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O que são as charter schools?

Ramiro Marques

Capítulo um

As charter schools são escolas não estatais, integradas no serviço


público de educação, financiadas com dinheiros públicos e com ampla
autonomia curricular, administrativa e pedagógica.

O movimento das charter schools começou há duas décadas e


abrange, hoje em dia, milhares de escolas. A Florida é dos estados
que levou mais longe o conceito de charter schools.

As charter schools não podem exigir propinas nem seleccionar os


alunos pelas notas ou pelo rendimento das famílias. A selecção dos
alunos é feita por lotaria.

Regra geral, as charter schools não se sujeitam aos regulamentos


nem à legislação produzida pelas autoridades educativas federais,
estaduais ou locais. Têm também autonomia para recrutarem os
professores e para estabelecerem contratos de trabalho.

A Suécia e a Nova Zelândia são os países que mais investem nas


charter schools.

Capítulo dois

Há um movimento nos EUA de que pouco se fala mas não cessa de


crescer: há cada vez mais escolas públicas, situadas em áreas
difíceis, que são concessionados por contrato a grupos de
professores, por vezes grupos de professores e pais, que assumem a
direcção da escola em completa autonomia curricular e
administrativa. São charter schools geridas por professores.

O financiamento às charter schools é feito mediante o pagamento do


custo anual padrão por aluno e os professores que dirigem a escola
assinam um contrato em que se responsabilizam a atingir
determinados resultados, regra geral, manifestos em amplas
melhorias nas classificações dos alunos em testes padronizados.

Se os professores que dirigem a escola conseguirem atingir as metas


contratualizadas, o contrato é renovado e a escola continua a ser

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gerida com total independência curricular e administrativa. Se a
equipa dirigente não conseguir atingir as metas contratualizadas, o
contrato é denunciado e a escola volta a ser dirigida por um director
nomeado pelas autoridades municipais ou estaduais de educação e a
autonomia curricular e administrativa é-lhe retirada.

Proponents say teachers can turn floundering schools into flourishing


ones if allowed the freedom to innovate to meet the needs of their
students. That means allowing teachers to hire who they want, spend
funds as they see fit, and customize everything from curriculum to
calendar — as long as they meet state and federal mandates
"The curre.nt system constrains teachers quite significantly —
teachers are one stop on the assembly line," said Tim McDonald,
associate at Education Evolving, an education-reform nonprofit. "It's
the system that's causing the failure, not the teachers."
Fonte:EdWeek

Capítulo três

Há 4936 charter schools nos EUA: 5,1% do total de escolas


públicas. O número de charter schools não pára de aumentar.

As charter schools são escolas públicas que se libertaram da tutela


das autoridades educativas centrais e adquiriram a liberdade e a
autonomia para gerirem o currículo, fixarem códigos de conduta e
contratarem os professores.

Os contratos de criação das charter schools são renovados mediante


o cumprimento de determinados objectivos, regra geral centrados na
melhoria dos resultados dos alunos.

As charter schools são financiadas pelo Estado e não podem


seleccionar os alunos em função dos rendimentos ou das
classificações escolares. A selecção é feita através de um processo de
lotaria.

A par da criação das charter schools, assiste-se nos EUA ao


encerramento das escolas públicas que apresentam sistematicamente
maus resultados dos alunos nos exames.

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Em Portugal, fecham-se as escolas pequenas com bons resultados e
mantêm-se abertas as escolas grandes com maus resultados. O
debate educativo continua centrado na avaliação de desempenho dos
professores, nos horários, no estatuto da carreira docente e na
criação de mega-agrupamentos. É um debate que não questiona a
centralização e padronização do currículo. É um debate que não
contribui para a reflexão sobre o que é preciso fazer para melhorar a
qualidade do ensino.

Os países que conseguiram introduzir melhorias significativas na


qualidade do ensino - Suécia, Austrália, Nova Zelândia e Holanda -
apostaram na criação de condições para facultar aos pais uma
efectiva liberdade de escolha das escolas. Não há forma de melhorar
a qualidade do ensino oferecido às crianças pobres mantendo o
monopólio que o Estado tem sobre as escolas.

Capítulo quatro

O que faz uma boa escola?


Esta pergunta está no centro do debate nos países que querem
melhorar a qualidade do ensino. Não é o caso de Portugal que
continua a insistir em mais do mesmo: centralização curricular,
padronização das práticas, multiplicação das funções docentes não
lectivas e pressão política para a criação de sucesso de tipo
estatístico.

Está prestes a ir para as salas de cinema o filme Waiting for


Superman, um documentário que conta a história de cinco crianças
pobres e suas famílias que procuram escapar ao destino que a
frequência de más escolas públicas lhes reserva: ignorância, pobreza
e dependência da segurança social.

As cinco crianças protagonistas do filme travam uma dura luta para


conseguirem um lugar numa charter school. As charter schools são
escolas que se libertaram da dependência funcional das autoridades
educativas centrais e são geridas de forma independente embora
financiadas pelo Orçamento do Estado.

As charter schools assinam contratos com as autoridades educativas


centrais que são renovados mediante a apresentação de melhorias
nos resultados dos alunos. Essas melhorias são avaliadas através de
testes padronizados (exames). Se os resultados melhorarem, o
contrato é renovado.

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Podem candidatar-se à criação de charter schools grupos de
professores, professores e pais ou empresas com provas dadas na
área da educação. O programa educativo é gerido com total
autonomia mas não pode assumir carácter confessional. As escolas
católicas estão, por isso, impedidas de receberem dinheiro do
Estado.

O aumento das charter schools foi acompanhado por um decréscimo


do número de escolas católicas nos EUA. Na última década, fecharam
1200 escolas católicas, cerca de 20% do total.

Ao contrário do que a esquerda diz, as charter schools atraem


sobretudo alunos oriundos de meios carenciados e os efeitos positivos
são tanto maiores quanto mais baixo o nível socioeconómico dos
alunos.

Aconselho quem tem preconceitos contra a livre escolha a ver o


filme Waiting for Superman, realizado por Davis Gugenheim, o
mesmo autor de Uma Verdade Inconveniente.

O movimento das charter schools tem crescido em muitos países:


EUA, Reino Unido, Holanda, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia e
Suécia, entre outros. Em Portugal, continua a ser um assunto tabu.

Capítulo cinco

À semelhança das charter schools, que abrangem mais de um


milhão de alunos nos EUA, o governo de David Cameron deu início ao
processo de licenciamento das primeiras 16 free schools. O princípio
é o mesmo: escolas dirigidas por grupos de professores ou de pais,
com financiamento estatal, e com liberdade para criarem os seus
próprios curricula sem qualquer interferência do Governo.

Para além disso, as free schools têm liberdade para contratar os


professores, seleccionar os alunos, fixar o calendário escolar e criar o
plano de estudos.

Algumas das 16 novas free schools têm projectos pedagógicos de


tipo claramente confessional. Há escolas católicas, judaicas e

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protestantes. E há também escolas laicas. Comum a todas, a
dimensão: todas estas escolas optam por servir um número reduzido
de alunos. A pequena dimensão da escola é uma variável que
favorece a qualidade de ensino. O objectivo é permitir que todos se
conheçam pelo nome e possam sentir que fazem parte de uma
comunidade que partilha valores e objectivos.

Capítulo seis

O mais recente estudo da Universidade de Stanford (Center for


Research on Education Outcomes) concluiu o seguinte:

Das 5 mil charter schools existentes nos EUA, apenas um quinto


tiveram melhores resultados escolares nos exames do que as escolas
públicas; metade tiveram resultados semelhantes; um terço (37%)
tiveram resultados piores. Fonte: NYT, 2/5/2010
Foi um balde de água fria no movimento da escolha das escolas pelas
famílias. Afinal, e ao contrário do que afirma o New Schools
Venture Fund, o Presidente Obama e o secretário de estado da
educação, Arne Duncan, o estudo da Universidade de Stanfordd - um
dos maiores já realizados - confirma aquilo que muitos outros
estudos dizem: é extremamente difícil fazer com que as escolas -
públicas ou independentes - que servem populações carenciadas
tenham o mesmo sucesso escolar que as escolas situadas em
comunidades ricas. A liberdade de escolha pode ajudar em alguns
casos mas não é uma panaceia com resultados garantidos em todas
as situações.
A Nova Zelândia e a Suécia generalizaram à escala nacional a
liberdade de escolha das escolas pelas famílias com resultados
interessantes. Mas a Nova Zelândia e a Suécia não têm as bolsas de
pobreza que existem em quase todas as grandes cidades dos EUA.

A variável rendimentos económicos tem um peso muito grande no


desempenho escolar. Os alunos oriundos de famílias ricas usufruem
de muitos instrumentos facilitadores da aprendizagem: explicações,
tutorias, programas culturais extracurriculares e expectativas
elevadas. Tudo corre a favor deles.

Os resultados deste estudo mostram que não há soluções fáceis para


a educação e a melhoria das escolas não se faz por magia, golpes de
teatro e propaganda. Exige medidas consistentes, serenidade,
professores altamente motivados e qualificados e famílias capazes de
valorizarem a escola.

Capítulo Sete

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Os EUA são, provavelmente, a par de Portugal, um dos países que
levou mais longe a ideia da existência de uma associação entre a
avaliação de desempenho dos professores e a melhoria das escolas.

Mas essa é uma falsa solução.

Os países que têm melhores resultados no PISA não impõem aos


professores modelos padronizados de avaliação de desempenho. São
poucos, aliás, os países que criaram modelos padronizados de
avaliação de professores. Aqueles que levaram por diante modelos de
avaliação desse tipo, como os EUA e Portugal, ocupam os últimos
lugares do PISA.

Desde que Obama chegou ao poder, a avaliação de desempenho


dos professores passou a ser uma obsessão. Arne Duncan, o homem
que é responsável pelas políticas educativas a nível federal, é um
fanático da avaliação de desempenho dos professores em função dos
resultados dos alunos em testes padronizados.

Diga-se em abono da verdade que esse modelo sempre é melhor do


que a farsa da avaliação de desempenho criada pelo Governo
socialista de Portugal. Pelo menos, garante alguma seriedade e
objectividade.

A par da avaliação de desempenho em função dos resultados dos


alunos em testes padronizados, há outro conjunto de medidas
reformistas que varrem a América e deixam as duas confederações
sindicais - a NEA e a AFT - em fúria: a criação de charter schools e o
pagamento de salários de acordo com o mérito.

A Florida foi o Estado que levou mais longe o "merit pay", as charter
schools e o cheque-educação.

Mas o que está a enfurecer mais a National Education


Association e a American Federation of Teachers é o fim da
obrigatoriedade da sindicalização para exercer a profissão docente e
a desregulação no acesso à profissão docente, um fenómeno que
ocorre em milhares de charter schools e que está no topo da agenda
educacional dos republicanos, agora vitoriosos no Congresso e em 35
dos 50 Estados.

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Impulsionado pela energia do movimento Tea Party, o GOP (Partido
Republicano) vai usar a vitória nas eleições de 3 de Novembro para
reduzir a influência do Departamento Federal de Educação,
aprofundar o movimento de criação de charter schools e desregular o
acesso à profissão docente, alargamento a base de recrutamento a
mestres e doutores de cursos não vocacionados para a docência.

Capítulo oito

Há factos que não podemos ignorar:

Portugal gasta com a Educação cerca de 5% do PIB: o mesmo que a


maioria dos países da OCDE.

A taxa de repetência e abandono já foi alta mas agora é baixa: 3,8%


no 1º CEB, 8,4% no 2º CEB e 13,8% no 3º CEB. São taxas que estão
em linha com os países do Sul da Europa com quem partilhamos
índices e padrões culturais, económicos e sociais.

Se o sistema educativo é ineficiente - e é-o claramente - a culpa só


pode ser atribuída ao carácter totalitário e estatizante do mesmo, já
que mais de 80% dos alunos frequentam escolas do Estado e, com
excepção das escolas estrangeiras, até as escolas privadas
portuguesas são obrigadas a vergarem-se ao experimentalismo
doentio do Ministério da Educação, sofrendo as pressões da IGE e
sendo obrigadas a cumprirem as orientações pedagógicas e
curriculares que o ME exige às escolas do Estado.

Nas últimas três décadas, as escolas portuguesas viveram sob o


domínio de uma sistemática e asfixiante revolução educativa.

Não deve existir país europeu onde o Ministério da Educação exerça


um controlo mais apertado sobre a vida das escolas do que o nosso
país.

Sou desfavorável à continuação da sujeição das escolas à revolução


educativa permanente e ao centralismo e controlismo do ME.

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A solução do problema das escolas portuguesas passa por duas
medidas muito simples: liberdade de escolha das escolas pelos pais e
opção de opting out por parte das escolas que tiverem as condições e
as possibilidades para abandonarem o controlo e a dependência do
Ministério da Educação.

No Reino Unido, isso está a acontecer, da mesma forma que já


aconteceu na Suécia, na Irlanda, na Austrália e na Nova Zelândia,
com as academias independentes e as charter schools. E até o
ineficiente sistema educativo público norte-americano está a ser
melhorado à custa do movimento das charter schools e das
academias independentes.

O sistema educativo socialista actual só tem paralelo com o


monopólio estatal da televisão existente, em Portugal, até à década
de 90 do século passado. Mantê-lo por mais tempo seria o mesmo
que obrigar os portugueses a verem apenas os canais da RTP e a
comprarem as mercearias em armazéns do Estado.

Um aluno da escola estatal custa em média 5 mil euros por ano. A


generalização de um sistema de liberdade de escolha pelos pais
custaria muito menos. A redução dos custos com a gigantesca
burocracia que gravita no Ministério da Educação seria suficiente para
reduzir o custo por aluno em mais de 10%.

É claro que a libertação das escolas do jugo asfixiante dos burocratas


insanos que gravitam no ME não verá a luz do dia enquanto o
eleitorado continuar a dar a sua preferência aos partidos
responsáveis pelo estado a que chegámos.

Só a força da realidade - com o esgotamento financeiro do modelo


socialista que criou uma taxa de desemprego de 10,8%, 22% nos
jovens, 20% de pobres, défice público de 9% e uma dívida pública a
crescer 2 milhões de euros por cada hora que passa - pode conduzir-
nos à libertação das escolas do jugo dos burocratas que as asfixiam e
impedem de exercer a sua missão.

Mas isto não é para fazer de repente. Não sabem como montar um
sistema de livre escolha? Estudem o que os suecos fizeram.
Contratem um especialista sueco na matéria e mandem todo o
pessoal das DRE de regresso às escolas. Pelo caminho, podem seguir

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o exemplo dos suecos que reduziram o Ministério da Educação a uma
mera e insignificante Agência Nacional para a Educação com escassos
poderes de interferência directa nas escolas.

Isso vai acontecer mas demorará o seu tempo. Até lá, é preciso cair
mais fundo e ir mais longe no processo de degradação em curso.

Capítulo Nove

A questão do merit pay é muito controversa. A ideia de que os


professores devem ser pagos de acordo com os resultados é muito
impopular entre os docentes é inaceitável para os sindicatos.

Os opositores levantam as seguintes questões: como saber se os


resultados são fiáveis? Como proteger os profissionais que diminuem
a produtividade devido a doença? O aumento da competição entre
professores não cria obstáculos ao trabalho colaborativo?

Os apoiantes dizem que é a melhor forma de recompensar os mais


empenhados e esforçados e, simultaneamente, criar estímulos para
que os menos bons se tornem melhores.

Uma grande sondagem nacional conduzida recentemente pela Phi


Delta Kapa e pela Galup concluiu que a ideia é apoiada por mais de
70% dos norte-americanos.

Há vários distritos escolares norte-americanos onde o conceito


de merit pay foi introduzido. Os resultados avaliados através de
exames revelaram ganhos significativos nas classificações obtidas
pelos alunos. O caso mais conhecido aconteceu nas escolas de
Washington DC. Outro caso também muito estudado aconteceu
nas escolas da Florida, onde foi introduzido o pagamento variável
em função dos resultados e criadas charter schools.

Embora tenha havido melhorias significativas nos resultados, há


autores que questionam os efeitos negativos que o pagamento
variável em função dos resultados cria no clima da escola.

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Tenho dificuldade em aceitar o conceito de merit pay. E a razão
principal é esta: os ganhos talvez não justifiquem os prejuízos. As
escolas são comunidades com um propósito diferente das empresas
que produzem, distribuem ou vendem produtos materiais. As escolas
são comunidades onde se ensina pelo exemplo. A competição
excessiva não é um exemplo saudável para as crianças. E é este
pormenor que me coloca muitas dúvidas sobre a bondade do merit
pay.

Capítulo dez

Disse e repito: a actual equipa ministerial fez bem em pôr fim à


revolução educativa permanente em que a educação pública
mergulhou desde 2006.

Não há nada que as escolas mais precisem do que tranquilidade e


liberdade.

Fez bem a actual ministra da educação em parar com a reforma


curricular. Nas últimas décadas, as escolas foram sujeitas a
sucessivas reformas curriculares, cada uma pior do que a anterior.

As Metas de Aprendizagem são um instrumento que, caso sejam de


aceitação voluntária, não obrigam as escolas a novas reestruturações
curriculares. São um dispositivo que visa colocar à disposição dos
docentes orientações didácticas e que em nada alteram aquilo que é
realmente importante nos curricula: os conteúdos. São, por isso,
bem-vindas.

Aquilo de que as escolas públicas mais precisam é que acabe a


interferência abusiva do ME. Como é que isso se pode fazer?

#1. Dando às escolas a liberdade para estabelecerem contratos


- charter schools - que as libertem do ME, permitindo-lhes gerir com
autonomia o currículo, estabelecer livremente o modelo de gestão e
os códigos de conduta, regimes de assiduidade e de avaliação e
contratar os professores através de concursos locais facilmente

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escrutináveis. No fundo, fazerem aquilo que as escolas do ensino
superior já fazem há muito.

#2. Criação de um sistema de exames nacionais no final de cada ciclo


de estudos que permita ao Estado - ou seja ao principal financiador
das escolas - saber se o contrato está a ser cumprido e a obter os
resultados esperados. Se os resultados dos alunos melhorarem, o
contrato é renovado e as escolas continuarão a viver livres da
interferência do ME. Se os resultados dos alunos não melhorarem, o
contrato é denunciado e a gestão da escola é entregue a outra
entidade: pode ser um grupo de docentes, um grupo de pais, um
grupo de pais e professores ou a uma empresa privada.

#3. As charter schools recebem do Estado uma determinada quantia


por aluno e é com esse orçamento que se têm de governar. Nem
mais nem menos. As charter schools têm direito a gerir uma
determinada carga horária lectiva que estabelece o limite máximo de
horas alocadas à gestão do currículo. Cada charter school gere
livremente a distribuição dessa carga horária sem qualquer
interferência do ME.

Capítulo onze
Votar com os pés é a única solução para travar o processo de
degradação do ensino em Portugal. O opting out significa saída
voluntária do sistema.

Portugal regista uma das maiores taxas de frequência do ensino


privado na OCDE: 13%. Os pais que optaram pelo ensino privado
sabem que pagam duas vezes pela educação dos seus filhos: com os
impostos, financiando um sistema público negligente e ineficaz, e
com o pagamento das propinas.

Se o orçamento para 2011 acabar com as deduções fiscais na


Educação, o Governo socialista dará mais um rude golpe nos
rendimentos dos pais que optarem pelo ensino privado.

Apesar das dificuldades, não vejo outro caminho para a regeneração


da educação em Portugal que não seja o opting out.

O opting out pode fazer-se de várias formas:

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#1. A forma clássica é a opção pelas escolas privadas. Só é possível à
classe média alta que vive nos grandes centros urbanos do litoral. Os
pais do interior não têm como optar pelo ensino privado. Os pais com
menos possibilidades económicas não podem por motivos óbvios.

#2. Outra forma possível é a criação de legislação que permita as


escolas públicas optarem por sair da tutela do Ministério da Educação
e das direcções regionais de educação, ganhando completa
autonomia na organização e gestão do currículo, avaliação de alunos,
códigos de conduta e contratação de professores. Jamais o Governo
socialista admitirá uma tal possibilidade. Mas é o que está a
acontecer um pouco por todos os países desenvolvidos com o
movimento das charter schools, academias e free schools. E os
principais beneficiados com as charter schools são os alunos oriundos
de famílias mais pobres que deixam de estar limitados à frequência
de escolas ineficazes.

Enquanto não se libertar as escolas públicas da interferência dos


burocratas e comissários políticos do ME não há possibilidade de
introduzir melhorias nas aprendizagens.

O triste espectáculo a que assistimos hoje - dia em que a maior parte


das escolas inicia as aulas - com pais que ainda não sabem em que
escola os filhos vão ter aulas ou que viram os filhos serem deslocados
para escolas contra a sua vontade - só mostra uma coisa: os
burocratas têm poder demais no sistema público português.

Capítulo doze

Começa a ganhar consistência e aceitação a tese de que o maior


inimigo da qualidade de ensino é o Ministério da Educação e a
interferência abusiva dos seus burocratas e comissários políticos na
vida das escolas.

Libertar as escolas do jugo e da interferência dos burocratas e dos


comissários políticos do ME é condição sine qua non para melhorar as
escolas públicas.

É claro que os socialistas jamais farão recuar as interferências dos


burocratas e comissários políticos na vida das escolas. A burocracia, o

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centralismo e o controlismo fazem parte da natureza intrínseca do
socialismo.

Nos países mais avançados, o movimento de libertação das escolas


das interferências dos burocratas e comissários políticos tem vários
nomes: charter schools, academias e free schools.

Como se caracterizam?

#1. São escolas públicas que contratualizam com as autoridades


educativas, por períodos renováveis que vão de 3 a 5 anos a sua
independência administrativa e curricular.

#2. O contrato de independência é renovado mediante a observância


de determinados critérios, entre os quais o compromisso da melhoria
dos resultados. A avaliação dos resultados é feita através de exames.

Capítulo treze

O Ministro da Educação, Michael Gove, anunciou que vai aprovar


legislação facilitadora da criação de escolas pelos professores e pais,
com apoios financeiros do Estado, isentando-os de burocracia e
justificações.
A partir de agora, grupos de pais ou grupos de professores podem
criar escolas em edifícios que antes eram moradias ou centros
comerciais, não necessitando de obedecer a rigorosos e complexos
critérios de natureza arquitectónica.

Michael Gove anunciou que já recebeu mais de 750 pedidos de


criação de escolas segundo o modelo sueco das academias e charter
schools.

As novas escolas ficam livres da interferência das autoridades locais e


regionais da educação, tendo liberdade para fixar os seus próprios
curricula e escolher os modelos pedagógicos.

Respondendo aos críticos que o acusam de facilitar a criação de


escolas em pequenos espaços, Michael Gove respondeu que o mais
importante não é a qualidade dos edifícios mas a qualidade do
ambiente e o empenhamento dos professores.

Capítulo catorze

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Eu sei que a defesa da liberdade de escolha das escolas é uma tese
impopular entre os professores. Sucede que eu não alimento este
blogue com o objectivo primeiro de ser popular. Saúdo a inclusão
desta questão no discurso político da oposição pela voz de Passos
Coelho. Até agora, apenas o CDS advogava, de forma tímida, a
liberdade de escolha. O PSD foi sempre um irmão gémeo do PS em
matéria de Educação, repartindo ambos as responsabilidades pelo
estado em que se encontram as escolas públicas. Vai deixar de ser?
Não sei. É preciso esperar para ver.

Conheço vários países onde a liberdade de escolha das escolas é uma


realidade aceite e que não oferece grande contestação. É o caso dos
EUA, onde vivi e que visitei uma dezena de vezes nos últimos vinte e
cinco anos. É o caso da Irlanda, da Inglaterra (em certa medida), da
Holanda e da Suécia. As charter schools são um evidente caso de
sucesso. Boston, Nova Iorque, Chicago e muitas outras cidades dos
EUA estão cheias delas. O que é que os professores e os alunos
ganharam? Melhores ambientes de aprendizagem, mais tranquilidade
nas salas de aula, mais respeito e espaços mais seguros.

A Suécia, outrora um país socialista, foi o país que mais longe levou o
conceito de livre escolha. Mas há outros países noutras partes do
Globo que também concretizaram o conceito: Austrália e Nova
Zelândia, por exemplo.

Com excepção dos estudos conduzidos ou financiados por


investigadores e centros de investigação marxistas, quase todos os
outros estudos concluem pela existência de ganhos na aprendizagem
dos alunos. É verdade que há muitos estudos a provar a inexistência
de ganhos significativos. Mas isso é assim porque a maior parte dos
investigadores e centros de investigação em Educação adoptam uma
perspectiva marxista na análise do fenómeno. Há um preconceito
ideológico de base que contamina, em muitos casos, os resultados.

Há duas formas de levar à prática a livre escolha das escolas: uma


boa e outra errada. A primeira inclui o exercício da actividade
reguladora independente com o objectivo de assegurar que as
escolas que beneficiam dos programas de livre escolha não utilizam o
critério "rendimentos familiares" como método de selecção dos
candidatos. A segunda - errada - é a desregulação total.

O que acontece na Suécia, onde nos últimos anos foram criadas cerca
de mil novas escolas ao abrigo do programa de livre escolha, insere-
se no primeiro caso. Espero que seja essa a opção de Passos Coelho.
Não é preciso inventar nada. Aplique-se, em Portugal, com as
necessárias adaptações, o modelo sueco. Que é aliás o modelo que o
Partido Conservador defende para a Inglaterra e o País de Gales.

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Os professores não têm de recear a aplicação do modelo sueco de
liberdade de escolha das escolas. Mantêm o estatuto de funcionários
públicos e conservam o estatuto da carreira docente. O que podem
esperar de diferente diz respeito ao clima de escola e ao código de
conduta dos alunos. Num caso e noutro, só podem esperar melhorias.
E podem esperar também pelo fim da impunidade dos alunos
violentos. Esses alunos excluem-se do programa de livre escolha das
escolas. Na Inglaterra e País de Gales, há escolas de retaguarda, com
programas específicos, para acolher esses alunos.

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