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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA E
PEDAGOGIA – 12ª CLASSE
Professor: Arlindo Mualoja
Este é um tema sobre dois elementos inerentes à vida humana em sociedade e, mais
especificamente, ao dia-a-dia das famílias, comunidade e organizações: o poder e a tomada de
decisão.
“Viver em sociedade é, de qualquer maneira, viver de modo que seja possível a alguns agirem
sobre a acção dos outros. Uma sociedade ‘sem relações de poder’ e tomadas de decisão sobre
os factos só pode ser uma abstracção”
Assim como o poder, a decisão também ocupa um lugar de destaque nos vários âmbitos da
experiência humana – nas ciências humanas e sociais, nas ciências da saúde, na tecnologia,
nas questões da vida pessoal, nas actividades cívicas, etc.
O maior dos poderes humanos é aquele que é composto pelos poderes de vários homens,
unidos por consentimento numa só pessoa, natural ou civil, que tem o uso de todos os seus
poderes na dependência de sua vontade: é o caso do poder de um Estado.
Existe uma multiplicidade de vozes diferentes que falam sobre o poder. No campo da
Administração e no âmbito organizacional, a confusão tem sido exacerbada por conta de três
vozes principais – a funcionalista, a crítica e síntese (para usar categorizações simples), que
raramente se comunicam entre si.
Por outras palavras, a abordagem funcionalista enfatiza o consenso e a coerência (ao invés do
conflito e do dissenso) através de uma concepção jurídico-discursiva, que apresenta o poder
como algo que é possuído por pessoas e/ou por instituições.
Nesse sentido, existe uma divisão entre aqueles que possuem poder e aqueles que dele estão
alijados. Os primeiros, com base na enunciação da lei, do Estado e de estruturas e ideologias,
exercem poder, controlam, reprimem e dominam de forma racional os segundos. Essa
concepção coincide com a visão contratualista do poder entre os homens e seus soberanos.
Por meio do contrato, os primeiros passam o poder para os segundos em troca de segurança e
justiça.
“No caso do dia-a-dia de uma organização, por exemplo, os directores são vistos como
extremamente poderosos ao passo que os contínuos são encarados como pessoas sem poder.
Assim, o poder seria concedido pela posição e/ou pelo cargo que uma pessoa ocupa dentro da
organização.”
Nesta abordagem a variável poder é relacional, isto é, o poder não é um objecto ou uma
característica que se possua ou se deixe escapar, mas um acto praticado por todos sobre
todos, que geram vínculos localizados, porém instáveis, de dependência entre si.
O estruturalismo marxista representa o domínio estabelecido por uma classe social sobre outra
a partir de ideologias e do controle dos meios de produção, enquanto o estruturalismo
weberiano está ligado à formalização da autoridade de acordo com os ditames de um direito
fundamental.
Por exemplo, “as condições económicas regulam o contexto no qual o trabalho é vendido e o
capital levantado e, logo de início, duas classes são definidas: aqueles que possuem capital e
aqueles que não o possuem. Os últimos possuem apenas sua própria criatividade, treinamento
diferenciado e capacidades disciplinadas, e estão obrigados a vender tudo isso no mercado de
trabalho.”
Onde: Problema
Opções
Decorrências ou consequências
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Dessa forma, o poder não pode ser analisado apenas por meio de um jogo moral de
legitimidade e ilegitimidade do funcionalismo versus a proibição ou aprovação dos críticos, e
sim de forma integrada, com vistas à constituição de algo como um “gerencialismo
esclarecido”, que seja capaz de atingir os objectivos organizacionais sem precisar recorrer aos
meios de dominação e exploração.
Já, a abordagem “síntese” aponta o poder como um fenómeno multifacetado e resistente a uma
explanação em termos de uma teoria única que apresenta o poder no seu aspecto macro ou
estrutural, caracterizado pela posse e pelo controle de posições, recompensas, sanções e
informações, e no seu aspecto micro ou relacional, ligado à vontade e à habilidade da pessoa
(ou grupo).
II. Metacognição
Você já se deparou com uma situação em que alguém lhe diz para fazer algo de um
determinado modo e você responde “eu faço melhor dessa forma” ou “não, eu aprendo melhor
assim”. Pense em outro exemplo, você já pensou em como você faz para decorar um número
de telefone ou número do seu BI ou PASSAPORTE? Pense agora!
Você decora por pares de número, trios, faz alguma associação com outros números e datas?
E se eu te pedisse para decorar o número 345624678912, como você faria? Tente agora!
Deixe seu comentário no fim do texto, contando a forma como você fez para decorar esse
número.
A metacognição foi definida por John Flavell (Stanford University) nos anos 1970 como o
conhecimento que as pessoas têm sobre seus próprios processos cognitivos e a habilidade de
controlar esses processos, monitorando, organizando, e modificando-os para realizar objectivos
concretos. Em outras palavras a metacognição se refere à habilidade de reflectir sobre uma
determinada tarefa (ler, calcular, pensar, tomar uma decisão) e sozinho seleccionar e usar o
melhor método para resolver essa tarefa.
Para Flavell (1976) em qualquer tipo de operação cognitiva existe uma monitorização activa e
consequente regulação e orquestração dos processos cognitivos envolvidos ou dos dados
sobre os quais eles versam, isto é, a metacognição.
Embora desenvolver a metacognição seja o objectivo de toda a educação escolar, isto é, fazer
com que os alunos planeiem suas acções futuras com base nos conhecimentos adquiridos e
que possam identificar suas próprias dificuldades e procurar métodos mais eficazes para
superar essas dificuldades, a metacognição nem sempre é desenvolvida/ensinada nas salas de
aulas. É importante entender que isso não significa que existam pessoas sem metacognição, o
que estou dizendo é que ela deve ser treinada para que seja desenvolvida e aperfeiçoada e a
escola tem um papel fundamental de proporcionar esse treino.
Nas escolas as crianças, em geral, ficam mais dependentes de avaliações externas sobre seu
próprio desempenho, como correcções dos professores e resultados de provas, do que de
avaliações internas, ou seja, do seu auto-monitoramento. Muitas vezes as crianças não sabem
se estão de facto aprender os conteúdos escolares a não ser quando chegam as notas de
provas que mostram que elas estão com dificuldades. Enquanto uma criança que pode se auto-
monitorar, poderia ver que está com dificuldades antes mesmo das avaliações e buscar ajuda
para corrigir isso.
Assim, um bom professor deveria incentivar seus alunos a planearem seus próprios modos de
estudo e avaliarem a si mesmos se estão com dificuldades e como buscar alternativas para
superá-las. Em outras palavras, os professores deveriam treinar as crianças para
desenvolverem essa habilidade de reflectir sobre o melhor modo para aprender, ou seja,
desenvolverem a metacognição. Isso não significa que os professores não devam ensinar,
porque as crianças irão aprender sozinha, nem que os professores não devem avaliar seus
alunos. Pelo contrário, os professores têm que fazer justamente essas coisas, eles devem
organizar e apresentar os conteúdos escolares de modo a favorecer a aprendizagem dos
alunos e devem sempre avaliar seus alunos e seus próprios métodos de ensino também. Afinal
é preciso saber também se os métodos de ensino estão adequados. Se o professor ensina e as
crianças não aprendem, não significa que as crianças é que estão com problemas, talvez a
forma de ensino não foi adequada e é preciso modificá-la. Professores também precisam de
metacognição sobre seus métodos de ensino.
III. A Educação
A escola é vista como uma instituição única, com os mesmos sentidos e objectivos, tendo
como função garantir a todos o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente
acumulados pela sociedade. Tais conhecimentos, porém, são reduzidos a produtos,
resultados e conclusões, sem se levar em conta o valor determinante dos processos.
A sociologia como ciência social tem um duplo papel: aumentar o conhecimento que o homem
tem de si e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta. Já a
educação como processo social global que ocorre em toda sociedade, abre horizontes para a
compreensão da vida social em si. Ambas trilham um caminho de extrema importância para o
desenvolvimento de todo contexto cultural e intelectual. As duas coexistem para fazer frente
aos anseios do homem, que busca constantemente o resgate de sua dignidade enquanto ser
humano. É utopia pensar que todos os problemas sociais se resolvem pela educação, mas é
certo que ela representa uma condição indispensável para resolvê-lo.
A educação em todo mundo e em qualquer contexto tem finalidades específicas, que são:
De forma resumida podemos dizer que a educação tem as funções: socializadora (integração e
coesão social), personalizadora (formação de identidades física, psíquica, intelectuais,
motoras…), reprodutora (comunidade de tradições) e inovadora (criação de algo novo).
Com algumas das finalidades vistas a cima, podemos encontrar 3 tipos de educação,
designadamente: Educação Forma, Não Formal e Informal.
A educação não formal é aquela que é ligeiramente estruturada, ocorre em lugares não
propriamente definidos por uma estrutura centralizada. Este tipo de educação abrange alguns
grupos sociais e tem objectivos específicos que só interessam a si e não a sociedade em geral.
Ele é intencional, mas estruturada fora do sistema Nacional de Educação, não obedece um
currículo, tem métodos flexíveis, no entanto, pode decorrer em paralelo com os sistemas de
ensino formal e está mais ligada a formação profissionalizante.
A educação informal é aquela que não é estruturada, ocorre na vida quotidiana do indivíduo, na
relação com os seus semelhantes e durante as relações interpessoais, corresponde as acções
e influências exercidas pelo ambiente sociocultural e que se desenvolve por meio de relações
indivíduos e grupos. É, normalmente, espontânea ou comunitária, não intencional e difusa.
Existe uma variedade enorme de agentes que podem influenciar na socialização do sujeito
como agentes de educação, são eles: família, comunidade, escola, grupos sociais (amigos,
parceiros, colegas), meios de comunicação social, líderes de opinião e organizações sociais
(politicas, religiosas, culturais, juvenis e desportivas) no desenvolvimento do aluno;
3.4.1. A Família
3.4.2. A Comunidade
A comunidade tem um papel importante na socialização do homem, visto que é através dela
que ocorre a educação como um processo formador de valores, atitudes e convicções morais e
patrióticas. É na comunidade que o sujeito adquire um conjunto de significados e de quadros
de referência partilhados pelos membros da sua comunidade. Esta forma o indivíduo de modo
que se torne útil ao ambiente em que se encontra, dotando-o de conhecimentos culturalmente
construídos ao longo do tempo em diferentes níveis, sejam eles saber se, saber estar e saber
fazer.
Grupos sociais são grupos de pessoas que têm quasea mesma idade e características sociais
semelhantes. Os pares podem ser amigos da escola ou do bairro,membros de uma equipa
desportiva... Com a idade, os pares tornam‐se mais importantes queos pais, como agentes de
socialização.Embora seja a família que tem a influência maisduradoura sobre o indivíduo, são
os grupos sociais que têm o efeito mais intenso e imediato uns sobre os outros. A participação
num grupo social proporciona aos jovensuma forma de exercitar a independência.
3.4.4. A Escola
Nos meios de comunicação social encontramos, também, a publicidade, que para além da sua
função de criar o desejo de possuir os bens publicitados, a publicidade é, sem dúvida, um
poderoso agente de socialização. O processo de identificação do consumidor com a
personagem central dos anúncios leva à imitação dos seus comportamentos para além do
produto anunciado. Pode-se então concluir que a publicidade exerce uma função de
socialização ao transmitir de forma sugestiva e cativante muitas maneiras específicas de
pensar, sentir a agir.
Os líderes de opinião são indivíduos que, pelo seu status, influenciam as populações. Podem
pertencer a diferentes áreas profissionais ou diferentes grupos sociais, mas serão sempre
pessoas influentes pelo prestígio que têm nos seus universos. Um importante político, um
consagrado economista, um conhecido atleta ou uma estrela rock podem influenciar a opinião e
os comportamentos dos indivíduos. Ao defender uma determinada ideia ou procedimento,
esses líderes de opinião indicam comportamentos a seguir pelos membros das sociedades em
que exercem essa influência. Nesse sentido, são agentes de socialização que contribuem para
a formação da opinião pública.
Educação no tempo das invasões: nesta fase os mosteiros vão se tornando o ultimo
refúgio da cultura e civilização, onde são conservados e copiados os manuscritos dos
autores antigos, tudo que será salvo das invasões.
espirituais. Davam satisfação ao forte desejo utilitário que a burguesia ascendente de então
sentia de equipar os seus filhos com uma formação que lhe parecia indispensável.
Educação secundária: a educação secundária fica limitada nos séculos XVII e XVIII a
um pequeno número de privilegiados e ao velho conceito humanista à base do latim.
A educação visa uma tripla integração do indivíduo: pessoal, social, cultural. A educação
tradicional respondia esta tripla finalidade, com enfoque para a integração social e cultural. A
educação tradicional procurava fazer do indivíduo uma parte do integrante da sociedade onde
vivia, e caracterizava-se pela sua ligação íntima com a vida e pelo seu modo de transmissão
progressiva e funcional de saber. Esta educação era ocupação de todos.
A primeira fase da interacção na comunidade de uma criança era confiada a mãe. Entre os
7/10 anos inicia-se a separação de sexo onde a rapariga vive do lado da mãe, e o rapaz ao
lado do pai para a transmissão de ensinamentos relativos a cada sexo.
Esta fase foi marcada primeiro pelo processo de assimilação que consistia em europeizar os
povos denominados não civilizados, desnaturalizando-os através escola e de outros meios de
difusão e propaganda do seu aparelho ideológico, económico e social. A educação nessa
época tinha uma função reprodutora de desigualdades sociais entre negros e brancos, bem
como entre o campo e a cidade. Os indivíduos que quisessem se tornar assimilados deveriam
possuir as seguintes condições: dominar a língua portuguesa falada e escrita e possuir uma
estabilidade financeira.
Ensino oficial (educação de elite) que era o para o colonizador e o assimilado e tinha
como objectivo preparar indivíduos para preencher funções sociais distintas.
Educação para o indígena que tinha como objectivo civilizar o homem selvagem e
profissionaliza-lo numa actividade prática através das escolas rudimentares que
estavam sob a responsabilidade da igreja católica.
No dia 8 de Março de 1977, o então presidente Samora Machel recrutou os alunos que
frequentavam a 10ª e 11ª classes para integra-los como professores no Aparelho do Estado
para fazer face ao défice de professores na altura, assim nasce a “Geração 8 de Março”.
Em 1983 foi introduzido o SNE através da Lei 4/83 de 23 de Março e revista pela Lei 6/92 de 6
de Maio. A introdução do SNE foi gradual (uma classe por ano) tendo se iniciado com a 1ª
classe em 1983. Este sistema estava dividido em ensino Pré-escolar, Primário, secundário e
universitário. Tinha como objectivo eliminação do analfabetismo, introdução de uma
escolarização universal e obrigatória, e a intensificação de uma formação técnica de quadros
para o Aparelho do Estado, para as fábricas e para os grandes projectos económicos.
No período de 1985-1992 caracteriza-se por uma erosão profunda tanto nas condições
materiais e físicas dos equipamentos materiais e físicas dos equipamentos e estabelecimentos
educativos como a própria qualidade de ensino neles ministrado.
devido a guerra dos 16 anos houve uma redução considerável da rede escolar; qualidade de
ensino (bastante fraca).
O grau de qualificação dos professores nos primeiros anos após a independência nacional era
muito baixo, particularmente no ensino primário do 1º grau. O baixo nível de formação
profissional do professor primário que até hoje se verifica e as deficientes condições do seu
emprego e inexistência dum sistema de formação permanente tornam todo sistema de ensino
memorizante e pouco ajustado aos objectivos.
O Sistema Nacional de Educação foi concebido como um vasto projecto educacional com
determinadas finalidades e objectivos. Como um projecto, a sua gestão e sua administração
devem ser vistas como um processo de coordenação dos recursos disponíveis visando atingir
os objectivos socioeconómicos definidos no contexto da política vigente (Golias, 1993).
Princípios gerais:
a) A educação é um direito e dever para todos os cidadãos;
b) O estado do quadro da lei, permite participação de outras entidades, incluindo
comunitárias, cooperativas, empresariais e privadas no processo educativo;
c) O estado organiza e promove ensino, como parte integrante da acção educativa, nos
termos definidos na constituição da república;
d) O ensino público é laico.
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Introdução à psicologia e pedagogia – 12ª classe 3º Trimestre
Objectivos gerais:
a) Erradicar o analfabetismo de modo a proporcionar a todo o povo o acesso ao
conhecimento científico e o desenvolvimento pleno das suas capacidades;
b) Garantir o ensino básico a todos os cidadãos de acordo com o desenvolvimento do país
através da introdução progressiva da escolaridade obrigatória;
c) Assegurar a todos moçambicanos o acesso a formação profissional;
d) Formar cidadãos com uma sólida preparação científica, técnica, cultural e física e uma
elevada educação moral cívica e patriótica;
e) Formar o professor como educador e profissional consciente com profunda preparação
científica e pedagógica, capaz de educar os jovens e adultos;
f) Formar cientistas e especialistas devidamente qualificados que permitam o
desenvolvimento da produção e da investigação científica;
g) Desenvolver a sensibilidade estética e capacidade artística das crianças, jovens e
adultos, educando-os no amor pelas artes e no gosto pelo belo.
O Currículo de Ensino Básico tem sete classes organizadas em 2 graus: o 1º Grau (EP1)
compreende 5 classe (da 1ª à 5ª classe) e o 2º Grau (EP2) com duas classes (6ª e 7ª classes).
O 1º grau está dividido em dois ciclos que são unidades de aprendizagem com objectivo de
desenvolver habilidades e competências específicas, deste modo, o 1º correspondente a 1ª e
2ª classes e o 2º correspondente a 3ª, 4ª e 5ª classes. O 2º Grau compreende 6ª e 7ª classe
correspondente ao 3º ciclo.
Segundo Brennan (in Correia, 1999, p. 48) ”Há uma necessidade educativa especial quando
um problema físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…) afecta a aprendizagem ao
ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo (…) para que o aluno possa
receber uma educação apropriada.”
Exigem uma modificação generalizada do currículo, que se mantém durante todo ou grande
parte do percurso escolar do aluno. Neste grupo inserem-se as crianças e adolescentes cujas
alterações significativas no seu desenvolvimento foram provocadas por problemas orgânicos,
funcionais, ou por défices socioculturais e económicos graves.
Exige uma modificação parcial do currículo de acordo com as características do aluno, que se
mantém durante determinada fase do seu percurso escolar. Podem traduzir-se em problemas
de leitura, escrita ou cálculo ou em dificuldades ao nível do desenvolvimento motor, perceptivo,
linguístico ou socioemocional.
Segundo Luís de Miranda Correia (Correia, 1999, p.51) as Necessidades Educativas Especiais
podem ser de:
Esta categoria abarca crianças e adolescentes cujas capacidades físicas foram alteradas por
um problema de origem orgânica ou ambiental, que lhes provocou incapacidades do tipo
manual e/ou de mobilidade(Problemas sensório motores, a paralisia cerebral, a espinha bífida,
a distrofia muscular, amputações, poliomielite e acidentes que afectam a mobilidade,
Multideficiência, Traumatismo craniano, entre outros)
Quanto aos problemas de visão podemos considerar os cegos (não lhes é possível ler, e por
isso utilizam o sistema Braille) e os amblíopes (são capazes de ler dependendo do tamanho
das letras).
Relativamente aos problemas de audição, temos os surdos (cuja perda auditiva é maior ou
igual a 90 decibéis) e os hipoacústicos (cuja perda auditiva se situa entre os 26 e os 89
decibéis).
Para além dos grupos anteriormente mencionados, podemos ainda indicar as crianças e
adolescentes com problemas de saúde (que podem estar na origem dificuldades de
aprendizagem - diabetes, asma, hemofilia, SIDA), com problemas provocados por traumatismo
craniano.
A história da Educação Especial tem um longo percurso que inicia com a Segregação,
passando pela Integração à Inclusão.
A história aponta que crenças, mitos e religião influenciam a relação social com as pessoas
com deficiência, tais pessoas eram chamadas de “Filhas de deus”, “Filhas do diabo”. Etc. Esta
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Introdução à psicologia e pedagogia – 12ª classe 3º Trimestre
atitude era resultado do nível de desenvolvimento tais como: das forças produtivas; da
economia; dos serviços sociais (saúde, educação) e do conhecimento ou não das deficiências.
Podemos situar os primórdios de educação especial pelos finais do século XVIII. Esta época
foi caracterizada pela ignorância e rejeição do individuo deficiente. Na idade media a igreja
condenou o infanticídio, mas por outro lado acautelou a ideia de atribuir a causas sobrenaturais
as anormalidades de que padeciam as pessoas. Considerou como possuídas pelo demónio e
outros espíritos maléficos e submetiam a prática do exorcismo (Bautista, 1997).
Nos finais do século XVIII, princípios do século XIX, inicia-se o período da institucionalização
especializada de pessoas com deficiências e é a partir de então que podemos considerar ter
surgido a educação especial. Foram criadas algumas escolas longe das povoações. Nesta fase
o deficiente era separado ou segregado e discriminado. Os factos e figuras principais da
história da educação especial durante a era da institucionalização foram: tentar encontrar
métodos de tratamento, em Espanha a previa criação de escolas para crianças surdas,
inauguração do instituto psiquiátrico pedagógico para crianças com atraso mental;
desenvolvimento científico e técnico permite dispor de métodos fiáveis de avaliação e
tratamento (Bautista, 1997).
Segundo a SNE (1992), o Objectivo último do ensino especial é proporcionar uma formação em
todos os graus de ensino e a capacitação vocacional que permita a integração destas crianças
e jovens em escolas regulares, na sociedade e na vida laboral.
Embora o objectivo parecer bom, nos últimos anos considerou-se que as escolas especiais
proporcionam as crianças deficientes um ambiente demasiado restrito, que resulta em
empobrecedor e contraproducente do ponto de vista educativo, de altos custos em função da
sua eficácia e ideologicamente inadequado por favorecer a segregação e a discriminação
(Brown e col. Citado em Bautista, 1992).
Birch (1974) citado em Bautista (1997) define a integração escolar como um processo que
pretende unificar a educação regular e a educação especial com o objectivo de oferecer um
conjunto de serviços a todas as crianças, com base nas suas necessidades de aprendizagem.
Uma criança que frequenta escola pela primeira vez e que pelas suas características,
poderia ter sido colocada num centro de ensino especial, é acolhida na escola regular;
Crianças que frequentam centros de ensino especial, passam para escolas regulares
numa determinada modalidade de integração;
Crianças que estão a tempo inteiro numa unidade de educação especial de uma escola
regular vão sendo à pouco e pouco incorporadas na classe regular;
Crianças que frequentam uma classe regular que noutras circunstâncias passariam
para uma classe especial ou centro especializado, continuarão assim na classe regular.
Nesse período muitos países adoptam o Modelo de Warnock – 1987, que apresenta três
formas:
• Integração funcional – crianças especiais são colocadas nas turmas regulares a tempo
inteiro ou parciais, mas executando actividades da classe, de acordo com o seu nível e
interesse e com acompanhamento de um professor de apoio.
Visão da UNESCO, (1990) – “Educação Para Todos (EPT). Pressupostos da visão, a educação
é: Um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades no mundo inteiro;
O veículo básico através do qual cada criança, jovem e adulto pode satisfazer as suas
necessidades básicas de aprendizagem; A chave de desenvolvimento sustentável, da paz e
estabilidade de cada país ou não; e Um meio indispensável para a participação efectiva de
todos os cidadãos nos sistemas sociais e económicos do século XXI.”
A abordagem via inclusão teve sua origem no Relatório de Warnock. Segundo ele, do ponto de
vista humanista a integração é boa quando ela é funcional.
Este relatório fica conhecido com o nome de “Warnock” em reconhecimento a Helen Mary
Warnock que presidiu uma investigação durante quatro anos numa escola de educação
especial inglesa. Esta investigadora estudou e analisou grupos de crianças com deficiência e
outras sem deficiência chegando à conclusão de que para se ter dificuldades de aprendizagem
não está implícito ser deficiente, pois as crianças sem deficiência podem apresentar problemas
e distúrbios na aprendizagem.
NEE - é um termo que se refere à lacuna, vazio ou distancia entre o nível de comportamento ou
a actuação da criança e a exigência social.
Educação inclusiva - é uma filosofia que se guia por princípios humanísticos de igualdade de
cooperação, solidariedade, fraternidade e tolerância. É uma estratégia de desenvolvimento das
escolas regulares para acolher todas as crianças e jovens respeitando suas adversidades, isto
é, independentemente da sua condição.
Ou seja,
A UNESCO justifica adopção da educação inclusiva como filosofia e estratégia sob três
pressupostos:
V. Avaliação Psicológica
A maioria dos pedidos de Consulta de Avaliação Psicológica são formulados pelos pais e/ou
professores da criança e relacionam-se com dificuldades escolares e suspeitas de
sobredotação, em crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 16 anos de idade.
A avaliação consiste num número limitado de consultas, nas quais recorreremos à utilização de
diferentes métodos, técnicase instrumentos de avaliação, designadamente à realização de
uma entrevista, de testes, da observação e análise de documentosdo recurso
a inventários de comportamento para pais, professores e criança, a utilização
de instrumentos de avaliação cognitiva, neuropsicológica e pedagógica.
Por fim, esclarece-se que compete ao psicólogo analisar criticamente os resultados obtidos,
com o intuito de verificar se realmente forneceram elementos seguros e suficientes para a
tomada de decisão nos vários contextos de actuação do psicólogo.
As avaliações psicológicas podem ser desenvolvidas em várias áreas que compõem a vida da
criança/adolescente ou adulto.
Avaliação realizada com base na análise das competências cognitivas e intelectuais individuais.
Determinação das áreas fortes ou fracas ou dos domínios do funcionamento intelectual,
fornecendo indicações para avaliação ou despiste de suspeitas de Défice Cognitivo,
Dificuldades de Aprendizagem (Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia, Insucesso
Escolar), Sobredotação, entre outras.
Dirigida a crianças que revelem baixo rendimento escolar e/ou dificuldades específicas de
aprendizagem. Consiste num estudo completo das possíveis causas do insucesso escolar da
criança/ adolescente.
Avaliação indicada para situações nas quais a criança e o adolescente apresentem alterações
de comportamento ou de humor que interfiram com o seu bem-estar geral, designadamente:
PHDA – Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção, Agressividade/ Impulsividade,
Perturbação de Comportamento de Oposição e Desafio, Perturbações do Comportamento
Alimentar, Mutismo Selectivo, Perturbações da Ansiedade (p.e., Fobias, Perturbação de
Pânico), Depressão, Alterações Emocionais resultantes de Processo de Divórcio, etc..
Avaliação destinada a crianças que revelem condições de ingresso no 1ºCEB antes da idade
estipulada por lei, devido ao seu desempenho excepcional. Também útil para diagnosticar
precocemente dificuldades específicas de aprendizagem, (antes do ingresso no 1º ciclo de
ensino).
VI. Intervenção
A sua intervenção pode ser promocional, preventiva e remediadora e tem como objectivo geral
desenvolver as capacidades e competências dos indivíduos, grupos e instituições, promovendo
contextos facilitadores da aprendizagem e do desenvolvimento de competências pessoais,
sociais e profissionais.
Deve-se olhar o aluno com necessidades educacionais especiais como um sujeito que, apesar
de possuir uma especificidade (deficiência física) que o diferencia dos demais, deve ser visto
como um sujeito pleno e historicamente situado, capaz de responder com competência às
exigências do meio, contanto que Ihes sejam oferecidas condições para tal.
Pode suscitar também, a avaliar da criança no seu contexto familiar e definir as medidas e
acções a incrementar de forma a “assegurar um processo adequado de transição ou de
complementaridade entre serviços e instituições.
Pode estar relacionada com a tonicidade, que tem consequências ao nível do controlo da
postura e da contracção muscular de repouso e de acção. Por outro lado pode também ter por
base questões de noção do corpo (como é constituído o meu corpo? Consigo movimentar o
cotovelo sem movimentar o ombro? Porque faço força com a mão esquerda se estou a segurar
na bola com a mãe direita?), de lateralidade (os conceitos de esquerda/direita no corpo, no
outro e no espaço) e de equilíbrio (não apenas quando nos movimentamos mas também
quando estamos parados). Tudo isto se observa e desenvolve em movimento, e em relação
com o espaço e com o outro.
O psicólogo deve intervir de forma a levar a comunidade escolar compreensão dos valores da
escola, da sua história e sua mentalidade, dos valores e perspectivas internas às das famílias
dos alunos. Por outro lado, ir a busca de compreensão da dinâmica das forças actuantes nas
turmas, na equipe profissional e em toda a comunidade escolar.
O psicólogo deve trabalhar no sentido de garantir que as contendas familiares e/ou sociais não
interfiram grandemente no desempenho escolar dos alunos. Levando, deste modo, o aluno a
desenvolver socialmente de forma saudável levando acabo atitudes solidárias, ambientalistas,
entre outras.
Esta intervenção pode ser feita individualmente ou em grupo, e diz respeito, entre outros, a
problemas de adaptação escolar, a perturbações emocionais e do comportamento, a
dificuldades de relacionamento interpessoal, a condições crónicas ou situações agudas que
influenciam a saúde psicológica, a dificuldades de aprendizagem e/ou do funcionamento
cognitivo, ou às transições escolares e/ou profissionais.
Exemplo: