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RESUMO: Alguns parasitas representam grave problema de saúde pública, podendo, juntamente
com a má nutrição, serem responsáveis pela deficiência no aprendizado de jovens e no seu
desenvolvimento físico. Comumente, encontra-se maior prevalência em populações de nível sócio-
econômico mais baixo e com condições precárias de saneamento básico, sendo as crianças em idade
escolar as mais acometidas pelas infecções parasitárias. Esse trabalho teve como objetivos avaliar a
prevalência de protozoários em crianças e adolescentes que freqüentam o Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil (PETI), realizado na sede EURECA II, no bairro Santa Cruz/Cascavel-PR, bem
como a realização de atividades visando à prevenção de parasitoses a crianças, adolescentes,
professores e funcionários do programa. Analisaram-se as amostras fecais de 53 participantes, das
quais 28,30% (n=15) estavam parasitadas por protozoários. Observou-se que os protozoários mais
freqüentes foram Entamoeba coli e Giardia lamblia. Além do encaminhamento para o tratamento
adequado, realizou-se uma palestra com a comunidade escolar, visando à reeducação da população
quanto às medidas básicas de higiene e os cuidados com a água e os alimentos contaminados. A
baixa condição sócio-econômica dos participantes e a falta de informação sobre o assunto pode ser
a causa da alta prevalência das parasitoses, demonstrado a necessidade da realização de projetos
educativos e curativos na população.
PALAVRAS CHAVE: Prevalência, Parasitismo, Prevenção, Crianças, Adolescentes.
ABSTRACT: Some parasites represent serious problem of public health, being able, with bad
nutrition, to be responsible for the deficiency in the children’s learning and physical development.
It’s common to find a great prevalence in populations of partner-economic level lower e with
precarious conditions of basic sanitation, being the children in school age more attacked for the
parasitic infections. This work had as objective to evaluate the prevalence of protozoa in children
and adolescents who frequent the Program of Eradication of the Infantile Work (PETI), carried
through in headquarters EURECA II, in the quarter Santa Cruz/Cascavel-PR, as well as the
accomplishment of activities aiming at to the prevention of parasitism in children and adolescents,
professors and employees of the program. Had been analyzed the fecal samples of 53 participants,
of which 28.30% (n=15) had infection by protozoa. It was observed that the protozoa most frequent
had been Entamoeba coli and Giardia lamblia. Beyond the guiding for the adjusted treatment, a
lecture with the school community was carried though, in order to improve the re-education of the
population about basic measures of hygiene and water and foods care. Low partner-economic
condition of the participants analyzed and the lack of information about the subject can be the cause
cause of the high prevalence of the parasatisms, demonstrating the necessity of educative and
dressing projects accomplishment in the population.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Paranaense (projeto nº 11828), com prévia autorização dos pais ou responsáveis pelos escolares
envolvidos. No mês de setembro de 2007 no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com
sede no bairro Santa Cruz, foram realizados exames parasitológicos em 53 crianças e adolescentes
com faixa etária entre 5 a 15 anos, de ambos os sexos. As amostras obtidas para análise
parasitológica foram coletadas em frascos apropriados rotulados com nome do paciente, sexo, idade
e data da coleta. Após, os frascos foram recolhidos na sede Eureca II pelos pesquisadores e
encaminhados para o laboratório da Universidade Paranaense, campus de Cascavel, no Paraná, para
realização dos exames parasitológicos. Os exames foram analisados mediante os métodos de
Hoffmann, Pons e Janer; Baermann; Willis e Faust e cols (VALLADA, 1998). Após a realização
dos exames e respectiva emissão dos laudos, estes foram entregues aos pais ou responsáveis que
foram orientados a procurar o posto de saúde de seu bairro para tratamento antiparasitário, se
necessário. Foi realizada uma palestra de encerramento, abordando conhecimentos sobre os vários
tipos de parasitas e comensais comumente encontrados, sobre os ciclos biológicos dos mesmos, as
formas de transmissão e métodos de profilaxia.
RESULTADOS
Foram entregues aos escolares 100 frascos coletores para realização da coleta das amostras
fecais . Dos frascos entregues 53% atenderam à solicitação para coleta do material fecal. Do total de
exames realizados, 15 amostras, ou seja, 28,30% apresentaram positividade para pelo menos um
protozoário intestinal (Tabela 1). Dos protozoários encontrados a maior prevalência foi de
Entamoeba coli com 5 amostras positivas (32%), seguido de 4 amostras com Endolimax nana
(27%) e 4 com Giardia lamblia (27%) e também foi encontrada Iodamoeba butschli em 1 amostra
(7%). O poliparasitismo foi encontrado em 1 amostra, sendo positivo para Endolimax nana e
Giardia lamblia (7%) (Tabela 2). Em relação ao total de exames por faixa etária, a mais acometida
foi a de 9 a 12 anos com positividade de 73,4%, seguida da de 5 a 8 anos com 13,3% de
positividade e finalmente a de 13 a 15 anos com 13,3% de positividade (Tabela 3).
Positivas 15 28,30%
Negativas 38 71,70%
Total 53 100%
Iodamoeba butschlii 1 7%
Poliparasitismo: 1 7%
Giardia lamblia/Endolimax nana
Total 15 100%
Total 15 38 100%
DISCUSSÃO
Diante dos resultados, pôde-se constatar que houve positividade para parasitas não
patogênicos, como a Iodamoeba butschilii com 7%, Endolimax nana com 27% e a maior
prevalência por Entamoeba coli com 32%. Sendo assim, por se tratar de um protozoário intestinal,
embora não patogênico, o homem pode ser contaminado pela ingestão de cistos maduros
juntamente com alimentos (verduras cruas, hortaliças, frutas) ou água contaminados, tornando-se
assim portadores assintomáticos disseminando a espécie. O homem contaminado ao manipular
alimentos torna-se um potencial transmissor destes parasitas, podendo também haver contaminação
por contato direto pessoa-pessoa (fecal-oral), artrópodes, moscas e baratas, através de seus dejetos
ou regurgitamento (MOURA, 2005).
Observou-se positividade por parasitas patogênicos, como a Giardia lamblia com 27%,
sendo que em um caso, a Giardia lamblia e a Endolimax nana 7%, caracterizaram o
poliparasitismo.
A Giardia lamblia é um parasita que infecta da mesma forma descrita acima, possui um
espectro clínico extenso, variando de infecções assintomáticas até infecções severas com diarréia
crônica e má absorção intestinal (MOURA, 2005).
Comparando o presente estudo a outros feitos em projetos semelhantes com crianças de
baixa renda do Brasil, como no trabalho de Marques et al, (2005) que encontraram 12,6% de
prevalência em crianças de Concórdia (SC), e o trabalho de Lenartovicz et al (2004) em crianças de
Cascavel (PR) com 11% de prevalência. Portanto, pode-se dizer que a prevalência de parasitoses no
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (28,30%) é relativamente alta. Em contrapartida, a
prevalência encontrada por Prado et al (2001), em crianças de Salvador (BA) foi 66,1%, e por Silva
et al (2005) em crianças de Campina Grande (PB) foi 94,07%, demonstrando que em relação ao
nordeste brasileiro a prevalência encontrada neste estudo foi menor. Assim, pode-se afirmar que a
presença de parasitas intestinais está ligada diretamente com a regionalização, nível sócio-
econômico e cultural, às condições de higiene pessoal e cuidados com a água e os alimentos, sendo
que nas classes sociais menos favorecidas estes cuidados não são rigorosamente observados. Além
disso, as crianças e os adolescentes participantes do programa objeto deste estudo têm contato entre
si, o que favorece a transmissão pessoa-a-pessoa dos protozoários. A Giardia lamblia foi
encontrada em grande número nas amostras e, segundo Cimerman (1999), essa infecção acontece
com maior prevalência em crianças, reduzindo para taxas mais baixas à medida que aumenta a
idade, não se sabendo ao certo se isto é devido à imunidade ou outras condições fisiológicas.
Reforçando o argumento de que a prevalência é maior entre os grupos populacionais que
apresentam condições higiênicas precárias e que vivem em ambientes coletivos com maior
densidade populacional.
CONCLUSÃO
O resultado deste trabalho demonstrou positividade para protozoários de 28,30% nas
amostras analisadas, sendo que a prevalência de Entamoeba coli foi 32%, Endolimax nana 27%,
Giardia lamblia 27%, Iodamoeba butschlii7%, e o poliparasitismo com Giardia lamblia e a
Endolimax nana 7%. Assim, as infecções parasitárias devem ser consideradas alvos de controle,
através do tratamento das crianças parasitadas e por meio de mudanças ambientais e de higiene nas
áreas de alta concentração da comunidade escolar, para que haja melhoria de vida destes habitantes.
Considerando estes fatores, a palestra de encerramento realizada com a comunidade escolar foi de
grande aproveitamento, pois se percebeu o interesse e a compreensão tanto por parte dos alunos
quanto dos funcionários a respeito das medidas preventivas a serem adotadas no combate às
parasitoses intestinais, onde todos os participantes infectados foram orientados a procurar o posto de
saúde de seu bairro para tratamento adequado. Apesar das dificuldades como a falta de saneamento
básico e as baixas condições de higiene, o trabalho de controle de parasitoses nas populações de
renda mais baixa, é de simples execução e cabe aos profissionais da saúde contribuir para uma
melhor conscientização da população, buscando a erradicação das mesmas para uma melhoria da
qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
BRASIL. SECRETARIA DE ESTADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Portaria n° 2.917, de 12 de
setembro 2000. Estabelece as Diretrizes e Normas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
- PETI. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 set. 2000. Disponível em:
<http://www.mds.gov.br/>. Acesso em 26 Out. 2007.
MARKELL, E. K.; JOHN, D. T.; KROTOSKI, W. A. Markell & voge – parasitologia médica. 8.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 6-22.
NEVES, D. P. et al. Relação parasito-hospedeiro. In:_____. Parasitologia Humana. 11. ed. São
Paulo: Atheneu, 2005. p. 4-9.