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CAMPO GRANDE – MS
NOVEMBRO – 2019
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CAMPO GRANDE – MS
NOVEMBRO – 2019
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AGRADECIMENTOS
valia para a minha construção teórica e crítica. Além, disso agraço pela paciência e
por compartilhar seus conhecimentos com ampla dedicação e empenho para que
RESUMO
Joseph Campbell, também conhecida como jornada do herói. E por fim, falaremos
maravilhas; dessemelhanças.
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RESUMEN
diferencias, la tradición y otros conceptos que formarán parte del marco teórico.
Palabras clave: literatura comparada; héroe El Mago de OZ; Alicia en el País de las
Maravillas; disimilitudes.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 02: Capa do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll...................13
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS .........................................................................................................32
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INTRODUÇÃO –
VOU TE CONTAR UM SEGREDO
Este trabalho consiste em uma pesquisa teórica e prática, que tem por
Lyman Frank Baum e Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. Dialogando e
fazendo ponte entre Alice e Dorothy, com a teoria da jornada do herói, elaborada por
artístico, mas que de alguma forma possam ser relacionadas com cada narrativa
Campbell:
UMA VEZ (...) que consistirá em uma pincelada sobre a literatura comparada
o CAPÍTULO III – O ENTRE LUGAR DA VOLTA AO LAR que vai analisar essa
.
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falha, alcançado somente os pés da verossimilhança, tal qual, mantém o elo com a
realidade, se utilizando de uma linguagem que presa pelo sentido, fazendo uma
ponte com a relação que se estabelece entre imagem e ideia, como podemos ver na
imagem a seguir:
Figura 01 – Verossimilhança
Fonte: Google Imagens
que baseados em fatos reais ou que fujam da realidade, como os bizarros mundos
trabalho.
Nesse ínterim, por mais que esses mundos não funcionem como o nosso
mundo “real”, a partir do momento que é escrito, esse mundo passa a existir e
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possui suas próprias regras, estabelecendo divisões da sociedade que ali habita,
funções de poder político, quem é bom e quem é mal. Enquanto tudo estiver dentro
das regras estabelecidas, o leitor não necessita se preocupar com o anormal, pois, a
história.
que tudo faça sentido. Entretanto, não só o mundo pode ser verossímil, mas seus
universo...
situado em um mundo que visa copiar os detalhes da sociedade tida com real, como
por exemplo, é apresentada em A culpa é das estrelas de John Green, mas se ele
pois se trata de um lugar similar ao seu mundo de criação, um local onde tudo é
comparatista entre as obras Alice no País das Maravilhas e O mágico de OZ, com
Figura 02 – Capa do livro Alice no País das Maravilhas Figura 03 – Capa do livro O mágico de Oz
Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens
muito com o caráter imaginoso citado por Jesualdo, formulando uma discussão
causando surpresa ao fato das obras despertarem tanto o interesse das crianças e
não só delas.
é no mínimo peculiar aos olhos de quem o lê, mas o que seria essa forma de
não-sentido: contributos para uma reflexão sobre a escrita nonsense, busca explicar
Dessa forma, se passarmos um pente fino nas obras fica evidente a escrita
nonsense através de alguns trechos, como por exemplo, logo no primeiro capítulo de
Alice no país das Maravilhas, a personagem Alice avista um coelho muito fora do
convencional:
Mágico de Oz, onde na própria introdução do livro de 2002 publicado pela editora
Para tanto esta foi a principal questão que me gerou curiosidade comparar
Levando em conta que Alice no país das Maravilhas foi publicada no ano
intertextualidade:
significa que o mesmo não tenha sido influenciado por ele e vice e versa, pois a
influência como um todo é cíclica, ela que causa aqui as dessemelhanças, onde o
autor tenta não se influenciar, mas já está tomado por toda essa intertextualidade,
como podemos ver que Alice é totalmente influenciada por Dorothy em questão de
pelo contrário trata-se de todo um fator cultural que visa causar um efeito de
[...] por tradição literária entendemos não apenas uma sequência de obras
intertextualmente ligadas, mas o efeito produzido por uma vontade de
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época que foi escrito, criticando por meio dos personagens e pelo enredo da
L. Frank Baum,
por diversas vezes a sociedade nas entrelinhas como no caso do espantalho que é
mim até o momento que são o fato de ambas as narrativas não possuírem um tempo
perdidos.
ovos nos respectivos “mundos novos”, possuindo um caráter imaginoso como fator
primordial.
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organizando essas passagens, ele foi capaz de identificar uma série de etapas
O autor nos traz assim uma outra maneira de compreender este processo,
apresentar algumas mudanças de acordo com o meio á que está envolto, no entanto
Além do limiar, então, o herói inicia uma jornada por um mundo de forças
desconhecidas e, não obstante, estranhamente íntimas, algumas das quais
o ameaçam fortemente. Quando chega ao nadir da jornada mitológica, o
herói passa pela suprema provação e obtém sua recompensa. Seu triunfo
[...]; intrinsecamente, trata-se de uma expansão da consciência e, por
conseguinte, do ser. No limiar de retorno, as forças transcendentais devem
ficar para trás; o herói reemerge do reino do terror. A benção que ele traz
consigo restaura o mundo.
quanto como metáfora para acontecimentos reais do dia-a-dia das pessoas, sendo
quem sou eu? Qual o motivo de ter escolhido essas duas narrativas e não outras?
Vejo que assim como Dorothy e Alice também sou um personagem no mundo que
vivo, pois o fato de ser artista me torna quem eu sou, pontua meu modo de pensar,
Dorothy são heroínas para além de seu tempo, que não se contentam com o mundo
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que a cercam, sempre enfrentando novas aventuras e por que não novos mundos?
Além disso, com o passar do tempo nota-se que vão surgindo personagens que
Porém, e onde fica o meu bios? Por meio do teatro posso ser qualquer
imaginar, mas no final das contas, todas nós temos necessidade de voltar para casa,
mas o que significa voltar para casa? Voltar para casa não se trata só da casa física,
O teatro estava sempre esteve de portas abertas para mim, com alegria,
aventuras, biscoitos e chá, seria ele meu Chapeleiro Maluco?. Já minha mãe, com
seus pés no chão, no cinzento Mato Grosso do Sul assim como o Kansas de
tanto Alice como Dorothy são personagens demasiadas contemporâneas, pois não
universo masculino. Elas pensam e reagem aos fatos, fazem escolhas boas ou
seu pseudônimo Lewis Carroll, rompe todos os padrões instaurados e impostos pela
sociedade, pois Alice ao longo da narrativa mostra e demonstra que é muito além
estereótipos femininos, porém não tomam isto como um fator obrigatório, sendo que,
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esses estereótipos para quebrar ou para dar uma profundidade psicológica maior
existentes. Porém, nem todos os escritores como Lewis Carroll e Lyman Frank
Baum.
Nesse ínterim, é possível fazer uma leitura crítica de suas obras, onde as
comportamentais.
lêem. Tendo a imaginação como alicerce. Ainda sobre o fantástico, Todorov explicita
três condições que são muito bem utilizadas pelos autores das obras escolhidas.
poderia existir um lugar que estivesse aguardando por mim, pois ao viver sempre
certa forma nós que formamos essa tríade vivemos de uma forma tão diferente, tão
encontro com elas mesmas, levando em consideração tudo aquilo que elas
desejavam, suas atitudes e comportamentos que não eram bem vindos em suas
vidas “reais”, ainda mais no caso de Alice na representação da vida real de Lewis
instrumento pedagógico.
Mas eu não quero ficar entre gente maluca‟, Alice retrucou. „Oh, você não
tem saída‟, disse o Gato, „nós somos todos malucos aqui. Eu sou louco.
Você é louca.‟ „Como você sabe que eu sou louca?‟, perguntou Alice. „Você
deve ser‟, afirmou o Gato, „ou então não teria vindo para cá.‟ Alice não
achou que isso provasse nada afinal: entretanto, ela continuou: „E como
você sabe que você é maluco?‟ „Para começar‟, disse o Gato, „um cachorro
não é louco. Você concorda?‟ „Eu suponho que sim‟, respondeu Alice.
„Então‟, o Gato continuou, „você vê os cães rosnarem quando estão bravos
e balançar o rabo quando estão contentes. Bem, eu rosno quando estou
feliz e balanço o rabo quando estou bravo. Portanto, eu sou louco.
não havendo assim uma identidade finalizada, ou até mesmo uma personagem
das mesmas.
„O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para
sair daqui?‟ „Isso depende muito de para onde você que ir‟, respondeu o
Gato. „Não me importo muito para onde..‟ retrucou Alice. „Então não importa
o caminho que você escolha‟, disse o Gato.
Por mais que no caso de Dorothy jamais tenha se especificado uma idade
da série Oz é possível que ela tenha chegado a Oz com cerca de seis anos de
idade. Porém, Baum descreve adultos que têm a mesma altura que ela, priorizando
a igualdade.
seu princípio à sua concretização, talvez seja a coisa mais interessante do processo
de criar algo, compreender que por mais que se tenha uma ideia sensacional, nela
ainda há espaço para se lapidar, e que por mais habilidoso que se seja, é preciso
Executar este trabalho foi antes de tudo uma conquista pessoal para mim,
uma vez que nunca tinha me disposto a realizar uma pesquisa deste porte, e muito
muito grande.
Cada nova etapa que passava se mostrou para mim um degrau necessário
para que pudesse evoluir, tanto como pesquisadora quanto como artista do mundo,
e no fim das contas a jornada do herói, muito mais que um tema para
trabalho mais maduro que já produzi, fruto tanto do conhecimento teórico que adquiri
ao longo do processo.
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novos caminhos, propondo questões como: quem sou eu? Para onde vou? O que
estudos anteriores.
fundamentação teórica posto que tantos os autores das obras escolhidas como nós
sua evolução para além de seu tempo, fator essencial para o indivíduo tem a
narrador
ponte do real e do ficcional além de como essas personagens evoluem neste outro
mundo.
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REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Maria Lúcia. In: SAMUEL, Rogel (org.). Manual de teoria literária.
222, 2017.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. 10. ed. São Paulo: Cultrix/Pensamento,
2005.
2003.
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Rio de Janeiro: Editora Arara azul,
2002.
CORTÁZAR, Julio. Valise de cronópio. Tradução por Davi Arrigucci Jr. e João
ELIADE, Mircea. Mito e Relidade. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1972.
Letras, 1990.
1998.
Leyla. Flores na escrivaninha. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 100-110.
https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/04/tradicaointertextualidade.html//hdl.handle.
2019.
Perspectiva, 1975.
uma reflexão sobre a escrita nonsense. In: Revista da Faculdade de Letras: línguas