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Pedro Santos Gouveia

SOLUÇÕES DE IMPERMEABILIZAÇÃO NA
REABILITAÇÃO DE CONTENÇÕES PERIFÉRICAS E
FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS

WATERPROOFING SOLUTIONS FOR BUILDING


RETAINING WALLS AND FOUNDATIONS REHABILITATION
Dissertação de Mestrado em Reabilitação de Edifícios
orientada pelo Professor Doutor Jorge Nuno Veiga de Almeida e Sousa e pelo Professor Doutor Paulo Miguel Cunha Matos Lopes Pinto

Coimbra, 20 de Março de 2017


Pedro Santos Gouveia

SOLUÇÕES DE IMPERMEABILIZAÇÃO NA
REABILITAÇÃO DE CONTENÇÕES PERIFÉRICAS E
FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS

WATERPROOFING SOLUTIONS FOR BUILDING


RETAINING WALLS AND FOUNDATIONS REHABILITATION

Dissertação de Mestrado em Reabilitação de Edifícios


orientada pelo Professor Doutor Jorge Nuno Veiga de Almeida e Sousa e pelo Professor Doutor Paulo Miguel Cunha Matos Lopes Pinto

Esta Dissertação é da exclusiva responsabilidade do seu autor.


O Departamento de Engenharia Civil da FCTUC declina qualquer
responsabilidade, legal ou outra, em relação a erros ou omissões
que possa conter.

Coimbra, 20 de Março de 2017


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios

AGRADECIMENTOS

A elaboração desta dissertação teve o contributo, direto e indireto, de algumas pessoas, a quem
agradeço; em particular:

Ao Professor Doutor Jorge Almeida e Sousa, por me ter dado a oportunidade de abordar este
tema, pelo apoio e amizade que sempre demonstrou e pela forma cativante como
permanentemente partilha a sua ampla experiência, tendo contribuindo assim para o
enriquecimento dos meus conhecimentos enquanto Engenheiro. Foi com grande satisfação que
desenvolvi este trabalho sob a sua orientação.

Ao Professor Doutor Paulo Lopes Pinto, pela disponibilidade demonstrada na co-orientação


deste trabalho, pelos valiosos conselhos dados e pelo rigor da informação que transmite.

Ao Professor Doutor Raimundo Mendes da Silva, coordenador deste mestrado, pela


oportunidade que me proporcionou de participação neste curso de especialização e pela forma
interessada com que a acompanhou.

Ao meu colega e amigo Doutor David Taborda (Imperial College of London) não só pela
amizade mas pelos elementos bibliográficos disponibilizados e ajuda preciosa na composição
desta versão final.

Um agradecimento especial à minha mulher, Sílvia, pela paciência e compreensão


demonstrada, pelas vezes que foi mãe e pai em prol deste trabalho e pela ajuda na revisão do
documento. Aos meus filhos, Francisco e Mariana por aceitarem a minha dedicação a este
estudo e pelos seus sorrisos insubstituíveis.

À minha sogra Josette, pela dedicação aos netos, apoio sem o qual não teria sido possível
desenvolver esta dissertação.

Por último, mas não menos importante, aos meus pais, Fernando e Odete e ao meu irmão João,
que sempre estiveram presentes na minha vida, pelo apoio incondicional, ensinamentos e
oportunidades que me proporcionaram. Agradeço também aos meus pais pelo apoio aos netos,
nas ausências que este trabalho obrigou. Agradeço ao meu irmão pela ajuda na revisão do
documento.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios RESUMO

RESUMO

Um dos princípios da reabilitação de edifícios é adequar os edifícios antigos aos tempos


contemporâneos, melhorando-os nas condições de habitabilidade, conforto e acessibilidade.
Este aspeto, aliado à grande necessidade dos dias de hoje, principalmente em meio urbano, de
exploração cada vez maior do subsolo, faz com que a temática da contenção periférica e reforço
de fundações tenha especial relevância no meio.

Apesar de, no domínio estrutural, o conhecimento deste tipo de soluções ter evoluído bastante
nos últimos anos, o mesmo não foi acompanhado pela normalização ou generalização de
procedimentos específicos para estes trabalhos, o que tem resultado em problemas de
infiltrações, com consequentes danos não só nos próprios elementos mas igualmente problemas
de adequação à função nos espaços que ocupam o subsolo. A existência de escavações cuja
base se situa a maior profundidade do que o nível freático, associada a pontos frágeis na
impermeabilização da contenção periférica e/ou da fundação, originam frequentemente
problemas de resolução complexa e onerosa. Este é um assunto que não se cinge aos edifícios
mais antigos, mas que é transversal às obras enterradas e subterrâneas.

Pretende-se deste modo, quer por pesquisa bibliográfica da temática, quer pela abordagem a
três casos de estudo, reunir a maior informação possível sobre o tema, ao nível dos sistemas de
contenção periférica, fundações e ações complementares, abordando os principais problemas
de estanquidade, a forma de os prevenir, bem como sistemas de impermeabilização aplicáveis
e técnicas de reabilitação.

Assume-se assim o objetivo, para o presente trabalho, de efetiva contribuição para a


compreensão de um problema relevante da reabilitação de edifícios – a infiltração de água pelo
subsolo –, tendo em consideração as soluções existentes de reabilitação de contenções
periféricas e fundações de edifícios.

PALAVRAS CHAVE: Reabilitação de edifícios, Fundações, Contenções periféricas,


Infiltração, Impermeabilização.

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Waterproofing solutions for building
retaining walls and foundations rehabilitation ABSTRACT

ABSTRACT

One of the key principles in building rehabilitation is to render them adequate to contemporary
living standards, by improving habitability, comfort and accessibility. This issue, together with
the need of greater use of underground space in urban areas, reinforces the importance of
geotechnical works, such as support for excavations and reinforcement of foundations.

While, from a structural point of view, the knowledge and understanding of these types of works
has evolved considerably in the recent past, the same is not true in terms of standardization or
of specific procedures associated to geotechnical solutions. This has resulted in water ingress
and subsequent damage, not only to the structural elements, but also to the underground spaces
created, compromising their continuous usage. Excavations carried out below the groundwater
table, together with localised weaker points in the adopted waterproofing solutions, frequently
leads to problems of difficult and expensive resolution. Clearly, such problems are not limited
to older buildings, being of importance to all underground construction.

Through an extensive literature review and analysis and discussion of three case studies,
information relating to earth retaining structures, foundations and complementary systems is
gathered, focusing on problems of loss of water tightness and how to prevent them, as well as
on waterproofing systems and rehabilitation techniques.

This work aims at contributing towards improving the understanding of a relevant building
rehabilitation problem – water ingress through the contact between the structure and the soil –,
within the context of available solutions of soil retaining structures and building foundations
rehabilitation.

KEYWORDS: Building Rehabilitation, Foundations, Retaining structures, Infiltrations,


Waterproofing.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios SIMBOLOGIA

SIMBOLOGIA

γw – peso específico da água


% – por cento
C25/30 S4 D25 – designação do betão (classe de resistência / classe de consistência do betão /
/ máxima dimensão do agregado)
cm – centímetro
h – hora
hw – altura piezométrica
Kg – quilograma
Km – quilómetro
KN – Kilonewton
l – litro
m – metro
m³ – metro cúbico
mm – milímetro
mm² – milímetro quadrado
N – Newton
Ø – diâmetro
º – grau
s – segundo
u -pressão intersticial
UL – unidade Lugeon

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ABREVIATURAS

ABREVIATURAS

a.C. – antes de Cristo


Assentam. – Assentamento
atm - atmosferas
atual. – atualizado
B.A. – betão armado
BSI – British Standards Institution
CEN – European Committee for Standardization
Consult. – consultado
CSM – Cutter Soil Mixing
DEC-FCTUC – Departamento de Engenharia Civil – Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra
Deslocam. – Deslocamento
DGPC – Direcção Geral do Património Cultural
DM – deep mixing (estabilização química profunda)
DSM – deep soil mixing
Empolam. – Empolamento
EN – European Standards
EPDM - ethylene propylene diene monomer (borracha de etileno-propileno-dieno)
EUA – Estados Unidos da América
ex. – exemplo
facsimil – facsimilizada
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
I – Inclinómetro
IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto
IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico
IPPC – Instituto Português do Património de Portugal
ISO – International Organization for Standardization
ISSMGE – International Society for Soil Mechanics and Geotechnical Engineering
ite - Informação Técnica Edifícios
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
MIT – Massachusetts Institute of Technology
N.F. – nível freático
nº - número
pp. – páginas
PVC – policloreto de vinilo
PZ – Piezómetro
séc. – século

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ABREVIATURAS

SPT – Standard Penetration Test (Ensaio de Penetração Dinâmica)


UK – United Kingdom
USA – United States of America
vol – volume
ZI – Zonas de Injeção

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS............................................................................................................ i
RESUMO .............................................................................................................................. ii
ABSTRACT ......................................................................................................................... iii
SIMBOLOGIA ..................................................................................................................... iv
ABREVIATURAS ................................................................................................................. v
ÍNDICE ............................................................................................................................... vii
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... x
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................................... xiv
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
1.1 Enquadramento geral da temática ................................................................................. 1
1.1.1 Reabilitação e fundações........................................................................................ 1
1.1.2 História e técnica ................................................................................................... 1
1.1.3 Custos e dificuldades ............................................................................................. 3
1.2 Objetivos da tese .......................................................................................................... 4
1.3 Estrutura da Tese .......................................................................................................... 4
CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA DAS INFILTRAÇÕES EM FUNDAÇÕES E
CONTENÇÕES PERIFÉRICAS DE EDIFÍCIOS .................................................................. 6
2.1 Conceitos ..................................................................................................................... 6
2.1.1 Terminologia ......................................................................................................... 6
2.1.2 Humidade no solo e infiltrações em pisos enterrados ............................................. 7
2.1.3 Diagnóstico e correção de anomalias ..................................................................... 8
2.2 Sistemas de Fundações ............................................................................................... 10
2.2.1 Ensoleiramentos .................................................................................................. 11
2.2.2 Ligações de fundações a outros elementos ........................................................... 13
2.3 Sistemas de Contenção Periférica ............................................................................... 15
2.3.1 Metodologia tradicional ....................................................................................... 15
2.3.2 Contenções provisórias tipo Berlim ..................................................................... 18
2.3.3 Paredes tipo Berlim definitivo.............................................................................. 21
2.3.4 Cortinas de estacas moldadas ............................................................................... 23
2.3.5 Paredes moldadas ................................................................................................ 25
2.3.6 Cortinas de microestacas...................................................................................... 30
2.3.7 Ancoragens.......................................................................................................... 31
2.4 Síntese do capítulo ..................................................................................................... 34
CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES – ELEMENTOS, SISTEMAS E TÉCNICAS
COMPLEMENTARES ........................................................................................................ 35
3.1 Elementos waterstop .................................................................................................. 35
3.1.1 Perfis vinílicos, de PVC ou de borracha ............................................................... 36
3.1.2 Cordões hidroexpansivos ..................................................................................... 37

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

3.1.3 Perfis injetáveis ................................................................................................... 39


3.2 Revestimentos de Impermeabilização ......................................................................... 40
3.2.1 Aplicação a fundações ......................................................................................... 42
3.2.2 Aplicação a muros / metodologia tradicional........................................................ 42
3.2.3 Aplicação a muros com contenção provisória tipo Berlim .................................... 43
3.2.4 Aplicação a paredes tipo Berlim definitivo........................................................... 44
3.2.5 Aplicação a cortinas de estacas moldadas ............................................................ 44
3.2.6 Aplicação a paredes moldadas ............................................................................. 44
3.3 Drenagem................................................................................................................... 45
3.3.1 Drenagem de Elementos de Fundação .................................................................. 46
3.3.2 Drenagem de Sistemas de Contenção Periférica ................................................... 47
3.4 Rebaixamento do Nível Freático................................................................................. 48
3.5 Injeções ...................................................................................................................... 51
3.5.1 Injeções em elementos de fundação ou contenção ................................................ 52
3.5.2 Injeções em solos no limite exterior da parede de contenção ................................ 53
3.5.3 Cortinas de impermeabilização por injeção .......................................................... 53
3.6 Cortinas impermeabilizantes....................................................................................... 56
3.6.1 Cortinas de lama bentonítica ................................................................................ 56
3.6.2 Cortinas de betão plástico .................................................................................... 56
3.6.3 Cortinas calda de cimento .................................................................................... 57
3.7 Jet grouting ................................................................................................................ 57
3.8 Estabilização Química Profunda ou Deep Mixing (DM) ............................................. 61
3.9 Síntese do capítulo ..................................................................................................... 62
CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO .................................................................................. 63
4.1 Controlo de infiltração em fundação de cave de edifício ............................................. 64
4.1.1 O Cenário ............................................................................................................ 64
4.1.2 O Problema ......................................................................................................... 64
4.1.3 Solução de impermeabilização ............................................................................. 65
4.2 O incidente na cortina de contenção periférica da estação do Terreiro do Paço ........... 67
4.2.1 O Cenário ............................................................................................................ 67
4.2.2 O Problema ......................................................................................................... 68
4.2.3 Solução de impermeabilização ............................................................................. 68
4.3 A recuperação do mosteiro de Santa Clara-a-Velha .................................................... 70
4.3.1 O Cenário ............................................................................................................ 70
4.3.2 O Problema ......................................................................................................... 70
4.3.3 Solução de impermeabilização ............................................................................. 72
4.3.5 Incidentes posteriores .......................................................................................... 74
4.4 Síntese do capítulo ..................................................................................................... 75
CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO ......................................................................... 76
5.1 Considerações finais ................................................................................................... 76
5.1.1 Impermeabilização de sistemas de fundação de edifícios ..................................... 76

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

5.1.2 Impermeabilização de sistemas de contenção periférica de edifícios .................... 77


5.1.3 Impermeabilização na reabilitação ....................................................................... 77
5.2 Conclusões gerais ....................................................................................................... 78
5.3 Desenvolvimentos futuros .......................................................................................... 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 80
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 87
ANEXO I:............................................................................................................................ I.1
ANEXO II: .........................................................................................................................II.1
ANEXO III: ...................................................................................................................... III.1
4.1 Controlo de infiltração em fundação de cave de edifício .......................................... III.2
4.2 O incidente na cortina de contenção periférica da estação do Terreiro do Paço ........ III.4
4.3 A recuperação do mosteiro de Santa-Clara-a-Velha ............................................... III.13
ANEXO IV: ...................................................................................................................... IV.1

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1: Construção do metro de Berlim no início do séc. XX. .......................................... 2


Figura 1.2: Secção transversal da estrutura do parque Union Square Garage, com destaque
para a estrutura provisória de contenção periférica. ................................................................ 2
Figura 2.1: Soluções para laje de fundo. ............................................................................... 11
Figura 2.2: Detalhe típico de junta de betonagem, com uso de rede de aço galvanizado e
cordão hidro-expansivo (adaptado) ...................................................................................... 12
Figura 2.3: Desenho técnico de uma solução de impermeabilização de uma sapata............... 13
Figura 2.4: Impermeabilização de encabeçamento de estaca [cortesia Sika].......................... 14
Figura 2.5: Impermeabilização de encabeçamento de estaca [cortesia Sotecnisol] ................ 14
Figura 2.6: Sistema de impermeabilização na ligação da laje de fundo às paredes
definitivas executadas com cofragem perdido tipo Berlim. ................................................... 14
Figura 2.7: Muros de contenção ........................................................................................... 15
Figura 2.8: Drenagem de muros de suporte. ......................................................................... 16
Figura 2.9: Construção de sistema de drenagem incluindo tela drenante junto ao muro,
criação de cortina drenante em brita e dreno longitudinal (não visível) ................................. 16
Figura 2.10: Anomalias em muros de betão armado. ............................................................ 18
Figura 2.11: Caso de escavação muito larga. ........................................................................ 18
Figura 2.12: Contenções tipo Berlim provisório: faseamento construtivo. ............................ 19
Figura 2.13: Escavação para cave usando uma contenção provisória tipo Berlim, sendo
visível o primeiro nível de betonagem das paredes periféricas da superestrutura................... 20
Figura 2.14: Contenções tipo Berlim definitivo: faseamento construtivo. ............................. 22
Figura 2.15: Cortinas de estacas. .......................................................................................... 24
Figura 2.16: Sequência típica de construção de uma parede moldada. .................................. 26
Figura 2.17: Sequência de execução dos painéis de paredes moldadas: em contínuo (em
cima) e alternadamente (em baixo) ....................................................................................... 26
Figura 2.18: Uniões impermeáveis entre painéis (adaptado). ................................................ 28
Figura 2.19: Metodologia de construção usando painéis CWS (adaptado) ........................... 29
Figura 2.20: Sistemas de juntas waterstop montados através do painel. ................................ 29
Figura 2.21: Execução de microestaca no interior de um edifício. ........................................ 30
Figura 2.22: Constituição típica de uma ancoragem em terreno (adaptado de Pinelo, 1980). . 31
Figura 2.23: Furação para execução de ancoragem em viga de coroamento de cortina de
estacas. ................................................................................................................................ 32
Figura 2.24: Exemplo de proteção em cabeça de ancoragem e zona de transição da cabeça-
comprimento livre (adaptado) .............................................................................................. 33
Figura 3.1: Perfis usuais waterstop, que podem ser de PVC, borracha ou vinílicos. .............. 36
Figura 3.2: Exemplos de aplicação de perfis flexíveis waterstop........................................... 36
Figura 3.3: Perfis waterstop flexíveis (i) D 320 KF e (ii) A 320 KF, de acordo com a norma
DIN 18541-2. ....................................................................................................................... 37

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

Figura 3.4: Exemplo de aplicação de cordões hidroexpansivos em juntas horizontais e


verticais. .............................................................................................................................. 38
Figura 3.6: Selante de borracha butílica aplicado em bisnaga no contorno de tubagem. ........ 38
Figura 3.5: Cordão bentonítico hidroexpansivo instalado no contorno de um tubo de grande
diâmetro previamente a betonagem. ..................................................................................... 38
Figura 3.7: Detalhe de aplicação de cordão waterstop expansivo, recorrendo ao seu
posicionamento num sulco no elemento previamente betonado. ........................................... 39
Figura 3.8: Perfil waterstop em material vinílico com canal central para injeção. ................. 39
Figura 3.9: Tubos injetáveis para juntas. .............................................................................. 39
Figura 3.10: Esquema de aplicação de impermeabilização em muros enterrados [cortesia
Sotecnisol] ........................................................................................................................... 43
Figura 3.11: Exemplo de dreno superficial sob pavimento térreo (massame não estrutural)
e dreno periférico. ................................................................................................................ 46
Figura 3.12: Sistema de valas e poço de bombagem (adaptado). ........................................... 49
Figura 3.13: Sistema de agulhas filtrantes (adaptado). .......................................................... 49
Figura 3.14: Sistema de ejeção (adaptado)............................................................................ 50
Figura 3.15: Sistemas de poços profundos (adaptado). ......................................................... 50
Figura 3.16: Sistema de poços de alívio de pressão (adaptado). ............................................ 51
Figura 3.17: Injeção de Poliuretano ...................................................................................... 52
Figura 3.18: Injeção de epoxy em fissura de parede de betão. ............................................... 52
Figura 3.19: Sequência de reparação de uma infiltração duma parede com argamassa de
presa rápida. ......................................................................................................................... 52
Figura 3.20: Injeções pontuais para controlo de permeabilidade. .......................................... 53
Figura 3.21: Limites de penetrabilidade de calda conforme a permeabilidade dos terrenos. .. 54
Figura 3.22: Limites de penetrabilidade de caldas conforme granulometria dos terrenos
(segundo Caron)................................................................................................................... 54
Figura 3.23: Limites de penetrabilidade de caldas conforme granulometria dos terrenos ...... 54
Figura 3.24: Corte, expondo a solução de contenção e impermeabilização utilizada no
projeto (adapatado). ............................................................................................................. 55
Figura 3.25: Etapas de execução de colunas de jet grouting. ................................................. 58
Figura 3.27: Perfil transversal de uma solução de contenção periférica (tipo Berlim
definitivo) com tratamento do terreno a tardoz com colunas de jet grouting, limitando a
afluência do caudal de água ao interior da escavação. ...................................................... 59
Figura 3.26: Exemplo de reforço de solos (tratamento de permeabilidade) em junta de
parede moldada suscetível de infiltração (adaptado). ............................................................ 59
Figura 3.28: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Cenário,
secção tipo e planta esquemática da solução. ........................................................................ 59
Figura 3.29: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Execução,
vista da escavação e vista das colunas e da posição do nível freático. ................................... 59
Figura 3.30: Diferentes formas de jet grouting (adaptado) – a) colunas, b) painéis, c) asas
(adaptado) ............................................................................................................................ 60

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

Figura 3.31: DSM – Deep Soil Mixing – a) equipamento de eixo vertical), b) resultado:
colunas................................................................................................................................. 61
Figura 3.32: CSM – Cutter Soil Mixing – a) equipamento de eixo horizontal, b) resultado:
painéis. ................................................................................................................................ 61
Figura 3.33: Comparação da geometria retangular dos painéis de CSM com as colunas de
DSM. ................................................................................................................................... 62
Figura III.1: Aspeto da laje da cave, sendo visível a água decorrente das infiltrações......... III.2
Figura III.2: Aspeto da laje após intervenção, sendo visível o pavimento seco................... III.2
Figura III.3: Metodologias de injeção. ............................................................................... III.3
Figura III.4: Furação. ........................................................................................................ III.3
Figura III.5: Injeção. ......................................................................................................... III.3
Figura III.6: Aspeto da laje após injeção e previamente à remoção dos injetores. .............. III.3
Figura III.7: Planta de localização da estação com indicação dos cortes geológicos. .......... III.4
Figura III.8: Corte geológico A. ........................................................................................ III.4
Figura III.9: Corte geológico B. ........................................................................................ III.5
Figura III.10: Corte geológico C. ...................................................................................... III.5
Figura III.11: Corte geológico D. ...................................................................................... III.6
Figura III.12: Corte geológico E........................................................................................ III.6
Figura III.13: Pormenor da cortina de contenção de estacas secantes. ................................ III.7
Figura III.14: Planta e perfil transversal da laje de jet-grouting ao nível do eixo do túnel... III.7
Figura III.15: Planta do sistema de drenagem sob a laje de fundo da estação. .................... III.7
Figura III.16: Planta de localização dos poços de alívio (RW – relief wells) para controlo
da pressão sob a escavação. ............................................................................................... III.7
Figura III.17: Planta (a) e perfis transversais (a) identificando a localização dos incidentes
ocorridos a 10 de Maio (1st incident) e a 2 de Junho de 2003 (2nd incident). .................... III.9
Figura III.18: Pormenor de duas estacas desalinhadas. ...................................................... III.9
Figura III.19: Registos piezométricos (piezómetros PZ3 e PZ5) no período prévio, durante
e imediatamente após o primeiro incidente (adaptado). ..................................................... III.9
Figura III.20: Planta de localização de injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas
de estacas secantes com indicação da respetiva calendarização........................................ III.10
Figura III.21: Perfil transversal tipo ao eixo 3 (zona estreita a poente) da estrutura da
estação com indicação da localização das injeções de calda de cimento no tardoz das
cortinas de estacas secantes. ............................................................................................ III.10
Figura III.22: Deslocamento latera registado no inclinómetro I4 após o tratamento de
injeção de calda de cimento (grouting), devendo ser considerada a curva corrigida
(adaptado). ...................................................................................................................... III.11
Figura III.23: Evolução do esforço normal nos pares de escoras 2.5 (eixo 3), no período de
1 de Agosto 2003 a 1 de Junho de 2004, englobando os períodos de injeções de calda de
cimento no tardoz das estacas.......................................................................................... III.12
Figura III.24: Aspeto da igreja na década 1960................................................................ III.13
Figura III.25: Vista aérea sobre a igreja e claustro numa fase da operação arqueológica. . III.13

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

Figura III.26: Planta de localização de sondagens de prospecção geológico-geotécnica. .. III.14


Figura III.27: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede
moldada – 1/3. ................................................................................................................ III.15
Figura III.28: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede
moldada – 2/3. ................................................................................................................ III.16
Figura III.29: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede
moldada – 3/3. ................................................................................................................ III.17
Figura III.30: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento sul da parede
moldada. ......................................................................................................................... III.18
Figura III.31: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento poente da parede
moldada. ......................................................................................................................... III.19
Figura III.32: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento norte da parede
moldada. ......................................................................................................................... III.20
Figura III.33: Planta de identificação dos painéis da parede moldada auto-endurecedora. III.21
Figura III.34: Perfil transversal ao rio Mondego com implantação da cortina de
contenção. ....................................................................................................................... III.21
Figura III.35: Rebaixamento da calda e fendilhação por retração de um painel de parede
moldada auto-endurecedora............................................................................................. III.23
Figura III.36: Vista aérea da igreja, ruínas do claustro e espaço envolvente, com o centro
de interpretação em primeiro plano. ................................................................................ III.24
Figura III.37: Reconstituição do coro da igreja. ............................................................... III.24
Figura III.38: Arcos da igreja, de suporte a um 2º piso atualmente inexistente. ................ III.24
Figura III.39: Inundação do Mosteiro de Santa Clara, Janeiro de 2016. ........................... III.24

Pedro Santos Gouveia xiii


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ÍNDICE

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 3.1: Classificação dos materiais constituintes dos sistemas de impermeabilização.... 41


Quadro I.1: Revestimentos de Impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e
classificação de acordo com o método de aplicação.............................................................. I.2
Quadro II.1: Soluções Tecnológicas e critérios de seleção [53]............................................II.2
Quadro III.1: Dispositivos integrados no plano de instrumentação da estação do Terreiro
do Paço. ............................................................................................................................ III.8
Quadro III.2: Instrumentação instalada após o acidente de Junho de 2003. ...................... III.11
Quadro III.3: Esforços normais dos pares de escoras 2.5 (eixo 3) antes e após cada fase de
injecção de calda de cimento no tardoz das estacas.......................................................... III.12
Quadro III.4: Anomalias detetadas na execução dos painéis da parede moldada auto-
endurecedora................................................................................................................... III.22
Quadro III.5: Plano de instrumentação – dispositivos e frequência de leituras. ................ III.23
Quadro IV.1: Quadro resumo da problemática das infiltrações em fundações e contenções
periféricas de edifícios. ..................................................................................................... IV.2

Pedro Santos Gouveia xiv


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento geral da temática

1.1.1 Reabilitação e fundações


A reabilitação de edifícios, aliada à reabilitação urbana, é uma temática que felizmente tem
vindo a ganhar importância em Portugal desde o início do século XXI. Espera-se assim que a
mudança de políticas urbanas (das expansionistas das décadas de 80 e 90 para o atual urbanismo
de contenção) e mentalidades traga às cidades coesão e sustentabilidade, na multiplicidade de
alcances que este termo abrange dentro do conceito urbano.
Um dos princípios da reabilitação de edifícios é adequar os edifícios antigos aos tempos
contemporâneos, melhorando-os nas condições de habitabilidade, conforto e acessibilidade.
Este aspeto, aliado à grande necessidade dos dias de hoje, principalmente em meio urbano, de
exploração cada vez maior do subsolo, faz com que a temática da contenção periférica e reforço
de fundações tenha especial relevância no meio.

Entende-se assim, com a generalização do uso do subsolo, a necessidade de garantir a


estanquidade das caves / pisos enterrados, quer sejam os pré-existentes, quer resultem da
própria ampliação do edifício em profundidade, no âmbito de obras de reabilitação.
De uma forma sucinta, a presença de humidade não só afeta o aspeto estético e funcional,
acarretando problemas de insalubridade e consequente inutilização do espaço como afecta
também a eficiência construtiva, com diminuição das características (resistência, durabilidade,
isolamento) dos materiais.

1.1.2 História e técnica


A necessidade do recurso a elementos de fundação está associada à procura de abrigo que
caracterizou o homem no Paleolítico, uma vez que os tinha de construir onde não existiam
grutas e cavernas. E se até aos gregos pouca evolução técnica sofreram as fundações – da
construção sobre ruínas de palácios e templos, servindo de técnica de reforço do solo, nos
antigos impérios do oriente, chegou-se à fundação sobre blocos de pedra ou eventuais estacas
perfuradas da Idade do Ferro –, foi em Roma que a técnica da construção em geral – e das
fundações em particular – avançou significativamente [1], sendo óbvio, pelas estruturas que
perduram até hoje, o desenvolvimento de fundações estáveis pelos Romanos. A preocupação
com a água é também patente nos trabalhos dos Romanos, sendo as vias de comunicação
assentes em camadas drenantes um exemplo de engenharia que perpetua até à atualidade.

Pedro Santos Gouveia 1


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

“Os registos mais antigos de obras de contenção apontam para muros de alvenaria de argila
contendo aterros na região sul da Mesopotâmia (Iraque) construídos por sumérios entre 3.200
e 2.800 a.C.” [2]. No entanto, a evolução à luz da engenharia moderna dar-se-ia no séc. XVIII
e seguinte, com trabalhos de investigação, com base em modelos de escala reduzida, de muros
de suporte e consequente desenvolvimento de teorias de impulso de terras, sendo de destacar
as obras de Gauthier (1717), Belidor (1729), Sallonyer (1767), Coulomb (1773), Papocino
(1781), Prony (1802), Mayniel (1808), Français (1820), Navier (1833), Poncelet (1840), Hope
(1845), Rankine (1862), Darwin (1883) e Boussinesq (1876, 1882 e 1883) como marcos nesta
área [3].
O uso de estruturas de contenção tornou-se assim relativamente usual a partir do fim do séc.
XVIII, em estruturas de defesa e fortificações militares, tendo sido posteriormente usado em
obras portuárias e estruturas provisórias urbanas no séc. XIX [2]. No entanto, o padrão
funcional que era requerido não exigia uma impermeabilização efetiva pois o problema de
deterioração dos materiais não se colocava, sendo a drenagem a estritamente necessária para
permitir a correta utilização da obra sem acarretar riscos.

No séc. XX, com a valorização crescente do subsolo nos centros urbanos, verificou-se uma
generalização do uso de contenções periféricas. Um dos primeiros registos é a construção do
metro de Berlim (figura 1.1 [4]), no início do século, dando origem a um método inovador, ao
qual mais à frente se deu o nome de contenção provisória tipo Berlim ou cortina berlinesa, o
qual evoluiu posteriormente para uma solução definitiva (soluções a expor no Capítulo 2).

Figura 1.1: Construção do metro de Berlim no início do séc. Figura 1.2: Secção transversal da estrutura do parque
XX. Union Square Garage, com destaque para a estrutura
provisória de contenção periférica.
É também nesta época que se inicia o desenvolvimento das técnicas de ancoragem em rocha,
primeiramente para soluções de contenção provisórias e posteriormente para as definitivas [5].
Nos Estados Unidos, mediante a observação de obras europeias, desenvolviam-se obras
similares. Em 1942 é construído o primeiro parque de estacionamento subterrâneo, o Union
Square Garage, em San Francisco, EUA [6]. A construção, inovadora à data, recorreu a um
sistema de contenção provisória tipo Berlim, com meias asnas adicionais de madeira, que
permitiam escorar os perfis, face à pouca profundidade a que estavam enterrados [7] – figura
1.2 [7].

Pedro Santos Gouveia 2


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

O paradigma da alteração dos requisitos anteriormente exigidos levou à diversificação de


sistemas construtivos, à generalização do seu uso, aliado quer a construção nova quer a obras
de reabilitação e a que a impermeabilização passasse a ser uma exigência.

A nível nacional, a execução de estruturas de contenção periférica para a criação de caves


coincidiu com o aumento exponencial do número de automóveis (estabilidade económica
característica dos anos 60) e a consequente necessidade de criação de estacionamentos
subterrâneos nas zonas urbanas. Os sistemas utilizados (que ainda hoje são na maioria
empregues) baseavam-se no betão (ou betão armado), considerado à data como material eterno
e impermeável [8].
Apesar de, no domínio estrutural, o conhecimento deste tipo de soluções ter evoluído bastante
nos últimos anos, este não foi acompanhado pela normalização ou generalização de
procedimentos específicos para estes trabalhos, o que tem resultado em problemas de
infiltrações, com consequentes danos nos elementos mas também em problemas de adequação
à função nos espaços que ocupam o subsolo.

1.1.3 Custos e dificuldades


O estudo e a construção no subsolo é dos campos mais complexos da Engenharia Civil devido
às múltiplas dificuldades que acarreta – desde as dificuldades nas caracterizações geotécnicas
iniciais às dificuldades que daí advêm na fase de construção –, o que leva, por vezes, a
relevantes desvios orçamentais. É neste contexto um campo em que, quase nunca, a
minimização dos custos iniciais (associados ao projeto e construção) resulta numa economia
global do projeto (onde se engloba a manutenção ao longo do período de vida útil).
A existência de escavações cuja base se situa a maior profundidade do que o nível freático,
associada a pontos frágeis na impermeabilização da contenção periférica e/ou da fundação,
originam frequentemente problemas de resolução complexa e onerosa. Este é um assunto que
não se cinge aos edifícios mais antigos, mas que é transversal às obras enterradas e subterrâneas.
Refira-se que eventuais intervenções de reparação em estruturas de contenção e fundações são
complexas e particularmente dispendiosas, pelo que o investimento numa solução duradoura
que, além da função resistente, garanta o uso pleno do espaço subterrâneo, será certamente
compensador, traduzindo-se, por vezes, apenas na escolha da solução apropriada para o caso
em questão e no cumprimento de procedimentos que garantam a sua correcta execução e
consequente estanquidade.
No entanto, os erros ou infortúnios acontecem e importa conhecer as soluções de reparação. Da
normal (ou eventualmente acelerada) degradação decorre a necessidade de reabilitação. Estes
trabalhos, quer de simples reparação pontual ou generalizada reabilitação de estruturas de
contenção periférica ou fundações, são igualmente difíceis e complexos, não só por envolverem
elementos inacessíveis (enterrados) mas porque, como é conhecimento generalizado na área da
construção, a entrada de água é dos problemas mais difíceis de resolver com eficácia, não só
porque danifica e compromete os próprios elementos de construção mas porque, por regra,

Pedro Santos Gouveia 3


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

descobre sempre o ponto mais fraco para a sua entrada. Diversos são os registos de reparações
cujo resultado é o aparecimento de pontos alternativos de entrada de água, não estando assim
garantida a impermeabilização.

1.2 Objetivos da tese


A presente tese tem como objetivo a identificação dos principais aspetos com impacto na
impermeabilização a ter em conta quer em fase de projeto quer na fase de execução das
inúmeras atividades associadas aos sistemas de contenções periféricas ou fundações.
Procura-se, nesta tese, responder às seguintes questões:
 Onde ocorrem a generalidade das infiltrações em contenções periféricas e fundações de
edifícios?
 Quais as razões dessas infiltrações?
 Como poderiam ter sido (em situações existentes) e podem ser (em situações futuras)
evitadas tais infiltrações?
 Quais as soluções para correção dessas infiltrações?

Pretende-se deste modo, quer por pesquisa bibliográfica da temática, quer pela abordagem a
casos de estudo de obras reais, também apresentados na bibliografia da especialidade, reunir a
maior informação possível sobre o tema, ao nível dos sistemas de contenção periférica,
fundações e ações complementares, abordando os principais problemas de estanquidade, a
forma de os prevenir, sistemas de impermeabilização aplicáveis e técnicas de reabilitação.
Assume-se assim o objetivo, para o presente trabalho, de efetiva contribuição para a
compreensão de um problema relevante da reabilitação de edifícios – a infiltração de água pelo
subsolo –, tendo em consideração as soluções existentes de reabilitação de contenções
periféricas e fundações de edifícios.
Perante a ausência em bibliografia de uma abordagem concreta e consistente a esta temática,
esta dissertação pretende dar um contributo para colmatar essa lacuna, extensiva também à
bibliografia internacional.

1.3 Estrutura da Tese


A presente dissertação divide-se, para além desta introdução, em mais quatro capítulos, três de
exposição e um último de conclusões.

O segundo inicia-se com uma introdução aos conceitos necessários a este trabalho de
investigação e ao seu enquadramento na temática da reabilitação do edificado e da exploração
do subsolo. Seguidamente são analisados os sistemas de fundação e de contenção periférica
usados em edifícios, relativamente ao processo executivo, vantagens, desvantagens e, claro
está, comportamento e problemas associados à falta de estanquidade.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

No terceiro capítulo são abordados elementos, técnicas e sistemas, complementares dos


anteriores, que contribuem para garantir a impermeabilização. Estes vão desde elementos a
integrar na construção das fundações e contenções a sistemas abrangentes de controlo da água
no solo e técnicas de melhoramento de solos que, para além de outras vantagens, têm impacto
na redução da permeabilidade do solo e consequentemente na impermeabilização. Podem deste
modo ser encarados como as soluções.

Da análise do Capítulo 2 e Capítulo 3 resulta um quadro síntese que é apresentado no ANEXO


IV.

No quarto capítulo são expostos três casos de estudo, que contribuíram para o trabalho de
análise desenvolvido, os quais foram divididos em cenário, problema e solução de
impermeabilização. Num dos casos foram ainda expostos, num quarto ponto, incidentes
posteriores à intervenção, uma vez que, perante a relevância destes para o tema, importava
clarificá-los. As imagens e quadros que auxiliam a análise dos casos de estudo são apresentados
no ANEXO III.

No quinto capítulo são apresentadas, em forma de síntese, considerações finais, a par das
conclusões gerais deste trabalho e ainda sugestões para desenvolvimentos futuros, encerrando
a análise efetuada.

No fim são listadas as Referências Bibliográficas usadas no texto e Bibliografia consultada e é


apresentado o conjunto de quatro anexos: os dois primeiros referentes ao conteúdo do terceiro
capítulo; o terceiro, como já referido, associado aos casos de estudo do quarto capítulo e o
quarto contendo um quadro que, tal como anteriormente referido, resume o segundo e terceiro
capítulos mas que, por integrar também informações retiradas dos casos de estudo, pode ser
considerado como resumo da totalidade do estudo.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA DAS INFILTRAÇÕES EM


FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES PERIFÉRICAS DE EDIFÍCIOS

2.1 Conceitos
Pretende-se aqui introduzir os conceitos necessários a este trabalho de investigação e ao seu
enquadramento na temática da reabilitação do edificado e da exploração, para que
posteriormente possam ser aplicados na análise das soluções de contenção periférica e
fundações de edifícios.

2.1.1 Terminologia
Será obviamente fundamental, no desenvolvimento da Dissertação, a clara definição de
terminologias usadas no domínio de estudo. Identificaram-se as seguintes como fundamentais
para compreender o exposto neste relatório e a temática a abordar.
 Defeito: falha ou desvio do grau de desempenho preconizado para um material ou
elemento construtivo [9].
 Drenagem: escoamento das águas (dos terrenos), obtido por meio de tubos, valas, fossos
ou outros dispositivos adequados [10].
 Estanquidade: qualidade do que é estanque, que não deixa sair nem entrar líquido [11].
 Estrutura de contenção (periférica): obra civil construída com a finalidade de prover
estabilidade contra a rutura de maciços de terra ou rocha (na periferia da construção)
[12].
 Fundação: parte de uma construção destinada, essencialmente, a distribuir as cargas
sobre o terreno [10].
 Impermeabilização: operação pela qual se torna impermeável (um revestimento) [13].
 Impermeável: que não se deixa atravessar por um fluido [13].
 Reabilitação de um edifício: obras que têm por fim a recuperação e beneficiação de uma
construção, resolvendo as anomalias construtivas, funcionais, higiénicas e de segurança
acumuladas ao longo dos anos, procedendo a uma modernização que melhore o seu
desempenho até próximo dos atuais níveis de exigência [14].
 Reparação: restituição do desempenho inicial de um elemento, através de renovação,
substituição ou conserto da parte danificada ou degradada do mesmo [9].

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.1.2 Humidade no solo e infiltrações em pisos enterrados


A humidade em pisos enterrados – em particular – e nos edifícios – em geral – pode ter várias
causas, ocorrendo isoladamente ou, com mais frequência, em simultâneo ou em cadeia.
Distinguem-se assim [15]:
 Humidade de construção, devida a água utilizada na confeção de argamassas e betões
ou por ação direta da chuva durante a construção (construção desprotegida);
 Humidade do solo, subdivisível em águas superficiais – no caso de “paredes
implantadas em terrenos pouco permeáveis ou com pendentes viradas para as paredes,
dando origem a que as águas da chuva, ou provenientes de outras fontes, possam deslizar
sobre o terreno e entrar em contacto com aqueles elementos – e águas freáticas –
afetando fundações situadas abaixo do nível freático ou fundações das paredes situadas
acima do nível freática em zonas cujo terreno tenha elevada capilaridade, provocando
ascensão da água existente a uma cota inferior”;
 Humidade de condensação, por condensações superficiais – “nos paramentos internos
da envolvente exterior – ou condensações internas – no interior das paredes, sempre
que, num dado ponto, a pressão parcial do vapor de água que atravessa a parede por
difusão iguala a pressão de saturação correspondente à temperatura nesse ponto”.
 Humidade devido a fenómenos de higroscopicidade, dando “origem a fenómenos de
degradação, resultantes dos aumentos de volume que acompanham a sua cristalização,
em consequência da sucessão de ciclos dissolução-cristalização”.
 Humidade acidental, “de natureza pontual em termos espaciais, decorre de defeitos de
construção, falhas nos equipamentos ou erros humanos, quer ativos como por exemplo
os acidentes, quer passivos como no caso de falta de manutenção”.
A nível do seu aparecimento nos pisos enterrados, as origens possíveis são, essencialmente:
 Porosidade dos elementos construtivos;
 Fissuras nos elementos construtivos;
 Juntas dos elementos construtivos;
 Condensação.
Face à temática da tese, abordar-se-á exclusivamente a humidade do solo. Consequentemente,
evitar-se-á deliberadamente o fenómeno de condensação como meio de aparecimento de água.
Restringe-se assim o estudo à infiltração de água do solo (através de anomalias nos elementos
construtivos).
Importa ainda abordar a complementaridade existente entre drenagem e impermeabilização.
Deste modo, aplicando as definições formais anteriormente expostas, podemos dizer que a
impermeabilização pretende impedir o acesso da água ao interior da construção, enquanto a
drenagem pretende encaminhar a água para longe da construção [16].
Abordando esta tese as soluções de impermeabilização, considerar-se-ão apenas soluções de
drenagem na medida da sua complementaridade e quando estas se revelem parte integrante ou
essencial ao funcionamento da solução de impermeabilização.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.1.3 Diagnóstico e correção de anomalias


A associação entre anomalias e causas não é imediata. Apesar de a observação direta ser
usualmente a forma primária de constatação, tem muitas vezes de ser complementada com
meios adicionais de diagnóstico, sem esquecer a recolha de dados suplementares através de
elementos de projecto e da execução da obra ou por eventual inquérito aos utentes.
Para o estudo de humidades é sugerido [15] o seguinte método de diagnóstico:
1. Análise documental;
2. Observação visual das anomalias;
3. Análise não destrutiva, envolvendo a determinação das condições termo-higrométricas
do ar, das temperaturas superficiais das paredes, da presença de sais solúveis e das zonas
de humedecimento das paredes;
4. Análise destrutiva, envolvendo recolha de amostras para determinação dos teores de
água e da higroscopicidade e para ensaio de sais; determinação dos teores de água das
amostras, da higroscopicidade dos materiais e da existência de sais solúveis;
5. Compilação e análise dos dados obtidos.

No entanto, em Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios [17] é referido pelo autor que
o estudo e caracterização da construção envolve:
 “O levantamento da sua geometria, dos materiais constituintes e das suas anomalias”.
 “A caracterização desses mesmos materiais e constituintes, o que pressupõe a validação
das suas propriedades e a deteção e caracterização das suas alterações e anomalias”.

Confrontando as duas fontes e aplicando as ideias concretamente a esta temática – as soluções


de contenção periférica e fundações de edifícios – tentar-se-á definir-se um procedimento
genérico, o qual terá de ser ajustado caso a caso. Referem-se assim três pontos (e diversos
recursos de apoio a cada um), não necessariamente ordenados mas teoricamente simultâneos,
que parecem ser obrigatórios, uma vez que todos eles fornecem dados para análise de eventuais
problemas de infiltrações:
 Caracterização das anomalias, incluindo:
a) observação visual das anomalias;
b) mapeamento / esquematização das anomalias quer espacial quer temporal.
 Caracterização (da estrutura de contenção periférica e fundações) do edifício, na sua
geometria, solução construtiva, materiais e constituintes, recorrendo a:
a) análise documental (projeto de execução, nomeadamente estabilidade,
contenção e fundação e arquitetura, registos de obra);
b) observação visual (poderá envolver a remoção de eventuais paredes forras, de
forma a tentar avaliar o real ponto de infiltração);
c) análise não destrutiva (para avaliação da integridade: ensaio eco-sónico, cross-
hole, raios gama ou perfil térmico do betão).
 Caracterização da envolvente (solo e nível freático), recorrendo a:

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

a) análise documental (prospeção geotécnica, projeto de execução, nomeadamente


o projeto de fundações);
b) prospeções adicionais de caracterização do solo (poços de reconhecimento ou
sondagens) ou determinação do nível freático (piezómetros).

Importa aqui diferenciar a deteção de anomalias que ocorrem em soluções de contenção,


durante a sua execução, das que surgem em edifícios existentes, diferindo consequentemente o
método de diagnóstico.
Na execução de uma contenção periférica, e previamente à escavação, importa prever a
estanquidade deste elemento, a par da sua resistência, pelo que a avaliação da integridade terá
de ser efetuada por meios indiretos de análise não destrutiva (ensaios eco-sónicos, raios
gama,…).
Num edifício existente, em que a constituição das paredes e o tipo de ocupação dos espaços
sejam bem conhecidos, caso se verifiquem patologias de entrada de água, o diagnóstico é, em
princípio mais facilitado, sendo em edifícios mais recentes a observação visual e seu eventual
mapeamento, aliados à experiência do responsável pela análise, dos métodos mais eficazes para
compreensão do problema.
Refira-se ainda que na fase de diagnóstico pretende-se não só identificar o problema mas
recolher também todos os dados necessários à formulação da solução, pelo que importa
introduzir aqui algumas noções relativas ao conhecimento da estrutura ou edifício em estudo.
Deste modo, a par de qualquer intervenção de Reabilitação, o (re)conhecimento do valor do
edificado é fundamental. Se em edifícios mais modernos e em anomalias mais limitadas
espacialmente o estudo da solução por um especialista pode ser suficiente, em casos de
reabilitação do património histórico-cultural torna-se necessário anteceder a elaboração de
projetos de uma essencial colaboração de diferentes especialistas de áreas como a Engenharia,
Geologia, Arquitetura, Antropologia ou História de Arte.

A reparação de anomalias provocadas por água pode ser, por seu lado, diversa, dependendo não
só do tipo de anomalia mas também do elemento construtivo onde ocorre. Estas podem ser
assim tipificadas em seis grandes grupos [15]:
 Eliminação das anomalias, que resolve os problemas apenas temporariamente: ex.
secagem de paredes ou recolha de água infiltrada;
 Substituição dos elementos e materiais afetados, considerada apenas quando se torna
difícil ou inviável a reparação: ex. substituição de revestimentos;
 Ocultação das anomalias, medida ineficaz mas económica: ex. construção de pano de
parede interior;
 Proteção contra os agentes agressivos, impedindo a sua atuação direta sobre os
elementos construtivos: ex. impermeabilização do exterior de paramentos ou
pavimentos;
 Eliminação das causas das anomalias, o mais eficaz mas nem sempre possível: ex.
drenagem do terreno / rebaixamento do nível freático;

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

 Reforço das características funcionais, eliminando direta ou indiretamente as anomalias:


ex. correção de juntas, fendas ou outros defeitos construtivos, garantindo a estanquidade
do elemento construtivo.
As 3 primeiras estratégias não são desejáveis enquanto medidas isoladas de reparação, pelo que
apenas se utilizam em situação de recurso. A presente tese focar-se-á deste modo na eliminação
das causas das anomalias, reforço das suas características funcionais e eventualmente na
proteção do meio contra os agentes agressivos, algo que será abordado seguidamente nos pontos
alusivos aos sistemas de fundação (2.2), de contenção periférica (2.3), no Capítulo 3, bem como
nos casos concretos a expor no capítulo seguinte.
Certas ações de ocultação de anomalias, na medida em que podem garantir uma solução
definitiva e adequabilidade dos espaços interiores (caves) ao fim a que se destinam, podem,
numa visão mais alargada, ser consideradas como eliminações de anomalias, já que, analisadas
do espaço que se pretende utilizar (e se requer impermeável) assim são consideradas. Deste
modo, serão também expostas algumas destas ações (como, por exemplo, a construção de um
pano interior), por serem complementares a outras ou caso se apresentem, numa situação de
recurso, como a única solução de impermeabilização da contenção periférica ou fundação.

2.2 Sistemas de Fundações


As fundações dos edifícios, que podem ser definidas como elementos estruturais de transição
entre a estrutura de uma construção e o terreno sobre o qual ela se apoia, a fim de transmitir
com segurança as solicitações oriundas da construção [18], classificam-se em superficiais –
sapatas isoladas, sapatas contínuas, agrupadas por vigas ou lintéis de fundação, grelhas de
fundação ou ensoleiramentos gerais – semi-profundas – caixões, barretas ou pegões – ou
profundas – estacas ou microestacas –, as quais são solidarizadas aos elementos da estrutura
através de maciços de encabeçamento.
Acontece que as fundações, quer sejam superficiais ou profundas, enquanto elementos isolados
ou lineares, encontram-se, por regra, abaixo da laje térrea. Por esse motivo, para esses
elementos (isolados ou lineares, nos quais apoia a estrutura e eventualmente o piso térreo)
importa apenas garantir que não ocorrem infiltrações nos próprios elementos de betão armado,
com a consequente degradação daí decorrente, o que é usualmente garantido através do controlo
do betão (estacas) – homogeneidade, classe de exposição, fissuração – e caldas (microestacas)
ou, em casos muito pontuais de sapatas, através do uso de revestimentos impermeabilizantes
(emulsões betuminosas ou telas).
Excetuam-se a esta lógica os ensoleiramentos – que desempenham a função de laje térrea
simultaneamente à de fundação, distribuindo as cargas do edifício uniformemente no solo e
onde a possível penetração de água pode efetivamente comprometer a estanquidade do edifício
– e os elementos (sapata, estaca ou maciço) que penetram ou estão diretamente em contacto
com paredes ou lajes de fundo, já que existe risco de serem pontos fracos. Por este motivo, são
estas as duas situações seguidamente particularizadas: ensoleiramentos e ligações de fundações
a outros elementos.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.2.1 Ensoleiramentos
No caso dos ensoleiramentos, em que a fundação é a própria laje de fundo (ou térrea), a possível
penetração de água pode realmente comprometer a estanquidade do edifício. Distinguem-se no
entanto dois casos: os elementos situados acima do nível freático e os situados abaixo do nível
freático.
Se no primeiro caso a estanquidade dos ensoleiramentos é usualmente conseguida através de
drenagem (cujos conceitos serão posteriormente detalhados), os ensoleiramentos em caso de
inserção no nível freático estão na origem de um grande número de problemas, quer pelo
próprio elemento, quer pela ligação daquele aos elementos de contenção, motivo pelo que o
estudo se centra especialmente nestes e nas respetivas ligações.
Neste segundo caso (lajes de fundo abaixo do nível freático), para além do problema de
estabilização associado à subpressão, podem verificar-se problemas de infiltração. Existem
genericamente duas soluções [19]:
 dimensionamento da laje à subpressão (figura 2.1a);
 manutenção de um sistema permanente de rebaixamento do nível freático (figura 2.1b).

u = γw  hw
Figura 2.1: Soluções para laje de fundo.

Abordando os dois casos no que à impermeabilização respeita (e não quanto ao


dimensionamento estrutural, que também varia conforme a abordagem considerada), temos:

Dimensionamento da laje à subpressão:


É possível, devendo ser associados os seguintes procedimentos construtivos e precauções:
 uso de revestimentos de impermeabilização na superfície inferior, sobre o betão de
regularização (geotêxtil, membrana pré-fabricada e geotêxtil [20]);
 uso de revestimentos de impermeabilização na superfície superior (membrana
betuminosa ou sintética e geotêxtil [20]);
 adoção de procedimentos rigorosos deviamente dimensionados e aplicados na
betonagem da laje [21], tais como:
o uso de redes de aço galvanizado nas juntas de betonagem, melhorando a
aderência ao painel seguinte e a consistência do betão na zona – figura 2.2 [21];

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

o uso de elementos hidroexpansivos nas juntas de betonagem (a detalhar


posteriormente em 3.1) – figura 2.2 [21];
o pormenorização de eventuais situações particulares, tais como cabeças de
ancoragem ou infra-estruturas que atravessem a laje;
o inclusão na mistura de adjuvantes de redução da permeabilidade e ajuste do traço
do betão, controlando a retração, bem como a resistência do betão a eventuais
agressões;
o controlo do processo de cura, de forma a evitar fissurações de origem térmica.

Figura 2.2: Detalhe típico de junta de betonagem, com uso de rede de aço galvanizado e cordão hidro-expansivo (adaptado)

Um caso particularmente crítico ao nível de impermeabilização é a utilização de ancoragens


verticais no combate à subpressão (ancoragem de lajes de fundo). Neste caso, em que o nível
freático se encontra acima da laje em questão (e os tirantes estão permanentemente em água e
tensionados), são necessários cuidados especiais, sendo recomendado o detalhamento da cabeça
em fase de projeto, incluindo a utilização de resinas epóxi e/ou placa soldada bem como
integração do detalhe com o sistema de impermeabilização a utilizar na laje de fundo [22]. Um
ponto relativo às ancoragens será apresentado no subcapítulo seguinte, relativo aos sistemas de
contenção periférica, uma vez que o uso de ancoragens é bem mais generalizado naquelas
construções e consequentemente os problemas de infiltrações também.

Pedro Santos Gouveia 12


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

Sistema permanente de rebaixamento do nível freático:


Uma vez que as técnicas de rebaixamento do nível freático serão expostas na secção 3.4,
importa apenas destacar que, para o caso de este ser definitivo (e do mesmo depender a
estanquidade e/ou estabilidade do edifício), como solução para os problemas de subpressão
torna-se necessário, face aos processos temporários, dar atenção aos requisitos de durabilidade
do sistema e seus controlos, que passam pela duplicidade ou multiplicidade bem como pela
resistência dos filtros e canalizações à corrosão, incrustações, algas ou bactérias [23].

2.2.2 Ligações de fundações a outros elementos


No caso em que fundações, superficiais ou profundas, contactam com o elemento de fundo (laje
de fundo), torna-se necessário, como foi já referido, dar atenção especial a esse ponto, sendo
usualmente utilizado o sistema adotado para impermeabilização da laje, usando
complementarmente elementos drenantes e elementos waterstop em pontos críticos.
Particularizando a ligação para exemplos concretos, temos:
 Na figura 2.3 [20], uma sapata em contacto direto com a laje de fundo, motivo pela
qual a solução preconizada – tela impermeabilizante associada a um elemento drenante
(geotêxtil) – abrange inferiormente a sapata, contornando assim todos os elementos; é
ainda introduzida uma camada de proteção mecânica em alvenaria ligeiramente
argamassada;

Figura 2.3: Desenho técnico de uma solução de impermeabilização de uma sapata.

 Nas figuras 2.4 e 2.5 exemplos de impermeabilização do ponto singular que é a cabeça
da estaca, dando continuidade ao sistema utilizado para a laje: na figura 2.4 a membrana
de PVC preconizada contorna toda a zona vertical da estaca exposta, sendo a superfície
horizontal impermeabilizada com uma argamassa cimentícia, incluindo ainda o sistema
um elemento waterstop (não visível); na figura 2.5 é visível uma solução de
continuidade da cabeça da estaca, em aço, com varões de aço termosoldados e um
elemento extra de membrana colocado entre as duas chapas e soldado à restante,
impossibilitando a passagem de água.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

Figura 2.4: Impermeabilização de encabeçamento de estaca Figura 2.5: Impermeabilização de encabeçamento de estaca
[cortesia Sika] [cortesia Sotecnisol]

Para ligações entre o elemento de fundação contínuo (ensoleiramento) e o elemento de


contenção, temos duas abordagens distintas:
 Se a solução construtiva assim o
permitir, o uso de um revestimento de
impermeabilização em toda a área,
vertical e horizontal, havendo apenas a
necessidade de garantir a continuidade
(da qual dependerá a eficácia genérica
e consequentemente nos pontos
particulares) – exemplo da figura 2.6
[24].
 No caso de não ser adotado um
revestimento de impermeabilização,
dependendo a mesma da estanquidade
dos próprios elementos, a solução
passa por procedimentos individuais e Figura 2.6: Sistema de impermeabilização na ligação da
rigorosos, como é o caso das juntas laje de fundo às paredes definitivas executadas com
cofragem perdido tipo Berlim.
waterstop, os cuidados a ter na
betonagem e as soluções de drenagem
periférica.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.3 Sistemas de Contenção Periférica


Os sistemas de contenção periférica são correntemente utilizados não só devido à sua
capacidade mecânica/estrutural, passando estes novos elementos a integrar a estrutura do
edifício (permitindo assim a criação de diversos pisos abaixo da superfície) mas também como
elementos de contenção hidráulica, permitindo a implementação de diversos usos nestes novos
espaços.
Apesar de não ser do âmbito desta tese a abordagem estrutural das soluções de contenção,
importa clarificar que neste capítulo, enquanto soluções de contenção, encontram-se os
elementos estruturais cuja função primordial é suportar as pressões do solo, sejam estas
intrínsecas, resultantes de eventuais sobrecargas ou da água nele contida.
Descrevem-se assim, de seguida, as tecnologias usadas em edifícios ao nível de contenção
periférica, destacando as suas características executivas e particularidades ao nível da
estanquidade:

2.3.1 Metodologia tradicional


Consideram-se aqui as soluções de contenção construídas de baixo para cima, os muros, quer
sejam estes de gravidade ou em consola, ancorados ou não (figura 2.7 [25]).

a) b) c)

Legenda: a) muro de gravidade em alvenaria de pedra; b) muro de flexão em betão armado; c) muro em betão armado com
contrafortes.

Figura 2.7: Muros de contenção

Tratando-se assim, estes elementos, de muros de suporte tradicional, compostos por um


paramento vertical ou quase vertical e uma sapata de fundação, significa que será primeiramente
executada a sapata e depois o paramento [25].
Neste caso, independentemente da solução estrutural preconizada, a construção é efetuada após
execução da escavação, recorrendo a taludes periféricos estáveis (ou pontualmente a uma
estrutura de contenção provisória, caso se justifique).
Simplificadamente, o método de execução (para betão armado) é o seguinte:
a) escavação até à cota pretendida;
b) execução da sapata (colocação de armadura, cofragem e betonagem);
c) execução da parede (moldagem e aplicação de armadura, cofragem e betonagem) com
as duas faces cofradas;
d) impermeabilização do muro pelo tardoz (se aplicável);
e) aterro do tardoz com drenagem do mesmo.

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Esta solução tradicional, recorrendo a taludes de escavação, permite o acesso ao tardoz do muro.
Por esse motivo, atendendo não só a questões de estanquidade do muro mas essencialmente a
uma questão de estabilidade – se não forem adequadamente drenados, poderão ocorrer
problemas de estabilidade, quer diretos decorrentes da acumulação de água no tardoz quer
indiretos decorrentes do aumento da pressão intersticial [2] –, a sua construção envolve a
criação de um sistema de drenagem no tardoz. Manuel Matos Fernandes apresenta 3 sistemas
de drenagem vulgarmente utilizados (figura 2.8 [25]).

a) b)

c)

Legenda: a) cortina drenante ligada a dreno longitudinal posterior; b) cortina drenante ligada a dreno longitudinal posterior e
barbacãs incorporadas no muro; c) tapete drenante inclinado no maciço suportado ligado a dreno longitudinal posterior
Figura 2.8: Drenagem de muros de suporte.

Este tipo de contenções (muros), caso seja


devidamente executado (nomeadamente ao nível do
sistema de drenagem – figura 2.9 [26]), é pouco
suscetível de infiltrações.
Importa salientar que este método de escavação sem
contenção pressupõe a existência de espaço para
executar um talude estável, bem como uma análise
criteriosa do local, de forma a avaliar não só as
características do solo mas as cargas e estabilidade
do maciço terroso e de eventuais estruturas Figura 2.9: Construção de sistema de drenagem
incluindo tela drenante junto ao muro, criação de
envolventes. cortina drenante em brita e dreno longitudinal (não
visível)

Não sendo objetivo deste trabalho a análise de soluções de contenção do ponto de vista
estrutural, nem a escolha para a execução de novas construções, nunca é demais salientar
precauções de segurança a ter em conta em obras de contenção, quer se usem metodologias
invertidas (construção da contenção de cima para baixo e consequentemente mais segura), quer,
em especial, no caso de se executar escavação sem contenção. Assim, as precauções mais

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

importantes a ter durante a construção de contenções são [27]:


a) Condições meteorológicas;
b) Modificações do regime da água nos solos;
c) Riscos de reforços anormais;
d) Interferência de trabalhos.

Existe no entanto um conjunto de soluções de estabilização que podem ser utilizadas na


execução de uma escavação de um talude, para solos que apresentam indícios de instabilidade
ou em casos onde se pretenda aumentar a inclinação do talude, como é o caso dos revestimentos
com betão projetado pregado – método desenvolvido em França nos anos 70 [28] – ou o
revestimento com redes de proteção pregadas – em taludes de maciços rochosos.
Contudo, não sendo estas estruturas de contenção definitiva, o seu estudo não se engloba nesta
tese; salienta-se no entanto que permitem, a par de taludes mais alargados, a construção por
métodos tradicionais, sendo assim garantidas a drenagem e a eventual impermeabilização do
muro (se considerada necessária), pelo que se consideram variantes da metodologia tradicional,
com as características a esta inerente.
Relativamente a este método tradicional, destacam-se as seguintes vantagens:
 económico e não exige mão-de-obra tecnologicamente especializada
(comparativamente com outras metodologias onde a componente tecnológica é maior);
 permite garantir a drenagem do tardoz, minimizando o risco de infiltração.
Quanto a desvantagens, o método tradicional:
 necessita de espaço para a sua implantação;
 carece de condições particulares do solo e da envolvente para a sua execução, que
permitam a escavação sem contenção imediata;
 causa deslocamentos do solo relevantes, originando potenciais danos nas construções
envolventes;
 não oferece, por si só, durante a execução do muro, qualquer resistência à passagem de
água, pelo que não é solução no caso de níveis freáticos elevados.
As anomalias usuais desta metodologia tradicional, relacionadas com a estanquidade da solução
de contenção, são as atribuídas genericamente às estruturas de betão, de onde se destaca:
 fissuração, face a erros de projeto (dimensionamento) ou construção (cura ou
incumprimento de projeto) – figura 2.10a [29];
 existência de vazios e zonas porosas, por erros de construção, como a deficiente
vibração, segregação dos inertes ou falta de rigidez da cofragem – figura 2.10b [30];
 descontinuidades nas juntas de betonagem – figura 2.10c [30];
 desagregação por ataque de sulfatos, cloretos ou ácidos presentes no solo – figura 2.10d
[31];
 corrosão das armaduras (na presença de água), decorrente de outras anomalias ou por
insuficiente recobrimento –figura 2.10e [32].

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a) b)

c) d) e)

Legenda: a) fissuração por retração; b) segregação; c) descontinuidade em junta; d) fendilhação/desagregação devida à reação
álcalis-agregado; e) delaminação provocada por corrosão de armaduras.
Figura 2.10: Anomalias em muros de betão armado.

As anomalias anteriormente descritas, por originarem aberturas na parede de betão (fissuras,


poros ou cavidades), podem acarretar, no caso de existência de água no tardoz, problemas de
estanquidade. No entanto, tal como anteriormente referido, quando se efectuam taludes, é, por
norma, correctamente acautelada a drenagem do tardoz, pelo que a probabilidade de ocorrerem
anomalias é minimizada.
A ocorrência de infiltrações dá-se na situação em que, tal como nos restantes casos
seguidamente expostos (sistemas definitivos de contenção sem recurso a escavação prévia), se
recorre a uma contenção provisória tipo Berlim e, por motivos de falta de espaço ou de
condições inadequadas do solo, se utiliza a mesma como cofragem perdida do muro de
contenção a construir.

2.3.2 Contenções provisórias tipo Berlim


Tradicionalmente, perante a necessidade de
executar escavações superiores a 2 ou 3 metros
em que não era possível a execução de taludes,
recorria-se a entivações, devidamente escoradas
pelo interior. Enquanto que, no caso de valas, a
solução é relativamente simples, recorrendo a
pranchas e quadros de madeira, para escavações
muito largas (o caso da construção de um
edifício), a solução passava por escoras inclinadas
[27] tal como é visível na figura 2.11 [27]. Figura 2.11: Caso de escavação muito larga.

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A evolução levou à utilização de outras soluções de contenção provisória como, por exemplo,
a contenção provisória tipo Berlim, com perfis metálicos (geralmente I, H ou U) e entivações
de madeira, podendo recorrer a escoramentos e/ou ancoragens provisórias para suporte das
forças horizontas ou, em alternativa, ser executada com painéis de malha electro-soldada e
betão projetado. Esta solução teve origem na cidade de Berlim, mais precisamente durante os
trabalhos do metro de Berlim, antes da Segunda Guerra Mundial, nos quais foi pela primeira
vez executado um muro de contenção com perfis metálicos verticais e pranchas de madeira
horizontais [2]. O processo construtivo desta solução – parcialmente esquematizado na figura
2.12 [33] - é o seguinte:
a) marcação e alinhamento do centro dos furos (cuja distância depende do tamanho das
pranchas ou barrotes de madeira e do tipo de solo, mas que varia entre 0,6 e 1,5m);
b) perfuração com trado e introdução dos perfis com grua com posterior selagem
(betonagem) entre a cota da base dos perfis e a cota final da escavação ou,
alternativamente, cravação dos perfis (em solos coerentes com pouca compacidade),
garantindo uma penetração mínima de 2,0m abaixo da cota final da escavação – Fase I;
c) preenchimento do restante troço (usualmente com areia), de forma a garantir a
verticalidade;
d) execução da viga de coroamento, com a colocação de pelo menos um perfil horizontal
a ligar todos os perfis verticais e das ancoragens ou escoramentos do 1º nível (caso
estejam previstas) – Fases II e III;
e) escavação com colocação das pranchas ou barrotes de madeira – Fase IV;
f) repetição do processo com eventuais vigas de distribuição e ancoragens, troços de
escavação e colocação de madeira, adotando, na horizontal, uma escavação alternada a
cada 2 painéis, de forma que as banquetas laterais de terra suportem os painéis
adjacentes – Fases V, VI e VII.

Figura 2.12: Contenções tipo Berlim provisório: faseamento construtivo.

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Este método, recorrendo a soluções de contenção provisória, tem a vantagem de ser económico
e não exigir mão-de-obra especializada, pois é executado por carpinteiros de cofragem e
armadores de ferro, havendo apenas a eventual necessidade de um equipamento mais pesado
para a cravação dos perfis, no caso de grandes profundidades e de mão-de-obra especializada
para execução das ancoragens.
Tem contudo uma série de condicionantes, que o inviabilizam para certas obras de reabilitação
com ampliação em profundidade bem como para várias situações de construções novas:
 exige terrenos com alguma consistência;
 está relativamente limitado em termos de profundidade;
 não oferece qualquer obstáculo à passagem de água, o que, no caso de níveis freáticos
elevados, dificulta a execução da estrutura definitiva;
 causa deslocamentos do solo relevantes, originando potenciais danos nas construções
envolventes;
 a espessura da contenção provisória funcionando como cofragem perdida tem impacto
na área útil do edifício, problema acrescido pelo possível encurvamento da madeira face
ao impulso lateral.

Tal como anteriormente descrito, a estrutura definitiva de contenção que resulta de uma
contenção provisória tipo Berlim é uma solução tradicional, construída de baixo para cima,
onde a solução provisória funciona como cofragem perdida no tardoz – figura 2.13 [34].
Por este motivo, este tipo de solução não permite, ao contrário da metodologia tradicional,
trabalhar no tardoz e, desta forma, garantir convenientemente a drenagem, pelo que a
estanquidade terá de ser, assim como para as restantes soluções (não tradicionais), garantida
pelo próprio elemento de contenção [31].

Figura 2.13: Escavação para cave usando uma contenção provisória tipo Berlim, sendo visível o primeiro nível de
betonagem das paredes periféricas da superestrutura.

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Deste modo, os potenciais problemas de estanquidade de uma parede construída com o auxílio
de uma contenção provisória tipo Berlim são essencialmente, tal como no caso anterior, por se
tratar de uma solução cofrada de betão armado, eventuais segregações ou porosidade excessiva,
a par de anomalias nas juntas de betonagem por deficiente execução. Poderão no entanto existir
problemas adicionais, que não se verificam em paredes cofradas de ambos os lados,
relacionados com o possível desaprumo da contenção provisória tipo Berlim ou com uma
eventual encurvadura das pranchas de madeira, o que afetará a conceção da parede, podendo
resultar em zonas de pouco recobrimento ou de deficiente vibração do betão.

2.3.3 Paredes tipo Berlim definitivo


As paredes de contenção definitivas tipo Berlim derivam das estruturas provisórias de
contenção tipo Berlim tradicional (ou simplesmente Berlim) partilhando com estas a
metodologia construtiva ao nível da execução faseada por níveis e, previamente à realização de
qualquer escavação, a instalação de elementos verticais.
Simplificadamente, a metodologia (esquematizada na figura 2.14 [33]) inclui os seguintes
passos:
a) após preparação do terreno (no caso de uma reabilitação envolve demolições para
criação de plataforma de trabalho), introdução dos perfis metálicos e sua selagem com
calda de cimento ou betão – Fase I;
b) execução da viga de coroamento para solidarização dos perfis – Fase II;
c) escavação, betonagem e eventual ancoragem ou escoramento dos painéis primários do
1º nível (superior), deixando armadura em espera para os painéis adjacentes
(secundários e inferiores) – Fases III e IV;
d) execução dos painéis secundários do 1º nível, de forma idêntica aos painéis primários –
Fases V e VI;
e) execução da parede até à cota de fundação, adotando, em cada nível, os procedimentos
descritos anteriormente – Fase VII;
f) escavação e execução das sapatas dos painéis correspondentes ao último nível.

Os perfis metálicos ficam assim embebidos nos painéis de betão. No entanto, em situações em
que a parede de contenção é executada encostada a construções vizinhas e não é possível
realizar os furos junto ao limite, opta-se por inserir os perfis verticais fora do plano da parede,
sendo ligados a esta por intermédio de cachorros metálicos executados aquando da betonagem.
Esta variante tem a vantagem de permitir a recuperação dos perfis mas o processo construtivo
é mais complicado e a transmissão de esforços pior.

Pedro Santos Gouveia 21


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de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

Figura 2.14: Contenções tipo Berlim definitivo: faseamento construtivo.

Alternativamente a perfis metálicos, são por vezes utilizadas microestacas, de forma a cumprir
eventuais exigências de capacidade de carga.

Este método tem como principais vantagens:


 a simultaneidade de trabalhos – execução da escavação coincide com a realização da
contenção, apesar de numa visão micro (apenas construção da contenção) ser um
processo moroso;
 o aproveitamento da área de implantação, possibilitando áreas úteis elevadas;
 o facto de não exigir mão-de-obra especializada ou equipamentos específicos de grandes
dimensões;
 o acabamento satisfatório, para caves ou áreas técnicas, por ser uma estrutura cofrada;
 a economia que representa face à solução anterior (contenção provisória tipo Berlim
com posterior betonagem da estrutura de parede em betão armado);
 a boa capacidade de carga vertical e boa absorção e degradação de impulsos horizontais
atuantes, o que permite a sua integração na estrutura definitiva dos edifícios.
A par da contenção provisória tipo Berlim, as desvantagens são as seguintes:
 apresenta um mau desempenho para níveis freáticos elevados, não garantindo por si só
estanquidade a longo prazo;
 origina descompressões no solo com possíveis danos em construções vizinhas
resultantes de movimentos do solo;
 exige terrenos consistentes, que sejam autosustentáveis em pequenos paramentos
verticais;

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
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Além disso é um processo moroso com fracos rendimentos diários em termos de área de parede
executada e que pode, em terrenos rochosos ou com pedregulhos, apresentar-se como uma
solução mais cara, por desvios no consumo de betão, visto ser uma solução não cofrada no
tardoz.

Esta é uma solução média em termos de permeabilidade (depende da escavação e juntas de


betonagem), mas que, pelo processo construtivo, não permite o acesso livre ao tardoz, pelo que
não permite uma solução de drenagem similar à metodologia tradicional.
Em alguns casos justifica-se a colocação de um elemento separador e drenante (geotêxtil e tela
drenante) previamente à betonagem dos painéis, bem como de um dreno ao nível da fundação,
sendo este um trabalho de difícil execução e cuja eficácia fica geralmente comprometida com
a execução das ancoragens complementares à parede, pelo que raramente é executado.

As ancoragens – elementos fundamentais desta tecnologia construtiva (existem soluções


alternativas de contraventamento pelo interior, mas pouco usadas) – são igualmente pontos
críticos de entrada de água. Dado o número elevado destes componentes (um por painel) que a
tecnologia acarreta, existe assim um risco acrescido de infiltrações. Porém, sendo as ancoragens
elementos comuns a diversas soluções de contenção, a análise à sua constituição e problemas
de estanquidade será efetuada num ponto adicional, após exposição das diversas soluções de
contenção periférica.

Resumindo, caso o nível freático se encontre significativamente acima no nível da fundação e


a contenção não seja complementada com métodos de rebaixamento do nível freático ou de
reforço/impermeabilização do solo, esta é uma solução a descartar, pois não só se torna difícil
a sua execução como não está garantida a estanquidade após conclusão.

2.3.4 Cortinas de estacas moldadas


Este método resume-se à execução de estacas em betão armado, devidamente alinhadas,
executadas a partir da superfície, em geral, ancoradas ou escoradas.
A execução de estacas moldadas pode ser executada através de trado contínuo (em que o
sustimento do furo é garantido pelo próprio trado e a betonagem da estaca efetuada de baixo
para cima, com a retirada do trado), recorrendo a um tubo moldador recuperável (que serve para
suster o furo antes da betonagem) ou a lamas bentoníticas (que são introduzidas para suster o
furo e posteriormente substituídas numa betonagem de baixo para cima por betão).
Nas cortinas as estacas podem ser executadas afastadas entre si, justapostas ou secantes.
A cortina de estacas afastadas, onde o afastamento varia em função do solo (não sendo por regra
superior ao diâmetro da estaca) e todas as estacas têm função resistente, é permeável e
usualmente revestida com betão projetado ou cofrado – figura 2.15a – podendo ser conjugada
com colunas de jet-grouting, método que será abordado mais à frente.

Pedro Santos Gouveia 23


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

a) b) c)

Legenda: a) afastadas [espólio do autor]; b) tangentes, sendo visível um nível, uma viga de distribuição e cabeças de
ancoragens [cortesia Tecnasol]; c) secantes, alternando estacas armadas e não armadas.
Figura 2.15: Cortinas de estacas.

A cortina de estacas justapostas (ou tangentes, em que o afastamento entre elas é inferior a
10cm) é, a par do anterior, executado com a totalidade das estacas armadas – figura 2.15b –
sendo um método mais eficaz e normalmente utilizado em terrenos granulares ou argilas moles.
No entanto, tal como no caso com estacas afastadas, não garante impermeabilidade.
Na cortina de estacas secantes, as estacas efetivamente intersectam-se. Primeiramente são
executadas estacas utilizando um betão plástico e de baixa resistência, não sendo estas armadas
(ou pouco armadas); posteriormente, executam-se as restantes estacas, intersectando e unindo
as anteriores – figura 2.15c [35]. Este é um método muito dispendioso.

As cortinas de estacas têm, face a outros métodos, as seguintes vantagens:


 apresentam custo moderado (no caso de colunas espaçadas);
 são uma solução válida para uma grande gama de solos (com a devida adaptação do
método construtivo);
 face à sua capacidade, necessitam em regra de menos níveis de ancoragens,
comparativamente a outros métodos;
 são uma solução de rápida execução (em condições de perfuração não adversas);

Existem no entanto desvantagens associadas às cortinas de estacas:


 existe a dificuldade em garantir a verticalidade em grande profundidades;
 exigem equipamentos e mão-de-obra especializados;
 não garantem em pleno a estanquidade (com exceção das colunas secantes, de maior
custo);
 envolvem meios pesados, o que inviabiliza a sua utilização dentro do perímetro de um
edifício existente;
 exigem trabalhos adicionais para uma superfície final.

A nível de estanquidade, os diversos tipos de cortinas de estacas apresentam diversos


comportamentos:

Pedro Santos Gouveia 24


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

 As colunas afastadas só podem, por regra, ser aplicadas em argilas médias, rijas e duras ou
solos com alguma consistência acima do nível freático uma vez que, pelo espaçamento que
as caracteriza, não conseguem conter solo solto como também não exercem qualquer
função de estanquidade ou sequer contenção da água.
 As estacas tangentes, apesar de serem apresentadas como um processo aplicável abaixo no
N.F., podem acarretar problemas de estanquidade, os quais surgem, por regra, nas juntas
mas também pontualmente no corpo das estacas e que se devem especialmente aos
seguintes problemas de execução:
o colapso das paredes do furo em solos moles ou soltos, caso não exista contenção do
mesmo (encamisamento ou lamas bentoníticas);
o problemas de verticalidade e consequentemente de linearidade das juntas;
o potenciais anomalias no betão antes da presa (por entrada ou percolação de água);
Por este motivo é usual, para uma estanquidade eficaz, a utilização deste método
juntamente com meios auxiliares (colunas de jet grouting ou tratamento de juntas com
eventual rebaixamento temporário do nível freático).
 As estacas secantes são apresentadas em bibliografia de referência como um método “quase
estanque” – near watertight [28] – pois cortam (ou diminuem) a percolação. No entanto,
assim como nas estacas tangentes, é necessário um controlo de execução rigoroso de forma
a garantir esta aproximação à estanquidade; esta técnica construtiva pode ser afetada pela
reduzida durabilidade das estacas de betão plástico [28], pelo que os trabalhos adicionais
(forro) são neste caso fundamentais, não só pela questão estética mas para compensar esta
incerteza.

2.3.5 Paredes moldadas


Paredes moldadas são painéis sem continuidade horizontal – trechos contíguos de
comprimentos da ordem dos 2 a 3 metros – executados a partir da superfície, com recurso a
lamas bentoníticas que asseguram a contenção do terreno durante a execução. Estes elementos
têm assumidamente funções resistentes (de fundação, resistindo a cargas verticais e de suporte
ou contenção, acomodando impulsos horizontais) e impermeabilizantes. São totalmente
executados enterrados, procedendo-se posteriormente à remoção do terreno do interior da
contenção.
Historicamente, este método resulta da justaposição de estacas e, apesar desta ideia de painéis
construídos em troços de vala estabilizados com lamas ter sido concebido por Veder em 1938,
apenas em 1950 teve a sua primeira aplicação prática [36] pela empresa ICOS. O
desenvolvimento técnico desta solução foi largamente impulsionado nos anos seguintes pela
concorrência entre os especialistas, nomeadamente a ICOS na Europa, a Soletanche-Bachy em
França, a Trevisani e a Rodio em Itália e a Cementation no Reino Unido [28].

O processo construtivo atual pode ser descrito pelos seguintes passos e é resumidamente
esquematizado na figura 2.16 [36]:

Pedro Santos Gouveia 25


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

a) execução dos muretes guia em B.A. (com funções balizadoras e protetoras da parede
durante a sua execução);
b) escavação com recurso a “grab” hidráulico* (“clam shell” ou balde de maxilas), com
substituição do solo por lamas, garantindo a sua estabilização, ou com hidrofresa ou
trépano no caso de rocha;
c) introdução de tubos-junta entre painéis;
d) preparação e colocação da armadura em gaiola, contendo negativos (metálicos), para
posterior execução das ancoragens e armaduras de reforço ao punçoamento;
e) betonagem, de baixo para cima (recorrendo a tubo “tremie”) com recuperação da lama,
encaminhamento e reciclagem;
f) recuperação dos tubos-junta, demolição dos muros-guia e saneamento do topo da
parede;
g) execução da viga de coroamento;
h) escavação no intradorso da parede betonada e execução de ancoragens ou escoras.

b) c) d) e)

Legenda (b) escavação, (c) introdução de tubo-junta metálico, (d) colocação da armadura em gaiola, (e) betonagem

Figura 2.16: Sequência típica de construção de uma parede moldada.

Figura 2.17: Sequência de execução dos painéis de paredes moldadas: em contínuo (em cima) e alternadamente (em baixo)

Pedro Santos Gouveia 26


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

A execução dos painéis (escavação e fases subsequentes) pode ocorrer sucessivamente ou


alternadamente, conforme as características do solo. Na execução em contínuo é (com exceção
do primeiro painel onde se colocam dois tubos-junta) utilizado um tubo-junta, enquanto na
execução em alternado são utilizados dois tubos-junta nos painéis primários, não sendo
necessários tubos-junta nos secundários, tal como se pode verificar no esquema da figura 2.17
[37].

As paredes moldadas apresentam diversas vantagens, de entre as quais se destacam:


 aplicabilidade a diversos tipos de terreno (incoerentes ou moles), mesmo com nível
freático elevado;
 causam ruído e vibrações reduzidos (comparativamente com as cortinas de estacas);
 minimizam a descompressão e deformação em construções vizinhas;
 garantem (em teoria) impermeabilização à passagem de água para o interior da estrutura;
 são adaptáveis a contornos irregulares;
 o material da parede pode ser afinado mediante as características pretendidas
(resistência, exposição ambiental, …) de forma a adaptar-se aos requisitos.

A tecnologia apresenta todavia condicionantes relevantes à sua aplicação generalizada:


 é uma solução dispendiosa, principalmente devido ao uso das lamas bentoníticas
(fabrico, recuperação e reciclagem) e ancoragens (na fase provisória);
 a execução é difícil em terrenos rijos, resultando em rendimentos muito baixos;
 o grau de acabamento final é apenas razoável (tolerável em garagens);
 exige equipamentos e mão-de-obra especializados;
 ocupa parte da área útil dos pisos;
 recorre a equipamentos pesados e de grande porte, inviabilizando a sua utilização dentro
do perímetro de um edifício existente.

Apesar de, em teoria, ser eficaz ao nível da estanquidade, esta solução é muitas vezes
comprometida por defeitos de realização; por este motivo, é corrente em bibliografia da
especialidade a descrição de diversos procedimentos de controlo da execução.

Perante a temática desta dissertação, considera-se útil aqui registar as advertências e


recomendações de Martin Puller [28] no que toca à resistência à água de uma parede moldada:
a) condições do solo e nível freático: os riscos maiores verificam-se com níveis freáticos
altos em solos granulares soltos, siltes, argilas siltosas e argilas sobreconsolidadas
fortemente fissuradas;
b) procedimentos: evitar períodos muito longos entre a escavação e a betonagem;
c) espessura: evitar paredes com espessura inferior a 600mm;
d) forma da escavação em planta: há evidências de que as infiltrações em juntas têm
tendência para se verificar próximo das zonas circulares (os painéis no centro de um
troço reto muito longo também têm tendência a abrir e provocar infiltrações);

Pedro Santos Gouveia 27


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

e) profundidade: quanto maior a profundidade, maior o risco de infiltração,


fundamentalmente pelo aumento da pressão hidráulica com a profundidade;
f) extensão dos painéis: menores painéis originam mais juntas, mas reduzem o risco de
infiltrações;
g) meios de escavação: melhor/maior?? verticalidade e menor vibração que resultam do
corte com hidrofresa, face ao “grab” hidráulico, originam paredes de melhor qualidade
e consequentemente com melhor resistência à água;
h) densidade de armadura: alta densidade de armadura pode reduzir a qualidade do betão
in situ e consequentemente reduzir a resistência à água;
i) construção top-down: tende a minimizar os movimentos da parede e melhorar a
resistência à água, particularmente nas juntas;
j) o uso de perfis waterstop em painéis verticais através do sistema CWS ou outro sistema
de junta similar é essencial;
k) o desenho efetivo da junta entre a parede e a fundação é crítico.

Detalhando este último e o penúltimo ponto – o uso de perfis waterstop – e apesar de os perfis,
as suas variantes e diferentes usos serem objeto de uma análise mais detalhada no Capítulo 3,
apresentam-se aqui,de seguida, os sistemas utilizados em paredes moldadas, que permitem a
sua aplicação nas juntas verticais entre painéis. Assim, existem 3 formas genéricas de melhorar
a estanquidade da junta, recorrendo a variações do tubo junta [36]:

Legenda: i) junta cavilha simples; ii) junta cavilha dupla; iii) junta waterstop

Figura 2.18: Uniões impermeáveis entre painéis (adaptado).

i. Junta Cavilha Simples: um tubo-cavilha é inserido previamente à betonagem do


segundo painel, sendo posteriormente retirado e a cavidade injetada com calda (figura
2.18i [38]).
ii. Junta Cavilha Dupla: um tubo-cavilha é inserido com o tubo-junta, apenas o tubo junta
é retirado e um segundo tubo-cavilha é inserido previamente à betonagem do segundo
painel, sendo posteriormente ambos os orifícios (após retirada dos tubos-cavilha)
injetados com grout (figura 2.18ii [38]);

Pedro Santos Gouveia 28


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

iii. Junta Waterstop: junto com o tubo-junta, o qual tem um tubo próprio adjacente, é
inserido um perfil waterstop no primeiro painel, o qual é betonado; após retirada do
tubo, limpa-se a junta e betona-se o segundo painel, que preenche o vazio, ficando o
perfil waterstop em ambos os painéis, ao longo de toda a extensão (figura 2.18iii [38]).

Mais recentemente foi desenvolvido, pela


empresa Bachy [28], um método designado por
CWS (tendo as empresas concorrentes adotado
soluções equivalentes), que consiste num painel
que permite alocar não apenas uma junta
waterstop mas até três elementos - Figura 2.20
[39]– e que não é extraído verticalmente mas sim
por deslocação horizontal, após a escavação do
novo painel [39] - figura 2.19 [39].

Figura 2.19: Metodologia de construção usando painéis


CWS (adaptado)

i) ii) iii) iv)

Legenda: i) um perfil waterstop, ii) dois perfis waterstop, iii) três perfis waterstop, iv) dois perfis waterstop e tubo central para
injeção de resinas hidrorecativas

Figura 2.20: Sistemas de juntas waterstop montados através do painel.

Apesar da evolução que o sistema sofreu, as desvantagens do uso do solo como cofragem para
o betão são óbvias, motivo pelo que foi desenvolvido pelas empresas francesas Bachy e
Soltanche (entretanto juntas na Soletanche-Bachy) um sistema com painéis de parede pré-
fabricados [28], com as seguintes vantagens a destacar:
 aparência limpa e regular;
 a forma pode ser pré-desenhada, de forma a cumprir com os requisitos técnicos e
estéticos da estrutura e do edifício;
 economia (é possível reduzir a espessura em 30%, garantindo a qualidade do material);
 é possível a construção de painéis pré-tensionados;
 melhor estanquidade, resultante de um melhor controlo de produção.

Pedro Santos Gouveia 29


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.3.6 Cortinas de microestacas


Microestaca é uma estaca de pequeno diâmetro, sendo a sua secção transversal limitada pela
EN14199:2005 [40] a:
 diâmetro ≤ 300 mm, para elementos moldados no terreno:
 diâmetro ou lado ≤ 150 mm, para elementos cravados no terreno.
O uso atual, bem como a definição em bibliografia, centra-se nas microestacas moldadas. O
processo construtivo é o seguinte:
a) perfuração à rotopercussão e introdução
de tubo moldador, quando o furo não é
autoportante (solos incoerentes);
b) introdução do tubo-armadura;
c) selagem do espaço entre tubo-armadura e
o furo (ou tubo moldador);
d) extração do tubo moldador (se utilizado
durante a perfuração);
e) injeção faseada do bolbo de selagem;
f) preenchimento do tubo manchete com
calda;
Existem, para além das microestacas tradicionais
moldadas (e das cravadas), microestacas
auto-perfurantes (usadas sobretudo nos Estados
Unidos) em que o processo de execução se
Figura 2.21: Execução de microestaca no interior de um
resume a: perfuração, injeção de preenchimento edifício.
e injeção de selagem.

O mais usual em cortinas de microestacas é a sua execução com afastamento, sendo a parede
executada com betão projetado.

Como principais vantagens do método, temos [41]:


 o facto de serem realizadas com equipamentos de pequeno porte, ideais para meio
urbano (figura 2.21 [espólio do autor]);
 o facto de o equipamento permitir furar de solos mais brandos até rocha, ultrapassando
deste modo eventuais veios rochosos.
Como desvantagens temos a pouca resistência aos momentos fletores, implicando um maior
número de escoramentos.

Ao nível da estanquidade tem resultados similares às estacas afastadas ou tangentes, com o


inconveniente de um maior número de juntas e consequentemente maior risco de infiltração.

Pedro Santos Gouveia 30


Soluções de impermeabilização na reabilitação
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2.3.7 Ancoragens
Como foi sendo referido na exposição dos diversos sistemas de contenção periférica, estes
necessitam (com exceção dos muros) de travamentos intermédios ou de topo. Este travamento
pode ser conseguido através da execução de escoramentos provisórios (ex. perfis metálicos),
elementos da estrutura definitiva (ex. bandas de laje ou construção top-down) ou por
ancoragens.

Figura 2.22: Constituição típica de uma ancoragem em terreno (adaptado de Pinelo, 1980).

A ancoragem é essencialmente um elemento estrutural que transmite uma força de tração da


estrutura principal ao terreno envolvente, mobilizando a resistência de corte desse terreno, a
suficiente distância da estrutura [27]. Consiste essencialmente num tirante em aço introduzido
no terreno (um furo a este solidarizado) e é constituída genericamente pela cabeça, pelo
comprimento livre e pelo comprimento de selagem [42] – figura 2.22 [42].

O seu processo construtivo, muito resumidamente, consiste na seguinte sequência de trabalhos:


 furação do terreno através de trado contínuo ou por roto-percussão, através de varas e
bit - figura 2.23 [espólio do autor];
 limpeza do furo, usando ar, água ou lama bentonítica;
 execução de ensaio de permeabilidade do furo e, em caso de absorção excessiva,
injeção de impermeabilização do bolbo de selagem com caldas cimentícias;
 inserção manual do sistema de injeção e armadura, no interior do furo;

Pedro Santos Gouveia 31


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

 injeção sob pressão da calda de cimento que irá fazer o bolbo de selagem da ancoragem;
 aplicação do pré-esforço através de macacos hidráulicos;
 proteção da cabeça que aflora à superfície (sobretudo à corrosão, no caso das
ancoragens definitivas).

Figura 2.23: Furação para execução de ancoragem em viga de coroamento de cortina de estacas.

A sua utilização pode ser de carácter provisório (durante a construção, caso usual em edifícios)
ou definitivo (se duração superior a 2 anos, tal como é habitual em estruturas de contenção
isoladas); neste último caso, as exigências à instalação são superiores, sendo importantíssima
uma proteção anticorrosão adequada, instrumentação e boas acessibilidades para o
retensionamento e/ou substituição dos cabos que constituem a ancoragem.
O uso destes elementos tem como grande condicionante as estruturas existentes nos terrenos
vizinhos, que podem afetar a eficácia da ancoragem mas também podem sofrer danos aquando
da execução (injeção do bolbo de selagem). Para além disso, uma vez que as ancoragens
penetram na estrutura de contenção, conduzem por vezes a problemas de infiltrações.

A estanquidade é assim uma questão crítica, sendo usual a penetração de água através dos
blocos de ancoragem em paredes de contenção, especialmente em solos granulares. Esta
infiltração pode ocorrer tanto por eventuais espaços entre o furo e cabeça de ancoragem, como
pelos orifícios dos cabos, existentes na cabeça [43].

Pedro Santos Gouveia 32


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

Figura 2.24: Exemplo de proteção em cabeça de ancoragem e zona de transição da cabeça-comprimento livre (adaptado)

A infiltração na transição entre a cabeça da ancoragem e o comprimento livre pode ser evitada
com a utilização da devida proteção com uma película de revestimento, um recobrimento,
mangas metálicas, ou tubo de plástico fixo selado ou soldado à cabeça da ancoragem e
preenchimento com um produto anticorrosivo, cimento ou resina.
A cabeça deve ser coberta por uma camada de revestimento e/ou uma caixa metálica de aço
galvanizado com uma espessura mínima de 3mm ou uma caixa de plástico rígido com uma
espessura de 5mm e, caso se preveja ser removida, preenchida com produto anticorrosivo
flexível e selada com um vedante. No caso de a caixa não ser removível, pode ser preenchida
com cimento ou resina. Exemplo de proteção (para uma ancoragem de cabos) pode ser
visualizado na figura 2.24 [44].

Como referido 2.2.1, são também utilizadas ancoragens (verticais) para contrariar a subpressão
naqueles elementos de fundação, pelo que, nestes casos, face às condições a que estão sujeitas,
dever-se-ão ter todos os cuidados anteriormente referidos, de forma a evitar que sejam pontos
de infiltração.

Pedro Santos Gouveia 33


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 2: A PROBLEMÁTICA

2.4 Síntese do capítulo


Como se expôs ao longo do capítulo, os próprios sistemas de fundações e contenções periféricas
de edifícios tanto podem ser os elementos barreira à entrada de água (o método de exclusão) –
um bom exemplo é a solução de contenção através de paredes moldadas – como os elementos
problemáticos no que se refere à questão da impermeabilização – como exemplo temos a
penetração de estacas em lajes de fundo ou as cabeças de ancoragens em qualquer elemento de
contenção vertical ou horizontal.

Como conclusão do capítulo, procedeu-se à elaboração da primeira parte do Quadro 9


(apresentado no Anexo IV), com as principais características das soluções apresentadas. Nesse
quadro, para cada sistema de contenção periférica ou fundação, para além do correspondente
âmbito de aplicação – enquadramento relativamente a questões construtivas como a
aplicabilidade em pé direito reduzido e o grau de ocupação da área de implantação,
descompressão do terreno envolvente, que acaba por ter também impacto na escolha do sistema
mediante as condicionantes da envolvente, grau de acabamento interior e questões geotécnicas
gerais (tipo de terreno e posição do nível freático) – são indicadas as condicionantes à
estanquidade final.

O estudo realizado neste capítulo, a par da elaboração do quadro – que apresenta de uma forma
sistematizada a informação a qualquer leitor – permitiu sintetizar algumas ideias,
nomeadamente, para cada sistema, identificar os principais pontos de infiltração e os
pormenores construtivos a controlar, para garantir a eficaz impermeabilização. No entanto, por
questões de organização da tese estas (reflexões) apenas serão expostas no último capítulo.

Pedro Santos Gouveia 34


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES – ELEMENTOS, SISTEMAS E


TÉCNICAS COMPLEMENTARES

Dos elementos complementares usados na construção de contenções periféricas, existe um cujo


intuito se enquadra claramente na temática desta tese – perfis waterstop – pelo que não poderia
deixar de ser dedicado um ponto ao mesmo, às suas variantes, à importância da sua utilização
bem como aos cuidados necessários na aplicação, para que o seu uso seja eficaz.
Ainda dentro da vertente da construção, temos dois sistemas que, individualmente ou em
conjunto, complementam a ação impermeabilizante de uma solução de contenção. São os
revestimentos de impermeabilização – que, pelo interior ou quer pelo exterior, desempenham
um papel último no cumprimento de exigências que, por vezes, as soluções de contenção não
atingem – e a drenagem – complementar a qualquer elemento de contenção ou fundação no
desvio da água e consequentemente na garantia da estanquidade – abordados, respetivamente,
no segundo e no terceiro pontos deste capítulo.
Na sequência da exposição a efetuar relativamente à drenagem, introduz-se uma medida de
controlo de água no solo que, ao contrário das medidas de exclusão que foram apresentadas, se
traduz na remoção daquele fluido do solo ou, mais concretamente, no rebaixamento do seu
nível. Teremos assim um ponto dedicado às técnicas de rebaixamento do nível freático,
soluções usadas não só de uma forma provisória na construção mas igualmente de forma
definitiva, como solução de controlo da afluência de água.
Posteriormente serão abordadas duas técnicas usadas como solução para problemas de
infiltrações: as injeções – técnica versátil que permite corrigir problemas mais localizados ou
atuar no melhoramento genérico do solo – e as cortinas impermeabilizantes – de âmbito
periférico, a que se seguem duas técnicas de melhoramento e reforço de solos que, mediante o
seu carácter estanque são frequentemente usadas em conjunto com contenções periféricas,
como parte da solução ou em obras de reabilitação: jet grouting e estabilização química
profunda.

3.1 Elementos waterstop


As juntas formadas entre elementos de betão adjacentes e os pontos singulares onde outros
elementos se ligam ou penetram o betão são dos pontos mais críticos relativamente à
estanquidade das estruturas enterradas. Para prevenir esta entrada de água, são usualmente
especificados em projecto e instalados em obra perfis waterstop (ou outros elementos
equivalentes) nas juntas que se situam abaixo do N.F.
A instalação de perfis waterstop em elementos de betão é uma componente importante da
estanquidade global para a qual certas estruturas de edifícios são dimensionadas. O uso destes
produtos em juntas de betão é uma boa prática de projeto para fundações de edifícios, quer estas
incluam ou não revestimentos de impermeabilização [45].

Pedro Santos Gouveia 35


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Por outras palavras, o uso de perfis waterstop pode eventualmente ser, em certas situações,
redundante mas é um dos elementos que faz farte de um princípio de qualidade associado a
certos projetos e que garante o comportamento final satisfatório no que toca à estanquidade.
Para além da aplicação em juntas de desenvolvimento vertical (em elementos de contenção) e
de desenvolvimento horizontal (usuais em lajes de fundo), é também crítico o uso de elementos
waterstop (ou elementos equivalentes) no contorno de tubagens ou outros elementos que
atravessem o elemento de betão, que faz a separação entre o exterior (húmido) e o interior do
edifício.

3.1.1 Perfis vinílicos, de PVC ou de borracha


Os primeiros elementos waterstop usados em juntas de estruturas de betão eram elementos de
cobre ou aço; no entanto, a rigidez desses materiais causava por vezes a fissuração no betão,
resultando em problemas de infiltração. Em 1950 foram desenvolvidos elementos flexíveis
waterstop, com melhor performance, continuando atualmente a ser esse o tipo mais usado [46].
Estes elementos flexíveis - tradicionalmente lâminas
vinílicas, de PVC ou de borracha (figura 3.1 [47]) - são
parcialmente chumbados no painel (de muro, parede
moldada ou outra estrutura enterrada) primariamente
betonado e posicionados na betonagem do painel
seguinte. Este desenvolvimento do elemento através da
junta funciona como uma segunda barreira à passagem
da água e as abas da junta criam um percurso árduo
para a percorrer prevenindo infiltrações através da
junta [47]. Figura 3.1: Perfis usuais waterstop, que podem ser
de PVC, borracha ou vinílicos.

Figura 3.2: Exemplos de aplicação de perfis flexíveis waterstop.

Pedro Santos Gouveia 36


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Este perfis podem ser simétricos em ambos os eixos (figura 3.2 [48] – Situações 1 e 2) ou serem
faceados de um lado, quando se pretende a sua instalação em lajes, prevenindo a humidade
ascensional (figura 3.2 [48]– Situações 3 e 4). Podem também ter uma zona central de maiores
dimensões, preenchendo eventuais juntas de dilatação (figura 3.2 [48] – Situações 2 e 4),
permitindo algum movimento entre secções de betão adjacentes.
Existem ainda situações de perfis especiais para os casos particulares de ligação da contenção
à laje de fundo, permitindo (figura 3.3i [49]) ou não (figura 3.3ii [49]) o movimento entre os
elementos.

i) ii)

Figura 3.3: Perfis waterstop flexíveis (i) D 320 KF e (ii) A 320 KF, de acordo com a norma DIN 18541-2.

O tamanho do perfil a utilizar é determinado pela pressão expectável de água na junta, sendo
maior para maiores pressões de água a resistir pelo perfil. No entanto, não é apenas o
comprimento das abas a determinar a performance; a espessura destas ou das nervuras é também
relevante [45].
O uso deste tipo de perfis requer um cuidado extremo na instalação, dependendo a sua eficácia
de um perfeito posicionamento. Apesar de generalizados, os perfis flexíveis tornam-se por
vezes ineficazes por serem deslocados ou danificados durante a cofragem ou a betonagem.
Além disso, não é exequível a sua aplicação em elementos penetrantes, como tubagens ou outras
infraestruturas que atravessem o elemento de contenção.

3.1.2 Cordões hidroexpansivos


Uma alternativa aos perfis tradicionais, que funcionam passivamente, é o uso de cordões de
borracha butílica ou de bentonite de sódio hidroexpansivos, de fácil aplicação. A borracha
butílica é um composto polimerizado que expande cerca de 300% quando em contacto com
água [47]. A bentonite sódica, mineral resultante de cinzas vulcânicas e água, pode atingir 20
vezes o seu volume inicial quando colocada em contacto com a água [50].

O uso dos cordões hidroexpansivos é corrente em juntas de betonagem de lajes e paredes (figura
3.4 [48]) mas também em atravessamentos por tubagens de secção circular ou elíptica (figura
3.6 [45]), em sistemas de esgotos, envolvendo perfis metálicos ou em paredes moldadas. São
aplicados, de um modo geral, sempre que se aplica um novo betão contra um existente e seja
necessária uma ligação à prova de água.

Pedro Santos Gouveia 37


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Os cordões hidroexpansivos permitem selar,


pelo seu aumento de volume, eventuais
aberturas que surgem junto à junta por ação de
retração do betão, e por onde poderia penetrar
a água, pelo que a sua seleção deve ser feita
em função da espessura expectável daquelas
fendas. Deverá ser tido também em conta na
seleção se o material terá contacto com água
potável (que não possa ser contaminada) ou
com água salgada (mais agressiva para o
cordão). A durabilidade e o desempenho do
sistema deverá ser igual à vida útil da estrutura Figura 3.4: Exemplo de aplicação de cordões
do betão. hidroexpansivos em juntas horizontais e verticais.

Para além do fornecimento em cordões, estes materiais hidroexpansivos podem também ser
fornecidos em bisnaga, para aplicação à pistola (figura 3.5 [47]).

Figura 3.6: Cordão bentonítico hidroexpansivo instalado no Figura 3.5: Selante de borracha butílica aplicado em bisnaga
contorno de um tubo de grande diâmetro previamente a no contorno de tubagem.
betonagem.
Estes cordões são usados maioritariamente em juntas construtivas, não estando disponíveis
soluções para juntas de dilatação, uma vez que este tipo de soluções apenas forma uma pasta
de alta compressão (selante) quando confinado, em juntas horizontais ou verticais. A sua
instalação deve ser feita com um recobrimento mínimo de 7cm, de forma que a capacidade
expansiva do cordão não danifique o betão [48].

Os cordões colocam-se entre as camadas exterior e interior da armadura, não interferindo com
estas (figura 3.4 [48]). Deverão ser aplicados num sulco criado para o efeito na superfície do
betão antes do seu endurecimento (figura 3.7 [51]), podendo também ser colados ou agrafados;
por regra, um cordão não protegido (sem rede metálica) não deverá ser simplesmente agrafado,
pois pode, em contacto com o betão, expandir, arrancando os fixadores e adotando um
posicionamento incorreto.

Pedro Santos Gouveia 38


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Figura 3.7: Detalhe de aplicação de cordão waterstop expansivo, recorrendo ao seu posicionamento num sulco no elemento
previamente betonado.

Os principais cuidados a ter são na aplicação – correta fixação e posicionamento central – e no


armazenamento – evitar o contacto com água. Existem porém cordões que apresentam uma
expansão retardada – por regra, a borracha butílica necessita até 72h para a expansão do material
[47] – pelo que o risco de expansão prematura pode ser acautelado através da seleção do
material a usar.

3.1.3 Perfis injetáveis


Existem ainda elementos flexíveis (perfis vinílicos) – figura 3.8 [47]– ou tubos perfurados (ou
permeáveis) – figura 3.9 [45] – que injetados com resinas ou caldas de cimento
(impermeabilizantes) deverão garantir a estanquidade da junta, no caso de infiltração.

Figura 3.8: Perfil waterstop em material vinílico com canal central para injeção.

No entanto, o uso deste tipo de elementos em juntas não


tem tido grande sucesso, uma vez que os elementos são
sensíveis e têm de ser protegidos da entrada de betão.
Adicionalmente, a possibilidade de reinjeção aclamada
pelos fabricantes raramente é viável, uma vez que as
válvulas ou poros são usualmente colmatados pela
secagem dos materiais injetados [47].
Figura 3.9: Tubos injetáveis para juntas.

Pedro Santos Gouveia 39


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

3.2 Revestimentos de Impermeabilização


Existem situações em que os sistemas de contenção periférica e as ações complementares de
âmbito geotécnico não se adequam às necessidades funcionais dos espaços. Temos assim o grau
de impermeabilização requerido - que dependerá essencialmente do uso previsto para o espaço
- a condicionar o sistema de impermeabilização, sendo, em casos muito exigentes, os
revestimentos de impermeabilização a única solução. A título de exemplo, no caso de existirem
exigências associadas à limitação de trocas de vapor com o exterior, não há como não incluir
revestimentos de impermeabilização.
No entanto, é aconselhável não ter exigências desnecessariamente altas que não estejam
relacionadas com o uso previsto, porque tal terá relevantes consequências económicas.

Os materiais mais utilizados, como revestimentos, na impermeabilização de paredes enterradas


podem ser divididos em [52]:
 materiais tradicionais - betuminosos (betume asfáltico, asfalto, alcatrão e breus de
alcatrão de hulha), auxiliares (armaduras - feltros, telas e folhas, materiais minerais -
cargas e acabamentos, metálicos - folhas), produtos elaborados (emulsões e pinturas
betuminosas, produtos betuminosos modificados, ligantes e cimento vulcânico) e pré-
fabricados (armaduras saturadas ou impregnadas - feltros e telas betuminosos,
membranas betuminosas - armadas com feltro, tela ou folha);
 materiais não tradicionais - produtos em pasta (emulsões modificadas, materiais
plásticos - termoplásticos e termoendurecidos, resinas diversas - polietileno
clorosulfonado (CSPE), poliuretano, acrílicas e silicónicas e poliéster) e produtos pré-
fabricados (membranas de betumes modificados, termoplásticas e elastoméricas).

Há contudo outras classificações de onde se destaca a seguinte [24]:


 produtos manufaturados in-situ: emulsões betuminosas, cimentos especiais, tintas
impermeabilizantes;
 produtos pré-fabricados: membranas betuminosas, modificadas com polímeros,
membranas de PVC, membranas de borracha, membranas de polipropileno, membranas
de polietileno, membranas bentoníticas, produtos impregnantes.

Estes materiais podem ser constituídos por uma só membrana de impermeabilização


(monocapa) ou por membranas duplas (multicapa); podem ainda ser classificados em função
da sua ligação ao suporte em aderentes (totalmente ligados ao suporte), semiaderentes
(parcialmente ligados por colagem ou fixação mecânica) e flutuantes - Quadro 3.1 [24]. Um
desenvolvimento deste quadro, mais completo, é apresentado em anexo, com descrição,
vantagens e desvantagens de cada um dos sistemas – Quadro I.1 no ANEXO I.

Pedro Santos Gouveia 40


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Legenda: X – situação corrente, (X) situação pouco habitual

Quadro 3.1: Classificação dos materiais constituintes dos sistemas de impermeabilização.

Estes materiais são frequentemente complementados com elementos drenantes referidos na


secção seguinte (3.3 Drenagem).
Como se pode verificar, os sistemas de revestimento impermeabilizantes são bastante diversos,
pelo que, no caso de necessidade, a sua escolha deve ser compatibilizada com as condições
existentes, não havendo uma solução universal. Os fatores que influenciam a escolha são [24]:
 Posição do Nível Freático – níveis freáticos elevados e elevadas inserções das caves no
lençol freático exigem maiores cuidados de impermeabilização e drenagem;
 Permeabilidade do terreno adjacente – quanto menor a permeabilidade do solo, maior a
probabilidade de a água subir por capilaridade e maior o grau de exigência;
 Tipo de ocupação dos pisos enterrados – como referido inicialmente, as necessidades
funcionais de uma habitação são diferentes de uma garagem, pelo que a exigência ao
nível de impermeabilização é igualmente diferente;
 Processo construtivo das contenções periféricas e fundações – pode condicionar o
posicionamento do sistema em relação ao elemento: pelo interior ou pelo exterior;
Relativamente a este último ponto, podendo os sistemas ser genericamente instalados pelo
interior ou exterior, temos como vantagens da aplicação pelo exterior a proteção dos elementos
construtivos (de contenção periférica ou fundação) aumentando a sua durabilidade e maiores
resistências às pressões hidrostáticas; como vantagens do sistema pelo interior, podemos referir
a possibilidade de serem executados em fase de acabamentos ou posterior e a maior facilidade
de reparação. A aplicação pelo exterior é, deste modo, claramente mais vantajosa. No entanto,
tal como anteriormente referido, há processos construtivos que não o permitem. Por outro lado,
existem produtos que pelas suas propriedades e características não devem ser aplicados no
interior de habitações, por não resistirem a pressões, que tanto podem ser positivas, de dentro

Pedro Santos Gouveia 41


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

para fora, como negativas, de fora para dentro, originando o destacamento da


impermeabilização do suporte. Importa ainda referir que, na presença de humidade no suporte
(parede estrutural), apenas os cimentos especiais podem ser aplicados. Na presença de nível
freático elevado ou de condições atmosféricas adversas, esta questão pode tornar-se
incontornável [24].

Academicamente, já foi efetuado um comparativo entre os diversos sistemas de


impermeabilização [53] tendo como resultado, para as paredes enterradas, o quadro 3
apresentado no ANEXO II.
Sendo os critérios questionáveis e não havendo, tal como referido, um sistema universal de
impermeabilização, passa-se a analisar as condicionantes de cada sistema de contenção
periférica ou elemento de fundação, no que respeita à aplicação de revestimentos de
impermeabilização. Opta-se também por indicar, em cada uma das situações e mediante as
condicionantes, a solução usualmente aplicável (apesar de existirem outras que cumprem os
requisitos), que envolve, na generalidade dos casos, um sistema complementar de
impermeabilização e drenagem.

3.2.1 Aplicação a fundações


Continuando neste ponto o que foi referido em 2.2, caso se opte pelo uso de revestimentos de
impermeabilização em fundações - o que usualmente faz sentido nos casos em que os elementos
de fundação são também elementos de piso ou com ele contactam, situados abaixo do nível
freático e em que não se garante o carácter estanque do elemento em si - é de extrema
importância garantir uma solução de continuidade, particularizando todos os pontos singulares
(exemplos nas figuras 2.4, 2.5 e 2.6 [24].).
Assim, caso haja possibilidade (com execução da laje após rebaixamento do nível freático),
deverá aplicar-se um revestimento impermeabilizante (usualmente membrana betuminosa)
sobre um massame, executar sobre estes uma betonilha de proteção e apenas sobre esta a
eventual laje térrea.
Todavia, como as situações mais usuais de ensoleiramentos abaixo do nível freático ocorrem
com recurso a soluções de contenção periférica (sem acesso pelo exterior), a impermeabilização
do ensoleiramento e das ligações deste à contenção terá de ser realizada pelo interior, sendo
executada usualmente, perante as elevadas pressões hidrostáticas, com recurso a cimentos
especiais.

3.2.2 Aplicação a muros / metodologia tradicional


Distinguem-se aqui dois casos: nível freático abaixo da laje de fundo, não havendo intersecção
deste pelo muro de suporte, ou nível freático acima da laje de fundo, com inserção do muro de
contenção periférica no nível freático.

Pedro Santos Gouveia 42


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Nível freático abaixo da laje de fundo


Não havendo intersecção do N.F. pelo muro de suporte, a situação é relativamente simples,
havendo apenas necessidade de evitar os problemas das águas de escorrência, sendo geralmente
aplicados os sistemas menos pesados. Uma vez que o processo construtivo o permite, o ideal
será proceder à impermeabilização pelo exterior. Em casos onde não há vestígios de água
(acima do nível freático) é frequente a aplicação somente de emulsões betuminosas , a frio e à
trincha (ou rolo) em duas demãos cruzadas do produto. Porém, esta é uma solução de baixo
custo (o sistema mais económico) que não garante a impermeabilização, não só pela dificuldade
de controlo da aplicação mas também pela baixa resistência, sendo usuais problemas em pontos
singulares (juntas, por exemplo). Caso seja esta opção, deverá também ser colocada uma
membrana alveolar drenante para proteção e drenagem.

Nível Freático acima da laje de fundo


A impermeabilização e drenagem das paredes Legenda:
1-solo,
deverão ser feitas pelo exterior, recorrendo, se
2-camada filtrante
necessário, ao rebaixamento do N.F. (agregados)
aplicando-se os materiais em superfícies 3-tubo geodreno,
(sapatas e paredes) secas. A conceção dos 4-elemento drenante
(geotêxtil)
sistemas será semelhante, independentemente
5-membrana de proteção
do grau de inserção no N.F., sendo as (tela alveolar),
diferenças apenas na espessura das camadas 6-membrana betuminosa,
de cimentos especiais ou na gramagem ou 7-muro.
número de camadas das membranas. A
solução mais utilizada passa por membranas
betuminosas, com o esquema de aplicação
Figura 3.10: Esquema de aplicação de impermeabilização
exemplificado na figura 3.10. em muros enterrados [cortesia Sotecnisol]

3.2.3 Aplicação a muros com contenção provisória tipo Berlim


Caso a contenção tipo Berlim fique integrada na estrutura de contenção definitiva, como
cofragem perdida, é possível a aplicação de sistema de impermeabilização pelo exterior (entre
a estrutura de contenção provisória e cofragem e a estrutura definitiva). Para tal usa-se uma rede
drenante (geotêxtil) fixada mecanicamente ao suporte por fixações aplicadas a tiro, em todas as
paredes de contenção e até à cota do terreno, sobre a qual é posteriormente colocada a
impermeabilização (telas de PVC ou bentoníticas, não aderentes).
A eventual existência de ancoragens na parede tipo Berlim não impede a implementação da
solução preconizada, uma vez que as respetivas cabeças podem ser retiradas à medida que a
estrutura vai crescendo em altura [16].

Pedro Santos Gouveia 43


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3.2.4 Aplicação a paredes tipo Berlim definitivo


Estas paredes apresentam mau desempenho para N.F. elevado, não garantindo, por si só,
impermeabilidade a longo prazo. Havendo a necessidade de revestimento de
impermeabilização, este tem de ser obrigatoriamente realizado pelo interior, uma vez que o
processo construtivo impede o contrário; no entanto, o sistema de drenagem complementar
pode ser colocado pelo exterior, apesar de difícil execução, sendo normalmente constituído por
uma rede drenante envolvida por dois geotêxteis.
A impermeabilização pelo interior é usualmente executada com argamassas aditivadas/
cimentos especiais, conferindo um bom acabamento final da parede, ou com telas de PVC, que
implicam usualmente a construção de outra parede para ocultação e/ou proteção.

3.2.5 Aplicação a cortinas de estacas moldadas


Recordando o que foi já escrito sobre as cortinas de estacas moldadas, é importante reconhecer
as dificuldades na exclusão de água de estruturas de estacas moldadas e as penalizações em
custo envolvidas na tentativa de o fazer. Será mais prático aceitar alguma penetração de água e
desenhar a estrutura para a remoção [54] bem como, aceitando o seu mau desempenho para
nível freático elevado, não garantindo por si só a impermeabilização, evitar o seu uso nestes
casos.
No entanto, no caso de uma cortina regularizada (com betonagem ou gunitagem, criando um
superfície contínua) pode prever-se uma solução de impermeabilização pelo interior, tal como
indicada no ponto anterior, havendo o cuidado de garantir a continuidade nas tangentes às
estacas.

3.2.6 Aplicação a paredes moldadas


Uma das vantagens do sistema de contenção periférica por paredes moldadas é a de funcionar
(em teoria) como barreira à passagem de água para o interior da estrutura. Esta garantia teórica,
tal como anteriormente exposto, está dependente de inúmeros cuidados na execução, os quais
por vezes falham. Nesta situação e caso se verifique que uma parede moldada é permeável, a
única solução, dentro dos revestimentos de impermeabilização, é a impermeabilização pelo
interior, já que não há qualquer acesso ao exterior.
Deste modo, a solução de impermeabilização passa por, em combinação com drenagem (já
referida solução de caleira e ocultação da mesma com uma parede interior de alvenaria, se o
uso do piso enterrado assim justificar), proceder à impermeabilização do interior da parede
moldada – usualmente, face às elevadas pressões hidrostáticas, com cimentos especiais. O
tratamento prévio e cuidado dos pontos singulares, como as juntas dos painéis das paredes
moldadas ou a ligação das lajes dos pisos às paredes – usual com argamassas e resinas
expansivas – assume especial importância para o sucesso do sistema de impermeabilização
[24].

Pedro Santos Gouveia 44


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3.3 Drenagem
Apesar de a abordagem aos sistemas de drenagem ter sido, perante a influência que a água tem
na estabilidade de muros de suporte, iniciada em 2.3.1 e, devido ao seu carácter complementar
e transversal, continuada noutros pontos, noutros pontos, importa aqui referi-la como ação
complementar aos sistemas de contenção e fundações, bem como a qualquer revestimento de
impermeabilização dos mesmos.
Na realidade, as ações de elementos de drenagem e de revestimentos de impermeabilização são
complementares e indissociáveis. Repetindo o que foi já dito em 2.1.2, de uma forma algo
simplista, se a drenagem tem por objetivo encaminhar a água para longe da construção (e para
os sistemas de recolha de efluentes), a impermeabilização pretende impedir o acesso ao interior
da construção da água remanescente [16].

Na constituição dos sistemas de drenagem são usados diversos materiais, os quais serão
seguidamente apresentados:
 Agregados (brita, gravilha, godo ou outro material granular inerte permeável)
o devem ser duráveis, limpos, consistentes, compactos;
o agregados de menores dimensões na parte superior do dreno;
o agregados de maiores dimensões na parte inferior (junto a dreno).
 Alvenaria (blocos cerâmicos ou de betão):
o como parede exterior à parede de contenção, funcionando como camada de
proteção à impermeabilização do elemento drenante;
o como parede interior às paredes de contenção, permitindo a criação de caleira
na caixa-de-ar e funcionando também como uma proteção à impermeabilização;
o em valas, adjacentes às paredes, da construção (processo caído em desuso),
alternativamente a valas sem enchimento.
 Geotêxteis (em poliéster, polietileno ou polipropileno)
o funcionam como filtros de finos (evitando o fenómeno de piping).
 Redes drenantes / separadores (dois materiais colados: geotêxtil e emaranhado de fibras
sintéticas ou plástico alveolar):
o filtra e drena (permitindo em regra o escoamento de água para o dreno).
 Tubos de drenagem (cerâmicos, de betão ou tufo, betão filtrante ou, mais correntes hoje
em dia, PVC ou HDPE):
o porosos ou perfurados;
o recebem a água proveniente do filtro e evacuam-na rapidamente, minorando a
saturação do filtro.
Os sistemas de drenagem podem ser instalados pelo exterior ou pelo interior. Apesar de serem,
em regra, mais eficazes pelo exterior (evitam o contacto dos elementos construtivos com a água
bem como o já referido problema de pressões hidrostáticas), o processo construtivo associado
à contenção ou fundação impede por vezes que tal ocorra, sendo criados sistemas pelo interior,
que acabam por ter como vantagem a maior facilidade de manutenção.

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3.3.1 Drenagem de Elementos de Fundação


Ao nível de Fundações e abordando, como anteriormente referido, as soluções contínuas –
ensoleiramentos – estamos perante duas situações distintas, as que se situam acima do nível
freático e as que se situam abaixo do N.F.:

Ensoleiramentos acima do nível freático:


Estas situações, apesar de relativamente simples, ao ponto das infiltrações serem usualmente
evitadas apenas por elementos de drenagem, exigem alguns cuidados que garantam não só a
evacuação de toda a água pluvial que se infiltra no solo mas igualmente a resultante de eventual
ascensão capilar.

Figura 3.11: Exemplo de dreno superficial sob pavimento térreo (massame não estrutural) e dreno periférico.

Deste modo, é regra geral a execução de uma camada de enrocamento, com função drenante,
limitada superiormente com uma tela (plástica) drenante. Executam-se também, por regra,
drenos periféricos, em volta de todo o edifício, devidamente conectados ao sistema de drenagem
de águas pluviais. No caso de inexistência de cota ou havendo risco de transbordo do coletor, a
ligação destes elementos de drenagem ao coletor tem de passar por uma situação bombeada,
evitando situações gravíticas não funcionais. Em situações onde se prevê a possibilidade de
afluência excessiva de água à base do ensoleiramento ou quando o nível freático se encontra

Pedro Santos Gouveia 46


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relativamente próximo, pode ser ainda criado um dreno (ou conjunto de drenos, geralmente em
espinha), ligado à caixa de recolha que serve igualmente o dreno periférico. Na figura 3.11 [55]
é visível um exemplo de um sistema de drenagem superficial instalado sob um pavimento térreo
(não se trata de um ensoleiramento – elemento de fundação – mas de um massame, apresentado
a título exemplificativo por as soluções de drenagem recomendadas serem similares).

Lajes de Fundo abaixo do Nível Freático:


Tal como foi já mencionado em 2.2.1, existem duas abordagens ao problema de estanquidade
(e também de estabilidade) provocado pela subpressão: impermeabilização da laje com
revestimentos impermeabilizantes e rebaixamento permanente do N.F. (figura 2.1 [19]). Se a
primeira é uma solução de revestimentos (abordada em 3.2) onde o contributo de uma eventual
drenagem complementar em nada auxilia (não é possível drenar águas freáticas), a segunda
conta com métodos forçados de controlo da água subterrânea (a abordar em 3.4), pelo que em
ambos os casos não se aplicam soluções de drenagem.
Aplica-se contudo drenagem aos casos em que a contenção periférica é uma solução
impermeável (paredes moldadas, por exemplo) e penetra numa camada de baixa
permeabilidade, formando uma caixa “estanque”, ou em que a laje de fundo é precedida de um
tampão de fundo (em colunas de jet grouting, por exemplo), evitando a afluência de água ao
fundo de escavação. Nestes casos, apesar do dimensionamento da laje de fundo para absorver
as subpressões, a drenagem é feita sobre aquele elemento, sendo usualmente colocado um
enrocamento de drenagem, o respetivo sistema de bombagem à superfície e posteriormente o
massame armado.

3.3.2 Drenagem de Sistemas de Contenção Periférica


Analisando as diversas soluções de contenção, temos a forma como a drenagem é assegurada
em cada uma:
i. Paredes / muros correntes (metodologia tradicional): o sistema passa pela criação de
um dreno em material inerte drenante (brita ou godo) de diversas granulometrias,
adjacente ou não às paredes de contenção, de espessura considerável; é usual envolver
o dreno em geotêxtil, servindo este de filtro e, no caso de aplicação do dreno adjacente
à parede, colocar uma rede drenante no seu tardoz com função drenante mas também de
proteção (do eventual revestimento de impermeabilização) – figura 2.9 [26].
ii. Muros executados com contenção provisória tipo Berlim: dever-se-á tentar garantir a
drenagem exterior, aplicando um rede drenante (geotêxtil) no suporte (contenção
provisória), efetuando, se possível, a recolha de água, ao nível da fundação, através de
um tubo drenante, com ligação à rede de drenagem pluvial.
iii. Paredes definitivas tipo Berlim: apesar de ser um processo de difícil execução, o ideal,
no caso de se preverem quantidades consideráveis de água, é a colocação de uma rede
drenante (malha envolvida em ambos os lados por geotêxtil) à medida que a escavação
progride; esta solução obriga a uma sobre-escavação junto da base inferior da viga para

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possibilitar a colocação de uma área suplementar de elemento drenante, de forma a


assegurar-se a continuidade e a suficiente sobreposição com a camada a aplicar aquando
da execução dos painéis inferiores; na base da última fiada de painéis é necessário
colocar um tubo drenante que receba e conduza toda a água captada pelo elemento
drenante, instalando-se caixa(s) de visita ao longo das paredes de contenção.
iv. Cortinas de estacas moldadas: sendo impossível o acesso ao exterior da cortina ,
importa garantir a drenagem interior, colocando uma rede de polietileno intercalada
entre dois geotêxteis e, no caso de estacas tangentes ou secantes, tubagem drenante em
cada linha de tangência; é usual, por questões estéticas, ocultar estes elementos com um
forro ou uma parede, permitindo, no segundo caso, a recolha das águas na caleira a
executar na caixa-de-ar.
v. Paredes moldadas: a drenagem, a ser necessária, executar-se-á obrigatoriamente pelo
interior, passando pela execução de uma caleira entre a parede moldada e a primeira
fiada de alvenaria com argamassa não retráctil, devidamente impermeabilizada com
argamassa adequada, com remates convenientes nos tubos de drenagem e condução da
água para onde for mais vantajoso; no caso de a afluência de água ser elevada, poder-
se-ão prever drenos de travessia das lajes, convenientemente rematados com argamassas
e/ou mastiques expansivos, de forma a evitar que as águas se propaguem naqueles
elementos.

Importa referir que a solução de drenagem pelo interior (parede dupla com caleira para recolha
de água infiltrada e consequente encaminhamento para a rede de águas pluviais, com eventual
bombagem, se necessário) é passível de ser aplicada de uma forma genérica, sendo assim
considerada uma solução de recurso em qualquer uma das situações.

3.4 Rebaixamento do Nível Freático


Existem técnicas de controlo da água subterrânea que facilitam a construção e eventual
manutenção de estruturas abaixo do nível freático. Como estas técnicas de drenagem têm como
objetivo a alteração da posição do nível freático, rebaixando-o, são vulgarmente conhecidas por
técnicas de rebaixamento do nível freático [27].
Materializam-se por:
 valas e poços de bombagem (rebaixamento de 1 a 2m), isto é, valas drenantes
circunjacentes à escavação que encaminham a água para locais de concentração (poços),
a partir dos quais é bombeada (figura 3.12 [56]);
 agulhas filtrantes (rebaixamento de cerca de 5 a 6 metros) – wellpoints –, que são ligadas
a um coletor, que constitui o sistema de aspiração da bomba que eleva água até ao
exterior (figura 3.13 [56]);
 sistemas de ejeção, em que os poços atingem profundidades até 30 m, funcionando
como circuitos semifechados em que a água é injetada por uma bomba centrífuga
através de uma tubagem horizontal (tubo distribuidor geral) que possui saídas onde se

Pedro Santos Gouveia 48


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ligam os tubos de injeção que conduzem a água sob alta pressão (7 a 10 atm), até ao
injetor, instalado no fundo do poço (figura 3.14 [56]);
 sistemas de poços profundos, para grandes profundidades e meios pouco permeáveis,
sendo similar ao anterior mas onde, no fundo do poço, é colocada uma bomba centrífuga
de elevada capacidade (figura 3.15 [56]);
 sistema de electro-osmose, para solos muito pouco permeáveis, onde é criado um
gradiente adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos
vazios do solo;
 drenos sub-horizontais, aplicável a escavações pouco profundas e N.F. elevados,
executados no interior do maciço a ser drenado, penetrando o aquífero, com inclinações
ascendentes (3 a 5%) e apetrechados com tubos perfurados de pequeno diâmetro (50 a
60mm), de plástico ou em aço galvanizado, por vezes envolvidos em manta geotêxtil.

Figura 3.12: Sistema de valas e poço de bombagem (adaptado).

Figura 3.13: Sistema de agulhas filtrantes (adaptado).

Pedro Santos Gouveia 49


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Figura 3.14: Sistema de ejeção (adaptado).

Figura 3.15: Sistemas de poços profundos (adaptado).

O rebaixamento do nível freático é por vezes a única solução quando este se encontra acima da
laje de fundo e o sistema conjunto de contenção e laje de fundo não garante a estanquidade. A
escolha da solução a aplicar depende do rebaixamento que se pretende obter e das características
dos solos nos quais se pretende o rebaixamento.

Pedro Santos Gouveia 50


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Existe ainda uma técnica que, não sendo puramente de rebaixamento do nível freático, é uma
metodologia de combate à subpressão, executada na construção de lajes instaladas abaixo do
nível freático, que se passa seguidamente a descrever:
 poços de alívio de pressão – relief wells – são elementos usados para minimizar a
subpressão e são usualmente executados antes da escavação atingir o nível freático e
desta forma procedem à recolha de água resultante do excesso de pressão provocado
pela construção de um ensoleiramento; a água ascende assim pelos poços ao fundo da
escavação, sendo então recolhida e bombeada para o exterior (figura 3.16 [56]).

Figura 3.16: Sistema de poços de alívio de pressão (adaptado).

3.5 Injeções
As injeções são processos através dos quais se introduzem, nos vazios ou nas fissuras do terreno
(rocha ou solo) ou das estruturas, líquidos ou suspensões, com vista ao seu preenchimento. Os
líquidos ou suspensões a injetar variam desde argilas mais ou menos tratadas até produtos
químicos (resinas acrílicas ou poliuretanos), passando por caldas de cimento, com mais ou
menos argila e outro tipo de aditivos, conforme a forma de aplicação e o objetivo do tratamento,
o qual pode ser de consolidação, impermeabilização, preenchimento ou selagem. Também a
pressão a que se realizam as injeções é bastante variável, podendo ir da gravítica a 30 ou 40
N/mm² [27].
O uso de injeções é muito diversificado. No entanto, no âmbito dos problemas de
impermeabilização, destacam-se a injeção em elementos de betão (ou alvenaria), a injeção em
solos no limite exterior da parede de contenção e as cortinas (verticais ou horizontais) de
impermeabilização por injeção, situações que serão detalhadas a seguir.

Pedro Santos Gouveia 51


Soluções de impermeabilização na reabilitação
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3.5.1 Injeções em elementos de fundação ou contenção


A injeção nos elementos de fundação ou contenção, de betão (ou alvenaria) efetua-se pelo
interior da estrutura de contenção. De forma a colmatar fissuras ou poros e impedir a passagem
de água, são usualmente injetadas resinas acrílicas de duas componentes ou resinas de
poliuretano reativas à água (figura 3.17 [57]). É recomendável o uso das primeiras no caso de
fissuras onde se consiga previamente estancar a água, pois podem ser lavadas ou escorrer por
gravidade previamente à reação. As segundas (poliuretano) são úteis em casos de fissuras que
não comprometam estruturalmente o elemento mas apenas a estanquidade, uma vez que a
reação destas é catalisada pela água [58], criando uma espuma flexível que sela a fissura (ou
junta) ou um gel hidrofílico, que funciona como uma membrana de estanquidade [59].

Figura 3.17: Injeção de Poliuretano Figura 3.18: Injeção de epoxy em fissura de parede de betão.

No caso de fissuras relevantes, a colagem dos elementos é usualmente efetuada com resinas
epoxídicas (figura 3.18 [60]). No entanto, é recomendável que a junta seja aberta em V e limpa
com ar comprimido, previamente à introdução dos bicos de injeção [61], devendo ser, após a
injeção, devidamente refechada.

Existem casos em que o dano existente no elemento de contenção é claramente visível e


ultrapassa a dimensão de fissura, pelo que são aplicadas resinas, argamassas de presa rápida (à

Figura 3.19: Sequência de reparação de uma infiltração duma parede com argamassa de presa rápida.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
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base de cimentos específicos, areias de quartzo e resinas) ou espumas de poliuretano por


processos manuais ou mecânicos dependendo da especificidade do material [24] - figura 3.19
[24]. No caso de grandes áreas, pode ainda considerar-se a aplicação de argamassas de retração
controlada ou microbetão fluido, de forma a preencher o vazio.

3.5.2 Injeções em solos no limite exterior da parede de contenção


A injeção no limite exterior da parede de contenção pode ser efetuada pelo interior (através do
elemento de contenção) ou pela superfície do terreno, em zona adjacente à estrutura de
contenção), criando pontualmente zonas de menor permeabilidade - figura 3.20 [62].

a) b)

)
Legenda: a) base da cortina de estacas; b) ponto crítico no desenvolvimento da cortina de estacas

Figura 3.20: Injeções pontuais para controlo de permeabilidade.

Neste caso, o estudo rigoroso do solo é essencial uma vez que, dependendo da análise
granulométrica, do índice de vazios e da permeabilidade é escolhida a calda mediante a sua
viscosidade e estabilidade (caso das suspensões) [27]. Esta questão da compatibilidade é
exposta no ponto seguinte, onde são abordadas as soluções mais generalizadas de injeção em
solos.

3.5.3 Cortinas de impermeabilização por injeção


Podem ser criadas cortinas (verticais ou horizontais) de impermeabilização por injeção em que,
similarmente ao ponto anterior, se injetam caldas com o intuito de preencher e aglomerar o solo
mas usando, neste caso, padrões de distribuição contínuos, procurando como resultado uma
barreira impermeabilizante que permita conter vertical ou horizontalmente uma zona, evitando
a passagem de água.

Pedro Santos Gouveia 53


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

A escolha da calda mediante o tipo


de solo é, a par de outras análises
geotécnicas de difícil
padronização, um aspeto para o
qual, em intervenções de
considerada dimensão, vale a pena
investir em ensaios in situ. No
entanto, diversos autores, através
de ensaios laboratoriais,
conseguiram estabelecer limites de
penetrabilidade das caldas em
função do tipo de solo. Exemplos
de ábacos com relações desse tipo
Figura 3.21: Limites de penetrabilidade de calda conforme a
são visíveis nas figuras 3.21 [27], permeabilidade dos terrenos.
3.22 [27] e 3.23 [27].

Figura 3.22: Limites de penetrabilidade de caldas conforme Figura 3.23: Limites de penetrabilidade de caldas conforme
granulometria dos terrenos (segundo Caron). granulometria dos terrenos

Importa salientar que, para além da escolha do líquido ou suspensão a utilizar, existem diversos
fatores a definir para uma injeção bem-sucedida, nomeadamente:
 o método de perfuração do solo para injeções em profundidade, que pode ser por
precursão ou por trado, sendo importante a atenção aos potenciais desvios [63], assim
como à limpeza do furo;
 o diâmetro, espaçamento e inclinação dos furos, densificando a malha para terrenos
menos permeáveis [27] e seguindo a regra de baixo para cima no caso de fissuras/juntas
verticais em estruturas de contenção [58];
 a pressão de injeção, a qual tem que ter em conta a área a preencher mas também a
possibilidade de (excessiva pressão) poder acarretar abertura de fissuras em alguns
meios e, no caso de caldas instáveis, (a baixa pressão) poder estar associada à
sedimentação do material, sem esquecer a contrapressão ou possibilidade de levantar o
terreno à superfície [27];

Pedro Santos Gouveia 54


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

 a metodologia de injeção, que pode ser, no caso de solos soltos, o método ascendente, o
método descendente ou, o mais corrente nos dias de hoje, através de tubos-manchete
[63] ou, no caso de estruturas, através de picos e válvulas.

A título de exemplo de aplicação, poderá observar-se na figura 3.24 [64] o pormenor em corte
de um projeto realizado em Beirute, onde, para além da solução de contenção com estacas
secantes, foi necessário criar um tampão à zona de escavação/construção, concretizado através
de injeção química [64].

Figura 3.24: Corte, expondo a solução de contenção e impermeabilização utilizada no projeto (adapatado).

Pedro Santos Gouveia 55


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

3.6 Cortinas impermeabilizantes


Neste capítulo estão incluídas as estruturas enterradas contínuas, semirrígidas ou rígidas, para
controlo da água do subsolo, através de um processo permanente de barreira. O processo para
a sua construção consiste na escavação de uma trincheira, com adição de bentonite para suster
o terreno, e subsequente enchimento com materiais selecionados para produzir uma barreira
impenetrável [36]. Destaca-se que aqui apenas são incluídos os elementos de resistências
mecânicas reduzidas ou praticamente nulas. As paredes moldadas (resistentes), apesar de
também serem teoricamente estanques, foram devidamente expostas em 2.3.5.
Importa realçar que, pela inexistência de capacidade resistente, este tipo de soluções são usadas
em edifícios no perímetro externo, criando assim uma zona deviamente limitada onde não
penetra a água – exemplo do caso de estudo apresentado em 4.3.

As cortinas estanques são geralmente classificadas de acordo com a sua rigidez, o material de
enchimento utilizado e o método de construção. Neste contexto, podemos ter:

3.6.1 Cortinas de lama bentonítica


Este tipo de parede, muito usado nos EUA – onde é designado de “slurry-trench” [65] – consiste
na mistura de uma seleção de inertes (solo selecionado) com bentonite [36].
A escavação é geralmente de grande espessura (mais de 1,50m), efetuada com retroescavadoras
ou equipamentos utilizados para paredes moldadas, com auxílio de lama bentonítica, que
preenche em pleno a vala. É um método rústico que, não permitindo o controlo do enchimento
com os inertes (lançados na vala), pode originar bolsadas de lama, pelo que obriga a maiores
espessuras de parede para garantia de impermeabilidade [27].
São assim aconselhadas onde não se justifica uma estrutura totalmente impermeável, quando
se exige que a parede seja flexível e onde exista espaço totalmente disponível, sem elementos
construídos com os quais se interfira [36].

3.6.2 Cortinas de betão plástico


Consiste igualmente na escavação de uma trincheira, devidamente contida com lama
bentonítica mas betonada com betão plástico, que inclui menos cimento e mais bentonite que
as normais misturas de betão [27].
Este tipo de cortinas é usado quando se pretende um compromisso entre resistência e
deformabilidade. O betão plástico é menos rígido que o betão convencional, mas é várias vezes
mais rígido que o solo (presente nas anteriormente referidas cortinas de lama bentonítica). O
resultado é uma cortina com um grau de deformabilidade não alcançável com betão
convencional e um grau de resistência superior ao das cortinas de bentonite e solo. Uma cortina
plástica será a mais funcional quanto o módulo de elasticidade do betão plástico se aproximar

Pedro Santos Gouveia 56


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

do módulo do solo no estado selecionado e quando as curvas tensão-deformação para os dois


materiais forem substancialmente similares [36].
As paredes deste tipo têm, em geral, uma espessura de 0,60m e são feitas por painéis alternados.
As juntas podem obter-se por simples corte nos painéis primários ou pela utilização de tubos-
junta [27].

3.6.3 Cortinas calda de cimento


A parede de calda de cimento, tecnologia mais recente que a anterior, tem tendência a
ultrapassá-la nas utilizações mais correntes. Trata-se de um processo simplificado onde a
trincheira é escavada com as ferramentas clássicas e utilizando a proteção de lama-calda de
cimento especial, que desempenha um duplo papel de lama de escavação e de mistura,
constituindo também o preenchimento definitivo da trincheira, dispensando assim uma
operação de betonagem posterior [27].
As principais vantagens do método anterior são aqui igualmente conseguidas: a reduzida largura
e a possibilidade de adaptação às resistências e deformabilidades requeridas pela envolvente.
No entanto, a redução do número de atividades torna a solução economicamente mais atrativa
[36].
Existem ainda casos em que, alternativamente à escavação de uma trincheira, são executadas
cortinas por injeção de calda, o que já foi exposto em 3.5.3.

3.7 Jet grouting


O jet-grouting é uma técnica de melhoria dos solos realizada no interior dos terrenos, utilizando
para tal um ou mais jatos horizontais de água, ar e calda de cimento de grande velocidade (cerca
de 250 m/s) que desagregam o solo, misturando-o com um aglutinante (em geral calda de
cimento), transformando um maciço terroso fraco num maciço tratado, com resistência,
deformabilidade e permeabilidade adequada para o uso a que se destina [66]. O processo é
assim genericamente usado para melhorar a resistência do solo e reduzir a sua permeabilidade
[28].

Esta técnica pode ser classificada em três variantes (jet1, jet2 ou jet3), dependendo do número
de fluidos injetados no subsolo:
i. apenas grout (usualmente calda de cimento);
ii. ar + grout;
iii. água+ar+grout [67].

A adoção de um líquido de menor viscosidade (água) - em comparação com o grout – permite


aumentar a distância de corte (diâmetro da coluna), especialmente em solos coesivos [68].

Pedro Santos Gouveia 57


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

O elemento mais comum de jet-grouting é a coluna (figura 3.30a [69]). As etapas de execução
das colunas de jet-grouting (esquematizadas na figura 3.25 [70]) são as seguintes:
a) fase de corte, em que se introduz a vara no terreno através de um movimento rotacional
e com a ajuda de um jato de água vertical;
b) fase de mistura e substituição parcial do solo, em que se imprime à vara um movimento
rotacional e inicia-se a bombagem de calda no seu interior, ao mesmo tempo que a vara
é elevada através do furo com uma velocidade constante, resultando numa propagação
radial da calda;
c) concluída a execução, retira-se a vara, preenchendo-se o furo de calda por gravidade até
ao seu topo, dando-se início à cimentação, onde as partículas ou fragmentos do solo são
aglutinadas entre si pela ação auto-endurecedora da calda, formando um corpo
consolidado;
d) o procedimento é repetido para as colunas seguintes.

Figura 3.25: Etapas de execução de colunas de jet grouting.

As colunas resultantes deste processo têm sido usadas para recalçamento / reforço de fundações,
pontualmente para o suporte/contenção de escavações (mas nesse caso necessitam de elementos
de reforço adicionais a inserir no grout fresco para melhorar a resistência à flexão) ou para
controlo de água no solo [71]. Dentro deste último uso – tratamento da permeabilidade do solo
– destaca-se [69]:
 a selagem de juntas em estacas tangentes ou relativamente próximas, ou correção de
juntas problemáticas de paredes moldadas - exemplo na figura 3.27 [43];
 a exclusão de água de escavações para caves - exemplos nas figuras 3.26 [72], 3.28 [73]
e 3.29 [73].
Por este motivo o jet-grouting é aqui classificado como uma ação complementar mas também
como solução, método de reparação para problemas de infiltrações em contenções periféricas
de edifícios.

Pedro Santos Gouveia 58


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

Figura 3.27: Exemplo de reforço de solos (tratamento de


permeabilidade) em junta de parede moldada suscetível de
infiltração (adaptado).

O jet-grouting veio genericamente substituir as


injeções no solo (grouting) com funções de
impermeabilização e reforço de solos [74]. As
colunas de jet-grouting podem também ser
Figura 3.26: Perfil transversal de uma solução de
usadas como tampão de fundo quando a base da contenção periférica (tipo Berlim definitivo) com
tratamento do terreno a tardoz com colunas de jet
escavação se localiza a uma cota inferior à do grouting, limitando a afluência do caudal de água ao
nível freático [66] – figuras 3.28 [73] e 3.29 [73]. interior da escavação.

Figura 3.28: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Cenário, secção tipo e planta esquemática da
solução.

Figura 3.29: Contenção e tampão de fundo em Vila Real de Santo António – Execução, vista da escavação e vista das colunas
e da posição do nível freático.

Pedro Santos Gouveia 59


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Existem no entanto outras formas de jet-grouting. Podem ser criadas cortinas através de painéis
interligados de solo aglutinado entre furos pré preenchidos com calda, sem rotação da vara
(figura 3.30b) ou criadas asas através de uma tecnologia designada por “wing jet” (figura 3.30c)
que usa jatos duplos de água, posicionados um do outro a 90º em planta, com um jato de calda
centrado a um nível inferior também sem rotação, resultando numa massa em forma de cunha,
de forma a selar juntas verticais enterradas – por exemplo de estacas tangentes numa cortina,
prevenindo assim passagem de água [69].

Figura 3.30: Diferentes formas de jet grouting (adaptado) – a) colunas, b) painéis, c) asas (adaptado)

Como principais vantagens deste método temos a inexistência de limitações de profundidade


(não se colocam problemas de emendas) e a versatilidade técnica, pela generalidade de suportes
(tipos de solo) para aplicação. Excetuam-se [66]:
 os solos orgânicos, contaminados ou mesmo as argilas tendencialmente mais orgânicas,
que podem acarretar imprevistos pela eventual presença de ácidos, devendo neste caso
ser ensaiado o seu comportamento na mistura de solo-cimento;
 cascalhos, seixos ou outros solos de grande granulometria, onde os grandes vazios,
principalmente na presença de água intersticial, podem impedir a estabilização da calda
de cimento.

O jet grouting é assim um método que tem vindo a ganhar terreno face às soluções tradicionais
de reforço/melhoramento de solos. No entanto, o controlo da água – o qual se pretende estudar
neste documento – é onde se verifica o uso do jet grouting com maior frequência [69], quer em
soluções temporárias quer nas definitivas, sendo a selagem de juntas ou execução de tampões
de fundo exemplos do seu uso neste âmbito.

Pedro Santos Gouveia 60


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3.8 Estabilização Química Profunda ou Deep Mixing (DM)


A estabilização química de solos é uma técnica que recorre à mistura in situ do solo com ligantes
(cimento, cal, cinzas ou a combinação dos mesmos) para melhorar as suas características de
resistência e de deformabilidade [75]. É utilizada a terminologia inglesa Deep Mixing ou
Estabilização Química Profunda à aplicação dessa técnica em profundidade.
Os ligantes podem ser introduzidos no solo no estado seco ou na forma de calda (ligante
previamente misturado com água), correspondendo, respetivamente, à variante seca ou húmida
da técnica de deep mixing.

Tal como no jet grouting, esta técnica é primariamente utilizada para tratamento de solos em
aterros ou com fins ambientais. Pode no entanto ser utilizada como complemento a estruturas
de contenção, face ao carácter estanque da solução ou como própria estrutura de contenção,
desde que devidamente reforçada (com, por exemplo, perfis metálicos, a inserir no solo-cimento
fresco).
a) b) a) b)

Figura 3.31: DSM – Deep Soil Mixing – a) equipamento de Figura 3.32: CSM – Cutter Soil Mixing – a) equipamento
eixo vertical), b) resultado: colunas. de eixo horizontal, b) resultado: painéis.

As técnicas atualmente utilizadas em Portugal são a DSM – Deep Soil Mixing (figuras 3.31a
[76] e 3.31b [77]) – e a CSM – Cutter Soil Mixing (figura 3.32 [78]) que diferem essencialmente
na ferramenta de agitação. A primeira é de eixo vertical – haste com pá misturadora – e a
segunda, mais recente, de eixo horizontal – hidrofesa. O resultado é, para o DSM, a construção
de colunas de secção circular de solo-cimento (estanque) e, no CSM, a execução de painéis.
São por vezes encontradas em bibliografia científica ou material técnico/comercial de empresas
especializadas outras designações, nomeadamente SMW – Soil Mixing Wall [79] – ou MIP –
Mixed In Place [80]. No entanto, estas são apenas variantes tecnológicas que têm por base
hastes de eixo vertical (por vezes duas ou três), pelo que podem ser designadas pelo termo
genérico DSM.

Como pode ser verificado na figura 3.33 [81], na utilização destas tecnologias como estrutura
de impermeabilização, os painéis de solo-cimento com secção transversal retangular realizados
através da tecnologia de CSM são claramente vantajosos face às colunas de solo-cimento
obtidas nos métodos DSM, uma vez qua a secção efetiva é maior e o número de juntas menor,

Pedro Santos Gouveia 61


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 3: AS SOLUÇÕES

que são zonas críticas por onde a água se pode infiltrar, conferindo assim maior capacidade
estanque à estrutura de contenção [82]. Além disso, no caso em que se pretende a sua utilização
como estrutura de contenção (resistente), são mais versáteis os painéis CSM, face à
possibilidade do uso de diferentes tipos de elementos de reforço dos painéis bem como à
possível otimização do posicionamento no próprio painel.

Figura 3.33: Comparação da geometria retangular dos painéis de CSM com as colunas de DSM.

No uso de soluções de Deep Mixing como contenção, as mesmas têm, face a soluções mais
tradicionais de contenção (cortina de estacas, por exemplo), como desvantagens o risco de
encontrar obstruções (especialmente em DSM, já que a fresa em CSM pode através de
velocidades diferentes de um lado e outro ser guiada) e o risco de encontrar solos contaminados,
que poderão ter impacto, pela interferência na cura e consequentemente na resistência da
mistura final de solo-cimento.

3.9 Síntese do capítulo


Paralelamente ao que foi desenvolvido no capítulo anterior, a análise efetuada neste capítulo
permitiu completar o Quadro 9 com ações que favorecem a impermeabilização de contenções
periféricas e fundações de edifícios e possíveis soluções de correção para casos de infiltração.
Adicionalmente, face à aplicabilidade dos revestimentos de impermeabilização como solução
à generalidade dos sistemas, é indicado, para cada um dos casos, o tipo de sistema adequável.
Ainda relativamente ao Quadro 9 (Anexo IV), destaca-se que, perante a versatilidade das
soluções de jet grouting e deep mixing – na medida em que ambas podem funcionar não só
como soluções de impermeabilização mas também como sistemas de contenção periférica –
optou-se por as incluir na coluna dos sistemas.
O estudo realizado neste capítulo permitiu também perceber a aplicabilidade das diversas
soluções de impermeabilização, mediante o tipo de sistemas de fundações e contenções
periféricas. Relativamente a este aspeto, poderiam ser aqui resumidas algumas noções síntese.
No entanto, uma vez que parte delas incluem ideias transmitidas através dos casos de estudo,
opta-se por incluir estas nas considerações finais do último capítulo.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

Neste quarto capítulo são expostos três casos de estudo de obras reais, selecionados de
bibliografia da especialidade pelo seu interesse para a temática em estudo: um por abordar um
acontecimento frequente – aparecimento de água pela laje de uma cave de um edifício de
habitação – mas cujo registo em bibliografia é escasso; outro pelo seu extremo interesse e pela
informação detalhada à qual tive o privilégio de ter acesso; um terceiro, que, por se desenvolver
em Coimbra, sempre me despertou alguma curiosidade.
Relativamente à exposição destes casos de estudo, optei por efetuar uma descrição corrida
(apenas com texto), a qual permite a sua total perceção. No entanto, para uma melhor
compreensão, são anexados no Anexo III alguns elementos adicionais, nomeadamente peças
desenhadas, quadros e figuras, tendo intercalado as correspondentes referências no texto. Opto
também por, contrariamente ao adotado para a restante tese, não utilizar referências
bibliográficas, preferindo indicar nesta introdução a bibliografia que serviu de base a cada um
dos casos apresentados.
Assim, no primeiro caso de estudo, pretende-se efetuar a análise de um problema, infelizmente
frequente, que é um exemplo claro de inadequação da implementação de uma solução de
fundação que, consequentemente, provoca a inadequação do espaço de um edifício para o fim
a que destina: a infiltração de água numa fundação de um edifício, com a consequente presença
sistemática desta na cave. Este é baseado num artigo apresentado na conferência REPAR 2000:
Encontro Nacional sobre Conservação e Reabilitação de Estruturas [59] e no conteúdo de uma
plataforma online de conteúdos de engenharia [48]. É ainda indicado outro artigo, apresentado
numa conferência internacional – Grouting and Deep Mixing 2012 – que fornece alguns
conceitos importantes relativos à compreensão da ação das resinas de poliuretano como solução
de impermeabilização de elementos de contenção periférica ou fundação [58].
O segundo caso de estudo, referente a um incidente ocorrido durante a construção da estação
de metropolitano do Terreiro do Paço, não aborda uma reabilitação de um edifício. No entanto,
dado o seu extremo interesse para a compreensão do problema em análise e de possível
estratégia de resolução e ao facto de o mesmo não ser do conhecimento geral, optou-se pela sua
inclusão nesta tese. Por outro lado, o facto de o problema a tratar – ocorrido durante a fase de
construção é certo – ter ocorrido na fase final da escavação, com a estrutura de contenção
periférica praticante construída (e nessa visão numa estrutura edificada) permite que o mesmo
seja visto, noutra escala, como uma solução de reabilitação. Para a apresentação deste caso de
estudo foi relevante o documento fornecido pelo Prof. Dr. Jorge Almeida e Sousa [83] (e as
comunicações pessoais esclarecedoras que o complementarem), do qual é coautor, que aborda
especificamente os aspetos hidráulicos da obra, os quais condicionaram consideravelmente a
construção e o desempenho do projeto. Foram também consultadas duas teses académicas,
alusivas à construção da estação do Terreiro do Paço, de onde pude retirar algumas referências
importantes [84] [85].

Pedro Santos Gouveia 63


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

A seleção do terceiro caso de estudo teve como princípio, não só a curiosidade pessoal, mas
também o alargamento do âmbito da investigação. Deste modo, se nos casos anteriores foram
apresentados casos de reabilitação de edificados recentes – um dos exemplos centrou-se até
num edificado ainda em fase de construção – e problemas das próprias soluções de contenção
e fundação, neste pretende-se avaliar o contributo das soluções de impermeabilização para a
preservação e recuperação de um monumento de interesse manifesto nacional. Para além deste
aspeto, este último caso permite também, contrariamente às soluções locais dos anteriores,
avaliar uma solução de outra dimensão espacial, de outra abrangência, que permitiu requalificar
não só um edifício mas salvaguardar um completo conjunto patrimonial, dando resposta ao
requerido. Este último caso recorreu a um maio número de elementos bibliográficos que os
anteriores, sendo a sua origem vasta: relatórios técnicos [86] [87], um artigo publicado em
revista científica [88] e um outro apresentado em conferência [89], uma monografia [90] e
artigos publicados em revistas sobre arquitetura e património edificado [91] [92] [93].

4.1 Controlo de infiltração em fundação de cave de edifício


Nota: As imagens referidas neste caso de estudo são apresentadas no Anexo III.

4.1.1 O Cenário
O caso refere-se a um edifício recente (não há fontes para o datar com precisão mas verifica-se,
pelo tipo de construção, que à data do caso teria seguramente menos de 20 anos e provavelmente
menos de 10 anos), de grande extensão, situado em zona costeira do centro do país.
O pavimento da cave – usado para estacionamento automóvel – é constituído por uma laje
maciça de betão armado, com 0,35m de espessura, situada 3 a 6m abaixo do N.F., devidamente
dimensionada à subpressão. Nas juntas de betonagem e dilatação – que chegam a estar
espaçadas de 100m – tinham sido incluídos perfis waterstop, posicionados aproximadamente a
meia altura.

4.1.2 O Problema
A laje da cave sofria de uma anormal infiltração de água, em diversos pontos de exsurgência,
sendo recorrente a presença de água no pavimento (figura III.1 [59]). Após uma detalhada
análise foi possível enumerar as zonas de infiltração bem como as anomalias construtivas
associadas:
 infiltração em juntas de dilatação, por ineficácia do perfil waterstop;
 infiltração em juntas de betonagem, por falha de aderência das interfaces (abertura
excessiva) bem como do betão ao perfil waterstop;
 infiltração de água em fissuras que, em alguns casos, atravessavam a totalidade da laje,
por retração do betão, face às excessivas extensões dos elementos;

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 infiltração por chochos no betão, provocados por segregação, que, associados a falta de
aderência às armaduras, constituíam caminhos ótimos para a circulação da água.

4.1.3 Solução de impermeabilização


A injeção de resinas de poliuretano é normalmente apresentada como solução para infiltrações
em estruturas de betão armado. Dentro da família química dos poliuretanos existe um grupo
específico cujo processo de polimerização se dá única e exclusivamente na presença da água –
os poliuretanos hidroativos. As resinas de poliuretano hidroativo são assim elementos de uma
só componente que requerem a água como catalisador, existindo no mercado produtos que,
perante a reação, formam uma espuma e outros que formam um gel.
Os primeiros formam uma espuma aumentando simultaneamente de volume, devido à produção
de dióxido de carbono. Esta espuma é, em regra, resiliente e hidrofóbica e possui uma estrutura
interna com resistência suficiente para resistir quer aos movimentos das juntas quer à pressão
hidrostática, podendo variar de volume quando comprimida ou tracionada; por esse motivo, os
poliuretanos flexíveis hidroativos são especialmente indicados para injeção em fendas e juntas
ativas do betão.
O gel de poliuretano, devido à sua consistência gelatinosa, é mais adequado para a injeção de
solos exteriormente à estrutura, podendo, dado as suas características hidrofílicas, expandir ou
contrair com as variações de humidade do solo.
Deste modo e perante a evidência do uso de poliuretano para repor a estanquidade no betão,
procedeu-se à sua utilização, tendo sido empregues duas metodologias alternativas (figura III.3
[59]) de forma a fazer face aos diversos tipos de problemas existentes:

Metodologia A – para os casos de infiltrações em juntas e fissuras:


1. Furação do pavimento com broca, com aproximadamente 45º de inclinação em relação
à horizontal, atravessando uma das abas do perfil de estanquidade até atingir a junta ou
fenda, de modo a permitir que o ponto de contacto entre o furo executado e a junta se
efetuasse abaixo do meio da espessura da laje, permitindo que a resina quando injetada
fluísse nos dois sentidos, sem o risco de ser totalmente arrastada pela água, e exercendo
uma dupla ação de estanquidade: no tardoz da laje e na envolvência do perfil waterstop,
onde se verificavam problemas de aderência (figura III.4 [59]).
2. Inserção na furação de injetor metálico, com válvula de retenção.
3. Injeção de poliuretanos de muito baixa viscosidade, com formação de espuma flexível
de célula fechada (figura III.5 [59]).
4. Remoção do injetor e selagem do furo com argamassa de reparação não retráctil,
repondo a geometria inicial.

Metodologia B – para os casos de infiltrações em juntas e fissuras e chochos do betão:


1. Furação do pavimento com broca rotativa, na vertical, atravessando a totalidade da
espessura da laje de betão armado, imediatamente ao lado da aba do perfil de
estanquidade, para que a resina, enquanto polimeriza, seja arrastada pelo caudal de água

Pedro Santos Gouveia 65


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

infiltrante para o interior do betão e, depois de este estar completamente selado, que crie
uma película aderente na superfície inferior, evitando o contacto direto da superfície do
betão com a água (figura III.4 [59]).
2. Inserção na furação de injetor metálico, com válvula de retenção.
3. Injeção de poliuretano hidrofílico, mais viscoso do que o produto utilizado na
metodologia A, de menor tempo de reação e não dispersável em água, com formação de
gel (figura III.5 [59]).

O processo de intervenção foi conduzido de uma forma iterativa convergente pois, quando se
injetava determinada zona a subpressão hidrostática aumentava, fazendo com que aparecessem/
se visualizassem infiltrações em locais que anteriormente não tinham água. Este é um fenómeno
habitual em situações de impermeabilização, uma vez que, por regra, a água encontra sempre
caminhos para percolação, caso os mesmos existam. Deste modo, procedeu-se à injeção em
determinada zona, aguardou-se que a maré subisse (aumentando assim a pressão hidrostática),
injetando-se de seguida nos novos pontos de infiltração que surgiram. Estas anomalias foram
sendo sucessivamente resolvidas até estancar todas as entradas de água.
Por outro lado, as zonas com chochos e percolação de água pela interface aço/betão eram as de
mais difícil resolução pois, muitas vezes, injetava-se pelo tardoz diretamente na zona adjacente
à infiltração e a água migrava pela armadura, saindo noutro ponto onde o betão era menos
consistente, constatando-se a ineficácia da intervenção. Para resolver este problema efetuaram-
se sondagens, para averiguar os pontos de entrada de água, tratando-se cada uma destas zonas
por tentativas sucessivas, até estancar a infiltração (figuras III.6 [59] e III.2 [59]).

A metodologia A, com injeção de material de muito baixa viscosidade, revelou-se mais


adequada para o preenchimento das fissuras com menor abertura. Os poliuretanos hidrofóbicos,
devido à sua baixa viscosidade, são facilmente injetáveis e exercem uma boa selagem devido
ao seu efeito expansivo. Porém, podem ser arrastados por caudais de água relevantes.

A metodologia B revelou-se mais eficaz para as fissuras de maior abertura, para as zonas de
chochos e para os casos de maior velocidade de penetração de água, dado que o material tinha
um menor tempo de gel e, simultaneamente, uma maior viscosidade, logo era menos suscetível
ao arrastamento para fora das fendas antes da sua cura. Os poliuretanos hidrofílicos são mais
difíceis de injetar, mas, tendo uma viscosidade maior, são simultaneamente mais difíceis de
arrastar pela água. Logo, quando é necessário criar uma membrana de estanquidade de elevada
aderência pelo tardoz da estrutura, este é o processo mais eficaz.

Pedro Santos Gouveia 66


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4.2 O incidente na cortina de contenção periférica da estação do


Terreiro do Paço
Nota: As imagens e os quadros referidos neste caso de estudo são apresentadas no Anexo III.

4.2.1 O Cenário
A estação do Terreiro do Paço tem um desenvolvimento retilíneo ao longo de 141m e é ligada
nos topos a túneis pré-existentes (na realidade foi previamente executado o túnel com recurso
a tuneladora, tendo o mesmo cedido na zona onde veio a ser implementada a estação, motivo
pelo que foi completamente enchido com betão pobre). A construção cut and cover exigiu a
execução de uma escavação que atingiu a profundidade de 25,5m.
A geologia da zona é caracterizada por um substrato miocénico, composto maioritariamente
por argilas consolidadas de alta resistência, sobre o qual se encontra uma camada de aluviões
argilo-lodosos e lodo-arenosos moles a muito moles, de espessura variável, entre 3,5m e 20,5m;
à superfície, encontram-se depósitos mais recentes de características heterogéneas e
medianamente compactos (figuras III.7 [84], III.8 [84], III.9 [84], III.10 [84], III.11 [84] e III.12
[84]). O nível freático encontra-se próximo da superfície e varia com a maré.
As cortinas de contenção periférica são constituídas por estacas secantes, sendo as primárias de
Ø1,50m (de bentonite cimento) afastadas (entre eixos) 1,75m e as secundárias (de betão
armado) do mesmo diâmetro, posicionadas intercaladas com as anteriores com igual
afastamento (figura III.13 [84]), com comprimento variável entre os 34 e os 36m, permitindo
um encastramento de 8,0m no Miocénico. À medida que a escavação se processava, um forro
interior de betão armado com 0,8m de espessura ia sendo construído, ficando as cortinas com
uma espessura total da ordem dos 2,30m.
O suporte provisório da cortina foi assegurado por um sistema de 5 níveis de escoras metálicas
pré-esforçadas e agrupadas duas a duas. Foi ainda executada, previamente ao início da
escavação, uma laje de jet grouting com 3m de espessura na zona larga da estação entre o túnel
existente (previamente enchido com betão pobre) e a cortina de estacas, funcionando o conjunto
como uma escora contínua entre as cortinas de contenção, permitindo a existência de um
elemento de suporte previamente à execução da escavação. (figura III.14 [84]).
Existem ainda 56 estacas de betão armado do mesmo diâmetro (Ø1500mm) que servem de
fundação à estrutura interna da estação e à laje de fundo. O alívio das subpressões na laje de
fundo é conseguido por meio de um sistema de drenagem sob a laje que conduz as águas
afluentes para um poço de bombagem localizado a nascente (figura III.15 [84]).
Destaca-se ainda que, face à complexidade da geologia da zona de implantação e à precaridade
das características geotécnicas, foi definida a instalação no interior da estação, a profundidade
variável (acompanhando a escavação) de um sistema de poços de alívio juntamente com
piezómetros – especificados no completo plano de instrumentação da obra, cujos dispositivos
e instruções de monitorização estão listados no quadro III.1 [84] – de forma a controlar a pressão
intersticial durante a escavação, os quais estão devidamente assinalados na figura III.16 [83].

Pedro Santos Gouveia 67


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

4.2.2 O Problema
Durante a construção da estação, perto do final da escavação – a 10 de Maio e a 2 de Junho de
2003 – ocorreram dois incidentes, verificando-se a entrada de água e solo para o interior da
zona larga da estação. Na figura III.17 [83] é visível a localização dos incidentes, bem como o
estado dos trabalhos à data.
O primeiro incidente deveu-se a um desvio da verticalidade da estaca primária (bentonite-
cimento) que formava o vértice da parede em planta, criando uma falha entre a estaca e a
adjacente, por onde se deu a infiltração.
O segundo incidente teve causa similar, no entanto o desvio da estaca de canto foi menor e
verificou-se a maior profundidade, perto do contacto entre os aluviões e o estrato miocénico de
argila consolidada.
Assim, os dois incidentes tiveram causa semelhante, associada ao facto de algumas estacas
terem sofrido, durante a execução, ligeiros desvios para o exterior, comprometendo a
impermeabilidade da cortina, conforme ilustra a figura III.18 [85].

4.2.3 Solução de impermeabilização


Perante a emergência da situação, foram utilizados na primeira infiltração, sacos de areia e
cimento e geotêxtil bem como, numa segunda fase, betão fresco, de forma a criar um tampão
cónico denso no canto da parede. Foi também instalado um tubo de forma a encaminhar a água
para a frente do tampão, para que fosse bombeada para o exterior.
Posteriormente, 24h depois, foram executadas injeções de calda de cimento pela face exterior
da parede, à profundidade aproximada da infiltração, tendo-se conseguido conter a infiltração
de solo e estabilizar a infiltração de água em 24m³/dia. Tendo as injeções continuado no dia
seguinte, conseguiu-se reduzir o caudal a 18m³/dia.
Na segunda infiltração – de menor dimensão – a ação imediata foi similar mas apenas pelo
interior, conseguindo-se igualmente a estabilização da situação, com a eliminação da infiltração
de solo e redução do fluxo de água.
Refira-se a importância do plano de instrumentação da empreitada na avaliação e controlo do
impacto dos incidentes. Realmente, nos momentos que seguiram aos incidentes, foi possível
registar em piezómetros instalados na envolvente, PZ3 (a 8m do local do primeiro incidente à
cota -18,50) e PZ5 (a 40m à cota -18,00), decréscimos no nível de 12m e 7m respetivamente
(figura III.19 [83]). Ao nível de assentamentos, destacam-se também dois pontos de
medições,M1 (a 25m do local do primeiro incidente) e M2 (a 36m), onde se registaram
assentamentos de 28mm e 6mm respetivamente.
Perante dois incidentes com um impacto tão significativo na envolvente, optou-se por suspender
os trabalhos na empreitada. Assim, após estabilização dos assentamentos e reposição do nível
de água (através dos trabalhos de emergência) os trabalhos foram interrompidos e procedeu-se
a uma cuidada caracterização da localização das estacas e seus desvios de verticalidade (do eixo
teórico), bem como sondagens e ensaios de permeabilidade que permitiram detetar na zona
material muito mais permeável.

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Depois da caracterização, foi tomada a decisão de proceder a injeções com calda de cimento no
tardoz da cortina nos seguintes pontos (figura III.20 [84]):
i. todos os cantos (côncavos ou convexos) da estação, com exceção onde a laje de fundo
tinha sido já betonada (figura III.17 [83]);
ii. pontos da zona este onde foram detetados os maiores desvios (cerca de 20% do
perímetro);
iii. toda a zona oeste, pela dificuldade em executar uma caracterização conclusiva em
condições de segurança (a zona foi entretanto cheia com areia para corrigir uma
sobrescavação que poderia, por falta de escoramento, instabilizar a cortina).
Dois esquemas de injeção foram definidos, com 2 e 3 alinhamentos dos furos de injeção. Como
se pode verificar na figura III.21 [84], o limite superior da injeção foi definido com 2,0m de
sobreposição com o forro interior, sendo para limite inferior exigido 4,0m a 6,0m de penetração
no Miocénico, com as válvulas espaçadas 0,5m. Campanhas experimentais foram
primeiramente realizadas, com confirmação de um decréscimo substancial na permeabilidade
do solo através de furos de sondagem e ensaios Lefranc.
Foram observadas infiltrações pontuais dentro da escavação de calda durante o tratamento.
Ultrapassado o problema que levou à intervenção (controlado o problema de infiltração) e
verificando-se que as repercussões na envolvente estavam normalizadas (os assentamentos
estabilizaram e os níveis de água estavam repostos), restou avaliar o impacto da intervenção na
própria estrutura bem como a real origem do problema. Deste modo, estando o objetivo de
impermeabilização cumprido, passou-se à análise – (uma vez mais) através do completo plano
de instrumentação (dispositivos listados no quadro III.1 [84]) da obra e de dispositivos
adicionais instalados não só na própria obra mas também em edifícios vizinhos (figura III.2
[84]) – das tensões e deslocamentos que as injeções introduziram na estrutura e nos edifícios
sob observação. Constatou-se perante a relevância destes – deslocamentos da parede,
identificados, a título de exemplo no Inclinómetro I4 no gráfico da figura III.22 [83] e acréscimo
de tensões, visível, a título de exemplo nas escoras 2.5 (eixo 3) no quadro III.3 [84] e gráfico
da figura III.23 [84]. – a necessidade de proceder ao redimensionamento do projeto,
nomeadamente através da instalação de escoras extra.
Quanto à origem da água, foi através de sondagens e piezómetros, efetuado um levantamento
da localização do aquífero (que atravessa a camada miocénica), dado de extrema importância
não só para o redimensionamento que foi efetuado mas igualmente para o desenvolvimento da
obra que se seguiu e para a segurança da mesma, bem como para a reavaliação das condições
de drenagem (e bombagem) necessárias ao funcionamento da estação, a qual foi desde o início
assumida como necessária, perante a impossibilidade realista de executar uma estrutura
totalmente estanque em condições geotécnicas e hidrológicas tão complexas.

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4.3 A recuperação do mosteiro de Santa Clara-a-Velha


Nota: As imagens e os quadros referidos neste caso de estudo são apresentadas no Anexo III

4.3.1 O Cenário
O Mosteiro de Santa Clara, situado na margem esquerda do rio Mondego, em plena cidade de
Coimbra, cuja construção se iniciou em 1316, foi ocupado em 1317, tendo-se iniciado em 1330
a construção do seu claustro. A sua localização, à beira do Mondego, desde cedo condenou o
seu destino. Em 1331, em pleno estaleiro de construção dá-se a primeira cheia, algo que se
repetiu inicialmente de forma cíclica mas que rapidamente se agravou com o rápido processo
de assoreamento do rio, tendo-se tornado praticamente inabitável no séc. XVI. No século
seguinte D. João IV ordenou a construção de um novo mosteiro, ocupado pelas clarissas em
1617, data a partir do qual o Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha – como desde então passou a ser
conhecido – foi deixado ao abandono, tendo sobrevivido apenas a igreja até meados do séc.
XIX. Encontrando-se num estado de verdadeira ruína, foi classificado como Monumento
Nacional em 1910, sem que nenhum melhoramento tenha sido efetuado.
A construção da barragem da Aguieira (aproximadamente 30 km a montante) e da ponte açude
(500m a jusante) no início da década de 80 do séc. XX, permitira controlar as cheias do
Mondego mas a igreja, apesar das intervenções pontuais ao nível das coberturas de que foi alvo,
permanecia num estado de abandono, espelhado num lençol de água onde estava parcialmente
mergulhada (figura III.24 [94], de data prévia às obras anteriormente referidas, que permitiram
regularizar o Rio Mondego).
Em 1989, o IPPC (Instituto Português do Património de Portugal) – ao qual sucedeu o IPPAR,
o IGESPAR e atualmente a DGPC – lançou um concurso de ideias para a recuperação do
monumento. A ideia vencedora não veio a ser implementada, uma vez que a empreitada se
tornou incompatível com o desenvolvimento da operação arqueológica que a precedia. Esta,
iniciada em 1995, contemplava a remoção das águas, areias e lodos através do sistema “air lift”,
o qual se revelou ineficaz face aos diversos entupimentos na tubagem, quer pela plasticidade
dos solos quer pelos materiais soltos misturados nos lodos. A escavação arqueológica foi
viabilizada através do rebaixamento do nível freático, com recurso a um sistema de bombagem
constituído por 13 furos de captação e 3 poços de bombagem.
Em Novembro de 1995 foram descobertas as ruínas do claustro, 5 a 6m abaixo do nível original
da água. Face à sua “singularidade no contexto não só da arquitetura mendicante, mas também
da arquitetura gótica em geral”, foi considerado do maior interesse que o mesmo pudesse ser
visitado (figura III.25 [91]).

4.3.2 O Problema
Perante a quantidade e diversidade de material arqueológico, tornou-se necessário redefinir a
estratégia de intervenção arqueológica, tendo sido não só redimensionada a equipa no local

Pedro Santos Gouveia 70


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como alargado o domínio técnico do estudo, com a colaboração de especialistas de áreas como
a Engenharia, Geologia, Arquitetura, Botânica, Antropologia e História de Arte.
O sistema de bombagem funcionava 24h sobre 24h e o que tinha sido criado como uma solução
temporária de duração limitada apresentava-se com a necessidade de ser definitiva para a
preservação do local, que era incomportável. Consequentemente, foi promovido pelo IPPAR
um fórum de estudo que formulou 3 opções:
i. remoção permanente da água do conjunto patrimonial, de uma forma definitiva;
ii. criação de um “espelho de água” com a inundação da área escavada;
iii. selagem e enchimento das zonas escavadas com posterior re-inundação após estudo
arqueológico.
Entretanto (campanha de 1997) foram desenvolvidos trabalhos de prospeção geológico-
geotécnica – envolvendo furos de sondagem (alguns entrando no maciço subjacente à camada
aluvionar), SPTs, ensaios de permeabilidade do tipo Lefranc e de absorção de água do tipo
Lugeon bem como um ensaio de bombagem a caudal constante e diversos ensaios de
caracterização das amostras retiradas que, a par com os da primeira campanha (1984/1985)
permitiram caracterizar o solo no local da seguinte forma:
 C1 – Depósitos de aterros antigos, arenosos a argilosos, com pedras e fragmentos de
cerâmica castanha a amarelada, por vezes com intercalação de lodos cinzentos, com
espessura variável entre 0,5 e 8,5 m.
 C2A – Lodos siltosos e arenosos cinzentos escuros, moles a muito moles, com espessura
variável entre 1,0 e 9,0 m.
 C2B – Areias médias a grosseiras, mais ou menos argilosas, por vezes com seixos,
medianamente a muito compactas, com espessura entre 3,0 e 12,5 m.
 C2C – Depósitos grosseiros constituídos por areia e cascalheiras, mais ou menos argilosas,
geralmente muito compactas, com espessura variável entre 5,0 e 16,0 m.
 C3A – Argilas amarelas a cinzentas escuras, folhetadas, ligeiramente margosas, moles a
muito moles, em camadas descontínuas de forma lenticular e espessura média de 2,0 m.
 C3B – Margas amareladas a acastanhadas com intercalações de calcários margosos
pulverulentos, por vezes dolomíticas, com espessura entre 2,0 e 10,0 m, resistência variável
e elevada permeabilidade (21 a 47 UL).
 C3C – Camada individualizada de argila mole cinzenta escura, no seio das margas (C3B)
com superfícies espelhadas, de baixa resistência, com espessura média de 3,0m.
 C3D – Calcários margosos muito fraturados e carsificados (incluindo uma caverna com 1m
de altura), cinzentos a amarelados, por vezes pulverulentos a detríticos, de significativa
permeabilidade.
A localização das sondagens em planta é apresentada na figura III.26 [86], sendo nas figuras
III.27 [86], III.28 [86], III.29 [86], III.30 [86], III.31 [86] e III.32 [86] visíveis os cortes
geológico-geotécnicos ao longo dos quatro alinhamentos da parede moldada
auto-endurecedora. Existiu ainda uma campanha em 1958/1959, cujos valores contribuíram
igualmente para a caracterização mas cuja localização das sondagens não é rigorosa.

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Em 1998, o Governo anuncia a decisão de preservação num “ambiente seco”, pelo que se
iniciam os estudos (na realidade o LNEC retoma estudos efetuados pela empresa Hidroprojecto
em 1983) para desenvolver uma solução cumprindo os objetivos propostos pelo Governo ou
mais concretamente pelo IPPAR.

4.3.3 Solução de impermeabilização


De acordo com o relatório do LNEC, as duas soluções propostas no estudo da Hidroprojecto de
1983 cumpriam integralmente os objetivos estabelecidos pelo IPPAR, sendo a primeira (cortina
+ bombagem) mais interessante do ponto de vista técnico que a segunda (exclusivamente
bombagem). A análise económica não era conclusiva, uma vez que existia ainda uma
indefinição sobre a área a colocar “a seco”.
Coube então à equipa pluridisciplinar conjugar as limitações técnicas e financeiras da solução
com os impactos decorrentes, quer os positivos – de salvaguarda do monumento e possibilidade
de investigação arqueológica – quer os negativos – de possíveis danos da penetração de uma
cortina nas estruturas arqueológicas. A definição do traçado teve em conta, por um lado, as
estruturas já identificadas na campanha desenvolvida e, por outro, o resultado de estudos
geofísicos que permitiram localizar outras estruturas (objeto de escavação posterior).
No ano de 2000, o IPPAR lançou um concurso para a conceção e construção da “Cortina de
Contenção Periférica do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha”; a proposta vencedora incluía:
 uma cortina de impermeabilização periférica do mosteiro e áreas adjacentes com a
extensão total de 488m, constituída por uma parede moldada auto-endurecedora (lama-
calda) de 358m de extensão e uma parede moldada tradicional, reforçada com dois
níveis de ancoragens, ambas prolongadas em profundidade pelo tratamento de
impermeabilização, por injeção, do maciço de fundação;
 um sistema de drenagem e bombagem de águas subterrâneas (percolação remanescente)
integrando 7 bombas de captação, grupos eletrobombas submersíveis e tubagem em
PVC com Ø110 a 160mm envolvendo todo o perímetro protegido, bem como uma rede
de coletores pluviais contendo o perímetro dos claustros – tubo de betão Ø400
perfurados na calote superior instalados em valas – que acederiam a uma estação
elevatória equipadas com 2 grupos eletrobomba de 86l/s;
 a integração paisagística das áreas afetadas pela construção na envolvente, visando a
minoração dos impactos e valorização da área através da realização de sementeiras e
plantação de espécies adequadas.
Na figura III.33 [86] é visível a representação em planta da cortina, sendo uma representação
esquemática em corte da implantação desta solução apresentada na figura III.34 [92]. A
profundidade da cortina varia entre os 16 e os 25m, até ao maciço rochoso de calcário, ficando
assim encastrada, em média, 0,8m. A espessura da parede foi definida em 0,8m, condicionada
pelo equipamento necessário à realização do trabalho face à espessa camada de cascalheiras.

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A calda auto-endurecedora era constituída por 1 m³ de água, 35 kg de bentonite e 200 kg de


cimento CEM II–32.5N. Foi primeiramente fabricada a calda bentonítica com a ajuda de uma
bomba centrifugadora e, após hidratada, a mesma era misturada com o cimento em central.
A escavação dos painéis respeitou o preconizado em projeto – painéis primários de 7,0m e 2,0m
de trecho não escavado, dando posteriormente origem a um painel secundário de 3,0m, através
da sobreposição de 0,5m entre painéis – obtendo-se um desenvolvimento final de 6m-3m-6m.
O quadro III.4 [86] resume as anomalias ocorridas durante a construção dos painéis. Para além
destas, registou-se ainda a ocorrência sistemática de um rebaixamento gradual do nível da calda
da ordem dos 2 a 3m nas primeiras 5 a 6h associada ao fenómeno de exsudação (traduzido pelo
aparecimento de água à superfície) o que se pode atribuir a fenómenos de sedimentação e
consolidação da calda e de fenómenos fendilhação por retração nas semanas seguintes à
construção dos painéis – figura III.35 [86]. Em ambos os casos procedeu-se ao reenchimento
dos painéis.
Tratando-se este de um dos poucos casos de aplicação de tecnologia de paredes moldadas
auto-endurecedoras em Portugal, verificou-se a preocupação, por parte de todos os
intervenientes, do estudo das caldas e controlo da qualidade.
Ao nível do controlo de qualidade, este incidiu na continuidade dos elementos da cortina –
essencial na garantia da sua funcionalidade – controlo do ambiente de cura – nomeadamente
através da suspensão de bombagens – e no controlo das características da calda.
A cortina de betão armado foi executada, em geral, com painéis primários com 2,6 m de largura
e secundários com 4,2 m de largura, com utilização de tubos junta. Incorpora um conjunto de
tubos metálicos (trompetes) para permitir a colocação de ancoragens.
Na sequência do reconhecimento preliminar de estruturas arqueológicas enterradas ao longo do
alinhamento Poente, procedeu-se ao desvio da cortina, neste alinhamento, para uma zona mais
afastada da igreja. O betão que materializa esta cortina é do tipo C25/30 S4 D25.
Posteriormente à execução da cortina, foi efetuado o tratamento impermeabilizante do maciço
rochoso, através de uma cortina de injeções de calda de cimento até uma profundidade estimada
da ordem dos 15m recorrendo a furos afastados de 3m, obtidos pela colocação de negativos no
eixo da parede moldada, devidamente encastrados no maciço e solidarizados no topo.
Utilizaram-se caldas estáveis de cimento e água, estando preconizada a adição de areia sempre
que necessário, bentonite para estabilização dos inertes e, onde houvesse risco de arrastamento,
aceleradores de presa.
Tal como é usual em obras geotécnicas e de forma a controlar não só a eficácia da solução mas
também a segurança da cortina, foi definido e implementado um plano de observação incluindo
tubos inclinométricos e hastes de alongâmetros (não instaladas) na parede moldada – para
controlo dos deslocamentos horizontais – e diversos piezómetros, quer no interior quer no
exterior da zona delimitada pela parede – para controlar a percolação e o nível de água – , tendo
sido também instaladas células de carga nas ancoragens da parede moldada tradicional. A
periodicidade definida para a leitura da instrumentação pode ser vista no quadro III.5 [86], a
par da frequência recomendada para as inspeções visuais, para as quais foram também definidas
os objetivos.

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No período subsequente à construção da parede, foram ainda efetuados ensaios in situ à parede
moldada, nomeadamente ensaios de bombagem, que permitiram constatar que a eficiência da
parede moldada na redução de percolação é superior à eficiência da cortina de injeção.
No entanto, os resultados das campanhas de observação ocorridas em Novembro de 2002,
Dezembro de 2002 e Setembro de 2007 permitiram concluir que a parede moldada e a cortina
de impermeabilização cumprem a sua função de impermeabilização. O caudal residual médio
afluente é agora cerca de 10% (180m³/h) do caudal bombado antes da obra (2000m³/h) e o nível
de água no interior da área contida é mantido 5-6m abaixo do nível exterior.
Postas a descoberto as áreas submersas do complexo conventual, os trabalhos arqueológicos
puderam continuar, tendo sido, face à riqueza da informação, definido posteriormente um
programa museológico que integra a manutenção da igreja e do claustro enquanto ruína a par
de um novo edifício-museu de apoio, permitindo transformar uma ruína submersa num
monumento visitável por todos (figuras III.36 [95], III.37 [95] e III.38 [95]).

4.3.5 Incidentes posteriores


A 11 de Janeiro de 2016 o monumento nacional foi novamente invadido pelo rio, tendo o
episódio sido repetido dois dias depois (III.39 [87]), resultando de ambos prejuízos avultados
no património cultural.
Da análise efetuada pela Ordem dos Engenheiros a convite do Ministro do Ambiente,
resultaram um conjunto de conclusões, das quais cito as mais importantes para esta análise:
 “as normas de exploração da albufeira da barragem da Agueira não foram cumpridas e
a cheia ocorrida poderia ter sido evitada/minimizada caso se tivesse adotado outro
esquema operativo do sistema Aguieira-Raiva”;
 “a inundação deveu-se à ocorrência de níveis de água no rio que ultrapassaram as cotas
de soleira das passagens inferiores para a zona deste Mosteiro e a porta de defesa
instalada nas já referidas passagens inferiores devidamente fechada, poderia ter tido um
efeito de minimização”.
Conclui-se assim, por não existir qualquer referência ao sistema de contenção hidráulica,
constituído por paredes moldadas (tradicional e auto-endurecedora) e respetivo sistema de
bombagem, que este não foi posto em causa. Foram no entanto efetuadas recomendações para
a realização de estudos de Engenharia Hidráulica com vista à reformulação do sistema de
drenagem do Mosteiro e à garantia de estanquidade das aberturas das passagens inferiores a par
de outras relativas às normas de exploração da barragem, programas de monitorização e
vigilância e ao estabelecimento de protocolos operacionais entre todas as entidades envolvidas
na gestão das cheias.

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de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 4: CASOS DE ESTUDO

4.4 Síntese do capítulo


O estudo destes casos foi parte integrante do trabalho desta tese, pelo que alguns dos conceitos,
conceções, práticas e saberes já expostos nos capítulos anteriores resultam diretamente da sua
análise. No entanto, existem particularidades que os mesmos apresentam de forma evidente e
que não foram anteriormente mencionadas, pelo que são agora apresentadas em tom de síntese
do capítulo.
Deste modo, no primeiro caso é evidente a importância da metodologia de estudo e trabalho.
Se a parte do estudo não foi amplamente exposta, por ser assumido a eficácia do tratamento
com resinas de poliuretano em infiltrações em estruturas de betão, a dupla metodologia de
trabalho foi crucial ao tratamento da totalidade das situações de infiltração. Como se verificou,
não só a variante do material a utilizar (o tipo de resina) mas também a direção de furação e
injeção tiveram efeitos diferentes na eficácia do tratamento, sendo para uma tipologia de
anomalia mais eficaz uma metodologia e para outra uma metodologia diferente.
O segundo caso – que apesar não ser uma reabilitação é, como anteriormente explicado,
relevante para esta investigação – selecionado inicialmente pela complexidade da obra e por
apresentar de uma forma clara o efeito da não verticalidade dos elementos de contenção – tornou
clara a importância da instrumentação em qualquer obra geotécnica e permitiu alertar para o
problema dos efeitos secundários de um tratamento de impermeabilização. Deste modo, apesar
da eficácia da solução de injeção de calda de cimento na questão da impermeabilização, o
impacto que esta intervenção teve nos esforços a que estrutura de contenção ficou sujeita –
detetável através de um completo plano de instrumentação – não pôde ser desprezado.
O terceiro caso de estudo – que introduz a questão da reabilitação de património classificado –
não só aborda as questões expostas pelos outros dois – a metodologia de trabalho, exposta na
forma como todos os intervenientes no processo procuraram recorrer ao estudo e caracterização
experimental como forma de domínio de uma técnica com pouca expressão em Portugal, a
instrumentação como elemento fundamental de controlo, nomeadamente ao nível de
piezómetros em questões de água no solo, e a questão dos efeitos secundários, que foi exposta
pela necessidade de integração paisagística para minoração do impacto – como introduz a
necessidade da pluridisciplinaridade em estudos de reabilitação, algo que toma importância
acrescida quando falamos de monumentos. É também visível neste caso, em comparação com
os restantes, a questão da escala do problema e a forma como a solução – que passou não pela
reabilitação pontual de elementos mas pela instalação de uma nova solução de contenção
hidráulica – lhe deu resposta.

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Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO

CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO

5.1 Considerações finais


A falta de impermeabilização de contenções periféricas e fundações de edifícios é, sem dúvida,
um problema generalizado que acarreta problemas de adequação à função nos espaços que
ocupam o subsolo. Torna-se deste modo importante a difusão de informação relativa a estes
sistemas, não só no que se refere ao domínio estrutural mas igualmente no âmbito construtivo,
uma vez que não basta garantir a estabilidade destes elementos mas igualmente garantir a sua
adequação ao uso para que foi previsto.
Considera-se assim essencial, para o estudo de qualquer solução de impermeabilização, o
conhecimento do elemento construtivo, em particular do seu comportamento relativamente à
entrada de água, a par dos seus pontos fracos a este nível, até porque, como se pôde verificar
num dos casos de estudo, a solução passa por vezes pela construção de novos sistemas e não
apenas por reparação dos existentes.
Deste modo, em tom de resumo e dando continuidade ao que foi exposto na síntese do Capítulo
2 e Capítulo 3 (complementado com a exposição dos casos de estudo), apresentam-se agora as
considerações finais deste estudo, as quais podem ser, na sua maioria, direta ou indiretamente,
retiradas do Quadro 9 (apresentado no Anexo IV).

5.1.1 Impermeabilização de sistemas de fundação de edifícios


Nestes elementos, as infiltrações verificam-se essencialmente nas juntas ou pontos de
penetração – na união de elementos – quer estes sejam troços do próprio elemento de maior
dimensão (ex. juntas de betonagem ou juntas de dilatação), quer sejam juntas entre elementos
distintos (como é o caso da penetração de estacas numa laje de fundo ou de ligação de um
ensoleiramento a uma parede moldada), bem como em pontos onde existam anomalias no betão.
Em qualquer dos casos, a prevenção da infiltração é efetuada, por regra, ao nível do detalhe, do
reforço da impermeabilização desses pontos fracos. Ao nível de juntas, o uso de perfis ou
cordões waterstop é um procedimento que contribui diretamente para a impermeabilização do
elemento, sendo igualmente de extrema importância a impermeabilização de qualquer elemento
adicional que atravesse ou penetre no elemento na laje de fundação, como é o caso de uma
cabeça de uma estaca ou uma ancoragem, para os quais terão de ser implementados sistemas
particulares de impermeabilização.
Existem ainda outros elementos em que, perante as condicionantes geotécnicas e hidrológicas
da envolvente, a solução passa obrigatoriamente por um controlo mais abrangente do nível da
água, podendo ser considerado o rebaixamento permanente do nível freático, um tampão de
fundo em laje de jet grouting ou soluções de conjugação de cortinas horizontais e verticais, de
forma a efetuar a exclusão da água.

Pedro Santos Gouveia 76


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de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO

5.1.2 Impermeabilização de sistemas de contenção periférica de edifícios


Ao nível dos sistemas de contenção periférica, a situação repete-se e é possível afirmar que os
pontos críticos são as juntas, a par das anomalias no betão. O controlo do betão (elemento
constituinte da generalidade das soluções de fundação e contenção periférica) – ao nível da
especificação e fabrico, aplicação e cura – é essencial na questão da impermeabilização.
Assim, facilmente se compreende por que motivo algumas soluções apresentam por regra um
deficiente grau de estanquidade (ver no Quadro 9 – Anexo III, a última coluna), como por
exemplo os muros de Berlim definitivos que não só não permitem uma correta drenagem no
tardoz como possuem uma série de pontos críticos, mais concretamente as juntas entre os
painéis e as cabeças de ancoragem, em elevado número neste tipo de contenção.
Inversamente, existem soluções de contenção periférica que têm um bom comportamento ao
nível de estanquidade por serem constituídas por painéis (muros de suporte e paredes
moldadas), desde que, a par do que se descreveu para as fundações, sejam corretamente
incorporados elementos waterstop, tidos como fundamentais na melhoria/garantia da
estanquidade.
A execução de cortinas de estacas exige, por regra, trabalhos adicionais de construção de forro.
A diferença entre os três tipos de cortina está no controlo de estanquidade previamente à
execução deste, uma vez que só as estacas secantes o garantem, pelo que as restantes exigirão
sempre o rebaixamento do nível freático previamente à escavação.

5.1.3 Impermeabilização na reabilitação


A este nível, importa destacar a existência de soluções como o jet-grouting e o deep mixing
que, por resultarem em elementos de solo-cimento – impermeável – são classificadas como
muito boas relativamente à estanquidade final, pelo que o seu uso é de extremo interesse, quer
reforçadas (com elementos estruturais, usualmente metálicos), desempenhando o próprio papel
de contenção, quer na correção pelo exterior de anomalias em contenção existentes (em
particular o jet-grouting, sendo um bom exemplo a sua utilização no tardoz de uma cortina de
estacas, como solução para controlo da entrada de água na mesma).
Também as injeções são úteis no tratamento de anomalias pontuais, quer pelo exterior (no
terreno, usualmente em calda de cimento), quer pelo interior, no elemento de contenção ou
fundação (poliuretano ou acrílicas).
No caso de a escala o exigir (o caso de estudo da recuperação do Mosteiro de Santa Clara-a
Velha é um bom exemplo) ou de não existir, à partida, um elemento de contenção para ser
reabilitado, a solução passa obrigatoriamente pela criação de uma e, nesse caso, para além das
soluções estruturais de contenção periférica, temos as cortinas de impermeabilização, que
desempenham a função de contenção hidráulica.
Alternativamente, poderão ser empregues técnicas de controlo de água subterrânea,
nomeadamente as de rebaixamento do nível freático. Porém, é importante ponderar os impactos
que estas terão nos solos e nas estruturas envolventes (por alteração das condições estabilizadas

Pedro Santos Gouveia 77


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO

de água no solo) bem como os custos associados à sua manutenção com carácter permanente.
Abordam-se ainda os revestimentos de impermeabilização. Se o seu uso pelo exterior –
associado, por regra, a um sistema de drenagem como forma de garantir a sua eficácia –, na
fase de construção é, para alguns casos de fundações e contenção periféricas, uma garantia de
impermeabilização, a sua aplicação pelo interior é, noutras situações, um último recurso e a
solução de reabilitação apropriada. Importa neste caso conhecer as características dos produtos
bem como o seu âmbito e método de aplicação (Quadro I.1), uma vez que a necessidade de uma
base para aplicação (sistemas aderentes) ou o acabamento final interior são condicionantes
importantes na escolha da solução, sendo por vezes necessária a sua ocultação – podendo até
ser conjugado, como solução de recurso, com um sistema de drenagem pelo interior igualmente
oculto, como é exemplo o caso de uma caleira e parede de ocultação.

5.2 Conclusões gerais


No âmbito desta tese foram estudados sistemas de fundação e contenção periférica com vista à
caracterização dos problemas que os afetam, no que à sua impermeabilização diz respeito,
evidenciando não só as anomalias recorrentes e de que forma estas podem ser evitadas mas
também os métodos possíveis para a sua correção.
Revendo os objetivos que motivaram a elaboração desta dissertação – Onde ocorrem as
infiltrações? Quais as razões das mesmas? Como evitar? Quais as soluções? – conclui-se, por
exemplo através do Quadro IV.1, que os mesmos foram atingidos.

O estudo permitiu também concluir que o diagnóstico de uma situação de não


impermeabilização é (infelizmente), a par da proposta de resolução das anomalias, mediante a
quantidade de variáveis a que está associado, um processo que não pode ser generalizado e tem
que ser efetuado “caso a caso”, envolvendo os meios que as condicionantes assim o exijam.
Apenas do correto diagnóstico pode ser esboçada a solução a adotar, pelo que não há soluções
genéricas. A este respeito, como pudemos ver, não só na abordagem às soluções (Capítulo 3)
mas de uma forma clara nos casos práticos apresentados (Capítulo 4), existem, para além das
naturais variantes geotécnicas e hidrológicas, variantes de escala (de intervenção), de
importância histórico-cultural do edificado (um monumento classificado é claramente diferente
de uma estação de metropolitano enterrada e de um simples edifício de habitação recente) e as
construtivas do próprio edifício (começando pelo sistema de fundações ou contenção).
Para além disso, sendo estes problemas de âmbito geotécnico (fundações e contenções
periféricas), exibem por regra uma dificuldade acrescida pelo facto do comportamento dos solos
nem sempre ser previsível e, como tal, a resposta às soluções adotadas pode nem sempre ser a
esperada. Considera-se assim essencial, desde a fase de diagnóstico, o acesso aos elementos de
prospeção geotécnica, uma vez que, para além do que é visível do interior de um edifício,
poderão existir dados adicionais relevantes que condicionem a escolha de uma solução de
reabilitação. Da mesma forma, a monitorização (com eventual instrumentação) é fundamental
na compreensão do problema e controlo da eficácia da solução.

Pedro Santos Gouveia 78


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios CAPÍTULO 5: SÍNTESE E CONCLUSÃO

A análise permitiu ainda concluir que é claramente compensatório – pelo volume de trabalho
que um tratamento/correção acarreta e consequentemente o custo associado – zelar pela
impermeabilização dos sistemas de fundação e contenção periférica de edifícios desde o seu
projeto e construção, evitando assim a posteriori o recurso a soluções de reabilitação. No
entanto, constatou-se que, perante a oferta de soluções existentes no mercado, é efetivamente
possível corrigir a impermeabilização de um edifício, nomeadamente ao nível dos elementos
deste que confinam com o solo. Mas, também nesta fase, a imprevisibilidade existe, sendo
crucial o ensaio da metodologia a implementar, previamente à sua aplicação e, se necessário, a
adaptação das soluções inicialmente previstas à realidade do local, bem como o correto estudo
dos efeitos secundários que uma solução pode acarretar.

Importa contudo não esquecer que não há soluções de impermeabilização totalmente estanques
e a drenagem interior é de extrema utilidade. Importa por isso, desde a fase de projeto,
especificar o grau de estanquidade que se pretende alcançar, utilizar elementos e técnicas
construtivas em conformidade com o pretendido e, pelo interior, após limitar a penetração de
água, proceder à sua recolha e encaminhamento para o exterior.

5.3 Desenvolvimentos futuros


Partindo do princípio que impulsionou esta dissertação – a escassez de informação
relativamente à impermeabilização de contenções periféricas e fundações de edifício – e
mediante as lacunas que a investigação permitiu identificar, nomeadamente no âmbito da
reabilitação de edifícios, são seguidamente sugeridas, numa perspetiva futura, ideias de
desenvolvimento do estudo apresentado:
 Estudo da sustentabilidade das soluções de impermeabilização a utilizar na reabilitação
(das fundações e contenções periféricas) de edifícios, no que respeita a energia
incorporada nos processos e materiais utilizados, quantidade e tipo de resíduos bem
como o respetivo ciclo de vida, de forma que essa seja uma informação acessível e
integrar na escolha da solução.
 Estudo comparativo dos diferentes materiais existentes no mercado para injeções em
estruturas, visando a sua impermeabilização uma vez que, contrariamente aos
revestimentos de impermeabilização – produtos amplamente divulgados, existindo
informação disponível, facilitando deste modo a escolha ao responsável pela definição
de uma solução de construção ou reparação – existe pouca informação relativamente à
oferta e potencialidade daquelas soluções, estando restringida a artigos pontuais
abordando apenas a utilização de resinas acrílicas ou de poliuretano.
 Estudos comparativos de custos de impermeabilização de fundações e contenções
periféricas com base, por exemplo, em casos práticos de reabilitação de edifícios.

Pedro Santos Gouveia 79


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de contenções periféricas e fundações de edifícios REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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acedido a 2017-02-18. – Viajar con el arte.

[95] Turismo de Portugal: Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. [online]


https://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/museus–monumentos/ver/Mosteiro–de–
Santa-Clara-a-Velha. – acedido a 2017-07-03. - Guia Técnico dos Museus e
Monumentos.

Pedro Santos Gouveia 86


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA

Appleton, J.: Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e Tecnologias de Intervenção.


Amadora: Edições Orion, 2003.

Hachich, Waldemar; Falconi, Frederico F. ; Saez, José Luiz ; Frota, Régis G. Q. ; Carvalho,
Celso S. ; Niyama, Sussumu: Fundações - Teoria e prática. São Paulo, Brasil : PINI, 1998.

Milititsky, Jarbas; Consoli, Nilo Cesar ; Schnaid, Fernando: Patologia das fundações. 2a
Edição. ed. Porto Alegre, Brasil : Oficina de Textos, 2006.

Nazarchuk, Alex: Water intrusion in underground structures. Massachussets, MIT -


Massachusetts Institute of Technology, Civil and Environmental Engineering - Master’s
degree, 2008.

Tschebotarioff, Gregory P.: Foundations, Retaining and Earth Structures - The art of design
and construction and its scientific basis in soil mechanics. Second Edition. ed. New York, USA:
McGraw-Hill, 1973.

Pedro Santos Gouveia 87


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO I

ANEXO I:
Revestimentos de impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e classificação de
acordo com o método de aplicação.

Pedro Santos Gouveia I.1


Materiais Sistemas
Semiaderente
Classificação Denominação Descrição Modo de aplicação Vantagens Desvantagens Aderente Fixação Flutuante Monocapa Multicapa
Colagem
mecânica
- suspensões de betume ● baixo custo;
● a frio, à trincha (ou rolo); ● impossibilidade de controlar
asfáltico em água; ● fácil aplicação;
● duas demãos com rigor a espessura;
- podem ser alcalinas ● elevado rendimento;
emulsões betuminosas cruzadas do produto; ● baixa flexibilidade X X
(sabão como emulsionante) ● não tóxico;
● o suporte deve estar (fissura com facilidade);
ou catiónicas ● não inflamável;
limpo e regularizado. ● pouco eficientes.
(argila como emulsionante). ● inodoro (após secagem).
● flexibilidade proporcional à
percentagem de resina;
● resiste a pressões positivas
e negativas;
● permeável ao vapor de água;
● boa resistência ao gelo-degelo;
● mistura de um pó, líquido (resina) e água; ● impossibilidade de controlar
● não tóxico e sem solventes;
- produtos formulados à base de ● humedecer a super cie; com rigor a espessura;
manufaturados ● resistência à carbonatação
cimentos especiais cimento, aditivos (sílica e agentes ● à trincha, brocha, escova ou projeção; ● baixa flexibilidade X X
in-situ superior à do betão;
modificadores) e areia. ● duas (ou três) demãos cruzadas; (fissura com facilidade);
● elevada produ vidade;
● 2.0 kg/m2 / e=1.0 mm. ● pouco eficientes.
● grande versa lidade de aplicação
(suportes lisos ou porosos);
● qualidade esté ca;
● possibilidade de incorporar
uma armadura;
● preço compe vo.
- misturas essencialmente ● fácil aplicação;
● aplicação condicionada às
constituídas por pigmentos, cargas, ● aplicadas em camada fina; ● baixa toxicidade;
condições atmosféricas;
veículos fixos (óleos, resinas) ou ● formam películas sólidas quando secas; ● boa resistência à intempérie;
tintas impermeabilizantes ● necessidade de tempo de X X
voláteis (solventes e diluentes), e ● o suporte homogéneo, de porosidade ● boa aderência à base;
espera entre camadas;
aditivos (secantes, anti-peles, anti- conhecida, deve ser seco e limpo. ● estabilidade da cor;
● custo elevado.
espumas). ● aspeto decora vo pretendido.

Legenda:
X situação corrente
(X) situação pouco habitual Quadro I.1: Revestimentos de Impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e classificação de acordo com o método de aplicação
Parte 1/2

I.2
Soluções de impermeabilização na reabilitação ANEXO I
de contenções periféricas e fundações de edifícios
Materiais Sistemas
Semiaderente
Classificação Denominação Descrição Modo de aplicação Vantagens Desvantagens Aderente Fixação Flutuante Monocapa Multicapa
Colagem
mecânica

● suportes secos, limpos e isentos


- constituídas por: ● barreira ao vapor;
de asperezas e ressaltos;
• armadura (feltro de fibra de ● mau comportamento ao fogo;
● aplicar primário de aderência ● preço compe vo, comparado
vidro ou poliéster ou filme de ● carece da aplicação de um
(emulsão betuminosa); com os restantes sistemas;
polietileno); primário;
● aplicar panos de membrana ● flexibilidade razoável,
membranas betuminosas • mistura betuminosa ● para elevado desenvolvimento, X X X X X
sobrepostos entre 8 e 10 cm superior aos cimentos especiais
(impregna a armadura); é necessário fixação mecânica;
(longitudinais e transversais); e emulsões betuminosas.
• proteção exterior ● deve ser complementado
● incidir a chama do maçarico até se
(pode não estar presente). com uma proteção
verificar o refluir do betume na junta;
(membrana alveolar).
● biselar o bordo da membrana superior.

● boa resistência química à ação


da água e outras substâncias
● regularização do suporte necessária nela dissolvidas; ● incompa vel com o polies reno
(se não possível, aplica-se geotêxtil); ● flexibilidade elevada, superior à extrudido (apenas o PVC);
- constituidas por PVC (cloreto de
● soldaduras entre telas efetuadas com das membranas betuminosas; ● a preparação do suporte
polivinilo) plastificado, eventual
jato de ar quente e um pequeno rolo, ● comportamento ao fogo razoável tem de ser cuidada;
armadura (poliéster ou fibra de
membranas de PVC ou através de solventes (extingue-o por si só); ● carece de mão-de-obra (X) X X X X
vidro), plastificantes (conferem
(sobreposição superior a 10 cm); ● permeável ao vapor de água; especializada;
flexibilidade), estabilizantes
● verificação da integridade da soldadura ● espessura inferior ao sistema ● preço pouco compe vo
externos, pigmentos e aditivos.
mediante a passagem de uma chave de membranas betuminosas; comparado com os
de fendas ao longo da soldadura. ● resistência aos betumes; restantes sistemas;
● reduzido consumo de energia;
● possibilidade de reciclagem.
● flexibilidade elevada, superior
● custo elevado;
aos outros sistemas;
pré-fabricados ● di cil controlo do processo
● elevada impermeabilidade a
de vulcanização das colas;
gases, água e outros fluidos
- constituídas por borracha butílica ● dificuldade na deteção de
● regularização do suporte necessária quimicamente inertes;
(monómero de etileno - propileno - perfurações;
(se não possível, aplica-se geotêxtil); ● excelente resistência aos
membranas de EPDM dieno), normalmente ● carece de mão-de-obra (X) X X
● ligadas por vulcanização, ácidos e bases, assim como à
complementada com proteção de especializada;
através de colas fita auto-adesiva. degradação microbiológica;
feltro betuminoso; ● fraca resistência ao
● elevada durabilidade
punçoamento;
(nomeadamente a ultravioletas);
● di cil reparação (complemento
● elevada produ vidade (panos
de feltro necessário).
com dimensões superior).
- material constituído por
● vantagens ecológicas ● ligeiramente menos flexível
membranas de polipropileno polipropileno e um co-polímero (aplicação de forma semelhante ao PVC) (X) X X X X
(face ao PVC). que o PVC.
termostático ou elastomérico.

● aplicadas por fixação mecânica;


- fabricadas a partir de resinas de ● exigem equipamento apropriado
● juntas das membranas acabadas
polietileno não vulcanizado de alta para manuseamento (peso);
inferiormente com material resiliente, ● inertes face aos lixiviados
ou baixa densidade, contendo ● exigem cuidados par culares
membranas de polietileno realizadas encostando-se topo-a-topo (uso na impermeabilização X X
também anti-oxidantes e na preparação das superfícies;
os bordos transversais das membranas de aterros);
estabilizantes térmicos para o caso ● incompa bilidade com solventes
e recobrindo-se a junta com uma faixa
de ficarem expostas; orgânicos e PVC plastificado.
de membrana.

- membranas de argila que, ● ó ma adaptabilidade


em contacto com a água, ● aplicadas associadas a um geotêxtil à forma das superfícies;
membranas bentoníticas ● custo elevado. X X X X
hidratam e expandem, ou membrana de polietileno. ● podem ser perfuradas, sem
preenchendo os vazios. comprometer impermeabilização.
Legenda:
X situação corrente
(X) situação pouco habitual Quadro I.1: Revestimentos de Impermeabilização: descrição, vantagens, desvantagens e classificação de acordo com o método de aplicação
Parte 2/2

I.3
Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO II

ANEXO II:
Quadro resumo de processo comparativo de escolha da solução a adotar para a
impermeabilização de estruturas enterradas [53].

Pedro Santos Gouveia II.1


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

ANEXO III:
Elementos relativos aos Casos de Estudo.

Pedro Santos Gouveia III.1


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

4.1 Controlo de infiltração em fundação de cave de edifício

Figura III.1: Aspeto da laje da cave, sendo visível a água decorrente das infiltrações.

Figura III.2: Aspeto da laje após intervenção, sendo visível o pavimento seco.

Pedro Santos Gouveia III.2


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.3: Metodologias de injeção.

Figura III.4: Furação. Figura III.5: Injeção.

Figura III.6: Aspeto da laje após injeção e previamente à remoção dos


injetores.

Pedro Santos Gouveia III.3


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

4.2 O incidente na cortina de contenção periférica da estação do


Terreiro do Paço

Figura III.7: Planta de localização da estação com indicação dos cortes geológicos.

Figura III.8: Corte geológico A.

Pedro Santos Gouveia III.4


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.9: Corte geológico B.

Figura III.10: Corte geológico C.

Pedro Santos Gouveia III.5


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.11: Corte geológico D.

Figura III.12: Corte geológico E.

Pedro Santos Gouveia III.6


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.13: Pormenor da cortina de contenção de estacas secantes.

Figura III.14: Planta e perfil transversal da laje de jet-grouting ao nível do eixo do túnel.

Figura III.15: Planta do sistema de drenagem sob a laje de fundo da estação.

Figura III.16: Planta de localização dos poços de alívio (RW – relief wells) para controlo da pressão
sob a escavação.

Pedro Santos Gouveia III.7


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Quadro III.1: Dispositivos integrados no plano de instrumentação da estação do Terreiro do Paço.

Pedro Santos Gouveia III.8


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

a)

b)

Figura III.17: Planta (a) e perfis transversais (a) identificando a localização dos incidentes ocorridos a 10 de Maio (1st
incident) e a 2 de Junho de 2003 (2nd incident).

Figura III.18: Pormenor de duas estacas Figura III.19: Registos piezométricos (piezómetros PZ3 e PZ5)
desalinhadas. no período prévio, durante e imediatamente após o primeiro
incidente (adaptado).

Pedro Santos Gouveia III.9


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.20: Planta de localização de injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas de estacas secantes com indicação
da respetiva calendarização.

Figura III.21: Perfil transversal tipo ao eixo 3 (zona estreita a poente) da estrutura da estação com
indicação da localização das injeções de calda de cimento no tardoz das cortinas de estacas secantes.

Pedro Santos Gouveia III.10


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Quadro III.2: Instrumentação instalada após o acidente de Junho de 2003.

Figura III.22: Deslocamento latera registado no inclinómetro I4 após o tratamento


de injeção de calda de cimento (grouting), devendo ser considerada a curva corrigida
(adaptado).

Pedro Santos Gouveia III.11


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.23: Evolução do esforço normal nos pares de escoras 2.5 (eixo 3), no período de 1 de Agosto 2003 a 1 de Junho
de 2004, englobando os períodos de injeções de calda de cimento no tardoz das estacas.

Quadro III.3: Esforços normais dos pares de escoras 2.5 (eixo 3) antes e após cada fase de injecção de calda de cimento no
tardoz das estacas.

Pedro Santos Gouveia III.12


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

4.3 A recuperação do mosteiro de Santa-Clara-a-Velha

Figura III.24: Aspeto da igreja na década 1960.

Figura III.25: Vista aérea sobre a igreja e claustro numa fase da operação arqueológica.

Pedro Santos Gouveia III.13


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

SEM ESCALA

Figura III.26: Planta de localização de sondagens de prospecção geológico-geotécnica.

Pedro Santos Gouveia III.14


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.27: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 1/3.

Pedro Santos Gouveia III.15


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.28: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 2/3.

Pedro Santos Gouveia III.16


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.29: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento nascente da parede moldada – 3/3.

Pedro Santos Gouveia III.17


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.30: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento sul da parede moldada.

Pedro Santos Gouveia III.18


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.31: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento poente da parede moldada.

Pedro Santos Gouveia III.19


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.32: Corte geológico-geotécnico segundo o alinhamento norte da parede moldada.

Pedro Santos Gouveia III.20


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

SEM ESCALA

Figura III.33: Planta de identificação dos painéis da parede moldada auto-endurecedora.

SEM ESCALA

Figura III.34: Perfil transversal ao rio Mondego com implantação da cortina de contenção.

Pedro Santos Gouveia III.21


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Quadro III.4: Anomalias detetadas na execução dos painéis da parede moldada auto-endurecedora.

Pedro Santos Gouveia III.22


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.35: Rebaixamento da calda e fendilhação por retração de um painel de


parede moldada auto-endurecedora.

Quadro III.5: Plano de instrumentação – dispositivos e frequência de leituras.

Pedro Santos Gouveia III.23


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO III

Figura III.36: Vista aérea da igreja, ruínas do claustro e espaço envolvente, com o centro de
interpretação em primeiro plano.

Figura III.37: Reconstituição do coro da igreja. Figura III.38: Arcos da igreja, de suporte a um 2º piso
atualmente inexistente.

Figura III.39: Inundação do Mosteiro de Santa Clara, Janeiro de 2016.

Pedro Santos Gouveia III.24


Soluções de impermeabilização na reabilitação
de contenções periféricas e fundações de edifícios ANEXO IV

ANEXO IV:
Quadro resumo da problemática das infiltrações em fundações e contenções periféricas de
edifícios e respetivas soluções.

Pedro Santos Gouveia IV.1


CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3

Sistemas Grau de
Aplicação com Ocupação da área de Descompressão do Aplicabilidade Execução e escavação Condicionantes à Ações de prevenção /garantia (**) Possíveis soluções de correção Revestimento de impermeabilização
Acabamento interior Notas impermeabilização
pé-direito reduzido implantação terreno envolvente (tipo de terreno) abaixo do nível freático estanquidade final (*) (de impermeabilização) (de impermeabilização)
final pelo exterior pelo interior
Tratamento de juntas com
Muros de Suporte Alta a muito alta (para Má drenagem. Elementos waterstop em juntas. argamassas sem retração e
Não possível Relevante Bom Todos os tipos de solo. Exige rebaixamento. Solução não viável em reabilitação. Boa Telas betuminosas Argamassas aditivadas
(tecnologia tradicional) implantação) Juntas de betonagem ou dilatação. Garantir drenagem no tardoz. revestimento com impermeabilização
cimentícia.
Tratamento de juntas com
Muros executados com Desaprumo dos perfis Telas de PVC ou
Solos com compacidade e Solução não viável em reabilitação. Elementos waterstop em juntas. argamassas sem retração e
contenção provisória Não possível Significativa Relevante Bom Exige rebaixamento. (recobrimento reduzido) Média bentoníticas, não Argamassas aditivadas
coesão média a alta. Exige alguma coesão do terreno. Garantir drenagem no tardoz. revestimento com impermeabilização
tipo Berlim Juntas de betonagem ou dilatação aderentes
cimentícia.
Manta geotêxtil filtrante e uma camada Tratamento de juntas com
Solos com compacidade e Possível mas difícil. Exige alguma coesão do terreno. A Juntas entre painéis.
Muros de Berlim drenante em nylon no tardoz bem como argamassas sem retração e Argamassas aditivadas
Não possível Ligeira Relevante Bom coesão média a alta (solos Bombagem necessária em evitar em caso de Níveis Freáticos Número elevado de ancoragens. Má isoladamente Não aplicável
definitivos tubo drenante para recolha ao nível da revestimento com impermeabilização Tela PVC + parede
autossustentáveis). terrenos permeáveis. elevados.
sapata de fundação. cimentícia.
Escolha do método adequado
Solos incoerentes, solos Solução dispendiosa mas que pode
(encamisamento ou bentonite no caso Argamassas aditivadas
Significativa Exige trabalhos coerentes com compacidade garantir estanquidade. Verticalidade (profundidade)
Secantes Não possível Irrelevante Possível. Boa de solos soltos) para evitar problemas no Tratamento de juntas ou solo com Não aplicável Tela bentonítica + forro
C (meios pesados) adicionais baixa a média e rochas pouco Durabilidade limitada das estacas Consistência (trado contínuo).
corpo das estacas. Controlar injeções químicas ou execução de Tela PVC + parede
resistentes. plásticas (necessário forro).
O verticalidade. colunas de Jet Grouting.
N Escolha do método adequado Aplicação de dreno em cada linha de
Solos incoerentes, solos
T Cortinas Verticalidade (profundidade). (encamisamento ou bentonite no caso tangência previamente ao Argamassas aditivadas
Significativa Pequena Exige trabalhos coerentes com compacidade Com trabalhos adicionais, pode obter-
E de Estacas Tangentes Não possível Difícil (mau resultado final). Consistência (trado contínuo). Média a Má isoladamente de solos soltos) para evitar problemas no revestimento. Não aplicável Tela bentonítica + forro
(meios pesados) (em solos granulares) adicionais baixa a média e rochas pouco se uma solução impermeável.
N Moldadas Solos granulares sub N.F.. corpo das estacas. Controlar Tela PVC + parede
resistentes.
Ç verticalidade.
à Colocação de elemento drenante Argamassas aditivadas
Solos coerentes com
O Significativa Exige trabalhos entre as estacas e utilização de Tela bentonítica + forro
Afastadas Não possível Pequena compacidade baixa a média e Exige rebaixamento. Exige alguma coesão do terreno. Não aplicável Nula isoladamente Não aplicável. Não aplicável
(meios pesados) adicionais resinas expansivas na união entre Tela PVC + parede
rochas pouco resistentes.
P estacas e elemento de revestimento. (se regularizada)
E Elementos waterstop em juntas.
R Tratamento de juntas e ligações a
Juntas entre painéis (má execução Minimizar os movimentos da parede
I Solução praticamente estanque lajes com injeções químicas e
Não possível Significativa Razoável (aceitável pra ou movimentos excessivos da durante a escavação. Argamassas aditivadas
F Paredes moldadas Reduzido Maioria dos tipos de solo. Possível. aplicável a praticamente qualquer tipo Boa argamassas expansivas ou, se afluir Não aplicável
(6m mínimo) (meios pesados) usos não habitacionais) parede). Evitar painéis muito extensos e muito Tela PVC + parede
de solo. muita água, colocação de drenos nas
É Verticalidade. curtos (mais juntas).
juntas e recolha com caleira.
R Controlar verticalidade.
I
Colocação de elemento drenante Argamassas aditivadas
C Solos coerentes com
Exige trabalhos entre as estacas e utilização de Tela bentonítica + forro
A Cortinas de microestacas Possível Reduzida Irrelevante compacidade baixa a média e Exige rebaixamento. Exige alguma coesão do terreno. Não aplicável. Nula isoladamente Não aplicável. Não aplicável
adicionais resinas expansivas na união entre Tela PVC + parede
rochas pouco resistentes.
estacas e elemento de revestimento. (se regularizada)

Todos os tipos de solos com Pode ser utilizada como contenção no


exceção dos solos argilosos caso de incluir elementos resistentes. Efetuar colunas de ensaio.
Cortina de colunas de Inexistente (verifica-se Exige trabalhos Solos muito granulares (problemas Execução de colunas adicionais em Não aplicável
Possível Reduzida muito orgânicos, Possível. Envolve estudos laboratoriais para Muito boa Garantir adequada sobreposição e Não aplicável
jet-grouting (***) compressão) adicionais de estabilização ou cura da calda). zona deficientemente tratada. (solução impermeável)
contaminados ou os de grande adaptação da solução (quantidade de verticalidade de colunas.
granulometria. água e de cimento) ao tipo de solo.

Todos os tipos de solos com Pode ser utilizada como contenção no


exceção dos solos argilosos caso de incluir elementos resistentes. Execução de painéis de teste. Garantir
Significativa Inexistente (verifica-se Exige trabalhos Solos muito granulares (problemas Não aplicável
Cortina de deep mixing (***) Não possível muito orgânicos, Possível Envolve estudos laboratoriais para Muito boa adequada sobreposição e verticalidade Execução de elementos adicionais. Não aplicável
(meios pesados) compressão) adicionais de estabilização ou cura da calda). (solução impermeável)
contaminados ou os de grande adaptação da solução (quantidade de dos elementos.
granulometria. água e de cimento) ao tipo de solo.

F Juntas no ensoleiramento ou
Perfis hidroexpansivos, atenção a juntas
U Exige rebaixamento ou juntas com soluções de contenção Injeções de resinas.
de betonagem (rede metálica), controlo Membrana betuminosa
N Ensoleiramentos - - - - - tratamento prévio de exclusão - periférica. Média a Boa Rebaixamento permanente do Nível Argamassas aditivadas
do traço e da cura do betão, e/ou sobre massame térreo
(tampão). Ligação a estacas. Freático.
D revestimentos de impermeabilização.
Cabeças de ancoragem.
A
Ç Solução que, conjuntamente com Execução de colunas adicionais em
Efetuar colunas de ensaio.
Õ Tampão de fundo contenção periférica garante, não só Solos muito granulares (problemas zona deficientemente tratada. Não aplicável
- - - - - Possível. Muito boa Garantir adequada sobreposição e Não aplicável
E em jet grouting (****) impermeabilização mas funciona como de estabilização ou cura da calda). Rebaixamento permanente do Nível (solução impermeável)
verticalidade de colunas.
S escora da mesma ao nível inferior. Freático.

(*) são comuns a todas as soluções, por serem todas constituídas por betão armado, os potenciais problemas do betão, sendo os mais frequentes segregações ou porosidade excessiva.
(**) são igualmente comuns a todas as soluções, por serem todas constituídas por betão armado, certas normas comuns à execução de estruturas de betão, tais como correto dimensionamento, correta constituição do betão (granulometria, classe de resistência, classe de exposição, com a agravante da possível ação química do solo), aplicação (consistência e vibração) e cura.
(***) solução de reforço de solos que pode ser utilizada com solução de contenção periférica através da inclusão de elemento resistente - abordada no Capítulo 3.
(****) solução de reforço de solos com carácter impermeabilizante que pode ser utilizada como tampão de fundo - abordada no Capítulo 3.

Quadro IV.1: Quadro resumo da problemática das infiltrações em fundações e contenções periféricas de edifícios.

IV.2

IV.2

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