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No início do seu canto, Vênus inicia seu argumento a Júpiter afirmando sempre ser
obediente às vontades do pai dos deuses em relação ao amor, e por esse motivo
imaginava que por ela Júpiter nutrisse alguma estima. Em vez disso, o vê iroso em
relação a ela, mesmo sem causar desgosto ao pai, pois percebe que Baco, seu
antagonista nas conquistas portuguesas, age com a complacência de Júpiter.
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E que então morram nas mãos dos mouros (brutas gentes). Em lágrimas e pálida,
Vênus cessa sua fala, dando lugar às palavras de Júpiter, identificado pelo nome de
Tonante, aquele que faz soar os trovões dos seus raios.
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Consolando a filha com o seu rosto junto ao dela, Júpiter começa sua fala
prometendo a glória aos portugueses:
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Júpiter inicia suas promessas afirmando que nada o convence mais do que a
comoção da filha, que chora ao fazer um pedido ao pai dos deuses.
Júpiter faz uma promessa, ou seja, há de se cumprir aquilo que foi dito. Iniciam
essas promessas com a de que gregos e romanos serão esquecidos por seus feitos
quando comparados aos feitos lusitanos no Oriente. Essa fala de Júpiter está em
consonância e a escolha das palavras feitas pelo poeta assemelha-se àquela feita na
terceira estância do Canto I, quando o poeta pela primeira vez compara gregos e
romanos aos portugueses usando como metonímia as figuras de Alexandre Magno e
Trajano.
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A partir daqui Camões remete a saga de três heróis conhecidos pelos feitos
náuticos: o primeiro deles é Ulisses, o facundo herói construtor de Cavalo de Troia e
personagem central da Odisseia, de Homero. Ao buscar o caminho de retorno da
batalha, Ulisses aporta e permanece na ilha de Ogígia por diversos anos prisioneiro
da nereideCalipso, com quem tem dois filhos. De lá saiu apenas com o auxílio de
Minerva,que desejosa do regresso do herói pediu a Júpiter a sua libertaçãoda
obsessiva nereide. Júpiter então envia Mercúrio para que transmita a ordem divina
a Calipso, que apenas assim permite que Ulisses parta aÍtaca.
O segundo dos heróis citados é Antenor, príncipe troiano que traiu sua pátria e ao
fim da guerra parte em expedição náutica, aportando perto da foz do Timavo e mais
tarde funda a cidade de Pádua, na Itália.
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Agora ela verá Vasco da Gama ir apressado a buscar as margens do Indo. O ímpeto
português é tanto que Netuno, deus dos mares, ao ver as frotas a romper seus
caminhos, treme.
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Júpiter inicia a longa lista de terras que serão conquistadas pelos lusos. Começa
falando de Moçambique, onde os mouros negaram água aos portugueses, como
conta a estância 86, I. Moçambique no futuro será um porto em que as frotas
lusitanas descansarão da longa rota até a Índia.
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Trata agora de Diu, na costa norte da Índia, onde os portugueses chegaram em 1513
e controlaram em 1535 após encarniçada luta contra o império mugal, de religião
muçulmana sunita.
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Júpiter conclui sua promessa dizendo que os portugueses hão de mostrar tanto
esforço nas suas empreitadas marítimas e bélicas que do gangético mar (o Oceano
Índico) ao gaditano (ou seja, o Atlântico, mar que banha a cidade chamada pelos
romanos de Gades, hoje Cádiz, na Espanha). Nem das boreais ondas, ou seja, do
mar do polo Norte até o Estreito (de Magalhães), ao sul, algum povo pôde o que os
portugueses fizeram. Nem mesmo se todos os grandes homens do passado
ressuscitassem poderiam se equivaler aos portugueses.
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Para oferecer recepção amigável, Júpiter envia Mercúrio a Melinde para aprontar a
chegada dos portugueses e alertar em sonho Vasco da Gama para que não se
detenha em Mombaça e navegue em direção a Melinde.
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