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SOLUÇÕES DE IMPERMEABILIZAÇÃO NA
REABILITAÇÃO DE CONTENÇÕES PERIFÉRICAS E
FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS
SOLUÇÕES DE IMPERMEABILIZAÇÃO NA
REABILITAÇÃO DE CONTENÇÕES PERIFÉRICAS E
FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS
AGRADECIMENTOS
A elaboração desta dissertação teve o contributo, direto e indireto, de algumas pessoas, a quem
agradeço; em particular:
Ao Professor Doutor Jorge Almeida e Sousa, por me ter dado a oportunidade de abordar este
tema, pelo apoio e amizade que sempre demonstrou e pela forma cativante como
permanentemente partilha a sua ampla experiência, tendo contribuindo assim para o
enriquecimento dos meus conhecimentos enquanto Engenheiro. Foi com grande satisfação que
desenvolvi este trabalho sob a sua orientação.
Ao meu colega e amigo Doutor David Taborda (Imperial College of London) não só pela
amizade mas pelos elementos bibliográficos disponibilizados e ajuda preciosa na composição
desta versão final.
À minha sogra Josette, pela dedicação aos netos, apoio sem o qual não teria sido possível
desenvolver esta dissertação.
Por último, mas não menos importante, aos meus pais, Fernando e Odete e ao meu irmão João,
que sempre estiveram presentes na minha vida, pelo apoio incondicional, ensinamentos e
oportunidades que me proporcionaram. Agradeço também aos meus pais pelo apoio aos netos,
nas ausências que este trabalho obrigou. Agradeço ao meu irmão pela ajuda na revisão do
documento.
RESUMO
Apesar de, no domínio estrutural, o conhecimento deste tipo de soluções ter evoluído bastante
nos últimos anos, o mesmo não foi acompanhado pela normalização ou generalização de
procedimentos específicos para estes trabalhos, o que tem resultado em problemas de
infiltrações, com consequentes danos não só nos próprios elementos mas igualmente problemas
de adequação à função nos espaços que ocupam o subsolo. A existência de escavações cuja
base se situa a maior profundidade do que o nível freático, associada a pontos frágeis na
impermeabilização da contenção periférica e/ou da fundação, originam frequentemente
problemas de resolução complexa e onerosa. Este é um assunto que não se cinge aos edifícios
mais antigos, mas que é transversal às obras enterradas e subterrâneas.
Pretende-se deste modo, quer por pesquisa bibliográfica da temática, quer pela abordagem a
três casos de estudo, reunir a maior informação possível sobre o tema, ao nível dos sistemas de
contenção periférica, fundações e ações complementares, abordando os principais problemas
de estanquidade, a forma de os prevenir, bem como sistemas de impermeabilização aplicáveis
e técnicas de reabilitação.
ABSTRACT
One of the key principles in building rehabilitation is to render them adequate to contemporary
living standards, by improving habitability, comfort and accessibility. This issue, together with
the need of greater use of underground space in urban areas, reinforces the importance of
geotechnical works, such as support for excavations and reinforcement of foundations.
While, from a structural point of view, the knowledge and understanding of these types of works
has evolved considerably in the recent past, the same is not true in terms of standardization or
of specific procedures associated to geotechnical solutions. This has resulted in water ingress
and subsequent damage, not only to the structural elements, but also to the underground spaces
created, compromising their continuous usage. Excavations carried out below the groundwater
table, together with localised weaker points in the adopted waterproofing solutions, frequently
leads to problems of difficult and expensive resolution. Clearly, such problems are not limited
to older buildings, being of importance to all underground construction.
Through an extensive literature review and analysis and discussion of three case studies,
information relating to earth retaining structures, foundations and complementary systems is
gathered, focusing on problems of loss of water tightness and how to prevent them, as well as
on waterproofing systems and rehabilitation techniques.
This work aims at contributing towards improving the understanding of a relevant building
rehabilitation problem – water ingress through the contact between the structure and the soil –,
within the context of available solutions of soil retaining structures and building foundations
rehabilitation.
SIMBOLOGIA
ABREVIATURAS
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS............................................................................................................ i
RESUMO .............................................................................................................................. ii
ABSTRACT ......................................................................................................................... iii
SIMBOLOGIA ..................................................................................................................... iv
ABREVIATURAS ................................................................................................................. v
ÍNDICE ............................................................................................................................... vii
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... x
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................................... xiv
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
1.1 Enquadramento geral da temática ................................................................................. 1
1.1.1 Reabilitação e fundações........................................................................................ 1
1.1.2 História e técnica ................................................................................................... 1
1.1.3 Custos e dificuldades ............................................................................................. 3
1.2 Objetivos da tese .......................................................................................................... 4
1.3 Estrutura da Tese .......................................................................................................... 4
CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA DAS INFILTRAÇÕES EM FUNDAÇÕES E
CONTENÇÕES PERIFÉRICAS DE EDIFÍCIOS .................................................................. 6
2.1 Conceitos ..................................................................................................................... 6
2.1.1 Terminologia ......................................................................................................... 6
2.1.2 Humidade no solo e infiltrações em pisos enterrados ............................................. 7
2.1.3 Diagnóstico e correção de anomalias ..................................................................... 8
2.2 Sistemas de Fundações ............................................................................................... 10
2.2.1 Ensoleiramentos .................................................................................................. 11
2.2.2 Ligações de fundações a outros elementos ........................................................... 13
2.3 Sistemas de Contenção Periférica ............................................................................... 15
2.3.1 Metodologia tradicional ....................................................................................... 15
2.3.2 Contenções provisórias tipo Berlim ..................................................................... 18
2.3.3 Paredes tipo Berlim definitivo.............................................................................. 21
2.3.4 Cortinas de estacas moldadas ............................................................................... 23
2.3.5 Paredes moldadas ................................................................................................ 25
2.3.6 Cortinas de microestacas...................................................................................... 30
2.3.7 Ancoragens.......................................................................................................... 31
2.4 Síntese do capítulo ..................................................................................................... 34
CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES – ELEMENTOS, SISTEMAS E TÉCNICAS
COMPLEMENTARES ........................................................................................................ 35
3.1 Elementos waterstop .................................................................................................. 35
3.1.1 Perfis vinílicos, de PVC ou de borracha ............................................................... 36
3.1.2 Cordões hidroexpansivos ..................................................................................... 37
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.31: DSM – Deep Soil Mixing – a) equipamento de eixo vertical), b) resultado:
colunas................................................................................................................................. 61
Figura 3.32: CSM – Cutter Soil Mixing – a) equipamento de eixo horizontal, b) resultado:
painéis. ................................................................................................................................ 61
Figura 3.33: Comparação da geometria retangular dos painéis de CSM com as colunas de
DSM. ................................................................................................................................... 62
Figura III.1: Aspeto da laje da cave, sendo visível a água decorrente das infiltrações......... III.2
Figura III.2: Aspeto da laje após intervenção, sendo visível o pavimento seco................... III.2
Figura III.3: Metodologias de injeção. ............................................................................... III.3
Figura III.4: Furação. ........................................................................................................ III.3
Figura III.5: Injeção. ......................................................................................................... III.3
Figura III.6: Aspeto da laje após injeção e previamente à remoção dos injetores. .............. III.3
Figura III.7: Planta de localização da estação com indicação dos cortes geológicos. .......... III.4
Figura III.8: Corte geológico A. ........................................................................................ III.4
Figura III.9: Corte geológico B. ........................................................................................ III.5
Figura III.10: Corte geológico C. ...................................................................................... III.5
Figura III.11: Corte geológico D. ...................................................................................... III.6
Figura III.12: Corte geológico E........................................................................................ III.6
Figura III.13: Pormenor da cortina de contenção de estacas secantes. ................................ III.7
Figura III.14: Planta e perfil transversal da laje de jet-grouting ao nível do eixo do túnel... III.7
Figura III.15: Planta do sistema de drenagem sob a laje de fundo da estação. .................... III.7
Figura III.16: Planta de localização dos poços de alívio (RW – relief wells) para controlo
da pressão sob a escavação. ............................................................................................... III.7
Figura III.17: Planta (a) e perfis transversais (a) identificando a localização dos incidentes
ocorridos a 10 de Maio (1st incident) e a 2 de Junho de 2003 (2nd incident). .................... III.9
Figura III.18: Pormenor de duas estacas desalinhadas. ...................................................... III.9
Figura III.19: Registos piezométricos (piezómetros PZ3 e PZ5) no período prévio, durante
e imediatamente após o primeiro incidente (adaptado). ..................................................... III.9
Figura III.20: Planta de localização de injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas
de estacas secantes com indicação da respetiva calendarização........................................ III.10
Figura III.21: Perfil transversal tipo ao eixo 3 (zona estreita a poente) da estrutura da
estação com indicação da localização das injeções de calda de cimento no tardoz das
cortinas de estacas secantes. ............................................................................................ III.10
Figura III.22: Deslocamento latera registado no inclinómetro I4 após o tratamento de
injeção de calda de cimento (grouting), devendo ser considerada a curva corrigida
(adaptado). ...................................................................................................................... III.11
Figura III.23: Evolução do esforço normal nos pares de escoras 2.5 (eixo 3), no período de
1 de Agosto 2003 a 1 de Junho de 2004, englobando os períodos de injeções de calda de
cimento no tardoz das estacas.......................................................................................... III.12
Figura III.24: Aspeto da igreja na década 1960................................................................ III.13
Figura III.25: Vista aérea sobre a igreja e claustro numa fase da operação arqueológica. . III.13
ÍNDICE DE QUADROS
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
“Os registos mais antigos de obras de contenção apontam para muros de alvenaria de argila
contendo aterros na região sul da Mesopotâmia (Iraque) construídos por sumérios entre 3.200
e 2.800 a.C.” [2]. No entanto, a evolução à luz da engenharia moderna dar-se-ia no séc. XVIII
e seguinte, com trabalhos de investigação, com base em modelos de escala reduzida, de muros
de suporte e consequente desenvolvimento de teorias de impulso de terras, sendo de destacar
as obras de Gauthier (1717), Belidor (1729), Sallonyer (1767), Coulomb (1773), Papocino
(1781), Prony (1802), Mayniel (1808), Français (1820), Navier (1833), Poncelet (1840), Hope
(1845), Rankine (1862), Darwin (1883) e Boussinesq (1876, 1882 e 1883) como marcos nesta
área [3].
O uso de estruturas de contenção tornou-se assim relativamente usual a partir do fim do séc.
XVIII, em estruturas de defesa e fortificações militares, tendo sido posteriormente usado em
obras portuárias e estruturas provisórias urbanas no séc. XIX [2]. No entanto, o padrão
funcional que era requerido não exigia uma impermeabilização efetiva pois o problema de
deterioração dos materiais não se colocava, sendo a drenagem a estritamente necessária para
permitir a correta utilização da obra sem acarretar riscos.
No séc. XX, com a valorização crescente do subsolo nos centros urbanos, verificou-se uma
generalização do uso de contenções periféricas. Um dos primeiros registos é a construção do
metro de Berlim (figura 1.1 [4]), no início do século, dando origem a um método inovador, ao
qual mais à frente se deu o nome de contenção provisória tipo Berlim ou cortina berlinesa, o
qual evoluiu posteriormente para uma solução definitiva (soluções a expor no Capítulo 2).
Figura 1.1: Construção do metro de Berlim no início do séc. Figura 1.2: Secção transversal da estrutura do parque
XX. Union Square Garage, com destaque para a estrutura
provisória de contenção periférica.
É também nesta época que se inicia o desenvolvimento das técnicas de ancoragem em rocha,
primeiramente para soluções de contenção provisórias e posteriormente para as definitivas [5].
Nos Estados Unidos, mediante a observação de obras europeias, desenvolviam-se obras
similares. Em 1942 é construído o primeiro parque de estacionamento subterrâneo, o Union
Square Garage, em San Francisco, EUA [6]. A construção, inovadora à data, recorreu a um
sistema de contenção provisória tipo Berlim, com meias asnas adicionais de madeira, que
permitiam escorar os perfis, face à pouca profundidade a que estavam enterrados [7] – figura
1.2 [7].
descobre sempre o ponto mais fraco para a sua entrada. Diversos são os registos de reparações
cujo resultado é o aparecimento de pontos alternativos de entrada de água, não estando assim
garantida a impermeabilização.
Pretende-se deste modo, quer por pesquisa bibliográfica da temática, quer pela abordagem a
casos de estudo de obras reais, também apresentados na bibliografia da especialidade, reunir a
maior informação possível sobre o tema, ao nível dos sistemas de contenção periférica,
fundações e ações complementares, abordando os principais problemas de estanquidade, a
forma de os prevenir, sistemas de impermeabilização aplicáveis e técnicas de reabilitação.
Assume-se assim o objetivo, para o presente trabalho, de efetiva contribuição para a
compreensão de um problema relevante da reabilitação de edifícios – a infiltração de água pelo
subsolo –, tendo em consideração as soluções existentes de reabilitação de contenções
periféricas e fundações de edifícios.
Perante a ausência em bibliografia de uma abordagem concreta e consistente a esta temática,
esta dissertação pretende dar um contributo para colmatar essa lacuna, extensiva também à
bibliografia internacional.
O segundo inicia-se com uma introdução aos conceitos necessários a este trabalho de
investigação e ao seu enquadramento na temática da reabilitação do edificado e da exploração
do subsolo. Seguidamente são analisados os sistemas de fundação e de contenção periférica
usados em edifícios, relativamente ao processo executivo, vantagens, desvantagens e, claro
está, comportamento e problemas associados à falta de estanquidade.
No quarto capítulo são expostos três casos de estudo, que contribuíram para o trabalho de
análise desenvolvido, os quais foram divididos em cenário, problema e solução de
impermeabilização. Num dos casos foram ainda expostos, num quarto ponto, incidentes
posteriores à intervenção, uma vez que, perante a relevância destes para o tema, importava
clarificá-los. As imagens e quadros que auxiliam a análise dos casos de estudo são apresentados
no ANEXO III.
No quinto capítulo são apresentadas, em forma de síntese, considerações finais, a par das
conclusões gerais deste trabalho e ainda sugestões para desenvolvimentos futuros, encerrando
a análise efetuada.
2.1 Conceitos
Pretende-se aqui introduzir os conceitos necessários a este trabalho de investigação e ao seu
enquadramento na temática da reabilitação do edificado e da exploração, para que
posteriormente possam ser aplicados na análise das soluções de contenção periférica e
fundações de edifícios.
2.1.1 Terminologia
Será obviamente fundamental, no desenvolvimento da Dissertação, a clara definição de
terminologias usadas no domínio de estudo. Identificaram-se as seguintes como fundamentais
para compreender o exposto neste relatório e a temática a abordar.
Defeito: falha ou desvio do grau de desempenho preconizado para um material ou
elemento construtivo [9].
Drenagem: escoamento das águas (dos terrenos), obtido por meio de tubos, valas, fossos
ou outros dispositivos adequados [10].
Estanquidade: qualidade do que é estanque, que não deixa sair nem entrar líquido [11].
Estrutura de contenção (periférica): obra civil construída com a finalidade de prover
estabilidade contra a rutura de maciços de terra ou rocha (na periferia da construção)
[12].
Fundação: parte de uma construção destinada, essencialmente, a distribuir as cargas
sobre o terreno [10].
Impermeabilização: operação pela qual se torna impermeável (um revestimento) [13].
Impermeável: que não se deixa atravessar por um fluido [13].
Reabilitação de um edifício: obras que têm por fim a recuperação e beneficiação de uma
construção, resolvendo as anomalias construtivas, funcionais, higiénicas e de segurança
acumuladas ao longo dos anos, procedendo a uma modernização que melhore o seu
desempenho até próximo dos atuais níveis de exigência [14].
Reparação: restituição do desempenho inicial de um elemento, através de renovação,
substituição ou conserto da parte danificada ou degradada do mesmo [9].
No entanto, em Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios [17] é referido pelo autor que
o estudo e caracterização da construção envolve:
“O levantamento da sua geometria, dos materiais constituintes e das suas anomalias”.
“A caracterização desses mesmos materiais e constituintes, o que pressupõe a validação
das suas propriedades e a deteção e caracterização das suas alterações e anomalias”.
A reparação de anomalias provocadas por água pode ser, por seu lado, diversa, dependendo não
só do tipo de anomalia mas também do elemento construtivo onde ocorre. Estas podem ser
assim tipificadas em seis grandes grupos [15]:
Eliminação das anomalias, que resolve os problemas apenas temporariamente: ex.
secagem de paredes ou recolha de água infiltrada;
Substituição dos elementos e materiais afetados, considerada apenas quando se torna
difícil ou inviável a reparação: ex. substituição de revestimentos;
Ocultação das anomalias, medida ineficaz mas económica: ex. construção de pano de
parede interior;
Proteção contra os agentes agressivos, impedindo a sua atuação direta sobre os
elementos construtivos: ex. impermeabilização do exterior de paramentos ou
pavimentos;
Eliminação das causas das anomalias, o mais eficaz mas nem sempre possível: ex.
drenagem do terreno / rebaixamento do nível freático;
2.2.1 Ensoleiramentos
No caso dos ensoleiramentos, em que a fundação é a própria laje de fundo (ou térrea), a possível
penetração de água pode realmente comprometer a estanquidade do edifício. Distinguem-se no
entanto dois casos: os elementos situados acima do nível freático e os situados abaixo do nível
freático.
Se no primeiro caso a estanquidade dos ensoleiramentos é usualmente conseguida através de
drenagem (cujos conceitos serão posteriormente detalhados), os ensoleiramentos em caso de
inserção no nível freático estão na origem de um grande número de problemas, quer pelo
próprio elemento, quer pela ligação daquele aos elementos de contenção, motivo pelo que o
estudo se centra especialmente nestes e nas respetivas ligações.
Neste segundo caso (lajes de fundo abaixo do nível freático), para além do problema de
estabilização associado à subpressão, podem verificar-se problemas de infiltração. Existem
genericamente duas soluções [19]:
dimensionamento da laje à subpressão (figura 2.1a);
manutenção de um sistema permanente de rebaixamento do nível freático (figura 2.1b).
u = γw hw
Figura 2.1: Soluções para laje de fundo.
Figura 2.2: Detalhe típico de junta de betonagem, com uso de rede de aço galvanizado e cordão hidro-expansivo (adaptado)
Nas figuras 2.4 e 2.5 exemplos de impermeabilização do ponto singular que é a cabeça
da estaca, dando continuidade ao sistema utilizado para a laje: na figura 2.4 a membrana
de PVC preconizada contorna toda a zona vertical da estaca exposta, sendo a superfície
horizontal impermeabilizada com uma argamassa cimentícia, incluindo ainda o sistema
um elemento waterstop (não visível); na figura 2.5 é visível uma solução de
continuidade da cabeça da estaca, em aço, com varões de aço termosoldados e um
elemento extra de membrana colocado entre as duas chapas e soldado à restante,
impossibilitando a passagem de água.
Figura 2.4: Impermeabilização de encabeçamento de estaca Figura 2.5: Impermeabilização de encabeçamento de estaca
[cortesia Sika] [cortesia Sotecnisol]
a) b) c)
Legenda: a) muro de gravidade em alvenaria de pedra; b) muro de flexão em betão armado; c) muro em betão armado com
contrafortes.
Esta solução tradicional, recorrendo a taludes de escavação, permite o acesso ao tardoz do muro.
Por esse motivo, atendendo não só a questões de estanquidade do muro mas essencialmente a
uma questão de estabilidade – se não forem adequadamente drenados, poderão ocorrer
problemas de estabilidade, quer diretos decorrentes da acumulação de água no tardoz quer
indiretos decorrentes do aumento da pressão intersticial [2] –, a sua construção envolve a
criação de um sistema de drenagem no tardoz. Manuel Matos Fernandes apresenta 3 sistemas
de drenagem vulgarmente utilizados (figura 2.8 [25]).
a) b)
c)
Legenda: a) cortina drenante ligada a dreno longitudinal posterior; b) cortina drenante ligada a dreno longitudinal posterior e
barbacãs incorporadas no muro; c) tapete drenante inclinado no maciço suportado ligado a dreno longitudinal posterior
Figura 2.8: Drenagem de muros de suporte.
Não sendo objetivo deste trabalho a análise de soluções de contenção do ponto de vista
estrutural, nem a escolha para a execução de novas construções, nunca é demais salientar
precauções de segurança a ter em conta em obras de contenção, quer se usem metodologias
invertidas (construção da contenção de cima para baixo e consequentemente mais segura), quer,
em especial, no caso de se executar escavação sem contenção. Assim, as precauções mais
a) b)
c) d) e)
Legenda: a) fissuração por retração; b) segregação; c) descontinuidade em junta; d) fendilhação/desagregação devida à reação
álcalis-agregado; e) delaminação provocada por corrosão de armaduras.
Figura 2.10: Anomalias em muros de betão armado.
A evolução levou à utilização de outras soluções de contenção provisória como, por exemplo,
a contenção provisória tipo Berlim, com perfis metálicos (geralmente I, H ou U) e entivações
de madeira, podendo recorrer a escoramentos e/ou ancoragens provisórias para suporte das
forças horizontas ou, em alternativa, ser executada com painéis de malha electro-soldada e
betão projetado. Esta solução teve origem na cidade de Berlim, mais precisamente durante os
trabalhos do metro de Berlim, antes da Segunda Guerra Mundial, nos quais foi pela primeira
vez executado um muro de contenção com perfis metálicos verticais e pranchas de madeira
horizontais [2]. O processo construtivo desta solução – parcialmente esquematizado na figura
2.12 [33] - é o seguinte:
a) marcação e alinhamento do centro dos furos (cuja distância depende do tamanho das
pranchas ou barrotes de madeira e do tipo de solo, mas que varia entre 0,6 e 1,5m);
b) perfuração com trado e introdução dos perfis com grua com posterior selagem
(betonagem) entre a cota da base dos perfis e a cota final da escavação ou,
alternativamente, cravação dos perfis (em solos coerentes com pouca compacidade),
garantindo uma penetração mínima de 2,0m abaixo da cota final da escavação – Fase I;
c) preenchimento do restante troço (usualmente com areia), de forma a garantir a
verticalidade;
d) execução da viga de coroamento, com a colocação de pelo menos um perfil horizontal
a ligar todos os perfis verticais e das ancoragens ou escoramentos do 1º nível (caso
estejam previstas) – Fases II e III;
e) escavação com colocação das pranchas ou barrotes de madeira – Fase IV;
f) repetição do processo com eventuais vigas de distribuição e ancoragens, troços de
escavação e colocação de madeira, adotando, na horizontal, uma escavação alternada a
cada 2 painéis, de forma que as banquetas laterais de terra suportem os painéis
adjacentes – Fases V, VI e VII.
Este método, recorrendo a soluções de contenção provisória, tem a vantagem de ser económico
e não exigir mão-de-obra especializada, pois é executado por carpinteiros de cofragem e
armadores de ferro, havendo apenas a eventual necessidade de um equipamento mais pesado
para a cravação dos perfis, no caso de grandes profundidades e de mão-de-obra especializada
para execução das ancoragens.
Tem contudo uma série de condicionantes, que o inviabilizam para certas obras de reabilitação
com ampliação em profundidade bem como para várias situações de construções novas:
exige terrenos com alguma consistência;
está relativamente limitado em termos de profundidade;
não oferece qualquer obstáculo à passagem de água, o que, no caso de níveis freáticos
elevados, dificulta a execução da estrutura definitiva;
causa deslocamentos do solo relevantes, originando potenciais danos nas construções
envolventes;
a espessura da contenção provisória funcionando como cofragem perdida tem impacto
na área útil do edifício, problema acrescido pelo possível encurvamento da madeira face
ao impulso lateral.
Tal como anteriormente descrito, a estrutura definitiva de contenção que resulta de uma
contenção provisória tipo Berlim é uma solução tradicional, construída de baixo para cima,
onde a solução provisória funciona como cofragem perdida no tardoz – figura 2.13 [34].
Por este motivo, este tipo de solução não permite, ao contrário da metodologia tradicional,
trabalhar no tardoz e, desta forma, garantir convenientemente a drenagem, pelo que a
estanquidade terá de ser, assim como para as restantes soluções (não tradicionais), garantida
pelo próprio elemento de contenção [31].
Figura 2.13: Escavação para cave usando uma contenção provisória tipo Berlim, sendo visível o primeiro nível de
betonagem das paredes periféricas da superestrutura.
Deste modo, os potenciais problemas de estanquidade de uma parede construída com o auxílio
de uma contenção provisória tipo Berlim são essencialmente, tal como no caso anterior, por se
tratar de uma solução cofrada de betão armado, eventuais segregações ou porosidade excessiva,
a par de anomalias nas juntas de betonagem por deficiente execução. Poderão no entanto existir
problemas adicionais, que não se verificam em paredes cofradas de ambos os lados,
relacionados com o possível desaprumo da contenção provisória tipo Berlim ou com uma
eventual encurvadura das pranchas de madeira, o que afetará a conceção da parede, podendo
resultar em zonas de pouco recobrimento ou de deficiente vibração do betão.
Os perfis metálicos ficam assim embebidos nos painéis de betão. No entanto, em situações em
que a parede de contenção é executada encostada a construções vizinhas e não é possível
realizar os furos junto ao limite, opta-se por inserir os perfis verticais fora do plano da parede,
sendo ligados a esta por intermédio de cachorros metálicos executados aquando da betonagem.
Esta variante tem a vantagem de permitir a recuperação dos perfis mas o processo construtivo
é mais complicado e a transmissão de esforços pior.
Alternativamente a perfis metálicos, são por vezes utilizadas microestacas, de forma a cumprir
eventuais exigências de capacidade de carga.
Além disso é um processo moroso com fracos rendimentos diários em termos de área de parede
executada e que pode, em terrenos rochosos ou com pedregulhos, apresentar-se como uma
solução mais cara, por desvios no consumo de betão, visto ser uma solução não cofrada no
tardoz.
a) b) c)
Legenda: a) afastadas [espólio do autor]; b) tangentes, sendo visível um nível, uma viga de distribuição e cabeças de
ancoragens [cortesia Tecnasol]; c) secantes, alternando estacas armadas e não armadas.
Figura 2.15: Cortinas de estacas.
A cortina de estacas justapostas (ou tangentes, em que o afastamento entre elas é inferior a
10cm) é, a par do anterior, executado com a totalidade das estacas armadas – figura 2.15b –
sendo um método mais eficaz e normalmente utilizado em terrenos granulares ou argilas moles.
No entanto, tal como no caso com estacas afastadas, não garante impermeabilidade.
Na cortina de estacas secantes, as estacas efetivamente intersectam-se. Primeiramente são
executadas estacas utilizando um betão plástico e de baixa resistência, não sendo estas armadas
(ou pouco armadas); posteriormente, executam-se as restantes estacas, intersectando e unindo
as anteriores – figura 2.15c [35]. Este é um método muito dispendioso.
As colunas afastadas só podem, por regra, ser aplicadas em argilas médias, rijas e duras ou
solos com alguma consistência acima do nível freático uma vez que, pelo espaçamento que
as caracteriza, não conseguem conter solo solto como também não exercem qualquer
função de estanquidade ou sequer contenção da água.
As estacas tangentes, apesar de serem apresentadas como um processo aplicável abaixo no
N.F., podem acarretar problemas de estanquidade, os quais surgem, por regra, nas juntas
mas também pontualmente no corpo das estacas e que se devem especialmente aos
seguintes problemas de execução:
o colapso das paredes do furo em solos moles ou soltos, caso não exista contenção do
mesmo (encamisamento ou lamas bentoníticas);
o problemas de verticalidade e consequentemente de linearidade das juntas;
o potenciais anomalias no betão antes da presa (por entrada ou percolação de água);
Por este motivo é usual, para uma estanquidade eficaz, a utilização deste método
juntamente com meios auxiliares (colunas de jet grouting ou tratamento de juntas com
eventual rebaixamento temporário do nível freático).
As estacas secantes são apresentadas em bibliografia de referência como um método “quase
estanque” – near watertight [28] – pois cortam (ou diminuem) a percolação. No entanto,
assim como nas estacas tangentes, é necessário um controlo de execução rigoroso de forma
a garantir esta aproximação à estanquidade; esta técnica construtiva pode ser afetada pela
reduzida durabilidade das estacas de betão plástico [28], pelo que os trabalhos adicionais
(forro) são neste caso fundamentais, não só pela questão estética mas para compensar esta
incerteza.
O processo construtivo atual pode ser descrito pelos seguintes passos e é resumidamente
esquematizado na figura 2.16 [36]:
a) execução dos muretes guia em B.A. (com funções balizadoras e protetoras da parede
durante a sua execução);
b) escavação com recurso a “grab” hidráulico* (“clam shell” ou balde de maxilas), com
substituição do solo por lamas, garantindo a sua estabilização, ou com hidrofresa ou
trépano no caso de rocha;
c) introdução de tubos-junta entre painéis;
d) preparação e colocação da armadura em gaiola, contendo negativos (metálicos), para
posterior execução das ancoragens e armaduras de reforço ao punçoamento;
e) betonagem, de baixo para cima (recorrendo a tubo “tremie”) com recuperação da lama,
encaminhamento e reciclagem;
f) recuperação dos tubos-junta, demolição dos muros-guia e saneamento do topo da
parede;
g) execução da viga de coroamento;
h) escavação no intradorso da parede betonada e execução de ancoragens ou escoras.
b) c) d) e)
Legenda (b) escavação, (c) introdução de tubo-junta metálico, (d) colocação da armadura em gaiola, (e) betonagem
Figura 2.17: Sequência de execução dos painéis de paredes moldadas: em contínuo (em cima) e alternadamente (em baixo)
Apesar de, em teoria, ser eficaz ao nível da estanquidade, esta solução é muitas vezes
comprometida por defeitos de realização; por este motivo, é corrente em bibliografia da
especialidade a descrição de diversos procedimentos de controlo da execução.
Detalhando este último e o penúltimo ponto – o uso de perfis waterstop – e apesar de os perfis,
as suas variantes e diferentes usos serem objeto de uma análise mais detalhada no Capítulo 3,
apresentam-se aqui,de seguida, os sistemas utilizados em paredes moldadas, que permitem a
sua aplicação nas juntas verticais entre painéis. Assim, existem 3 formas genéricas de melhorar
a estanquidade da junta, recorrendo a variações do tubo junta [36]:
Legenda: i) junta cavilha simples; ii) junta cavilha dupla; iii) junta waterstop
iii. Junta Waterstop: junto com o tubo-junta, o qual tem um tubo próprio adjacente, é
inserido um perfil waterstop no primeiro painel, o qual é betonado; após retirada do
tubo, limpa-se a junta e betona-se o segundo painel, que preenche o vazio, ficando o
perfil waterstop em ambos os painéis, ao longo de toda a extensão (figura 2.18iii [38]).
Legenda: i) um perfil waterstop, ii) dois perfis waterstop, iii) três perfis waterstop, iv) dois perfis waterstop e tubo central para
injeção de resinas hidrorecativas
Apesar da evolução que o sistema sofreu, as desvantagens do uso do solo como cofragem para
o betão são óbvias, motivo pelo que foi desenvolvido pelas empresas francesas Bachy e
Soltanche (entretanto juntas na Soletanche-Bachy) um sistema com painéis de parede pré-
fabricados [28], com as seguintes vantagens a destacar:
aparência limpa e regular;
a forma pode ser pré-desenhada, de forma a cumprir com os requisitos técnicos e
estéticos da estrutura e do edifício;
economia (é possível reduzir a espessura em 30%, garantindo a qualidade do material);
é possível a construção de painéis pré-tensionados;
melhor estanquidade, resultante de um melhor controlo de produção.
O mais usual em cortinas de microestacas é a sua execução com afastamento, sendo a parede
executada com betão projetado.
2.3.7 Ancoragens
Como foi sendo referido na exposição dos diversos sistemas de contenção periférica, estes
necessitam (com exceção dos muros) de travamentos intermédios ou de topo. Este travamento
pode ser conseguido através da execução de escoramentos provisórios (ex. perfis metálicos),
elementos da estrutura definitiva (ex. bandas de laje ou construção top-down) ou por
ancoragens.
Figura 2.22: Constituição típica de uma ancoragem em terreno (adaptado de Pinelo, 1980).
injeção sob pressão da calda de cimento que irá fazer o bolbo de selagem da ancoragem;
aplicação do pré-esforço através de macacos hidráulicos;
proteção da cabeça que aflora à superfície (sobretudo à corrosão, no caso das
ancoragens definitivas).
Figura 2.23: Furação para execução de ancoragem em viga de coroamento de cortina de estacas.
A sua utilização pode ser de carácter provisório (durante a construção, caso usual em edifícios)
ou definitivo (se duração superior a 2 anos, tal como é habitual em estruturas de contenção
isoladas); neste último caso, as exigências à instalação são superiores, sendo importantíssima
uma proteção anticorrosão adequada, instrumentação e boas acessibilidades para o
retensionamento e/ou substituição dos cabos que constituem a ancoragem.
O uso destes elementos tem como grande condicionante as estruturas existentes nos terrenos
vizinhos, que podem afetar a eficácia da ancoragem mas também podem sofrer danos aquando
da execução (injeção do bolbo de selagem). Para além disso, uma vez que as ancoragens
penetram na estrutura de contenção, conduzem por vezes a problemas de infiltrações.
A estanquidade é assim uma questão crítica, sendo usual a penetração de água através dos
blocos de ancoragem em paredes de contenção, especialmente em solos granulares. Esta
infiltração pode ocorrer tanto por eventuais espaços entre o furo e cabeça de ancoragem, como
pelos orifícios dos cabos, existentes na cabeça [43].
Figura 2.24: Exemplo de proteção em cabeça de ancoragem e zona de transição da cabeça-comprimento livre (adaptado)
A infiltração na transição entre a cabeça da ancoragem e o comprimento livre pode ser evitada
com a utilização da devida proteção com uma película de revestimento, um recobrimento,
mangas metálicas, ou tubo de plástico fixo selado ou soldado à cabeça da ancoragem e
preenchimento com um produto anticorrosivo, cimento ou resina.
A cabeça deve ser coberta por uma camada de revestimento e/ou uma caixa metálica de aço
galvanizado com uma espessura mínima de 3mm ou uma caixa de plástico rígido com uma
espessura de 5mm e, caso se preveja ser removida, preenchida com produto anticorrosivo
flexível e selada com um vedante. No caso de a caixa não ser removível, pode ser preenchida
com cimento ou resina. Exemplo de proteção (para uma ancoragem de cabos) pode ser
visualizado na figura 2.24 [44].
Como referido 2.2.1, são também utilizadas ancoragens (verticais) para contrariar a subpressão
naqueles elementos de fundação, pelo que, nestes casos, face às condições a que estão sujeitas,
dever-se-ão ter todos os cuidados anteriormente referidos, de forma a evitar que sejam pontos
de infiltração.
O estudo realizado neste capítulo, a par da elaboração do quadro – que apresenta de uma forma
sistematizada a informação a qualquer leitor – permitiu sintetizar algumas ideias,
nomeadamente, para cada sistema, identificar os principais pontos de infiltração e os
pormenores construtivos a controlar, para garantir a eficaz impermeabilização. No entanto, por
questões de organização da tese estas (reflexões) apenas serão expostas no último capítulo.
Por outras palavras, o uso de perfis waterstop pode eventualmente ser, em certas situações,
redundante mas é um dos elementos que faz farte de um princípio de qualidade associado a
certos projetos e que garante o comportamento final satisfatório no que toca à estanquidade.
Para além da aplicação em juntas de desenvolvimento vertical (em elementos de contenção) e
de desenvolvimento horizontal (usuais em lajes de fundo), é também crítico o uso de elementos
waterstop (ou elementos equivalentes) no contorno de tubagens ou outros elementos que
atravessem o elemento de betão, que faz a separação entre o exterior (húmido) e o interior do
edifício.
Este perfis podem ser simétricos em ambos os eixos (figura 3.2 [48] – Situações 1 e 2) ou serem
faceados de um lado, quando se pretende a sua instalação em lajes, prevenindo a humidade
ascensional (figura 3.2 [48]– Situações 3 e 4). Podem também ter uma zona central de maiores
dimensões, preenchendo eventuais juntas de dilatação (figura 3.2 [48] – Situações 2 e 4),
permitindo algum movimento entre secções de betão adjacentes.
Existem ainda situações de perfis especiais para os casos particulares de ligação da contenção
à laje de fundo, permitindo (figura 3.3i [49]) ou não (figura 3.3ii [49]) o movimento entre os
elementos.
i) ii)
Figura 3.3: Perfis waterstop flexíveis (i) D 320 KF e (ii) A 320 KF, de acordo com a norma DIN 18541-2.
O tamanho do perfil a utilizar é determinado pela pressão expectável de água na junta, sendo
maior para maiores pressões de água a resistir pelo perfil. No entanto, não é apenas o
comprimento das abas a determinar a performance; a espessura destas ou das nervuras é também
relevante [45].
O uso deste tipo de perfis requer um cuidado extremo na instalação, dependendo a sua eficácia
de um perfeito posicionamento. Apesar de generalizados, os perfis flexíveis tornam-se por
vezes ineficazes por serem deslocados ou danificados durante a cofragem ou a betonagem.
Além disso, não é exequível a sua aplicação em elementos penetrantes, como tubagens ou outras
infraestruturas que atravessem o elemento de contenção.
O uso dos cordões hidroexpansivos é corrente em juntas de betonagem de lajes e paredes (figura
3.4 [48]) mas também em atravessamentos por tubagens de secção circular ou elíptica (figura
3.6 [45]), em sistemas de esgotos, envolvendo perfis metálicos ou em paredes moldadas. São
aplicados, de um modo geral, sempre que se aplica um novo betão contra um existente e seja
necessária uma ligação à prova de água.
Para além do fornecimento em cordões, estes materiais hidroexpansivos podem também ser
fornecidos em bisnaga, para aplicação à pistola (figura 3.5 [47]).
Figura 3.6: Cordão bentonítico hidroexpansivo instalado no Figura 3.5: Selante de borracha butílica aplicado em bisnaga
contorno de um tubo de grande diâmetro previamente a no contorno de tubagem.
betonagem.
Estes cordões são usados maioritariamente em juntas construtivas, não estando disponíveis
soluções para juntas de dilatação, uma vez que este tipo de soluções apenas forma uma pasta
de alta compressão (selante) quando confinado, em juntas horizontais ou verticais. A sua
instalação deve ser feita com um recobrimento mínimo de 7cm, de forma que a capacidade
expansiva do cordão não danifique o betão [48].
Os cordões colocam-se entre as camadas exterior e interior da armadura, não interferindo com
estas (figura 3.4 [48]). Deverão ser aplicados num sulco criado para o efeito na superfície do
betão antes do seu endurecimento (figura 3.7 [51]), podendo também ser colados ou agrafados;
por regra, um cordão não protegido (sem rede metálica) não deverá ser simplesmente agrafado,
pois pode, em contacto com o betão, expandir, arrancando os fixadores e adotando um
posicionamento incorreto.
Figura 3.7: Detalhe de aplicação de cordão waterstop expansivo, recorrendo ao seu posicionamento num sulco no elemento
previamente betonado.
Figura 3.8: Perfil waterstop em material vinílico com canal central para injeção.
3.3 Drenagem
Apesar de a abordagem aos sistemas de drenagem ter sido, perante a influência que a água tem
na estabilidade de muros de suporte, iniciada em 2.3.1 e, devido ao seu carácter complementar
e transversal, continuada noutros pontos, noutros pontos, importa aqui referi-la como ação
complementar aos sistemas de contenção e fundações, bem como a qualquer revestimento de
impermeabilização dos mesmos.
Na realidade, as ações de elementos de drenagem e de revestimentos de impermeabilização são
complementares e indissociáveis. Repetindo o que foi já dito em 2.1.2, de uma forma algo
simplista, se a drenagem tem por objetivo encaminhar a água para longe da construção (e para
os sistemas de recolha de efluentes), a impermeabilização pretende impedir o acesso ao interior
da construção da água remanescente [16].
Na constituição dos sistemas de drenagem são usados diversos materiais, os quais serão
seguidamente apresentados:
Agregados (brita, gravilha, godo ou outro material granular inerte permeável)
o devem ser duráveis, limpos, consistentes, compactos;
o agregados de menores dimensões na parte superior do dreno;
o agregados de maiores dimensões na parte inferior (junto a dreno).
Alvenaria (blocos cerâmicos ou de betão):
o como parede exterior à parede de contenção, funcionando como camada de
proteção à impermeabilização do elemento drenante;
o como parede interior às paredes de contenção, permitindo a criação de caleira
na caixa-de-ar e funcionando também como uma proteção à impermeabilização;
o em valas, adjacentes às paredes, da construção (processo caído em desuso),
alternativamente a valas sem enchimento.
Geotêxteis (em poliéster, polietileno ou polipropileno)
o funcionam como filtros de finos (evitando o fenómeno de piping).
Redes drenantes / separadores (dois materiais colados: geotêxtil e emaranhado de fibras
sintéticas ou plástico alveolar):
o filtra e drena (permitindo em regra o escoamento de água para o dreno).
Tubos de drenagem (cerâmicos, de betão ou tufo, betão filtrante ou, mais correntes hoje
em dia, PVC ou HDPE):
o porosos ou perfurados;
o recebem a água proveniente do filtro e evacuam-na rapidamente, minorando a
saturação do filtro.
Os sistemas de drenagem podem ser instalados pelo exterior ou pelo interior. Apesar de serem,
em regra, mais eficazes pelo exterior (evitam o contacto dos elementos construtivos com a água
bem como o já referido problema de pressões hidrostáticas), o processo construtivo associado
à contenção ou fundação impede por vezes que tal ocorra, sendo criados sistemas pelo interior,
que acabam por ter como vantagem a maior facilidade de manutenção.
Figura 3.11: Exemplo de dreno superficial sob pavimento térreo (massame não estrutural) e dreno periférico.
Deste modo, é regra geral a execução de uma camada de enrocamento, com função drenante,
limitada superiormente com uma tela (plástica) drenante. Executam-se também, por regra,
drenos periféricos, em volta de todo o edifício, devidamente conectados ao sistema de drenagem
de águas pluviais. No caso de inexistência de cota ou havendo risco de transbordo do coletor, a
ligação destes elementos de drenagem ao coletor tem de passar por uma situação bombeada,
evitando situações gravíticas não funcionais. Em situações onde se prevê a possibilidade de
afluência excessiva de água à base do ensoleiramento ou quando o nível freático se encontra
relativamente próximo, pode ser ainda criado um dreno (ou conjunto de drenos, geralmente em
espinha), ligado à caixa de recolha que serve igualmente o dreno periférico. Na figura 3.11 [55]
é visível um exemplo de um sistema de drenagem superficial instalado sob um pavimento térreo
(não se trata de um ensoleiramento – elemento de fundação – mas de um massame, apresentado
a título exemplificativo por as soluções de drenagem recomendadas serem similares).
Importa referir que a solução de drenagem pelo interior (parede dupla com caleira para recolha
de água infiltrada e consequente encaminhamento para a rede de águas pluviais, com eventual
bombagem, se necessário) é passível de ser aplicada de uma forma genérica, sendo assim
considerada uma solução de recurso em qualquer uma das situações.
ligam os tubos de injeção que conduzem a água sob alta pressão (7 a 10 atm), até ao
injetor, instalado no fundo do poço (figura 3.14 [56]);
sistemas de poços profundos, para grandes profundidades e meios pouco permeáveis,
sendo similar ao anterior mas onde, no fundo do poço, é colocada uma bomba centrífuga
de elevada capacidade (figura 3.15 [56]);
sistema de electro-osmose, para solos muito pouco permeáveis, onde é criado um
gradiente adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos
vazios do solo;
drenos sub-horizontais, aplicável a escavações pouco profundas e N.F. elevados,
executados no interior do maciço a ser drenado, penetrando o aquífero, com inclinações
ascendentes (3 a 5%) e apetrechados com tubos perfurados de pequeno diâmetro (50 a
60mm), de plástico ou em aço galvanizado, por vezes envolvidos em manta geotêxtil.
O rebaixamento do nível freático é por vezes a única solução quando este se encontra acima da
laje de fundo e o sistema conjunto de contenção e laje de fundo não garante a estanquidade. A
escolha da solução a aplicar depende do rebaixamento que se pretende obter e das características
dos solos nos quais se pretende o rebaixamento.
Existe ainda uma técnica que, não sendo puramente de rebaixamento do nível freático, é uma
metodologia de combate à subpressão, executada na construção de lajes instaladas abaixo do
nível freático, que se passa seguidamente a descrever:
poços de alívio de pressão – relief wells – são elementos usados para minimizar a
subpressão e são usualmente executados antes da escavação atingir o nível freático e
desta forma procedem à recolha de água resultante do excesso de pressão provocado
pela construção de um ensoleiramento; a água ascende assim pelos poços ao fundo da
escavação, sendo então recolhida e bombeada para o exterior (figura 3.16 [56]).
3.5 Injeções
As injeções são processos através dos quais se introduzem, nos vazios ou nas fissuras do terreno
(rocha ou solo) ou das estruturas, líquidos ou suspensões, com vista ao seu preenchimento. Os
líquidos ou suspensões a injetar variam desde argilas mais ou menos tratadas até produtos
químicos (resinas acrílicas ou poliuretanos), passando por caldas de cimento, com mais ou
menos argila e outro tipo de aditivos, conforme a forma de aplicação e o objetivo do tratamento,
o qual pode ser de consolidação, impermeabilização, preenchimento ou selagem. Também a
pressão a que se realizam as injeções é bastante variável, podendo ir da gravítica a 30 ou 40
N/mm² [27].
O uso de injeções é muito diversificado. No entanto, no âmbito dos problemas de
impermeabilização, destacam-se a injeção em elementos de betão (ou alvenaria), a injeção em
solos no limite exterior da parede de contenção e as cortinas (verticais ou horizontais) de
impermeabilização por injeção, situações que serão detalhadas a seguir.
Figura 3.17: Injeção de Poliuretano Figura 3.18: Injeção de epoxy em fissura de parede de betão.
No caso de fissuras relevantes, a colagem dos elementos é usualmente efetuada com resinas
epoxídicas (figura 3.18 [60]). No entanto, é recomendável que a junta seja aberta em V e limpa
com ar comprimido, previamente à introdução dos bicos de injeção [61], devendo ser, após a
injeção, devidamente refechada.
Figura 3.19: Sequência de reparação de uma infiltração duma parede com argamassa de presa rápida.
a) b)
)
Legenda: a) base da cortina de estacas; b) ponto crítico no desenvolvimento da cortina de estacas
Neste caso, o estudo rigoroso do solo é essencial uma vez que, dependendo da análise
granulométrica, do índice de vazios e da permeabilidade é escolhida a calda mediante a sua
viscosidade e estabilidade (caso das suspensões) [27]. Esta questão da compatibilidade é
exposta no ponto seguinte, onde são abordadas as soluções mais generalizadas de injeção em
solos.
Figura 3.22: Limites de penetrabilidade de caldas conforme Figura 3.23: Limites de penetrabilidade de caldas conforme
granulometria dos terrenos (segundo Caron). granulometria dos terrenos
Importa salientar que, para além da escolha do líquido ou suspensão a utilizar, existem diversos
fatores a definir para uma injeção bem-sucedida, nomeadamente:
o método de perfuração do solo para injeções em profundidade, que pode ser por
precursão ou por trado, sendo importante a atenção aos potenciais desvios [63], assim
como à limpeza do furo;
o diâmetro, espaçamento e inclinação dos furos, densificando a malha para terrenos
menos permeáveis [27] e seguindo a regra de baixo para cima no caso de fissuras/juntas
verticais em estruturas de contenção [58];
a pressão de injeção, a qual tem que ter em conta a área a preencher mas também a
possibilidade de (excessiva pressão) poder acarretar abertura de fissuras em alguns
meios e, no caso de caldas instáveis, (a baixa pressão) poder estar associada à
sedimentação do material, sem esquecer a contrapressão ou possibilidade de levantar o
terreno à superfície [27];
a metodologia de injeção, que pode ser, no caso de solos soltos, o método ascendente, o
método descendente ou, o mais corrente nos dias de hoje, através de tubos-manchete
[63] ou, no caso de estruturas, através de picos e válvulas.
A título de exemplo de aplicação, poderá observar-se na figura 3.24 [64] o pormenor em corte
de um projeto realizado em Beirute, onde, para além da solução de contenção com estacas
secantes, foi necessário criar um tampão à zona de escavação/construção, concretizado através
de injeção química [64].
Figura 3.24: Corte, expondo a solução de contenção e impermeabilização utilizada no projeto (adapatado).
As cortinas estanques são geralmente classificadas de acordo com a sua rigidez, o material de
enchimento utilizado e o método de construção. Neste contexto, podemos ter:
Esta técnica pode ser classificada em três variantes (jet1, jet2 ou jet3), dependendo do número
de fluidos injetados no subsolo:
i. apenas grout (usualmente calda de cimento);
ii. ar + grout;
iii. água+ar+grout [67].
O elemento mais comum de jet-grouting é a coluna (figura 3.30a [69]). As etapas de execução
das colunas de jet-grouting (esquematizadas na figura 3.25 [70]) são as seguintes:
a) fase de corte, em que se introduz a vara no terreno através de um movimento rotacional
e com a ajuda de um jato de água vertical;
b) fase de mistura e substituição parcial do solo, em que se imprime à vara um movimento
rotacional e inicia-se a bombagem de calda no seu interior, ao mesmo tempo que a vara
é elevada através do furo com uma velocidade constante, resultando numa propagação
radial da calda;
c) concluída a execução, retira-se a vara, preenchendo-se o furo de calda por gravidade até
ao seu topo, dando-se início à cimentação, onde as partículas ou fragmentos do solo são
aglutinadas entre si pela ação auto-endurecedora da calda, formando um corpo
consolidado;
d) o procedimento é repetido para as colunas seguintes.
As colunas resultantes deste processo têm sido usadas para recalçamento / reforço de fundações,
pontualmente para o suporte/contenção de escavações (mas nesse caso necessitam de elementos
de reforço adicionais a inserir no grout fresco para melhorar a resistência à flexão) ou para
controlo de água no solo [71]. Dentro deste último uso – tratamento da permeabilidade do solo
– destaca-se [69]:
a selagem de juntas em estacas tangentes ou relativamente próximas, ou correção de
juntas problemáticas de paredes moldadas - exemplo na figura 3.27 [43];
a exclusão de água de escavações para caves - exemplos nas figuras 3.26 [72], 3.28 [73]
e 3.29 [73].
Por este motivo o jet-grouting é aqui classificado como uma ação complementar mas também
como solução, método de reparação para problemas de infiltrações em contenções periféricas
de edifícios.
Figura 3.28: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Cenário, secção tipo e planta esquemática da
solução.
Figura 3.29: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Execução, vista da escavação e vista das colunas
e da posição do nível freático.
Existem no entanto outras formas de jet-grouting. Podem ser criadas cortinas através de painéis
interligados de solo aglutinado entre furos pré preenchidos com calda, sem rotação da vara
(figura 3.30b) ou criadas asas através de uma tecnologia designada por “wing jet” (figura 3.30c)
que usa jatos duplos de água, posicionados um do outro a 90º em planta, com um jato de calda
centrado a um nível inferior também sem rotação, resultando numa massa em forma de cunha,
de forma a selar juntas verticais enterradas – por exemplo de estacas tangentes numa cortina,
prevenindo assim passagem de água [69].
Figura 3.30: Diferentes formas de jet grouting (adaptado) – a) colunas, b) painéis, c) asas (adaptado)
O jet grouting é assim um método que tem vindo a ganhar terreno face às soluções tradicionais
de reforço/melhoramento de solos. No entanto, o controlo da água – o qual se pretende estudar
neste documento – é onde se verifica o uso do jet grouting com maior frequência [69], quer em
soluções temporárias quer nas definitivas, sendo a selagem de juntas ou execução de tampões
de fundo exemplos do seu uso neste âmbito.
Tal como no jet grouting, esta técnica é primariamente utilizada para tratamento de solos em
aterros ou com fins ambientais. Pode no entanto ser utilizada como complemento a estruturas
de contenção, face ao carácter estanque da solução ou como própria estrutura de contenção,
desde que devidamente reforçada (com, por exemplo, perfis metálicos, a inserir no solo-cimento
fresco).
a) b) a) b)
Figura 3.31: DSM – Deep Soil Mixing – a) equipamento de Figura 3.32: CSM – Cutter Soil Mixing – a) equipamento
eixo vertical), b) resultado: colunas. de eixo horizontal, b) resultado: painéis.
As técnicas atualmente utilizadas em Portugal são a DSM – Deep Soil Mixing (figuras 3.31a
[76] e 3.31b [77]) – e a CSM – Cutter Soil Mixing (figura 3.32 [78]) que diferem essencialmente
na ferramenta de agitação. A primeira é de eixo vertical – haste com pá misturadora – e a
segunda, mais recente, de eixo horizontal – hidrofesa. O resultado é, para o DSM, a construção
de colunas de secção circular de solo-cimento (estanque) e, no CSM, a execução de painéis.
São por vezes encontradas em bibliografia científica ou material técnico/comercial de empresas
especializadas outras designações, nomeadamente SMW – Soil Mixing Wall [79] – ou MIP –
Mixed In Place [80]. No entanto, estas são apenas variantes tecnológicas que têm por base
hastes de eixo vertical (por vezes duas ou três), pelo que podem ser designadas pelo termo
genérico DSM.
Como pode ser verificado na figura 3.33 [81], na utilização destas tecnologias como estrutura
de impermeabilização, os painéis de solo-cimento com secção transversal retangular realizados
através da tecnologia de CSM são claramente vantajosos face às colunas de solo-cimento
obtidas nos métodos DSM, uma vez qua a secção efetiva é maior e o número de juntas menor,
que são zonas críticas por onde a água se pode infiltrar, conferindo assim maior capacidade
estanque à estrutura de contenção [82]. Além disso, no caso em que se pretende a sua utilização
como estrutura de contenção (resistente), são mais versáteis os painéis CSM, face à
possibilidade do uso de diferentes tipos de elementos de reforço dos painéis bem como à
possível otimização do posicionamento no próprio painel.
Figura 3.33: Comparação da geometria retangular dos painéis de CSM com as colunas de DSM.
No uso de soluções de Deep Mixing como contenção, as mesmas têm, face a soluções mais
tradicionais de contenção (cortina de estacas, por exemplo), como desvantagens o risco de
encontrar obstruções (especialmente em DSM, já que a fresa em CSM pode através de
velocidades diferentes de um lado e outro ser guiada) e o risco de encontrar solos contaminados,
que poderão ter impacto, pela interferência na cura e consequentemente na resistência da
mistura final de solo-cimento.
Neste quarto capítulo são expostos três casos de estudo de obras reais, selecionados de
bibliografia da especialidade pelo seu interesse para a temática em estudo: um por abordar um
acontecimento frequente – aparecimento de água pela laje de uma cave de um edifício de
habitação – mas cujo registo em bibliografia é escasso; outro pelo seu extremo interesse e pela
informação detalhada à qual tive o privilégio de ter acesso; um terceiro, que, por se desenvolver
em Coimbra, sempre me despertou alguma curiosidade.
Relativamente à exposição destes casos de estudo, optei por efetuar uma descrição corrida
(apenas com texto), a qual permite a sua total perceção. No entanto, para uma melhor
compreensão, são anexados no Anexo III alguns elementos adicionais, nomeadamente peças
desenhadas, quadros e figuras, tendo intercalado as correspondentes referências no texto. Opto
também por, contrariamente ao adotado para a restante tese, não utilizar referências
bibliográficas, preferindo indicar nesta introdução a bibliografia que serviu de base a cada um
dos casos apresentados.
Assim, no primeiro caso de estudo, pretende-se efetuar a análise de um problema, infelizmente
frequente, que é um exemplo claro de inadequação da implementação de uma solução de
fundação que, consequentemente, provoca a inadequação do espaço de um edifício para o fim
a que destina: a infiltração de água numa fundação de um edifício, com a consequente presença
sistemática desta na cave. Este é baseado num artigo apresentado na conferência REPAR 2000:
Encontro Nacional sobre Conservação e Reabilitação de Estruturas [59] e no conteúdo de uma
plataforma online de conteúdos de engenharia [48]. É ainda indicado outro artigo, apresentado
numa conferência internacional – Grouting and Deep Mixing 2012 – que fornece alguns
conceitos importantes relativos à compreensão da ação das resinas de poliuretano como solução
de impermeabilização de elementos de contenção periférica ou fundação [58].
O segundo caso de estudo, referente a um incidente ocorrido durante a construção da estação
de metropolitano do Terreiro do Paço, não aborda uma reabilitação de um edifício. No entanto,
dado o seu extremo interesse para a compreensão do problema em análise e de possível
estratégia de resolução e ao facto de o mesmo não ser do conhecimento geral, optou-se pela sua
inclusão nesta tese. Por outro lado, o facto de o problema a tratar – ocorrido durante a fase de
construção é certo – ter ocorrido na fase final da escavação, com a estrutura de contenção
periférica praticante construída (e nessa visão numa estrutura edificada) permite que o mesmo
seja visto, noutra escala, como uma solução de reabilitação. Para a apresentação deste caso de
estudo foi relevante o documento fornecido pelo Prof. Dr. Jorge Almeida e Sousa [83] (e as
comunicações pessoais esclarecedoras que o complementarem), do qual é coautor, que aborda
especificamente os aspetos hidráulicos da obra, os quais condicionaram consideravelmente a
construção e o desempenho do projeto. Foram também consultadas duas teses académicas,
alusivas à construção da estação do Terreiro do Paço, de onde pude retirar algumas referências
importantes [84] [85].
A seleção do terceiro caso de estudo teve como princípio, não só a curiosidade pessoal, mas
também o alargamento do âmbito da investigação. Deste modo, se nos casos anteriores foram
apresentados casos de reabilitação de edificados recentes – um dos exemplos centrou-se até
num edificado ainda em fase de construção – e problemas das próprias soluções de contenção
e fundação, neste pretende-se avaliar o contributo das soluções de impermeabilização para a
preservação e recuperação de um monumento de interesse manifesto nacional. Para além deste
aspeto, este último caso permite também, contrariamente às soluções locais dos anteriores,
avaliar uma solução de outra dimensão espacial, de outra abrangência, que permitiu requalificar
não só um edifício mas salvaguardar um completo conjunto patrimonial, dando resposta ao
requerido. Este último caso recorreu a um maio número de elementos bibliográficos que os
anteriores, sendo a sua origem vasta: relatórios técnicos [86] [87], um artigo publicado em
revista científica [88] e um outro apresentado em conferência [89], uma monografia [90] e
artigos publicados em revistas sobre arquitetura e património edificado [91] [92] [93].
4.1.1 O Cenário
O caso refere-se a um edifício recente (não há fontes para o datar com precisão mas verifica-se,
pelo tipo de construção, que à data do caso teria seguramente menos de 20 anos e provavelmente
menos de 10 anos), de grande extensão, situado em zona costeira do centro do país.
O pavimento da cave – usado para estacionamento automóvel – é constituído por uma laje
maciça de betão armado, com 0,35m de espessura, situada 3 a 6m abaixo do N.F., devidamente
dimensionada à subpressão. Nas juntas de betonagem e dilatação – que chegam a estar
espaçadas de 100m – tinham sido incluídos perfis waterstop, posicionados aproximadamente a
meia altura.
4.1.2 O Problema
A laje da cave sofria de uma anormal infiltração de água, em diversos pontos de exsurgência,
sendo recorrente a presença de água no pavimento (figura III.1 [59]). Após uma detalhada
análise foi possível enumerar as zonas de infiltração bem como as anomalias construtivas
associadas:
infiltração em juntas de dilatação, por ineficácia do perfil waterstop;
infiltração em juntas de betonagem, por falha de aderência das interfaces (abertura
excessiva) bem como do betão ao perfil waterstop;
infiltração de água em fissuras que, em alguns casos, atravessavam a totalidade da laje,
por retração do betão, face às excessivas extensões dos elementos;
infiltração por chochos no betão, provocados por segregação, que, associados a falta de
aderência às armaduras, constituíam caminhos ótimos para a circulação da água.
infiltrante para o interior do betão e, depois de este estar completamente selado, que crie
uma película aderente na superfície inferior, evitando o contacto direto da superfície do
betão com a água (figura III.4 [59]).
2. Inserção na furação de injetor metálico, com válvula de retenção.
3. Injeção de poliuretano hidrofílico, mais viscoso do que o produto utilizado na
metodologia A, de menor tempo de reação e não dispersável em água, com formação de
gel (figura III.5 [59]).
O processo de intervenção foi conduzido de uma forma iterativa convergente pois, quando se
injetava determinada zona a subpressão hidrostática aumentava, fazendo com que aparecessem/
se visualizassem infiltrações em locais que anteriormente não tinham água. Este é um fenómeno
habitual em situações de impermeabilização, uma vez que, por regra, a água encontra sempre
caminhos para percolação, caso os mesmos existam. Deste modo, procedeu-se à injeção em
determinada zona, aguardou-se que a maré subisse (aumentando assim a pressão hidrostática),
injetando-se de seguida nos novos pontos de infiltração que surgiram. Estas anomalias foram
sendo sucessivamente resolvidas até estancar todas as entradas de água.
Por outro lado, as zonas com chochos e percolação de água pela interface aço/betão eram as de
mais difícil resolução pois, muitas vezes, injetava-se pelo tardoz diretamente na zona adjacente
à infiltração e a água migrava pela armadura, saindo noutro ponto onde o betão era menos
consistente, constatando-se a ineficácia da intervenção. Para resolver este problema efetuaram-
se sondagens, para averiguar os pontos de entrada de água, tratando-se cada uma destas zonas
por tentativas sucessivas, até estancar a infiltração (figuras III.6 [59] e III.2 [59]).
A metodologia B revelou-se mais eficaz para as fissuras de maior abertura, para as zonas de
chochos e para os casos de maior velocidade de penetração de água, dado que o material tinha
um menor tempo de gel e, simultaneamente, uma maior viscosidade, logo era menos suscetível
ao arrastamento para fora das fendas antes da sua cura. Os poliuretanos hidrofílicos são mais
difíceis de injetar, mas, tendo uma viscosidade maior, são simultaneamente mais difíceis de
arrastar pela água. Logo, quando é necessário criar uma membrana de estanquidade de elevada
aderência pelo tardoz da estrutura, este é o processo mais eficaz.
4.2.1 O Cenário
A estação do Terreiro do Paço tem um desenvolvimento retilíneo ao longo de 141m e é ligada
nos topos a túneis pré-existentes (na realidade foi previamente executado o túnel com recurso
a tuneladora, tendo o mesmo cedido na zona onde veio a ser implementada a estação, motivo
pelo que foi completamente enchido com betão pobre). A construção cut and cover exigiu a
execução de uma escavação que atingiu a profundidade de 25,5m.
A geologia da zona é caracterizada por um substrato miocénico, composto maioritariamente
por argilas consolidadas de alta resistência, sobre o qual se encontra uma camada de aluviões
argilo-lodosos e lodo-arenosos moles a muito moles, de espessura variável, entre 3,5m e 20,5m;
à superfície, encontram-se depósitos mais recentes de características heterogéneas e
medianamente compactos (figuras III.7 [84], III.8 [84], III.9 [84], III.10 [84], III.11 [84] e III.12
[84]). O nível freático encontra-se próximo da superfície e varia com a maré.
As cortinas de contenção periférica são constituídas por estacas secantes, sendo as primárias de
Ø1,50m (de bentonite cimento) afastadas (entre eixos) 1,75m e as secundárias (de betão
armado) do mesmo diâmetro, posicionadas intercaladas com as anteriores com igual
afastamento (figura III.13 [84]), com comprimento variável entre os 34 e os 36m, permitindo
um encastramento de 8,0m no Miocénico. À medida que a escavação se processava, um forro
interior de betão armado com 0,8m de espessura ia sendo construído, ficando as cortinas com
uma espessura total da ordem dos 2,30m.
O suporte provisório da cortina foi assegurado por um sistema de 5 níveis de escoras metálicas
pré-esforçadas e agrupadas duas a duas. Foi ainda executada, previamente ao início da
escavação, uma laje de jet grouting com 3m de espessura na zona larga da estação entre o túnel
existente (previamente enchido com betão pobre) e a cortina de estacas, funcionando o conjunto
como uma escora contínua entre as cortinas de contenção, permitindo a existência de um
elemento de suporte previamente à execução da escavação. (figura III.14 [84]).
Existem ainda 56 estacas de betão armado do mesmo diâmetro (Ø1500mm) que servem de
fundação à estrutura interna da estação e à laje de fundo. O alívio das subpressões na laje de
fundo é conseguido por meio de um sistema de drenagem sob a laje que conduz as águas
afluentes para um poço de bombagem localizado a nascente (figura III.15 [84]).
Destaca-se ainda que, face à complexidade da geologia da zona de implantação e à precaridade
das características geotécnicas, foi definida a instalação no interior da estação, a profundidade
variável (acompanhando a escavação) de um sistema de poços de alívio juntamente com
piezómetros – especificados no completo plano de instrumentação da obra, cujos dispositivos
e instruções de monitorização estão listados no quadro III.1 [84] – de forma a controlar a pressão
intersticial durante a escavação, os quais estão devidamente assinalados na figura III.16 [83].
4.2.2 O Problema
Durante a construção da estação, perto do final da escavação – a 10 de Maio e a 2 de Junho de
2003 – ocorreram dois incidentes, verificando-se a entrada de água e solo para o interior da
zona larga da estação. Na figura III.17 [83] é visível a localização dos incidentes, bem como o
estado dos trabalhos à data.
O primeiro incidente deveu-se a um desvio da verticalidade da estaca primária (bentonite-
cimento) que formava o vértice da parede em planta, criando uma falha entre a estaca e a
adjacente, por onde se deu a infiltração.
O segundo incidente teve causa similar, no entanto o desvio da estaca de canto foi menor e
verificou-se a maior profundidade, perto do contacto entre os aluviões e o estrato miocénico de
argila consolidada.
Assim, os dois incidentes tiveram causa semelhante, associada ao facto de algumas estacas
terem sofrido, durante a execução, ligeiros desvios para o exterior, comprometendo a
impermeabilidade da cortina, conforme ilustra a figura III.18 [85].
Depois da caracterização, foi tomada a decisão de proceder a injeções com calda de cimento no
tardoz da cortina nos seguintes pontos (figura III.20 [84]):
i. todos os cantos (côncavos ou convexos) da estação, com exceção onde a laje de fundo
tinha sido já betonada (figura III.17 [83]);
ii. pontos da zona este onde foram detetados os maiores desvios (cerca de 20% do
perímetro);
iii. toda a zona oeste, pela dificuldade em executar uma caracterização conclusiva em
condições de segurança (a zona foi entretanto cheia com areia para corrigir uma
sobrescavação que poderia, por falta de escoramento, instabilizar a cortina).
Dois esquemas de injeção foram definidos, com 2 e 3 alinhamentos dos furos de injeção. Como
se pode verificar na figura III.21 [84], o limite superior da injeção foi definido com 2,0m de
sobreposição com o forro interior, sendo para limite inferior exigido 4,0m a 6,0m de penetração
no Miocénico, com as válvulas espaçadas 0,5m. Campanhas experimentais foram
primeiramente realizadas, com confirmação de um decréscimo substancial na permeabilidade
do solo através de furos de sondagem e ensaios Lefranc.
Foram observadas infiltrações pontuais dentro da escavação de calda durante o tratamento.
Ultrapassado o problema que levou à intervenção (controlado o problema de infiltração) e
verificando-se que as repercussões na envolvente estavam normalizadas (os assentamentos
estabilizaram e os níveis de água estavam repostos), restou avaliar o impacto da intervenção na
própria estrutura bem como a real origem do problema. Deste modo, estando o objetivo de
impermeabilização cumprido, passou-se à análise – (uma vez mais) através do completo plano
de instrumentação (dispositivos listados no quadro III.1 [84]) da obra e de dispositivos
adicionais instalados não só na própria obra mas também em edifícios vizinhos (figura III.2
[84]) – das tensões e deslocamentos que as injeções introduziram na estrutura e nos edifícios
sob observação. Constatou-se perante a relevância destes – deslocamentos da parede,
identificados, a título de exemplo no Inclinómetro I4 no gráfico da figura III.22 [83] e acréscimo
de tensões, visível, a título de exemplo nas escoras 2.5 (eixo 3) no quadro III.3 [84] e gráfico
da figura III.23 [84]. – a necessidade de proceder ao redimensionamento do projeto,
nomeadamente através da instalação de escoras extra.
Quanto à origem da água, foi através de sondagens e piezómetros, efetuado um levantamento
da localização do aquífero (que atravessa a camada miocénica), dado de extrema importância
não só para o redimensionamento que foi efetuado mas igualmente para o desenvolvimento da
obra que se seguiu e para a segurança da mesma, bem como para a reavaliação das condições
de drenagem (e bombagem) necessárias ao funcionamento da estação, a qual foi desde o início
assumida como necessária, perante a impossibilidade realista de executar uma estrutura
totalmente estanque em condições geotécnicas e hidrológicas tão complexas.
4.3.1 O Cenário
O Mosteiro de Santa Clara, situado na margem esquerda do rio Mondego, em plena cidade de
Coimbra, cuja construção se iniciou em 1316, foi ocupado em 1317, tendo-se iniciado em 1330
a construção do seu claustro. A sua localização, à beira do Mondego, desde cedo condenou o
seu destino. Em 1331, em pleno estaleiro de construção dá-se a primeira cheia, algo que se
repetiu inicialmente de forma cíclica mas que rapidamente se agravou com o rápido processo
de assoreamento do rio, tendo-se tornado praticamente inabitável no séc. XVI. No século
seguinte D. João IV ordenou a construção de um novo mosteiro, ocupado pelas clarissas em
1617, data a partir do qual o Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha – como desde então passou a ser
conhecido – foi deixado ao abandono, tendo sobrevivido apenas a igreja até meados do séc.
XIX. Encontrando-se num estado de verdadeira ruína, foi classificado como Monumento
Nacional em 1910, sem que nenhum melhoramento tenha sido efetuado.
A construção da barragem da Aguieira (aproximadamente 30 km a montante) e da ponte açude
(500m a jusante) no início da década de 80 do séc. XX, permitira controlar as cheias do
Mondego mas a igreja, apesar das intervenções pontuais ao nível das coberturas de que foi alvo,
permanecia num estado de abandono, espelhado num lençol de água onde estava parcialmente
mergulhada (figura III.24 [94], de data prévia às obras anteriormente referidas, que permitiram
regularizar o Rio Mondego).
Em 1989, o IPPC (Instituto Português do Património de Portugal) – ao qual sucedeu o IPPAR,
o IGESPAR e atualmente a DGPC – lançou um concurso de ideias para a recuperação do
monumento. A ideia vencedora não veio a ser implementada, uma vez que a empreitada se
tornou incompatível com o desenvolvimento da operação arqueológica que a precedia. Esta,
iniciada em 1995, contemplava a remoção das águas, areias e lodos através do sistema “air lift”,
o qual se revelou ineficaz face aos diversos entupimentos na tubagem, quer pela plasticidade
dos solos quer pelos materiais soltos misturados nos lodos. A escavação arqueológica foi
viabilizada através do rebaixamento do nível freático, com recurso a um sistema de bombagem
constituído por 13 furos de captação e 3 poços de bombagem.
Em Novembro de 1995 foram descobertas as ruínas do claustro, 5 a 6m abaixo do nível original
da água. Face à sua “singularidade no contexto não só da arquitetura mendicante, mas também
da arquitetura gótica em geral”, foi considerado do maior interesse que o mesmo pudesse ser
visitado (figura III.25 [91]).
4.3.2 O Problema
Perante a quantidade e diversidade de material arqueológico, tornou-se necessário redefinir a
estratégia de intervenção arqueológica, tendo sido não só redimensionada a equipa no local
como alargado o domínio técnico do estudo, com a colaboração de especialistas de áreas como
a Engenharia, Geologia, Arquitetura, Botânica, Antropologia e História de Arte.
O sistema de bombagem funcionava 24h sobre 24h e o que tinha sido criado como uma solução
temporária de duração limitada apresentava-se com a necessidade de ser definitiva para a
preservação do local, que era incomportável. Consequentemente, foi promovido pelo IPPAR
um fórum de estudo que formulou 3 opções:
i. remoção permanente da água do conjunto patrimonial, de uma forma definitiva;
ii. criação de um “espelho de água” com a inundação da área escavada;
iii. selagem e enchimento das zonas escavadas com posterior re-inundação após estudo
arqueológico.
Entretanto (campanha de 1997) foram desenvolvidos trabalhos de prospeção geológico-
geotécnica – envolvendo furos de sondagem (alguns entrando no maciço subjacente à camada
aluvionar), SPTs, ensaios de permeabilidade do tipo Lefranc e de absorção de água do tipo
Lugeon bem como um ensaio de bombagem a caudal constante e diversos ensaios de
caracterização das amostras retiradas que, a par com os da primeira campanha (1984/1985)
permitiram caracterizar o solo no local da seguinte forma:
C1 – Depósitos de aterros antigos, arenosos a argilosos, com pedras e fragmentos de
cerâmica castanha a amarelada, por vezes com intercalação de lodos cinzentos, com
espessura variável entre 0,5 e 8,5 m.
C2A – Lodos siltosos e arenosos cinzentos escuros, moles a muito moles, com espessura
variável entre 1,0 e 9,0 m.
C2B – Areias médias a grosseiras, mais ou menos argilosas, por vezes com seixos,
medianamente a muito compactas, com espessura entre 3,0 e 12,5 m.
C2C – Depósitos grosseiros constituídos por areia e cascalheiras, mais ou menos argilosas,
geralmente muito compactas, com espessura variável entre 5,0 e 16,0 m.
C3A – Argilas amarelas a cinzentas escuras, folhetadas, ligeiramente margosas, moles a
muito moles, em camadas descontínuas de forma lenticular e espessura média de 2,0 m.
C3B – Margas amareladas a acastanhadas com intercalações de calcários margosos
pulverulentos, por vezes dolomíticas, com espessura entre 2,0 e 10,0 m, resistência variável
e elevada permeabilidade (21 a 47 UL).
C3C – Camada individualizada de argila mole cinzenta escura, no seio das margas (C3B)
com superfícies espelhadas, de baixa resistência, com espessura média de 3,0m.
C3D – Calcários margosos muito fraturados e carsificados (incluindo uma caverna com 1m
de altura), cinzentos a amarelados, por vezes pulverulentos a detríticos, de significativa
permeabilidade.
A localização das sondagens em planta é apresentada na figura III.26 [86], sendo nas figuras
III.27 [86], III.28 [86], III.29 [86], III.30 [86], III.31 [86] e III.32 [86] visíveis os cortes
geológico-geotécnicos ao longo dos quatro alinhamentos da parede moldada
auto-endurecedora. Existiu ainda uma campanha em 1958/1959, cujos valores contribuíram
igualmente para a caracterização mas cuja localização das sondagens não é rigorosa.
Em 1998, o Governo anuncia a decisão de preservação num “ambiente seco”, pelo que se
iniciam os estudos (na realidade o LNEC retoma estudos efetuados pela empresa Hidroprojecto
em 1983) para desenvolver uma solução cumprindo os objetivos propostos pelo Governo ou
mais concretamente pelo IPPAR.
No período subsequente à construção da parede, foram ainda efetuados ensaios in situ à parede
moldada, nomeadamente ensaios de bombagem, que permitiram constatar que a eficiência da
parede moldada na redução de percolação é superior à eficiência da cortina de injeção.
No entanto, os resultados das campanhas de observação ocorridas em Novembro de 2002,
Dezembro de 2002 e Setembro de 2007 permitiram concluir que a parede moldada e a cortina
de impermeabilização cumprem a sua função de impermeabilização. O caudal residual médio
afluente é agora cerca de 10% (180m³/h) do caudal bombado antes da obra (2000m³/h) e o nível
de água no interior da área contida é mantido 5-6m abaixo do nível exterior.
Postas a descoberto as áreas submersas do complexo conventual, os trabalhos arqueológicos
puderam continuar, tendo sido, face à riqueza da informação, definido posteriormente um
programa museológico que integra a manutenção da igreja e do claustro enquanto ruína a par
de um novo edifício-museu de apoio, permitindo transformar uma ruína submersa num
monumento visitável por todos (figuras III.36 [95], III.37 [95] e III.38 [95]).
de água no solo) bem como os custos associados à sua manutenção com carácter permanente.
Abordam-se ainda os revestimentos de impermeabilização. Se o seu uso pelo exterior –
associado, por regra, a um sistema de drenagem como forma de garantir a sua eficácia –, na
fase de construção é, para alguns casos de fundações e contenção periféricas, uma garantia de
impermeabilização, a sua aplicação pelo interior é, noutras situações, um último recurso e a
solução de reabilitação apropriada. Importa neste caso conhecer as características dos produtos
bem como o seu âmbito e método de aplicação (Quadro I.1), uma vez que a necessidade de uma
base para aplicação (sistemas aderentes) ou o acabamento final interior são condicionantes
importantes na escolha da solução, sendo por vezes necessária a sua ocultação – podendo até
ser conjugado, como solução de recurso, com um sistema de drenagem pelo interior igualmente
oculto, como é exemplo o caso de uma caleira e parede de ocultação.
A análise permitiu ainda concluir que é claramente compensatório – pelo volume de trabalho
que um tratamento/correção acarreta e consequentemente o custo associado – zelar pela
impermeabilização dos sistemas de fundação e contenção periférica de edifícios desde o seu
projeto e construção, evitando assim a posteriori o recurso a soluções de reabilitação. No
entanto, constatou-se que, perante a oferta de soluções existentes no mercado, é efetivamente
possível corrigir a impermeabilização de um edifício, nomeadamente ao nível dos elementos
deste que confinam com o solo. Mas, também nesta fase, a imprevisibilidade existe, sendo
crucial o ensaio da metodologia a implementar, previamente à sua aplicação e, se necessário, a
adaptação das soluções inicialmente previstas à realidade do local, bem como o correto estudo
dos efeitos secundários que uma solução pode acarretar.
Importa contudo não esquecer que não há soluções de impermeabilização totalmente estanques
e a drenagem interior é de extrema utilidade. Importa por isso, desde a fase de projeto,
especificar o grau de estanquidade que se pretende alcançar, utilizar elementos e técnicas
construtivas em conformidade com o pretendido e, pelo interior, após limitar a penetração de
água, proceder à sua recolha e encaminhamento para o exterior.
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ANEXO I:
Revestimentos de impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e classificação de
acordo com o método de aplicação.
Legenda:
X situação corrente
(X) situação pouco habitual Quadro I.1: Revestimentos de Impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e classificação de acordo com o método de aplicação
Parte 1/2
I.2
Soluções de impermeabilização na reabilitação ANEXO I
de contenções periféricas e fundações de edifícios
Materiais Sistemas
Semiaderente
Classificação Denominação Descrição Modo de aplicação Vantagens Desvantagens Aderente Fixação Flutuante Monocapa Multicapa
Colagem
mecânica
I.3
Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO II
ANEXO II:
Quadro resumo de processo comparativo de escolha da solução a adotar para a
impermeabilização de estruturas enterradas [53].
ANEXO III:
Elementos relativos aos Casos de Estudo.
Figura III.1: Aspeto da laje da cave, sendo visível a água decorrente das infiltrações.
Figura III.2: Aspeto da laje após intervenção, sendo visível o pavimento seco.
Figura III.7: Planta de localização da estação com indicação dos cortes geológicos.
Figura III.14: Planta e perfil transversal da laje de jet-grouting ao nível do eixo do túnel.
Figura III.16: Planta de localização dos poços de alívio (RW – relief wells) para controlo da pressão
sob a escavação.
a)
b)
Figura III.17: Planta (a) e perfis transversais (a) identificando a localização dos incidentes ocorridos a 10 de Maio (1st
incident) e a 2 de Junho de 2003 (2nd incident).
Figura III.18: Pormenor de duas estacas Figura III.19: Registos piezométricos (piezómetros PZ3 e PZ5)
desalinhadas. no período prévio, durante e imediatamente após o primeiro
incidente (adaptado).
Figura III.20: Planta de localização de injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas de estacas secantes com indicação
da respetiva calendarização.
Figura III.21: Perfil transversal tipo ao eixo 3 (zona estreita a poente) da estrutura da estação com
indicação da localização das injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas de estacas secantes.
Figura III.23: Evolução do esforço normal nos pares de escoras 2.5 (eixo 3), no período de 1 de Agosto 2003 a 1 de Junho
de 2004, englobando os períodos de injeções de calda de cimento no tardoz das estacas.
Quadro III.3: Esforços normais dos pares de escoras 2.5 (eixo 3) antes e após cada fase de injecção de calda de cimento no
tardoz das estacas.
Figura III.25: Vista aérea sobre a igreja e claustro numa fase da operação arqueológica.
SEM ESCALA
SEM ESCALA
SEM ESCALA
Figura III.27: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 1/3.
SEM ESCALA
Figura III.28: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 2/3.
SEM ESCALA
Figura III.29: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 3/3.
SEM ESCALA
SEM ESCALA
SEM ESCALA
SEM ESCALA
SEM ESCALA
Figura III.34: Perfil transversal ao rio Mondego com implantação da cortina de contenção.
Quadro III.4: Anomalias detetadas na execução dos painéis da parede moldada auto-endurecedora.
Figura III.36: Vista aérea da igreja, ruínas do claustro e espaço envolvente, com o centro de
interpretação em primeiro plano.
Figura III.37: Reconstituição do coro da igreja. Figura III.38: Arcos da igreja, de suporte a um 2º piso
atualmente inexistente.
ANEXO IV:
Quadro resumo da problemática das infiltrações em fundações e contenções periféricas de
edifícios e respetivas soluções.
Sistemas Grau de
Aplicação com Ocupação da área de Descompressão do Aplicabilidade Execução e escavação Condicionantes à Ações de prevenção /garantia (**) Possíveis soluções de correção Revestimento de impermeabilização
Acabamento interior Notas impermeabilização
pé-direito reduzido implantação terreno envolvente (tipo de terreno) abaixo do nível freático estanquidade final (*) (de impermeabilização) (de impermeabilização)
final pelo exterior pelo interior
Tratamento de juntas com
Muros de Suporte Alta a muito alta (para Má drenagem. Elementos waterstop em juntas. argamassas sem retração e
Não possível Relevante Bom Todos os tipos de solo. Exige rebaixamento. Solução não viável em reabilitação. Boa Telas betuminosas Argamassas aditivadas
(tecnologia tradicional) implantação) Juntas de betonagem ou dilatação. Garantir drenagem no tardoz. revestimento com impermeabilização
cimentícia.
Tratamento de juntas com
Muros executados com Desaprumo dos perfis Telas de PVC ou
Solos com compacidade e Solução não viável em reabilitação. Elementos waterstop em juntas. argamassas sem retração e
contenção provisória Não possível Significativa Relevante Bom Exige rebaixamento. (recobrimento reduzido) Média bentoníticas, não Argamassas aditivadas
coesão média a alta. Exige alguma coesão do terreno. Garantir drenagem no tardoz. revestimento com impermeabilização
tipo Berlim Juntas de betonagem ou dilatação aderentes
cimentícia.
Manta geotêxtil filtrante e uma camada Tratamento de juntas com
Solos com compacidade e Possível mas difícil. Exige alguma coesão do terreno. A Juntas entre painéis.
Muros de Berlim drenante em nylon no tardoz bem como argamassas sem retração e Argamassas aditivadas
Não possível Ligeira Relevante Bom coesão média a alta (solos Bombagem necessária em evitar em caso de Níveis Freáticos Número elevado de ancoragens. Má isoladamente Não aplicável
definitivos tubo drenante para recolha ao nível da revestimento com impermeabilização Tela PVC + parede
autossustentáveis). terrenos permeáveis. elevados.
sapata de fundação. cimentícia.
Escolha do método adequado
Solos incoerentes, solos Solução dispendiosa mas que pode
(encamisamento ou bentonite no caso Argamassas aditivadas
Significativa Exige trabalhos coerentes com compacidade garantir estanquidade. Verticalidade (profundidade)
Secantes Não possível Irrelevante Possível. Boa de solos soltos) para evitar problemas no Tratamento de juntas ou solo com Não aplicável Tela bentonítica + forro
C (meios pesados) adicionais baixa a média e rochas pouco Durabilidade limitada das estacas Consistência (trado contínuo).
corpo das estacas. Controlar injeções químicas ou execução de Tela PVC + parede
resistentes. plásticas (necessário forro).
O verticalidade. colunas de Jet Grouting.
N Escolha do método adequado Aplicação de dreno em cada linha de
Solos incoerentes, solos
T Cortinas Verticalidade (profundidade). (encamisamento ou bentonite no caso tangência previamente ao Argamassas aditivadas
Significativa Pequena Exige trabalhos coerentes com compacidade Com trabalhos adicionais, pode obter-
E de Estacas Tangentes Não possível Difícil (mau resultado final). Consistência (trado contínuo). Média a Má isoladamente de solos soltos) para evitar problemas no revestimento. Não aplicável Tela bentonítica + forro
(meios pesados) (em solos granulares) adicionais baixa a média e rochas pouco se uma solução impermeável.
N Moldadas Solos granulares sub N.F.. corpo das estacas. Controlar Tela PVC + parede
resistentes.
Ç verticalidade.
à Colocação de elemento drenante Argamassas aditivadas
Solos coerentes com
O Significativa Exige trabalhos entre as estacas e utilização de Tela bentonítica + forro
Afastadas Não possível Pequena compacidade baixa a média e Exige rebaixamento. Exige alguma coesão do terreno. Não aplicável Nula isoladamente Não aplicável. Não aplicável
(meios pesados) adicionais resinas expansivas na união entre Tela PVC + parede
rochas pouco resistentes.
P estacas e elemento de revestimento. (se regularizada)
E Elementos waterstop em juntas.
R Tratamento de juntas e ligações a
Juntas entre painéis (má execução Minimizar os movimentos da parede
I Solução praticamente estanque lajes com injeções químicas e
Não possível Significativa Razoável (aceitável pra ou movimentos excessivos da durante a escavação. Argamassas aditivadas
F Paredes moldadas Reduzido Maioria dos tipos de solo. Possível. aplicável a praticamente qualquer tipo Boa argamassas expansivas ou, se afluir Não aplicável
(6m mínimo) (meios pesados) usos não habitacionais) parede). Evitar painéis muito extensos e muito Tela PVC + parede
de solo. muita água, colocação de drenos nas
É Verticalidade. curtos (mais juntas).
juntas e recolha com caleira.
R Controlar verticalidade.
I
Colocação de elemento drenante Argamassas aditivadas
C Solos coerentes com
Exige trabalhos entre as estacas e utilização de Tela bentonítica + forro
A Cortinas de microestacas Possível Reduzida Irrelevante compacidade baixa a média e Exige rebaixamento. Exige alguma coesão do terreno. Não aplicável. Nula isoladamente Não aplicável. Não aplicável
adicionais resinas expansivas na união entre Tela PVC + parede
rochas pouco resistentes.
estacas e elemento de revestimento. (se regularizada)
F Juntas no ensoleiramento ou
Perfis hidroexpansivos, atenção a juntas
U Exige rebaixamento ou juntas com soluções de contenção Injeções de resinas.
de betonagem (rede metálica), controlo Membrana betuminosa
N Ensoleiramentos - - - - - tratamento prévio de exclusão - periférica. Média a Boa Rebaixamento permanente do Nível Argamassas aditivadas
do traço e da cura do betão, e/ou sobre massame térreo
(tampão). Ligação a estacas. Freático.
D revestimentos de impermeabilização.
Cabeças de ancoragem.
A
Ç Solução que, conjuntamente com Execução de colunas adicionais em
Efetuar colunas de ensaio.
Õ Tampão de fundo contenção periférica garante, não só Solos muito granulares (problemas zona deficientemente tratada. Não aplicável
- - - - - Possível. Muito boa Garantir adequada sobreposição e Não aplicável
E em jet grouting (****) impermeabilização mas funciona como de estabilização ou cura da calda). Rebaixamento permanente do Nível (solução impermeável)
verticalidade de colunas.
S escora da mesma ao nível inferior. Freático.
(*) são comuns a todas as soluções, por serem todas constituídas por betão armado, os potenciais problemas do betão, sendo os mais frequentes segregações ou porosidade excessiva.
(**) são igualmente comuns a todas as soluções, por serem todas constituídas por betão armado, certas normas comuns à execução de estruturas de betão, tais como correto dimensionamento, correta constituição do betão (granulometria, classe de resistência, classe de exposição, com a agravante da possível ação química do solo), aplicação (consistência e vibração) e cura.
(***) solução de reforço de solos que pode ser utilizada com solução de contenção periférica através da inclusão de elemento resistente - abordada no Capítulo 3.
(****) solução de reforço de solos com carácter impermeabilizante que pode ser utilizada como tampão de fundo - abordada no Capítulo 3.
Quadro IV.1: Quadro resumo da problemática das infiltrações em fundações e contenções periféricas de edifícios.
IV.2
IV.2