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1 – Introdução
Deus”, junto com várias outras expressões, são ideias que constituem o mito
fundador do Brasil, representação ideológica que serve aos interesses dos que
mandam (e sempre mandaram) nesse país e que também servem para justificar
a existência de uma sociedade autoritária e excludente.
2 – Conceitos Fundamentais
Três componentes aparecem, nos séculos XVI e XVII, sob a forma das três
operações divinas que respondem pelo Brasil: a obra de Deus, a Natureza; a
palavra de Deus, a história; e a vontade de Deus, o Estado. Não nos deve
espantar que os agentes fundadores da “nação brasileira” sejam Deus e a
Natureza, pois são considerados os criadores da terra e do povo brasileiros.
Deus, segundo Afonso Celso, “aquinhoou o Brasil de modo especialmente
magnânimo, é porque lhe reserva alevantados destinos”.
Essa partilha do poder torna-se, no Brasil, não uma ausência do Estado, mas é
a forma de realização da política e de organização do aparelho do Estado em
que os governantes e parlamentares “reinam” mantendo com os cidadãos
relações pessoais de favor, clientela e tutela, e praticam a corrupção sobre os
fundos públicos. Assim, as classes populares percebem o Estado como “o poder
dos outros” e tendam a vê-lo apenas sob a face do poder Executivo, os poderes
Legislativo e Judiciário ficando reduzidos ao sentimento de que o primeiro é
corrupto e o segundo, injusto.