joelho oposto e, a seguir,
deslize o calcanhar encostado na região tibial da perna, até a ponta dos
pododáctilos. Este movimento deve ser feito alternado, ora com um
membro, ora com o outro, com o paciente olhando os movimentos e, a
seguir, de olhos fechados. As alterações citadas nas provas index-nariz e
index-orelha deverão ser observadas nesta. Quando as alterações se
acentuam, após o fechamento dos olhos, há comprometimento do
sensibilidade proprioceptiva.
Outras provas, poderão ser feitas para avaliação da
coordenação muscular, por exemplo, pegar um copo cheio de água e
levá-lo a boca, vestir-se, abotoar as roupas, fazer riscos horizontais
limitados por 2 traços verticais, escrita, etc.
Diadococinesia é a capacidade de inverter rapidamente a
direção de um movimento. As duas provas mais utilizadas para avaliação
da diadocococinesia são: a supinação-pronação da mão (movimentos
rápidos, alternados, batendo ora com a palma ora com o dorso da mão
no divã ou no próprio joelho) e a do rebote (“rebound”) solicitando-se
do paciente para fazer força de flexão do antebraço sobre o braço com
o examinador segurando o antebraço pelo punho e subitamente o
examinador solta o antebraço ; reflexivamente o paciente inverte o
sentido da força que está fazendo surgindo inclusive uma pequena
extensão do antebraço. Estas provas alteradas indicam que há
disdiadococinesia (incoordenação de origem cerebelar).
10
solicitando do paciente para olhar para um dos lados, depois, para o
outro lado, para cima e para baixo. Nistagmo uniocular é sempre de
origem central. Nistagmo multidirecional em geral é de origem central.
Movimentos oculares incoordenados ora mais rápidos ora mais lentos mas
sem caracterizar um nistagmo típico, são de origem cerebelar.
11
Reflexos axiais da face. Orbicular das pálpebras, percutir a região
glabelar com interposição do dedo indicador da outra mão; resposta,
contração dos músculos orbiculares das pálpebras, visível pelo piscar
bilateral. Orbicular da boca, percutir com interposição do dedo a região
supra ou infrabucal procurando distender o músculo orbicular da boca,
ou seja no caso do dedo estar na região supra bucal, bater com o
martelo de baixo para cima; resposta de mímica parecendo com assobio
ou beijo. Masseterino bater com o martelo no queixo de cima para baixo
com interposição de dedo distendendo subitamente os m. masseteres,
estando a boca relaxada e semi aberta; resposta, fechamento da boca.
Reflexos dos membros superiores. Peitoral, percutir o tendão do músculo
peitoral na sua inserção no úmero ou seja na borda anterior da axila com
interposição do dedo, estando o braço um pouco abduzido (cerca de
20o.) e o antebraço fletido; resposta, adução do braço. Bicipital, percutir
o tendão do bíceps na sua inserção na região interna do cotovelo com
interposição do dedo (fossa intercubital) e com o antebraço fletido em
90o. em relação ao braço. Se o paciente estiver sentado, o antebraço e
as mãos ficarão apoiadas nas coxas homolaterais, com os membros
superiores bem relaxados. Se o paciente estiver deitado, apoia-se as
mãos e a região distal do antebraço sobre o abdome estando o
antebraço fletido num ângulo 90o. em relação ao braço e o braço
levemente abduzido. Resposta, contração os bíceps com flexão do
antebraço. Estilorradial a posição do antebraço é a mesma do reflexo
anterior, percutir a cabeça distal do radio ou seja na inserção do tendão
do músculo estilorradial no radio com ou sem interposição de dedo.
Resposta, podemos observar contração do músculo estilorradial com
flexão do cotovelo e tendência a pronação da mão e do profundo
comum dos dedos com flexão dos dedos da mão. Tricipital, percutir o
tendão do m. tríceps no olécrano, sem interposição do dedo com o
braço fletido e levemente abduzido (mesma posição para os reflexos
supracitados). O paciente estando deitado, o examinador eleva um
pouco o cotovelo da cama para facilitar a percussão. Se o paciente
estiver sentado o examinador eleva o cotovelo de forma a manter o
braço na mesma linha do corpo com o antebraço solto, fazendo um
ângulo de 90o. com o braço. Resposta, extensão do antebraço. Flexor
dos dedos, com as mãos em supinação e os dedos semifletidos, coloca-
se o dedo indicador do examinador, transversalmente na palma da mão
do paciente e percute-se. Resposta, flexão dos dedos. Podemos usar
duas outras manobras. (Troemer e Hoffmann), para obtenção deste
mesmo reflexo.
Reflexos dos membros inferiores. Médio-púbico percutir a sínfise púbica,
com o paciente deitado e com interposição do dedo e os membros
inferiores abduzidos num ângulo de + ou - 20o. Resposta superior,
contração da musculatura abdominal, resposta inferior,
12
12
adução e rotação interna dos membros inferiores. Adutor das coxas
percussão dos tendões dos adutores na inserção na região interna do
fêmur, com interposição do dedo. Usualmente percute-se a região
interna da coxa logo acima do final do fêmur com as coxas levemente
abduzidas e o paciente sentado ou deitado. Resposta, adução das
coxas. Patelar, percute-se o tendão do músculo quadríceps entre a rótula
e a cabeça da tíbia, com o paciente sentado, sem interposição do
dedo. Se o paciente estiver deitado eleva-se as duas coxas com o
antebraço esquerdo sob os joelhos, pedindo ao paciente para manter os
membros inferiores relaxados, ou seja, os calcanhares ficarão apoiados
na cama, (mantendo-se um angulo de + ou - 120o. na articulação do
joelho). Resposta, extensão da perna sobre a coxa. Aquileano com o
paciente sentado, eleva-se um pouco o pé para manter-se em ângulo
de + ou - 90o. entre a perna e o pé e percute-se o tendão na sua
inserção no calcâneo. Se o paciente estiver deitado coloca-se o pé
esquerdo, com pequena flexão deste membro, sobre a perna direita
estendida e fletindo-se dorsalmente o pé com a mão esquerda, percutir o
tendão de Aquiles. Resposta, contração dos músculo tríceps crural com
extensão do pé. A seguir pesquisa-se o reflexo contra-lateral, invertendo-
se a posição dos membros inferiores. Flexor dos dedos dos pés, com o
paciente deitado e o pé ligeiramente dorsifletido, percutir a base dos
artelhos sem interposição do dedo. Resposta, flexão dos dedos do pé.
13
13
Nos reflexos superficiais (cutâneos e mucosos) o estímulo
provocador do reflexo é superficial, feito em geral com um estilete de
ponta romba (palito de fósforo) e a resposta é a contração de um grupo
muscular.
Reflexos cutâneos. Cutâneo abdominal, estimulação com uma ponta
romba a pele da região abdominal dos flancos para a cicatriz umbilical
na região da inervação das raízes T7-T9, T9-T10, T11-T12, estando o
paciente deitado. Resposta, contração da musculatura abdominal com
desvio da cicatriz umbilical para o lado estimulado. Cremastéricos,
estimulação da pele da face interna da coxa com o paciente deitado.
Resposta, contração da musculatura cremastérica homolateral com
elevação de testículo. Cutaneo-plantar, estimulação da planta dos pés,
do calcanhar em direção aos dedos, pela borda lateral do pé, com o
paciente deitado. Resposta, flexão dos podadáctilos. Palmo-mentual,
estimulação cutânea da palma da mão, na região mediana, do punho
em direção aos dedos. Resposta, contração da musculatura mentoniana
homolateral.
Reflexos mucosas. Anal, estímulo da mucosa anal, resposta, contração
do esfíncter anal. Córneo palpebral, ver V nervo craniano.
Os reflexos superficiais nunca estão exacerbados ou
hiperativos. Podem estar hipoativos ou ausentes (por exemplo na lesão do
feixe piramidal). Neste caso o reflexo cutâneo plantar pode estar ausente
e no seu lugar surgir o sinal de Babinski ou seja a extensão ampla e
majestosa do halux e abdução dos demais pododáctilos. Tal resposta
pode ser obtida apertando com a mão a musculatura da panturrilha
(sinal de Gordon), apertando com os dedos, polegar e indicador o
tendão de Aquiles (sinal de Schaeffer), deslizando com força os dedos do
examinador de cima para baixo na crista da tíbia (Sinal de Oppennheim)
ou deslizando uma ponta romba na região lateral do pé, do maléolo
externo até o 5o . pododáctilo (Sinal de Chaddoc).
14
narina oposta) e depois da outra narina. Repete-se a operação algumas
vezes até ter certeza do olfato de ambas as narinas do paciente.
Anosmia é o termo usado para a perda do olfato. Paraosmia é o termo
usado para a percepção alterada do olfato (dizer que a baunilha tem
cheiro desagradável, por exemplo).
15
15
Examina-se motilidade ocular solicitando-se do paciente que
olhe de um lado, do outro, para cima e para baixo, estando sua cabeça
fixa dirigida para frente. Deve-se também testar a motilidade ocular em
direção intermediária àquelas, ou seja, obliquamente para cima e para
fora, para cima e para dentro, etc. A seguir pede-se para olhar para um
dedo colocado próximo aos olhos, na linha mediana, para testar a
capacidade de convergência ocular. Nestes exames poderão surgir
anormalidades: a) diplopia (que desaparece se um dos olhos está
fechado), indicando que o movimento de ambos os olhos não foram
simétricos. b) a excursão de um ou de ambos os olhos não é total para
uma ou mais direção testada. Quando um olho não excursiona
totalmente para fora o nervo abducente (VI) está lesado. Quando o olho
tem várias limitações exceto para a sua abdução completa o nervo
lesado é o motor ocular comum (III). Neste caso, em repouso o olho
comprometido fica em abdução e em midríase.
Quando os dois olhos não excursionam normalmente para
uma direção o distúrbio é quase sempre no tronco cerebral ou em região
mais rostral. Podemos ter paralisia (ou paresia) do olhar vertical (de
ambos os olhos) para cima, para baixo, ou paralisia (ou paresia) do olhar
horizontal para um dos lados, ou incapacidade de convergi-los. Cada
uma destas deficiências corresponderá a topografias específicas.
A seguir examina-se a fenda palpebral. Poderá estar mais
aberta nas exoftalmias, fechada parcialmente (lesão do simpático
cervical) ou totalmente (lesão do III nervo craniano).
As pupilas são examinados pela inspeção, observando-se
simetrias e regularidade das bordas pupilares. Midríase surge na lesão do
III nervo e miose na lesão do sistema nervoso simpático cervical. As
reações pupilares à luz devem ser testadas solicitando-se ao paciente
olhar distante, para um ponto da parede oposta e fazendo um feixe de
luz (lanterna de feixe estreito) penetrar na pupila examinada,
obliquamente, colocando-se a lanterna lateralmente ao eixo do olho.
Haverá miose. Neste olho (reflexo fotomotor direto) e no olho oposto
(reflexo consensual). As pupilas também ficam mióticas ao se aproximar
um objeto dos olhos. O examinador coloca seu dedo bem na frente dos
olhos do paciente á pelo menos 1 metro e vai aproximando o dedo do
olho, à medida que isto é feito os olhos vão se convergindo e as pupilas
vão ficando mióticas (reflexo de acomodação ou convergência visual).
16
16
A sensibilidade superficial da face é testada como foi
explicado no exame de sensibilidade. Não esquecer que o trigêmeo
também leva a sensibilidade da boca, língua até os pilares amigdalianos.
A sensibilidade profunda vibratória da face não é pesquisada pois este
estímulo entrará no SNC através do VIII nervo (acústico). A mastigação é
testada solicitando-se ao paciente para prender um abaixador de língua
entre os dentes molares de um lado e do outro. No lado parético o
examinador retirará o abaixador de língua com maior facilidade. Ao abrir
a boca, o examinador observará desvio de mandíbula. Quando um dos
nervos trigêmeos está deficiente, a mandíbula se desviará para este lado.
O reflexo corneo-palpebral (eferência é dada pelo V nervo) será
examinado tocando-se o limbo corneano (parte colorida do globo
ocular) com um filete de algodão. A resposta (fechamento das
pálpebras) é função do nervo facial; para facilitar esta pesquisa solicita-
se ao paciente para olhar para cima e para o lado oposto ao olho
examinado. O reflexo esternutatório é pesquisado colocando-se um filete
de algodão nas narinas de um lado e, a seguir ao outro, o que provocará
fuga e desconforto para o paciente, se a sensibilidade das cavidades
nasais (V nervo) estiver preservada. O reflexo mandibular ou masseterino
foi pesquisado no capítulo de reflexos profundos.
17
se o procedimento até o examinador ter certeza da presença ou não da
gustação na língua.
Os reflexos nos quais o nervo facial toma parte como efetor
são: nasopalpebral (ver reflexos profundos) córneo-palpebral (ver V nervo
craniano) palmomentual (ver reflexos cutâneos). O sinal de Chvostek que
pode sugerir hipocalcemia é pesquisado percutindo-se as glândulas
parótidas. Em caso positivo haverá desvio de rima bucal para o lado
estimulado.
Quando há paralisia do nervo facial de um lado, haverá
impossibilidade do fechamento da pálpebra pois este nervo supre o
músculo orbicular das pálpebras. Na tentativa de fechar a pálpebra, esta
permanece aberta e o olho roda, reflexivamente para cima (Sinal de
Bell). O comprometimento de toda musculatura mímica unilateral surge
na chamada paralisia facial periférica ou seja quando a lesão está no
núcleo ou abaixo dele. Nas lesões supra-nucleares haverá
comprometimento da musculatura mímica do andar inferior da face
(paralisia facial central).
18
para qualquer lado). Quando se pede para fazer a marcha de Babinski
Weill (ver exame de marcha) o paciente desvia-se a cada segmento
andado, desenhando no chão como estrela (marcha em estrela).
Quando se testa o equilíbrio o paciente tende a cair sempre para o
mesmo lado. Os labirintos também coordenam os movimentos oculares,
surgindo o nistagmo, quando lesados. Testa-se a presença de nistagmo
solicitando-se ao paciente para manter o olhar nas extremidades da
fenda palpebral por alguns segundos. O nistagmo pode ser unidirecional,
multidirecional, horizontal, vertical, rotatório ou monocular (ver exame da
coordenação).
A semiologia mais detalhada do VIII nervo deverá ser
demonstrada na Neurootologia.
19
19
O nervo acessório bulbar inerva juntamente com um
ramo do nervo vago as cordas vocais. Juntos formam o nervo recorrente
laríngeo. Na lesão unilateral deste nervo surge alteração na tonalidade
da voz, voz bitonal. As cordas vocais podem ser examinadas através do
exame otorrinolaringológico.
A porção espinhal do XI nervo craniano inerva os músculos
trapézio e esternocleidomastoídeo. Quando há deficiência bilateral há
dificuldade para manter o segmento cefálico ereto (se o paciente estiver
sentado) ou levantá-lo do leito (se estiver deitado). Se a dificuldade for
unilateral haverá tendência de desvio do segmento cefálico para o lado
comprometido. A força do trapézio é avaliada solicitando-se ao paciente
para elevar os ombros contra a resistência do examinador. Este
comparará a força de um com a do outro lado. O
esternocleidomastoídeo é testado solicitando-se ao paciente para rodar
a cabeça num eixo vertical para a direita, com o examinador
contrapondo resistência no rosto, isto exigirá contração do músculo do
lado esquerdo. A rotação para o lado oposto testará o músculo do lado
direito.
20
femorais e nos joelhos mantendo-se angulo de 90o. entre os segmentos
haverá resistência na extensão passiva, feita pelo examinador, dos joelhos
(sinal de Kernig).
Nos lactentes os sinais meníngeos são em geral negativos
mesmo na presença de meningite. Nesta faixa etária a criança fica
irritada, com abaulamento da fontanela e posição em opistótono,
quando há meningismo.
21
não reconhece sua deficiência (anosognosia).
Nas lesões de determinadas regiões corticais do hemisfério
dominante podem surgir incapacidade para a linguagem escrita, leitura
e para cálculos matemáticos.
22
22
EXAME DO PACIENTE EM COMA
23
nervos oculomotores. Se não houver o fenômeno dos olhos de boneca o
paciente não estará em coma (conversão?) ou o coma estará muito
profundo, próximo ou no estado de morte cerebral.
BIBLIOGRAFIAS
24
24