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UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁ

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

SÁDIA DA SILVA ALMEIDA ACHCAR

ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE


REFERÊNCIA A ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

PALMAS, TO
2017
SÁDIA DA SILVA ALMEIDA ACHCAR

ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE


REFERÊNCIA A ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

Trabalho de conclusão de curso apresentado a


graduação de Serviço Social da UNOPAR –
Universidade do Norte do Paraná, como requisito
para a obtenção do título de Bacharel.
Orientadoras: Luciana Sacoman Burke Soares
Odalea da Silva Barros

PALMAS, TO
2017
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar a oportunidade e a vida. Agradeço a meu marido, pois sem
ele este sonho não se realizaria, foi com seu esforço, suor, amor e carinho que pude trilhar este
caminho.
ACHCAR, Sádia Da Silva Almeida. Atuação do Assistente Social no Centro de Referência a
Assistência Social (CRAS). 2017. 59 p. Monografia (Graduação em Assistência Social).
Sistema de Ensino Presencial Conectado. Universidade do Norte do Paraná. Palmas. 2017.

RESUMO
O trabalho discorre sobre o papel do Assistente Social nos Centros de Referência a Assistência
Social (CRAS). Para tal é necessário a recapitulação da trajetória histórica da profissão no
Brasil, assim como apontamentos sobre as leis que regulamentam tal profissão. Em busca da
contextualização será explanado sobre o código de ética do profissional, da estrutura e
funcionamento do CRAS, bem como os programas sociais acolhidos ali. Para finalizar analisar-
se-á a atuação direta do profissional com público dentro de cada um dos programas
apresentados ali, em destaque especial ao Programa de Atenção Integral á Família – PAIF, bem
como as dificuldades atravessadas pelo profissional e sobre a própria pesquisa.

Palavras-Chave: Assistência Social, CRAS, PAIF,


SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 3

RESUMO .......................................................................................................................................................... 4

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................................................... 6

1.INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 7

2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL; ....................................................11

2.1. ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .............................................................................. 12


2.1.1 Antes da Constituição Federal de 1988 ............................................................................................... 12
2.1.2. Após a constituição de 1988 .............................................................................................................. 19
2.2. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS) ............................................................................................ 25
2.2.1. Proteção Social Básica ....................................................................................................................... 29
2.2.1.1. CRAS .............................................................................................................................................................29
2.2.2. Proteção Social Especial ..................................................................................................................... 30
2.2.2.1. CREAS ...........................................................................................................................................................30
2.2.2.2. Alta e média complexidade ..........................................................................................................................31

3. CRAS COMO PORTA DE ENTRADA PARA A POLÍTICA DE ASSISTENCIA SOCIAL .............................................33

3.1. PROGRAMAS .............................................................................................................................................. 35


3.1.1. Programa de Atenção Integral à Família –PAIF ................................................................................. 35
3.2. PÚBLICO ALVO............................................................................................................................................ 38
3.3. EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................................................ 39
3.3.1. NOB – Norma Operacional Básica ..................................................................................................... 40
3.3.2. SUAS – Sistema Único de Assistência Social ....................................................................................... 42

4. SERVIÇO SOCIAL ..........................................................................................................................................49

4.1. MEIOS DO PROCESSO DE TRABALHO DO (A)ASSISTENTE SOCIAL: DIMENSÕES TEÓRICOMETODOLÓGICA E


TÉCNICO-OPERATIVA ........................................................................................................................................ 49
4.1. O ASSISTENTE SOCIAL COMO MEDIADOR .................................................................................................. 52

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................................................54

4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................................57


LISTA DE SIGLAS
ABAS – Associação Brasileira de Assistentes sociais
BNH - Banco Nacional de Habitação
BPC - Benefício de Prestação Continuada
CEME – Central de Medicamentos
CF/1988 ou CF/88 - Constituição Federal de 1988
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
CNAS - Conferência Nacional de Assistência Social
CNSS - Conselho Nacional de Serviço Social
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social
CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FNAS - Fundo Nacional de Assistência Social
FUNABEN – Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
INSS – Instituto nacional de Seguridade Social
LBA - Legião Brasileira de Assistência
LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social
MDS – Ministério da Saúde
MDS – Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social
NOB/ SUAS - Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
ONG - Organização Não Governamental
PBF - Programa Bolsa Família
PIS - Programa de Integração Social
PNAS - Política Nacional de Assistência Social
SNAS – Secretaria Nacional de Assistência Social
SUAS - Sistema Único de Assistência Social
1.INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso tem como foco analisar a prática profissional do
assistente social no CRAS – Centro de assistência social, através de ampla pesquisa
bibliográfica. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, inicia um novo processo, que
diz respeito à realização dos direitos nela consagrados, dos quais aprovam em 1993 a Lei
orgânica de Assistência Social – LOAS, e em particular pela política nacional de Assistência
nacional – PNAS em 2004, que dispõe sobre a implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS.
Para a materialização dos objetivos do SUAS, foi assim criado o centro de Referência
de Assistência Social – CRAS, local onde serão desenvolvidas as atividades denominadas de
proteção social básica e proteção especial, as quais tem como objetivo principal potencializar a
família e seus membros como um todo.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é organizada a partir do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), que organiza a proteção social da proteção básica e
especial. A proteção básica constitui elemento de análise deste trabalho e tem por objetivo
“prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. ” (PNAS, 2004: 31-32).
O CRAS caracteriza-se como uma unidade estatal, responsável pela efetivação da
proteção social básica, por meio de uma base territorial, compreendendo áreas de
vulnerabilidade social. Deve executar os serviços de proteção básica, bem como deve organizar
a rede sócio assistencial do território. Considerando que um dos eixos estruturantes do SUAS
é a matricialidade sócio familiar, “ O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu contexto
comunitário, visando a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário” (PNAS,2004).
Dentre suas atribuições, incluem-se o acesso à informação e orientação para a população de sua
área de abrangência, mapeamento e a organização da rede sócio assistencial, inserção das
famílias nos serviços de assistência social local, o encaminhamento da população local para as
demais políticas públicas e sociais (PNAS,2004).
Igualmente como o desempenho do trabalho social profissional no exercício das suas
funções no CRAS, o estudo busca identificar os desafios e avanços encontrados pelos
assistentes sociais na implementação da política de assistência social no CRAS, além disso,
buscou-se conhecer o serviço ao usuário, observar conflitos éticos presentes no desempenho do
profissional e verificar instrumentos teórico-metodológicos e técnico-operativa presentes na
intervenção assistentes sociais.
Com a consolidação das PNAS em 2004 e da execução de seu início em 2005, a ser
realizada em várias cidades do país a implantação de unidades que buscam disseminar as metas
da SUAS, sendo um deles o CRAS.
Os Centros de Referência de Assistência Social são unidades descentralizadas da
política de assistência pública estadual, responsáveis pela organização e oferta de proteção
social básica do Sistema Único de Assistência Social nas áreas de vulnerabilidade e serviços
municipais de risco social. O CRAS é uma instituição que funciona como a porta de entrada
para o Sistema Único de Assistência Social, a qual serve de referência para as famílias na sua
área de atuação local, sendo assim o estudo da atuação do assistente social nesta instituição se
torna de extrema importância, pois permite o acesso a um grande número de famílias a rede de
proteção social de assistência social. (Orientações técnicas do CRAS, 2009)
O CRAS, através da sua prestação de serviços deve promover e potencializar mudanças
significativas para a população, atuando juntamente ao sujeito buscando proporcionar
condições efetivas de mudanças de modo a torna-lo dono de sua própria vida. (BRAGA, 2011,
p.148)
A Política Nacional de Assistência Social (2004) prevê a organização do Sistema Único
de Assistência Social, como uma política de proteção social, que juntamente com outras
políticas sociais visa assegurar os direitos e condições de vida dignas para a população.
A proteção social é destinada a prevenir e reduzir os impactos das mudanças naturais e
sociais do ciclo de vida. É dividido em duas modalidades: a proteção social básica e a proteção
social especial. De acordo com as Orientações Técnicas do CRAS (2009), o objetivo do Centro
é prevenir ocorrências de situações de vulnerabilidade e riscos sociais nos seus territórios de
atuação, através da aquisição de desenvolvimento e potenciais, fortalecendo os laços familiares
e comunitários, e expandir o acesso a cidadania e direitos.
Além disso, a função principal do CRAS é ofertar o Programa de Atenção Integral –
PAIF, que é o principal serviço de proteção básica, para qual todos os outros serviços desse
nível devem ser articulados, porque confere a primazia da ação do governo no sentido de
garantir o direito à convivência familiar e assegura a matricialidade sócio familiar no
atendimento sócio assistencial, um dos eixos estruturais do SUAS. O PAIF é um programa
muito importante, pois é a base para vários outros programas que visam garantir os direitos da
população e prosseguir as suas atividades através de uma melhoria na vida familiar.
O CRAS é uma unidade pública responsável pela oferta do PAIF e, portanto, deve ter
espaços que permitem o desenvolvimento de ações fornecidos por esses processos, para tanto
sua localização deve ser onde o maior número de famílias em situação de vulnerabilidade social.
Também deve ser um lugar de fácil acesso para a população e promover a contribuição para o
deslocamento da equipe quando necessário.
[...] O imóvel do CRAS, seja alugado, cedido ou público, deve assegurar a
acessibilidade para pessoas com deficiência e idosas. Constitui fator relevante para a
escolha do imóvel a possibilidade de adaptação de forma a garantir o acesso a todos os
seus usuários. [...] (Orientações Técnicas do CRAS, 2009)
O trabalho social profissional realiza um trabalho essencialmente social e educativo e
está qualificado para trabalhar em várias áreas relacionadas com a condução de políticas
públicas e privadas, tais como, planejamento, organização, execução, avaliação, gestão,
pesquisa e aconselhamento. Os objetivos do trabalho do assistente social e do CRAS em si é
responder ás exigências dos utilizadores de serviço, garantindo o acesso a direitos garantidos
na constituição federal de 188 e legislação complementar. Para isso o assistente social utiliza
vários instrumentos, tais como, entrevistas, analises sociais, relatório, pesquisas de recursos,
encaminhamentos, visitas domiciliares, dinâmicas de grupo, pareceres sociais, contatos
instrucionais, entre outros.
O Assistente Social é peça fundamental e de extrema importância para o CRAS. As
características de um assistente social profissional são a natureza humanística, portanto,
compreendida com valores que dignifica e respeitam as pessoas e suas diferenças e
potencialidades, sem discriminação de qualquer espécie sendo constituído projeto como ético
político e profissional, referendado em seu código de ética profissional, compromisso com a
liberdade, justiça e democracia. Para isso o assistente social deve desenvolver-se com uma
postura crítica, capacidade profissional-reflexiva para compreender as questões e as pessoas
que trabalham com exigência da capacidade de se comunicar e de expressão oral e escrita,
articulação política para levar a cabo as referências técnicas e operacionais, a sensibilidade de
lidar com as pessoas, conhecimento teórico, capacidade de mobilização e organização. Um dos
trabalhos desenvolvidos pela assistente social no CRAS é a “busca ativa CRAS no território”.
A vigilância ativa refere-se a busca internacional, realizado pela equipe de referência do
CRAS, as ocorrências que influencia o modo de vida da população de determinado território.
Tem o objetivo de identificar a vulnerabilidade e risco social, o aumento do conhecimento e
compreensão da realidade social, para além dos estudos e estatísticas. Contribui para o
conhecimento da dinâmica das pessoas comuns (a realidade das famílias, suas culturas e
valores, o estabelecimento de relações do território fora dele); apoio se sente e os laços sociais.
É através da busca ativa esse opera em situação de vulnerabilidade, risco e identificação de
potencial social. Com base nas informações disponíveis em famílias jovens e o não
comprimento de condicionalidades do programa bolsa família (e outras fontes). É uma
importante fonte de notificação de vulnerabilidade e risco social, bem como o potencial
identificado no território, vamos funcional priorização preventiva e de acesso dos mais
vulneráveis à ação dos serviços sociais. Portanto, essencial para o desenvolvimento do elemento
PAIF.
Realizar diagnóstico de gerenciar indicadores limites atuais e, portanto, muito menos
conhecer as características técnicas e especificidades dos territórios, maiores são as chances
para eles para obter uma realidade viva da dinâmica da fotografia local. Assim, a busca ativa
complementa gestão territorial, contribui para o planejamento local e ação preventiva de
proteção básica, fornecendo a equipe do CRAS conhecimento adequado do território.
A busca ativa também identifica os potenciais e culturais, concurso sociais, políticos e
econômicos, o fornecimento do setor de serviços da população e acesso a esse serviço, as redes
informáticas apoio as famílias e as necessidades de articulação da rede de assistência social para
eficácia da proteção social. Contribui para definição de projetos coletivos a serem priorizados
incentivados, além de identificar incentivar o potencial social existente, estimulando a
participação cidadã das famílias atendidas pelo programa PAIF.
Para tomar medidas preventivas é necessário ter informações, conhecer o território as
famílias que ali vivem. A identificação compreensão das situações de vulnerabilidade e risco
social deve ser usada como uma fonte para o planejamento municipal, a definição de serviço de
assistência social a ser oferecido em cada território e CRAS ação preventiva.
Os assistentes sociais que trabalham no CRAS com vários desafios para serem
superados, como a falta de recursos materiais e humanos, o trabalho em equipe que
desconstruído pela saída de alguns membros, o clientelismo, a falta de autonomia, más
condições de trabalho, a fim de, mesmo com os percalços esses profissionais possam realizar
seu trabalho de forma ética, visando os interesses dos usuários. Para tal o profissional deve
buscar métodos legislação são de recursos para o benefício da sua prática profissional e dos
usuários.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL;
No Brasil, a assistência social esteve historicamente vinculada à filantropia, à caridade
e à ajuda, sendo diretamente relacionada com a solidariedade da igreja e de grupos com
motivações religiosas. Por décadas os beneficiados dessa política social eram vistos como
auxiliados, como patrocinados e não como cidadãos que possuíam o direito a utilizar os serviços
e as ações oferecidas pelas entidades assistenciais. Apenas ao fim da década de 1980 e início
da década de 1990 é que se estabelecem os marcos regulatórios e legais, que trazem
extraordinárias inovações para constituir a assistência social como política pública de direito.
De forma geral o primeiro marco legal foi a promulgação da Constituição Federal
Brasileira em 1988 e nela a inclusão da assistência social, juntamente com as políticas de saúde
e previdência social, no tripé da seguridade social, que a transforma em direito do cidadão e
dever do Estado, voltada a quem necessitar, independente de contribuição, tornando-se de
responsabilidade pública obrigatória (BRASIL, 1988). Ou seja, a Carta Constitucional
concretiza o trânsito da assistência social para o campo dos direitos sociais a partir da
universalização do seu acesso e da responsabilização do Estado pela organização e execução
de uma política social na área com descentralização político-administrativa.
O segundo marco regulatório trata da sanção, em 1993, da Lei Orgânica de Assistência
Social (LOAS), que regulamenta os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988 e trata
da política de assistência social. A partir desse conjunto normativo, segundo Couto (2006), a
assistência social é garantida como direito e definida como um tipo particular de política social,
caracterizada por ser “genérica” na atenção específica dos usuários, “particularista” por ser
voltada ao atendimento das necessidades sociais, “desmercadorizável” e “universalizante” por
reforçar, com a inclusão de segmentos antes excluídos das políticas, o conteúdo de diversas
políticas setoriais. Também traz o caráter “genérico da prestação de serviços e identifica que o
atendimento deve ser voltado para as necessidades sociais básicas”, trazendo para a política as
demandas da população que permaneciam invisíveis anteriormente (COUTO; SILVA, 2009).
Um terceiro momento importante para a política de assistência social brasileira inicia
com a realização da IV Conferência Nacional de Assistência Social, em 2003, que debateu a
construção de um novo modelo de política social para a área, ao propor a estruturação dos
serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais a partir do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS).
2.1. ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

2.1.1 ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


Com a descoberta do conceito de posse o homem passa a conhecer também os conceitos
de desigualdade social e dominação econômica, estes passam então a fazer parte da realidade
humana. Se contrapondo a estes conceitos surge a assistência aos pobres, uma preocupação que
sempre esteve presente ao longo dos tempos e se acentuou a partir da era industrial (MDS 2010).
No Brasil não ocorreu de forma diferente, a desigualdade social e econômica e a busca
por justiça social se confundem com a própria história do país. História que permitiu que a
política pública de assistência social seja hoje, direito garantido pela constituição, mas para
chegar até aqui passou-se por um processo histórico de lutas e conquistas da sociedade
brasileira. Por muito tempo a assistência aos mais pobres e menos favorecidos não foi
merecedora da atenção do poder público, o estado apenas distribuía isenções para grupos
privados e religiosos e esses provinham o atendimento à população vulnerável. A pobreza era
tida como uma fatalidade e a assistência era deixada para a iniciativa da Igreja e dos chamados
“homens bons”. Esta modalidade de assistência era denominada de assistência esmolada,
conceito este que se manteve até meados do século dezoito. Aos poucos, este foi sendo
substituído pelo conceito de alguns especialistas batizam de assistência disciplinada onde a
assistência continuava filantrópica e delegada a particulares, religiosos e instituições, como
hospitais e asilos, mas de forma organizada (SILVA E SILVA, 1995).
Com o fim da escravidão e a transição do modo de produção agrário, para industrial
chega ao país um novo grupo, os imigrantes estrangeiros, que aos poucos substituíam os
escravos. Neste momento é criada a primeira entidade do país para atender os desamparados, a
Irmandade de Misericórdia que se instalou na capitania de são Vicente em 1543(MDS 2010).
O Brasil colônia de herdava de Portugal a prática da assistência através da coleta de
esmolas que eram aplicadas em obras assistenciais, mas sempre ocorrendo por intermédio de
particulares. (NETTO, 2010)
A implementação e institucionalização do serviço social no Brasil ocorreu ao longo de
um período de aproximadamente trinta anos, iniciando-se em mil novecentos e trinta por
iniciativa de grupos particulares, principalmente da igreja católica (IAMAMOTO E
CARVALHO, 2003).
As Leis sociais, base para o serviço social, eram uma regulamentação nas leis
trabalhistas, para “ajustar” cidadãos e sua forma de trabalho aos moldes do capitalismo. Em mil
novecentos e trinta, com o surgimento do estado novo, o governo se deparou com dois
problemas que necessitavam intervenção imediata: incorporar e controlar setores urbanos
emergentes, no caso a classe trabalhadora, e buscar junto a eles seu reconhecimento político.
Para tal foi adotado uma política de massas, o que englobava parte das reivindicações da
população, sem, contudo, perder o controle sobre estes mesmos grupos. Desta forma o controle
seria executado por meio de canais institucionais, que absorveriam essas massas e suas
reivindicações para dentro da estrutura do corporativismo. O grande aliado para esta função
seria igreja católica, que atuando em nível nacional aprenderia demanda dos mais necessitados,
buscando seguir o imperativo da justiça e da caridade, em cumprimento da missão política do
postulado social frente ao projeto de cristalização da sociedade, cuja fonte de justificação e
fundamento encontrada na doutrina social da igreja. (SILVA E SILVA, 1995)
Anteriormente mencionámos sobre o papel da igreja católica nos movimentos sociais,
porém devemos entender que esta ação tinha interesse da própria igreja em ampliar sua atuação
político religiosa misto que com a contrarreforma a igreja católica perdeu seu papel quanto
partido, tendo perdido uma série de privilégios obtidos anteriormente. A igreja era uma
instituição subordinada ao estado e a religião oficial do país funcionaria como instrumento de
dominação social política e cultural. (AZEVEDO, 2004)
Neste momento a igreja passa se posicionar social e politicamente de forma clara, tendo
em vista a reconstrução da sociedade, com o retorno do ideal da idade média de seus valores e
costumes, que efetivamente, poderiam fazer frente ao liberalismo ao comunismo. Aos poucos
a igreja brasileira coloca em prática as diretrizes anunciadas pelos Papa Leão XIII, Papa Pio X
e Papa Pio XI se aproximando ao governo civil, buscando uma estratégia para recristianização
da sociedade. Desta forma, Leme funda juntamente com outros bispos a confederação católica,
e tem a promessa, solucionar problema vital da transformação dos católicos das esferas mais
inoperantes em um exército conquistador sobre as ordens, que lançaria ao combate pelo reino
de Deus. (AGUIAR, 1995)
Segundo Verdes-Leroux (1986), a atuação profissional do dito assistente social na
década de trinta, baseia-se na doutrinação da classe operária, conforme a visão de mundo dá
burguesia por intermédio da igreja católica através do seu humanismo cristão. Buscava-se desta
forma fornecer a classe trabalhadora bom senso de moralidade que iria corrigir seus
preconceitos e ensinar racionalidade, disciplinando seus lares, orçamentos, maneiras de pensar
e vestimentas conforme a ideologia da classe burguesa.
A institucionalização do serviço social como profissão reconhecida tem sua origem no
contexto contraditório onde a indústria brasileira se expandia devido ao declínio do comércio
internacional que enfrentava a crise de mil novecentos e vinte e nove, ocorrido no período da
primeira guerra mundial. Com isso uma nova classe, a chamada de classe operária ou
trabalhadora, ganha força e passa então a exigir seus direitos e para tal a se organizar a fim de
reivindica-los através de greves (LOPES).
Até este momento a questão social era vista apenas como um problema de moral e
higiene, porém o surgimento dessa nova classe trabalhadora e de sua entrada no cenário político
se torna cada vez mais necessário o reconhecimento pelo Estado e a implementação de políticas
públicas sociais (IAMAMOTO E CARVALHO, 2003).
Primeiramente o Estado iniciou o atendimento a esfera social através de duas legislações
importantes produzidas na segunda metade da década de vinte. A lei de férias de 1925 e a lei
de regulamentação do trabalho de menores de 1926 e 27. Porém o cumprimento dessa legislação
deixa a desejar, uma vez que não havia qualquer tipo de fiscalização adequada em âmbito
nacional. Melhoria que as duas legislações trouxeram acaba apenas se restringindo aos grandes
centros do país, devido à capacidade de organização dos trabalhadores nestas localidades, desta
forma esta mudança não possuía caráter nacional. E a despeito da criação em 1923 do Conselho
Nacional do Trabalho o problema não foi solucionado, visto que o órgão não possuía caráter
fiscalizador, apenas consultivo. (LOPES)
No brasil o reconhecimento da assistência social pelo estado aconteceu muito
lentamente a revolução de mil novecentos e trinta quando eu a questão social ao centro da
agenda pública na época, no estado aumentou sua atuação na área social é uma resposta ao
fortalecimento das lutas sociais e trabalhistas (MDS 2010).
O direito trabalhista e ações sociais só passaram a ser nacionais e a funcionarem
efetivamente após a revolução de mil novecentos e trinta, com o surgimento da Era Vargas e a
Consolidação das Leis Trabalhistas.
A era Vargas herdou o grande problema trabalhista que surgiu ao crescimento acelerado
da classe trabalhadora devido ao aumento da industrialização. Nesse contexto os operários se
amontoavam nas cidades, em condições insalubres e precárias, sujeitos a longas jornadas de
trabalho, sem quaisquer direitos à aposentadoria, féria remuneradas ou descanso semanal
remunerado, além de péssima relação patrão empregado, sem qualquer proteção para mulheres
e crianças no trabalho. (LOPES)
Neste período as atenções eram segmentadas separando educação, saúde e trabalho para
diferentes grupos. A partir de mil novecentos e trinta o estado adota papel de mediador devido
à crise econômica ameaçando mundo, desta forma o estado passa a assumir o papel de mediador
na relação capital trabalho, assumindo as responsabilidades pela manutenção reprodução
qualificação e controle das classes populares e trabalhadoras.
No Brasil, a entrada do Estado na área assistencialista se tornou evidente com a
institucionalização do seguro sociais, o maior exemplo é a lei Eloy Chaves de 1923. Neste
momento o governo passa a reconhecer a questão social como uma situação a ser resolvida no
campo da política, desta forma o estado necessita de uma nova técnica social e serviço social
para operar nesta nova política. Assim pode-se dizer que a origem do serviço social está atrelada
à responsabilização do estado no campo assistencial. Através da criação de empresas estatais e
de economia mista, o estado passa a atuar na economia, abrindo importante mercado de trabalho
dentro do aparato estatal e na esfera privada. Os efeitos da exploração capitalista do trabalho
assalariado são reconhecidos pela sociedade passam a serem identificados como problemas
sociais que justificaram a ação do profissional de assistência social.
Com o início do Estado Novo na década de quarenta, encontramos uma situação política
no Brasil extremamente delicada, uma vez e o governo se torna cada vez mais ditatorial,
exemplo este dado através do fechamento do congresso nacional e a imposição de uma
constituição antidemocrática, além dá aplicação da censura do regime populista. Apesar destas
restrições o Brasil fez grandes avanços econômicos, como organização industrial de
infraestrutura, beneficiando os trabalhadores com as Leis trabalhistas a fim de garantir os seus
direitos. Com o intento de escapar da crise que assolava o mundo, o governo brasileiro investiu
em uma política nacionalista, levando o país a um desenvolvimento industrial autônomo,
fazendo crescer a indústria nacional, a produção agrícola, a produção industrial e com isso os
salários.
À implantação e o desenvolvimento das grandes instituições sociais e assistenciais
criaram as condições para existência de um crescente mercado de trabalho para o campo
das profissões de cunho social permitindo o desenvolvimento rápido do ensino
especializado no serviço social (LOPES)

Durante a era Vargas o Brasil conheceu a força do governo federal no cenário político.
O período passou a ser embasado no estado de compromisso. A ação pública no campo social
aumentou, visto a criação pelo governo do ministério do trabalho, indústria e comércio, e a
consolidação das leis do trabalho – CLT. Nesta época também houve o surgimento dos
institutos de aposentadoria e pensões, peça do sistema de previdência social com sua base no
modelo da lógica do seguro. A nova legislação alcança o trabalhado no lado do mercado formal,
porém o trabalhador no mercado informal e os pobres da sociedade, naquele momento histórico,
não era alcançados (MDS 2010).
Em julho de mil novecentos e trinta e oito, em pleno Estado Novo, é criado o Conselho
Nacional do Serviço Social – CNSS, no Ministério da Educação Saúde, formado por pessoas
ligadas à filantropia. Desta forma o estado voltou seus olhares, aos poucos mais, para os
excluídos do sistema da Previdência Social, direcionando assim o amparo aqueles que não
conseguiu garantir sua própria sobrevivência. Foi então nessa época que o governo criou a
Legião Brasileira de Assistência – LBA e o Conselho Nacional do Serviço Social o CNSS
(MDS 2010).
O CNSS é formado por pessoas indicadas pela presidente Vargas e possuía o papel de
avaliar os pedidos de auxílio e enviá-los aos ministérios da saúde e educação. Porém o valor do
repasse financeiro era decidido pelo governo federal, sem qualquer controle social ou análise
local. Quanto a LBA, esta surgiu primeiramente com o intuito de atender famílias dos pracinhas
brasileiros, enviados para a guerra, mas em um dado momento passou a atender também os
mais empobrecidos. Foi assim que passou a ser considerada a primeira instituição de
Assistência com abrangência nacional, onde passou a reproduzir, em esfera pública, o modelo
assistencialista que já se conhecia e acontecia no campo não governamental, reforçando os laços
de dependência dos mais vulneráveis. A primeira dama da época Darcy Vargas adotou esta
instituição que passou a ser comandada pelas esposas dos presidentes da república. Teve ao
início ao chamado primeiro-damismo junto a assistência social (MDS 2010).
A profissão surge no Brasil entre os anos 1930 e 1945 motivada pelas demandas do setor
da saúde. Pode-se dizer que as escolas que surgiram por influência europeia tiveram ampla
relação coma saúde desde seu início, e neste mesmo contexto a formação profissional do
assistente social se pautou. (NETTO, 2010).
Em 1936 é criada, por um grupo de senhoras ligadas à ação católica brasileira paulista,
a escola de serviço social em São Paulo, que veem na sua criação, a possibilidade de qualificar
o trabalho social e sobretudo de desenvolver a ação social junto ao meio operário. (MDS 2010).
Com o passar do tempo o país começou a experimentar uma cisão no poder devido ao
aumento de custo de vida, que geraram conflitos de interesse entre os setores agrícolas e
econômicos que apoiavam o governo o poder de Getúlio Vargas. Desta forma o poder do
presidente começou a enfraquecer e o país pedia ao governo mais descentralização do poder no
Brasil. Foi então que surgia uma nova constituição em 1946. A carta magna desencadeia um
processo de democratização, onde o poder na esfera federal era então descentralizado e
autonomia dos governos estaduais e municipais era garantida. Os governantes então passavam
a se preocupar em falar a língua do povo. (MDS 2010).
No campo social, porém pouca coisa mudou a LBA difundir-se pelo país com a criação
de comissões municipais estimulando o voluntariado feminino. Foram estimuladas as criações
de instituições assistenciais públicas e privadas, porém isso gerou ações fraturadas, pontuais e
confusas. Durante este período, o CNSS passa a assumir papel de certificar as entidades
filantrópicas, regulamentado desta forma a filantropia e transferindo a responsabilidade através
da transferência de fundos para estas instituições privadas certificadas com o intuito de atender
a população menos favorecida da forma que a instituição filantrópica coubesse ser melhor,
conforme sua necessidade, e nada pautado na necessidade de direito. (MDS 2010).
Em 46 a grade curricular das escolas foi reformulada tendo o intuito de estabelecer uma
metodologia de ensino no Serviço Social. Neste mesmo ano foi criada a ABESS – Associação
Brasileira de Escolas de Serviço Social, objetivando unificar essa metodologia de ensino. No
ano seguinte a ABAS – Associação Brasileira de Assistentes sociais estabelece o primeiro
código de Ética do Profissional de Assistência Social Brasileiro. (IAMAMOTO E
CARVALHO, 2009)
Apenas 11 anos depois, em 27 de agosto de 1957 a profissão de Assistente Social foi
regulamentada no Brasil através da sanção da lei n° 3.252.
O golpe de 1964 marcou os brasileiros com o autoritarismo e a retirada de direitos.
Durante a ditadura os poderes legislativos e judiciários foram praticamente anulados e no
cenário de repressão não houve inovações significativas no padrão de assistencialismo. Houve
a burocratização do Serviço social, onde haveriam diversas regras, normas e critérios de
atendimento à população excluída. Nesse período, porém foi ampliada previdência social e foi
criado o funrura que ampliou o atendimento da assistência os trabalhadores do campo.
A LBA foi transformado em fundação pública vinculada ao ministério do trabalho e
previdência social, outras instituições públicas foram criadas a fim de prestar assistência a
população, segmentando as atuações de cada uma destas instituições de acordo com a faixa
etária ou por necessidade dos atendidos, exemplos da Fundação Nacional de Bem Estar do
Menor (FUNABEN), a Central de Medicamentos (CEME) e o Banco Nacional de Habitação
(BNH), dentro deste contexto é criado o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) (MDS
2010) (MDS 2010).
Em paralelo ao que ocorria durante os anos de os anos 1960 e 1970 ocorrem os
movimentos para a renovação na profissão recém-criada. Um movimento renovador do Serviço
Social que surge na América Latina, como manifestação de descontentamento com o
denominado “Serviço Social tradicional”. Este movimento foi denominado Movimento de
Reconceituação do Serviço Social sendo um marco histórico no processo de redefinição da
atuação e da forma de pensar da profissão. Por sua vez este possui profundas relações com a
realidade sócio-política dos países da América Latina e foi embasado na insatisfação de longo
período dos profissionais de assistência social devido a suas limitações teórico-instrumentais e
também político-ideológicas e constitui-se uma perspectiva de mudança na esfera social
(NETTO, 2010).
Em 1965 observou-se que com o desenvolvimento da sociedade e a nova dinâmica que
o acompanha, se torna necessárias alterações no Código de Ética do Assistente Social, que
buscavam adequar às dimensões políticas do momento, em meio às mudanças ocorridas – “as
mudanças análogas e, às vezes, concomitantes à América Latina agravada pelo regime ditatorial
e militar, implantado em abril de 1964” (SILVA, 2008), pautaram-se na defesa da família,
mantendo porém o moralismo e o conservadorismo do código anterior apenas alterando sua
base para as bases neotomistas. Esta crise estrutural teve o rebatimento da categoria, onde parte
dos profissionais buscaram maneiras adequar de sua prática às reais exigências sociais dos
países em desenvolvimento, chegando a esfera continental. O Movimento de reconceituação,
que visava superar marcos conservadores foi desencadeado pelas fortes reações e manifestações
no Serviço Social brasileiro a crise instalada (SILVA, 2008).
O Código de Ética do profissional do Serviço Social foi então reformulado uma terceira
vez no ano de 1957 buscando acrescentar atributos ao profissional que atendam suas
necessidades quanto a nova perspectiva, buscando nortear pela moral acrítica, a neutralidade,
tendo como base o processo de transição do projeto ético político. O código de 1975
aparentemente apenas seria a continuidade os seus dois códigos anteriores, porém, uma análise
mais atenta assinala para uma alteração significativa, [...] o Código de 1975 reproduz os
mesmos postulados tradicionais abstratos: o bem comum, a autodeterminação, subsidiariedade
e participação da pessoa humana, a justiça social [...] (BARROCO, 2010).
Com o Movimento de Reconceituação do Serviço Social houve uma ruptura com o
tradicionalismo onde a realidade controladora da profissão fica explicitada através de elementos
manifestos da prática (SILVA e SILVA, 2009).
No ano de 1986 o Código de Ética Profissional foi reestruturado pela quarta vez, mas se
tornou um grande avanço em relação aos anteriores, se tornando independente da Igreja e do
Estado, trazendo a categoria sua emancipação e levando ao desenvolvimento do novo projeto
ético-político do serviço social brasileiro baseado nossos interesses da classe trabalhadora que
é a massa da população. Segundo Barroco (2010) “[...] a elaboração do Código de Ética de
1986, expressão formal da ruptura ética com o tradicionalismo do Serviço Social. O Código e
a reformulação curricular de 1982 são marcos de um mesmo projeto que pressupõe o
compromisso ético-político com as classes subalternas [...]”.
2.1.2. APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988
Entre os anos de 1984 e 1988 o Brasil vive um momento de intensa movimentação
popular. A primeira constituição republicana brasileira foi promulgada em mil oitocentos e
noventa e um, onde se estabeleceu como forma de governo a república federativa
presidencialista, com os princípios básicos do federalismo, o presidencialismo e o regime de
representatividade. Esta constitui são apresenta sentido meramente administrativo pois nele a
proteção social fica restrita somente a funcionários públicos e em caso de invalidez ou quando
solicitado pelos estados em caso de calamidade pública para apreciação dos chamados socorros
públicos (BRASIL, 1981)
Partir da década de 80 o Brasil passa a viver uma abertura política após vinte anos de
ditadura militar. Nesse momento iniciou-se o debate na assembleia nacional constituinte para
criação de uma nova construção do país. Apesar de uma forte presença dos setores
conservadores, então congressistas, a estrutura da assembleia constituinte assegurou a ampla
participação do povo na elaboração da carta magna. Os brasileiros participaram dos debates e
apresentações de emendas populares à constituição, isto levou a uma ampliação de direitos
sociais. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um fruto de emenda da constituição e ao
ser regulamentado representou uma conquista para as pessoas idosas e com deficiência que
passaram a ter direito a renda. Após um ano e meio de trabalho a nova Constituição foi
promulgada em outubro de 1988. Essa nova constituição assegura uma série de conquistas e
avanços democráticos, estabelecendo estado de direito encerrando os tempos de ditadura, onde,
neste momento, a proteção social foi reconhecida pelo direito do cidadão e dever do estado
(MDS 2010).
Com a constituição de 1988 a assistência social passou a ser reconhecida como política
pública, integrante da seguridade social, ao lado das políticas de saúde e da previdência social.
Após a constituição de mil oitocentos e noventa e um dos direitos sociais dos trabalhadores
passam a ser legitimadas quanto direitos reclamados, apesar de terem sido editados
anteriormente a constituição federal.
A primeira vez na história brasileira estado determina que, aqueles que não contribuem
para a previdência sociais, também têm direito à proteção social à saúde passou a ser universal
e gratuita. Os artigos 203 e 204 da CF 88 definiram de vez o direito à assistência social na vida
dos brasileiros. Para alguns especialistas o momento marcou o fim do deserto e o início de um
processo de mudança do seu estado legal e político. Estes avanços que foram agregados pela
constituição de oitenta e oito acrescentaram, na área da assistência social, pode ser visto como
uma quebra na trajetória do período anterior, mas o novo projeto não era autoaplicável.
A criação da Constituição Federal de 1988 inovou em alguns aspectos, principalmente
a descentralização político-administrativa, distribuindo competências da gestão as instâncias
municipais, estaduais e federais, aumentando assim, o estímulo da participação da social civil
organizada. Até a década de oitenta o Brasil vivia o modelo administrativo centralizador, onde
todas as políticas de saneamento, saúde, educação e habitação são formuladas, financiadas e até
aliada apenas pela federação, da mesma forma, os programas de assistência social eram
formados, financiados, implementados pelo governo federal o que impedia a atuação real do
serviço assistencialista uma vez que a realidade local não era observada. (ZANIRATO, 2000)
A constituição mudou a situação de descentralizada do poder isso possibilitou que o
governo federal estados e municípios contam com fontes autônomas e independentes criando
dessa forma a metodologia de articulação democrática participativa, onde o estado e
responsável socialmente para a formulação, execução e controle das políticas sociais
comunitários. (BRANCHER, 1993)
A Constituição homologada em 1988 reconhece legalmente a assistência social
configurada como direito social e dever político, esta assegurou inúmeros direitos sociais, a
saúde como direito universal, e a Assistência Social como política pública não contributiva,
direitos do cidadão e dever do Estado (BRASIL, 2008).

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 2008, p.10).

A Constituição de 1988 ficou conhecida popularmente como a “Constituição Cidadã”,


onde é definida a Seguridade Social, que é formada pelo tripé da Saúde, da Previdência Social
e Assistência Social, como um direito dos cidadãos brasileiros (BRASIL, 2008).

Art. 194 A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social [...] compete ao poder público, nos termos da lei,
organizar a seguridade social [...] (BRASIL, 2008, p.53).

Política descentralizadora presente no brasil após a constituição de mil novecentos e


noventa e oito, levou a criação de conselhos e comissões formuladoras de estratégia de controle
e execução de políticas. No campo da seguridade social a regulação foi realizada por leis
especificas. Em 1990 é promulgada a Lei número 8080, chamada Lei orgânica da Saúde que
regulamentou o SUAS – Sistema Único de Saúde e estabeleceu a formação dos Conselhos
Municipais de Saúde. No mesmo ano a lei 8069 do Estatuto da Criança e do Adolescente,
requereu a mesma definição sobre os conselhos nacionais de saúde, além de acrescentar que os
mesmos passam a ter a responsabilidade de formular as políticas de atendimento e fixar as
prioridades orçamentárias (BRANCHER, 1993)
A descentralização do poder também gerou outras mudanças, como a extinção da Legião
Brasileira de Assistência e do Instituto Nacional de Previdência Social, sendo criado a partir de
então o Instituto Nacional de Seguridade Social – (INSS). (ZANIRATO, 2000)
Durante os debates na criação, devido a ampla participação popular, apontou-se sobre a
questão da Assistência social e para que os avanços alcançados fossem regulamentados, houve a
criação e aprovação das Leis Orgânicas da Assistência Social – LOAS. Couto (2006) lembra que a
primeira área que teve sua lei regulamentada foi a Saúde, através da lei nº 8.0800. A Previdência
social teve por sua vez sua lei aprovada e regulamentada um ano mais tarde Lei nº 8.212/91.
Houveram atrasos na aprovação da LOAS em decorrência do desenrolar dos processos
de discussão e elaboração de propostas na área que só foram colocados em prática após a
intervenção das entidades e profissionais da área do Serviço Social. (MESTRINER, 2008).
A LOAS convocou a sociedade a debater e participar da gestão e da solução dos
problemas sociais locais, levando a integração dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal.
A LOAS coloca que a assistência social seria governada pelo princípio da universalização dos
direitos sociais, assegurando assim, o reconhecimento do direito universal, independente da
contribuição com o sistema (ZANIRATO, 2000).
A partir de 1988, a Assistência passou a ser uma política pública, que compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando
assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social (VIEIRA, 1998).
A partir dos anos 90, o modelo de Estado proposto na Constituição Federal deixou de
ser entendido como indispensável. Setores governamentais passaram a defender a participação
mínima do Estado nas questões relativas à vida nacional e à vida dos cidadãos, com essas ideias
neoliberalistas passou a haver um conflito entre a Constituição Federal e as leis
complementares. (SILVA, YAZBECK e GIOVANNI 2007)
A partir da década de noventa a um só que entre as necessidades sociais, a constituição
federal, a lei orgânica de assistência social e a realidade política que se instalada no Brasil neste
momento, o neoliberalismo. Nossa nova modalidade política o principal mecanismo de
regulação social seria o mercado, com isso a intervenção do estado se torna mínima. O caso
então passa buscar desenvolvimento econômico e a combater a inflação econômica, além de
papel por às políticas macroeconômicas garantindo direitos sociais através da defesa da
estabilidade monetária (PEREIRA, SILVA e PATRIOTA, 2006).
Durante este período as responsabilidades do campo social são transferidas para as
organizações da sociedade civil reduzindo ao máximo a intervenção do estado, neste momento
O Estado brasileiro passa a buscar o desenvolvimento econômico e combater à inflação,
passando a cumprir apenas funções básicas, deixando de lado ações que não fossem prioritárias
e benéficas ao desenvolvimento econômico do país. (ZANIRATO, 2000)
O neoliberalismo, no que diz respeito às políticas sociais, acaba por gerar corte nos
gastos sociais, a desativação de programas e principalmente a redução do papel do Estado nesse
campo. Descentralizar, privatizar e concentrar programas sociais públicos nas populações mais
pauperizadas foi um dos vetores estruturais do neoliberalismo (DRAIBE, 1993).
Conforme apontado por Dahmer Pereira (2006) o Brasil neoliberalista começou sua
implementação durante o período do governo Collor. A economia nacional passa a subordinar-
se à economia internacional, havendo a desregulamentação do mercado de trabalho, dos direitos
trabalhistas e sociais conquistados até o momento, e a política social passa a ter caráter
minimalista. As áreas da saúde, previdência social e assistência social foram distribuídas em
três ministérios diferentes, sendo seus recursos unificados e subordinados à área econômica.
O governo de Collor chegou a enviar uma proposta de Reforma Constitucional, que
buscava a abertura da economia, a internacionalização da mesma, privatização. No campo das
políticas sociais, sua proposta era de seletividade e focalização, como essa reforma não
conseguiu ter uma ampla base hegemônica para sua realização, o presidente passou a direcionar
essas ações através de emendas e vetos presidenciais, sendo eles direcionados principalmente a
área da Seguridade Social (DAHMER PEREIRA, 2006). Com isso, em novembro de 1990
Collor, vetou o projeto de Lei Orgânica da Assistência Social, alegando falta de recursos para
cobrir os gastos sociais e dos benefícios de prestação continuada (BPC).
Após a queda de Collor em 1992 e início do governo de Itamar Franco o pais enfrentou
diversos problemas econômicos e sociais, onde este novo governo também estaria voltado para
o desenvolvimento da economia e o combate a inflação, sem romper com a condução política
e econômica de seu antecessor (COUTO, 2006).

Após o veto de Collor ao projeto de Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o


Ministério do Bem-Estar Social começou a promover encontros regionais em todo o
país a fim de discutir-se essa Lei. Teve como principais participantes os representantes
da sociedade civil, do Poder Legislativo, integrantes da LBA, da Associação Brasileira
de Organizações Não Governamentais (ABONG), entre outros. Esses encontros
culminaram com a Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em junho de
1993, em Brasília, muitas discussões foram feitas, houve algumas reformulações na lei
visando ganhos para assistência (MPES, 2010).
Frente ao quadro de debates e da pressão popular (dentre eles os assistentes sociais e do
Ministério Público que ameaçou processar a União pelo descuido com a área) que finalmente,
no dia sete de dezembro de 1993, foi sancionada pelo presidente Itamar Franco a Lei Orgânica
da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8.742 que propõe mudanças estruturais e conceituais na
assistência social pública. Esta Lei veio prever a efetivação dos direitos nela garantidos através
de serviços, programas e projetos de forma não contributiva, onde se responsabiliza o Estado
por assegurar o acesso de toda a população a política de assistência social, definindo-se a
responsabilidade de cada esfera do governo nesta área. Incorpora a concepção de mínimos
sociais, exigindo a construção de uma ética em sua defesa, mostrando que a pobreza e a miséria
não são solucionadas apenas com a concessão de benefícios (COUTO, 2006).
Apesar de ainda haverem fatores que dificultem a compreensão da assistência social
como direito,
Inegavelmente, a Loas não apenas introduz um novo significado para a assistência
social, diferenciando-a do assistencialismo e situando-a como política de Seguridade
Social voltada à extensão da cidadania social dos setores mais vulnerabilizados da
população brasileira, mas também aponta a centralidade do Estado na universalização e
garantia dos direitos e de acesso aos serviços sociais qualificados, ao mesmo tempo em
que propõe o sistema descentralizado e participativo na gestão da assistência social no
país, sob a égide da democracia e da cidadania (YASBEK, 1997, p.9 apud COUTO
2006).

O maior benefício conquistado com a Lei Orgânica foi o Benefício de Prestação


Continuada (BPC), que prevê o pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com
deficiência e aos idosos que não possuem meios de prover seu próprio sustento. O
financiamento dos benefícios, serviços, programas e projetos previstos na Lei estão
condicionados aos recursos da União, Estado e Municípios que compõem o Fundo Nacional de
Assistência Social (FNAS).
Ocorre também a criação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) que
possui a partir deste momento grande importância, uma vez que terá como função aprovar a
Política Nacional de Assistência Social, normatizando suas ações e regulando a prestação de
serviços tanto de natureza pública quanto privada na área da assistência social, zelará pela
efetivação do sistema de descentralização, aprovará propostas orçamentárias da assistência
social, dentre outras funções. Seus membros são nomeados pelo presidente da República tendo
mandato de dois anos podendo ser prorrogado por mais dois. A regulamentação da LOAS
significou um passo muito importante para Assistência Social no Brasil, mais não ficou somente
nessa conquista, a partir dessa regulamentação novas necessidades foram surgindo e por isso
viu-se a importância de criar uma Política Nacional para a área de assistência social, pois a
LOAS é um instrumento legal que regulamentou os pressupostos trazidos na Constituição
Federal, instituindo programas, serviços, benefícios e projetos destinados ao enfrentamento da
questão social. A Política Nacional de Assistência Social virá para concretizá-los, buscando
incorporar as demandas da sociedade no que tange à responsabilidade política, tornando claras
suas diretrizes na efetivação da assistência social como direito de cidadania e responsabilidade
do Estado. Mas, até a implementação da Política Nacional de Assistência Social que só virá
ocorrer no ano de 2004, o país passou por um período difícil na área social.
No ano de 1994, inicia-se o governo de s Fernando Henrique Cardoso (FHC), que assim
como os governantes anteriores priorizou o controle da inflação e a manutenção da estabilidade
econômica, afirmava a necessidade de realizar uma reforma do Estado vinculada ao paradigma
teórico neoliberal. Durante sua campanha, como forma de eleger-se, usou como discurso
prioridades na saúde, educação, emprego e segurança, o que poderia ter levado o governo a
privilegi]ar reformas sociais, cumprindo assim os preceitos constitucionais. (COUTO, 2006)
No campo social destacou-se a criação do Programa Comunidade Solidária, que tinha
como objetivo buscar estabelecer formas de atuação na área social do governo e formas de
gerenciar os programas de ataque a fome e a pobreza. Mas, o descaso com a área foi tão grande
que Fernando Henrique Cardoso chegou a ser denunciado pelo Tribunal de Contas da União.
No balanço social desse governo os resultados foram desastrosos com aumento da concentração
de renda, consequentemente aumentou-se a desigualdade social, aumentou o desemprego, por
várias vezes houve a tentativa de acabar com alguns direitos trabalhistas conquistados ao longo
dos anos. Uma as características desse momento foi, [...] a retomada da matriz da solidariedade,
como sinônimo de voluntarismo e de passagem da responsabilidade dos programas sociais para a órbita
da iniciativa privada, buscando afastar o Estado de sua responsabilidade central, conforme a
Constituição Federal de 1988, na garantia desses direitos (COUTO, 2006).
Diante desse quadro pode-se constatar que a partir do governo de Collor houve uma
fragilização da proteção social no Brasil, através de programas com ações pontuais e
fragmentadas, principalmente os voltados para erradicação da fome e miséria. Os governos que
vieram após a Constituição Federal de 1988, foram tentando desconstruir os direitos garantidos
constitucionalmente, evitando também a autonomia das classes menos favorecidas.

No vasto campo de atendimento das necessidades sociais das classes empobrecidas


administram-se favores. Décadas de clientelismo consolidaram uma cultura tuteladora,
que não tem favorecido o protagonismo nem a emancipação dessas classes em nossa
sociedade. A redução de custos tem significado uma deteriorização na qualidade dos
serviços, triagens mais severas e a opção por programas assistencialistas e seletivos de
combate à pobreza, como o Programa Comunidade Solidária. (YAZBEK, 2001, p.44).

Muito se fala sobre a busca da emancipação dos usuários, porém existe uma dualidade
quando se fala nesse processo de emancipação, pois ao mesmo tempo que se prega esse discurso
não é interessante para o governo e para a ordem vigente a emancipação dos mesmos. Na
verdade, a emancipação desses usuários é praticamente impossível de acontecer, pois para que
isso ocorra é necessário chegar à raiz do problema: a contradição entre as classes. O tempo todo
se busca esconder esse problema, ocorrendo um deslocamento dos conflitos causados pelas
contradições das classes sociais transferindo-os para o indivíduo.
Durante o Governo do Luiz Inácio Lula da Silva o investimento na área social aumentou,
sem, contudo, que tenha sido feita nenhuma reforma significante. O número de pessoas
beneficiadas pelos programas só fez crescer, o que pode ser considerado um sinal de alerta, pois
a função do assistencialismo é ser provisório e o aumento crescente, sem que com o tempo
houvesse uma estagnação ou redução indica a dependência dessas pessoas dos programas, não
de forma temporária e sim praticamente permanente, Vale lembrar que qualquer política seja
ela econômica ou social se baseia previamente no governo anterior e leva-se tempo para colher
frutos.

2.2. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS)


A primeira Política Nacional de Assistência Social foi aprovada em 1998, após cinco
anos da regulamentação da LOAS, mas apresentou-se de forma insuficiente. Somente passadas
duas décadas da aprovação da LOAS é que a Política Nacional de Assistência Social foi
efetivamente aprovada (COUTO, YASBEK e RAICHELIS, 2010).
Em 2003 iniciou-se o governo de Luís Inácio Lula da Silva, criou-se uma expectativa
muito grande em relação a esse governo por se tratar da eleição de um partido político com
forte apelo popular que pregava em seu discurso a democracia, e no qual se acreditava que
poderia trazer mudanças significativas para o Brasil (FERREIRA, 2007).
No mês de dezembro de 2003 por meio do CNAS foi realizada em Brasília a IV
Conferência Nacional de Assistência Social, durante este evento foi aprovada uma agenda
política referente a gestão participativa e descentralizada de assistência social no Brasil, neste
momento também houve a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que
prevê a construção e implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
operacionalizado pelas Norma Operacional Básica (NOB/2005) conhecida também como
NOB/SUAS, onde concretizará um modelo de gestão que possibilite a efetivação dos princípios
e diretrizes da política de assistência social, conforme definido na LOAS.
O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) foi criado em 2004
e por sua vez criou a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), que busca fortalecer e
acelerar o processo de construção do SUAS. Em outubro desse mesmo ano, o MDS através da
SNAS publicou a versão final da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), Resolução
nº 145, sendo publicada no Diário Oficial da União em 28 de outubro de 2004
(CAPACITAÇÃO MDS, 2005). Esta política vai introduzir mudanças tanto nas referências
conceituais, como em sua estrutura organizativa e na lógica de gerenciamento e controle das
ações na área.
A Política Nacional de Assistência Social tem como princípios:

I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de


rentabilidade econômica;
II - Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação
assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III - Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e
serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se
qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV - Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer
natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem
como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão
(PNAS, 2004, p.26).

Como se pode observar reafirma-se ai a natureza não contributiva da assistência social,


passando a ter como foco de atenção dessa política as necessidades e mais não o necessitado.
A Política de Assistência Social passa a ser acessível a todos que dela necessitar sem exceção
ou discriminação, mas sendo ela passível também à disponibilidade de recursos, que na
contracorrente das escolhas políticas e econômicas são cada vez mais escassas para as políticas
sociais. O cidadão passa a ter sua dignidade reconhecida, devendo ele ser respeitado
independente de sua situação econômica ou social, os serviços no campo da assistência social
devem ser prestados a quem deles necessitar, deve-se haver a promoção da equidade no sentido
de reduzir as desigualdades sociais e no enfrentamento de disparidades locais, além de se fazer
uma ampla divulgação de serviços, programas, projetos e benefícios para que seja facilitado o
acesso da população os mesmo (CAPACITAÇÃO MDS, 2005).
Pode-se observar que mais uma vez não é levada em consideração a raiz do problema,
a contradição entre as classes, nega-se também que as desigualdades sociais são fruto do
capitalismo, em nenhum momento é abordado ou se questiona a ordem vigente e as
consequências que ela traz. A PNAS prega a diminuição das desigualdades sociais, mas não
procura acabar com elas, na verdade com suas propostas contribuem para manter a ordem
vigente e a exploração, grande parte de suas propostas contribuem para solucionar problemas
emergenciais e manter a classe subalterna “dócil”.
Como forma de organização a PNAS será orientada segundo as seguintes diretrizes:

I - Descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais


à esfera federal e a coordenação e execução dos respectivos programas às esferas
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social,
garantindo o comando único das ações em cada esfera de governo, respeitando-se as
diferenças e as características socioterritoriais locais;
II - Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis;
III - Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência
social em cada esfera de governo;
IV - Centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços,
programas e projetos (PNAS, 2004, p. 26-27).

A descentralização político-administrativa reforça o papel das três esferas do governo


na condução da política de assistência social, a participação da população passa a ser feita
através dos Conselhos e Conferências (Municipais, Estaduais e Nacional) onde a população
ajuda a formular e controlar as ações na área da assistência social. A família passa a ser o
principal foco para a elaboração dos serviços, programas e projetos e reforça-se ainda a
responsabilidade do Estado na condução dessa política.
A PNAS possibilita explicitar e tornar claras as diretrizes que vão efetivar a assistência
social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado, possuindo um modelo de gestão
compartilhado, tendo suas atribuições e competências realizadas nas três esferas do governo.
Ela reafirmar a necessidade de articulação com outras políticas e indicar que as ações a serem
realizadas devem ser feitas de forma integrada para o enfrentamento da questão social
(COUTO,YASBEK e RAICHELIS, 2010).

A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas


setoriais, considerando as desigualdades socioterritoriais, visando seu enfrentamento, à
garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências
sociais e à universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, objetiva:
I- Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou,
especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem;
II- Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando
o acesso aos bens e serviços sócio assistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e
rural;

III- Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na


família, e que garantam a convivência familiar e comunitária (PNAS, 2004, p.27).

A intersetorialidade foi um dos pontos importantes trazidos com a PNAS, pois através
da sua articulação com as demais políticas públicas visa-se o desenvolvimento de ações
conjuntas destinadas ao enfrentamento das desigualdades sociais existentes e identificadas em
determinadas áreas, além de realizar a proteção social básica e especial dos usuários. Com a
junção entre as políticas públicas em torno de objetivos comuns passasse a orientar a construção
das redes municipais. (COUTO, YASBEK e RAICHELIS, 2010).
Os usuários da política de assistência social passam a ser todos os cidadãos ou grupos
que se encontram em alguma situação de vulnerabilidade e risco social, ou seja:

[...] famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade,


pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos
étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela
pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas;
diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção
precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e
alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social
(PNAS, 2004, p.27).

Como podemos observar ampliaram-se os usuários da política de assistência social,


englobando agora não somente os usuários considerados tradicionais, como as pessoas mais
pauperizadas, mas também pessoas que estão desempregadas, ou que se encontram no mercado
informal de trabalho, usuários de drogas, entre outros. Além disso, essa nova política passa a
ter como foco principal a família, crescem os programas, projetos e serviços voltados para ela
buscando o fortalecimento da mesma, no enfrentamento de suas necessidades sociais.
Apesar de se ter ampliado os usuários da Política de Assistência Social como exposto acima,
na verdade suas ações quase que em sua totalidade são voltadas para o núcleo familiar, sendo
em sua maioria os programas, projetos e benefícios voltados para a mesma, deixando de lado
os outros segmentos.
A implantação da PNAS vai defini-la como política de proteção social aos que estão em
situação de vulnerabilidade e risco social.

A Proteção Social de Assistência Social consiste no conjunto de ações, cuidados,


atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo Sistema Único de Assistência Social para
redução e preservação do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao ciclo da vida, à
dignidade humana e à família como núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e
relacional. (NOB/SUAS, 2005, p.16).

O Sistema de proteção social segundo a PNAS divide-se em Proteção Social Básica e


Proteção Social Especial de alta e média complexidade.

2.2.1. PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA


Já a Proteção Social Básica objetiva prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento
de potencialidades e aquisições e com o fortalecimento do vínculo familiar e comunitário
(PNAS, 2004). Seus serviços visam potencializar a família como unidade de referência,
fortalecendo seus vínculos internos e externos através de serviços locais que objetivam a
convivência, a socialização, o incentivo à participação e o acolhimento de famílias cujos
vínculos encontram-se fragilizados, mas não foram rompidos (NOB/SUAS, 2005).

2.2.1.1. CRAS
O inciso I, do Art. 7º da NOB SUAS 2012 afirma que “a garantia de proteção
socioassistencial compreende: I - precedência da proteção social básica, com o objetivo de
prevenir situações de risco social e pessoal”. Publicação do MDS (2012) afirma que a proteção
básica “possui uma dimensão inovadora, pois supera a histórica atenção voltada a situações
críticas, que exigiam ações indenizatórias de perdas já instaladas, mais do que asseguradoras
de patamares de dignidade e de desenvolvimento integral” (MDS, 2012, p. 12). A primazia
atribuída à proteção básica e seu ineditismo decorrem da sua função preventiva à ocorrência de
situações de risco, com foco no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
Neste sentido, ressalta-se a necessidade de os profissionais desenvolverem uma visão
estratégica que possibilite identificar e tornar visíveis “os invisíveis”, bem como de prever
situações de vulnerabilidade e/ ou risco e antecipar sua ação no território. As condições para
que as equipes atuem de forma estratégica são dadas pela territorialização do CRAS, pela
responsabilidade de proteção socioassistencial das famílias que vivem nesse território -
atribuída à equipe do PAIF – e pela instituição de um setor de Vigilância Socioassistencial (que
deve alimentar o CRAS de informações estratégicas).
Em 2004, pela primeira vez, uma PNAS faz referência a uma unidade pública de
assistência social, que deverá ser implantada em todas as áreas de vulnerabilidade social, em
decorrência de uma responsabilidade estatal para com as famílias que vivem no seu território
de abrangência. Com a finalidade de estruturar um sistema de cunho universal, aos municípios
e DF coube delimitar áreas de abrangência da Proteção Básica no seu território (municipal ou
do DF), de forma a alcançar a população mais vulnerável. Aos municípios, Distrito Federal e
estados coube definir áreas de abrangência da proteção especial, para enfrentamento dos casos
de violação de direitos, de violências e/ou de rompimento de vínculos familiares. Nesta direção,
em cada território de proteção básica, deve haver um CRAS. Uma vez implantado, o CRAS
deve irradiar sua ação para a área de moradia das famílias (atendimento direto das famílias),
contribuir para viabilizar o acesso dos usuários aos serviços na sua área de abrangência e ofertar
o principal serviço da proteção básica (o PAIF).
No entanto, essa unidade pública e o principal serviço nela ofertado são resultado de um
processo de amadurecimento da política nacional e da avaliação da experiência de implantação
de serviços pelos municípios e pelo DF, nos anos que antecederam a elaboração da
PNAS/200412

2.2.2. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL


A proteção social especial é modalidade de atendimento assistencial destinada às
famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de
abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas,
cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infanto juvenil,
dentre outras. Divide-se em proteção social especial de média complexidade e de alta
complexidade. (BRASIL, 2009).
Este nível de proteção está dividido em serviços de média complexidade, que são
voltados a famílias e indivíduos que tiveram seus direitos violados, porém os vínculos
familiares e comunitários não foram rompidos, e os serviços de alta complexidade, que são
voltados à proteção integral para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e/ou
situação de ameaça, necessitando serem retirados de seu núcleo familiar ou comunitário por
rompimento dos vínculos (NOB/SUAS, 2005).

2.2.2.1. CREAS
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, os serviços de Proteção Social
Especial de Média Complexidade devem oferecer atendimento e acompanhamento a famílias e
indivíduos com direitos violados, cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos.
No seu âmbito é prevista uma unidade de referência pública e estatal para a oferta de serviços
especializados e continuados: o Centro de Referência Especializado de Assistência Social -
CREAS.
É uma unidade pública que oferta serviço especializado e continuado a famílias e
indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, mulheres), em situação de ameaça
ou violação de direitos, tais como: violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas,
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, situação de risco pessoal e social
associados ao uso de drogas, etc.
O CREAS busca construir um espaço para acolhimento dessas pessoas, fortalecendo
vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas relações familiares.
Dentro de seu contexto social, deve permitir a superação da situação apresentada.
Os serviços ofertados nos CREAS são desenvolvidos de modo articulado com a rede de
serviços da assistência social, órgãos de defesa de direitos e das demais políticas públicas.
Realiza ações conjuntas no território para fortalecer as possibilidades de inclusão da família em
uma organização de proteção que possa contribuir para a reconstrução da situação vivida.
Os CREAS podem ter abrangência tanto local (municipal ou do Distrito Federal) quanto
regional, abrangendo, neste caso, um conjunto de municípios, de modo a assegurar maior
cobertura e eficiência na oferta do atendimento.

2.2.2.2. Alta e média complexidade


Os serviços da Proteção Social Especial de Média Complexidade são executados nos
Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), Centros de Referência
para Pessoas em Situação de Rua e em Centros Dia. É destinado ao atendimento especializado
de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, agravados por violação de direitos,
que necessitam de proteção do Estado. Demanda grande articulação interna com os demais
serviços do SUAS e externa com órgãos de garantia de direitos (Conselhos de Direitos,
Conselhos Tutelares, Ministério Público, defensorias, varas especializadas, dentre outros), com
as políticas setoriais e com a rede socioassistencial para que a proteção se efetive.
Com a Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais, pactuada na Comissão Inter
gestores Tripartite - CIT e aprovada no Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, os
serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade são os seguintes:
 Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI
 Serviço Especializado em Abordagem Social
 Serviço de Proteção Social e Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa
de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC)
 Serviço de Proteção Social Especial a Pessoas com Deficiência, Idosos (as) e suas
Famílias
 Serviços Especializado para Pessoas em Situação de Rua
A Proteção Social Especial de Alta Complexidade atende pessoas com vínculos
familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir-lhes proteção integral. O atendimento é
realizad]o em equipamentos próprios ou em entidades conveniadas. Seus principais
equipamentos são: abrigos, repúblicas, albergues e centros de passagem. O atendimento
prestado nesses espaços é personalizado e em pequenos grupos, favorecendo os vínculos
comunitário. As regras de convivência são construídas de forma participativa e coletiva,
buscando assegurar a autonomia dos usuários. Além disso, são ofertados serviços, programas,
projetos e benefícios, que podem ser executados nos equipamentos institucionais ou fora deles.
Um dos principais esforços desempenhados pelo trabalho da Assistência Social é o
fortalecimento da família e a reintegração familiar. Nesse sentido, Belo Horizonte conta com o
Serviço de Apoio à Reintegração Familiar e com o Serviço de Acolhimento em Famílias
Acolhedoras.
Segundo a Tipificação Nacional dos Serviços Sócio assistenciais (Resolução nº 109, de
11 de novembro de 2009) quatro tipos de serviços compõem a Proteção Social Especial de Alta
Complexidade:
 Serviço de Acolhimento Institucional
 Serviço de Acolhimento em República
 Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora
 Serviço de Proteção em situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
3. CRAS COMO PORTA DE ENTRADA PARA A POLÍTICA DE
ASSISTENCIA SOCIAL

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) tem papel estratégico por ser a porta
de entrada do sistema, essa situação deve desencadear mudanças fundamentais e contribuir de forma
efetiva na coordenação e articulação das políticas sociais no âmbito do território de sua abrangência,
na inserção dos usuários dos serviços da Assistência Social e demais políticas, e ainda na proposição
de novos serviços e programas. (GOMES,2007)
A Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais, aprovada pela Resolução 109
de 11 de novembro 2009, passa a estruturar a operacionalização da política de assistência social
no território brasileiro e a orientar em termos de diretrizes gerais os serviços dessa política que
deverão sem implantados nos municípios do país.
De acordo com a tipificação, os serviços de Proteção Social Básica são os seguintes: 1) Serviço
de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); 2) Serviço de Proteção Social Básica no
Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas; e 3) Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos.
O Serviço Social no CRAS, tem por finalidade acompanhar as famílias referenciadas a
ele, realizar as articulações com a rede soco assistencial presente no seu território de
abrangência, bem como realizar os encaminhamentos necessários a esta rede. O Serviço Social
deve atuar juntamente a outros profissionais, compondo uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar.
Segundo a ABEPS (1996) (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço
sócia) “compete ao Assistente Social da política de Assistência Social, identificar, analisar e
compreender as demandas presentes na sociedade e seus significados, e formular respostas às
mesmas, para enfrentar as diversas expressões da questão social”.

[...]o perfil do/a assistente social para atuar na política de Assistência Social deve afastar-
se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas, que reforçam as práticas
conservadoras que tratam as situações sociais como problemas pessoais que devem ser
resolvidos individualmente. ” [...] (BRASÍLIA, 2011, p. 18)

De acordo com a NOB-RH/SUAS (2006), são princípios que orientam a atuação dos
profissionais da área de assistência social:
a) Defesa intransigente dos direitos soco assistenciais;
b) Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qualidade que
garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e sociais;
c) Promoção aos usuários do acesso a informação, garantindo conhecer o nome e a credencial
de quem os atende;
d) Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo profissional, preservando sua
privacidade e opção e resgatando sua história de vida;
e) Compromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos
pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;
f) Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e renda e a programas de
oportunidades para inserção profissional e social;
g) Incentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de fóruns, conselhos,
movimentos sociais e cooperativas populares de produção;
h) Garantia do acesso da população a política de assistência social sem discriminação de
qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual, classe social, ou outras),
resguardados os critérios de elegibilidade dos diferentes programas, projetos, serviços e
benefícios;
i) Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que
estes possam usá-las para o fortalecimento de seus interesses;
j) Contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os
usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados. (2006, p.13)
Com base no documento, observamos que os princípios são fundamentais para uma
atuação de qualidade e efetiva dos profissionais, porém, devido as condições existentes de
trabalho, nem sempre se consegue coloca-los em prática. Conforme Monteiro (2011), em
pesquisa realizada, identifica que essas condições impactam de forma significativa na atuação
do profissional de Serviço Social e demais integrantes da equipe, destacando que “as condições
e meios de trabalho, caracterizadas pela inadequação na estrutura física, recursos materiais
insuficientes, ausência de transporte que viabilize aproximação maior com as famílias, [...]
quanto articulação com a rede” (2011, p.4), limita o exercício profissional, contribuindo para
ações pontuais.
Diante disto, a importância de o profissional ter clareza sobre seu objeto de intervenção,
tendo como posse de atuação o projeto ético-político profissional1, para que não se atenha a
problematizar apenas as condições de trabalho, e sim sua prática profissional. Além de
educação e capacitação permanente para os profissionais, para que se supere as práticas
assistencialistas, paternalistas e preconceituosas, conforme Monteiro (2011, p.8) “neste sentido
é mister resgatar o caráter teleológico do trabalho, bem como o compromisso assumido pela
categoria profissional pela luta intransigente dos direitos da classe trabalhadora”.
De acordo com Iamamoto (2009, p.17) “exige um profissional culturalmente versado e
politicamente atento ao tempo histórico; atento para decifrar o não dito, os dilemas implícitos
no ordenamento epidérmico do discurso autorizado pelo poder; ”. As ações são constituídas a
partir do esclarecimento das tendências do movimento da realidade, decodificando suas
manifestações sobre o qual incide a ação profissional. (IAMAMOTO, 2009).
Diante disto, entendemos que exige um profissional, conforme Iamamoto (2009, p.25) “que
tenha competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o
seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais”. Portanto, apesar de
obstáculos presentes no campo de atuação, é importante superá-los para que se realiza as ações
profissionais, e buscar as condições adequadas e necessárias para o exercício profissional.

3.1. PROGRAMAS

3.1.1. PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA –PAIF

O Programa de Atenção Integral à Família –PAIF é uma atribuição exclusiva do poder


público e é desenvolvido necessariamente no Centro de Referência de Assistência Social –
CRAS. Todo Centro de Referência de Assistência Social, independentemente da fonte
financiadora, deve, obrigatoriamente, implementar o Programa de Atenção Integral à Família,
ou seja, o PAIF só é executado no CRAS, todo CRAS executa, obrigatoriamente, o PAIF assim
o PAIF e o CRAS não são sinônimos, mas são, respectivamente, um serviço e uma unidade
intrinsecamente inter-relacionadas;
O PAIF tem como antecedente o Programa Núcleo de Apoio à Família NAF, criado em
2001. O NAF foi o primeiro programa da esfera federal no âmbito da assistência social
destinado às famílias. Já em 2003 foi lançado o Plano Nacional de Atendimento Integrado à
Família (PNAIF) e em 2004 essa proposta foi aprimorada com a criação pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) do Programa de Atenção Integral à Família
(PAIF). Em 19 de maio de 2004, o PAIF tornou-se “ação continuada da Assistência Social”,
passando a integrar a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social financiada pelo
Governo Federal.
O PAIF ganha, assim, dimensão de serviço que oferta trabalho social com famílias,
constituindo a identidade do CRAS na função de proteção prevista na política nacional de
assistência social. Tem como princípios dois pilares do SUAS –a matricialidade sócio familiar
e a territorialização.
A família é reconhecida como o núcleo primário de afetividade, acolhida, convívio,
sociabilidade, autonomia, sustentabilidade e referência no processo de desenvolvimento e
reconhecimento da cidadania. E o Estado tem o dever de prover proteção social às famílias a
fim de possibilitá-las ao exercício de sua função protetiva.
O território é o lócus de operacionalização do PAIF, o lugar a ser re-significado pelas
suas ações. A equipe do CRAS, responsável pela implementação do PAIF, sob coordenação do
gestor municipal deve ainda contribuir para a organização das ações no território, tendo as
famílias como referência.
O PAIF é reconhecido, pela PNAS, como parte integrante da proteção básica, devendo
ter a mesma nomenclatura em todo o país e significado semelhante para a população em
qualquer território da federação. Deve ser obrigatoriamente desenvolvido no CRAS. O PAIF
rege-se pela universalidade e gratuidade de atendimento e sua oferta
É exclusiva da esfera estatal. Assim, a execução e a gestão do PAIF é atribuição do
Estado, cabendo aos municípios esta responsabilidade. O PAIF ainda tem uma dimensão
democrática que deve ser exercitada em todos os momentos de sua implementação, em especial
no âmbito do território de abrangência do CRAS, afim de não se tornar um serviço prescritivo,
modelador e verticalizado, isto é, as ações do PAIF devem ser planejadas e implementadas com
a participação e controle social dos seus usuários.
O PAIF é um programa estratégico do SUAS por integrar os serviços sócio assistenciais,
programas de transferência de renda e benefícios assistenciais, potencializando, assim, o
impacto das ações de assistência social para as famílias. São destinatários do PAIF as famílias
em situação de vulnerabilidade e risco social, residentes nos territórios de abrangência dos
CRAS, em especial as famílias beneficiárias de programas de transferência de renda ou famílias
com membros que recebem benefícios assistenciais, pois a situação de pobreza ou extrema
pobreza a grava a situação de vulnerabilidade social das famílias.
Vulnerabilidade Social – situação de corrente da pobreza, privação, ausência de renda,
precário ou nulo acesso aos serviços públicos, intempérie ou calamidade, fragilização de
vínculos afetivos e de pertencimento social de corrente de discriminações etárias, étnicas, de
gênero, sexualidade, deficiência, entre outros, a que estão expostos famílias e indivíduos e que
dificultam seu acesso aos direitos e exigem proteção social do Estado;
Risco Social –diz respeito ao agravamento das situações reconhecidas como de
vulnerabilidade social.
O desafio de integrar serviços e benefícios, bem como o acompanhamento destas
famílias pelo PAIF, consta do Plano Decenal de Assistência Social, constituindo—se em
prioridade as seguintes situações, consideradas de maior vulnerabilidade social:
1. Famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família em descumprimento de condicionalidades;
2. Famílias do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil –PETI em descumprimento de
condicionalidades;
3. Famílias com pessoas com deficiência de 0 a 18 anos beneficiários do BPC;
4. Famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família e/ou em situação de risco com jovens de
15 a 17 anos.
Além disso, o PAIF deve voltar sua atenção para:
1. Famílias residentes no território do CRAS com presença de pessoas que não possuem
documentação civil básica;
2. Famílias com crianças de 0 a 6 ano sem situação de vulnerabilidade/ou risco social;
3. Famílias com indivíduos reconduzidos ao convívio familiar, após cumprimento de medidas
protetivas e/ou outras situações de privação do convívio familiar e comunitário.
4. Famílias com pessoas idosas;
O acesso às ações do PAIF ocorre por meio de:
a) demanda das famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social;
b) busca proativa de famílias, realizada pelas equipes dos CRAS; e
c) encaminhamento realizado por:
I. rede sócio assistencial,
II. serviços setoriais e órgãos públicos,
III. pelos conselhos de políticas e/ou defesa de direitos.
As ações do PAIF potencializam a família com a unidade de referência, fortalecem os
vínculos internos e externos de solidariedade, por meio do desenvolvimento do convívio,
socialização, autonomia e protagonismo das famílias, bem como pelo desenvolvimento de
projetos coletivos e pela promoção do acesso a programas de transferência de renda, benefícios
assistenciais e aos demais serviços sócio assistenciais e setoriais.
Ações que compõem o Programa de Atenção Integral à Família – PAIF: Acolhida,
acompanhamento familiar, atividades coletivas/comunitárias e encaminhamentos. (MDS,
2010).
Também referência com centralidade a família, “recolocando em foco a composição dos
direitos sócio assistenciais integrados ao núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia,
sustentabilidade e protagonismo social” (MDS, 2010, p. 45). A matricialidade sociofamiliar
possui destaque na PNAS:
Esta ênfase está ancorada na premissa de que a centralidade da família e a superação da
focalização, no âmbito da política de assistência social, repousam no pressuposto de que para a
família prevenir, proteger, promover e incluir seus membros é necessário em primeiro lugar,
garantir condições de sustentabilidade para tal. Neste sentido a política de assistência social é
pautada nas necessidades das famílias, seus membros e indivíduos (PNAS, 2004, p. 41).
A PNAS passa a determinar a forma como os serviços sócio assistenciais do SUAS serão
organizados, tendo por referência a vigilância social – que refere-se ao desenvolvimento da
capacidade e de meios de gestão pelo órgão público gestor da assistência social para a
identificação das formas de vulnerabilidade social da população e do território pelo qual é
responsável –, a defesa social e institucional – que trata de como devem estar organizados os
serviços de Proteção Social Básica e Especial, a fim de garantir aos usuários o acesso aos
direitos sócio assistenciais e à sua defesa – e a proteção social – que refere-se ao conjunto de
ações, benefícios e auxílios utilizados na prevenção e como forma de reduzir o impacto das
situações de vulnerabilidade e risco, na direção do desenvolvimento humano e social e dos
direitos de cidadania (PNAS, 2004).

Em relação à proteção social de assistência social, esta abrange dois níveis: 1) a Proteção
Social Básica e 2) a Proteção Social Especial – dividida em Proteção Social de Média
Complexidade e Proteção Social de Alta Complexidade. Seus serviços devem ser
prestados preferencialmente em unidades próprias do município, através dos Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS) e dos Centros de Referência Especializados
de Assistência Social (CREAS), podendo ser executados em parceria com entidades
não governamentais de assistência social, integrando a rede socioassistencial (PNAS,
2004).

3.2. PÚBLICO ALVO


Famílias e seus membros em situação de vulnerabilidade social, em virtude da pobreza,
privação, fragilização de vínculos afetivos-relacionais, adolescentes com gravidez precoce,
pertencimento social (discriminação de gênero, éticas, idade, por deficiência, etc.) em especial
para as famílias beneficiárias do Benefício de prestação continuada e do Programa Bolsa
Família.
3.3. EQUIPE TÉCNICA
Deve ser formado primeiramente pela equipe de referência, que são os profissionais, de
nível médio e superior – EFETIVOS, que irão executar o SUAS no Município. Atenção para a
palavra EFETIVO, pois se consideramos a realidade dos Munícipios, percebemos o quão longe
estamos de atingir as metas referente a Gestão do Trabalho e consequentemente as Prioridade
e Metas para a gestão municipal, no âmbito do Pacto de Aprimoramento do SUAS, previsto na
NOB SUAS/2012, para o quadriênio 2014/2017 – CIT.
Sobre equipe de referência: “O Sistema Único de Assistência Social, inspirado nos
conhecimentos já produzidos no âmbito do SUS, adota o modelo de equipes de referência. Isso
significa que cada unidade de assistência social organiza equipes com características e objetivos
adequados aos serviços que realizam, de acordo com a realidade do território em que atuam e
dos recursos que dispõem” este trecho extraído da NOB-RH, nos chama a atenção quanto a
formação da equipe considerando a demanda e números de famílias a serem referenciadas e
atendidas efetivamente. A atenção a este ponto é válida ao observar que a composição da equipe
não é algo engessado, ou seja, uma equipe de CRAS não é necessariamente composta por: 2
assistentes sociais, 1 psicólogo, 1 pedagogo e 4 agentes sociais – vejam o tópico 2 a seguir.
A equipe será composta de acordo com as diretrizes da NOB-RH, e o quantitativo dos
profissionais devem ser definidos segundo o reconhecimento da situação local e
vulnerabilidades sociais a serem combatidas e erradicadas. Além da quantidade, deve-se pensar
na inserção de profissionais com formação em áreas que irão responder às diversidades e
complexidades de demandas. Sobre isso, deve-se recorrer à Resolução nº 17, de 20 de Junho de
2011 – os Fóruns dos Trabalhadores do SUAS, têm lutado e demonstrado que esta relação
deverá crescer, considerando que a questão da desigualdade social, da exclusão, da precariedade
no acesso a profissionalização, ao trabalho, e das relações conflituosas e excludentes da
globalização e do capitalismo, são objetos de estudos, pesquisas e intervenção de diversas áreas
do saber que ainda não compõem as equipes do SUAS, as quais têm como desafio mudar
minimamente este cenário.
Art. 2º Em atendimento às requisições específicas dos serviços sócio assistenciais, as
categorias profissionais de nível superior reconhecidas por esta Resolução poderão
integrar as equipes de referência, observando as exigências do art. 1º desta Resolução.
(…) §3º São categorias profissionais de nível superior que, preferencialmente, poderão
atender as especificidades dos serviços sócio assistenciais: Antropólogo; Economista
Doméstico; Pedagogo; Sociólogo; Terapeuta ocupacional; musico terapeuta.

Art. 3º São categorias profissionais de nível superior que, preferencialmente, poderão


compor a gestão do SUAS: Assistente Social, Psicólogo, Advogado, Administrador,
Antropólogo, Contador, Economista, Economista Doméstico,
Pedagogo, Sociólogo, Terapeuta ocupacional

3.3.1. NOB – NORMA OPERACIONAL BÁSICA


A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB-SUAS):

É o instrumento normatizado, que expressa pactuações que resultam de efetiva


negociação entre as esferas de governo para assumir a corresponsabilidade em relação
à gestão da Assistência Social. Isso inclui a definição de mecanismos e critérios
transparentes de partilha e transferência de recursos do FNAS para os Fundos Estaduais,
do Distrito Federal e Municipais de Assistência Social (MDS, NOB-SUAS 2005,
reimpresso em 2010, p.79-80).

Tanto a PNAS quanto a NOB-SUAS têm como ordenamento jurídico máximo a


Constituição Federal e a LOAS. As recentes alterações à redação da LOAS, sancionadas em
2011 (Lei Nº 12.435, de 6 de julho de 2011), ensejaram a elaboração de uma nova NOB-SUAS,
aprovada em 2012 (Resolução CNAS nº 33, de 12 de dezembro de 2012).
Antes da PNAS/2004, duas Normas Operacionais Básicas (NOB/97 e NOB/98) foram
elaboradas. A de 1997 se respalda na LOAS (1993). A NOB/98 é elaborada sob a égide da
LOAS (1993) e da PNAS/1998. Um ano depois da PNAS/2004, que inaugura o Sistema Único
de Assistência Social, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprova a NOB-
SUAS 2005. A mais recente NOB-SUAS, de 2012, foi elaborada sob a égide da LOAS (1993,
alterada por meio da Lei Nº 12.435, de 2011) e da PNAS/2004. Para breve conhecimento dos
principais avanços na constituição do sistema descentralizado e participativo, constantes de
cada NOB-SUAS, sugere-se a consulta ao texto de justificativa da NOB-SUAS 2005, constante
da publicação do MDS (2010, p. 78-80).
A IV Conferência Nacional de Assistência Social, coordenada pelo Ministério da
Assistência Social (MAS) e pelo CNAS teve como tema geral “Assistência Social como Política
de Inclusão: uma Nova Agenda para a Cidadania – LOAS 10 anos”. Essa Conferência
“representou um significativo passo na direção da sedimentação dos novos termos da Política
de Assistência Social no Brasil” 5. Albuquerque (2009)6 lembra que o CNAS havia
encomendado avaliação em comemoração aos 10 anos de Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS) no Brasil. “Essa avaliação se deu à luz da pesquisa coordenada pela Prof. Ivanete
[Boschetti], intitulada ‘Loas + 10’ e também pelos estudos e avaliação realizados pelo Núcleo
de Seguridade Social, que estão refletidos no livro Intitulado ‘A Menina LOAS’”. “Foi
constatado, pelos dados da pesquisa, que após 10 anos de implantação, a Assistência Social
mantinha as mesmas características que a LOAS pretendia romper: modelo assistencialista que
oferta serviços de forma fragmentada, segmentada, para os necessitados”.
No modelo assistencialista, o Estado organiza sua intervenção por resposta a pressão;
por meio de Programas desenhados em nível nacional (sendo “municípios e estados meros
executores”). A palestrante ressalta que o modelo se baseia na intervenção reativa (após o
problema se instalar e com reforço “do voluntarismo e da sociedade providência”), na
dissociação entre serviços e benefícios e na retirada do usuário das convivências familiar e
comunitária (especialmente crianças e idosos), inclusive por motivo de pobreza.
O rumo apontado nesta Conferência Nacional7, segundo Albuquerque (2010), foi
“romper com o modelo vigente e implantar um modelo sócio assistencial, através do Sistema
Único de Assistência Social”. A importância dessa Conferência se inscreve na história da
própria política de assistência social, ao deliberar que o sistema descentralizado e participativo
instituído na LOAS deveria ser o SUAS. Este novo modelo deveria ter algumas características:

reconhecer a assistência social no campo da proteção social, e suas diferentes formas de


proteção [proteção básica e especial] a serem afiançadas [pela Assistência Social]; a
centralidade da matricialidade sócio familiar; considerar as situações de vulnerabilidade
e risco em sua base territorial; organizar os serviços por escala universal - hierarquizada
e complementar; possibilitar a indissociável oferta de benefícios e serviços [...] – e essa
oferta se dá com base na gestão compartilhada, em resposta à autonomia dos entes
federativos. Estados e municípios não são mais operadores, mas co-gestores numa
gestão compartilhada do Sistema Único. O modelo socio assistencial reforça o controle
social ao fortalecer o caráter deliberativo dos conselhos, ao colocar os usuários na
agenda da política de assistência social. Outra característica importante é a primazia da
responsabilidade do estado e essa primazia se dá em três aspectos [...]: na regulação, no
financiamento e na oferta dos serviços. [...] O SUAS incorpora na Assistência Social o
caráter preventivo das situações de risco desenvolvendo habilidades e potencialidades,
tendo como ferramentas sistemas como de vigilância e defesa social. É um modelo que
pretende garantir o direito à convivência familiar e comunitária. O SUAS requer equipes
de trabalho inter-profissionais e atribui aos assistentes sociais um papel fundamental na
consolidação do modelo socio assistencial. [...] O SUAS requer, [dentre outros], que os
profissionais tenham uma abordagem que contribua para o fortalecimento do caráter
protetivo das famílias, rompendo com a visão assistencialista que culpabiliza a família
e seus membros [...] que reconheça os benefícios como direito. [...] e favoreça o
protagonismo e a participação dos seus usuários (BRASIL, 2009).

Para melhor compreensão dessa política faz-se necessária uma breve análise sobre os
elementos essenciais acima mencionados: matricialidade sócio familiar são reconhecidas as
fortes pressões que os processos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias brasileiras,
acentuando suas fragilidades e contradições. Assim é primordial a centralidade no âmbito das
ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisam também
ser cuidados e protegido. Reconhece também a importância da família no contexto da vida
social, como explícito no Art. 226 da CF/88, quando declara que a “família, base da sociedade,
tem especial proteção do Estado”. Embora haja o reconhecimento explícito sobre a importância
da família na vida social e, portanto, merecedora da proteção do Estado, tal proteção tem sido
cada vez mais discutida, na medida em que a realidade tem dado sinais cada vez mais evidentes
de processos de penalização e desproteção das famílias brasileiras (PNAS, 2004).
Ainda segundo a PNAS os serviços de proteção social, básica e especial, voltados para
a atenção às famílias deverão ser prestados, preferencialmente, em unidades próprias dos
municípios, através dos Centros de Referência da Assistência Social básico e especializado. Os
serviços, programas, projetos de atenção às famílias e indivíduos poderão ser executados em
parceria com as entidades não governamentais de assistência social, integrando a rede
socioassistencial.
Quanto à descentralização político-administrativa e territorialização é essencial que
caiba a cada esfera de governo, em seu âmbito de atuação, respeitando os princípios e diretrizes
estabelecidas na Política Nacional de Assistência Social, coordenar, formular e co-financiar
além de monitorar, avaliar, capacitar e sistematizar as informações. Considerando o fato que
muitos dos resultados das ações da política de assistência social impactam em outras políticas
sociais e vice-versa, é imperioso construir ações territorialmente definidas, juntamente com
essas políticas.

3.3.2. SUAS – SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Dando continuidade aos avanços conquistados no campo da assistência social no Brasil


a partir da Constituição Federal de 1988, tem-se a construção do Sistema Único de Assistência
Social que representou uma grande mudança para a área no país. O marco inicial para a
implementação do SUAS é julho de 2005, ocasião em que foi aprovada, por meio do Conselho
Nacional de Assistência Social, a Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS).
O SUAS é um sistema não contributivo, descentralizado e participativo que regula e
organiza os elementos contidos na Política Nacional de Assistência Social. Esse sistema vai
apontar para uma ruptura com o assistencialismo, benemerência, ações fragmentadas e
interesses eleitoreiros características de anos anteriores.
A NOB/SUAS/2005 aponta como características necessárias para a construção do SUAS:
1) a gestão compartilhada, o co-financiamento e a cooperação técnica entre os três entes
federativos.
2) divisão de responsabilidades entre os entes federativos para instalar, regular, manter
e expandir as ações de assistência social como dever de Estado e direito do cidadão.
3) fundamenta-se nos compromissos da PNAS/2004;
4) orienta-se pela unidade de propósitos, principalmente quanto ao alcance de direitos
pelos usuários;
5) regula em todo o território nacional a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades
do sistema cidadão de serviços, benefícios, programas, projetos e ações de assistência
social, de caráter permanente e eventual, sob critério universal e lógica de ação em rede
hierarquizada (âmbitos municipal, estadual e federal).
6) respeita a diversidade das regiões.
7) reconhece as diferenças e desigualdades regionais, considerando-as no planejamento
e execução das ações.
8) articula sua dinâmica às organizações e entidades de assistência social reconhecidas
pelo SUAS (DAHMER PEREIRA, 2006, p.9-10).

No que se refere à proteção social, o SUAS terá como princípios fundamentais a


matricialidade sócio familiar; territorialização; proteção proativa; integração à seguridade
social; integração às políticas sociais e econômicas. Vai indicar como garantias dessa proteção
à segurança de acolhida, a segurança social de renda, a segurança do convívio ou vivência
familiar, comunitária e social, a segurança do desenvolvimento da autonomia individual,
familiar e a segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais (NOB/SUAS, 2005).
No princípio de matricialidade familiar à família é o núcleo básico da acolhida, devendo
ela ser apoiada e ter acesso a condições que lhe possibilite o sustento. A territorialização vai
passar a reconhecer os diversos fatores sociais e econômicos que levam uma família a uma
situação de vulnerabilidade e risco social, além de orientar a proteção social da Assistência
Social na perspectiva do alcance da universalidade de cobertura aos indivíduos e famílias. A
proteção proativa é um conjunto de ações que vão buscar reduzir a ocorrência de riscos e danos
sociais, já para a segurança de acolhida serão oferecidos espaços e serviços para a proteção
social básica dos usuários que necessitarem dela, e a segurança social de renda que será feita
por meio de bolsas- auxílios financeiros através de condicionalidades.
A proteção social, como já mencionada no subitem anterior, é dividida em duas partes:
a proteção social básica e proteção social especial. Ambos os tipos de proteção têm como
suposto a proteção social proativa e passam a considerar o usuário como um sujeito de direitos
e não mais um objeto de interferência como era visto anteriormente o que possibilitou a quebra
com a situação de tutela (DAHMER PEREIRA, 2005).
O SUAS vai praticar também o sistema de vigilância sócio assistencial que consisti na
ampliação da capacidade e de meios de gestão que serão adquiridos pelo órgão público gestor
da assistência social para conhecer a presença de pessoas em situação de vulnerabilidade social,
tendo como função a produção e sistematização de informações, criar indicadores e índices
conforme a localização das situações de vulnerabilidade. Esse sistema de vigilância sócio
assistencial é responsável também por detectar as características das situações de
vulnerabilidade que trazem algum risco ou dano para os cidadãos (NOB/SUAS, 2005).
O SUAS traz ainda a rede socioassistencial como:

Um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e


operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas
estas unidades de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e
ainda por níveis de complexidade NOB/SUAS, 2005, p.20).

De acordo com a PNAS/2004 e com a LOAS, os serviços são atividades continuadas


que buscam a melhoria de vida da população e cujas ações são voltadas para as necessidades
básicas da mesma. Os programas compreendem ações integradas e complementares, área de
abrangência e tempo definidos para qualificar e potencializar os benefícios e serviços
assistenciais. Os projetos se caracterizam como investimentos econômico-sociais nos grupos
que estão em situação de pobreza e buscam a melhoria das condições de subsistência e também
de vida. E finalmente, os benefícios, que podem ser de três tipos: benefícios de prestação
continuada, benefícios eventuais e os benefícios de transferência de renda.
O SUAS vai indicar a gestão compartilhada dos serviços, seu objetivo é transformar a
política de Assistência Social em uma política federativa, havendo assim uma cooperação entre
a União, Estados, Municípios e o Distrito Federal utilizando para isso instrumentos como
convênios, consórcios, comissões de pactuação, dentre outros. Deve-se levar em consideração
a subsidiariedade que pressupõe que as instâncias federativas mais amplas não devem realizar
aquilo que pode ser feito pelas instâncias locais, ou seja, o Estado não precisa realizar o que os
Municípios têm a capacidade de fazer e assim por diante. Além disso, o SUAS possui quatro
tipos de gestão, a Estadual, Municipal, Distrito Federal e da União.
Os níveis de gestão são caracterizados de três maneiras no caso dos Municípios: gestão
inicial, básica e plena. A gestão básica é quando o município assume a gestão da proteção social
básica, tendo como responsabilidade a organização da mesma prevenindo assim as situações de
risco e vulnerabilidade social. A gestão inicial ocorre quando os municípios não estão
habilitados a receber à gestão básica ou plena e recebem recursos financeiros da União por
intermédio do Fundo Nacional de Assistência Social. E por fim a gestão plena onde o município
tem a gestão total das ações de assistência social sejam elas financiadas pelo Fundo Nacional
de Assistência, ou as que são provenientes de isenção de tributos, nessa gestão assume-se a
responsabilidade de organizar a proteção social básica e especial no município (NOB/SUAS,
2005).
A gestão Estadual vai assumir a gestão da Assistência Social em seu âmbito de
competência tendo como responsabilidade:
a) coordenar, monitorar e organizar o Sistema Estadual de Assistência Social,
b) prestar apoio aos municípios na implantação dos sistemas municipais de assistência social,
c) coordenar o processo de revisão do BPC no âmbito estadual,
d) prestar apoio técnico aos municípios na implementação do CRAS, entre outros.
Já a gestão da União terá como alguma de suas responsabilidades coordenar a
formulação da PNAS/2004 e do SUAS através da observação das propostas das Conferências
Nacionais e as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social, deve definir as
condições e o modo como aos direitos relativos a Assistência Social. Para realizar a gestão em
todas essas áreas são utilizados como instrumentos caracterizados como ferramentas de
planejamento técnico e financeiro do SUAS e da PNAS/2004 nas três esferas do governo, o
Plano de Assistência Social, Orçamento, Monitoramento, Avaliação e Gestão de Informação e
o Relatório Anual de gestão.
O Plano de Assistência Social é um instrumento de planejamento estratégico que vai
organizar e nortear a PNAS/2004 na perspectiva do SUAS. O Plano de Assistência Social
quando finalizado é submetido á provação no CNAS. O financiamento da Assistência Social é
feito por meio do Orçamento Plurianual e anual que irão expressar a projeção das receitas e
autorizar os limites de gastos nos projetos e outras atividades propostas. A gestão da informação
vai ter como objetivo produzir condições para operações de gestão, monitoramento e avaliação
do SUAS, esse sistema de informação é conhecido como REDE-SUAS. Por fim o Relatório
anual de gestão é utilizado para avaliar os resultados trazidos no Plano de Assistência Social, o
relatório vai sintetizar e divulgar os resultados obtidos (NOB/SUAS, 2005).
O Financiamento do Sistema Único de Assistência Social vai apontar para:
a) descentralização político-administrativa – respeitando a autonomia dos entes federativos,
mas mantendo o princípio de cooperação (co-financiamento).
b) os Fundos de Assistência Social – os repasses só podem ocorrer via Fundo (Fundo a Fundo).
c) o SUAS como referência – sistema descentralizado, participativo (controle social),
territorializados e a família como foco de ação da Política de Assistência Social.
d) condições gerais para transferência dos recursos federais:
d.1) níveis de gestão;
d.2) comprovação de execução orçamentária;
d.3) acompanhamento e controle da gestão dos recursos através do Relatório Anual de
Gestão;
d.4) Manutenção do Cadastro Único atualizado e realimentado;
d.5) Repasse dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social para os serviços,
programas, projetos e benefícios, identificados entre os níveis de proteção básica e
especial.
e) Mecanismos de transferência:
1) repasse de recursos fundo a fundo, de forma sistemática e automática.
2) nova sistemática de convênios, com aplicativos informatizados para co-
financiamento de projetos eventuais.
f) Critérios de partilha, como proteção social básica e especial, e de transferência.
g) o co-financiamento entre municípios, estados e União, respeitando-se os princípios de
subsidiariedade e cooperação e a diversidade existente entre municípios (pequeno, médio e
grande porte), metrópoles, estados e União (DAHMER PEREIRA, 2005, p. 14 - 15).
O SUAS apesar de muito importante para a Assistência Social no país ainda tem grandes
desafios para sua materialização e efetividade, diante da conjuntura em que vivemos muita das
propostas trazidas por ele encontram grandes dificuldades em serem implementadas.
A Política Nacional de Assistência Social e o SUAS trouxeram grandes avanços para a
área da assistência social em nosso país como foi possível observar ao longo deste texto, mas
ao analisá-los foi possível perceber que existem algumas contradições ao longo de suas
propostas. Um dos pontos observados é que se acredita que através da prestação de serviços no
campo da assistência social e da promoção da equidade haverá uma redução das desigualdades
sociais, o que é um engano, pois a assistência social não é capaz de reduzi-las sendo isso uma
tarefa da política econômica. Somente com a melhoria das condições financeiras da população
através de uma distribuição de renda mais justa, com melhores salários, e com a igualdade entre
as classes é que as desigualdades sociais começarão a se dissipar.
A centralidade na família é um avanço da Política de Assistência Social, pois ela permite
uma intervenção articulada e fortalece os vínculos familiares, mas ao focalizar na família acaba-
se deixando de lado a concepção de classe, perde-se a noção de totalidade, de contradição, que
é essencial para a condução da política, e reforça-se a responsabilidade da família no sentido da
proteção.
A articulação da assistência social com as demais políticas públicas é outro assunto
abordado na PNAS. A intersetorialidade é fundamental, mas só será eficaz se todas as políticas
setoriais tiverem a atenção devida. Mas não é o que se tem observado, as políticas públicas de
forma geral estão bastante fragilizadas, a falta de recursos e o descaso do poder público são
grandes, a saúde, a educação, a assistência social, a habitação e a previdência social estão cada
vez mais precarizadas, o que dificulta a resolutividade e a articulação desses segmentos na
realização de ações conjuntas. Vejo como grande desafio para a Política de Assistência Social
junto com as demais políticas setoriais, a construção de uma rede eficiente, que garanta serviços
de qualidade para a população, desenvolvendo respostas qualificadas frente às expressões da
questão social. O agravamento da questão social trazida com o capitalismo e ampliada através
do processo de reestruturação produtiva assumiu diferentes contornos na atualidade, havendo o
acirramento das desigualdades sociais, o aumento da violência, desemprego e pauperização. O
acesso às políticas públicas é cada vez mais seletivo e excludente, as ações realizadas através
das políticas setoriais ainda não estão sendo suficientes para dar conta das demandas
encontradas.
O Estado tem cada vez mais se eximido de suas responsabilidades transferindo-as para
o terceiro setor e para a população. Ao contrário do que é trazido na PNAS, cada vez mais são
criadas instituições, ONGs, que realizam projetos e oferecem serviços para atender as demandas
da população que o Estado não é capaz de suprir.
A divisão do sistema de proteção social em básico e especial é uma forma encontrada
para a organização do trabalho e garantir que mais cidadãos tenham acesso aos serviços, mas
por outro lado colabora também para compartimentalização das demandas e sua fragmentação
envolvendo mais uma vez o caráter de classe das mesmas. Os serviços, programas e projetos
de acolhimento e socialização das famílias propostos até então são necessários, mas ainda
insuficientes, é preciso criar novos projetos como uma das estratégias para que mais cidadãos
tenham suas demandas atendidas.
Enfim, ainda está longe para que os pressupostos trazidos com a PNAS e com o SUAS
sejam realmente eficazes e consigam trazer mudanças significativas para a população a que se
destinam, é preciso muito empenho, financiamento e responsabilidade por parte dos
governantes para que as propostas feitas sejam realmente cumpridas e realizadas.
O SUAS é uma política contraditória, pois ao mesmo tempo em que prega a
emancipação dos sujeitos, o fim das desigualdades sociais, cria propostas que amenizam, mas
não conseguem dar fim as mesmas e nem emancipam seus usuários. Tanto a PNAS quanto o
SUAS são muito importantes e trazem propostas interessantes, mas é preciso ir além, é
necessário ir ao foco do problema para que assim os problemas sociais, as desigualdades sejam
dissipadas. Políticas como essas que buscam alcançar esses objetivos devem criar propostas e
ações que visem o fim do capitalismo, causador de todos esses problemas, pois só com o fim
da ordem vigente é que o fim das desigualdades sociais e a emancipação dos sujeitos serão
possíveis.
4. SERVIÇO SOCIAL

4.1. MEIOS DO PROCESSO DE TRABALHO DO (A)ASSISTENTE SOCIAL:


DIMENSÕES TEÓRICOMETODOLÓGICA E TÉCNICO-OPERATIVA
Os meios do processo de trabalho do (a) Assistente Social abrangem conhecimento e
instrumentos técnico operativos. Na perspectiva do conhecimento, a dimensão teórico-
metodológica é fundamental para o exercício do trabalho do (a) Assistente Social, pois contribui
para iluminar a leitura sobre a realidade e, assim, nortear a atividade. É necessário ter em mente,
a distinção entre concepções teórico –metodológicas e as estratégias, técnicas e procedimentos
da intervenção profissional. Não se deve atribuir uma estrutura de ‘‘metodologia’’ ao
procedimento da ação, visto que, a partir de qualquer referência teórico-metodológica existe a
necessidade de se lançar mão de estratégias e procedimentos para a implementação do fazer
profissional, a perspectiva teórico-metodológica não pode ser reduzida a pautas, etapas e
procedimentos de fazer profissional, a realidade social dentro do CRAS exige isso. Quanto aos
instrumentais técnico operativos, servem como estratégias para o profissional provocar a
reflexão e o diálogo, conduzindo às finalidades do seu trabalho, iluminado(a) por uma
intencionalidade. Segundo Netto (2001), um dos primeiros autores a escrever sobre o tema do
projeto ético político do Serviço Social, nesse constructo encontra-se refletida a autoimagem
da profissão, construída a partir da projeção coletiva dos diversos segmentos profissionais,
materializada através de um conjunto de componentes legais, técnicos e éticos que buscam
constantemente uma direção para o fazer profissional. Essa direcionalidade, entretanto,
encontra-se intimamente relacionadas às ações profissionais, consideradas as mais importantes
formas de efetivação de projetos, podendo haver um favorecimento ou não da consolidação dos
princípios norteadores.
A dimensão teórico-metodológica do processo de trabalho do(a) Assistente Social refere-se à
explicação da sociedade e da profissão como orientação para a condução do trabalho e suas
formulações teóricas. Pauta-se numa visão crítica da sociedade, apreendida como processo
histórico, salientando a necessidade de mediações que deem conta de transitar dos níveis mais
abstratos para as singularidades do trabalho do(a) Assistente Social, com a finalidade de
compreendê-lo como forma de trabalho determinado socialmente (CFESS, 1997,pg.78).Nessa
perspectiva, o trabalho do(a) Assistente Social é guiado pelo rompimento com a visão endógena
da profissão e lança o desafio de buscar entender como as transformações históricas da
sociedade contemporânea afetam o conteúdo e o direcionamento da própria condução seja no
trabalho, na família ou no meio social. São fatores importantes para a processo de trabalho
desses profissionais: as condições e relações nas quais o trabalho do assistente Social se
Receber notificações se realiza e a transformação das próprias atribuições, competências e
requisitos para a formação profissional do Assistente Social. Neste sentido, as Diretrizes
Curriculares para o Curso de Serviço Social indicam que deve haver: Rigoroso trato teórico,
histórico e metodológico da realidade social e do Serviço Social, que possibilite a compreensão
dos problemas e desafios com os quais o profissional se defronta no universo da produção e
reprodução da vida social (MATIAS, 1997, pg.03).
Para se chegar a possíveis diagnósticos, é necessário o olhar atento do Assistente Social
para o movimento das convivências sociais, essa compreensão se insere em um trabalho
profissional dinâmico social expresso. O Assistente Social, quando intervém nas mais variadas
expressões das questões sociais, expressa a partir de sua prática um posicionamento ético,
político e técnico, supostamente orientado pelos componentes, princípios e valores. Deve existir
como tarefa profissional, o pensar sobre a sociedade, a fim de saber detectar e analisar as
contradições básicas que implicam, de um lado, a harmonia social, e de outro, o desinteresse
dos sujeitos com vínculos importantes que agregam a sociedade, a família e o Estado. Assim, o
rumo de análise desta dimensão tem a preocupação de “[...] afirmar a ótica da totalidade na
apreensão da dinâmica da vida social e procurar identificar como o Serviço Social participa no
processo de produção e reprodução das relações sociais” (IAMAMOTO,2002, pg. 170).
A análise da dinâmica, que marca as relações sociais, possibilita a compreensão das
peculiaridades do processo de trabalho do Assistente Social e subsidia o profissional para a
elaboração coletiva de estratégias que deem conta de fortalecer a organização e a construção de
metas pelos mais pobres. O movimento da teoria, por sua vez, não é de ‘‘aplicação’’ no real. A
teoria é a reconstrução, no nível do pensamento, do movimento do real apreendido nas suas
contradições, nas suas tendências, nas suas relações e inúmeras determinações. Dessa maneira,
a questão teórica metodológica vai além de um esquema de procedimentos operativos, uma vez
que diz respeito ao modo de ler, de interpretar, se se relacionar com o ser social. Uma relação
entre sujeito e consciente - que busca compreender a desvendar essa sociedade - e o objeto
investigado (IAMAMOTO,2002, pg.174).
Assim, encontra-se estreitamente imbricada à maneira de explicar essa sociedade e os
fenômenos particulares que a constituem. Nesse sentido o documento da ABESS (1996, pg.152)
faz a seguinte consideração: [...]capacitação teórico-metodológica é que permite uma apreensão
do processo social como totalidade, reproduzindo o movimento do real em suas manifestações
universais, particulares e singulares em seus componentes de objetividade e subjetividade, em
suas dimensões econômicas, políticas, éticas, ideológicas e culturais, fundamentado em
categorias que emanam da adoção de uma teoria social crítica. O entendimento é que o método
dialético permite ao assistente social apreender na dinâmica social ,o processo de construção da
demanda em suas singularidades, compreendidas na e a partir das determinações universais da
realidade, em que a se encontram os espaços sócio ocupacionais .A mediação é uma categoria
reflexiva essencial nos processos sociais e para a efetivação desse processo no cotidiano
profissional é preciso haver um desenvolvimento da capacidade investigativa do assistente
social que é indispensável. Se a realidade não se revela em sua imediaticidade, a investigação
das situações concretas postas no cotidiano, através do método, constitui-se em um recurso
indispensável para a apreensão das mediações.
As respostas de caráter ético-político e técnico-operativo revelam aos profissionais os
limites e as possibilidades apropriadas e isto exige de o profissional ir além da rotina
institucional, para aprender, no movimento da realidade. Sendo as expressões da questão social
objeto de trabalho do Assistente Social, faz-se necessário a esse profissional decifrar as
múltiplas expressões da questão social na contemporaneidade, seu processo de produção e
reprodução, para forjar estratégias de enfrentamento, formas de resistência e de defesa da vida.
O trabalho do Assistente Social dá-se via práticas socioeducativas de caráter político-
ideológico, que interferem no processo de reprodução da vida da população, alvo das políticas
sociais (IAMAMOTO, 2002,pg.87).
A conjunção entre a dimensão teórico-metodológica e a dimensão técnico operativa,
acompanhando o movimento societário, e com base numa capacitação crítico-analítica,
possibilitará a elaboração criativa de estratégias e técnicas. Busca-se, dessa maneira, trabalhar
as situações da realidade, de forma comprometida com a população usuária dos serviços sociais,
prestados via processo de trabalho do Assistente Social. A dimensão técnico-operativa é
compreendida, no documento da ABESS/CEDEPSS, “[...] como componente do trabalho
consciente e sistemático do sujeito profissional sobre o objeto de sua intervenção, tendo em
vista o alcance dos objetivos propostos” (1996, pg. 17). A centralidade no trabalho do
Assistente Social é atribuída à finalidade e não ao instrumental em si. Por isso, “[...] é na práxis
que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno de seu
pensamento” (ENGELS;MARX,1999,pg. 12). Assim são considerados, como procedimentos
fundamentais na intervenção do(a) Assistente Social, independentemente da técnica ou
instrumento a ser utilizado: análise, em profundidade, das contradições que se ocultam ou
fetichizam a realidade, superando a “pseudo- concreticidade”, propondo uma intervenção com
alcance e efetividade; mobilização de processos reflexivos, com base no diálogo, na reflexão
coletiva, partindo da realidade concreta dos sujeitos e de suas práticas sociais, buscando a
superação do aparente, a partir de aproximações sucessivas; análise e interpretação, junto com
os sujeitos usuários, do movimento constitutivo do próprio sujeito e da realidade da qual faz
parte e que é constituída por uma totalidade, imersa num movimento com múltiplas
determinações políticas, culturais, econômicas e sociais. A análise conjunta, entre profissional
e usuário(a), é uma forma de intervenção com a finalidade de ressignificar espaços, pensar
coletivamente alternativas, buscar identificações, dar visibilidade às fragilidades, na tentativa
de superá-las, desvendar bloqueios e processos de alienação, revigorar vínculos, fortalecer
espaços de organização etc. Não pode ser deixado de lado ,as crenças nas lutas contra
hegemônicas ou expressões de resistência dos sujeitos sociais, apesar das adversidades
estruturais e o conhecimento profundo daquilo que se deseja profundamente transformar,
identificando as relações de poder, os espaços, as possibilidades de alianças, reconhecendo o
caráter político do trabalho do Assistente Social.
O exercício profissional mostra que as dimensões teóricas metodológicas e técnico–
operativa, necessitam impreterivelmente de uma experiência profissional totalmente ligada a
realidade humana, enlaçada por vínculos recíprocos estabelecidos através de um diálogo
simples e conciso.

4.2. O ASSISTENTE SOCIAL COMO MEDIADOR


Um princípio norteador do processo de trabalho do Assistente Social no CRAS é a
democracia, enquanto socialização da participação política. A democracia implica objetivações
de valor, que surgem articuladas com o crescente processo de socialização.
Os conhecimentos adquiridos, tanto na formação profissional do Assistente Social, como
aqueles adquiridos no cotidiano do seu trabalho nos CRAS é parte do acervo de seus meios de
trabalho. A forma com que são conduzidos os meios de trabalho reflete-se no processo
educativo dos sujeitos envolvidos, contribuindo, tanto para mudar, como para conservar
valores, crenças, mentalidades, costumes e práticas que envolvem a socialização política e a
efetivação de certos valores sociais.
Dessa forma, o incentivo à participação do(a) usuário(a) no exercício do controle social,
através da informação, luta pela garantia dos direitos sociais e o processo conjunto de reflexão
com os(as) usuários(as) e outros sujeitos envolvidos nas políticas sociais, sobre a
implementação do SUAS e o seu financiamento, realizado pelos(as) Assistentes Sociais,
contribui para a rearticulação e mediações de poderes e mudanças de relações de interesse, já
que a informação, a reflexão conjunta e a luta pela garantia dos direitos sociais mobilizam para
o controle social em favor das classes menos favorecidas. Conforme Faleiros, a “[...] busca de
estratégias superpostas visa a abrir a possibilidade de uma articulação de níveis de ação” (2002,
pg. 79).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação da Política Nacional de Assistência Social para proteção social e os


debates que o cercam estão presentes na contemporaneidade. A sociedade brasileira precisa
através de seus movimentos, da inserção nos espaços públicos democráticos, lutar por um
Estado, onde os direitos preconizados não só pela Lei Orgânica da Assistência Social, mas
também pela Constituição Federal, sejam inseridos no cotidiano das famílias.
A Política de Assistência Social brasileira é muito “bem elaborada, muito bonita”, mas
na verdade não dá autonomia para o profissional do Serviço Social exercer adequadamente sua
função diante da viabilização, garantia e efetivação das políticas públicas sociais no cenário
brasileiro.
O CRAS como aparelhamento de uma política pública, deve se afastar do caráter
assistencialista, imposto historicamente, e trazer o protagonismo de seus usuários para o centro
do debate. Faz-se necessário compreender a dinâmica familiar e o contexto social em que estão
os usuários desse órgão a fim de garantir seus direitos. O território, o conjunto de relações,
condições, a forma de viver daquela população.
Nesse sentido, há grandes desafios para trabalho no Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família (PAIF) desenvolvido pelos Centros de Referências de Assistência Social para
a contribuição do enfrentamento das vulnerabilidades que remetem ao entendimento de que é
necessária uma maior compreensão das relações sociais e familiares a fim de visualizar as
situações concretas de sobrevivência da família no território onde vive e sua inserção no mundo
contemporâneo.
O trabalho do PAIF deve se pautar na escuta e nos laços de afetividade da família que
pode expor sua própria história, seus costumes, seus pontos de vulnerabilidades e construir, em
conjunto com os assistentes sociais, alternativas de transformação da realidade. O Serviço
Social se concretiza de forma propositiva em suas diversas atividades visando estabelecer ou
restabelecer aos usuários à condição de sujeitos de direitos, configurando-se como uma
importante função para a consolidação da cidadania. A atuação do CRAS no território de
abrangência é de grande relevância para a garantia de direitos sociais e deve estar vinculada à
participação social, rompendo com a cultura de uma política assistencialista, em prol da
construção efetiva da democracia de direitos no Brasil.
A Política de Assistência Social brasileira é muito elaborada e bonita, mas a sua
aplicabilidade se torna fraca e na verdade não dá autonomia para o profissional do Serviço
Social desempenhar adequadamente sua função diante da viabilização desta política.
Durante a realização deste trabalho de conclusão de curso, enfrentou-os diversas
dificuldades, dentre elas, encontrar referências bibliográficas que não tomasse um partido
político de nenhuma situação, principalmente após a constituição de mil novecentos e oitenta e
oito. Muitos de resumos e trabalhos eram poupados com uma visão política bem determinada
se tornando partidário e pouco confiável. Observou-se que a lei orgânica de assistência social,
no papel, atende a maior parte das demandas sociais do país, mas que na prática a sua
aplicabilidade se torna refém de ideologias políticas e pessoais, dificultando assim o trabalho
do assistente social.
Entende-se que o assistencialismo social buscar auxiliar aqueles menos favorecidos para
que estes tenham os mesmos acessos e direitos que aqueles mais favorecidos, sendo apenas algo
temporário buscando a melhoria da qualidade de vida das pessoas beneficiadas para que estas
se tornem senhores da própria vida. Porém, desde os primórdios, o assistencialismo social é
usado como moeda de troca política com as classes mais pobres. Muitos se acomodam com a
situação e não buscam a melhoria além do auxílio que possuem, isto torna necessário uma
conscientização maior da população como um todo sobre o funcionamento político do país e de
seus direitos constitucionais.
Há inúmeros desafios e barreiras a serem enfrentados para a efetivação do serviço de
proteção a família no território do CRAS. Desafios estes de romper com a forma assistencialista,
promover capacitação aos profissionais, realizar concurso público para área específica como
aquisição de material pedagógico.
Tendo em vista que a falta de capacitação para a atuação do profissional no CRAS,
material informativo, sala específica, como trabalhar a família na atual conjuntura sócio
econômica, psicossocial é uma das maiores dificuldades que o profissional do serviço social
encontra na atuação dentro da Política Nacional da Assistência no âmbito do CRAS.
Devemos lembrar, acima de tudo, que a política assistencialista é aquela que busca dar
um apoio temporária ao cidadão, buscando auxiliar o cidadão no momento de dificuldade. Um
ótimo exemplo desta prática é o auxílio que ocorreu durante a chegada dos imigrantes nos
estados unidos da américa logo após a sua independência, onde o estado apenas apoiando-os
até que este consegui-se “caminhar com as próprias pernas” No entanto, como já mencionado,
o que tem ocorrido de fato com essa política assistencialista é a mesma ter virado uma prática
política populista, onde o cidadão brasileiro recebe um valor mensal que não traz qualquer pré-
requisito, prazo máximo ou avaliação de situação real para sua continuidade, o que leva a uma
estagnação do sujeito na situação a qual se encontra. Seria como no proverbio popular, onde
estão dando os peixes ao invés de ensinar a pescar, assim caso a “fonte” seque, o sujeito
retornará a mesma situação precária a qual se encontra.
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