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TRANSIÇÃO
Jesus não aboliu as leis judaicas. Ele revelou o verdadeiro significado dessas leis.
TEXTO: MT 5.17-25
INTRODUÇÃO
Jesus causou grande estranheza entre os religiosos de sua época. Seus ensinamentos eram
diferentes dos ensinos dos fariseus e saduceus. Começaram a dizer que Jesus estava
descumprindo e incentivando as pessoas a descumprirem as leis de Deus reveladas no Antigo
Testamento.
Jesus foi acusado de quebrar o sábado, de comer e beber de modo diferente do que faziam
os fariseus, de hospedar-se na casa de pessoas consideradas pecadoras imundas, como Zaqueu.
Jesus foi criticado por perdoar pecadores, dentre outras coisas. Foi perseguido pelos judeus
legalistas, cuja fé se resumia a cerimoniais vazios e frios.
Diante disso, Jesus afirma que a vida com Deus é muito maior que uma religião de
externalidades. Condena frontalmente a religião de aparências e destaca a importância das
motivações internas, da sinceridade. Jesus destaca os princípios morais da Lei de Deus, que têm o
objetivo de aprofundar a comunhão, a paz e os relacionamentos entre as pessoas.
TRANSIÇÃO
Jesus não aboliu as leis judaicas. Ele revelou o verdadeiro significado dessas leis. Ao resumir
o decálogo judaico em dois mandamentos que, na prática se resumem a um: “amar Deus acima de
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Esse princípio pétreo da lei de Deus resulta em
toda a cosmovisão cristã. Nesse texto, Jesus deixa claro que não pretende abolir a Lei. Ressalta a
importância de guardar zelosamente a Lei, mas desconstrói a ideia de legalismo, substituindo pelo
aspecto prático da Lei de Deus.
Jesus condena a religião superficial baseada em aparências dos fariseus e ensina a seus
discípulos a importância das motivações internas. Guardar a Lei de Deus deixa de ser um ato formal
para ser visto pelos homens e se transforma em uma relação pessoal com Deus. Jesus chama a
atenção de seus discípulos para o que realmente interessa: a transformação de um coração de
pedra em um coração de carne.
Jesus leva o relacionamento com Deus a outro nível. O nível da adoração pessoal e sincera.
Jejuns e orações precisam ser atos pessoais e secretos. Nada de querer publicar os atos
devocionais sob o pretexto de motivar os outros: cada servo de Deus deve ter uma relação pessoal
com o Senhor. Para orar, deve-se entrar no quarto, fechar a porta e então ajoelhar-se diante de
Deus em sincera adoração. Para jejuar, deve-se ficar em silêncio e evitar que os outros percebam.
Os judeus não viam sentido nesse tipo de adoração.
Infelizmente, um mal tão antigo e tão claramente condenado por Jesus, continua
contaminando as pessoas até os dias de hoje. Precisos constantemente nos questionar se nossas
ações são motivadas pelo desejo de adorar a Deus ou se todo que fazemos é para apresentar aos
outros uma imagem de santidade. Nosso coração é enganoso, por isso precisamos nos questionar
constantemente.
Desde a antiguidade, quando foi instituída, a Lei de Deus sempre teve motivações práticas.
Mas os religiosos judeus não foram capazes de perceber isso. Eles entenderam o lado cerimonial da
Lei, mas não captaram seu princípio moral. Por isso, tornaram-se superficiais, metódicos,
exteriormente corretos, mas vazios a respeito da vontade de Deus. Jesus ressalta o lado pragmático
da Lei de Deus.
Vivemos um tempo em que a palavra “pragmatismo” tem sido mal entendida, pois muitas
pessoas que frequentam a igreja nem mesmo se importam com a adoração a Deus, só desejam as
bênçãos. Os judeus perderam a capacidade de entender o lado prático da Lei. Seguiam um conjunto
de regras que consideravam importantes, mas não sabiam explicar os motivos morais dessas
regras.
Jesus rasga o véu que separava seus discípulos de Deus e mostra, passo a passo, o
significado por trás das letras da Lei. Tudo se resume a amar a Deus de todo coração e se
relacionar de forma digna com as demais pessoas. Tudo que os fariseus faziam era inútil, pois não
tinham a adoração a Deus e o amor ao próximo como motivação. Pensavam somente no aspecto
ritual da Lei.
Jesus destaca que o lado prático da Lei é o que realmente importa. Pragmatismo nesse
contexto se refere à intencionalidade da adoração. O cristão deve ter uma fé operosa, uma
religiosidade que o mova em relação ao próximo, na prática da comunhão. O reconhecimento de
Deus como sendo o Senhor de sua vida deve transformar sua relação com o próximo, caso contrário
você não conhece a Deus.
No texto em análise Jesus ressalta a importância da humildade. Deixa claro que o orgulho
pessoal impede a relação verdadeira com Deus. Condena o culto dos fariseus, que buscavam o
reconhecimento dos homens. Deixa claro que não há galardão para essa forma de adoração.
Entenda-se galardão como aceitação do culto por parte de Deus.
A humildade deve levar a pessoa a bons relacionamentos. Quem age de forma humilde não
se ofende facilmente, mesmo que seja perseguido e fisicamente agredido por causa de sua fé.
Quem age com humildade não busca elogios, não deseja reconhecimento, não se ofende quando é
ignorado ou menosprezado por outros. Quem age com humildade não espera ter o reconhecimento
da igreja pelo trabalho que realiza. Age na certeza de estar fazendo a vontade de Deus. Simples
assim.
Jesus ressalta que o servo de Deus deve ser ao mesmo tempo simples e prudente. A
simplicidade não pode se confundir com ingenuidade. Na verdade, a humildade e simplicidade do
crente devem ser uma forte arma em favor do Reino de Deus. É necessário estar atento para não
ser apanhado em surpresas constrangedoras. Jesus afirma que é necessário “se reconciliar
depressa” com aqueles que estão em conflito conosco, antes que o problema se agrave e se torne
insolúvel.
Os judeus eram cuidadosos em guardar o Sábado. Jesus afirma que zelar por aqueles que
estão caídos, mesmo que seja no sábado, é mais importante. Os judeus entendiam que não se pode
cometer assassinato, mas Jesus aponta que constranger uma pessoa é uma forma de assassinato.
Os judeus sabiam que não se deve cometer adultério, mas Jesus afirma que o simples olhar lascivo
já consiste em adultério. Há muito mais na lei que um simples conjunto de regras.
Ao mesmo tempo em que o ensino de Jesus parece reducionista, quando transforma um
grande conjunto de regras em dois mandamentos aparentemente simples, quando expandido em
seus princípios morais parece se tornar tão profundo que os discípulos exclamaram: “quem é capaz
de ouvir tão duros ensinamentos?”.
O entendimento pleno dos ensinos de Jesus só é possível àqueles que são conduzidos pela
ação do Espírito Santo. Da mesma forma, só é possível viver esses ensinos sob a ação do Espírito
Santo. Por isso, Paulo ousa dizer que nenhum homem em toda a história foi capaz de viver sem
pecar. Ao mesmo tempo qualquer homem alcançado pela graça de Deus se torna plenamente santo!
Aplicação: Jesus coloca a vida prática acima das cerimônias legalistas judaicas. Os
princípios morais da Lei revolucionam a relação com Deus e com o próximo, de uma forma que os
judeus eram incapazes de imaginar.
Não há espaço para a prática da injustiça nos ensinos de Jesus. A injustiça tão condenada na
Lei e nos Profetas do Antigo Testamento, nem se cogita na exposição dos princípios morais da Lei
de Deus. Como praticar a injustiça se amamos Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos?
Devido a isso, Malaquias (4.2) afirma que nascerá o sol da justiça, brilhando sobre aqueles
que temem o nome do Senhor. Jesus ensina que a justiça, a fidelidade, o amor, o perdão são
marcas do verdadeiro adorador de Deus.
Como consequência do principio relacional da Lei, Jesus afirma que não adianta levar ofertas
ao Senhor se os relacionamentos com o próximo estiverem comprometidos. Essa afirmativa de
Jesus estende-se muito além da entrega de dízimos o ofertas. Jesus estava falando das práticas do
culto judaico, que consistia em apresentar sacrifícios de animais e alimentos como forma de
adoração e remissão de pecados. Jesus deixa claro que Deus não recebe ofertas daquele que não é
capaz de perdoar.
Isso deve nos levar a pensar em tudo que fazemos em adoração a Deus. Deve nos fazer
pensar em nossos atos de louvor, adoração, pregação, serviço na casa do Senhor. Se somos
incapazes de perdoar nosso irmão e viver em paz com ele, como poderíamos querer oferecer algo
ao Senhor? A essência da Lei de Deus é o amor. Porque Deus é amor.
CONCLUSÃO
Jesus nos convida a uma vida transformada, de adoração sincera e verdadeira. Ele nos
aponta que a vontade de Deus é que sejamos unidos, que tenhamos bons relacionamentos, que
vivamos o amor na prática, que sejamos luz em um mundo imerso em trevas.