1. IC1 muito seletivos: AAS, ibuprofeno, indometacina, diclofenaco (???), etodolaco, ácido mefanâmico; 2. IC1 pouco seletivos: paracetamol, diflunisal, salsato. 3. IC2 preferencialmente seletivos: meloxicam, nabumetona, nimesulida; 4. IC2 muito seletivos: coxibes. AAS Meia vida varia com a dose administrada; a duração do efeito é relacionada à taxa de síntese da COX nos tecidos (4 a 7 dias, para efeito antiagregante plaquetário); Mecanismo de ação: acetilação irreversível da COX1; Posologia: 100mg a 2g: efeito antiagregante plaquetário; 2 a 4g: efeito antitérmico e analgésico; 4 a 6g: efeito anti-inflamatório. 50 mg/dL: início de efeitos tóxicos; IC: antipirese, analgesia, AR, doença inflamatória intestinal; Propriedades farmacológicas: Analgesia: utilizado para dor de baixa intensidade que não visceral, especialmente cefaleia, mialgia e artralgia; Antipirese; Respiração: eleva o consumo de O2 e a produção de CO2, principalmente no músculo esquelético; esta maior produção estimula a respiração, manifestando-se com hiperpneia; Equilíbrio hidroeletrolítico: em doses terapêuticas, leva à alcalose respiratória; em doses tóxicas, pode levar à acidose metabólica; Efeitos cardiovasculares: em doses terapêuticas são cardioprotetores, principalmente em doses baixas e na presença de seu efeito antiagregante plaquetário; em doses tóxicas, podem provocar aumento do débito e trabalho cardíacos, levando até mesmo a um quadro de edema pulmonar, especialmente em pacientes idosos; Efeitos gastrintestinais: a ingestão de salicilatos pode resultar em desconforto epigástrico, náuseas e vômitos, além dos efeitos gástricos já estudados devido à inibição da COX1 gástrica e ação direta lesiva sobre a mucosa gástrica; Efeitos hepáticos: consumo crônico de AAS pode levar a aumento nos níveis séricos de transaminases hepáticas; o aumento é reversível com a suspensão do fármaco. Intoxicação: “tinido” ou zumbido limiar de hipersensibilidade em pacientes sem perda auditiva pré- existente; pode haver alterações dermatológicas; A intoxicação por salicilatos é às vezes fatal em crianças, portanto, deve-se seriamente considera- la em qualquer criança pequena em coma, acometida de convulsões ou colapso cardiovascular; “Salicilismo”: leve intoxicação crônica por salicilatos; consiste em cefaleia, tonturas, tinido, dificuldade auditiva, visão obscurecida, confusão mental, fadiga, sonolência, sudorese, sede, hiperventilação, náuseas e vômitos, diarreia; Altas doses de salicilatos promovem efeitos deletérios principalmente nos sistemas nervoso, respiratório e de equilíbrio hidroeletrolítico: No SNC: confusão, tontura, tinido, surdez, delírio, psicose, estupor, coma; No sistema respiratório: hiperpneia e taquipneia; contudo, com altas doses, pode haver por fim depressão do centro respiratório bulbar, com insuficiência respiratória e morte; No sistema de equilíbrio hidroeletrolítico: acidose metabólica por acúmulo de salicilatos e outros ácidos orgânicos (lático, pirúvico, etc; devido à inibição de várias enzimas), comprometimento de função renal com acúmulo de ácidos sulfúrico e fosfórico, desidratação. Tratamento: não há antídoto específico; a conduta começa com rápida avaliação, seguida da abordagem ABCDE do ATLS; intubação deve ser evitada, a menos que o paciente demonstre obnubilação ou hipoventilação; deve-se instituir reposição volêmica agressiva para aumentar a diurese e a excreção do fármaco; se necessário, utilizam-se vasopressores; Devem ser administrados ainda carvão ativado para evitar a absorção adicional de AAS a partir do TGI e bicarconato de sódio para restituição dos valores de pH e diurese alcalina; Deve haver monitoração contínua dos níveis de pH, salicilato, glicose, potássio; A hemodiálise é realizada nos casos em que não houver resposta ao tratamento. Outros usos: distúrbios cardiovasculares, diminuição do risco de câncer intestinal, mastocitose sistêmica (induzida por prostaglandinas – vasodilatação), tolerabilidade à niacina. PARACETAMOL Bem tolerado em relação a efeitos adversos gástricos, relativamente “seguro” (por isso, é a principal causa de intoxicação por AINES nos EUA), opção para casos de hipersensibilidade ao AAS e outros AINES; Usado como analgésico e antitérmico; propriedades anti-inflamatórias são muito fracas; tal fato deve- se ao aumento da concentração de peróxidos em sítios inflamatórios, o que é diminui a capacidade de inibição da COX do paracetamol; Recomendado em casos de dor leve a moderada, quando não há necessidade de efeito anti- inflamatório; Analgésico em osteoartrites, profilaxia de dor e febre na vacinação, crianças com doença viral febril, gestação (em curtos períodos parece ser seguro em qualquer época). A dose oral convencional de paracetamol é de 325 e 1000 mg/dia; as doses totais não devem exceder 4g/dia e 2g/dia em alcóolicos crônicos; Em doses terapêuticas (até 2,6g/dia) é totalmente metabolizado por conjugação com sulfato ou glicuronídeo; Sua toxicidade está relacionada ao aumento da dose (a níveis cerca de 10 a 15g/dia) ou a condições como cirrose, desnutrição, consumo crônico do fármaco, interações medicamentosas, hepatites agudas, alcoolismo crônico; Nesses casos, ocorre saturação das vias hepáticas de conjugação e ativação de metabolização alternativa por meio de oxidase mista; A via da oxidase mista leva à formação de N-acetil-β-benzoquinona imina, um intermediário tóxico; Até certo porto, a formação desse intermediário tóxico é neutralizada por inativação por glutationa, formando ácido mercaptúrico, que é excretado; Contudo, cessados os estoques hepáticos de glutationa, macromoléculas de N-acetil-β- benzoquinona imina, com afinidade para grupamentos sulfidrilas, promovem morte celular e hepatite; Quadro clínico da intoxicação: Primeiras 24h: náuseas, vômitos, diarreia, anoreia, dor abdominal; 2 a 4 dias: sinais clínicos e laboratoriais de lesão hepática (aumento de Bb, TGO, TGP), necessidade de repouso do órgão (dieta que preconize ausência de alimentos de maciça metabolização hepática, como gorduras); Amenização do quadro: uso de N-acetilcisteína, um antídoto para o intermediário tóxico, rico em grupamentos sulfidrilas e que neutraliza a ação dele em hepatócitos; efeitos precoces são mais eficazes. Tratamento da intoxicação: carvão ativado (até 4h após ingestão), N-acetilcisteína. INDOMETACINA AINES tradicional, com maior seletividade para COX1; Eficácia como antipirético na febre refratária; Uso de potencial anti-inflamatório em artrite reumatoide (nódulos reumáticos, vasculite, deformidades em mãos), osteoartrite, gota aguda (piora com a chegada de neutrófilos e sua ativação; indometacina inibe essa migração, juntamente com piroxicam e napoxeno), dor aguda de ombro, espondilite anquilosante; Uso no fechamento do canal arterial – inibe a produção de prostaglandinas e melhora em 70% sem a necessidade de procedimento cirúrgico; A reação adversa mais comum (35-50%) é a cefaleia frontal, com sensação de “barra pressionando a testa”; podem ainda ocorrer tonturas, vertigens e confusão mental (recomenda-se cautela com seu uso em pacientes idosos, epilépticos e com desordens psiquiátricas); É um dos AINES que mais causa efeitos adversos gástricos, por isso, recomenda-se seu uso como dose única durante período noturno, no qual é mais tolerado. CETOROLACO Potente analgésico mas anti-inflamatório moderadamente eficaz; é um dos poucos AINEs aprovados para administração parenteral; 60% possui excreção renal em forma ativa, devendo-se atentar para nefropatias; IC: analgésico como uso principal; pós operatório; uso não deve ser superior a 5 dias pela intensidade dos efeitos adversos gástricos. DICLOFENACO Comida retarda absorção em até 10h; acumula-se no líquido sinovial (efeito terapêutico mais longo que a ½ vida plasmática); não interfere no efeito antiagregante do AAS (diferentemente de ibuprofeno, naproxeno); IC: artrite reumatoide, espondilite anquilosante, osteoartrite, entorses, tendidites, bursites, pós operatório, dismenorreia primária, enxaqueca; Não é recomendado para crianças, gestantes e lactantes. DERIVADOS PROPIÔNICOS AINES tradicionais, eficazes, bem tolerados; Uso como analgésicos: tendinite, bursite, pós operatório, dismenorreia; uso como anti-inflamatórios: gota aguda, artrite reumatoide, osteoartrite, espondilite anquilosante; Ibuprofeno: 1ª escolha em doenças inflamatórias articulares, por atingir altas concentrações em espaços sinoviais; Considerado mais bem tolerado que o AAS e indometacina; apenas 5 a 15% dos pacientes referem efeitos colaterais no TGI. Naproxeno: ½ vida mais longa (14h), absorção muito rápida (ótimo para analgesia); Os efeitos adversos apresentam-se na mesma frequência da indometacina, mas com menor gravidade. Outros: fenoprofeno, cetoprofeno, oxaprozina (longa ½ vida); Podem causar reações de hipersensibilidade, principalmente o ibuprofeno, que pode levar à uma reação imunológica com produção de IgE; EC do fenoprofeno: disúria, hematúria, cistite, nefrite intersticial crônica. FENAMATOS Sem claras vantagens sobre outros AINES; Ácidos mefenâmico, flumefenâmico; EC: diarreia (não se sabe por quê); IC: dismenorreia; Mecanismo adicional: bloqueio de receptores de prostaglandinas. OXICANS Piroxicam: Longa ½ vida – 50h; eficaz agente anti-inflamatório; Mecanismo de ação adicional: inibe ativação de neutrófilos; Não é fármaco de 1ª escolha, por promover mais reações cutâneas e gastrintestinais que outros AINES; IC: AR, OA, bursite, tendinite, dor no pós operatório, dismenorreia. Meloxicam: Mais seletivo para COX2; Juntamente com o piroxicam, possui lento início de ação. Lornoxicam: rápido início de ação e ½ vida curta. FENILBUTAZONA Anti-inflamatório eficaz, mas com alta toxicidade (dose e tempo dependentes), com possível ocorrência de agranulocitose e anemia aplástica; Não é 1ª escolha; Longa ½ vida – 60h; IC: espondilite anquilosante (quando outros fármacos não foram eficazes e a doença continua a progredir); Não usar por mais de uma semana e realizar controle com hemograma. NIMESULIDA Apresenta seletividade para COX2 similar à do celecoxibe; Mecanismo de ação adicional: inibição da ativação de neutrófilos, inibição da produção de citocinas, inibição da atividade de enzimas de degradação, como as metaloproteinas; Não usar por períodos maiores que 15 dias, devido ao risco de hepatotoxicidade; A porção sulfonamida pode levar a possível reação imunológica com sulfas. CELECOXIBE Dos coxibes, é o menos seletivo para COX2; rofecoxibe e valdecoxibe foram retirados do mercado em razão de seus efeitos adversos intensos; Metabolismo hepático; muito lipofílico (atravessa BHE); IC: histórico de úlceras pépticas (melhor perfil de segurança), pessoas com alto risco de sangramento, reações de hipersensibilidade a AINES tradicionais ou intermediários; Capacidade de inibição de citocinas. GD – AINES E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Interação medicamentosa: dois ou mais fármacos que agindo em sítios iguais ou diferentes podem potencializar os efeitos adversos; Os mecanismos de IM podem ser farmacocinéticos (químicos, absorção, biodisponibilidade, ligação proteica, biotransformação, excreção renal) ou farmacodinâmicos (receptores, aditivos, antagônicos); No caso de AAS e naproxeno, há ação aditiva farmacodinâmica que potencializa a agressão sobre a mucosa gástrica. ↓ produção de PGE2: ↓ produção de muco estomacal ↑ agressão mucosa gástrica; Uso de antiácido + digoxina: afinidade da digoxina com alumínio e magnésio formação de complexo não absorvível ↓ absorção; Conduta: estabelecimento de intervalo posológico de 4h entre os fármacos; Obs: dois fármacos não devem ser administração em uma mesma administração parenteral devem ser usados sítios diferentes de infusão. AINES deslocam hipoglicemiantes orais da ligação proteica, de modo que episódios de hipoglicemia sejam mais facilmente vistos; AINES ↓ prostaglandinas ↑ PA ~ interação farmacodinâmica antagônica.