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- Aguda: duração rápida da sintomatologia (horas ou até 7 dias), podendo ser causadas
principalmente por bactérias ou vírus; acontecem, principalmente, as meningites purulentas;
- Subaguda e crônica: duração demorada da sintomatologia (2-4 semanas ou até meses). Há dois
agentes etiológicos que se destacam nesse grupo: Mycobacterium tuberculosis e fungos,
principalmente, Cryptococcus neoformans;
Tipos:
Meningite purulenta – meningite aguda bacteriana (LCR com líquido purulento):
- Mais comuns;
- Neisseria meningitidis (meningococos), Streptococcus pneumoniae (pneumococos) e
Haemophilus influenza (bacilo Gram -);
Meningites virais
- Mais frequentemente notificadas no Brasil;
- Enterovírus (85%): Poliovírus (erradicado no Brasil), Echovírus, Coxsackievírus A,
Coxsackievírus B;
- Herpesvírus: HSV-1 e HSV-2 (Herpes Vírus Simples), Varicella Zoster Vírus;
OBS.: Na maioria das meningites virais, o paciente evolui bem, precisando de uma terapia de
suporte nos sintomáticos e sem complicações. Porém, nas meningites por herpesvírus, a doença
assume o comportamento de meningoencefalite, com sintomas mais graves como a encefalite
(compromete o sensório), no SNC o rebaixamento de consciência e até sangramento no encéfalo,
ou seja, são quadros muito graves que podem evoluir a óbito.
OBS.: EBV (vírus da mononucleose) e citomegalovírus: esses vírus causam sintomas como febre
baixa e enfartamento ganglionar, sendo que o EBV causa sintomas na orofaringe , como dor na
garganta, dificuldade de se alimentar. Esses vírus podem eventualmente gerar outras
complicações, principalmente no adulto, como a meningite, miocardite, hepatite e, algumas vezes,
uveíte, sinovite.
OBS.: Influenza: importante lembrar que a gripe pode ter complicações a nível pulmonar, como
insuficiência respiratória aguda, quanto manifestações em outros órgãos, como meningite,
miocardite.
OBS.: HIV – pode, eventualmente, gerar no início dos seus sintomas uma meningite viral, porém
não é comum.
Vias de infecção do SNC: via hematogênica (mais comum), via por contiguidade (pode ser
usada por microorganismos como o Streptococcus e o Haemophilus quando o paciente possui
história marcante de comprometimento das cavidades dos seios paranasais, como sinusites
crônicas ou agudas de longo tempo que foram mal-tratadas, destruindo, assim, a mucosa e
submucosa, facilitando a entrada do patógeno no SNC por proximidade tecidual; pode ocorrer
também em politraumatiados, que, pelo trauma, podem ter contato por contiguidade com
patógenos e desencadear uma meningite), via neuronal (em pacientes politraumatizados pode
haver a entrada de agentes virais por meio de terminações nervosas para o SNC).
Epidemiologia
- Grande maioria é meningite viral;
- Meningites bacterianas: Meningococo (1º mais frequente), Pneumococo (2º mais frequente),
Haemophilus influenza (atinge mais crianças entre 3 meses-1 ano de idade e, com o advento de
vacinação, diminuíram consideravelmente as infecções);
- Outras etiologias: criptocóccica, tuberculosa etc.
- Não especificadas: não se definiu a causa (14% das meningites notificadas);
- Neisseria meningitidis: Tipos A, B, C, W, X e Y, sendo que os três últimos são mais incidentes
no Sudeste e no Nordeste. O tipo C é mais incidente na região Norte, no Centro-oeste e no Sul. A
meningite meningocócica é o perfil da doença que mais aparece em forma de surto. O
meningococo é a bactéria que mais tem comportamento epidêmico devido a sua alta taxa de
transmissibilidade e sua elevada virulência.
OBS.: Durante 1990 ate 2006, o sorogrupo que mais predominou no Brasil foi o tipo B. Hoje, o
sorogrupo mais atuante é o do tipo C, por isso a vacina atual, distribuída gratuitamente para a
população, é produzida contra esse sorogrupo (tipo C). Na rede particular já se encontra vacina
para os tipos W e Y.
OBS.: Quando suspeitar de meningite? Quando o paciente estiver com três diagnósticos
sindrômicos: síndrome febril ou infecciosa, síndrome de hipertensão intracraniana e síndrome de
irritação meníngea. Nem todos os casos de meningite apresentam as três síndromes, pode ser
que o paciente tenha só duas síndromes ou tenha só a síndrome de hipertensão intracraniana.
OBS.: Deve-se perguntar ao paciente se houve alguma situação de infecções nas vias aéreas
superiores (quadro semelhante à gripe), de dor na garganta, amigdalite, se teve otite ou sinusite
nos últimos 15-30 dias anteriores ao aparecimento da doença.
OBS.: O paciente com meningite pode transmitir a doença após o indivíduo adulto hígido tocar
nas lesões de pele do doente, pois estas estão cheias de colônias de meningococo.
Complicações precoces:
- Abscesso cerebral;
- Hidrocefalia (dificuldade importante de reabsorção de LCR, com dilatação dos ventrículos);
- Edema cerebral maciço;
- Ventriulite;
- Cerebrite.
Complicações tardias:
- Déficits cognitivos;
- Redução da acuidade auditiva;
- Perda da acuidade visual/amaurose.
Diagnóstico:
Além do diagnostico sindrômico clínico, é necessário fazer a punção do LCR. Essa punção deve
ser realizada com o paciente em decúbito lateral a fim de reduzir a diferença do gradiente de
pressão (nos casos de meningite, a composição do LCR está alterada e o líquido está sob
pressão aumentada, não sendo recomendada a punção em posição ortostática, pois pode gerar
herniação das estruturas cerebelares através dos forames). Na punção são coletados dois
frascos de LCR, um é mandado para o laboratório a fim de analisar a citometria, a citologia, a
proteína e a glicose, e o outro é utilizado para tentar encontrar o agente etiológico. Durante o
procedimento já é possível observar o aspecto do líquido e a pressão (se ele sai em gotejamento
lento, não há aumento de pressão; porém se ele sai com gotejamento rápido ou em jato a
pressão está elevada – por isso a necessidade EPIs).
OBS.: O aspecto do LCR normal é límpido e transparente. Em caso de meningite bacteriana, a
principal coloração é a purulenta. Pode ser ictérico, mas é raro; acontece apenas quando há
sepse e hepatite transinfecciosa. O líquor pode ser turvo/opalescente (de origem viral, BK,
fúngica, bacteriana) ou xantocrômico (quando tem origem tuberculosa).
OBS.: Para o aspecto hemorrágico, deve-se fazer diagnóstico diferencial com hemorragia
cerebral, que pode acontecer devido à rotura de aneurisma, AVC hemorrágico e devido à punção
inadequada (Como saber que não é um AVC hemorrágico e sim uma meningite ou acidente de
punção? Na meningite, após a centrifugação, o líquor torna-se límpido, enquanto no AVC, por
conta da quantidade de células, ele permanece hemorrágico).
OBS.: Pressão do LCR (manômetro): normal (3,8-15mmHg ou até 20cm de água), elevada
(pressão acima de 16mmHg ou acima de 20 cm de água).
- Meningite viral: aspecto límpido e pressão próxima do normal; células aumentadas entre
10-300 e são todas as custas de linfomononucleares; a glicose é normal, pois vírus não utiliza
glicose em seu metabolismo e a proteína é normal ou ligeiramente aumentada, não passa de
100.
OBS.: Quando tem um paciente que apresenta um quadro arrastado de dor de cabeça há 3-4
semanas, episódios de vômito, começa a ter alteração no nível de consciência, fa uma crise
convulsiva e tem todo esse tempo de doença, encaixa-se no quadro de meningite crônica, que
pode ser tuberculosa ou fúngica.
- Triagem do LCR: sempre pedir o teste do Gram (bacterioscopia), pesquisa de BAAR,
exame micológico direto (tinta naquim), teste de látex (para Haemophilus influenza,
Meningococo e Streptococcus pneumoniae).
OBS.: Caso o LCR venha com todos os aspectos bacterianos, mas a bacterioscopia seja
negativa: meningite bacteriana sem agente etiológico identificado. Os testes de pesquisa do
agente etiológico servem apenas para nortear o tratamento.
- Vírus: geralmente o diagnóstico é feito somente com o LCR, dificilmente e feito PCR. Pode-se
utilizar cultura, mas demora 4-6 semanas p/ ficar pronta.
OBS.: Entrar com cefalosporina de 3ª geração e, depois de confirmado com LCR, entrar com
ampicilina.
OBS.: As cefalosporinas são muito usadas, pois são beta-lactâmicos, e os beta-lactâmicos são
capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. Para ela entrar, deve-se usar uma dose
elevada e um antibiótico bactericida. Deve ser feito por via endovenosa rapidamente.