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GRUPOS DE PRESSÃO NO CONGRESSO NACIONAL: UMA ANÁLISE TEÓRICA


DOS MECANISMOS DE PRESSÃO E À PRESENÇA DA CNI (CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA)
Camila Grassi Mendes de Faria 1

Resumo
O presente trabalho resulta de uma pesquisa teórica que busca compreender como os grupos
de pressão de ordem empresarial vêm organizando seu mecanismo de ação dentro do
Congresso Nacional Brasileiro. O estudo esboça uma interpretação sobre as formas como a
pressão é organizada e como dá-se sua efetividade, que, de forma geral, influi em medidas de
diferentes áreas. Este estudo busca trazer contribuições de diferentes teóricos da
área (MANCUSO (2007); ARAGÃO (1994); MELO (2010); GAZETTO (2009)) observando
as categorias objetivas de organização do empresariado para fazer pressão sobre o Estado
brasileiro. No caso brasileiro, há de se recordar que o Estado é um dos principais investidores,
e, ao mesmo tempo, detém o monopólio, como todo Estado moderno, da legislação, e,
portanto, acaba tendo um forte poder de atração para o capital privado, em busca tanto de
apoio financeiro (obras públicas) quanto pela aprovação de leis que beneficiem a manutenção
e desenvolvimento da acumulação de capital (leis trabalhistas, reforma tributária, política
industrial, exportações/importações, comércio internacional etc.). Nesse sentido, a pressão
sobre o Estado, e, no caso aqui em estudo, o Congresso Nacional, torna-se peça fundamental
na defesa dos interesses empresariais. Para isso, este grupo tem à disposição a Confederação
Nacional da Indústria - CNI que, segundo os autores estudados, constitui-se em um dos
grupos de pressão mais influentes no Congresso Nacional Brasileiro. Nos documentos
analisados, encontra-se as pautas das agendas legislativas da organização, pautas
desenvolvidas de ordem: 1) econômica, como o Custo Brasil e sua direta influência na
competitividade nacional; 2) estímulos quanto à formação do trabalhador no contexto
globalizado, assim como a criação de conselhos e espaços formativos para este fim,
conformados segundo valores específicos do grupo empresarial; 3) projetos ligados ao
desenvolvimento econômico em instâncias de curto e longo prazo, que compreendem um
caráter ligado ao sistema capitalista de acumulação flexível; 4) interesses gerais ligados aos
diversos setores industriais que à compõe.
Palavras-chave: grupos de pressão; congresso nacional; CNI.

Introdução

A pesquisa aqui apresentada, de caráter preliminar, procura analisar como os grupos


empresariais organizam seus mecanismos de pressão no Congresso Nacional Brasileiro, uma
vez que, desde seu surgimento como grupo de pressão em 1983, quando toma possibilidade
de ação no congresso, vem fortalecendo-se enquanto organização e obtendo presença
marcante no movimento político nacional (ARAGÃO, 1994).

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Universidade Federal do Paraná (UFPR)
E-mail da apresentadora: mila.grassi12@gmail.com
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Compreendendo que existem diversos grupos sociais, que compõe o cenário político
e suas diversas naturezas organizacionais de luta a favor de seus objetivos, Murilo de Aragão
(1994) em seu estudo sobre os grupos de pressão¹ no Congresso Nacional Brasileiro, aponta a
CNI como um dos grupos mais influentes, uma vez que, segundo o mesmo autor, a entidade
representativa da indústria brasileira possui dois fatores que favorecem a manutenção e o
desenvolvimento dos grupos de pressão mais eficientes: a capacidade financeira e a
organização (ARAGÃO, 1994; p. 41) 2.
Para compreender a CNI como um grupo de pressão, utilizou-se como metodologia a
leitura de documentos da entidade, e, a partir deles, observou-se a presença de três eixos
principais, a serem discutidos neste artigo:
1) Como a CNI organiza-se enquanto grupo de pressão no Congresso Nacional Brasileiro,
compreendendo-a enquanto representante dos interesses privados da fração industrial da
burguesia brasileira;
2) A real possibilidade de efetivação de seus projetos, assim como suas possibilidades de
implementação;
3) Analisar os interesses almejados pelo grupo expressos nos eixos defendidos dentro do
congresso nacional, assim como seu projeto social de desenvolvimento idealizado dentro do
contexto globalizado de acumulação capitalista.
O método utilizado na análise dos dados coletados, pauta-se nas categorias da teoria
social marxista, ou seja, busca representar teoricamente um movimento que é real e que faz
parte da totalidade e das relações contraditórias da sociedade burguesa. No caso importa
destacar, embora não seja este o objetivo deste artigo, a relação entre o Estado e as classes
sociais, ou seja, como se relacionam os grupos de pressão privados, na defesa de seus
interesses, e o Estado, que, teoricamente, deveria ser um ente de representação da totalidade
social.
Este trabalho se divide em dois subitens. O primeiro procura resgatar nas referencias
teóricas da área, a organização da CNI, enquanto grupo de pressão, observando seus
mecanismos de organização e pressão junto ao congresso nacional. Na segunda parte do texto,
faz-se uma análise sobre o projeto central esboçado pela entidade, na qual o desenvolvimento
da competitividade nacional e o estímulo ao setor privado, tornam-se fatores fundamentais em
um projeto de desenvolvimento econômico e social do país.

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Aragão refere-se em seu estudo à “grupos de pressão” para designar-se a aqueles grupos que historicamente, devido ao seu
desenvolvimento quanto movimento social, tornam-se um grupo articulado em defesa de seus interesses. A autoridade destes
grupos, traduz-se na forma legitimada com a qual conseguem estabelecer diretrizes. Os núcleos básicos destes grupos são:
interesse, associação e poder. (ARAGÃO, 1994 ; p. 40)
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CNI COMO GRUPO DE PRESSÃO NO CONGRESSO NACIONAL

Desde sua criação, em 1938, a CNI esteve presente ativamente em diferentes


momentos históricos e políticos do país, sempre em defesa da ampliação e fortalecimento da
indústria nacional, constituindo-se, com o tempo, em uma entidade influente política e
economicamente, com projetos formativos e estratégicos próprios ao interesse do grupo
empresarial. No período da reforma estatal nos anos 90, a CNI inicia sua presença no
Congresso Nacional Brasileiro, se consolidando como um grupo de pressão, o que fez com
que a entidade desenvolvesse uma nova forma de organização, favorecendo politicamente
seus valores e objetivos. (MANCUSO, 2007)
Após consolidar-se como grupo legítimo no cenário político brasileiro, a CNI passa a
se organizar enquanto grupo de pressão, de organização bem estruturada e papel
representativo nas propostas que tramitam no Congresso. Mancuso (2007) ao analisar o lobby
da indústria no Congresso Nacional Brasileiro, sintetiza a seguinte conjuntura: a organização
realiza o monitoramento das decisões e tramitações ligadas às diversas áreas debatidas no
legislativo federal; as tramitações passam por uma análise dos referidos processos; o grupo
toma uma posição coletiva; organiza, em última instância, o mecanismo de orientação e
pressão de seus interesses dentro do Congresso Nacional. (MANCUSO, 2007, p. 22; p.78-
101).
Gazetto (2009), em seu estudo em que observa a efetividade de medidas legislativas
ligadas ao empresariado brasileiro, aponta que há, para além do mecanismo de pressão
organizacional, uma composição parlamentar que favorece a defesa dos interesses destes
grupos dentro do legislativo federal, e acrescenta que:
Assim, as instituições são tomadas como as responsáveis por dar
estabilidade ao sistema político e por moldar o comportamento
parlamentar, levando-se em consideração tanto os incentivos oferecidos
por instituições externas e o sistema eleitoral quanto à estrutura
institucional do próprio Congresso. A própria retomada do Poder
Legislativo como lócus de defesa de interesses pelos grupos foi
fortemente influenciada pelo processo de redemocratização brasileiro
(GAZETTO, 2009).

Compondo-se de duplo viés representativo, o estudo deste autor constatou que a CNI
alia-se também a projetos de interesse de alguns parlamentares, que ao compartilharem um
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mesmo projeto idealizado, formam um mecanismo de ação duplo na defesa de seus objetivos
(GAZETTO, 2009).
Nas pautas colocadas em discussão pela entidade aparecem projetos ligados a
diferentes áreas sociais, e não somente aquelas diretamente vinculadas aos temas de interesse
imediato do empresariado (MANCUSO, 2007; ARAGÃO, 1994; MELO, 2010; GAZETTO,
2009). As pautas gerais pleiteadas pela CNI, expressas nos referidos autores permeiam as
seguintes áreas: 1) economia nacional; 2) formação do trabalhador para o mercado de
trabalho; 3) projetos ligados ao desenvolvimento econômico; 4) interesses gerais ligados aos
diversos setores industriais que à compõe.
Procurando obter resultados positivos dos interesses em pauta, a organização criou o
Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015 (CNI, 2005), embutindo neste as estratégias de
promoção e monitoramento das pautas acima apresentadas. Sobre o Mapa Estratégico da
Industria a CNI defende que:
O Fórum Nacional da Indústria da CNI mobilizou, ao longo de seis meses em 2005,
dezenas de organizações e empresários para uma reflexão sobre o futuro da indústria
no Brasil. O resultado desse trabalho é o Mapa Estratégico da Indústria, que define
objetivos e programas capazes de transformar o Brasil numa economia
competitiva. Para tal, a indústria propõe um conjunto de ações interligadas que
possibilitam o crescimento sustentável e a geração de empregos.
Uma das principais inovações do Mapa Estratégico é o acompanhamento da
evolução dos indicadores dos objetivos traçados. Assim, é possível corrigir ações e
alterar rotas, almejando superar os desafios estipulados para 2015. (CNI, 2005,
grifos dos autores).

De acordo com as formas de monitoramento e ação expressos nos dados analisados,


somados com uma proposta, compartilhada por parlamentares, como afirma Gazetto (2009),
há ainda outro fator positivo para o sucesso das propostas relacionadas ao setor industrial
brasileiro, que compreende o corpo funcional da própria entidade. Segundo Mancuso (2007) e
Aragão (1994), a CNI é composta por uma gama de trabalhadores especializados na área
jurídica, de “sensibilidade” e jogo de cintura frente à defesa dos projetos idealizados pelo
grupo, uma vez que se faz necessário convencer os parlamentares para o apoio às suas
propostas, justificando-as, procurando legitimá-las junto ao Congresso Nacional Brasileiro.
Apesar da influência política, Mancuso (2007) não deixa de observar uma possível
“debilidade” da própria CNI como promotora do “desenvolvimento econômico” nacional, e
isso se expressa em duas vertentes: a primeira é que o Congresso Nacional Brasileiro, como
espaço político de ação, compõe-se de diferentes interesses, constituindo, assim, um espaço
de contradições, não apto à apenas o êxito dos grupos de pressão. O segundo fator é que
criou-se uma certa credibilidade para com o setor industrial nacional, incumbindo ao mesmo
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uma responsabilidade ímpar de promover o desenvolvimento econômico do país através de


uma perspectiva liberal, o que não apresentou ao longo do tempo uma possibilidade de
concretização.
Ainda que haja a constatação de Mancuso (2007) sobre o descrédito histórico dado
ao segmento empresarial, no sentido de promover o desenvolvimento econômico nacional, a
entidade continua à apresentar propostas ligadas a este projeto, ainda que, em primeiro lugar,
expresse sua raiz fundamental: o lucro e o fortalecimento dos segmentos privados.

EMPRESARIADO E CONGRESSO NACIONAL: DEFESA DO SETOR PRIVADO NA


COMPETITIVIDADE NACIONAL

Nogueira (2004) faz uma profunda análise sobre o reformismo estatal na década de 90
que, por uma força globalizante do mercado, das privatizações e de um modelo gerencial
diferenciado do modelo estatal burocrático, tomaram proporções inevitáveis em grande parte
dos países da América Latina, inclusive no contexto organizacional brasileiro. A
competitividade do sistema e de acumulação capitalista realizou a quebra de vínculos e
diluição do ethos organizacional do Estado, apontando sua desvalorização perante a sociedade
e a desorganização em relação ao modo de desenvolvimento econômico referenciado às
grandes potências capitalistas. Havia, portanto, uma demanda pela desburocratização estatal e
para a implantação de um modelo moderno de gestão pública mais flexível e alinhado ao
sistema globalizado.
A ineficácia do Estado foi um dos principais motivos disseminados para a realização
da reforma estatal, abrindo portas para maiores interferências dos setores privados nos
serviços públicos, servindo de força motriz para privatizações de empresas públicas e o
fortalecimento do neoliberalismo (NOGUEIRA, 2004). É sobre a luz deste momento histórico
que a CNI se configura como um grupo de pressão de maior legitimidade frente o congresso
nacional.
O ideário de um aparelho estatal deficiente vem sendo construída historicamente
também por alguns economistas, até mesmo na atualidade, como é o caso de Mendes (2012),
que ao olhar para a pouca capacidade organizacional do Estado, devido, segundo ele, aos
gastos financeiros do setor público, defende uma reforma de incentivo privado dentro do país,
para promover um desenvolvimento de ordem econômica, apresentando também uma ideia de
ineficácia dos serviços públicos e uma descrença quanto um possível sucesso em futuros
investimentos neste setor. O mesmo autor dissemina a ideia de que nas condições atuais, o
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governo representa uma incapacidade gestora de executar projetos de real efetividade para o
desenvolvimento econômico e social do país, devendo ser desenvolvido incentivos maiores ao
setor privado, que, segundo ele, parece ser o único setor com poder de ação para este fim.
Nas pautas pleiteadas pela organização, observadas em ambos os autores analisados
(MANCUSO, 2007; ARAGÃO, 1994), há a defesa do grupo empresarial, em seu mecanismo
de pressão, de uma bandeira especialmente ligada a um projeto de raízes liberalistas, na
promoção de um possível desenvolvimento do país, tanto na ordem econômica, quanto de
ordem social. Pode-se observar ainda, que em diversos programas da entidade, há um
estímulo quanto criação de perfis corporativos, ligados ao fortalecimento de setores privados.
Nas pautas de ordem econômica da CNI encontra-se, como fator principal, discussões
quando à diminuição do Custo Brasil 3, na defesa da competitividade da indústria nacional
frente à grande concorrência internacional. Os fatores que envolvem o Custo Brasil são:
impostos elevados, mão de obra qualificada, insumos (matéria prima), juros altos,
infraestrutura de transportes, energia em abundância e segura, cambio e inflação, inovação
tecnológica, entre outros (MENDES, 2012).
Nas pautas que envolvem os projetos ligados ao desenvolvimento social do país,
ainda que sobre perspectivas estritas, os valores de desenvolvimento sob a perspectiva da
competitividade, aparecem em projetos ligados à educação relacionando-a à lógica do
mercado de trabalho, embutidas de forma generalizadas à educação.
Melo (2010), em sua pesquisa sobre o projeto de educação básica da CNI, constatou
que nas abordagens dadas à formação dos trabalhadores, existe o estímulo à competitividade,
para o qual se difundem “perfis” de polivalência, empreendedorismo e flexibilidade aos novos
trabalhadores. O mesmo autor alerta para uma retomada da Teoria do Capital Humano, que
vincula a educação como fator primordial para o desenvolvimento econômico de uma nação e
da redução das desigualdades, concepção já desmistificada por estudos na área educacional
crítica, por ter se constituído em uma concepção instrumentalizada e simplista do próprio
processo formativo.
O mesmo autor traz importantes considerações quanto ao projeto idealizado pela CNI
e afirma que há uma ponte direta entre os projetos educacionais desta entidade e a formação
dos jovens para o mercado do trabalho. De acordo com o autor, os valores pautados nos
projetos educacionais ligados à entidade apontam uma predominância do esvaziamento de
conteúdos “científicos, teóricos” e a centralização em conteúdos diretamente ligados às
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O Custo Brasil compõe o conjunto de fatores que prejudicam o crescimento da competitividade das empresas nacionais com
as estrangeiras. Para MANCUSO “Do ponto de vista da indústria, a redução do custo Brasil é uma condição indispensável
para a melhoria da competitividade das empresas nacionais.” (MANCUSO, 2007; p. 22)
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abordagens de “competências”, “criatividade”, “ética no trabalho”, entre outras. (MELO,


2010, p.117). A educação é vista neste debate sob a perspectiva da adaptação do trabalhador
ao modo de produção capitalista em crise, que se apresenta como uma oportunidade de
ascensão profissional desqualificada, que se vincula a uma sub-formação do educando.
Velozzo (2007), nos artigos que compõem o documento oficial do XIX Fórum
Nacional promovido em 2007 por várias entidades do setor produtivo, desenvolve uma análise
sobre os fatores positivos da atualidade para o crescimento econômico do país e sua
“possibilidade” futura quanto à sustentabilidade econômica nacional, assim como a criação do
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), apresentando como desafio nacional uma
necessária aceleração (dentro de uma perspectiva liberal) do desenvolvimento nacional. O
mesmo autor coloca como referência os BRICs (Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul),
idealizados como modelos a serem seguidos em relação ao objetivo central de
competitividade nacional. Tais fatores nos levam a compreender que o mecanismo de pressão
ligado a um projeto social idealizado pela CNI, carrega raízes comuns a grupos de influência
muito maiores, e nesta compreensão afirma-se a constatação de Gazetto (2009), que afirma
que além do processo organizado de pressão dentro do Congresso Nacional Brasileiro, a CNI
conta com projetos idealizados e que são compartilhados por cadeiras de grande relevância no
poder público, assim como João Paulo dos Reis Vellozo (ex-ministro de planejamento e ex-
diretor geral do IBMEC - Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), e outros diversos
intelectuais da classe industrial burguesa, que em suma, formam um movimento multilateral
em defesa de um desenvolvimento econômico e social neoliberal.
O contexto complexo de fatores que corroboram para um mesmo projeto social
defendido pela CNI, em defesa à lógica de produção capitalista de acumulação flexível,
aparece sendo legitimada, tanto nas medidas legislativas, sobre pressão dos grupos que
compartilham o mesmo projeto ideário, como aparece sendo legitimada por intelectuais do
campo, que vem culminando no fortalecimento de um mesmo projeto social, que tomado por
mecanismos de poder diversos, influem em setores essenciais para sua continuidade e
perpetuação.

CONCLUSÃO

De acordo com a análise teórica dos autores referencias do tema, os quais se


caracterizam por uma rigorosidade analítica e cientificidade exposta nos estudos, constatou-se
um panorama em comum nas obras dos quatro autores analisados. Em todos eles confirma-se
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que a Confederação Nacional da Indústria é, de fato, uma organização de poder político real e
forte atuação na defesa de um projeto social compartilhado.
Em três pesquisas analisadas, que observaram de forma próxima os espaços de como
ocorrem a organização da CNI como grupo de pressão, (GAZETTO, 2009, MANCUSO,
2007, e ARAGÃO 1994) os autores observaram quatro processos em comum e que sintetizam
a seguinte organização: monitoramento; análise; tomada de posição em consenso com o
próprio grupo; orientação e pressão. Além deste processo, GAZETTO (2009) e MANCUSO
(2007) expressam que parte do êxito do grupo empresarial analisado, dentro das tramitações
legais, dá-se por uma parcela de parlamentares que, ao compartilharem do projeto social da
própria entidade, tornam-se uma segunda via de ação a favor de seus interesses no cenário
político.
Observou-se na pesquisa que assim como apresenta GAZETTO (2009), há, além de
parlamentares que compartilham dos mesmos interesses do grupo empresarial, diversos
teóricos que ao legitimar uma posição favorável aos interesses industriais burgueses,
contribuem no fortalecimento de suas ideias e projetos. Isto é, a CNI enquanto grupo de
pressão no Congresso Nacional Brasileiro, possui sua força de ação em parte limitada, devido
à “debilidade” real, por situar-se em um espaço de contradições sociais. Mas de acordo com
as análises feitas dos autores, assim como no site da CNI, comprova-se neste artigo que sua
influencia, enquanto projeto hegemônico compartilhado, dá-se para além dos espaços de
debate políticos.
O estudo constatou, assim como Melo (2010), que encontra-se nas diferentes pautas
de interesse da CNI movimentos ligados a uma ordem liberal, de perspectiva à manutenção do
atual sistema capitalista de acumulação flexível. A ideia de desenvolvimento econômico
ligado ao estímulo da competitividade e do empreendedorismo, é expressa de diversas formas,
seja pela forma de organização da CNI como grupo de pressão em medidas de ordem
socioeconômicas, seja embutindo programas de ordem social, como no caso dos projetos
educativos aliados à ordem expressa do modo de produção não somente trabalhados nos
espaços formativos específicos da CNI, mas também criando conselhos próprios na área da
educação básica brasileira, para a disseminação de um perfil “desejável” de trabalhador.
As análises teóricas contribuíram para formar um quadro analítico da organização
enquanto grupo de pressão. Utilizando a teoria social marxista, pode-se dizer que, em diversas
propostas advindas da CNI, encontramos um antagonismo próprio em relação a sua natureza
constitutiva/ativa e a proposta ligada ao desenvolvimento econômico no molde capitalista de
produção. Ao observarmos a composição da qual a CNI faz parte, enquanto representante de
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uma parcela significativa dos industriais brasileiros, lutadores por melhores condições
acúmulo de capital (lucro) e espaço de competitividade internacional, vemos um discurso
antagônico à ideia primeira de promotora de um desenvolvimento econômico e social do país,
onde a desigualdades (econômica e social) aparecem como fruto da acumulação de capital
historicamente construída.
A Confederação Nacional da Indústria, enquanto grupo socialmente legítimo,
constituído como grupo de pressão, isto é, grupo que tem possibilidade de atuação política,
vem demonstrando além de um poder político, uma força hegemônica própria, expressando
em suas formulações referenciais próprios da classe industrial burguesa, ideias que são
historicamente acordadas ao grupo.
Pode-se afirmar nesta pesquisa, que há um projeto social defendido politicamente
segundo os interesses da entidade, delineada nesta pesquisa como uma organização de
potencia hegemônica, que traduz através de seus projetos, tanto nos mecanismos de pressão,
como em seus projetos em programas próprios, um projeto de país desenvolvido, acordado
com referenciais próprios de raízes neoliberais.
Relembrando o caráter inconclusivo deste estudo, compreende-se a possibilidade de
possíveis alterações no decorrer de seu andamento.

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