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Fichamento: CARDOSO DE OLIVEIRA, Luís R.

Direitos republicanos, identidades coletivas e


esfera pública no Brasil e no Quebec. In: Direito Legal e Insulto Moral: dilemas da cidadania no
Brasil, Quebec e EUA. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Núcleo de Antropologia Política, 2002. p.
95-128.

- capítulo objetiva discutir os tensionamentos entre direitos individuais e direitos coletivos no Brasil
e no Quebec. Relação legal e moral da cidadania nos dois casos. (p. 95)

- no caso brasileiro, autor argumenta que a mudança nos problemas ligado ao exercício da cidadania
está para além de uma mudança por “decreto”, por lei, mas sim pela necessidade de introjeção de
uma nova moralidade, ligada à mudanças no campo da atitude de do comportamento. (p. 96)

- ele retoma o debate sobre a “expansão dos direitos” da cidadania no Brasil (Marshal, Wanderley
Guilherme, J.M. Carvalho). Penso daí uma questão: o que vai acontecer agora no Brasil
contemporâneo com o aumento da precarização das relações de trabalho? O que acontece quando o
que se procura fazer agora é destruir justamente os mecanismos que regulavam justamente a
cidadania no Brasil? Falo em especial da reforma trabalhista. (p. 99)

- direitos sociais foram sendo expandidos a partir de fortes identidades coletivas associadas à
filiação sindical, como aponta Wanderley Guilherme. (p. 99). Será então que entre os excluídos
deste processo – ou seja, trabalhadores precarizados sem acesso à direitos trabalhistas e ao
próprio sindicato – estaria colocado a “semente” para os “esquemas” da ordem de
sobrevivência?

- Aí vem a contribuição do autor. Cidadãos que não possuem carteira de trabalho são tratados como
vagabundos, desqualificados, dignos de permanente “suspeição” (inclusive pela polícia). Eles são
sujeitos ao que o autor chama de “atos de desconsideração”. Desconsideração o autor se apoia na
noção de Missachtung (falta de atenção, desatenção, desprezo, desrespeito do alemão) inscrita em
Honneth (1996). Daí ele contemporiza: “prefiro traduzi-lo por desconsideração para enfatizar a
ideia de uma falta de atenção indevida, que estaria envolvida nessas situações, e por me parecer
mais de acordo com a ideia hegeliana inspirando Honneth, sobre a estrutura interna de
reciprocidades características das formas fundamentais de relações éticas” nota 7, no original
(Honneth, 1996:16). Trazendo isto para o meu problema de pesquisa, os “esquemas” me
parecem funcionar como uma espécie de “vetor de resposta” a esses atos de desconsideração,
ou seja, de “desatenção” aos direitos básicos desses cidadãos a partir da quebra de relações de
reciprocidade, como aponta Cardoso. Ao sinalizar a conformação de um arranjo de relações
que objetivam construir confiança na operação de algum mercado, a tentativa implícita aí é
de, alguma maneira, reconstruir a reciprocidade quebrada pela suspeição.

- “privilégios ilegítimos são apresentados sob a capa dos direitos sociais, como se estivesse
apoiados em princípios universalistas” (p. 101). Pensão dos servidores públicos X funcionários
provados, para o autor.

- Bresser Pereira: direitos seria de 1ª geração (civis, políticos), 2ª geração (sociais) e de 3ª geração
(de solidariedade). Direitos republicanos seriam aqueles direitos que objetivam proteger a coisa
pública contra sua privatização.

- Baseado em Damatta (1979), autor argumenta que os brasileiros costumam prezar muito mais
consideração à pessoa dos seus interlocutores, do que ao respeito aos direitos (universalizáveis) do
cidadão genérico. Lógica da rua, das relações pessoalizadas que tomam o espaço público teria
causado, para Damatta, um “desvio” para cima e para baixo na condição da cidadania. (p. 105).
Seria um desvio? Se é um desvio, existe um parâmetro “correto”, não?
- problemática da comparação Brasil X Quebec: “Enquanto uma ênfase excessiva na expressão de
consideração dificultaria a efetivação do respeito aos direitos do indivíduo (de caráter
universalizável) – a causa do deficit brasileiro - , uma preocupação exagerada com a proteção destes
direitos reduziria o espaço ou as possibilidades para a expressão de consideração e, desse modo,
exporia os atores a, inadvertidamente, cometerem insultos morais – a causa do deficit norte
americano” (p. 105). O modelo brasileiro enfatiza a pessoalidade das relações e a proteção dos
direitos preferencialmente ao aspecto moral da cidadania na figura da pessoa. Já o modelo norte-
americano enfatiza a universalização dos direitos com base na impessoalidade do indivíduo, não se
atentando para certas especificidades que chamam atenção para a necessidade de solidariedade a
algumas “minorias”. Um sobrevaloriza o particular e o outro o universal.

- “Outro aspecto da dimensão cultural com impacto direto nos direitos de cidadania é a dificuldade
encontrada pelos atores para articular, coerentemente, a dissonância entre a visão abstrata e
amplamente compartilhada por eles sobre igualdade de direitos no plano da cidadania e a orientação
frequentemente hierárquica de suas ações ou práticas cívicas na vida cotidiana. O que indicaria a
existência de uma certa desarticulação entre esfera pública e espaço público no Brasil.” (p. 106).
Sobre tais definições, o autor define na nota 3: “Enquanto esfera pública pode ser definida como o
universo discursivo onde normas, projetos e concepções de mundo são publicizados e estão sujeitos
ao exame ou debate público (Habermas, 1991), o espaço público é aqui tomado como o campo de
relações situadas fora do contexto doméstico ou da intimidade onde as interações sociais
efetivamente têm lugar”.

- o insulto moral ocorre quando os direitos dos cidadãos são desconsiderados, mesmo que de
maneira involuntária (dar seu lugar na fila para alguém, por exemplo. Os direitos dos outros
cidadãos, que também são “iguais”, são desconsiderados) p. 107

- desafio no Brasil não é construir mecanismos para reprimir as manifestações de consideração à


pessoa (solidariedade seletiva), mas sim de universalizá-las. (p. 108)

- No Canadá (Quebec), o problema é de outra ordem: a ausência de reconhecimento das


especificidades do Quebec poderia ser entendida como um insulto moral. (p. 109) Quebec
reivindica que o tratamento diferenciado da província seria condição básica para a efetização de um
tratamento igualitário por parte da federação, enquanto Ottawa acha isto injustificável ou até mesmo
ilegítimo.

- Insulto moral se opera quando não se observa uma demanda por reconhecimento. Seria uma
obrigação moral tal reconhecimento, que está ligado também ao exercício da cidadania. (p. 110)

- Conclusões: “há uma conexão importante entre identidades sociais ou coletivas e os direitos de
cidadania, a qual podem ter um impacto importante nas definições de esfera pública, ou na relação
entre esta e o espaço público”. (p. 122).

- Comparação: “seja por uma recusa contumaz em admitir o significado de tal reconhecimento na
esfera pública, como no Canadá, ou por um reconhecimento excessivamente seletivo destes direitos
na vida cotidiana e/ou no espaço público, como no Brasil. “ (p. 123) Na esfera pública, no caso
brasileiro, isto já é reconhecido. O problema é sua operacionalização (ou performação) no cotidiano
do espaço público (isto retoma o argumento da página 106).

- Resumão: “Finalmente, a partir desta comparação do Brasil com o Quebec, representando duas
linhas de desenvolvimento no contexto das sociedades modernas, gostaria de propor que: (1) assim
como a ausência de uma preocupação clara na vida cotidiana com a aplicação de princípios
universais aos direitos de cidadania pode estimular incidentes de discriminação cívica, sugerindo
uma certa desarticulação entre a esfera pública e o espaço público; (2) uma conexão radical entre as
ideias de igualdade e de uniformidade pode ter, como implicação, a impermeabilização da esfera
pública a demandas potencialmente legítimas, com a consequente institucionalização de relações
injustas(iníquas, inequânimes) e um desrespeito sistemático aos direitos ético-morais associados ao
reconhecimento de identidades.” (p. 123)

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