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PRÓLOGO
Para tanto, ninguém melhor que eu pude entender tudo o que estava
acontecendo nesses anos que sucederam a Independência por estar envolvido
e acompanhando todos os setores da sociedade, entre o povo e a elite
1correspondia na época por 36 comunidades rurais além da sede na cidade. Para poder
administrá-las tinha comigo o pároco auxiliar, o vigário Vicentino Hernandez.
econômica e política. O motivo que me leva a compilar todos os meus escritos
até este momento é para que nada das coisas que presenciei caia em
esquecimento prematuro sem que seja transformado em memória, e sirva de
alguma maneira para meus alunos seminaristas que me pediram uma versão
em obra das histórias que tanto falo em sala de aula, no seminário de Santo
Inácio de Loyola, sobre as dificuldades da vida pastoral, a que eles se
propõem, em uma sociedade marcada por um conjunto de fatores históricos, os
quais eu fui capaz de perceber através da observação e experiência.
O juiz interior que há em mim não me deixa chegar a velhice sem fazer
um exame de consciência apurado de tudo aquilo que vivi e das coisas que fiz
ou deixei de fazer e que hoje me arrependo ou me orgulho de ter feito. Aqui
estão críticas a todo o período compreendido da Era do Caos que vivenciou os
americanos dessas terras e de toda América, até as mais aguçadas
esperanças de superação da nossa situação de dependência e fragmentação
política e que repercute na nossa organização enquanto sociedade tão
sonhada por líderes políticos como Bolívar. Então conto a vocês como ato de
confissão sobre as coisas todas que supracitei e das que me arrependo pelo
envolvimento ou adesão que tive; me contrito com minha própria consciência
para não padecer na culpa dos erros do passado.
O Mundo de Caos
Aquela breve conversa com Dom Aristides tinha me aberto os olhos para
coisas que pensei ser um problema particular de Lima e suas proximidades, até
ele me ressaltar que a compreensão do problema exigia uma revisão naquilo
que é histórico e que acompanhávamos os desdobramentos no tempo presente
A divisão não somente estava entre o grosso do povo por falta de uma
consciência política, mesmo nas elites que faziam a política estavam num
acirramento medonho entre si. No seio da elite estava a semente da divisão na
qual toda origem era o poder. A vontade de dominação com objetivos de
interesse próprio não faltou às disputas políticas. Os destinos dos povos
estavam nas mãos dos donos do poder e orientados pelos chamados
conservadores, ou federalistas, e centralistas. Os primeiros vinculavam suas
práticas e ideias ao passado colonial, querendo fazer de suas haciendas uma
unidade política pelo exercício da economia e da política em suas regiões de
influência e por isso detestavam a ideia da formação de um poder central que
destituísse esses grupos locais de seus poderes privilegiados, sua autonomia.
Os outros grupos da elite eram os chamados centralistas, com ideias políticas
mais liberais, que queriam copiar o exemplo de federalismo a lá Estados
Unidos da América, inspiradas pelas ideias de legislação e fraternidade de
Montesquieu, e promulgar uma constituição nacional, propunham também a
separação entre Igreja e Estado, influenciados pelas ideias diabólicas que
vieram da Europa com a justificação da promoção da autoridade civil. Essa
elite liberal estava localizada nas cidades e envolvidas com o comércio e seus
interesses eram óbvios, apesar de implícitos: o estabelecimento de uma
conexão entre o mercado interno junto aos setores de influência financeira
internacional.
.
Experiência no Campo
Outro fato sobre esses senhores é que esses mesmos tendo boas vidas
no campo, ao mesmo tempo, muito desses possuíam o desejo de migrar para o
mundo urbano. Percebi isso durante as conversas após o fim da missa, pois
muitos vinham até mim com o interesse de saber mais sobre Lima e como a
mesma funcionava, falavam sobre uma ou outra viagem que já tinham feito até
lá e coisas do gênero.
Aquela foi minha primeira viagem a zonas mais pobres da região em que
morava. De maneira geral, as missas e rituais realizados por mim,
majoritariamente, eram frequentadas por pessoas ricas, tanto do meio urbano,
quanto do meio rural, o que por vezes me afastava do trabalho pastoral, que eu
deveria realizar, com as pessoas menos abastadas, entretanto, que
necessitavam de mim.
A primeira missa que rezei ali nunca pensei que iria celebrar, ocorreu em
meio a uma pequena praça, cercados pela noite, e com algumas velas para
iluminar e ambientar nossa cerimônia, com alguns idosos sentados em
cadeiras e os mais jovens ficam de pé a observar. Subi em um púlpito
improvisado e rezei a missa, iniciando o maior período de aprendizado, no que
diz respeito a realidade na qual eu me inseria até então.
Quem se determina a ser padre, dizia eu sempre aos meus jovens, está
munido das maisbelas crenças e dos mais altivos desejos de levar aos quatro
cantos a beleza da Boa Nova,de anunciar que o tempo de paz está vindo, de
pregar a união de todos para as causas quesão válidas e que dignificam. "Isso
não deve e não irá faltar a vocês", lembrava eu sempre,acreditando na
indubitável premissa de que quem quer o bem das pessoas, que enxergasua
realidade e se compadece da situação deve agir, e age sempre guiado por
nortes, sejana verdade libertadora do Evangelho ou em um ideal que proponha
o bem comum e ajustiça social.
A primeira coisa que devo falar é das fontes que cheguei ao dessas
coisas que irei narrar. Quando cheguei em Lima em 1820 preocupei-me logo
de ir saber com outros sacerdotes com mais tempo no serviço eclesiástico na
cidade. Contei nisso com a com a ajuda de Juan Marcos, que era um homem
simples, mas nobre sacerdote que participou ativamente comigo no meu inicio
de caminhada na cidade nas celebrações da Santa Missa. Também tive o
auxílio de pessoas da própria santa Igreja, em Roma, que contactei através de
correspondências e estes servos de Deus comprometeram-se em servir ao
desejo de conhecer de um simples padre, mesmo que essas informações
demorassem meses para serem transmitidas. Acredito que com isso posso dar
prosseguimento disso. Outras informações eu mesmo vivenciei e tomei notas
para que agora eu pudesse colocar nesses escritos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://drive.google.com/file/d/1Lk_pu_bit_i9AuVJmSznSe2f4R_4yMgB/view?us
p=drivesdk – Texto 5: John Chasteen 105 a 109.
https://drive.google.com/file/d/16oQz3GMYzZHJyX0bWOe0o7woEGqOPl5H/vie
w?usp=drivesdk – Texto 6: O Caudilhismo (Cesar Guazelli p. 153-156)
https://drive.google.com/file/d/1hWDL4khdmALP4YwWCoD_E0DiYkNBbBkg/vi
ew?usp=drivesdk - Texto 7: Primeiras Tentativas de União Pan-Hispânica
(Dozer p. 296-297)
https://drive.google.com/file/d/1k0tvlhsK0jdx7kHfefHTyBV1kTVXv89/view?usp=
drivesdk – Texto 8: Congresso do Panamá(1826): Perspectivas políticas,
teóricas e jurídicas ( Ellen Bueno p. 235 a 242 e 253 a 262)