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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DESAFIOS DA FORMAÇÃO
PROPOSIÇÕES CURRICULARES
ENSINO FUNDAMENTAL
2º CICLO
REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE
TEXTO PRELIMINAR
1
PREFEITO DE BELO HORIZONTE
MÁRCIO LACERDA
2
SUMÁRIO
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH - LÍNGUA INGLESA .......... 142
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INTRODUÇÃO: UM CONVITE À REFLEXÃO
Dessa forma, o texto aqui apresentado foi produzido coletivamente, na Rede de Formação, em
interlocuções com vários profissionais da RME/BH e consultores das diversas disciplinas, num
esforço de reflexão sobre questões fundamentais para a educação e o currículo. Vai, assim,
como um documento preliminar, à consideração de todos os educadores das escolas
municipais, para leitura e crítica em momentos da formação e planejamento.
As Proposições Curriculares são, assim, uma aposta e um convite a novos diálogos e futuras
reformulações, que vão torná-las instrumento cada vez melhor, e mais claro para orientar as
equipes profissionais das escolas no planejamento pedagógico.
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O acompanhamento é realizado pelas equipes da Secretaria Municipal de Educação: Gerências Regionais de Educação,
Gerência de Coordenação da Política Pedagógica e Formação (GCPPF) e Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da
Educação (CAPE).
2
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), 2001; o Estatuto da Criança e do Adolescente 1990; a Lei 10639/2003, que tornou
obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro e Afro-brasileira nas escolas; Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais -
Conteúdo Básico Comum (CBC /2006); Proposições Curriculares da Escola Plural de Belo Horizonte (1994, 1995, 1996, 2004);
COSTA, Marisa Vorraber (org). O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 2005; Dossiê: O campo do
currículo hoje: debates em cena. Educação em Revista, FAE UFMG, n. 45, junho 2007; MEC/SEB. Indagações sobre currículo.
Brasília: nov, 2006.
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Mesmo diante de muitas dificuldades para organizar a escola de forma a viabilizar a saída dos professores, sem prejuízo das
aulas dos estudantes, os encontros da Rede de Formação foram avaliados positivamente pelos professores que puderam
participar.
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SOBRE AS PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA A RME/BH
Dessa forma, estas Proposições Curriculares foram elaboradas com o objetivo de garantir a
todos os educandos o direito aos conhecimentos sociais das várias disciplinas, aos valores,
aos comportamentos e às atitudes que lhes permitam compreender e transitar no mundo. Ou
seja, o direito à educação, o direito a viver as experiências escolares de aprendizagem e
formação. Trazem, portanto, o pressuposto de uma educação para todos, que busca renovar
a esperança e teima em inventar novas saídas para um mundo melhor.
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POR QUE “PROPOSIÇÕES CURRICULARES” PARA A RME/BH?
É necessário entender este documento como uma revisitação à Escola Plural, cuja
implantação, há mais de uma década, vem produzindo mudanças na organização das escolas,
nas práticas e sensibilidade dos professores.
A Escola Plural é uma proposta pedagógica que, assim como outras tantas, desenvolvidas em
outros estados e municípios,4 orienta-se pela teoria curricular crítica. Essa teoria, cuja gênese
encontra-se nos estudos sobre classes, gênero e raça, ou seja, nos estudos que tratam da
dominação econômica, sexista e rácica, esclarece que as práticas pedagógicas que se
organizam da mesma forma que as práticas sociais excludentes, discriminatórias e
hierarquizadas promovem as desigualdades escolares. Assim, a estrutura da escola, suas
formas de organização e seu currículo tendem a ser fatores determinantes do fracasso ou do
sucesso escolar de inúmeros estudantes.
Essa proposta pedagógica, num movimento de negação das práticas sociais e pedagógicas
que excluem, discriminam e selecionam, a partir da análise do cotidiano escolar, redefine
aspectos que tradicionalmente contribuíam para a exclusão de amplos setores da sociedade do
direito aos conhecimentos, “incorpora dos movimentos sociais a consciência dos direitos, da
cidadania, da igualdade, das culturas, das identidades de gênero, raça e classes” (Arroyo,
1995), constituindo, pois, uma proposta educacional e curricular que contrapõe-se àquelas que
fazem com que o currículo e a escola reforcem as desigualdades da presente estrutura social.
A Escola Plural apresenta avanços teóricos centrados na defesa de uma educação mais
adequada aos tempos em que todos têm direitos a uma formação integral. Propõe mudanças
radicais, que não apenas alteram a estrutura e organização das escolas, mas também
requerem dos profissionais da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte a construção de
uma nova concepção de escola, de organização do trabalho pedagógico, de estudante, de
educar, e uma nova concepção de si mesmos como profissionais.
4
Escola Candanga (Brasília), Escola Cidadã (Porto Alegre), Escola Sem Fronteiras (Blumenau), Escola Cabana (Belém).
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experiências dos estudantes e da comunidade; a importância de construir com o/a estudante
uma auto-imagem positiva; a necessidade de organizar-lhe um espaço para convivências,
socializações e aprendizados de valores e condutas, considerando as implicações do “direito à
diferença” – o gênero, a raça, a religião, a origem nacional e regional, a variedade lingüística e
outras dinâmicas sociais.
Contudo, o que constatam os educadores é que tudo isso é indispensável, mas não é
suficiente para possibilitar ao educando a participação efetiva na sociedade com tudo que essa
lhe oferece, lhe exige e também lhe nega. Como diz Arroyo (2006, p.54), “os educandos nos
obrigam a rever os currículos”.
Uma dessas lacunas diz respeito à utilização nas propostas curriculares, orientadas pela teoria
crítica, de um discurso abstrato e complexo, e a ausência de sugestões que orientem a
formulação de propostas alternativas, o que torna difícil, na prática, sua implementação.
Nesse movimento de implementação de uma proposta curricular orientada pela teoria crítica do
currículo, embora a aprendizagem dos conhecimentos disciplinares fosse considerada fator
primordial no desenvolvimento dos sujeitos, sua formulação ficou genérica, ganhando espaço a
ênfase dos tão necessários processos de socialização de crianças, jovens e adultos. Isso hoje
nos leva a propostas curriculares com orientações que possam situar a escola como o lugar da
aprendizagem dos conhecimentos disciplinares, socialização e desenvolvimento do educando.
Ou seja, a partir de suas observações acerca dos conhecimentos que trazem seus educandos
e das necessidades e exigências do mundo contemporâneo, os professores acreditam na
necessidade da elaboração de um projeto de cultura comum que possa orientar sua prática no
trabalho com crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens e adultos.
É necessário salientar ainda que muitas mudanças ocorreram nos últimos anos no contexto
social e político mais geral, entre as quais se destacam: a universalização e inclusão na escola
pública; o alargamento das expectativas de formação na educação escolar (para o trânsito, a
sexualidade, a cidadania etc.); as mudanças próprias das áreas de conhecimento,
reformulando conceitos essenciais; os diversos estudos sobre teorias de currículo; a demanda
pelo uso de tecnologias.
Certamente, diante destas e de outras mudanças, o fator que mais preocupa os professores,
colocando-os muitas vezes em situações de sofrimento no trabalho, tem sido a presença de
grupos de estudantes muito mais heterogêneos do que aqueles com os quais estavam
acostumados a lidar.
Como afirma Moreira (2006, p.88), baseando-se nos estudos de Stuart Hall,
Sublinhamos que a definição do que deve ser ensinado e aprendido em cada ciclo, etapa ou
modalidade da Educação Básica, apresentada neste documento, não se refere a um padrão
mínimo, nem a um padrão máximo, mas às aprendizagens direcionadas a um cidadão que se
encontra na infância, na pré-adolescência, na adolescência, na juventude ou na idade adulta,
ou seja, suas necessidades formativas. Portanto, são indicadores de qualidade social da
formação dos sujeitos na Educação Básica nas dimensões física, psicológica, intelectual, ética,
social e cultural.
Dessa forma, o essencial aqui apresentado é para ser trabalhado e analisado, e possíveis
desdobramentos devem ser incluídos, de acordo com a realidade de cada escola,
considerando: as intenções educativas gerais, as condições locais onde a ação irá ocorrer, os
profissionais, os estudantes, os conhecimentos escolares a serem ensinados e aprendidos e as
estratégias pedagógicas.
Lembramos, ao final, que maior clareza curricular é necessária, mas não é suficiente para o
desenvolvimento de um projeto educacional que tenha como objetivo a formação integral dos
educandos, de modo que sejam capazes de participar de todas as esferas da vida pública.
Tomando de empréstimo as palavras de Santos (2004), é preciso ainda mais políticas públicas
que venham a equacionar as profundas desigualdades econômicas e sociais existentes,
ampliando as oportunidades de vida dos educandos e de suas famílias e comunidades.
Estas Proposições Curriculares orientam-se pela política educacional que vem sendo
desenvolvida no município, desde 1994, e assentam-se na emergência e evolução de uma
democracia radical, entendida, no campo educacional, como o direito da criança, do pré-
adolescente, do adolescente, do jovem e adulto ao acesso e permanência na escola. O direito
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de acesso aos conhecimentos socialmente construídos, a aprender os conhecimentos
disciplinares, atitudes e valores que lhes permitam a plena inserção no mundo social e a
participação efetiva em todas as esferas da vida pública, produzindo, consumindo, recebendo,
transformando, inventando, criando culturas e o direito à “igualdade radical nas interações
raciais/étnicas, de classes e de gênero”. (TORRES, 2003, p. 81)
Tendo em vista que alguns conceitos que articulam estas Proposições Curriculares podem ter
diferentes acepções, faz-se necessário que o professor e as coordenações pedagógicas
tenham clareza do significado aqui utilizado para: intenções educativas,
capacidades/habilidades, experiências escolares, conhecimentos disciplinares.
O termo capacidade/habilidade está sendo aqui empregado como um norte, uma meta geral
de formação que os educadores tomam como referência para a organização e o
desenvolvimento das propostas de ensino. Neste documento, como nos cadernos do CEALE
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(2005) – os quais tomamos como referência para os processos de alfabetização e letramento
no 1º e 2º Ciclos –, a opção pelo termo capacidades/habilidades justifica-se pelo fato de ele
ser amplo, dando conta de denominar:
Assim, apresentamos como definição para auxiliar a organização dos processos escolares os
seguintes tipos de abordagem:
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T – Trabalhar – Tipo de abordagem que explora de modo sistemático as diversas situações-
problema que promovem o desenvolvimento das capacidades/habilidades que serão enfocadas
pelo professor. Demanda um planejamento cuidadoso das atividades que deverão ser
variadas, de modo a explorar as várias dimensões dos conhecimentos disciplinares que se
relacionam a uma determinada capacidade e também as inter-relações com outras
capacidades/habilidades. É importante que o professor organize seu trabalho tendo bem
definida a capacidade que pretende desenvolver. Essa é uma fase em que os processos
avaliativos são fundamentais para que o professor defina as intervenções a serem feitas no
processo de ensino-aprendizagem, de modo a ter clareza sobre o que efetivamente poderá ser
consolidado pelos estudantes ao final desse processo.
Com essas idéias, esperamos que os professores possam organizar mais sua proposta de
ensino, construir melhores condições para a realização de diagnósticos e avaliações gerais e
parciais em suas turmas, para que os estudantes também possam compreender melhor e ter
melhor desempenho na aprendizagem. Tal como expresso no Caderno 1 do CEALE (2005, p.
15), ressaltamos
Esta proposta considera a organização do tempo escolar na lógica dos ciclos e ressalta que os
Ciclos de Idade de Formação5 não devem ser vistos como uma proposta para aqueles que têm
dificuldades na aprendizagem ou que fracassam na escola, nem tampouco como uma proposta
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É tomado como referência o texto de Elvira de Souza Lima, “Ciclos de formação – uma reorganização do tempo escolar”. GEDH
(Grupo de Estudos do Desenvolvimento Humano), São Paulo, 1998
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para simplesmente acabar com os altos índices de reprovação escolar.
Acredita-se, ainda, nessa perspectiva, que o próprio trabalho docente fique favorecido, na
medida em que os tempos maiores que os das “séries” e menores do que os quatro anos de
cada parte do Ensino Fundamental auxiliem os planejamentos conjuntos e integrados.
O trabalho em equipe dos docentes na escola, considerando o tempo do Ciclo, será aqui
sempre muito enfatizado, pois com ele o professor pode compartilhar suas dúvidas e possíveis
soluções, ganhando incentivo nos momentos difíceis e proporcionando aos estudantes uma
ação pedagógica articulada. Permite, ainda, detectando problemas, planejar soluções.
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• A incorporação das crianças de seis anos no Ensino Fundamental exige uma
atenção especial na escolha dos profissionais responsáveis pelo trabalho nesse Ciclo e
sensibilidade, compromisso e respeito com a idade da infância para o estabelecimento
das capacidades e metodologias a serem desenvolvidas nessa faixa etária.
• A responsabilidade pelas turmas não deve se orientar pelo princípio das listas de
acesso ou outro qualquer que não seja a necessidade dos educandos e a competência
do professor para o efetivo atendimento.
• Nos anos iniciais, da infância e pré-adolescência, este contato deve ser mais
longo, de modo que cada turma seja acompanhada e pelo menos um profissional tenha
preferência de com dialogar e combinar os projetos da turma.
• Nos anos finais, embora a organização disciplinar crie mais fragmentações, o/a
professor de referência é ainda essencial para fazer o contato, os projetos, os
combinados e as articulações em cada turma.
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Apresentamos a seguir os textos por ciclos e por disciplinas, desdobrando estas idéias gerais
em Proposições Curriculares para o Ensino Fundamental.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Maria Céres Pimenta Spínola de. Escola Plural: a função de uma utopia. Disponível em:
http://168.96.200.17/ar/libros/anped/TE13.PDF. Acesso em: 25/11/0
COSTA, Marisa vorraber (org.). O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
Dossiê: O campo do currículo hoje: debates em cena. Educação em Revista, FaE UFMG, n. 45, junho,
2007.
MOREIRA, Antônio F. B. Propostas curriculares alternativas: limites e avanços. Em: Educação &
Sociedade, ano XXI, no 73, Dezembro/2000.
MOREIRA, Antônio F. B. A crise da teoria curricular crítica. Em COSTA, Marisa Vorraber (org.). O
currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
PEREIRA, Cícero, LIMA, Marcus Eugênio, CAMINO, Leoncio. Sistemas de Valores e Atitudes
Democráticas de Estudantes Universitários de João Pessoa. IN: Reflexão e Crítica, 2001, vol.14, n. 1.
SANTOS, Lucíola L. C. P. Um currículo para a Escola Cidadã. Em: Paixão de Aprender, Secretaria
Municipal de Educação, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, n. 8, nov. 1994.
SILVA, T.T. “Currículo, conhecimento e democracia: as lições e as dúvidas de duas décadas”. Cadernos
de Pesquisa, n. 73, 1990, pp. 59-66.
TORRES, Carlos (org.). Teoria crítica e sociologia da educação. Cortez/Instituto Paulo Freire, São Paulo,
2003.
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DESAFIOS DA FORMAÇÃO NO 2º CICLO: ENTRE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA
O objetivo principal desta Proposição Curricular é orientar a escola e o professor na sua ação
educativa no 2° Ciclo de idade de formação, período entre a infância e a adolescência, que
compreende os estudantes da faixa etária de 9, 10 e 11/12 anos.
O desenvolvimento de uma ação educativa requer, antes de mais nada, caracterizar a quem
ela se destina. Portanto, torna-se de fundamental importância tentar responder: Que
características são peculiares a este Ciclo? Como se desenvolvem os pré-adolescentes nesse
Ciclo de aprendizagem? Que lugar devem ter os conhecimentos disciplinares, em uma
proposição curricular, que tem como centralidade a ampliação das capacidades de
leitura/escrita e a ampliação das capacidades que levam à autonomia?
Grande parte dessas questões têm sido discutidas na RME/BH nos últimos anos, podendo-se
dizer que há um acúmulo de entendimentos a respeito. Comecemos, então, tentando
responder às questões: Quem são os pré-adolescentes do 2° Ciclo? Que características são
peculiares ao 2° Ciclo?
Esse Ciclo é marcado pela transição entre a infância e a adolescência, deixando presentes as
características tanto de uma idade quanto da outra, em movimentos múltiplos de mudanças.
Há um salto qualitativo e quantitativo em relação ao desenvolvimento nessa idade de transição
do estudante, acarretando mudanças significativas nos aspectos relacionais, afetivos, de
gênero e cognitivos.
É uma fase que inclui mudanças biológicas, consideradas universais, que variam de ritmo ou
extensão de acordo com o sujeito, e que é marcada também por mudanças de comportamento
e experiências influenciadas pela cultura e os contextos sociais em que estão inseridos os pré-
adolescentes. Segundo Papalia e Olds (apud Campolina, 2007, p.19), possivelmente o “início
da adolescência, a saída da infância, seja o período mais intenso de todo o ciclo de vida”.
Sabemos, então, que o desenvolvimento desses indivíduos não deve ser visto como uniforme e
linear. De acordo com Lopes de Oliveira (apud Campolina, 2007, p.22), “a tarefa de adolescer
se torna cada vez mais complexa, pois os contextos atuais estão cada vez mais dinâmicos e
contraditórios”. Temos uma diversidade de comunidades, famílias, pessoas, com seus valores
e conflitos, alegrias e esperanças, lutas e vitórias que, certamente, influenciam na maneira e na
qualidade das relações vivenciadas e caracterizadas nesse período. A sociedade atual,
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centrada no consumismo, com a presença maciça da mídia e o bombardeio de informações
dos diversos meios de comunicação, tem levado crianças e adolescentes a passarem por
experiências marcantes, muitas vezes bem diferentes das vivenciadas por gerações anteriores.
Nessa idade, tanto o pensamento quanto a linguagem são reestruturados a partir da realidade
imediata e das interações sociais. A capacidade de abstração passa a caracterizar também os
processos cognitivos, no sentido de elaborar a reflexão, a análise e o planejamento das ações.
A elaboração de reflexões constitui-se como uma forma do pré-adolescente compreender e
intervir sobre o real. Esses processos são ampliados com a aprendizagem de conceitos
científicos, favorecidos pela compreensão dos campos de conhecimento estudados e do
mundo. Tudo isto potencializa o estudante, nesse período da vida, a interagir com sua
realidade, a ampliar a compreensão do mundo que o cerca e a construir interações.
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O conhecimento dos diversos grupos sociais é facilitado, assim como a relação interpessoal,
mesmo que aconteçam atritos constantes, principalmente entre meninas e meninos.
Na prática escolar, o início do 2° Ciclo é muito ma rcado pelas questões da infância e o final
pelas marcas da adolescência. Os estudantes do 2° C iclo, pelas suas características diversas e
em movimento, exigem dos professores uma organização e uma metodologia de trabalho que
acolham tanto as especificidades da infância como as da adolescência. Situa-se aí um dos
grandes desafios dos profissionais que trabalham nesse ciclo.
É visível o interesse por atividades com regras definidas – jogos de tabuleiro, como o xadrez, o
dominó, a dama –, por esportes que propiciem a competição entre as partes e, atualmente,
pelos jogos eletrônicos. Embora os jogos eletrônicos não pressuponham a existência de um
adversário humano, suscitam a competição com a própria máquina, abrindo possibilidades
para desafios cada vez mais crescentes do raciocínio, na busca de novas estratégias capazes
de superar limites. Vale ressaltar que estes jogos e atividades incitam o raciocínio como
também permitem ao pré-adolescente dominar a própria conduta, exigindo o autocontrole e a
auto-avaliação de suas capacidades e limites. Trabalhar com jogos em sala de aula é
fundamental, contudo as regras não devem ser vistas como produto de uma ordem superior ou
exterior, mas devem ser definidas por meio de acordos coletivos entre os próprios estudantes.
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temas atuais: sexualidade, drogas, o trabalho formal e informal, meio ambiente, tecnologia, as
relações entre o meio e as pessoas etc. Com isso, além de possibilitar a discussão sobre
valores presentes na sociedade contemporânea, a escola abre espaços para o pré-adolescente
refletir sobre os mesmos, podendo expressar suas idéias e/ou compartilhá-las com as de seus
colegas.
Em algumas escolas e entre alguns professores da RME/BH ainda se faz presente a cultura da
lógica seriada, na qual os estudantes de 11 anos “pertencem” às turmas de 5ª série e seus
professores se organizam por disciplinas. É a partir dessa lógica que, hoje, no 2° Ciclo,
formam-se dois coletivos: um grupo de educadores trabalhando nos dois primeiros anos e
outro grupo no último ano do ciclo. Essa organização tem sido dificultadora de um trabalho
mais coletivo entre os professores, para atuarem com todos os estudantes do ciclo, num
planejamento dos três anos.
A inclusão dos estudantes de 11 anos no 2° Ciclo é defendida em vários estudos teóricos que
tratam das idades de formação. Essa posição justifica-se pela necessidade de reconhecer as
características dos pré-adolescentes não os “empurrando” antecipadamente para a
adolescência.
Essa Proposição Curricular aponta dois focos para o planejamento das ações educativas no 2°
Ciclo:
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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE, DA AUTONOMIA E DO RESPEITO À ALTERIDADE
Como já foi discutido anteriormente, nessa idade de transição, a auto-afirmação – provar algo
para os outros ou para si – a busca de autonomia, de liberdade, de relações fora do grupo
familiar são de grande interesse dos estudantes e se fazem muito presentes, em suas ações e
reações. Portanto, a escola e, principalmente, os professores devem conhecer o
desenvolvimento do estudante, compreendendo de que modo ele se insere em diferentes
contextos sociais. A escola deve desempenhar um papel significativo nesse momento de
formação, constituindo-se em um espaço que contribua para o estudante ampliar o
desenvolvimento dessas capacidades.
Os indivíduos aprendem, desde muito cedo, a ocupar e/ou reconhecer seus lugares sociais e
aprendem isso em diferentes instâncias do social, através de estratégias sutis, refinadas e
naturalizadas que são, por vezes, difíceis de reconhecer. As representações acerca de si e do
outro vão se consolidando a partir das relações estabelecidas na família, na escola, no grupo
de amigos, nas idéias veiculadas pela mídia, etc. Cabe à escola propiciar a reflexão e os
questionamentos sobre as diversas posturas, principalmente sobre as posturas discriminatórias
de qualquer natureza. Assim, a abordagem de temáticas como o bullying,1 as relações étnico-
raciais e de gênero mostra-se imprescindível na construção das identidades destes sujeitos.
Como nos diz Meyer,
“[...] gênero aponta para a noção de que, ao longo da vida, através das mais diversas
instituições e práticas sociais, nos constituímos como homens e mulheres, num
processo que não é linear, progressivo ou harmônico e que também nunca está
finalizado ou completo.” (p.16)
“Vários estudos têm discutido as diferenças que se instauram entre meninos e meninas,
no que de refere ao rendimento escolar, considerando-se a articulação entre gênero,
raça e condição socioeconômica [...]. Dados estatísticos atuais [...] apontam que as
mulheres brasileiras apresentam níveis de escolaridade média mais elevados que os
dos homens e que as meninas vêm-se saindo melhor que os meninos em todos os
níveis de ensino.” (Idem, p.20)
Assim, o trabalho com estudantes do 2° Ciclo deve c entrar-se nesse eixo, de forma que a
proposta curricular da escola esteja por ele orientada.
A Proposição Curricular para o 2º Ciclo não pode perder de vista as especificidades dessa
idade e a articulação com o 1° Ciclo, sobretudo no que concerne ao trabalho de alfabetização e
letramento.
Para tanto, utilizamos nesse texto o conceito de alfabetização e letramento apresentados nas
Proposições Curriculares do 1° Ciclo, que sugerimos serem consultadas por todos os
professores do 2° Ciclo.
Nas atividades de leitura, é fundamental que o professor explore ainda mais, em cada texto,
não somente os aspectos ligados aos processos de decodificação, e compreensão textuais,
mas, também, e principalmente, as pistas que o texto fornece para a construção do sentido
pelo leitor (educando), explorando características como: o tipo de texto, os aspectos que o
identificam, o objetivo do texto, os conhecimentos prévios dos educandos acerca do assunto
tratado no texto, o tipo de linguagem, o leitor-alvo, dentre outros.
Além disso, é importante que o professor realize atividades para que os estudantes
desenvolvam a habilidade de ouvir a leitura de textos, procurando diversificar os autores, as
temáticas e os gêneros textuais. Antes de iniciar a leitura do texto, é fundamental que o
professor discuta com os estudantes as expectativas dos mesmos em relação ao texto, ao
gênero, ao suporte, ao título, ao autor, ao tema e, após a leitura, compare as previsões feitas
por eles com os aspectos relacionados ao texto lido, como: do que mais gostaram, relações
com outros textos lidos, suas opiniões a respeito do texto, aspectos não compreendidos etc.
Além disso, é importante comparar as situações vivenciadas nas produções escritas e orais,
apresentando questões que enfocam as diferenças entre as duas modalidades da língua,
como, por exemplo: se este texto fosse falado, precisaríamos explicar do mesmo jeito? por
quê? qual a diferença entre falar e escrever um texto? etc. O objetivo desse tipo de atividade é
levar as crianças a identificar e utilizar adequadamente mecanismos e/ou estratégias
lingüístico-discursivas que caracterizam o processamento discursivo em cada uma dessas
duas modalidades, criando situações que exijam uma preparação, por parte delas, visando a
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uma estruturação do texto a ser produzido em função de sua adequação à situação de
comunicação.
Além disso, na organização das atividades de leitura, escrita e oralidade, é importante seguir
uma rotina de trabalho que transforme a sala de aula em um ambiente de aprendizagem
organizado, consistente e previsível, possibilitando o compartilhamento de idéias, o acesso a
diferentes tipos de textos, a pesquisa de conhecimentos relacionados aos textos que produzem
e, principalmente, criando as condições necessárias ao desenvolvimento da sua autonomia no
processo de construção do conhecimento sobre a escrita. Assim, os vários elementos que
compõem o espaço da sala de aula, como os textos, os murais, os cartazes, os jogos de
escrita, os livros, etc., devem servir de referências sempre disponíveis para o desenvolvimento
de suas habilidades.
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• A organização do trabalho docente no 2° Ciclo
Nesta proposição curricular muitas das capacidades apresentadas são comuns a diferentes
disciplinas, pois implicam desenvolver conhecimentos (conhecimentos disciplinares, valores, e
atitudes).
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Sem dúvida são importantes os conhecimentos disciplinares, que apresentam diferentes
conceitos, procedimentos e estruturas, mas o domínio deles não pode ser considerado como o
resultado único do processo de ensino e aprendizagem. É necessário que os educandos
desenvolvam capacidades de fazer algo com o conhecimento objetivo que aprenderam, que
possam articular e aplicar as informações que adquiriram em novas situações, que ampliem as
formas e os mecanismos de interação com o mundo e as novas possibilidades de resolução
diante de novos problemas. Dito de outro modo, é preciso que, vivenciando condições diversas
da vida social, sejam capazes de selecionar e coordenar conhecimentos pertinentes e de
aplicá-los, recorrendo a estratégias adequadas à situação em que se encontram. É essa
combinação de conhecimentos aprendidos e formas de utilizá-los adequadamente em
diferentes situações que possibilita ao pré-adolescente ampliar seu modo de ler, escrever e ver
o mundo, tornar-se autônomo e responsabilizar-se por suas ações.
REFERÊNCIAS
BACHMANN, Jaime. Escola sem fronteiras: construindo cidadania pela educação. In: ANDRADE, Márcia
Selpa de, DIAS, Julice e ANDRADE, Sônia Regina de (orgs). III congresso Nacional de Reorientação
Curricular: Temporalidades humanas e currículo. Blumenau: SEMED/ Edifurb, 2002.
BELO HORIZONE. Estruturação do trabalho escolar na RME BH. A organização do trabalho coletivo por
ciclos de formação. Belo Horizonte: SMED, 2006.
FURLANI, Jimena. Educação sexual: possibilidades didáticas. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane e
GOELLNER, Silvana V. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação.
Petrópolis: Vozes, 2003.
MEYER, Dagmar Estermann. Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane e
GOELLNER, Silvana V(Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação.
Petrópolis: Vozes, 2003.
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PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
ARTE - 2º CICLO
APRESENTAÇÃO
“Não podemos nos esquecer que, para que possamos pensar artisticamente, é
necessário que tenhamos pensamento crítico, isto é, que saibamos analisar o que nos é
apresentado e nos posicionar frente a isso.” (PIMENTEL, 2003, p. 114).
A arte-educação vem sofrendo mudanças expressivas em seu campo de estudo nas últimas
décadas e esta Proposição Curricular é mais uma tentativa de acompanhar e participar
historicamente desse processo. Propomos, em um primeiro momento, abordar aspectos
diversificados acerca do ensino de Arte, os quais consideramos como essenciais para o
direcionamento dos estudos realizados pelos professores para o desenvolvimento de suas
propostas de trabalho.
Este documento, além de indicar uma série de propostas para fomentar o olhar investigativo do
educador, apresenta assuntos específicos relativos ao ensino de Arte, bem como quadros de
sugestões de capacidades/habilidades e conhecimentos disciplinares para o ensino das
expressões artísticas. Por ora, ressaltamos a importância da leitura dos cadernos dos três
ciclos para que se construa uma noção mais ampla dessa área de conhecimento. Afinal, a
tarefa de ensinar arte “necessita de uma preparação bastante profunda e constante para poder
ser bem sucedida.” (PIMENTEL, 2006, p.79)
Não nos cabe aqui realizar um estudo, mesmo que resumido, de tais fatos ocorridos, mas
apontar a necessidade de um olhar cuidadoso para as possíveis origens de influências que,
constantemente, nos circundam no universo escolar. Segundo Koudela (1990), quando o
ensino de arte contextualista difundiu-se no Brasil, percebeu-se que vários objetivos gerais
foram ligados a ele, tais como: desenvolvimento da socialização, livre expressão e liberação
emocional.
Como o ensino de Arte não desenvolveu abordagem específica, isso cooperou para que as
atividades artísticas fossem vistas como recurso didático para outras disciplinas e, portanto,
não se pensava em ensinar Arte enfocando suas conceituações próprias. Hoje, acreditamos
que a importância cultural do conhecimento artístico é patrimônio da própria humanidade e de
suas diversas formas de pensamento organizacional. Portanto, só agora, na atualidade,
preconceitos como esse começam a desaparecer.
No âmbito educacional, essas quatro expressões artísticas tornam-se, por meio do estudo de
suas formas e de seus contextos, campos do conhecimento. E como tal devem continuar a ser
exploradas no 2º Ciclo, em que há a ampliação de contatos e vivências. Devemos continuar a
investir na sistematização de abordagens contextuais e contatos diretos com as manifestações
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Para um maior aprofundamento, vide: BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1998; PIMENTEL,
Lucia Gouvêa. Limites em Expansão: licenciatura em artes visuais. Belo Horizonte: C/Arte, 1999.
28
diversas de maneira a construir conceitos e criar espaços de reconhecimento estético,
incentivar a formação de opinião e incluir discussões de cunho mais abstrato (opiniões sobre
correntes estéticas e formas de pensamento presentacional).
“No caso da arte, temos uma miríade de estruturas, temáticas, elementos estéticos e
filosóficos que estão arraigados nas expressões artísticas (que se consolidaram e que
nos influenciam) que podem ser utilizados como base para se fomentar um pensamento
complexo acerca da própria arte e seu papel na atualidade.” (ANDRADE, 2006, p.70).
Os campos das expressões artísticas nem sempre apresentam limites fixos. A arte
contemporânea, aliás, tem como uma de suas características o hibridismo, como, por exemplo,
na videoarte, na performance e nas instalações. Para efeito de estudo, entretanto, é necessário
que se identifique o cerne de cada uma das expressões artísticas que se comportam como
eixos em nossa herança cultural. Assim, vamos trabalhar com a definição de cada um desses
eixos em seu campo mais focal, deixando claro que as bordas são fluidas, penetrantes e
permeáveis.
O campo das Artes Visuais refere-se aos trabalhos com processos, materiais e suportes
plásticos, como tinta, grafite, carvão, madeira, metal, papel, fibras, pedra, argila, tecido etc., e
aos trabalhos com processos de registro de luz e movimento, como cinema, vídeo e fotografia,
por exemplo.
O campo da Música refere-se aos trabalhos em que o som, e suas diversas formas de
organização ao longo da trajetória humana, é preponderante.
Percebemos que, muitas vezes, ao longo do tempo, essas formas expressivas não só
conviveram simultaneamente dentro de um mesmo contexto, como também, por um lado,
partilharam dos mesmos ideais que direcionaram suas proposições de construção. Por outro
lado, várias formas artísticas postularam idéias contraditórias que se caracterizavam como
29
protestos em relação umas às outras.
A abordagem triangular, sistematizada por Ana Mae Barbosa na década de 1980, é uma
proposta estratégica de construção de conhecimento em Arte que se refere à reflexão crítica e
à compreensão histórica, social e cultural da arte nas sociedades, bem como à elaboração da
experimentação artística. Nesse sentido, sintetizando essa proposta, três elementos são
indispensáveis no ensino da Arte: o experimento, a fruição e a contextualização da obra de arte
8
no tempo e espaço. Esses elementos desenvolvidos conjuntamente, e a partir das/com as
culturas dos sujeitos, em conexão com suas respectivas vidas, fazem da arte-educação seu
principal motivo de existir e se efetivam no processo de formação humana.
8
Para conhecimento das definições e concepções da abordagem triangular vide: BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo
Horizonte: C/Arte, 1998; BARBOSA, Ana Mae.(Org.) Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002.
30
consideração as diversas possibilidades de expressão abordadas pela abrangência dos objetos
artísticos e as especificidades educacionais de formação que a escola exige do educador.
Entendemos, portanto, que a experimentação, que, como os outros dois eixos, não possui
ordem dentro do trabalho, deve propiciar uma rede de construção de conhecimentos baseados
no contato direto com experimentações estéticas de relevância para o tema abordado. E que o
educando possa inferir e discutir seus próprios posicionamentos, bem como suas
interlocuções, de maneira estética, com o fito de construir suas próprias percepções reflexivas
em decisões empíricas.
31
Triangular nem a Pedagogia do Questionamento 9 [...] se fazem através de algo que se
assemelhe a um receituário, ou uma cartilha.” (BARBOSA, 2005, p.12).
Para melhor entendimento e organização das ações na disciplina Arte, optou-se por trabalhar
com capacidades/habilidades gerais e específicas.
5. AVALIAÇÃO EM ARTE
Na disciplina Arte (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) no Ensino Fundamental, será
utilizada a linha de avaliação formativa, que propõe uma interação entre professor, educando e
comunidade escolar, visando à construção do conhecimento pelo equilíbrio de desejos e
necessidades desses atores do processo educacional. Nesse contexto, poderão ser obtidos
resultados qualitativos e não somente quantitativos.
9
A autora se refere à linha pedagógica que considera que as perguntas são mais importantes do que as respostas. Sem perguntas
não há respostas. A arte de fazer perguntas é a didática por excelência.
32
Na avaliação formativa, professor e estudantes são agentes efetivos do processo educativo em
seus vários aspectos:
Para que sejam obtidos resultados significativos no processo educacional, é preciso que esses
aspectos sejam interagentes, uma vez que a construção do conhecimento é dinâmica.
As estratégias de avaliação em Arte podem ser as mais variadas e deverão ser selecionadas
pelo professor, dependendo de sua disponibilidade e da infra-estrutura física que a escola
oferece. Podemos tomar como exemplo algumas estratégias listadas abaixo. É aconselhável
que, sempre que possível, elas sejam utilizadas em conjunto.
33
• Entrevista - Pode ser feita pelo professor ao longo do ano. Deve ser,
preferencialmente, gravada, sendo registradas as observações dos estudantes
durante o período. Através da entrevista, professor e estudante estarão obtendo
informações sobre o andamento do processo educativo em Arte.
10
Esses quatro tipos de abordagem são nomeados como aqueles utilizados pela “Coleção Instrumentos da Alfabetização”,
produzida pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – Ceale/FaE/UFMG. Assumem, entretanto, significados próprios quando
adotados neste documento que se volta para o ensino de Arte.
34
ser retomados, sendo ampliados na medida em que se trabalha sistematicamente com essa
nova capacidade a ser desenvolvida. Assim, procuraremos evidenciar aquelas capacidades
que, mesmo após serem consolidadas, serão objeto de trabalho pedagógico do professor, por
serem importantes no desenvolvimento de outras. É importante ressaltar que retomar não tem
o mesmo sentido de revisar. Revisar tem muitas vezes um sentido de repetição de algo que já
deveria ter sido aprendido. Retomar significa que o estudante já está aprendendo algo novo e
que, para isso, há uma nova abordagem daquilo que já foi ensinado. Promove, assim, uma
ampliação das capacidades e uma nova e diferente oportunidade para aqueles estudantes que
não a desenvolveram plenamente.
Essa organização que se vale das categorias I, T, C, R tem como objetivo sugerir o enfoque
que será dado às capacidades/habilidades em cada ano de cada ciclo, de modo que o grupo
de professores responsáveis pelo ciclo possa melhor organizar o acompanhamento de cada
turma ao longo dos seus três anos de trabalho com ela. Ao falarmos em
capacidades/habilidades, estamos ampliando as possibilidades de trabalho pedagógico a ser
35
realizado pelos professores para além do desenvolvimento de aulas que seguem uma
determinada lista de conhecimentos disciplinares.
36
7. PROPOSTAS PARA O 2º CICLO
ARTES VISUAIS
CONHECIMENTOS
CAPACIDADES / HABILIDADES 1º ano 2º ano 3º ano
DISCIPLINARES
- Reconhecer composições estéticas nas -Experimentação,
obras de arte. utilização e pesquisa de
- Identificar os materiais expressivos e suas materiais e técnicas
possibilidades. artísticas.
- Reconhecer e respeitar os diversos modos I/T R/T R/T/C
de expressão artística (individual e coletiva).
- Saber utilizar diversos materiais
expressivos.
- Identificar e aplicar técnicas do fazer
artístico.
- Reconhecer a importância das Artes Visuais - Reconhecimento e
na sociedade e na vida dos indivíduos. experimentação dos
- Reconhecer a importância e apreciar locais elementos básicos da
onde são exibidas obras de arte. expressão visual, em
suas articulações nos
- Respeitar a diversidade cultural e artística. trabalhos de diferentes
- Observar, estudar e compreender diferentes culturas. I/T R/T R/T/C
obras de Artes Visuais, artistas e - Manuseio de fontes
movimentos artísticos produzidos em documentais de
diversas culturas: regional,nacional e pesquisa sobre Arte.
internacional e em diferentes tempos da
história.
- Utilizar fontes documentais para pesquisas
sobre arte.
DANÇA
CONHECIMENTOS
CAPACIDADES / HABILIDADES 1º ano 2º ano 3º ano
DISCIPLINARES
- Experimentar e pesquisar diversas formas - Improvisação e criação
de locomoção, deslocamento e orientação de seqüência de
no espaço (caminhos, direções e planos). movimento.
- Elaboração de registros
pessoais para R/T/C
I/T R/T
sistematização das
experiências observadas
e da documentação
consultada.
37
MÚSICA
CONHECIMENTOS
CAPACIDADES / HABILIDADES 1º ano 2º ano 3º ano
DISCIPLINARES
- Utilizar de forma correta o vocabulário do - Vocabulário musical,
ambiente musical em suas trocas. movimento e suas
articulações com os I/T R/T R/T/C
elementos da expressão
musical.
- Criar grafias musicais alternativas. - Grafias musicais I/T R/T R/T/C
alternativas.
- Conceituar som e suas qualidades. - Som e suas qualidades:
altura, intensidade, I/T R/T R/T/C
duração, timbre.
- Produzir sons com instrumentos musicais - Prática de conjunto
tradicionais e alternativos. instrumental.
- Experimentação, seleção
I/T R/T R/T/C
e utilização de
instrumentos, materiais
sonoros, equipamentos e
tecnologias disponíveis.
- Ser capaz de cantar em grupo. - Canto coral. I/T R/T R/T/C
TEATRO
CONHECIMENTOS
CAPACIDADES / HABILIDADES 1º ano 2º ano 3º ano
DISCIPLINARES
- Observar, apreciar e analisar trabalhos em - Pesquisa, elaboração e
teatro realizados por grupos diversos. utilização de modos de
apresentação teatral. I/T R/T R/T/C
38
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003.
BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-Educação: Leitura no Subsolo. São Paulo, Cortez, 2002.
BARBOSA, Ana Mae. Artes Visuais: da exposição à sala de aula. São Paulo: EDUSP, 2006.
BARBOSA, Ana Mae. Arte Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez,
2005.
BOUGHTON, Doug. Avaliação: da teoria à prática. (IN) BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação
Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
LANIER, Vincent. Devolvendo Arte à Arte-Educação. IN: BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-Educação:
Leitura no Subsolo. São Paulo, Cortez, 2002.
MASON, Rachel. Por uma educação multicultural. Campinas SP: Mercado das Letras, 2001.
MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG,
1998.
MEIRA, Marly. Filosofia da Criação: reflexões sobre o sentido do sensível. Porto Alegre: Mediação, 2003.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2001.
PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Limites em expansão: Licenciatura em Artes Visuais. Belo Horizonte:
C/ARTE, 1999.
PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Tecnologias Contemporâneas e o Ensino da Arte. In: BARBOSA, Ana Mae.
(org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003.
PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Presença Pedagógica, Porto Alegre, v. 12, n. 67, p. 78-80, Jan./Fev. 2006.
PIMENTEL, Lucia Gouvêa; CUNHA, Evandro J. Lemos; MOURA, José Adolfo. Proposta Curricular – Arte
para o ensino fundamental. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, 2006.
PROUS, André. Arte pré-histórica no Brasil. (Orientações Pedagógicas de Lucia Gouvêa Pimentel). Belo
Horizonte: C/ARTE, 2007.
SOUCY, Donald. Não Existe expressão sem Conteúdo. In: BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte Educação
Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
39
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
CIÊNCIAS - 2º CICLO
INTRODUÇÃO
Nesse contexto, a capacidade de aprender terá de ser trabalhada com educandos, docentes e
com a própria escola enquanto instituição educativa. Essa atitude de estímulo à autonomia do
educando indica outro perfil de educando e professor.1
Com o intuito de atender a essa demanda, que muda nossa concepção de escola, elaboramos
uma Proposição Curricular para o ensino de Ciências da Natureza. Essa Proposição
representa um exercício para definir metas, contextos, fazer escolhas e considerar dimensões
do conhecimento (afetiva, cognitiva, social e psicológica), bem como de superar a visão
dicotomizada de ensino e aprendizagem, considerando como o aprendizado escolar e o não
escolar, o saber disciplinar e o não disciplinar podem se relacionar e melhorar uns aos outros.
1
Temos a pretensão de que o professor seja um participante da aprendizagem do educando, deixando de ser o expositor de
conceitos, leis e princípios e que o educando seja o verdadeiro agente, que, iniciado neste trabalho, não aceite mais uma
aprendizagem conceitual divorciada da vida cotidiana e passe a ser um questionador do meio e com isso, um agente de
mudanças. “Uma boa pergunta vale mais que a repetição de respostas formuladas por outros.” (BONADIMAN, 1986, p. 10)
40
de adequar esta Proposição Curricular aos nove anos de escolaridade, considerando crianças,
jovens e adolescentes com os quais trabalhamos, suas características, suas formas próprias
de ser, pensar, aprender e agir, seus interesses, suas referências, suas facilidades e suas
dificuldades, sua história familiar e social – relações de amizade, de afeto, entre outros. A
elaboração desta Proposição foi orientada por uma concepção sócio interacionista, que
considera Ciências como forma de ação e de interação entre os homens – sociedade e
Natureza.
Os autores
“Mostrar a Ciência como elaboração humana para uma compreensão do mundo é uma
meta para o ensino. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento
do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da Natureza, para compreender
como a sociedade nela intervém, utilizando seus recursos e criando um novo meio
social e tecnológico. Desse modo é necessário favorecer o desenvolvimento de postura
reflexiva e investigativa, de não aceitação, a priori, de idéias e informações, assim como
a percepção dos limites das explicações, inclusive dos modelos científicos, colaborando
para a construção da autonomia de pensamento e de ação.” (BRASIL, 2002)
Na busca de uma educação coerente com o momento histórico em que vivemos e, conscientes
da necessidade de mudanças na prática educativa, professores da Rede Municipal de
Educação de Belo Horizonte e da Universidade Federal de Minas Gerais, em colaboração,
tornaram-se parceiros2 na elaboração desta Proposição Curricular de Ciências, para o 1°, 2º e
3° Ciclos de formação humana, tendo como referência o projeto político-pedagógico da Rede
Municipal de Educação, os documentos oficiais – Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's),
Diretrizes Curriculares, Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), Sistema
Mineiro de Avaliação (SIMAVE), Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) – e a literatura
da área de pesquisa em Educação e em ensino de Ciências. Observa-se que existe um
consenso sobre a necessidade de transformações significativas na estrutura da escola, na
2
Pensar a educação é pensá–la na totalidade em que está inserida e pensá–la como totalidade articulada de níveis e graus que só
nela, adquirem sentido e relevância. (BUSMANN, 1986).
41
reorganização dos tempos e espaços escolares, nas formas de ensinar e aprender, avaliar,
organizar e desenvolver o currículo, e nos modos de trabalhar o conhecimento, com o respeito
às singularidades do desenvolvimento humano.
3
Entende-se aqui currículo como uma produção histórica, social, seletiva, carregada de intenções, um elemento sistematizador da
educação escolarizada e fator central do processo de formação escolar de professores e educandos, como sujeitos críticos e ativos
frente às questões sociais do seu tempo.
4
Admitir que o objeto de conhecimento não é estático, mas dinâmico, processual, é só uma questão de aprofundar –se na reflexão.
Isso porque sendo uma leitura/interpretação da realidade em construção, é movimento, é provisório e está sujeito a alterações
permanentes.
42
• Os processos de construção de conhecimentos pelos educandos.
Assim, é recomendável que o professor trabalhe com o mesmo grupo de educandos por um
período de três anos, disponibilizando recursos pedagógicos, metodológicos e conhecimentos
que permitam a apropriação e compreensão dos conhecimentos científicos necessários e
adequados à formação dos educandos.
5
Refere-se à possibilidade que o estudante tem de, aos poucos, ampliar sua rede de significados, de tal forma que sua
aprendizagem a respeito de um determinado assunto seja cada vez mais compreensiva e significativa.
6
Consiste em retomar um conceito, acrescendo a ele novos elementos, novos contextos, com um grau de complexidade maior,
possibilitando ao educando que não aprendeu aprender.
7
Capacidade de vislumbrar e buscar diversificados caminhos para atingir objetivos previamente estabelecidos, ainda que este
ponto de chegada possa ser redefinido ao longo do caminho.
8
Transformar o conteúdo a ser aprendido em problemas significativos para os educandos, no processo de construção de
conhecimento.
9
Liberdade de escolhas para trilhar diferentes caminhos, utilizar diferentes estratégias, métodos, recursos que contribuam para o
processo de aprendizagem.
43
FUNDAMENTOS E MÉTODOS
“Para que seja o educando um questionador de seu meio e, com isso, um agente de
mudança, não pode a atividade conceitual divorciar-se da vida cotidiana. A inserção da
ciência na vida é o objetivo primeiro do ensino.”
(BONADIMAN; 1986)
Ampliando nosso olhar sobre o Ensino Fundamental de 9 anos, propomos alguns objetivos a
serem alcançados com a intenção de superar a visão dicotomizada de ensino, aprendizagem e
desenvolvimento.
Na área das Ciências da Natureza, o grande objetivo é oferecer aos educandos a oportunidade
de aprender Ciências, ampliar suas curiosidades, incentivá-los a levantar hipóteses e a
construir conhecimentos sobre os fenômenos químicos e físicos, sobre os seres vivos e sobre
a relação entre o homem e a natureza e entre o homem e a tecnologia. O ensino de Ciências
deve levar o educando a utilizar os conhecimentos aprendidos, a desenvolver atitudes para
uma transformação pessoal, favorecendo sua integração na sociedade, na natureza,
demonstrando conhecer e entender seu papel dentro do mundo dos seres vivos.
Na prática escolar tem existido, com freqüência, uma tendência em separar os conhecimentos
do desenvolvimento das capacidades e habilidades. Na verdade, o ensino une os dois
aspectos, pois a formação das capacidades e habilidades somente se efetiva em relação a
conhecimentos da disciplina, ao mesmo tempo em que a assimilação dos conhecimentos
requer o desenvolvimento dessas habilidades e capacidades. Por exemplo: o professor auxilia
os educandos a desenvolverem suas capacidades de observação não em si mesma, mas em
relação a fatos a serem observados e que fazem parte dos conhecimentos. Para isso, os
educandos precisam dispor de saberes, informações, procedimentos, ou seja, de
conhecimentos. (LIBÂNEO, 1994, p. 80)
10
Segundo BONADIMAN ET ALL (1986), buscar soluções é um componente fundamental da aprendizagem, que deve ser
incorporado pelos indivíduos e pelos grupos organizados, sejam estes ou não, vinculados a países tecnologicamente dependentes.
Ainda segundo o mesmo autor, crises sociais muito sérias contribuem para que pessoas e grupos tomem consciência de que só há
uma maneira de romper com a dependência: “buscar soluções próprias”. Enfatiza ainda que “Isso a gente aprende!"
44
A concepção do que seja conhecer, sua forma de produção11 e apreensão constitui o elemento
básico na relação entre o ensinar e o aprender e que, de certa forma, é determinante do modo
de organizar o ensino em sala de aula e da maneira de fazer com que os sujeitos interajam
com o objeto de conhecimento. O desdobramento desse processo tem um caráter intencional e
sistemático, em virtude do qual são requeridas as tarefas docentes de planejamento de
atividades de ensino-aprendizagem e avaliação. (LIBÂNEO, 1994, p.79).
A seleção e a clareza do que devemos ensinar, primeiro passo a ser dado para a construção
de uma aprendizagem significativa na escola (Leal 2003), exige, em cada etapa ou nível de
ensino, delimitar as expectativas de aprendizagem, das quais dependem tanto nossos critérios
de avaliação quanto o nível de exigência.
11
A compreensão de que o conteúdo tem uma história ligada ao desenvolvimento social vai trazer outra dimensão para a prática do
professor. Este precisa perceber as conexões de sua disciplina com outras disciplinas, pois poderá constatar que os problemas de
uma determinada época e de um certo povo não são resolvidos com conteúdos de física, química ou biologia de forma isolada,
mas pela interdependência e complementaridade de saberes.
12
“O conhecimento prévio é isoladamente a variável que mais influencia a aprendizagem. Em última análise só podemos aprender
a partir daquilo que já conhecemos." (AUSUBEL, 1963).
45
• dispor de um conjunto de saberes do domínio científico e tecnológico que
lhe permita compreender os fenômenos do mundo;
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
46
Proposições Curriculares, reproduzida a seguir:
É importante que essa abordagem (I, R, T e C) seja bem compreendida, pois é desejável que o
professor as utilize de forma dinâmica, contínua e permanente no decorrer do processo de
ensino e aprendizagem (a cada aula, período, ano, ciclo), considerando o grau de
aprofundamento e complexidade da capacidade a ser desenvolvida.
A avaliação adquire seu verdadeiro sentido quando aponta práticas pedagógicas que precisam
ser mudadas, aponta novos caminhos, possibilita a superação de problemas, abrindo
perspectivas educativas futuras. Os processos avaliativos precisam incluir tarefas
48
contextualizadas, contribuir para que os educandos desenvolvam capacidades e exigir
colaboração entre os pares. As informações extraídas da avaliação devem considerar as
aptidões dos educandos, conhecimentos anteriores, grau atual de domínio de capacidades e
tornar-se referência para a inclusão e o desenvolvimento dos educandos.
Por isso, a avaliação formativa tem um papel decisivo na melhoria da aprendizagem dos
educandos, diagnosticando avanços e entraves, para intervir, agir, problematizando,
interferindo e redefinindo os rumos e caminhos a serem percorridos. É desejável que a
avaliação ultrapasse os limites de um olhar centrado exclusivamente nos aspectos de
aprendizagem e inclua os processos de ensino15 a eles relacionados.
ESTRUTURA DA PROPOSTA
EIXOS
TEMÁTICOS
Vida e Ser Humano e Terra e Tecnologia e
para Ambiente Saúde Universo Sociedade
1°, 2° e 3°
Ciclos
Como proposto pelos PCN's, os eixos indicados, por serem os maiores e mais freqüentes
temas dos currículos brasileiros, possibilitam a integração dos vários campos de
conhecimentos que compõem a área de Ciências da Natureza no Ensino Fundamental (Física,
Química, Biologia, Geologia, Astronomia) e se apresentam como agregadores de vários
conhecimentos (fenômenos, conceitos, procedimentos, valores e atitudes), ampliando uma
visão compartilhada com as demais áreas de conhecimento.
15
Relembramos, aqui, que não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada
formação de professores. (NOVOA, 1992)
49
Tais capacidades incorporam os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais
desenvolvidos ao longo dos eixos temáticos, levando-se em conta os princípios específicos da
disciplina de Ciências (historicidade, inter-relação, intencionalidade, aplicabilidade,
provisoriedade); os conhecimentos prévios 16 dos educandos, a partir de contextos e temas
vinculados à sua vivência. Do mesmo modo, os conceitos estruturantes, quais sejam a relação
espaço-tempo, processos de transformação (regularidades, conservação/invariância), relações
de diversidade adaptação17 energia18 e outros, que perpassam pelos eixos, são importantes
para a compreensão das explicações dos fenômenos e dos processos das Ciências. E o mais
atraente e lucrativo é que esses conceitos e idéias podem ser aprofundados gradualmente,
retomados, se necessário, promovendo a aprendizagem dos educandos. Esses conceitos
contribuem para a construção do pensamento biológico, dando ao ensino de Ciências da
Natureza uma visão de dinamicidade, de movimento, de provisoriedade, abordados em
diversos momentos e níveis de profundidade.
A aplicabilidade das noções e dos conceitos científicos pelos educandos em seu cotidiano deve
considerar a relevância dos conhecimentos disciplinares envolvidos no processo de ensino e
de aprendizagem. Ao trabalhar, de forma crítica e reflexiva, por exemplo, os conhecimentos
referentes à diversidade de organismos, ao ecossistema, à higienização, à nutrição, às
doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros, o ensino de Ciências poderá fornecer
elementos para a compreensão de noções e conceitos científicos significativos. Com isso, os
educandos poderão utilizar esses conhecimentos no cotidiano, adequando-os às suas
necessidades e aos seus interesses, não ficando vulneráveis ao poder da mídia e dos
interesses econômicos e políticos, para compreender a relação ciência, tecnologia e sociedade
e, assim, interagirem de maneira responsável no meio em que vivem.
16
Significa conhecer o que o educando já sabe sobre determinado conceito que certamente contribuirá para a formação de novos
significados.
17
Diversidade: nos diversos ambientes da Terra, encontram-se uma enorme diversidade de materiais (sólidos, líquidos e gasosos,
com uma diversidade de cores, formas e texturas) e de seres vivos. Pode-se distinguir cada tipo de planta e cada tipo de animal,
pois eles apresentam características particulares. São essas características que determinam o modo de vida de cada tipo de
indivíduo e que permitem que ele sobreviva e reproduza em um ambiente particular (adaptação).
18
Energia: é importante saber que a energia não pode ser criada, que toda energia obtida é resultado da transformação de outras
formas de energia. O carvão e o petróleo, as quedas d'água, o sol são fontes de energia utilizadas para cozinhar, aquecer, mover
máquinas. Assim, a energia pode ser proveniente de várias fontes e se manifesta de várias formas diferentes. Por serem finitos, a
conservação e o uso eficiente dos recursos e das reservas são fundamentais.
50
Esse tipo de organização curricular proposto atende, assim, ao critério de seleção de
conhecimentos disciplinares que preconiza a formação de uma visão de mundo integrada por
elementos inter-relacionados. Por sua natureza flexível, essa organização não exclui os demais
critérios, ao considerar os conhecimentos mais relevantes do ponto de vista social, cultural e
científico, para o estudo e a investigação das relações entre a natureza, o ser humano e a
tecnologia presentes em seu cotidiano e/ou realidade vivenciada.
Nesse contexto, apresentamos o que cada eixo pressupõe, associado às capacidades gerais
que subsidiam a organização do ensino de Ciências da Natureza neste nível de ensino.
1. VIDA E AMBIENTE
Este eixo tem como objetivo principal fornecer o conceito biológico de ambiente: “conjunto de
seres vivos, fatores biofísicoquímicos, fenômenos naturais e inter-relações que envolvem cada
indivíduo.”
A educação ambiental é, sem dúvida, um dos meios mais indicados para se resgatar valores
que incluem o respeito pela diversidade cultural e biológica, fundamentais para a conservação
e para um convívio harmônico entre diferentes culturas e entre essas e a natureza. O
conhecimento e a valorização da diversidade biológica como um bem a ser respeitado e
preservado podem contribuir para que se busquem atitudes e interações harmônicas com a
natureza e o ambiente, bem como desenvolver a tolerância à diversidade entre os seres
humanos, condição para se apreciar a pluralidade cultural. Saber que os recursos da Terra são
finitos 19 proporciona uma relação entre homem e natureza diferente daquela em que
acreditamos que a Terra é única, infinita e que tudo nela já está determinado. A aceitação, sem
questionamento, do modelo de desenvolvimento com base no consumo sem limites tem levado
o ser humano a adotar atitudes que acabam resultando em diferenças sociais crescentes, em
perdas culturais e biológicas irreparáveis.
No Brasil, a gravidade dessas perdas é compatível à sua riqueza. Como um dos países líderes
em biodiversidade no mundo, a responsabilidade do Brasil em proteger tal riqueza é enorme e
a educação ambiental é fundamental nesse processo.
O eixo temático visa, assim, promover a compreensão do ambiente como o conjunto das
19
Por serem finitos, a conservação e o uso eficiente dos recursos e reservas naturais se fazem necessários. A capacidade vital do
planeta, dos recursos e ecossistemas deve ser problematizada. Termos como sustentabilidade, equilíbrio, renovável, preservar,
conservar, prevenção devem ser a base da educação ambiental.
51
interações entre os diversos componentes, paralelamente à valorização de sua diversidade e
da capacidade de adaptação dos seres vivos. A meta é que os educandos sejam capazes de
diagnosticar as relações do ser humano com o seu meio, que resultam na transformação dos
ambientes. A proposta é que os educandos estudem características de diversos ambientes e
seu equilíbrio dinâmico, em atividades não meramente teóricas. Esses estudos não dispensam
a investigação dos ambientes próximos representativos do lugar onde vivem os educandos e
onde se situa a escola. Em ambiente urbano pode-se estudar, por exemplo, um riacho ou
córrego do bairro, cujo histórico de cinco, dez ou vinte anos pode ser levantado; como era
antes de ter-se tornado despejo de efluentes industriais ou esgoto a céu aberto, que tipo de
intervenção o degradou? Que intervenções seriam capazes de recuperá-lo ou revitalizá-lo, e
em que prazo isso poderia ocorrer. Tanto mais eficaz será tal tipo de discussão, quanto mais
se estimular a capacidade dos educandos de intervir, protestar, planejar e responsabilizar a si e
aos outros (comunidade, poderes públicos) pela situação diagnosticada. PCN-MEC 2002
Um conhecimento maior sobre a vida e sobre sua condição singular na natureza permite ao
educando perceber a vida humana, seu próprio corpo como um todo dinâmico20, que interage
com o meio em sentido amplo, pois tanto a herança biológica quanto as condições culturais,
sociais e afetivas refletem-se no corpo. Nessa perspectiva, a área de Ciências Naturais pode
contribuir para a percepção da integridade pessoal e para a formação da auto-estima, da
postura de respeito ao próprio corpo e ao dos outros. Contribui também para o entendimento
da saúde como um valor pessoal e social, e para a compreensão da sexualidade humana sem
preconceitos, bem como para o posicionamento acerca de questões polêmicas, como
desmatamentos, acúmulo de poluentes, manipulação gênica e outros.
20
Torna–se fundamental uma visão totalizante dos fenômenos, por meio das múltiplas relações que envolvem o campo dessa
ciência.
52
3. TERRA E UNIVERSO
“Este eixo propõe estudos que permitam ao educando reconhecer a Terra como
componente do sistema solar e compreender as interações desse planeta com o
sistema. Para tanto, o professor desenvolve estudos sobre matéria, energia, e vida na
Terra. Os temas relacionados à origem do universo, da vida e à evolução dos seres
vivos e do ser humano em particular são bastante apropriados, pois os educandos já
detêm a idéia da Terra como planeta. É recomendável a pesquisa de diferentes visões
de mundo e explicações sobre as origens da Terra (religiosas, míticas ou espontâneas)
21
comparadas com modelos científicos hegemônicos em diferentes etapas da história
das Ciências (modelos geocêntricos anteriores a Copérnico, e modelo heliocêntrico a
partir de Copérnico). Esses aspectos podem ser desenvolvidos juntamente com a
22
origem e a evolução do universo, e com a origem e a evolução da vida. Os educandos
podem ser convidados a verificar e comparar essas diferentes visões entre seus colegas
e familiares, analisando razões e contradições, observações experimentais e valores
humanos envolvidos.” (BRASIL, 2002)
4. TECNOLOGIA E SOCIEDADE
As questões éticas, os valores e as atitudes são conteúdos fundamentais para o estudo deste
21
O objetivo central da ciência é propor explicações para os fenômenos naturais; a forma tomada por essas explicações é a de
uma estória ou modelo mental que dá um significado ao pensamento sobre o que acontece, considerando as coisas que
observamos e imaginando como as coisas mudariam em novas situações. (MILLAR 1996)
22
A interação dos seres vivos com o seu meio deve ser o ponto de partida para toda teoria dos seres vivos. Eles se modificam
expressando as transformações dos meios em que se integram ao mesmo tempo em que transformam o meio em que vivem.
Portanto, o desenvolvimento de um dado fenômeno, não é independente de outros. Eles se constituem numa trama de relações.
(CUNHA,1986)
53
eixo. A origem e o destino social dos recursos tecnológicos, seu uso diferenciado nas
diferentes camadas das populações, as conseqüências para a saúde pessoal e ambiental, e as
vantagens e desvantagens sociais do emprego de determinadas tecnologias são alguns dos
aspectos a serem considerados.
“O conhecimento das formas pelas quais o ser humano realiza as transformações dos
recursos naturais (como, por exemplo, a utilização de ferramentas e insumos entre
outros) e como as sociedades estão relacionadas com essas formas é meta desse eixo
temático. Podem integrá-lo assuntos que levem os educandos a valorizar a preservação
dos recursos naturais por meio de tecnologias adequadas e a adotar uma postura
analítica e crítica diante dos benefícios e prejuízos das tecnologias. Também podem ser
desenvolvidos temas ligados à valorização das aquisições culturais da humanidade.
Recomenda-se ainda uma discussão mais ampla das questões energéticas e
tecnológicas, incluindo nelas as relações com o mercado de trabalho e as oportunidades
profissionais. Esses estudos (e outros que o professor julgue convenientes) deverão
proporcionar ao educando a compreensão básica sobre conceitos da química e da
física, de modo contextualizado – conceitos propriedades dos materiais e das
substâncias (solubilidade, condutibilidade de calor ou de eletricidade, etc.), categorias
de substâncias (metais e não metais, ácidos e não ácidos) e transformações (reações
químicas, separação de mistura, mudanças de estado físico, etc.).” (BRASIL, 2002)
54
CAPACIDADES GERAIS
“Se nos detemos para analisar o que está acontecendo, para tirar o véu que cobre
nosso entendimento sobre nossas próprias vidas, percebemos que estamos vivendo um
processo de mudança estrutural da sociedade, ocasionado pela globalização da
economia; o impacto tecnológico das tecnologias de informação e comunicação; uma
mudança cultural.”
23
Em cada escola cabe ao professor analisar com seus pares, considerando os objetivos propostos, a pertinência de utilizar essas
sugestões de capacidades na composição dos temas de trabalho. Além disso, poderá trabalhar capacidades que, se ausentes
nesta proposta, lhe pareçam mais adequadas à sua realidade.
55
CAPACIDADES GERAIS 1°CICLO 2°CICLO 3°CICLO
- Reconhecer a constituição, os processos de
transformação e circulação de materiais na biosfera:
ciclos biogeoquímicos, nutrientes, relações alimentares, I/T/C R/T/C R/T/C
interações nos ecossistemas, sucessão ecológica,
intervenção humana e sustentabilidade dos ecossistemas.
- Aplicar em situações diversas conceitos científicos
básicos, associados a energia, matéria e transformação, I/T/C R/T/C R/T/C
espaço, tempo, sistema e equilíbrio.
- Reconhecer no corpo as transformações que ocorrem
durante o crescimento e desenvolvimento, condições de
manutenção da saúde; medidas de prevenção de I/T/C R/T/C R/T/C
doenças, fatores de risco, melhoria da qualidade de vida
individual e coletiva.
• Relacionar fatores de ordem psicossocial, cultural e
econômica (oferta, acesso e consumo) com a expansão
do consumo de drogas na sociedade contemporânea, I/T/C R/T/C R/T/C
com aplicação dos critérios legais, visando à saúde
pública
- Compreender o corpo humano e sua saúde como um
todo integrado por dimensões biológicas, afetivas e I/T/C R/T/C R/T/C
sociais.
- Relacionar o mecanismo de transmissão das
características hereditárias e a influência do ambiente na
diversidade de seres vivos, seus modos de vida, suas I/T/C R/T/C R/T/C
adaptações e suas condições de sobrevivência no
planeta.
- Relacionar a ampla diversidade sociocultural brasileira à
diversidade de povos e grupos humanos que constituem a
população brasileira, associando-os ao processo de I/T/C R/T/C R/T/C
miscigenação da população em questão.
56
CAPACIDADES GERAIS 1°CICLO 2°CICLO 3°CICLO
- Caracterizar os movimentos visíveis de corpos celestes
no horizonte e seu papel na orientação espaço-temporal I/T/C R/T/C R/T/C
hoje e no passado da humanidade.
- Compreender como as teorias geocêntricas e
heliocêntricas explicam os movimentos dos corpos
celestes, relacionando esses movimentos a dados de I/T/C R/T/C R/T/C
observação e à importância histórica dessas diferentes
visões.
Nesse sentido,
57
Eixo 1° ano 2°ano 3° ano
Temas Capacidades a serem desenvolvida
Temático I /T/C R/T/C R/T/C
A Interpretar situações de equilíbrio e
1-Vida e Natureza desequilíbrio ambiental, relacionando
ambiente em ação informações sobre a interferência do
ser humano e a dinâmica das cadeias I/T/C R/T/C R/T/C
alimentares.
58
Identificar fenômenos de escoamento
da água, erosão, filtragem, falta de
drenagem, e fertilidade dos solos, nos
ambientes urbano e rural. I/T/C R/T/C R/T/C
59
Identificar a produção de lixo como um
grande problema que ameaça a vida na
Terra, que atrai animais que I/T/C R/T/C R/T/C
transmitem doenças, polui o solo, a
água, o ar.
60
Eixo Capacidades a serem 1°ano 2°ano 3° ano
Temas
Temático desenvolvidas
I /T/C R/T/C R/T/C
2-Ser Bem- Avaliar a saúde como bem-estar
Humano estar físico, psíquico e social do indivíduo,
e Saúde físico e e não apenas como ausência de I/T/C R/T/C R/T/C
social doenças.
Compreender que a saúde é
produzida nas relações com o meio
físico, econômico e sociocultural,
I/T/C R/T/C R/T/C
identificando fatores de risco à saúde
pessoal e coletiva presentes no meio
em que vive.
Conhecer e utilizar formas de
intervenção sobre os fatores
desfavoráveis à saúde presentes na
I/T/C R/T/C R/T/C
realidade em que vive, agindo com
responsabilidade em relação à sua
saúde e à saúde coletiva.
Conhecer os recursos da comunidade
voltados para a promoção, proteção e
I/T/C R/T/C R/T/C
recuperação da saúde, em especial
os serviços de saúde.
Localizar órgãos e sistemas do corpo
humano em representações I/T/C R/T/C R/T/C
figurativas.
Reconhecer o processo de
alimentação como forma de obtenção
de nutrientes (materiais e energia) I/T/C R/T/C R/T/C
para o funcionamento e crescimento
do corpo.
Interpretar a nutrição com os
processos de quebra dos alimentos,
absorção e transporte de nutrientes I/T/C R/T/C R/T/C
pelo sangue a todas as partes do
corpo.
Avaliar prejuízos à saúde decorrentes
do consumo excessivo de gorduras e I/T/C R/T/C R/T/C
açúcares.
Associar os sentidos às percepções
de aspectos específicos do meio I/T/C R/T/C R/T/C
ambiente.
Compreender a pele como sistema
de revestimento e proteção das I/T/C R/T/C R/T/C
partes internas do corpo.
61
Associar a realização dos
movimentos com a atividade de
músculos, ossos e nervos. I/T/C R/T/C R/T/C
62
Eixo
Temas Capacidades a serem desenvolvidas 1° ano 2°an o 3° ano
Temático
3-Terra e A Terra e Identificar o sol, os planetas e seus
Universo seu lugar satélites como constituintes do Sistema I/T/C R/T/C R/T/C
no Solar.
Universo
Identificar os dois movimentos
simultâneos realizados pela Terra: I/T/C R/T/C R/T/C
rotação e translação.
Relacionar o ciclo do dia e da noite
com o movimento de rotação completa I/T/C R/T/C R/T/C
da Terra em torno de si mesma.
Identificar estrelas, planetas, satélites I/T/C R/T/C R/T/C
naturais e artificiais.
Relacionar os períodos de translação
dos planetas com suas distâncias do
sol, compreendendo que planetas mais I/T/C R/T/C R/T/C
distantes possuem período de
translação maior.
Reconhecer o Sol como estrela de
tamanho médio localizada na periferia I/T/C R/T/C R/T/C
de uma galáxia chamada Via Láctea.
Relacionar os movimentos da Terra R/T/C R/T/C
com calendário e estações do ano. I/T/C
Relacionar conhecimentos
astronômicos e calendários de povos
antigos e de outras culturas com suas
I/T/C R/T/C R/T/C
aplicações em diferentes atividades
humanas (navegação, agricultura, etc.),
a partir de informações oferecidas.
Reconhecer o eclipse lunar como
resultado da projeção da sombra da R/T/C R/T/C
I/T/C
Terra sobre a lua cheia, estando a
Terra entre o sol e a lua.
Reconhecer o eclipse solar como
resultado da ocultação total ou parcial
I/T/C R/T/C R/T/C
do sol pela lua, estando a lua entre a
Terra e o sol.
63
Eixo Capacidades a serem 1° ano 2°ano 3° ano
Temas
Temático desenvolvidas
I /T/C R/T/C R/T/C
4-Tecnologia Matéria, Relacionar plantas medicinais à
e Sociedade energia e produção de medicamentos. I/T/C R/T/C R/T/C
recursos
naturais Relacionar saneamento básico à I/T/C R/T/C R/T/C
qualidade de vida da população.
Relacionar algumas atividades
humanas (iluminação pública,
telecomunicação, uso de
I/T/C R/T/C R/T/C
eletrodoméstico, indústrias,
informática) com a utilização de
diferentes formas de energia.
Relacionar as campanhas de
vacinação pública com medidas I/T/C R/T/C R/T/C
preventivas de doenças.
Relacionar o uso de soros com
medidas curativas de acidentes I/T/C R/T/C R/T/C
(antiofídico, antiescorpiônico).
Identificar os principais instrumentos
de observação astronômica
(telescópios, lunetas, satélites ou I/T/C R/T/C R/T/C
sondas) aos tipos de informação ou
dados coletados com seu uso.
Reconhecer o termômetro como um
instrumento utilizado para se
I/T/C R/T/C R/T/C
determinar a temperatura de
objetos, corpos ou ambientes.
Reconhecer que um ímã atrai ou
repele outros ímãs e atrai pedaços I/T/C R/T/C R/T/C
de ferro.
Distinguir objetos luminosos ou I/T/C R/T/C R/T/C
iluminados.
Classificar materiais em miscíveis ou
não em água, em situações do
I/T/C R/T/C R/T/C
cotidiano, experimentais ou da
natureza.
Entender que os recursos naturais
são limitados. Por isso não se pode I/T/C R/T/C R/T/C
explorá-los de forma desordenada.
64
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66
UFMG. Faculdade de Educação. Grupo de Avaliação e medidas Educacionais-SIMAVE. Avaliação
Continuada 2001-2002. Ciências 4° série. Rezende, Vieira Melgaço C. L., Ramos P. M. L. e Silva S. P.
(colaboradora)
67
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
Pensar a presença da Educação Física, como um dos conhecimentos curriculares, no 2º ciclo das
escolas da Rede Municipal de Belo Horizonte é o grande desafio deste texto introdutório. É
possível construir uma proposição curricular de Educação Física para o 2º ciclo da RME-BH,
tendo como diálogo permanente a especificidade da Educação Física e os princípios
estabelecidos pela Escola Plural?
Segundo o caderno dos Referenciais Curriculares da Educação Básica na Escola Plural (2003), o
2º ciclo caracteriza-se como pré-adolescência e tem como questão fundamental a busca pela
identidade, pelo auto-conhecimento. Nesta fase, os meninos e meninas estão vivenciando
grandes mudanças, não só físicas, mas também sociais e culturais. As transformações em seus
corpos vêm acompanhadas de dúvidas, medos, vergonha, mas, também, de uma ansiedade e até
mesmo “necessidade” de descobrir o “novo”: novos sentimentos, novos formas de se relacionar
com o outro, novas experiências e interações com o mundo que os cercam. Os laços de amizade
começam a crescer e a constituição dos grupos favorece o sentimento de autonomia em relação
ao adulto.
Para Wallon1, o desenvolvimento humano tem bases orgânicas, sociais e culturais. Ou seja, é por
meio das interações sociais – com os outros, com os objetos e com os espaços – que o ser
humano vai se apropriando dos sistemas simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu grupo.
Esta apropriação dos signos/códigos sociais chama-se socialização. Portanto, assim como a
alfabetização, o processo de socialização é contínuo, estando presente em toda a vida do sujeito
– dentro e fora da escola. No entanto, é preciso estar atento para algumas características próprias
desse sujeito que faz parte deste ciclo de formação. Por exemplo, segundo os estudos de Galvão
(1999) sobre a concepção de Wallon, é nesta fase que o sujeito começa a representar as coisas e
buscar explicação para o real, favorecendo a constituição de categorias mentais. A função
1
Em estudo realizado pela autora Isabel GALVÃO. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.
68
categorial marca o momento em que se torna possível ir do o conhecimento puramente empírico
para um conhecimento racional das coisas. A formação de categorias gerais abstratas permite
que os acontecimentos e as circunstâncias sejam percebidos como independentes dos objetos,
podendo ser recombinados a outros objetos. Neste momento, começa o desenvolvimento da
capacidade de realizar suas próprias interpretações dos fatos, fenômenos, acontecimentos,
favorecendo a autonomia.
Quando a Escola Plural estabelece os ciclos de formação como estruturantes do seu projeto, ela
atribui centralidade aos sujeitos no processo educativo. Portanto, é preciso conhecer os
educandos do 2º ciclo, suas diferenças, suas necessidades e interesses. Algumas referências,
como a citada acima, podem ajudar nessa descoberta. Mas é o próprio professor, com suas
observações e conversas com a turma, que poderá traçar os caminhos na construção dos
conhecimentos.
A Educação Física, como uma disciplina escolar, também deve considerar, em seu processo de
ensino e aprendizagem, as especificidades que caracterizam este ciclo de formação.
Considerando a questão principal deste ciclo, que é a construção da identidade e da autonomia,
qual é o lugar da Educação Física? O que ela tem a ensinar e que favorece esta construção?
A Educação Física tem o movimento como seu principal modo de discurso para a expressão dos
códigos/signos sociais. Historicamente, diante de muitas situações sociais, homens e mulheres,
crianças e adultos, produziram saberes que significaram os movimentos, transformando-os em
práticas sociais e culturais, sistematizadas e organizadas. Estes saberes podem ser reunidos em
cinco grandes blocos de conhecimentos: os jogos, brinquedos e brincadeiras, as danças, os
esportes, as ginásticas e as lutas.
Como uma disciplina escolar, a Educação Física possui conhecimentos culturais específicos que
devem ser ensinados, aprendidos, vivenciados e transformados por professores e educando, num
processo de construção dialética do conhecimento. Esse processo de construção dos
conhecimentos específicos da Educação Física acontece a partir da linguagem, 2 tomando como
2
Fundamentando esta discussão na Filosofia da Linguagem proposta por Mikhail Bakhtin (2006), a linguagem é constituída pelos signos,
ou seja, qualquer objeto físico ou corpo físico, que faz parte da realidade material, possui um significado capaz de explicá-lo, de torná-lo
69
ponto de partida os temas/conhecimentos que representam os signos sociais que vêm, histórica e
culturalmente, atribuindo significado ao movimento humano.
A construção de uma proposta pedagógica para a Educação Física deve partir de alguns
princípios que orientam o trabalho, influenciando todas as escolhas – em relação ao que se
ensina, por que e como se ensina.
Socialização
compreensível entre as pessoas de uma comunidade, sendo o meio de sua comunicação. O autor explica que os signos só emergem do
processo de interação entre indivíduos que estejam socialmente organizados, que formem um grupo, uma unidade social.
70
expressões e apropriações dos signos/códigos sociais. Isso acontece em diferentes situações
sociais, seja na aula de Educação Física ou em outros tempos e espaços – dentro e fora da
escola. A Educação Física pode contribuir para o processo de socialização dos educandos.
Porém, não cabe a ela a exclusividade de promover a socialização dos mesmos. A escola
explicita, no seu projeto político-pedagógico, as intencionalidades formativas que orientarão as
práticas escolares a serem desenvolvidas naquele contexto. Projetar a formação de pessoas
implica, necessariamente, selecionar determinados valores e atitudes que a comunidade escolar –
professores e funcionários, educandos, pais – acredita que sejam importantes de serem
vivenciados cotidianamente na escola.
Queremos que os educandos sejam mais colaborativos, mais solidários, mais companheiros,
críticos, participativos, capazes de fazer escolhas e se responsabilizar por elas. Estes e muitos
outros valores fazem parte do nosso horizonte educacional. Desejamos que nossos educandos,
conosco, aprendam diversos elementos do fazer e do saber sobre o fazer relacionados às
práticas corporais de movimento ao mesmo tempo em que reconhecemos a necessidade de que a
escola se configure, também, como espaço para a aprendizagem de valores e normas sociais.
INCLUSÃO
O cotidiano das aulas de Educação Física nos oferece considerável material para reconhecer o
lugar de diferentes possibilidades da existência humana: ser homem ou mulher; ser branco ou
negro; ser rico ou pobre; ser alto ou baixo; ser habilidoso ou não; ser forte ou fraco, dentre tantas
maneiras de sermos humanos. Portanto, para pensar a inclusão, como princípio que estrutura as
aulas, é preciso construir práticas significativas preocupadas em rever aquelas práticas
“segregacionistas, o que implica questionar concepções e valores, abandonando modelos que
discriminem pessoas com deficiência ou qualquer aluno e, finalmente, invalidar soluções
paliativas”. (FIGUEIREDO, 2002, p. 68).
A maneira como lidamos – professores e estudantes – com cada uma destas formas de sermos,
de reconhecermos nossas humanidades, se manifesta nas aulas de Educação Física. A partir
desses diferentes entendimentos, ocupamos e fazemos com que os outros ocupem lugares
diferentes nas aulas. Na ausência de um olhar atento do professor, aquele estudante que não é
possuidor de boas habilidades técnicas ocupa, no jogo de futebol, um lugar destinado àqueles
71
“pernas-de-pau”: o gol. E, no caso das meninas, seu lugar é na arquibancada. Numa estafeta
qualquer, a criança mais lenta fica por último, enquanto os primeiros, mais velozes, ganham
distâncias importantes para que a equipe ganhe, apesar da lentidão do outro.
A inclusão como princípio orientador para nossas aulas nos envolve em um duplo desafio. Por um
lado, reconhecer e respeitar o que faz uma pessoa ser diferente de todas as demais e, por outro
lado, preservar o fato “de que todas as pessoas são iguais no que se refere ao valor máximo da
existência: a humanidade do homem” (MARQUES E MARQUES, 2003, p. 233). Ao tratar das
questões referentes à inclusão, estes autores chamam a atenção para a questão de que “a
diferença não deveria se constituir num critério de hierarquização da qualidade humana”.
Ao propor a vivência das práticas corporais nas aulas de Educação Física, é necessário
reconhecer que estas são experimentadas de maneiras diferentes por diferentes crianças, jovens
ou adultos. Fazer ginástica, caminhar, jogar futebol, dentre outras tantas práticas corporais, são
orientadas por sentidos diferentes e experimentadas a partir das diversas realidades e
possibilidades. Um cadeirante também “caminha”, desloca-se num tempo e num espaço, assim
como aquele que o faz utilizando suas pernas. São experiências vivenciadas, corporalmente, de
maneira diferente. Movimentar-se com as pernas, ser homem ou mulher, ser branco ou negro, ter
ou não mais habilidade que o outro (palavra significativa neste contexto) não nos coloca num
lugar de superioridade; apenas de diferença em relação a uma outra experiência.
A inclusão nos permite reconhecer o outro no que ele tem de humano. A interação com o outro
(seja ele o colega, o professor) é uma convivência com o diferente, com diferentes
capacidades/habilidades. Esta convivência favorece a experimentação de outros movimentos,
outras formas de interação com os espaços, com os objetos e com o grupo.
Ludicidade
Como ressalta Debortoli (1999), expressar plenamente significa buscar a linguagem em sua plena
forma emancipadora, tornando fundamental a descoberta de diferentes formas de se comunicar,
de se expressar, de ser e viver. Estas formas vão além do recurso da leitura, da fala e da escrita.
A ludicidade é uma forma de linguagem, pois permite que a criança exteriorize o seu pensamento
de várias maneiras, que se comunique com os outros, com os objetos, em diferentes tempos e
espaços. Brincando a criança se movimenta, fala, desenha, sorri, chora, grita, utilizando diferentes
modos de discurso para expressar o que sente e pensa.
É necessário destacar, neste momento, a diferença entre brincadeira enquanto um princípio (ou
seja, a ludicidade) e as brincadeiras como conteúdo cultural das aulas de Educação Física.
72
Os jogos e brincadeiras correspondem a um dos blocos de conhecimentos da Educação Física e
representam conhecimentos históricos e culturais, vivenciados em diferentes comunidades, em
diferentes épocas. Exemplos: corre-cutia, pique-cola, esconde-esconde, amarelinha, queimada,
etc. Contudo, considerar a brincadeira como um princípio norteador significa que,
independentemente do conhecimento a ser trabalhado, as aulas devem possibilitar a expressão
plena do pré-adolescente, ou seja, a descoberta do conhecimento pela diversão, pelas diferentes
experiências de movimento que pode realizar em busca da autonomia e da criatividade.
Após a discussão sobre os princípios que devem orientar a construção de um projeto político-
pedagógico para a Educação Física na escola, chegou o momento de discutirmos as concepções
que ajudarão a estruturar o projeto. Ou seja, as questões são: o que é Educação Física? O que
ela ensina? Por que ensina? Como, então, ensinar Educação Física na escola? Buscar repostas
para essas perguntas significa pensar como a Educação Física vem se constituindo como um
componente curricular na Educação Básica.
Observamos que a Educação Física, em sua construção histórica, foi levada para a escola para
servir a interesses sociais e políticos, ou seja, era instrumento para a aprendizagem da
disciplina, da higiene e formação de uma sociedade moral, cívica e controlada. Posteriormente,
ela continuou servindo a outros interesses, seja o da “promoção da saúde” ou “treinamento e
seleção de atletas”. Segundo Marcílio Souza Júnior (2001), estes ideais vinculados à Educação
Física tinham relação exclusiva com uma “educação do corpo” (ensino do fazer) e assumem um
sentido polêmico quando se imagina que esse entendimento de Educação Física a exime de uma
educação dita intelectual (ensino do saber). Neste sentido, a Educação Física assume a função de
desenvolver e aprimorar o físico.
Podemos notar que estas idéias, concepções e justificativas para a presença da Educação Física
na escola ainda se fazem presentes no cotidiano escolar. Para Souza Júnior (2001), ainda
reconhecemos, nas formas atuais de abordar/tratar os conhecimentos disciplinares na prática
pedagógica da Educação Física escolar, o “mero” fazer, executar, agir e praticar, como se estes,
73
em algum momento, pudessem ser destituídos do saber, do conhecer, do pensar, do refletir, e
vice-versa.
É ainda mais complicado quando, buscando justificar sua importância e saberes, a Educação
Física escolar se apóia nos conhecimentos de outras disciplinas escolares, por exemplo, ao
realizar jogos buscando ajudar na aprendizagem de conhecimentos matemáticos; ou realizar
atividades que desenvolvam a coordenação motora para ajudar na aprendizagem da escrita, etc.
Observamos também que a justificativa para a presença da Educação Física na escola, ainda
hoje, é atribuída à diminuição dos comportamentos agressivos na escola e também, em
contrapartida, à resolução dos problemas de timidez. Ou seja, o ideal de controle e
disciplinarização dos corpos ainda se faz presente.
Em toda a sua construção histórica e social, a Educação Física foi “instrumentalizada” (servindo
de instrumento, de “muleta”, para outras aprendizagens, para aquisição de comportamentos
adequados, para aprendizagem dos saberes de outras disciplinas da escola). Mas a pergunta que
fazemos é: a Educação Física não tem o que ensinar “por si mesma”? Qual é a verdadeira
importância de sua presença no currículo escolar?
Pensar na Educação Física como componente curricular é pensar que ela possui uma
especificidade de conhecimentos a serem ensinados e aprendidos na escola, mas não é só isso.
Segundo Souza Júnior (2001), a especificidade de conhecimentos implica uma seleção dos
mesmos que, organizados e sistematizados, devem proporcionar ao estudante uma reflexão
acerca de uma dimensão da cultura e que, aliada a outros elementos dessa organização
curricular, visa a contribuir com sua formação cultural.
Em seu texto “Educação Física: Conhecimento e Especificidade”, Valter Bracht (1997) se pergunta
sobre qual seria o objeto da Educação Física. Sendo assim, o autor explicita três possibilidades:
a) atividade física esportiva; b) movimento humano; c) cultura corporal de movimento. Bracht
defende ao longo do texto a terceira possibilidade.
A segunda possibilidde passa a considerar o movimento humano como objeto graças à absorção
74
do discurso da aprendizagem motora, do desenvolvimento motor e da psicomotricidade. Destaca-
se, a partir desta perspectiva, a importância do movimento para o desenvolvimento integral da
criança, e este é o papel atribuído à Educação Física. Fala-se de repercussões do movimento
sobre a cognição e a afetividade, demonstrando a existência de um caráter compensatório: “a
Educação Física como possibilidade de ajudar no desenvolvimento de outras disciplinas na
escola”. Também desconsidera os aspectos históricos e sociais.
A partir da problematização destes dois primeiros objetos é que surge uma nova perspectiva para
a Educação Física, que seria a cultura corporal de movimento. Nesta perspectiva, o movimentar-
se é entendido como uma forma de comunicação com o mundo, como uma forma de linguagem.
Segundo Bracht, o que qualifica o movimento como humano é o sentido/significado do mover-se e
este sentido/significado é mediado simbolicamente no plano da cultura. Então, a Educação Física
deve permitir à criança o acesso a diferentes experiências de movimento. Estas diferentes
experiências ganharam sentido e significado ao longo da história cultural e tornaram-se saberes
organizados e sistematizados.
Buscando algumas orientações para essas questões, recorremos novamente a Valter Bracht
(1997), pois ele indica três formas de abordar os conhecimentos e temas específicos da Educação
Física que devem estar presentes em todas as aulas, buscando atribuir sentido e significado ao
movimento humano. Assim, para ele, a organização, a construção e reconstrução dos
conhecimentos específicos da Educação Física deverão abarcar três momentos essenciais:
2) o saber fazer – vivência por meio de experiências de movimentos que signifiquem aquele
determinado conhecimento/saber a ser aprendido e ressignificado durante a aula; ]
3) a reflexão sobre esse saber e saber fazer – ênfase nos aspectos que significam e já
75
significaram historicamente aquele determinado conhecimento/saber. Reflexão sobre as
transformações e reconstruções que este “saber” e “saber fazer” vêm ganhando ao longo da
história e sobre as influências culturais nessas mudanças.
É importante salientar que esta proposta do autor não corresponde a uma divisão por etapas e
sim a um processo de significação da aprendizagem. Os três momentos explicitados acima
poderão ocorrer simultaneamente. O que se torna imprescindível é a atenção para que estes
momentos aconteçam durante a aula.
Além disso, o ensino da Educação Física deve se inserir no projeto de formação mais amplo da
escola. Bracht observa que:
Segundo Lúcia Helena Alvarez Leite (1994), há uma tendência no pensamento pedagógico em
colocar como questões opostas a participação dos educandos e a apropriação dos conhecimentos
disciplinares. No entanto, tal oposição não tem sentido, pois os conhecimentos escolares não
surgem do acaso, eles são fruto da interação dos grupos sociais com sua realidade cultural.
Sendo assim, os projetos de ensino são a possibilidade de resolver questões relevantes para o
grupo; o educando irá se defrontar com os conhecimentos das diversas disciplinas e poderá
compreender e intervir em sua realidade. A autora propõe a relação ciência/cultura/realidade,
em que os conhecimentos específicos de cada disciplina deixam de ter um fim em si mesmos e
passam a ser meios para ampliar a formação dos educandos e sua interação na realidade de
forma crítica e dinâmica.
No caso da escolha pelo trabalho com projetos, a dúvida mais freqüente é: como escolher o
tema do projeto e os conhecimentos disciplinares a serem construídos durante seu
76
desenvolvimento? O tema para um projeto pode surgir da observação do professor em relação a
uma demanda da turma ou a partir de circunstâncias vividas nos diferentes contextos (visita ao
museu, teatro, cinema, circo, excursões diversas ou outras práticas observadas durante o recreio
ou em outros tempos e espaços, dentro e fora da escola). A escolha do tema também pode partir
de projetos realizados com outras turmas e/ou professores ou, até mesmo, de algum projeto
desenvolvido anteriormente. Um fato interessante relatado por alguém do grupo, seja ele o
professor ou o estudante, também pode se transformar em tema para um projeto. O importante é
que cada tema de projeto seja apresentado para o grupo com uma argumentação, que dará a
base para a seleção do mesmo.
Sendo trabalhada ou não na perspectiva de projetos, o mais importante é que, em cada aula, o
professor/professora esteja atento para que os três momentos propostos anteriormente – o saber,
o saber fazer e a reflexão sobre o saber e saber fazer – estejam presentes.
Em busca de uma melhor compreensão para essa tarefa de ‘planejar’, resolvemos descrever o
planejamento de um projeto, apenas como um exemplo. Dentro deste planejamento, uma aula
também será exemplificada, buscando clarear nossa proposta. Enfatizamos que este momento
significa uma tentativa de esclarecimento, não corresponde a uma “receita” de aula ou de “modos
de fazer” um projeto. É preciso que o professor conheça seus educandos, observe o que eles já
fazem e sabem, conheça seu espaço e suas disponibilidades materiais, conheça o contexto social
e cultural em que estão inseridos, sendo capaz de realizar seu próprio planejamento e suas
próprias aulas.
77
pensar sobre o saber que é a brincadeira e sobre como fazer essa brincadeira. Além disso,
ao se lembrarem com quem aprenderam tal brincadeira, o professor pode explicar que as
brincadeiras populares têm uma história, são ensinadas de geração em geração, sofrendo
modificações ou não, fazendo parte de diferentes contextos sociais e culturais – reflexão).
- As brincadeiras sorteadas são vivenciadas pelo grupo.
- O professor pede que as crianças procurem saber outras brincadeiras para a próxima aula
– para encher mais o baú – com os pais, avós, vizinhos, etc.
• Síntese: pode ser feita por meio de diferentes formas de registros (desenhos, livros de
memórias, festas, festivais, exposições, etc.), indicando uma produção coletiva dos
conceitos, práticas e valores construídos durante o projeto. A síntese deve indicar novas
possibilidades, novas aprendizagens e sugerir novos temas, novos projetos.
• As crianças podem construir um “livro de memórias”, em que todas as brincadeiras
vivenciadas no projeto estejam registradas – por meio de desenhos, da escrita (quando for
possível).
78
Pensando na Educação Física como uma das formas de expressão da linguagem, ela tem o que
ensinar: diferentes conhecimentos; que podem ser experimentados por meio de diferentes
modos de discurso e em diferentes situações sociais de interação. O professor, ao organizar e
sistematizar os conhecimentos, deve buscar ampliar e diversificar as interações que as crianças
realizam com os diferentes objetos, com os colegas e com os diferentes espaços (dentro e fora da
escola), possibilitando que o saber, o saber fazer e a reflexão sobre o saber e saber fazer
estejam presentes nas vivências proporcionadas durante a aula de Educação Física. Esta idéia
está explicitada no esquema abaixo:
Os objetos
Jogos e
Ouvir sobre o Reconstrução
brincadeiras
tema/conteúdo da prática
danças
curiosidade criatividade
lutas Falar sobre o Registro:
tema/conteúdo escrita, Interação
Saber, desenho,
esportes pintura.
Saber-
fazer e
ginásticas reflexão
O espaço Autonomia O outro
Ler sobre o Regras e combinados
tema/conteúdo
79
Movimentos próprios ao
tema/conteúdo
Avaliação
Podemos observar que o esquema coloca a avaliação como aquela que “abraça” todo o processo.
Por quê? O que é avaliação? Por que é importante avaliar as aulas de Educação Física?
Pensar sobre a avaliação significa pensar todo o processo de ensino e aprendizagem, envolve a
reflexão sobre o planejamento, sobre as relações estabelecidas entre professores e educandos,
sobre os métodos de ensino utilizados, conhecimentos escolares desenvolvidos e, além disso,
confronta as diferentes expectativas dos educandos, dos professores, dos pais, etc. Para
Sacristán (1998), a avaliação é explicada pela forma como são realizadas as funções que a
instituição desempenha, sendo assim, sua realização vem condicionada por numerosos aspectos
e elementos pessoais, sociais e institucionais; ao mesmo tempo, ela incide sobre todos os demais
elementos envolvidos na escolarização. Para o autor, “estudar a avaliação é entrar na análise de
toda a pedagogia que se pratica”.
Portanto, avaliar a Educação Física significa analisar toda a sua presença na escola, o que ela
tem a ensinar, como ela ensina e por quê. É importante avaliar para que o professor conheça seus
educandos, suas diferentes necessidades e seus interesses. O conhecimento sobre os
limites/dificuldades e as capacidades/potencialidades dos estudantes e professores permite que o
planejamento seja modificado e que o processo de ensino e aprendizagem se torne mais
significativo para o grupo.
Essa pergunta sugere outras que a antecedem: qual era a intencionalidade/ ou quais eram os
objetivos presentes na proposta de aprendizagem de um determinado tema/conhecimento? Por
que determinado tema/conhecimento é importante para o educando? O educando conseguiu
atribuir a mesma importância que o professor a determinado tema/conhecimento? Os objetivos
anteriormente colocados foram alcançados, chegaram a ser ampliados ou foram totalmente
modificados? Essas perguntas orientam a definição de objetivos, conhecimentos disciplinares,
metodologias e recursos de ensino, bem como os processos de avaliação.
Alguns pontos precisam ser analisados quando pensamos sobre a avaliação. São eles:
• Clareza de uma proposta de ensino para a Educação Física: quais são os objetivos,
princípios, metodologias de ensino e conhecimentos disciplinares ? O planejamento de
cada uma das aulas já indica o que se pretende avaliar, ou seja, o professor estabelece
80
uma intencionalidade educativa que conduzirá o processo de construção de determinadas
aprendizagens. Posteriormente, ele poderá observar se as suas intenções foram
alcançadas ou não e por quê.
Todas estas questões levantadas anteriormente não são respondidas em uma única aula, muito
menos em um único momento denominado “avaliação”. 3 Depende de diferentes formas de
observação, registros, conversas em pequenos grupos. Alguns instrumentos podem ser utilizados
como: entrevistas escritas e orais (aulas dialogadas com registro), questionários, vídeos, fotos,
testes, provas escritas e orais, debates, auto-avaliação (é muito importante, pois possibilita que o
estudante se conscientize da sua aprendizagem), seminários, interpretação de desenhos, dentre
outros. O processo de avaliação começa na construção do planejamento e acompanha todo o
desenvolvimento da proposta, até a sua conclusão.
É comum pensarmos que isso é tarefa exclusiva do professor. No entanto, todos aqueles que
estão envolvidos no processo de ensino e aprendizagem devem participar de sua avaliação.
Assim, professores, estudantes, funcionários da escola, pais e comunidade precisam pensar
juntos a presença da Educação Física na escola e como torná-la mais significativa para todos. Os
conselhos de classes, reuniões de pais, colegiados, conselhos de pais, etc., podem ser
momentos em que as questões referentes à Educação Física apareçam e sejam discutidas.
Como tentativa de síntese, podemos dizer que pensar a Educação Física como componente
curricular é pensar que ela tem o que ensinar: os esportes, a danças, as lutas, as ginásticas, os
3
Muitas vezes, no final da aula, o professor realiza uma roda e diz para os educandos que é o momento de avaliar a atividade
realizada.
81
jogos e brincadeiras; por que: estes blocos de conteúdos culturais vêm garantindo sentido e
significado ao movimento humano ao longo da história, contribuindo para uma formação humana
integral do educando. Além disso, a Educação Física organiza como ensinar tais conhecimentos,
fazendo parte de sua proposta curricular diferentes sugestões teórico-metodológicas. Discutimos
também a avaliação da Educação Física, entendendo que este processo significa repensar todo o
processo de ensino e aprendizagem, confrontando diferentes interesses e expectativas,
reconstruindo continuamente a presença da Educação Física na escola.
Além disso, construímos dois outros quadros complementares ao primeiro, realizando algumas
observações e também sugestões de atividades. Enfatizamos que as características da escola, da
turma e do contexto social devem ser levadas em consideração. Reflexões, adaptações,
mudanças e críticas a esta proposta devem ser feitas sempre.
83
QUADRO DE CAPACIDADES DO 2° CICLO
84
QUADROS COMPLEMENTARES
Capacidades em
Intenções Educativas Conheciment
relação Observações
do 2º ciclo os
à Educação Física
Participação na vida • Vivenciar as Jogos, • Os princípios
social: reconhecer e práticas corporais, brinquedos e orientadores das aulas
saber expressar seus referentes aos brincadeiras – ludicidade, inclusão e
valores, sentimentos, conteúdos culturais socialização– devem
idéias numa da Educação Física Esportes estar sempre
perspectiva de (jogos, brincadeiras, presentes,
interação social; esportes, danças, Danças independentemente do
reconhecer e respeitar ginásticas e lutas), conhecimento
as formas de valorizando a Lutas disciplinar. Eles é que
expressão e valores ludicidade, a inclusão vão garantir que os
dos outros; ter (respeitando as Ginásticas conteúdos e seus
iniciativas individuais e diferenças) e a temas sejam
desenvolvê-las dentro socialização. vivenciados por todos
de um processo grupal. • Conhecer e os pré adolescentes
perceber, de forma de forma plena,
Organização do permanente e divertida, criativa e
trabalho e construção contínua, seu corpo, autônoma. Todas as
da autonomia: suas possibilidades diferenças (seja de
organizar-se, com de movimento, ritmo, aprendizagem,
autonomia, em grupo buscando superar os habilidade, gênero, cor,
para realizar as limites e ampliar as etnia, etc., inclusive os
atividades, os recursos potencialidades. pré-adolescentes que
e os passos que devem • Conhecer as apresentarem alguma
ser dados para realizar regras, referentes ao deficiência) devem ser
as tarefas propostas; tema da aula, e os respeitadas. (Ver
organizar, seus objetivos. discussão dos
hierarquicamente, as Respeitar as regras. princípios no texto)
atividades de um (Re)construir as • Os meninos e meninas
projeto e estimar o regras de acordo com do 2º ciclo começam a
tempo necessário para suas próprias perceber algumas
desenvolvê-las. necessidades e mudanças físicas em
possibilidades de seus corpos, devido ao
Tratamento da movimentos, com as início da puberdade, e
formação: ampliar a necessidades do essas mudanças vêm
capacidade de grupo, com a acompanhadas de uma
investigar, analisar e disponibilidade de busca maior pela
sintetizar informações, material e espaço. identidade (seus gostos
detectar os aspectos • Compreender e preferências, seu
da informação os movimentos como grupo, seus valores,
envolvidos nas linguagem, o porquê etc.). Proporcionar a
perguntas formuladas; de os mesmos serem este educando
desenvolver critérios realizados em cada diferentes experiências
para distinguir o que é prática (de acordo de movimento, a partir
secundário numa com o material, com o da convivência com o
informação; aprender a espaço e com a outro, das diferentes
realizar esquemas participação ou não interações com os
recapitulativos da do colega), objetos, com os
informação trabalhada; relacionando-os ao espaços, pode ajudar
dotar de sentido e conteúdo da aula, na construção de sua
85
significado globais as sendo capaz de não identidade. A
diferentes informações só executá-los como construção da
recolhidas em um também modificá-los identidade e da
projeto ou atividade; ou inventar outras autonomia depende
desenvolver o sentido formas de expressão dos processos de
de compreensão de diante de uma significação, nas
uma informação, de situação problema. diferentes situações
forma que permita • Conhecer a sociais. (Ver discussão
ordená-la, analisá-la e história de cada uma da linguagem no texto)
avaliá-la; inferir novos das práticas corporais • Uma determinada regra
sentidos, significados e propostas nas aulas, não foi estabelecida ao
referências a partir das reconhecendo-a acaso, ela possui
informações como produção objetivos que servem
trabalhadas em um humana. ao interesse de um
projeto ou atividade; • Conhecer os específico grupo de
ser capaz de elaborar efeitos da hidratação pessoas, em um tempo
um modelo abstrato no organismo durante e espaço próprios. As
para traduzir ou a realização de regras estabelecidas
interpretar uma atividades físicas, atualmente para o jogo
situação ou ação inclusive durante as de Voleibol, por
estudada. aulas de Educação exemplo, não são as
Física. mesmas de alguns
• Reconhecer anos atrás. As próprias
as alterações regras oficiais dos
provocadas pelo esportes sofrem
esforço físico modificações diante de
(cansaço, elevação diferentes interesses.
dos batimentos As necessidades, as
cardíacos) e saber possibilidades e os
por que elas ocorrem. interesses dos
• Analisar a educandos, nos tempos
importância da e espaços escolares,
aprendizagem dos não são os mesmos
conhecimentos dos atletas
específicos da profissionais.
Educação Física no • Em relação ao
seu cotidiano (dentro conhecimento histórico
e fora da escola) e dos conteúdos
como eles podem disciplinares, não é
modificar ou não as necessário um
suas ações e aprofundamento neste
interações nos momento, não é
diferentes tempos e preciso dar uma aula só
espaços. de história do tema a
ser vivenciado. Durante
a vivência, o professor
poderá fornecer
algumas informações
interessantes sobre
aquela prática,
despertando a
curiosidade dos
educandos.
86
SUGESTÕES PARA O 2° CICLO
88
REFERÊNCIAS
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Intervenção. Vitória: Proteoria, 2001. P.81-92.
89
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
GEOGRAFIA - 2º CICLO
1. ABRINDO O DIÁLOGO
90
CRENÇA DOS
MESTRES
DIRETRIZES
DIDÁTICA
CURRICULARES
SABRES
ESCOLARES
A partir dos anos 60 do século XX, com as grandes mudanças decorrentes da Revolução
Técnico-científica, o mundo mudou. O espaço geográfico transformou-se em um meio técnico-
científico e informacional, virtualmente informatizado. As telecomunicações e satélites operam
em tempo real, aproximam culturalmente os povos, encolhem distâncias e flexibilizam
fronteiras ao desterritorializar moedas, produtos, trabalho, instituições financeiras. Nesses
novos tempos de globalização, o espaço deixou de ser compreensível somente em escalas
lineares e independentes, como se apresentava na tradição pedagógica. Nessa nova visão, o
local está contido no global, ou seja, a pessoa vive num lugar, mas está ligado com a
91
totalidade-mundo.
Quanta possibilidade existe de tornar a Geografia Escolar um centro de interesse cada vez
maior para o educando, ao despertar nele o gosto de conhecer o mundo em que vive! Esse
conhecer, que implica compreender, envolve estudos da relação entre sociedade e natureza,
“[...] das paisagens naturais enquanto encadeamento de elementos (clima, relevo, solos,
águas, vegetação e biodiversidade), que possuem as suas dinâmicas próprias e
independentes do social. E também passa, principalmente nos dias de hoje, pelo estudo
da questão ambiental, que não pode prescindir da dinâmica da natureza (e suas
alterações/reações frente à ação humana), e que é fundamental para se perscrutar os
rumos da humanidade e de cada sociedade nacional neste novo século.”
(J.W.Vesentini)
Esse interesse do educando pode ser ampliado se relacionamos Cultura e Natureza. E não
apenas na ótica de seu uso pela sociedade, sobretudo, nas muitas formas de manifestar
pertencimento, encantamento e emoção, a ponto de entender o que diz o poeta Drummond:
“Sou um homem dissolvido na natureza. Estou florescendo em todos os ipês”.
No entanto, essas concepções exigem que você, professor, fomente a construção de novos
conhecimentos, mentalidade, comportamento e práticas educativas comprometidas com esse
objetivo. É previsto que, nessa empreitada, você se depare com desafios:
• Que práticas pedagógicas seriam mais adequadas para que o educando perceba e
compreenda que o seu espaço de vivência é um lugar onde se encontram lógicas
locais e globais, próximas e distantes?
• Que práticas formadoras seriam propícias num momento em que ganham visibilidade
novos estilos de vida e as sementes para uma cidadania planetária com sociedades
sustentáveis?
Enfim, vivemos num mundo em crise social, econômica, ecológica e cultural, e para ele
formamos o educando. Um novo mundo fundado em novas relações entre os homens e desses
com a natureza não só é necessário quanto urgente. Por que não começar a imaginá-lo e a
construí-lo desde já?
92
2. POR QUE É IMPORTANTE ENSINAR E APRENDER GEOGRAFIA NO 2° CICLO?
Milton Nascimento
Propomos como argumentação que esse conhecimento deve ser organizado em três eixos
articulados entre si e mediado por um quarto eixo, conforme exposto a seguir.
O quarto eixo trata de atividades que serão usadas como instrumentos dos três eixos
anteriores, sob a mediação do professor-educador. Quais são essas atividades?
Deslocamentos espaciais em trilhas e trabalhos de campo; representações de vivências em
mapas mentais; elaboração de croquis e maquetes; leitura de imagens e paisagens; e a
93
pesquisa, com seu devido tratamento da informação, como suporte das aprendizagens
escolares.
Justificada a razão do ensino de Geografia no 2º Ciclo, duas questões são colocadas para a
reflexão do professor-educador:
Por que a mediação do professor-educador ganha tanta importância nos processos das
aprendizagens infanto-juvenis?
94
Crie situações pedagógicas que possibilitem a construção de noções e conceitos. Exercite as
habilidades próprias do raciocínio geográfico. Aprenda a questionar valores e hábitos culturais
que têm produzido problemas ambientais, falta de justiça social, discriminação, segregação
para tantos segmentos populacionais, e variados níveis de qualidade de vida em diferentes
lugares no planeta Terra.
Como mediador das aprendizagens escolares, reflita sobre a renovação de seu papel.
Entendemos, como Gutierrez (2002), que o professor-educador deve ser quem promove
aprendizagens, ou seja, “facilita, acompanha, possibilita, recupera, dá lugar, compartilha,
inquieta, problematiza, relaciona, reconhece, envolve, comunica, expressa, compromete,
entusiasma, apaixona, ama.”
Francisco Mendonça
Observa-se nas Ciências Sociais uma abertura no sentido de envolver a dinâmica da natureza
como integrante da complexidade social, desembocando na compreensão socioambiental da
realidade. Por isso, torna-se necessário incorporar a abordagem Socioambiental nos estudos
geográficos escolares, desde a escala local até a planetária. Por que “socioambiental”?
“ O termo sócio parece, então, atrelado ao termo ambiental, para enfatizar o necessário
envolvimento da sociedade, enquanto sujeito, elemento, parte fundamental dos
processos relativos à problemática ambiental contemporânea.” (Mendonça, 2004, p.126)
A abordagem Socioambiental tem por base a Cultura e a Ética. Essa abordagem possibilita a
construção de novas práticas sociais pautadas em relações respeitosas dos homens entre si e
deles com a natureza. Ela lança as bases para outra sociabilidade, fundada na cooperação, na
solidariedade e na paz como possibilidade de viver o presente e visualizar um futuro pautado
em padrões de produção e de consumo mais sustentáveis. Um presente e um futuro que
tenham como parâmetros valores, atitudes e princípios fraternos e justos, nas relações para
consigo, com o outro e com o planeta Terra. Lançar a semente de novos estilos de vida e de
uma cidadania planetária é urgente e necessário. A Geografia Escolar deve caminhar no
compasso das discussões que se realizam na atualidade e que apontam nessa direção, como:
o Protocolo de Kyoto, o Fórum Econômico Mundial, o Fórum Social Mundial, o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
“Um ensino crítico da Geografia [...] não se limita a uma renovação do conteúdo – com a
incorporação de novos temas/problemas, normalmente ligados às lutas sociais: relações
de gênero, ênfase na participação do cidadão/morador e não no planejamento,
compreensão das desigualdades e das exclusões, dos direitos sociais (inclusive os do
consumidor), da questão ambiental e das lutas ecológicas, etc. Ela também – e
principalmente – implica em valorizar determinadas atitudes – combate aos
preconceitos; ênfase na ética, no respeito aos direitos alheios e às diferenças;
96
sociabilidade e inteligência emocional... – e habilidades (raciocínio,
aplicação/elaboração de conceitos, capacidade de observação e de crítica, etc.).”
Michel de Montaigne
Propomos uma organização dos conteúdos sob a forma de sete eixos norteadores ligados
entre si por um eixo estruturante: A espacialidade e a territorialidade da relação sociedade e
natureza no movimento de inclusão e exclusão.
Cada eixo norteador, sempre tendo como referência o eixo estruturante, é um recorte no
espaço/tempo das significações e dos símbolos construídos pela sociedade humana e que está
presente de forma diversa e conflituosa nos espaços de vivência do educando. São eles:
2. O Lugar na Totalidade-Mundo;
97
7. As Relações Espaciais e as Linguagens Geográficas.
A história da sociedade humana, nas relações que os homens estabelecem entre si e com a
natureza, deixa em evidência conflitos, contradições e permanentes transformações que se
revelam na produção e reprodução dos espaços geográficos. Mediante o trabalho social e o
instrumental de conhecimentos e técnicas construídos ao longo de nossa história, produzimos
riquezas geradas pelas atividades agropecuárias, industriais, comerciais e de serviços. As
matérias-primas e as fontes de energia são extraídas da natureza sob a forma de minerais,
rochas, solos, vegetais, água e da rica biodiversidade dos ecossistemas, apropriadas de modo
diferenciado porque somos uma sociedade de classes.
Assim, ao mesmo tempo em que denuncia e sensibiliza, esse eixo norteador aponta caminhos
para um outro mundo possível, pois, como afiança Gadotti, “o simples fato de aprender a
economizar, a reciclar, a compartilhar, a complementar, a preservar, a aceitar a diferença pode
representar uma revolução no corpo do sistema social.” (2002, p. 85)
Este eixo norteador coloca em destaque o desenvolvimento da noção de lugar. Mas, o que é o
lugar? É uma porção do espaço geográfico onde se constrói a vida e se exercita (ou não) a
cidadania. O lugar é, ao mesmo tempo, uma porção de espaço localizável, que contém uma
orientação espacial, bem como vivências, lembranças, significações. A noção de lugar inclui,
além da localização e orientação espaciais, também o sentimento de pertencimento, de raiz, de
identidade. Ou o contrário, o sentimento de desterritorialidade. Mas não é só isso. O lugar
também revela as transformações do mundo, conecta (ou não) com ele através de redes
técnicas que permitem a circulação de informações instantâneas (internet, sistema online), de
pessoas e de mercadorias. Essas redes técnicas superam as distâncias, tornam as fronteiras
flexíveis, fragilizam territórios e aproximam os lugares. Tão importante quanto essa consciência
do lugar é a consciência de mundo, que se adquire a partir do lugar.
100
Em suma, desenvolver a noção de lugar implica em trabalhá-lo nas três dimensões que ele
contém: de localização e direção; de pertencimento e identidade; e de conexão com a
totalidade-mundo.
O poder de uso do território varia, pois depende de suas políticas no movimento contraditório
da globalização e da fragmentação. Quer dizer, depende do uso competitivo, seletivo e
hierárquico do espaço que é determinado tanto pela organização interna quanto por interesses
externos daqueles que controlam os recursos necessários à produção, à circulação e ao
consumo.
O território relaciona-se também com a paisagem, entendida como forma de lhe dar a
visibilidade tão explorada pela mídia, bem como com o lugar, que representa o sentimento de
pertencimento ao território nacional.
101
CAPACIDADES/HABILIDADES 1º ano 2º ano 3º ano
1. Questionar a exclusão social nas situações de segregação
R/T T T
espacial.
2. Compreender que a forma de apropriação da natureza
através do trabalho tem resultado em espaços diferenciados,
R/T T T
geradores de conflitos e contradições, tais como: segregação
espacial, aglomerados de exclusão, paisagens excluídas.
3. Compreender que existe uma circulação de informações. R/T T C
4.Valorizar a inclusão de territórios e pessoas, e questionar a
R/T T T
exclusão de territórios e pessoas ou grupos sociais.
5. Ler mapas temáticos a partir de indicadores econômicos e
T R/T T
sociais.
A cidade e o campo são lugares privilegiados e diferenciados de usos do território, e com esse
foco devem ser abordados. Descobrir a cidade e o campo significa vê-los em suas
contradições e possibilidades.
Nessa direção, a cidade deve ser estudada em suas paisagens que evidenciam a segregação
espacial, a constituição de “tribos urbanas” – galeras, gangues, movimentos hip-hop, favelas,
moradores de rua. Mas, também, em seus bastidores, pela corrupção do poder constituído, as
redes ilegais do narcotráfico e os jogos clandestinos, a exploração de crianças, a ação de
gangues de roubos e crimes. Merece tratamento a abordagem da espacialidade dos arranjos
coletivos da cidade voltados para o lazer, como os shopping centers, parques, pistas de
esportes, jardins, trilhas, quadras poliesportivas, cinemas, teatros, lagoas, que garantem (ou
não) a inclusão de todas as pessoas no espaço das cidades.
No campo, são as novas ruralidades que devem gerar observação e discussão sobre como o
espaço está organizado e em que ele se diferencia e se aproxima do modo de vida urbano.
102
Mas, o que são as novas ruralidades?
Além de ser entendido na sua relação com a cidade (sem se submeter a ela), o campo em si é
parte do mundo social, com suas singularidades de modos de vida, sociabilidades e com forma
territorial distinta da cidade. Transformações recentes mostram, de um lado, o meio rural
integrado ao ritmo da revolução técnico-científica, exemplificada nos alimentos transgênicos,
na biotecnologia, na produção de commodities norteada por uma racionalidade empresarial
capitalista. De outro lado, na defesa da qualidade de vida, tendo como suporte o paradigma da
sustentabilidade, nas atividades não-rurais (turismo rural, agroindústria), na produção de
orgânicos e no renascimento da agricultura familiar.
104
4.6. Eixo norteador: A espacialidade e a territorialidade das manifestações
socioculturais
São os elementos culturais que animam e dão vida às paisagens pela força dos símbolos, das
imagens e do imaginário, tomados também como conteúdos explicativos das realidades
socioespaciais. Esses estudos devem possibilitar a abordagem de questões sobre a inclusão
das diferenças e desigualdades regionais e nacionais, as modernizações dos lugares e a
apropriação das paisagens terrestres com vistas à preservação dos patrimônios ambientais,
naturais e culturais. Enfim, é nesse eixo que o regionalismo deve ser trabalhado.
105
4.7. Eixo norteador e mediador: As relações espaciais e as linguagens
geográficas
Assim, este eixo privilegia o desenvolvimento das relações espaciais topológicas elementares,
ou seja, as relações espaciais que se estabelecem com o espaço próximo através de
referenciais, como: dentro, fora, na frente, ao lado, atrás, perto, longe. São também as relações
espaciais que se processam no plano perceptivo, como: vizinhança (o que está ao lado),
separação (fronteira), ordem (o que vem antes e depois), envolvimento (o que está em torno) e
continuidade (a que recorte do espaço a área considerada corresponde). Esses conceitos são
importantes por contribuírem para a localização geográfica.
Este eixo deve possibilitar a exploração do espaço próximo, o desenvolvimento das referências
que imprimem possibilidade de compreender as linguagens geográficas que têm uma
especificidade e darão sentido ao reconhecimento dos instrumentos de representação mais
utilizados socialmente, como mapas, plantas, globos, fotografias de satélite – o que esses
instrumentos representam e para que são usados.
107
GLOSSÁRIO
http://www.weforum.org/en/index.htm
108
civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma
de imperialismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, o Fórum Social Mundial
configurou-se como um processo mundial permanente de busca e de construção de
alternativas às políticas neoliberais. Essa definição está na Carta de Princípios, principal
documento do Fórum Social Mundial. O Fórum caracteriza-se também pela pluralidade e pela
diversidade, tendo um caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se
propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e
movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de
um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil
mundial. O Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização.
www.forumsocialmundial.org.br/
Globalização - Historiadores afirmam que este processo econômico e social que estabelece
uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo teve início nos séculos XV e XVI,
com as Grandes Navegações e as Descobertas Marítimas. Porém, de forma efetiva, ela se
estabeleceu no final do século XX, instaurando um novo patamar para a dinâmica capitalista. A
globalização tem como suporte o neoliberalismo, que impulsionou o processo de globalização
econômica, e a revolução nas tecnologias da informação, que possibilitou a integração mundial
de mercados numa enorme intensidade dos fluxos comerciais e financeiros. Com o fim do
socialismo real e o avanço do neoliberalismo, inicia-se um novo tempo, marcado pelo
predomínio dos interesses financeiros, pela desregulamentação dos mercados, pelas
privatizações das empresas estatais, pelo abandono do estado de bem-estar social. Seus
críticos consideram a globalização como responsável pelo acirramento da exclusão social.
http://www.suapesquisa.com/globalizacao/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o
109
• na exploração exagerada de recursos naturais;
• na exclusão social;
• no desperdício;
• desflorestamento;
Até os anos 70 do século XX, os efeitos desastrosos desse padrão de produção sobre o meio
ambiente eram entendidos como “resíduos inevitáveis do progresso”. Hoje, não se pensa mais
assim, em razão das pressões dos ambientalistas de todo o mundo e da Ordem Ambiental
Internacional em curso, sob a direção da ONU, que tenta estabelecer limites a esse tipo de
desenvolvimento insustentável.
110
ecologicamente sustentável e socialmente justa sobre um planeta limitado. (Instituto Akatu)
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_ambiente_brasil/clima/painel_intergovernament
al_de_mudancas_climaticas/index.cfm - [Acesso 26/11/2008].
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./carbono/index.php3&conteudo=./carb
ono/kyoto.html
www.coseac.uff.br/transferencia/2006/provas/Transferencia_UFF_2006_geografia.PDF
Revolução Técnico-científica – Ela tem como base os avanços tecnológicos nas áreas de
eletrônica, robótica, informática e telecomunicações. “A expressão ‘revolução técnico-científica’
é muitas vezes empregada para evidenciar que os produtos requerem crescentes
investimentos em pesquisa científica e tecnológica ao serem concebidos. São cada vez mais
111
sofisticadas as técnicas exigidas para a fabricação de chips, robôs, satélites, programas de
computadores, telefones celulares e mesmo produtos tradicionais, como automóveis,
alimentos, calçados ou aparelhos de barbear, por exemplo. A 'matéria-prima' necessária para
fabricá-los é o conhecimento.” (MOREIRA, J.C. SENE E. Geografia para o ensino médio:
geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002, p. 280).
PIETROCOLLA, Luci Gati. Sociedade de consumo. 2. ed. São Paulo: Global, 1996.
http://www.atitudessustentaveis.com.br/sustentabilidade/sustentabilidade/
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./gestao/index.html&conteudo=./gesta
o/artigos/complexidade_sustentabilidade.html
http://www.geomundo.com.br/geografia_delimitar_territorio.htm
112
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Contexto, 2001.
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Paulo: Contexto, 1994.
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BUSCH, Ana e VILELA, Caio. Um mundo de crianças. São Paulo: Ed. Panda Books, 2007.
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DIMENSTEIN, Gilberto e PRIETO, Heloisa. Mano descobre a ecologia. São Paulo: Senac e Ática.
DOW, Kirstin e DOWNING, Thomas E. O Atlas da mudança climática. São Paulo, PUBLIFOLHA.
113
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GARCIA, Edson Gabriel. No mundo do consumo. A administração das necessidades e dos desejos. Um
mundo para todos. São Paulo, FTD.
MACHADO, Nilson J. e CASADEI, Silmara Rascalha. Seis razões para diminuir o lixo no mundo. São
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______ Seis razões para cuidar bem do planeta Terra. São Paulo: Escritura.
PACHAMAMA: Missão Terra 2. Ações para salvar o planeta. São Paulo: Melhoramentos.
PETTY, Kate e WOOD, Jakki. Viajando em um balão. Mapas e caminhos. São Paulo: Callis.
ROCHA, Ruth e ROTH, Otávio. Azul e lindo: planeta Terra, a nossa casa. 23ª reimpressão. São Paulo:
Salamandra, 2005.
RODRIGUES, Rosicler Martins. Viagem na Terra. Conhecer para proteger. São Paulo:Moderna.
WEST, David e PARKER, Steve. 53 coisas que mudaram o mundo e outras que nem tanto. São Paulo.
Melhoramentos.
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ALMANAQUE SOCIOAMBIENTAL. BRASIL. Uma nova perspectiva para entender a situação do Brasil e
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CEDEFES. Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva. Comunidades Quilombolas de Minas Gerais
no Séc. XXI. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
GUTIERREZ, Francisco; Prado, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. 3ª.ed. São Paulo: Cortez:
Instituto Paulo Freire, 2002.
HELENE, M.Elisa M.; BICUDO, Marcelo B. Sociedades sustentáveis. São Paulo: Scipione,1994.
114
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
HISTÓRIA - 2° CICLO
As histórias fazem parte da rotina de quase todas as crianças: ouvir histórias, contar histórias,
dramatizar histórias... No contexto escolar, elas comparecem em diversas situações, o que
expressa a importância dessa prática cultural para o desenvolvimento cognitivo e afetivo das
crianças.
A disciplina História trata da vida, em todas as suas dimensões, da vida das pessoas que vivem
no presente e que viveram em outras épocas, que vivem perto de nós ou em lugares distantes,
que partilham as mesmas referências culturais ou que pertencem a outras culturas. Não existe
História sem seres humanos e não existe nenhum grupo humano que não tenha História.
Por isso, ela é tão importante e, por isso também, deveria fazer parte de todo o processo de
escolarização, desde a entrada das crianças neste universo particular que é a escola. No entanto,
alguns professores pensam que ensinar História para crianças é operação difícil e mesmo
impossível. Pensam que o conhecimento da História é tarefa para pessoas já amadurecidas,
capazes de fazer abstrações mais complexas e de memorizar datas, fatos e processos históricos,
refletindo e debatendo assuntos muito polêmicos.
115
impressos já nos trazem versões diferentes para fatos históricos que muitos de nós
considerávamos “verdadeiros” ou definitivos. O campo da História e o próprio ensino da História
estão em constante reconfiguração. Isso também contribui para que alguns professores sintam-se
perdidos e confusos: Como escolher conhecimentos disciplinares para desenvolver com os
educandos? Como pensar substancialmente num ensino de História com esses educandos,
levando-se em conta as diferentes versões da História e o fato de que o conhecimento histórico
tradicionalmente ensinado na escola parece distante, abstrato e muito complexo? Como
selecionar conhecimentos disciplinares? Como dialogar com os livros didáticos em circulação?
Compreendendo que o trabalho docente nos primeiros ciclos requer, com grande ênfase, uma
ação interdisciplinar, e que os professores têm, em geral, uma formação generalista, podemos
pensar em alternativas de trabalho que, longe de exigirem um conhecimento amplo de conteúdos
consagrados da História, requerem muito mais uma postura investigativa e aberta a novas
descobertas.
Ensinar e aprender História nos primeiros ciclos de aprendizagem deve ser, antes de tudo, aceitar
o desafio de buscar a historicidade presente em aspectos diversos da vida cotidiana, procurando
desvendar marcas do passado que permanecem nos objetos, nas relações, instituições e
instâncias diversas da vida. E, ainda, olhar para o passado a partir de perguntas que são
instauradas pelo presente, em diálogo com as experiências dos sujeitos envolvidos no processo
ensino-aprendizagem: professores e educandos.
Queremos, pois, convidar você, professor, a aceitar esse desafio. A olhar para o conhecimento
histórico em sala de aula não como um conteúdo a mais, algo difícil e abstrato, que pode ser
dispensado em benefício do que se concebe como mais relevante para a alfabetização.
Sabemos que uma das questões mais inquietantes diz respeito à dificuldade de seleção criteriosa,
ao desenvolvimento e à avaliação de conhecimentos disciplinares que os próprios professores dos
primeiros ciclos desconhecem. Contudo, chamamos a atenção para o fato de que para ensinar
História não é necessário somente, ou meramente, o conhecimento de conteúdos históricos. É
fundamental que sejam feitas algumas reflexões sobre o significado da História para quem
116
aprende, sobre a relevância da aprendizagem histórica para a experiência de quem a ensina e a
aprende e, também, sobre o lugar da História no projeto de formação que a escola prevê para
cada ciclo.
Uma das idéias comuns a serem superadas é a de que a História é exatamente “uma matéria de
decorar, uma matéria de ler, uma matéria de estudo”. A História para crianças e jovens precisa
ser, antes, uma oportunidade de formação e de descoberta de formas cada vez mais autônomas
de olhar para as realidades, em que se inclui a sua própria realidade, percebendo-as como
dinâmicas, contraditórias e transformáveis. Ao prever a aprendizagem da História nos anos
iniciais, é importante compreender de que sujeitos de aprendizagem falamos e quais são as
razões essenciais para que a História compareça a esses momentos de sua formação.
117
Não sendo vista, então, como uma mera listagem de conhecimentos específicos, ou como uma
matéria para decorar, a História nos primeiros anos de formação não é, também, uma listagem de
fatos e dados a serem transmitidos. Numa perspectiva diferente, a História nos primeiros anos de
formação visa à iniciação à leitura da própria existência num universo cultural e sócio-histórico.
Pressupondo uma compreensão inicial dos tempos e espaços em que estão os grupos humanos e
em que está a própria criança e o pré-adolescente, o ensino-aprendizagem da História nos
primeiros ciclos volta-se fundamentalmente à compreensão da inserção dos sujeitos na teia social
em que estão. Volta-se aos processos, mesmo que iniciatórios, de desnaturalização do mundo e
de análise comparativa entre a própria realidade e a de outros sujeitos e grupos sociais, em
outras épocas, espaços e culturas.
O tempo é, dessa maneira, uma categoria central na História, sendo que o estudo das
temporalidades é um dos pilares da promoção da aprendizagem histórica.
Mas o estudo do tempo não se restringe ao estudo das formas de marcação e datação temporais,
ou do conhecimento de artefatos que usamos para marcar e controlar o tempo, ou mesmo de
algumas operações básicas, como aprender a ver as horas, identificar os dias da semana, meses
do ano, localizar acontecimentos em um calendário etc. Ter a temporalidade como categoria
central é, principalmente, possibilitar às crianças e pré-adolescentes uma paulatina apropriação e
construção de noções temporais fundamentais, como as de passado, presente e futuro, de
sucessão e simultaneidade, de mudanças e permanências, de diferenças e semelhanças.
Siman (2003) relata-nos uma experiência de trabalho com a história das petecas, desenvolvido
por professoras do Centro Pedagógico da UFMG. O trabalho se desdobrou em uma série de
ações, como entrevista com adultos de convívio dos educandos (pais, mães, avós, responsáveis),
construção de linhas de tempo (com petecas do tempo dos avós, outras do tempo dos pais e
outras do tempo do educando), visita a uma fábrica de petecas e realização de brincadeiras
variadas com esse objeto/brinquedo de todas as idades. Essa experiência nos mostra o quanto é
possível promover a aprendizagem histórica, principalmente se o pressuposto é de que a História
não é um discurso "objetivo" e acabado, em que os fatos são dispostos num encadeamento linear.
Pensemos também que, no ensino de História, nem sempre se pode dizer que o antes,
cronologicamente situado, explica diretamente o que vem depois e que objetos produzidos em
tempos distintos podem, então, coabitar num mesmo tempo histórico, e possuir usos
diferenciados, podendo também entrar em desuso. A experiência relatada por Siman também
contribui para pensar que
“[...] crianças com domínio incompleto das operações de tempo físico podem ser introduzidas ao
raciocínio histórico, a partir de experiências e reflexões sobre o tempo vivido por elas, segundo
graus crescentes de complexidade da temporalidade histórica [...].” (SIMAN, 2003, p. 123)
118
Ressaltamos que um educando em processo de descoberta de seu grupo de convívio,
ampliando o seu universo de relações e começando a transitar por outros espaços até então não
dominados por ele, começa a ter uma atenção especial a aspectos relacionados à vida em grupo,
aos espaços de convívio, às trocas, sendo esse um momento interessante para ensino da
História. Pode-se propor, assim, um estudo sobre um dos espaços de brincadeira e de práticas de
convivência que fazem parte da experiência do educando e de seu grupo social, como por
exemplo, uma festa popular de sua localidade, estimulando a turma a pesquisar a história dessa
festa; o significado dessa festa para os próprios festeiros e para a localidade em que ela ocorre;
as modificações que essa festa sofreu e vem ainda sofrendo; o sentido de festejar em outras
épocas, em outras sociedades e nas culturas contemporâneas; as festas da família do educando;
os festejos de que ele geralmente participa etc. As possibilidades de investigação e compreensão
da realidade social são muito grandes.
As perguntas acima podem gerar investigações que permitem aos educandos a percepção do que
mudou e daquilo que é remanescente, de uma outra época, nos dias atuais. O professor pode
perguntar-se acerca do que é semelhante nas brincadeiras e atividades de lazer e diversão de
crianças/jovens de outras épocas (em que não existia televisão, por exemplo), propondo aos
educandos a investigação do surgimento da televisão e de sua história. Isso também poderá estar
relacionado à reflexão sobre o significado da televisão na vida dos educandos, suas percepções a
respeito dessa mídia e as relações que cada um estabelece com a imagem televisiva, com a
programação disponível.
Enfim, qualquer objeto pode ser um bom motivo para pensar a historicidade das coisas que nos
cercam. O estudo das formas de diversão, do lazer, dos grupos de convivência (futebol, grupos
religiosos, grupos de amigos, clubes etc.), dos brinquedos e brincadeiras típicos dessa faixa
etária, por exemplo, são alguns dos temas que podem possibilitar que a aprendizagem histórica
seja explorada intensamente.
Mas se as noções temporais que conferem identidade ao ensino da História podem ser
trabalhadas a partir de qualquer tema, elas não podem, no entanto, ser trabalhadas de forma
descontextualizada, abstratamente. Com crianças e pré-adolescentes, não se ensina o que é
sucessão apenas com explicações conceituais, por exemplo. Ao contrário, criam-se situações em
que essa noção é trabalhada. E essas situações não precisam se resumir a atividades específicas
de conteúdo histórico. Tomemos como exemplo uma das atividades muitas vezes utilizadas nas
aulas de Língua Portuguesa, que consiste em se embaralhar partes de uma história em
quadrinhos e solicitar aos educandos que a recomponham, descobrindo a seqüência correta. Ao
fazer isso, o professor está investindo na construção da noção de sucessão, fundamental para a
apreensão do tempo cronológico, marcado pela sucessão de acontecimentos, geralmente
119
organizados em uma linha temporal.
Assim, mesmo que seja relevante que o professor atualize-se, estude a História e seus principais
processos, suas revisões e seus marcos de transformação, é crucial que, ao planejar ações de
ensino-aprendizagem com suas turmas, ele realize um esforço preliminar de reflexão a respeito do
sentido do estudo da História, da significância dos conhecimentos históricos eleitos para quem
aprende e da necessidade de desfocar-se da rotineira idéia de que os conhecimentos históricos
trazem, em si, todo o sentido e a finalidade da História e de seu ensino-aprendizagem nesse
momento de formação.
O conhecimento histórico escolar, portanto, diz respeito às mediações que acontecem entre
professores e alunos, e destes entre si e com a materialidade disponível, visando em especial à
construção de significados para os objetos, conceitos e registros da História em várias épocas e,
ainda, à compreensão de que todo sujeito comum é parte da História humana.
A História para crianças e pré-adolescentes precisa ser, antes de tudo, uma oportunidade de
formação e de descoberta de formas cada vez mais autônomas de olhar para as realidades, em
que se inclui a sua própria realidade, percebendo-as como dinâmicas, contraditórias e
transformáveis.
120
O ENSINO DE HISTÓRIA NO 2° CICLO DE FORMAÇÃO: ESPECIFICIDADES E EIXO TEMÁTICO
Por todas essas razões, rejeitamos a idéia de que neste ciclo deve-se abandonar o estudo de
realidades mais próximas, como a família e a escola, para adentrar em universos mais amplos e
121
distanciados, como a cidade, o estado e o país. Qualquer um desses temas pode ser trabalhado
em qualquer dos ciclos, do 1º ao 3º. Não é, portanto, o tema em si que deve orientar nossas
opções curriculares, mas, antes, o que se faz com ele, a maneira de abordá-lo, o grau de
aprofundamento e as relações que podem ser estabelecidas entre os vários aspectos presentes
em qualquer tema de estudo. Ao rejeitar uma lógica de organização curricular para os anos iniciais
que pré-define que família e escola são temas de estudo do 1º Ciclo, enquanto cidade, estado e
país constituem conteúdos do 2º Ciclo, optamos por uma flexibilização das escolhas, sem perder
de vista as especificidades de cada ciclo.
Nessa nova lógica, nada impede que crianças do 1º Ciclo possam estudar aspectos da História de
sua cidade, ou mesmo possam trabalhar com escalas maiores quando, por exemplo, comparam
suas maneiras de brincar com as de outras crianças que vivem, por exemplo, na China, ou
estabelecem contrapontos entre suas brincadeiras e brincadeiras de crianças que viveram na
Idade Média, por exemplo, identificando algumas das mudanças e permanências.
122
também a necessidade de compreender a dinâmica própria que se instaura nesse ciclo, as
identidades, características e registros culturais próprios dos sujeitos da aprendizagem desse
ciclo, e as contribuições da História para a sua formação. São reflexões que fundamentaram a
elaboração da proposta do 2º Ciclo, diante da consciência de que este é um momento de
ampliação da socialização dos educandos e também de ampliação de sua capacidade leitora e
escritora.
Seja para compreender melhor alguns aspectos de sua realidade vivenciada, seja para conhecer
outros modos de vida, em outros tempos e espaços, é importante que os estudos de História
possibilitem novas descobertas e, principalmente, instiguem a dúvida, o questionamento, o
levantamento de questões. O fato de o ensino de História trabalhar com temas ligados à realidade
social do educando implica o desafio de se evitar uma mera constatação dessa realidade, ou até
mesmo de se limitar a uma retomada de aspectos já conhecidos pelos educandos, que nada
acrescentam ao seu repertório de conhecimentos e capacidades. O objetivo de qualquer disciplina
– e com a História não é diferente – é o de promover aprendizagens e, portanto, um ensino que
não ultrapasse o já conhecido perderá seu significado. A abordagem de objetos e aspectos já
conhecidos só tem sentido, então, se esta promover novas descobertas a respeito daquilo que é
familiar, desmobilizando as certezas construídas e abrindo possibilidades para a apropriação do
novo e a releitura do que já se conhece.
Com isso, afirma-se um ensino de História que se fundamenta não apenas na descoberta do outro
– ser social –, como também no trânsito comparativo e apreciativo, mas não valorativo, entre a
própria realidade e outras. Mais do que isso, ao realizar esse trânsito, o educando pode começar
a perceber que o mundo não se restringe ao seu universo de vivência, que existem outras formas
de vida para além da sua, passos importantes para afirmação de sua heteronomia.
123
DIFERENTES GRUPOS SOCIAIS, NO PASSADO E NO PRESENTE: UMA PROPOSTA DE EIXO
TEMÁTICO PARA O 2° CICLO
Um dos elementos que confere identidade ao 2º Ciclo é o fato de ser um ciclo de transição entre a
infância e a adolescência, em que os sujeitos vivenciam os primeiros momentos de ampliação de
sua própria socialização, com a constituição mais efetiva da identidade de grupo, percebendo-se
como parte de uma coletividade e sentindo a necessidade de maior partilha com outros de sua
idade. Este pode ser, então, um momento privilegiado para ampliarem a compreensão de que a
História é feita por sujeitos sociais, em práticas predominantemente coletivas, em contextos
marcados por uma conjugação de múltiplos aspectos, que envolvem interesses, intenções, formas
de compreender o mundo e de atuar sobre ele. Uma das possibilidades vislumbradas é que o
estudo de diferentes grupos sociais, no passado e no presente, suas identidades e suas
formas de relacionamento, de vida e de afirmação transforme-se em eixo temático do 2º Ciclo
para abordagem da História (e das interfaces em trabalhos interdisciplinares).
124
Pode-se prever, por exemplo, o estudo de populações indígenas, no passado e no presente, de
grupos de africanos e afro-descendentes, de colonizadores e diferentes povos europeus e
asiáticos que imigraram para o Brasil, de grupos de migrantes que, em diferentes momentos de
nossa História, deslocaram-se de uma região a outra do Brasil, em busca de melhores condições
de vida, trabalho e moradia. Inclui-se, aí, diferentes grupos que migraram para Minas Gerais (por
exemplo, durante a “corrida do ouro”, no século XVIII), ou daqui saíram, em busca de trabalho, ou,
ainda, de grupos que se dirigiram para o local do antigo Curral Del Rei, no momento em que se
erguia a nova capital de Minas, em fins do século XIX. O estudo da cidade de Belo Horizonte, a
partir de seus movimentos migratórios constitui, aliás, um dos temas que pode mostrar-se
bastante significativo, tendo em vista, inclusive, que é difícil encontrar uma família residente em
Belo Horizonte, nos dias atuais, que não tenha, pelo menos, um membro que veio de outra
cidade, ou de outro estado do Brasil, o que poderia possibilitar um trabalho interessante de
mapeamento das trajetórias vivenciadas pelas famílias dos educandos. É importante que esse
movimento de investigação da História e da trajetória das coletividades humanas tenha como
ancoragem a bagagem que trazem os educandos, sujeitos inseridos numa família, num grupo
social, numa coletividade de convívio.
Ao pensar o livro didático não como um manual a ser rigorosamente seguido, mas como uma
fonte de inspiração para o trabalho docente, dentre outras tantos materiais com os quais o
professor poderá dialogar, a sala de aula transforma-se num ambiente de exploração, introduzindo
a criança e o pré-adolescente no desafio de pensar os textos, de modo geral e nos seus mais
variados suportes e linguagens, como construções sociais. O uso sugerido do livro didático,
125
portanto, é voltado à pesquisa e o professor poderá compor uma seleção substantiva de
conteúdos e abordagens em diálogo com os diferentes livros em circulação, de modo a atender de
forma mais satisfatória à concepção dos tempos de formação humana que sustentam a idéia de
ciclo que, sabemos, não está presente na estruturação de obras didáticas de História.
Como contribuição para o planejamento do trabalho docente, os quadros abaixo com as matrizes
curriculares trazem sugestões quanto à gradação no tratamento das capacidades em cada ano do
ciclo e são empregadas as letras I, R, T e C, que remetem aos verbos INTRODUZIR, RETOMAR,
TRABALHAR e CONSOLIDAR. A definição desses termos aparece no texto “Introdução”, destas
Proposições Curriculares, aqui reproduzida a seguir:
Afirmando a História dos grupos humanos como temática do 2.º Ciclo e buscando compreender e
problematizar as maneiras de socialização presentes em diferentes contextos, épocas e
sociedades, espera-se que o educando torne-se capaz de:
Aprender História é aprender que todas as criações e ações humanas, desde artefatos e objetos,
às suas relações, formas de sentir e significar o mundo, tudo possui historicidade, ou seja, foi
criado, construído em certo momento histórico, por sujeitos que possuíam (e ainda possuem)
intenções e visavam (visam) a algum objetivo, em diálogo com outros sujeitos de sua época, e em
meio a relações e constrangimentos instaurados pela vida em sociedade. Em outras palavras, a
História nos mostra que as coisas nem sempre foram como são, que já foram de um jeito diferente
em outro momento – e ainda são em outras coletividades e em outros contextos – e que, nesse
sentido, também não são eternas. É isso que costumamos chamar de historicidade. Sua
127
percepção está ligada ao processo de desnaturalização do mundo social. Quer dizer, exatamente
por serem fruto de ações humanas no tempo, os processos da vida social não são naturais ou
“dados de uma vez por todas” ou iguais em todos os contextos. Eles são históricos e, por isso
mesmo, transformam-se no tempo e no espaço. A percepção da historicidade, iniciada no 1°
Ciclo, deve ser ampliada no 2° Ciclo, quando os edu candos podem percebê-la em sua dimensão
social e coletiva, como fruto da ação de grupos e não de sujeitos isoladamente. Além disso, neste
ciclo, os educandos têm condições de estabelecer relações entre diferentes variáveis, percebendo
a historicidade em contextos marcados por uma multiplicidade de aspectos e processos sociais.
Um bom momento para se perceber os calendários como formas sociais de marcação do tempo
pode acontecer, também, durante a comemoração de datas especiais do calendário civil, as
chamadas datas comemorativas. Ao trabalhar com essas datas, por exemplo, pode-se criar um
momento de reflexão sobre os seus significados sociais e os processos de eleição dessa data e
não de outra para relevância em uma época. Além disso, é possível desenvolver uma análise de
como nós, sujeitos comuns, fazemos essa operação em nossa própria trajetória de vida pessoal,
elegendo algumas datas para serem lembradas, outras para serem esquecidas ou silenciadas.
128
Um dos recursos utilizados por professores para favorecer a apreensão da dimensão cronológica
do tempo histórico é a construção de linhas do tempo. O trabalho com essa forma de
representação exige, no entanto, certa cautela e clareza de seus limites. Ao mesmo tempo em
que essa forma de representação contribui para a construção das noções de passado, presente
e futuro, assim como de sucessão e simultaneidade, ela também reforça as idéias de
linearidade, homogeneidade e progresso, fazendo crer que todos os povos vivenciam – ou
deveriam vivenciar – uma mesma História, que caminha linearmente de um estágio menos
evoluído para um estágio de desenvolvimento e progresso. Sabemos que a História humana, a
História de diferentes povos, não se faz dessa maneira e que as referências do que seja
“evolução”, “progresso”, “desenvolvimento” são também polissêmicas, forjadas em meio a
conflitos, disputas e relações de poder.
Outra forma de representação do tempo muito comum em História é a sua divisão em grandes
períodos. As periodizações nos remetem ao que permanece por um tempo – um período – e à
sua transformação, que demarca o início de um novo período. O estudo das periodizações nos
descortina, assim, um tempo histórico que também é feito de durações, a partir das quais se
podem identificar mudanças e permanências, conceitos também fundamentais para o
desenvolvimento da noção de temporalidade entre os sujeitos aprendentes. O conceito de
durações temporais foi criado por Braudel (1983) que nos apresenta a idéia dos ritmos em que
ocorreriam as mudanças históricas: a curta duração, a velocidade dos eventos, dos
acontecimentos breves, com datas e lugares bem definidos; a média duração ou o tempo
conjuntural dos fenômenos econômicos ou dos governos – períodos que corresponderiam a
décadas ou até a um século –; e, por fim, a longa duração, o tempo das permanências ou das
mudanças praticamente imperceptíveis que caracterizam as formas de organização social, as
relações de trabalho, os sistemas produtivos e religiosos, as civilizações e as culturas.
Além disso, não podemos perder de vista que as periodizações também são resultantes de
construções sociais, e que o estabelecimento de determinados marcos como momentos que
inauguram ou encerram períodos históricos é uma operação que envolve escolhas, quase sempre
marcadas por disputas, jogos de interesse, relações de poder. Por fim, devemos lembrar que as
diferentes formas de viver o tempo elaboradas no interior de cada cultura e de cada época nos
remetem a uma outra importante dimensão do tempo histórico, aos diferentes ritmos de tempo,
que nos permitem perceber diferenças e semelhanças, noções temporais também fundamentais
no aprendizado da temporalidade histórica.
129
3º EIXO NORTEADOR: SUJEITOS HISTÓRICOS
Esse eixo tem por pressuposto duas noções fundamentais: a de que a História é feita por grupos
sociais, em sua vivência coletiva, e a de que as pessoas comuns são sujeitos da História, o que
nos remete à historicidade presente na vida cotidiana. Para consolidar esse pressuposto torna-se
necessário fazer emergir, em sala de aula, esses diferentes sujeitos: mulheres e homens,
crianças, jovens e idosos, trabalhadores e patrões, governantes e cidadãos, pessoas da cidade ou
do campo, incluídos e excluídos socialmente, aqueles que se vêem como brancos, negros,
indígenas, “amarelos” e mestiços, em suas relações com a família, o trabalho, o lazer, o
descanso, a religiosidade, as comemorações e todas as outras dimensões que fazem parte da
experiência humana, no presente e em outras épocas. Trabalhar com aspectos da história de vida
e familiar dos educandos, assim como de seus diferentes grupos de convívio, é também uma
maneira de contribuir para sua auto-identificação como sujeito histórico.
130
4º EIXO NORTEADOR: CONHECIMENTO HISTÓRICO COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL
Enfim, fazer emergir algumas dessas controvérsias históricas, assim como trazer para a sala de
aula formas de interpretar a realidade sócio-histórica em curso e circulação na sociedade, na
mídia e na imprensa pode ser uma boa maneira de criar possibilidades de análise e
questionamento de idéias que têm grande força de convencimento e permanecem no imaginário
de diferentes gerações. Esse costuma ser o caso, por exemplo, das representações acerca de
grupos socialmente marginalizados, como as populações indígenas e afro-descendentes, vítimas
freqüentes de visões estereotipadas e preconceituosas, como as idéias de que os povos
indígenas são atrasados, de que já não existem índios nos tempos atuais – os que restaram
teriam se “aculturado” e deixado de ser índios – ou, ainda, que qualquer programa pouco
convidativo pode ser caracterizado como “programa de índio”.
Sem a pretensão de apenas substituir uma visão “equivocada” por uma visão “correta”, pode-se
apostar que as aulas de História sejam espaços em que essas questões compareçam,
131
contribuindo para problematizar a origem e o fundamento de algumas idéias e perceber como se
dá o seu aprendizado no convívio social, além, evidentemente, de contribuir para a superação de
preconceitos e de visões estereotipadas.
Pode-se dizer que aprender História é também aprender a pesquisar histórias. Ao recortar a sua
realidade, selecionar fontes, interpretar abordagens, ler imagens, ouvir e refletir sobre música,
cinema, documentos de época, interpretações históricas, o educando, em diálogo com seus
colegas e com o professor, exerce seu protagonismo na aprendizagem, nesse caso,
fundamentalmente por meio de atitudes de investigação.
O contato inicial com fontes variadas e que se apresentam a partir de linguagens também diversas
(imagens, músicas, filmes, desenhos animados, charges, textos escritos, literatura infantil etc.)
possibilita que o educando, em primeiro lugar, aprenda a extrair informações e também a indagar
sobre a origem e intencionalidades que acompanham diferentes testemunhos da História. É,
assim, papel do professor possibilitar o acesso dos educandos a fontes de naturezas variadas,
diversificando seu contato com os testemunhos e ampliando a noção do que sejam documentos
históricos: documentos escritos de todo tipo, como documentos de época (na íntegra ou em
fragmentos), textos jornalísticos e literários, assim como diferentes tipos de fontes iconográficas,
132
orais e objetos da cultura material. Cada um desses tipos de fonte exige um tratamento específico,
sendo fundamental que os educandos do 2º Ciclo sejam capazes de identificar as diferenças entre
os tipos de fontes e linguagens e as especificidades de leitura de cada uma delas.
Dessa maneira, os educandos podem começar a perceber que ler um documento escrito qualquer
é diferente de ler uma fotografia ou de ler um objeto cultural, ou, ainda, de ler uma imagem. Além
disso, quando trabalham com uma linguagem específica, como, por exemplo, a linguagem
musical, os professores devem levar em conta a natureza dessa fonte, sua linguagem peculiar, as
informações verbais que expressam, as mensagens não-verbais significadas por meio de
melodias que podem provocar tristeza, alegria, saudade, melancolia etc. Com isso, podem
perceber, também, que não apenas as informações oferecidas por cada uma diferem, mas
também as perguntas que devem ser feitas para extrair dali informações relevantes, percepções,
emoções e aprendizagens.
Por fim, toda atividade de pesquisa precisa completar seu percurso com as atividades de
sistematização e socialização. Construir, coletivamente, formas de registro e socialização das
descobertas feitas é uma maneira de reafirmar o papel social do conhecimento produzido, que só
tem sentido quando pode ser comunicado, partilhado com outros.
O trabalho com diferentes linguagens e, dentro dele, a prática de transposição de uma linguagem
a outra – por exemplo, representar as idéias de um texto escrito por meio de desenho ou de
maquete – já implica uma operação de produção de conhecimento escolar. Ao ter que refletir
sobre os elementos de cada uma das linguagens – da verbal à gráfica, no caso do exemplo citado
– o educando é convidado a um processo de criação e autoria, que o coloca de frente com o
desafio da produção do conhecimento.
133
direitos humanos como pressuposto de cidadania.
Esses desafios levam, muitas vezes, a que alguns professores optem por excluir determinados
assuntos e abordagens de seus conteúdos programáticos, sob o risco de acirrar preconceitos e
atitudes xenófobas e etnocêntricas. No entanto, tais atitudes e posturas estão cada vez mais
presentes em um mundo globalizado, que busca preservar identidades e pode criar, muitas vezes,
trincheiras e guetos. Inúmeros conflitos hoje em curso no mundo se assentam nesta busca de
afirmação das identidades a partir do confronto com o outro, o diferente, visto como ameaçador e,
portanto, digno de ser destruído, eliminado. Tais conflitos, que muitas vezes nos parecem
cenários distantes, acessíveis pelos noticiários de TV, estão, na verdade, muito presentes no
cotidiano dos centros urbanos ou mesmo em pequenas comunidades, expressos no repúdio
àqueles que trazem alguma marca de diferença, seja ela cultural, social, ou mesmo física.
Por todas essas razões, o ensino de História, enquanto canal privilegiado de conhecimento e
compreensão das diferenças historicamente construídas entre os grupos humanos, não pode se
furtar à tarefa de promover reflexões e questionamentos que possibilitem esse encontro com o
outro, não apenas para conhecê-lo, mas para desenvolver atitudes de tolerância, respeito,
possibilidades de intercâmbio e aprendizado mútuo.
1
Atitude cultural negativa dirigida a pessoas não-brancas, orientadas por crenças sobre diferenças raciais em relação a aspectos como
inteligência, motivação, caráter, moral e habilidades.
2
Atitude cultural orientada pela idéia de que as diferenças entre os sexos caracterizam superioridade de um e inferioridade do outro.
3
Atitude cultural orientada pela idéia de que há uma única orientação sexual normal, o que leva a situações nas quais as variações da
orientação heterossexual são marginalizadas, ignoradas ou perseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas.
4
Atitude cultural negativa orientada contra pessoas de outra classe social. Pode manifestar-se na forma de desprezo ou agressividade
de pessoas ricas contra os pobres ou de pessoas pobres contra os membros das classes mais abastadas.
134
O encontro com o outro, pelo cultivo da tolerância, respeito, capacidade de escuta e negociação
faz parte dos fundamentos da construção da democracia e da cidadania.
A formação cidadã é, portanto, um componente importante do ensino de História. Mas, para isso,
é necessário que, a essa dimensão, que prevê também o trato com a diversidade, não estejam
ausentes a interpretação profunda das desigualdades de toda ordem e o estudo histórico das
lutas por afirmação de direitos num universo social e político – como o brasileiro – em que
nitidamente ocorre a supressão dos mesmos direitos.
O ensino de História tem na memória uma de suas principais fontes. Por meio dos objetos da
cultura, os professores podem criar situações significativas de investigação e de compreensão da
História. E, como já dissemos, esse pressuposto requer também uma postura investigativa, a
compreensão da historicidade dos objetos e de seus diferentes percursos, usos e desusos no
tempo, além da avaliação do que nos dizem a sua materialidade, os seus detalhes, a sua
deformação e o seu silêncio. Além do mais, é importante compreender que os sujeitos também
produzem conhecimentos, sensações e percepções em contato com os objetos da cultura,
recortados por sua trajetória pessoal e pelas aprendizagens realizadas.
Por isso é tão importante ao docente de História a aproximação propositiva com outros ambientes
sociais que têm a História como dimensão significativa, como os museus, os arquivos, as
bibliotecas, os centros culturais, as ONG's, as instâncias e instituições ligadas a movimentos
sociais, os clubes de leitura, os ambientes virtuais de educação histórica, entre outros. Realizar
visitas a essas instituições requer, no entanto, todo um trabalho de partilha com essas instituições,
135
de preparação prévia na escola e registro, assim como a construção coletiva de posturas e
condutas desejáveis no momento da visita.
Para isso, é importante, também, que o professor dialogue com profissionais ligados aos setores e
finalidades educativas da instituição com a qual pretende proporcionar ações educativas,
aprendendo com seus profissionais, expondo-lhes seus objetivos e compartilhando uma proposta
de ação. No momento da visita, propriamente, é também importante criar estratégias que
favoreçam um ambiente de aprendizagem e fruição estética, garantindo que os educandos
tenham alguma autonomia para construir seus percursos, deter-se mais, ou menos, diante de
alguns objetos ou setores, podendo interagir com os mesmos a partir de suas experiências e
motivações. (PEREIRA et alli, 2007)
O trabalho com instituições que guardam acervos significativos e são portadoras de memórias de
grupos e épocas distintas pode ser também uma maneira interessante de proporcionar aos
educandos uma reflexão e uma vivência da cidade como ambiente de aprendizagem histórica.
Na mesma linha, a investigação da História pela valorização da memória ocorre também pela
136
compreensão do papel da oralidade e de seu valor no estudo das sociedades, das histórias dos
sujeitos e da construção de narrativas sobre o passado em sociedade. Dessa forma, o professor
poderá lançar mão do diálogo com os saberes locais, com as narrativas de idosos e de pessoas
de referência nas comunidades em que se insere a escola. Além de se constituir em importante
fonte para os estudos propostos, essa prática contribui para a valorização de sujeitos, muitas
vezes, excluídos e que encontram dificuldades, no mundo contemporâneo, para expressar suas
percepções e partilhar seus saberes, sobretudo os idosos, sujeitos de direitos freqüentemente
violados nas sociedades atuais.
Cabe ainda ao ensino de História aproximar o meio ambiente das relações sociais, reconhecendo
que este precisa ser compreendido em interação com indivíduos, considerando não só as suas
bases naturais como também as modificações que nele se operam pelas ações humanas no
decorrer da História. Os estudos históricos devem interferir nessa discussão e estimular a
apropriação, pelas comunidades, de seus bens naturais, fortalecendo sua identidade e
contribuindo para a conservação sustentável dessa riqueza.
137
Distribuição no
Capacidades a serem desenvolvidas no 2° Ciclo / História
ciclo
5
Tudo foi criado, construído em certo momento histórico, por sujeitos que possuíam intenções e visavam um objetivo relacionado às
possibilidades materiais e da mentalidade da sociedade em que vivia.
6
Os processos da vida social não são naturais, eles são fruto da ação humana, por isso não são imutáveis e nem eternos. Eles
possuem diferenças relacionadas aos sujeitos envolvidos, ao tempo e ao espaço em que ocorreram.
7
Dimensões, categorias e ritmos do tempo: passado, presente, futuro, simultaneidade, sucessão,
antecedência, permanência, mudança, tempo social, tempobiológico, tempo cronológico e outros.
8
Segundo Braudel(1983), existem três ritmos na história: ( a longa duração, como o tempo das mentalidades ou culturas), o
conjuntural( tempo dos fênomenos que duram décadas ou até um século como os governos) e os eventos ( tempo das rupturas como
as revoluções).
138
Desenvolver a habilidade de compreensão, de leitura e
de produção de registros de conteúdo histórico, em
R/T T T/C
suas variadas formas, como textos escritos, desenhos,
mapas, esquemas, roteiros, fotografia etc.
• Pesquisa e
produção do
Desenvolver procedimentos de pesquisa e produção de
conhecimento
conhecimento: leitura e interpretação de fontes R T T
histórico escolar
diferenciadas, construção de registros de conteúdo
histórico, em suas variadas formas.
Conhecer e apropriar-se de diferentes linguagens e
R I/T T
mídias com vistas à aprendizagem histórica.
139
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140
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141
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
INTRODUÇÃO
Este documento é uma versão revisada e ampliada das Proposições Curriculares para o ensino
da Língua Inglesa na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte (RME-BH), no 2º Ciclo, para
atender aos aprendizes da faixa etária de 9 aos 11/12 anos. O processo de revisão dessas
Proposições Curriculares é resultado de uma extensa e profícua interlocução com professores e
coordenadores da RME-BH, no período de agosto a novembro de 2008. Contudo, não se
encontra encerrado para debates. Pelo contrário, à medida que essas proposições forem
concretizadas em sala de aula, os professores são convidados a comentá-las e a sugerir ajustes
para futuras intervenções nos espaços online e em encontros presenciais. Entendemos que
somente por meio desta constante interação será possível alcançarmos a qualidade de ensino e
aprendizagem desejada.
O processo de apontar diretrizes norteadoras para o trabalho com a Língua Inglesa para a RME-
BH tem como referência os PCN-LE (BRASIL, 1998), a organização e lógica do caderno do
Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – CEALE (BATISTA et. al., 2005), a Proposta Curricular
de Língua Estrangeira do Estado de Minas Gerais – CBC (MINAS GERAIS, 2007) e as
concepções político-pedagógicas da Escola Plural – RME-BH (2002). Nosso ponto central é a
educação inclusiva, tendo em vista o anseio de formar cidadãos críticos, conscientes do mundo
que os cerca e atuantes na sociedade, por meio de atividades de aprendizagem significativas para
esses aprendizes. Nesta perspectiva, estas Proposições Curriculares terão como objetivo
estabelecer provisões teórico-metodológicas para um ensino significativo, uma vez que parece ser
consenso entre pesquisadores da área de ensino da Língua Inglesa os vários benefícios do início
da aprendizagem de línguas na infância (CAMERON, 2001; ROCHA, 2006). No entanto, para que
esse processo de ensino-aprendizagem para crianças e pré-adolescentes seja implementado com
sucesso, é fundamental que seja desenvolvido com o suporte de objetivos e embasamentos
teórico-metodológicos claros e bem definidos, contando com uma infra-estrutura adequada de
recursos (laboratório de informática em rede, DVD, livros etc.). É isto que se almeja alcançar
nessa construção das Proposições Curriculares aqui apresentadas.
142
RAZÕES PARA APRENDER UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO 2º CICLO
Oferecer uma língua estrangeira (LE) aos estudantes da escola pública, desde o início do Ensino
Fundamental, demanda uma reflexão sobre sua função educativa, reflexão proposta aqui neste
espaço.
Uma língua estrangeira deve ser sempre pensada como constituinte e constituidora de domínios e
saberes. É um erro pensar que os conhecimentos trabalhados em nossos currículos vão
necessariamente levar os educandos a se tornarem totalmente proficientes nos mesmos, e que,
por isso, o estudo da Língua Inglesa seria uma oferta irrelevante para este contexto de ensino.
Partir da premissa de que o educando nunca chegará a falar e dominar o inglês como segunda
língua, e que então seria uma oferta desnecessária a estudantes sócio-economicamente
desfavorecidos e hipoteticamente desqualificados historicamente, além de representar um
preconceito, pode ser um erro político-pedagógico. Cada pessoa reage de maneira individual às
oportunidades que tem em sua trajetória de vida. A escola pública tem como responsabilidade
democrática oferecer, no tempo adequado, os conhecimentos e as bases para que os mesmos
sejam apreendidos por seus educandos, independentemente dos resultados subseqüentes em
sua vida profissional ou particular.
Cabe, aqui, ressaltar que o estudo de uma língua vai além da mera aprendizagem de um sistema
de signos. A aprendizagem de uma língua estrangeira representa para nossos educandos uma
ampliação dos horizontes, uma ampliação da capacidade para entender as diferenças humanas
em seus aspectos globais. Possibilitar a comunicação entre os povos constitui-se em uma
oportunidade de discussão das diferenças culturais e de convivência com a diversidade. Nessa
perspectiva, pode promover valores como a tolerância, o respeito em relação a outras culturas e
ainda a desmistificação da crença de que essas outras culturas sejam melhores do que a nossa.
Sendo assim, a aprendizagem de uma língua estrangeira pode favorecer a valorização da nossa
143
identidade e o fortalecimento da nossa auto-estima. Corroborando com essa argumentação,
Rocha (2006, p.94) afirma:
Ter contato com uma outra forma de língua – além da materna, com uma outra construção
sintática, e uma outra forma de interagir com os pensamentos a partir da construção de uma outra
representação de símbolos e signos – pode significar enriquecimento cultural, intelectual, afetivo e
cognitivo. Além disso, pode também ajudar os educandos a aprender e aprofundar conhecimentos
e usos em sua língua materna a partir da problematização de hipóteses lingüísticas, aproximando-
os de hipóteses mais reais e concretas. Vale ressaltar aqui que a aprendizagem da Língua Inglesa
pretende desenvolver-se em consonância com o ensino da língua materna, uma vez que
promoveremos a aprendizagem através de projetos educacionais e por meio de gêneros textuais,
fazendo, assim, uso de situações de aprendizagem contextualizadas e mais significativas. Nesse
sentido, a aproximação com a língua materna possibilitará um trabalho mais efetivo com a
linguagem. Vale também acrescentar o benefício da aprendizagem da Língua Inglesa numa
perspectiva interdisciplinar, conforme proposta pelos PCN-LE (BRASIL, 1998) e preconizada na
Escola Plural (2002). Por meio de projetos educacionais, a inter-relação com outras disciplinas
como História, Geografia, Ciências, Arte etc. é perfeitamente possível e desejável durante o
desenvolvimento das práticas pedagógicas para o ensino da língua estrangeira. Os projetos
também ampliam atitudes de colaboração entre os participantes e estimulam o respeito aos
pontos de vista do outro.
Cabe ainda salientar que a não-inclusão da língua estrangeira nos ciclos iniciais do Ensino
Fundamental privaria o estudante da escola pública municipal também do direito de vivenciar a
aprendizagem desse conhecimento como “uma atividade emocional e não apenas intelectual.”
(PCN-LE, 1998, p.66). Ao afirmar isso, os PCN prosseguem afirmando que “o aluno é um ser
cognitivo, afetivo, emotivo e criativo”. Vale enfatizar que o desenvolvimento afetivo e a auto-estima
podem ser facilmente estimulados por meio de atividades lúdicas de aprendizagem propostas
nesses referenciais. Rocha (2006, p.18) assevera que a aprendizagem de uma língua estrangeira
144
tem um papel fundamental na formação global dos alunos, que “inclui além do desenvolvimento
lingüístico-comunicativo, o desenvolvimento de atitudes e a construção de valores”, devendo,
portanto, ser vista como um direito adquirido. Apropriamo-nos, então, das palavras dessa autora
(ROCHA, 2006) no exercício da reflexão sobre os benefícios da aprendizagem da Língua Inglesa
no 2º Ciclo do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte.
• Direito ao conhecimento
• Ampliação dos horizontes
• Capacidade de entender as diferenças
• Convivência com a diversidade
• Desmistificação da crença de uma cultura inferior
• Valorização da identidade
• Fortalecimento da auto-estima
• Motivação intrínseca
• Enriquecimento cultural, intelectual, afetivo e cognitivo
SUPORTE TEÓRICO-METODOLÓGICO
Estas Proposições Curriculares para o ensino de língua estrangeira no 2º Ciclo da Escola Plural
da RME-BH alicerçam-se na noção de linguagem como prática social, fortemente fundamentados
na teoria sócio-cultural (ou sócio-histórica), elaborada por Vygotsky (1996), na visão
sociointeracionista de Bronckard (2003) e na noção de gêneros de Schwnewly e Dolz (2004) como
megainstrumentos para o ensino e a aprendizagem. Palavras-chave são interação, colaboração
com o outro para aprender, andaimes (scaffolding), aprendizagem mediada pela brincadeira,
conteúdos em espiral, feedback, uso social da linguagem.
Palavras-chave:
• Interação
• Colaboração
• Andaime
• Ludicidade
• Conteúdos em espiral
• Uso social da linguagem
• Feedback
145
O ENSINO DE LE VIA GÊNEROS TEXTUAIS
Observa-se, claramente, que a abordagem aqui proposta não se ancora no ensino de estruturas
gramaticais isoladas do seu contexto de uso. O foco passa a ser a linguagem concebida como
atividade social, histórica e cognitiva e, portanto, ancora-se em diferentes gêneros textuais.
Segundo o CEALE (Caderno 2, p.30), gêneros textuais são compreendidos como
As capacidades discursivas são desenvolvidas pela análise da estrutura textual: como o texto é
organizado, qual a sua tipologia (narrativa, descritiva, expositiva, etc.), que elementos não verbais
146
fazem parte dessa estrutura, qual a sua distribuição em uma página ou o seu layout, no caso de
textos escritos. Estes elementos estruturais são facilmente identificáveis pelo leitor/ouvinte
proficiente.
Apresentamos, a seguir, um quadro com a síntese dos gêneros textuais orais e escritos, que
foram indicados na primeira versão deste documento e expandidos por intervenção de
professores da RME. Os critérios comuns adotados pelos professores ao elegerem estes como os
gêneros mais apropriados para o 2º Ciclo foram a maturidade dos alunos e suas áreas de
interesse. Cabe dizer aqui que a escolha dos gêneros e dos textos com os quais vai trabalhar
compete ao professor. Tal decisão deve ser embasada no contexto sócio-comunicativo que ele
deseja que seus alunos vivenciem. Se, por exemplo, o contexto for convidar os amigos para uma
festa de aniversário, o professor deverá decidir que gênero textual cumprirá melhor este papel: um
convite, um e-mail ou mesmo um telefonema seriam adequados. Se o professor deseja trabalhar o
texto escrito, pode optar pelo convite ou pelo e-mail. Vale lembrar que a complexidade e
profundidade no desenvolvimento das capacidades no estudo de textos orais e escritos
dependem da idade, maturidade, necessidade e interesse dos aprendizes.
147
SUGESTÕES DE GÊNEROS TEXTUAIS PARA O ENSINO DE LE NO 2º CICLO
148
A VISÃO SÓCIO-INTERACIONAL DA APRENDIZAGEM
O trabalho com gêneros textuais possibilita, ainda, o envolvimento dos alunos em projetos
educacionais interdisciplinares e em tarefas significativas. O objetivo é que os alunos aprendam a
produzir a língua estrangeira (inglês) de maneira espontânea e natural, utilizando-se de vários
recursos para o seu aprendizado, dentre eles a Internet. Por exemplo, ao criar uma webpage da
turma para o desenvolvimento de projetos interativos, os alunos terão a oportunidade de se
envolver ativamente no processo de aprendizagem, interagindo com os colegas e com o mundo
através do ciberespaço. Promover a interação entre os alunos, despertando, assim, a co-
responsabilidade dos participantes, é fundamental para que eles se tornem ativos no processo de
aprendizagem. Essas idéias têm como fundamento a teoria de Vygotsky (apud LUNT, 1994), em
particular em seu trabalho sobre a relação da aprendizagem (instrução) e desenvolvimento, sobre
o papel da mediação na compreensão e sobre o lugar essencial que a zona de desenvolvimento
proximal (ZDP) ocupa na compreensão do desenvolvimento cognitivo de uma criança como
indivíduo. Para Vygotsky, a instrução está na essência da aprendizagem e desempenha um papel
fundamental no desenvolvimento. Ele considera que a instrução precede e conduz o
desenvolvimento. Em suas palavras, “a instrução só é útil quando ultrapassa o desenvolvimento.
Quando isso acontece, ela impele ou desperta uma série completa de funções que estão
adormecidas, em estado de maturação, na zona de desenvolvimento proximal.” (VYGOTSKY,
1987 apud LUNT, 1994, p.233)
De acordo com a teoria vygotskiana, zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível
de desenvolvimento real – aquilo que o aprendiz já sabe –, que se costuma determinar por meio
da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, aquilo que o
aprendiz sabe fazer sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes. Por isso, o trabalho de mediação em pares e em grupos, ou seja, a interação com
colegas feita de maneira colaborativa será muito importante no processo de ensino aprendizagem
aqui proposto, uma vez que os andaimes (scaffolding) – o apoio à aprendizagem por meio de
tarefas, instrução, seqüência de atividades, materiais etc. – são elementos essenciais para agir na
ZDP. É importante enfatizar que, para Vygotsky (apud LUNT, 1994), os processos cognitivos são
o resultado de interações sociais e culturais, e que todos os processos psicológicos do indivíduo
têm sua origem no social. Os processos psicológicos humanos superiores têm suas funções na
atividade colaborativa. A criança diante de novos conhecimentos, através da atividade social –
conduzida por meio da atividade instrucional do adulto, e através de um processo de
internalização, será capaz de aprender o novo conhecimento.
Assim como no 1º Ciclo, é muito importante ter em mente que o trabalho a ser desenvolvido com
os alunos de 2º Ciclo será permeado de atividades lúdicas, pois as habilidades conceituais da
criança são expandidas por meio do brinquedo e do uso da imaginação. Ao envolver-se em jogos
variados, a criança adquire e inventa regras, ou seja, há oportunidade para o desenvolvimento
intelectual. Inicialmente, os jogos são reproduções de situações reais, porém, através da dinâmica
da imaginação da criança e do reconhecimento de regras implícitas que regem as atividades
reproduzidas na brincadeira, a criança adquire um controle elementar do pensamento abstrato.
Nesse sentido, a brincadeira dirige o desenvolvimento, argumenta Vygotsky. Ele propõe um
paralelo entre a brincadeira e a instrução escolar – ambos agem na zona de desenvolvimento
proximal e em ambos os contextos a criança elabora habilidades e conhecimentos socialmente
disponíveis que passará a internalizar. Durante as brincadeiras todos os aspectos da vida da
criança podem tornar-se temas de jogos.
Em um país em que o acesso a textos reais publicados em Língua Inglesa é restrito, é a Internet a
fonte inesgotável de materiais e de textos de diversos gêneros que podem constituir a base das
atividades de ensino. Professores e alunos precisam, portanto, se apropriar das capacidades
necessárias para lidar com tal recurso, para tirar o melhor proveito daquilo que ela pode lhes
oferecer. Além disso, outras ferramentas, como editores de texto, apresentações em PowerPoint,
planilhas de Excel ou correspondentes devem fazer parte da dinâmica das aulas de Língua
Inglesa, pois ao mesmo tempo em que os aprendizes desenvolvem suas capacidades lingüísticas,
também ampliam suas possibilidades de atuação em um mundo cada dia mais informatizado. No
contexto atual, aqueles alunos que já dominam os conhecimentos necessários para o
150
desempenho das atividades diárias que as novas tecnologias (computadores, celulares, iPod etc.)
lhes impõem são conhecidos como digital natives (nativos digitais) e se destacam ante àqueles
que ainda não foram devidamente incluídos na era digital.
Sharma e Barrett (2007) relacionam alguns motivos para que a tecnologia seja incluída no ensino
de língua estrangeira. Algumas das razões apontadas por esses autores são:
• Atividades mediadas por computador podem ser mais interativas que atividades impressas.
• Os alunos gostam de receber feedback imediato, como o que é dado ao final das
atividades interativas feitas no computador, quando o programa aponta imediatamente o
número ou a porcentagem de erros e acertos dos aprendizes.
• Permite a prática e o estudo da língua fora da sala de aula, em qualquer lugar, a qualquer
momento. Isso aumenta a autonomia dos alunos.
151
Figura 2: Ferramentas de colaboração online (DIAS, 2008).
As ferramentas disponíveis são muitas e os motivos para usá-las já foram destacados acima. Faz-
se necessário, contudo, que o professor selecione, avalie e prepare seus materiais de ensino
baseados em princípios educativos bem definidos. É preciso discernir dentre a vasta gama de
conteúdos e atividades ofertada online ou mesmo em CD roms, DVDs etc., aqueles que são
apropriados para desenvolver a competência comunicativa dos aprendizes. Deve-se tomar
cuidado para que os recursos digitais não sejam apenas acréscimos aparentemente inovadores à
prática pedagógica, configurando-se em aulas tradicionais centradas no ensino
descontextualizado de vocabulário e gramática. Antes, devem ser vistos como fonte de textos de
gêneros variados e autênticos e de atividades que possibilitam o engajamento discursivo dos
aprendizes em contextos sócio-comunicativos diversos.
152
SUGESTÕES DE SITES PARA ALUNOS E PROFESSORES DE INGLÊS DO 2º CICLO
Esta lista de sites é apenas uma pequena amostra dos recursos disponíveis na Web.
Recomendamos que os professores façam buscas de outros sites, formem suas próprias listas de
favoritos e as compartilhem com seus colegas de trabalho. Assim, ampliarão rapidamente o seu
repertório de materiais didático-pedagógicos.
153
PLANEJAMENTO DO TRABALHO DOCENTE
Dois são os eixos articuladores em torno dos quais as capacidades de linguagem serão
desenvolvidas, segundo esta proposta: compreensão e produção de gêneros textuais orais e
compreensão e produção de gêneros textuais escritos. As capacidades gerais, as específicas
e os conteúdos dos respectivos eixos encontram-se listados abaixo. Encontram-se também
listadas as etapas para o desenvolvimento das capacidades, tendo em vista que cada professor
deve avaliar o seu contexto e alterar a seqüência caso seja necessário. Estamos fazendo uso da
lógica e organização da proposição em espiral do CEALE (BATISTA et. al., 2005, p.15, v.2) para a
sugestão das etapas a serem seguidas no processo de ensinar a LE.
EIXO Articulador 1:
EIXO Articulador 2:
A escolha dos temas e conteúdos a serem ensinados na sala de língua estrangeira é, como já foi
dito, responsabilidade do professor. Apresentaremos a seguir uma sugestão de como desenvolver
estes temas e conteúdos ancorados nos dois eixos articuladores: a compreensão e produção de
gêneros orais e a compreensão e produção de gêneros escritos. Propõe-se uma ação articulada
entre estes eixos por meio do que denominamos learning cycle.
154
Figura 04: Learning Cycle (DIAS, 2005, 2007).
155
MATRIZES CURRICULARES DO 2º CICLO
As matrizes curriculares do 2º Ciclo são embasadas na abordagem de ensino via gêneros textuais
e organizadas em torno dos dois eixos articuladores: compreensão e produção de gêneros orais e
compreensão e produção de gêneros escritos.
Cabe salientar que se trata de uma abordagem em espiral, em que o educando tem oportunidade
de retomar as capacidades parcialmente dominadas para, depois, seguir em frente no outro ano
do próximo ciclo ou na seqüência do trabalho no mesmo ciclo. As capacidades no uso de uma
língua estrangeira são articuladas, recursivas e recorrentes, havendo mesmo necessidade deste
retomar as capacidades antes trabalhadas, mas num nível mais complexo. Essa progressão em
espiral tem como objetivo desenvolver o domínio dos vários gêneros em diferentes níveis de
complexidade de aprendizagem de LE no contexto da Rede Municipal de Ensino de Belo
Horizonte.
Portanto, um gênero textual trabalhado em um ano do ciclo pode voltar em outro ano com
características discursivas do texto mais elaboradas e, conseqüentemente, as lingüístico-
discursivas também.
157
EIXO ARTICULADOR 1: COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE GÊNEROS ORAIS
Capacidades básicas
• Interagir com vários gêneros orais nas práticas sociais de uso da língua estrangeira com
propriedade no contexto adequado.
• Produzir vários gêneros orais nas práticas sociais de uso da língua estrangeira com
propriedade no contexto adequado.
• Identificar aspectos culturais locais e globais por meio de música, jogos, brincadeiras e
expressão corporal, leitura, visando o desenvolvimento de uma atitude crítica com abertura
frente às diferenças, valorizando sua identidade cultural e fortalecendo sua auto-estima.
158
DISTRIBUIÇÃO NO
CAPACIDADES ESPECÍFICAS CONTEÚDOS 2º CICLO
1º 2º 3º
1. Identificar vários Diferentes gêneros orais, tais como,
gêneros orais informais, conversas informais (relativas a situações
compreendendo suas do cotidiano dos pré-adolescentes),
funções sócio- canções tradicionais (chants), histórias
comunicativas nas contadas, anúncio publicitário, entrevistas,
seqüências clips e filmes, dramatizações (role plays, R/T R/T R/T/C
conversacional, sketches) etc., tendo em vista suas
instrucional, descritiva e condições de produção, seus aspectos
narrativa. discursivos e lingüístico-discursivos.
2. Reconhecer e usar
recursos discursivos que Características básicas da estrutura dos
R/T R/T R/T/C
constituem os textos de gêneros (organização textual).
gêneros orais informais.
159
EIXO ARTICULADOR 2: COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE GÊNEROS ESCRITOS
Capacidades básicas
• Interagir com vários gêneros escritos nas práticas sociais de uso da língua estrangeira com
propriedade no contexto adequado.
• Produzir vários gêneros escritos nas práticas sociais de uso da língua estrangeira com
propriedade no contexto adequado.
• Identificar aspectos culturais locais e globais por meio de música, jogos, brincadeiras e
expressão corporal, leitura, visando o desenvolvimento de uma atitude crítica com abertura
frente às diferenças, valorizando sua identidade cultural e fortalecendo sua auto-estima.
160
DISTRIBUIÇÃO NO 2º
CICLO
CAPACIDADES ESPECÍFICAS CONTEÚDOS
1º 2º 3º
AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM
O processo de avaliação da LE no 2º Ciclo deve ser visto como processual, superando a visão de
simples instrumento de medição quantitativa de conteúdos baseado no produto de aprendizagem.
Concordamos com as concepções de avaliação asseveradas pelas diretrizes norteadoras da
Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte (RME-BH, 2002, p.227), quando deixam claro que “é
preciso mover-se de uma concepção arraigada, segundo a qual a avaliação é o elemento que
mede a realização dos objetivos do currículo, para uma concepção mais abrangente” que inclui a
avaliação formativa que pode servir “para o aluno e professor, como indicadora do estágio de
desenvolvimento [da criança ou do pré-adolescente] e norteadora dos próximos passos no
processo [de aprendizagem]. Desta forma, não classifica, mas situa”. A avaliação torna-se mais
centrada no processo do que no produto e os erros são vistos como evidências do que ainda
precisa ser retomado para um aprendizado mais seguro. A avaliação diagnóstica é também um
recurso valioso para a identificação de dificuldades, assim como para o planejamento de ações
pedagógicas que busquem ajudar os aprendizes a superá-las.
Como uma das formas alternativas de avaliação para a LE, sugerimos o uso de portfólios para a
coleção de trabalhos desenvolvidos pelos aprendizes. Os portfólios permitem a avaliação
processual e podem ser um elemento importante entre as crianças e os pré-adolescentes e suas
famílias, que podem ter nesse instrumento meios de entender, acompanhar e avaliar os avanços
da aprendizagem de seus filhos em relação à LE. Nos portfólios, os alunos podem escrever
diários reflexivos sobre as atividades de aprendizagem de LE que podem propiciar ao professor
possibilidades de re-avaliar sua prática, tendo em vista a meta de promover o sucesso de seus
alunos.
162
Avaliação da Aprendizagem
• Processual
- Indicadora do estágio de
desenvolvimento da criança e
norteadora dos próximos passos no
processo de aprendizagem.
• Instrumentos
- Portfólios
- Diários reflexivos
- Auto-avaliação
Na produção de um portfólio, o professor deve orientar seus aprendizes no sentido de que eles
colecionem todos os seus trabalhos e depois selecionem os mais significativos. É importante,
então, que os educandos reflitam sobre suas produções. Algumas perguntas podem ser feitas
com o objetivo de ajudar a criança ou o pré-adolescente a reconhecer o que foi mais relevante em
termos da aprendizagem, tais como:
• O que você aprendeu? (em termos de língua ou informações gerais: valores, cultura,
outros conhecimentos).
• O que você mais gostou ou o que achou mais interessante nesse projeto ou tarefa?
(assunto, a atividade em si, discussão do grupo, informação, etc.)
163
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfatizamos que essas diretrizes não têm a pretensão de ditar regras, mas de trazer subsídios
para o professor propiciar um ensino de LE efetivo e emancipatório. Nessa perspectiva, buscamos
trazer considerações para nortear o processo de ensinar e aprender LE (inglês), com vistas a um
ensino que proporcione a formação de indivíduos capazes de atuar na sociedade em que
vivemos.
164
REFERÊNCIAS
BATISTA et. al. Caderno do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) 2005
CANALE, M.; SWAIN, M. (1980). Theoretical bases of communicative approaches to second language
teaching and testing, Applied Linguistics. 1, 1-47.
CAMERON, M. Teaching English to young learners. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
CRISTÓVÃO, V.L.L. et al. Cartas de Pedido de conselho: da descrição de uma prática de linguagem a um
objeto de ensino. Linguagem e Ensino, v.9, n.1, 2006. p. 41-76.
DIAS, R. Letramento digital: desenvolvendo a capacidade do aluno para ler e escrever em L2 pela utilização
de WebQuests. Comunicação proferida no II Encontro CAPES – MECD/DGU – Linguagem, Educação e
Virtualidade -UNESP – FCLAr, 2008
DIAS, R. Learning Cycle Modelo para a produção de material didático integrando as quatro habilidades, em
relação a um mesmo tema, 2005; 2007. Produzido para as Orientações Pedagógicas da Proposta Curricular
de Língua Estrangeira de Minas Gerais, p.34-44. Utilizado na disciplina sobre produção de material didático
do Curso de Especialização em Ensino de Inglês da UFMG. Unidades produzidas:
http://br.geocities.com/reinildes.ufmg/cei/
LUNT, I. (1994). Prática da avaliação. In: Daniels, H. (Org.) (1994). Vygotsky em foco: pressupostos e
desdobramentos. 3.ed. Tradução do original norte-americano de 1993 por E.J.Cestari e M.S.Martins, com
revisão de A.L.B. Smolka e A.L.F.Laplane. Campinas, SP: Papirus.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.; MACHADO, A.;
BEZERRA, M. (Orgs). Gêneros Textuais & Ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 19-36
MINAS GERAIS. Proposta Curricular de língua estrangeira para a Educação Básica. DIAS, 2007. Disponível
em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/INDEX>. [Acesso em 20 de novembro de 2007.]
PARANÁ. Diretrizes curriculares de língua estrangeira moderna para a Educação Básica, s.d. Disponível em
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>. [Acesso em 26 de novembro de 2007.]
ROCHA, C. H. Provisões para ensinar LE no Ensino Fundamental de 1ª. a 4ª. Séries: dos parâmetros
oficiais a objetivos dos agentes. 2006. 340 f. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada) – Instituto de
Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 2006.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (Org.) Gêneros Orais e Escritos na Escola. Roxane Rojo (Trad.). Campinas:
Mercado das Letras, 2004.
165
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores.
5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
166
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
Nos últimos anos, o ensino de Língua Portuguesa vem passando por reformulações teóricas e
metodológicas. Dentre elas, muito se tem enfatizado, em propostas curriculares, políticas de
avaliação do ensino, de formação do professor, de análise de materiais didáticos, dentre
outras, a necessidade de desenvolver as competências e habilidades comunicativas dos
alunos em diferentes tipos de situação de uso da linguagem, com o objetivo de ampliar suas
possibilidades de participação na vida em sociedade.
Grande parte dessas reformulações é fundamentada por uma visão discursiva da linguagem.
Como atividade social, como forma de ação entre sujeitos, como lugar de interação, dentro de
um determinado contexto social de comunicação, essa visão de linguagem concebe o texto
oral e/ou escrito como o produto lingüístico da interação entre os sujeitos, estando o seu
significado não na soma dos códigos, sons e palavras que o constituem, mas na relação
estabelecida entre os elementos e características que o formam, e os sentidos construídos pelo
leitor/escritor, falante/ouvinte numa dada situação de comunicação.
Um dos princípios básicos decorrentes dessa concepção é que o eixo central do processo de
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa passa a ser não mais os conteúdos curriculares
relativos a essa disciplina, mas as habilidades e competências comunicativas necessárias à
produção/compreensão de textos orais e/ou escritos em diferentes contextos sociais de uso.1
Assim, o pressuposto de que o texto oral e/ou escrito deve ser a unidade básica a ser tomada
como objeto de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa parece ser um consenso tanto
nas teorias quanto nas propostas e programas curriculares que orientam as práticas de ensino
da leitura e da escrita em diferentes estados do Brasil. Segundo Rojo (2001), o livro O texto na
sala de aula, organizado por Geraldi, em 1984, pode ser considerado um marco importante na
divulgação e assimilação desse pressuposto, uma vez que sua abordagem sobre o ensino da
Língua Portuguesa desloca o eixo do processo de ensino e aprendizagem da língua materna
de um ensino normativo, que priorizava a análise da língua e a gramática, para um ensino
procedimental, em que os usos da língua escrita, em leitura e redação, são também
1
É importante ressaltar que as expressões competências e habilidades estão sendo utilizadas, aqui, para nos referirmos,
respectivamente, ao desempenho lingüístico dos alunos no que se refere à produção/compreensão de textos orais e/ou escritos,
que é manifestado através de habilidades gerais e/ou específicas.
167
valorizados e em que se preconiza, também, uma análise gramatical ligada a esses usos
textuais.
Ainda conforme Rojo (Idem), a transposição das teorias da Lingüística Textual às práticas de
sala de aula, na década de 80,2 embora tenha implicado um deslocamento no enfoque dos
professores do domínio gramatical da frase, da sentença e do léxico, para o domínio do texto e
para uma maior atenção aos processos de produção de textos e de sua compreensão, e tenha
representado um avanço nas práticas didáticas, esse deslocamento levou o professor que
adotava tais saberes de referência a enfocar, no processo de ensino-aprendizagem da leitura e
produção de textos, sobretudo as descrições textuais de um grau de abstração que se
aproximava de um ensino gramatical no nível do texto. Dessa forma, as propriedades
especificamente discursivas, interativas ou enunciativas dos processos de
compreensão/produção de textos, continuaram à margem dos processos de ensino-
aprendizagem.
Ou seja, as práticas escolares ainda não são, na maioria dos casos, fundamentadas por uma
visão de linguagem que sustente a operacionalização de atividades baseadas no pressuposto
da centralidade do texto no processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa. Em
outras palavras, o que se observa no trabalho desenvolvido nas escolas é um forte predomínio
de atividades que ainda valorizam o texto como produto isolado de seu processo de produção,
e não como o objeto que se atualiza no aqui/agora do processamento discursivo, quer seja no
ato de sua produção quer seja no ato de sua recepção.
Tomando ainda como base a visão de texto como produto isolado de suas condições de
produção, as escolas desenvolvem atividades que valorizam o contato com diferentes tipos e
gêneros textuais e que priorizam a classificação e a análise de alguns aspectos estruturais que
caracterizam esses textos, tais como: os aspectos materiais/visuais que os identificam, seus
objetivos, o tipo de linguagem que os caracterizam, o tipo de leitor a que se dirigem, suas
funções sociais, dentre outros; mas não trabalham a situação de ação de linguagem que
condiciona sua produção.
2
Ver, por exemplo, KATO (1986,1992); KLEIMAN (1989, 1992); ROJO (1989 a, 1989b, 1990 a, 1990b, 1992, 1994).
168
Desse modo, verifica-se muitas vezes a ausência de um domínio teórico e metodológico, por
parte dos professores, dos princípios e pressupostos lingüístico-discursivos que deverão
fundamentar as situações de linguagem em função das quais os textos dos alunos serão
produzidos. O que se percebe, na realidade, é que os professores, de um modo geral, mesmo
tendo acesso às teorias que divulgam e socializam tais princípios e pressupostos, possuem
sérias dificuldades em lidar com as práticas de ensino da escrita.
No âmbito das ciências da linguagem que têm influenciado as práticas de ensino da língua
materna, é importante destacar, também, as pesquisas sobre letramento, 3 que apontam os
diferentes tipos de impacto político, cultural e social da escrita na vida cotidiana. Nessas
investigações, inseridas em áreas como a História, a Antropologia, a Psicologia Social e a
própria Lingüística, a escrita aparece como uma prática social que determina o funcionamento
dos grupos que dela se apropriam.
Os resultados dessas pesquisas revelam dimensões da escrita antes não focalizadas como,
por exemplo, diferenças que se manifestam entre sociedades que se organizam ou não em
função da escrita; diferenças entre sociedades letradas social e culturalmente diversificadas,
como a brasileira e a francesa, os centros urbanos e as zonas rurais, as camadas sociais com
menor e maior poder econômico etc. O estudo de dimensões como estas tem um forte impacto
sobre o ensino/aprendizagem da escrita.
Ou seja, numa sociedade grafocêntrica, não basta apenas saber ler e escrever, é preciso
também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de
escrita da sociedade, que se manifesta em níveis diferenciados. Como afirma SOARES (1996,
p. 85),
Sendo assim, ainda como afirma Soares (id, p.86): “[...] o analfabeto é aquele que não pode
exercer em toda a sua plenitude seus direitos de cidadão, é aquele que a sociedade
marginaliza, é aquele que não tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e, mais
que isso, grafocêntricas [...].”
3
Ver, por exemplo, SOARES (1996,1998,2003); ROJO (1998), KATO (1986);KLEIMAN (1995); OLIVEIRA (1995); dentre outros.
169
Não basta, portanto, que apenas se codifique ou decodifique o sentido imediato de uma frase,
de um enunciado, de um parágrafo, de uma página de um livro. Trata-se de tomar o texto oral
e/ou escrito como unidade de ensino e aprendizagem, nas mais variadas formas em que ele se
apresenta nas práticas sociais. O mundo contemporâneo nos exige habilidades de lidar
competentemente com os diferentes tipos e gêneros textuais que circulam à nossa volta: os
anúncios escritos e visuais, os mapas meteorológicos, as histórias em quadrinhos, os editoriais
de jornais, as revistas, os folhetos, cartazes e panfletos etc.
Certamente, alguém familiarizado com esse mundo poderá melhorar a qualidade do seu
desempenho lingüístico em diferentes contextos sociais, pois perceberá mais facilmente, por
exemplo, que os recursos gráficos, o tipo de linguagem utilizada, o formato e a configuração
geral dos diferentes tipos de texto não ocorrem por acaso, mas estão estreitamente ligados aos
objetivos a que se propõem e aos leitores a que se destinam, condicionando o sentido que
produzimos.
Além disso, pesquisas e abordagens relativamente recentes no campo do letramento não mais
enfocam o letramento e a construção da escrita como fenômenos universais, indeterminados
social e culturalmente e responsáveis pelo progresso, pela civilização, pelo acesso ao
4
conhecimento e à mobilidade social. Como enfatiza Rojo (2002:01),
“[...] define-se hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais ligadas, de uma
ou de outra maneira, à escrita, em contextos específicos, para objetivos específicos. As
práticas letradas escolares passam então a ser apenas um tipo de prática social de
letramento, que, embora continue sendo, nas sociedades complexas, um tipo dominante
- relativamente majoritário e abrangente -, desenvolve apenas algumas capacidades e
não outras.”
Para discutir essa mudança conceitual, a autora apresenta uma síntese das principais visões
de letramento presentes nas pesquisas das últimas duas décadas e discute os efeitos que esta
mudanças de perspectiva teve sobre o enfoque das relações entre letramento e escolarização.5
Discordando da dicotomia letramento/escolarização, a autora discute uma noção contextual de
“letramento escolar”, com a finalidade de explorar duas características de seu funcionamento,
enquanto processo discursivo:
4
Ver, por exemplo, Graff, 1979; Kleiman, 1995a; 1995b; Scribner & Cole, 1981; Signorini, 1995; 1998b; Street, 1984; 1993, dentre
outros.
5
Ver, por exemplo, Kleiman (1995b); Street (1984, 1993); Havelock, (1989); Olson, (1994); Graff, 1979; Kleiman, (1995a e b, 1998a
e b); Oliveira, (1995); Scribner & Cole, (1981); Signorini, (1995, 1998b); dentre outros.
170
• os limites que o letramento escolar apresenta – seja para a construção dos
conhecimentos escolares, seja para a construção do próprio letramento – devem-se
menos aos discursos letrados postos em circulação em sala de aula e mais à
maneira com que esta circulação discursiva se dá; ou seja, talvez o problema esteja
não nos objetos letrados em circulação e nas capacidades correlatas envolvidas,
mas nos modos (monovocais, monolingües, monologais e autoritários) como estes
objetos são colocados em circulação.
Esse quadro de discussões teóricas e conceituais, obviamente, tem trazido implicações para as
práticas de ensino do português. Na elaboração de livros didáticos, nas diretrizes e nos
parâmetros curriculares, nos instrumentos de avaliação do desempenho dos alunos na leitura,
dentre outros, percebe-se a preocupação de focalizar tanto o processo de interação lingüística
mediado pelo texto oral e/ou escrito quanto as práticas sociais de uso da escrita, que fazem
com que uma pessoa seja considerada “letrada”.
Nessa perspectiva, as práticas sociais de uso da leitura e da escrita, que fazem com que uma
pessoa seja considerada “letrada”, precisam extrapolar os muros da escola, uma vez que tais
práticas são demandadas em diferentes contextos sociais, em função dos mais diferentes
objetivos e interesses: no trabalho, no lazer, na família, nas associações e organizações etc.
Assim, garantir ao estudante o acesso ao mundo da escrita e o desenvolvimento de seu
letramento talvez seja o principal compromisso da escola, pois o aluno precisa estar apto a
atender a demandas sociais de escrita inerentes à vida pessoal e familiar (como agendas,
cartas, recados e diários), ao mundo do trabalho (instruções, cartas comerciais, formulários
etc.), à vida pública (mídia), e ao exercício da cidadania (leis, portarias, editais etc.).
Ensinar a ler e a produzir textos orais e escritos, portanto, não pode se restringir à proposição
de atividades de uso. É igualmente importante para o desenvolvimento de capacidades
letradas cada vez mais sofisticadas a reflexão sobre a língua (o sistema de regras e normas da
Língua Portuguesa) e a linguagem (o discurso posto em funcionamento nas situações sócias
171
de uso da linguagem). E essa reflexão deve ser promovida sistemática e intencionalmente
desde muito cedo, já nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Para isso, sugerimos que as atividades sejam organizadas internamente e entre si, para
permitir a construção gradual de conhecimentos e o desenvolvimento de competências
requeridas pelas próprias práticas de linguagem, incluindo as de análise, reflexão e crítica,
demandando do aluno a observação e a comparação entre aspectos semelhantes e diferentes
e a elaboração de generalizações.
Lembramos, no entanto, que o domínio efetivo da língua e o letramento não devem ser uma
tarefa apenas de responsabilidade do professor de Língua Portuguesa, mas devem também
ser trabalhados pelos professores das outras disciplinas de forma integrada e interdisciplinar,
dado que o desenvolvimento das habilidades de leitura, de escrita e de oralidade são
essenciais para a aquisição dos demais conteúdos curriculares (Matemática, História,
Geografia e Ciências), para que os alunos leiam e compreendam qualquer tipo de texto, de
qualquer área do conhecimento.
Nesse sentido, o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita deve ser assumido
por toda a comunidade escolar e por ela planejado, realizado e avaliado. Isso porque a
linguagem é o meio pelo qual nos relacionamos e pelo qual produzimos e compreendemos
textos orais e escritos nas diferentes situações sociais de que participamos e em diversas
áreas da atividade social.
172
Além disso, a diversidade de gêneros trabalhados pode ser bem maior do que a que seria
oferecida apenas pelo professor de português, possibilitando aos alunos ler e produzir textos
mais variados, com maior competência e ampliando o processo de letramento.
Ninguém melhor para ensinar cada gênero do que o professor que o conhece, sem, no entanto,
deslocá-lo do conteúdo específico a ser ensinado. Para construir um mapa que represente os
rios de uma região do Brasil, por exemplo, não basta que o professor de Geografia apresente
as variações hidrográficas e onde elas ocorrem, mas é necessário explicar o que é um mapa,
como ele se configura, suas características, seus objetivos etc.
O compromisso com o trabalho coletivo não significa, no entanto, que todos devem trabalhar
ao mesmo tempo em todas as atividades e conteúdos um mesmo tema, mas cada um deve
fazer sua parte, cooperativamente, contribuindo para o alcance de um objetivo comum: o
aprendizado da língua e o letramento dos alunos.
No quadro a seguir, indicamos alguns gêneros textuais que podem ser focalizados no 2º Ciclo.
Ressaltamos, no entanto, que não se trata de uma listagem fechada e obrigatória, a ser
seguida à risca. Trata-se apenas de uma sugestão, que deve ser utilizada com liberdade
pelo professor. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento do trabalho em sala de aula.
173
SUGESTÕES PARA O 2º CICLO
EIXO DE ENSINO ATIVIDADES GÊNEROS
- Na leitura de gêneros não- poema, rap, letra de canção,
literários, é preciso considerar história, conto de fada, lenda,
a fluência e a adequação das fábula, piada, aviso, cartaz,
pausas e da entonação. notícia, reportagem, textos
- Falar com fluência, didáticos, paradidáticos e de
observando a adequação divulgação científica (artigos
de postura, das revistas Recreio e
gestos e entonação; Ciência Hoje das crianças e
- Uso da variedade lingüística outras; verbetes de
adequada à situação enciclopédia), regras de jogo
comunicativa. e de brincadeira, instruções
de montagem de objeto,
instruções de uso de
aparelho, ferramenta,
utensílio, instruções para a
realização de tarefas e de
Compreensão e produção
experimentos escolares etc.
de gêneros orais
- Oralização pelos alunos de fragmentos dialogados de
textos lidos e memorizados, história, piada, caso (leitura
para desenvolver a dramatizada); quadrinha, rap,
capacidade cognitiva de letra de canção, poema
memorização e as (recitação e jogral), peça
capacidades ligadas à teatral (encenação), entre
compreensão textual, ao outras possibilidades.
gosto pelas artes literárias.
- Reconto ou resumo oral história, conto de fada, lenda,
pelos alunos, para fábula, filme, peça de teatro,
desenvolver as capacidades notícia, artigos de divulgação
de ouvir (assistir) com científica, textos didáticos e
atenção e compreensão e de paradidáticos, gêneros
apreender as idéias principais instrucionais diversos, entre
do texto para elaborar uma outras possibilidades.
síntese.
- Leitura silenciosa pelos poema, rap, letra de canção,
alunos, com compreensão e história, conto de fada, lenda,
envolvimento, para fábula, filme (legendado),
desenvolver capacidades piada, carta, circular, site,
relacionadas à produção de orkut, e-mail, aviso, cartaz,
sentido e ao gosto pela notícia, reportagem, anúncio
literatura. classificado, anúncio
publicitário, textos didáticos,
Leitura
paradidáticos e de divulgação
científica (artigos das revistas
Recreio e Ciência Hoje das
crianças, entre outras;
verbetes de enciclopédia),
regras de jogo e de
brincadeira, instruções de
montagem de objeto,
174
instruções de uso de
aparelho, ferramenta,
utensílio, instruções para a
realização de tarefas e de
experimentos escolares,
mapa, conta de água e luz,
rótulo e embalagem de
produto comercial etc.
Produção de textos escritos, poema, rap, história, conto de
para favorecer o fada, lenda, fábula, piada,
desenvolvimento das carta, orkut, e-mail, aviso,
capacidades relativas à cartaz, convite, programa de
textualidade. eventos festivos ou culturais
da escola, notícia,
reportagem, anúncio
classificado, anúncio
publicitário, rótulo e
embalagem de produto
comercial, regras de jogo e de
Produção de textos escritos brincadeira, instruções de
montagem de objeto,
instruções de uso de
aparelho, ferramenta,
utensílio, instruções para a
realização de experimentos
escolares, relatório de
experimentos escolares,
relatório de atividades
escolares (excursões, visitas
orientadas), anotação de
informações pesquisadas etc.
Objetivos e organização
Os referenciais curriculares apresentados pela SMED-BH têm como eixo capacidades que os
alunos deverão dominar ao longo do Ensino Fundamental. Na área de Língua Portuguesa, os
três ciclos têm como meta o letramento dos alunos, ou seja, devem buscar garantir aos
estudantes condições para participarem plenamente das práticas sociais que utilizam a
linguagem escrita. O 1º Ciclo tem ainda, como especificidade, o investimento na apropriação do
sistema de escrita – a alfabetização.
Assim, tendo em mente os objetivos de alfabetizar e letrar, com vista à integração na vida
social, a proposta geral de Língua Portuguesa organiza-se em função de seis componentes do
processo de ensino e aprendizagem:
d) Leitura;
f) Reflexão lingüística.
Por isso, a melhor maneira de organizar um processo de ensino que pretenda ser útil ao
desenvolvimento lingüístico dos alunos é configurá-lo como uma espiral: em torno das mesmas
capacidades, o processo vai-se ampliando e adensando, abrangendo gradativamente práticas
sociais cada vez mais complexas.
Por exemplo: na leitura e na escrita, a grande proposta, para os três ciclos de formação, é que
os alunos sejam capazes de compreender textos de gêneros diversos e de produzir textos,
também de gêneros diversos, adequados aos objetivos da comunicação, ao leitor pretendido e
176
às condições, ao ambiente e ao suporte em que esse texto vai circular. Essas são as
capacidades mais importantes que os alunos precisam desenvolver ao longo do Ensino
Fundamental. Elas não serão dominadas num único ano letivo, nem num único ciclo. Pelo
contrário, elas serão conquistadas gradativamente, progressivamente, do 1° ao 9° ano do
Ensino Fundamental. Por meio da repetição? Não! Claro que não! No ciclo inicial, os alunos
devem poder se deleitar com boas histórias, contos de fadas, poemas, e devem se dedicar à
compreensão de fábulas, lendas, pequenas notícias de suplementos infantis de jornais, avisos,
embalagens e rótulos de produtos comerciais, folhetos de propaganda, cartão de vacina e
outros documentos pessoais, por exemplo. E poderão produzir textos de gêneros como crachá,
etiqueta, agenda, legenda para fotografia ou ilustração, aviso, convite, cartaz, receita culinária,
instruções de jogos, histórias, relatos, notícias etc. Esse leque de gêneros para ler e escrever
será ampliado e aprofundado no 2º e no 3º Ciclos. Por um lado, podem ser acrescentados
gêneros como reportagem, instrução para manuseio de aparelhos e instrumentos, carta do
leitor, horóscopo, crônica esportiva, entre outros, além dos textos da esfera literária (poemas,
contos, crônicas, romances de amor e de aventura etc.). E, por outro lado, o mesmo gênero
notícia, por exemplo, será trabalhado diferentemente nos três ciclos, envolvendo conhecimento
de mundo, capacidade de organização textual e domínio da linguagem cada vez maiores e
mais complexos.
Essa concepção é que explica e justifica a presença de algumas capacidades básicas nos
referenciais curriculares propostos para os três ciclos do Ensino Fundamental. A distinção entre
um ciclo e outro dependerá do tratamento dado a essas capacidades, especialmente quanto ao
grau de complexidade dos textos explorados para desenvolvê-las, considerando-se que o
trabalho em Língua Portuguesa deve tomar o texto (oral e escrito) como unidade de ensino.
Entende-se, portanto, que, a cada ano, de cada ciclo, o tratamento deverá ganhar mais
abrangência e aprofundamento, de acordo com a faixa etária, o desenvolvimento cognitivo, o
patamar de aprendizagem e o nível de autonomia conquistado pelos alunos.
177
Algumas capacidades cognitivas (referentes às habilidades lingüísticas) e atitudinais (que
envolvem valores e comportamentos) são recorrentes nos três ciclos. Elas devem ser
introduzidas, retomadas e trabalhadas sistematicamente nos três anos do 1º Ciclo, mas devem
continuar sendo focalizadas no 2º e no 3º Ciclos. Essa concepção se evidencia, por exemplo,
quando são usadas, nas quadrículas concernentes aos três anos do 1º Ciclo, as letras I/R/T e,
naquelas relativas aos anos dos ciclos posteriores, as letras R/T/C. Ou seja: tendo sido
introduzidas no Ciclo 1, essas capacidades devem continuar sendo trabalhadas e retomadas
sistematicamente nos Ciclos 2 e 3, com vista a sua consolidação, em razão de sua importância
para o desenvolvimento lingüístico e para a formação cidadã do aluno. A indicação de que elas
devem ser focalizadas em todos os anos dos três ciclos significa que o domínio delas pelo
aluno deverá ocorrer persistentemente e progressivamente, ficando a gradação definida em
função da crescente complexidade das situações sociais às quais essas capacidades se
aplicam.
Assim, uma capacidade como ouvir e compreender a leitura de textos de diferentes gêneros
adequados à sua faixa etária, ao seu grau de escolaridade e aos seus interesses será
consolidada no 1º, no 2º e no 3º Ciclos. Alguns poucos gêneros aos quais ela se aplica serão
trabalhados apenas no 1º Ciclo (parlenda e cantiga, por exemplo), outros apenas no 2º., outros,
ainda, apenas no 3º., mas a maioria dos gêneros será focalizada nos três ciclos, com graus de
complexidade variados (ex.: notícia), entretanto mantém-se a indicação de consolidação em
cada ciclo.
Esta proposta curricular atribui ao termo conhecimento um sentido mais abrangente, levando
em conta a legítima expectativa de que o aluno se modifique ao longo de sua trajetória escolar.
Sem dúvida são importantes a informação e o conhecimento relacionados aos conteúdos
disciplinares, mas o domínio deles não pode ser considerado como o resultado único do
processo de ensino e aprendizagem. É necessário que os alunos se tornem capazes de fazer
algo com o conhecimento objetivo que aprenderam, que possam articular e aplicar as
informações que adquiriram em novas situações, diante de novos problemas. Dito de outro
modo, é preciso que, vivenciando condições diversas da vida social, sejam capazes de
selecionar e coordenar conteúdos pertinentes e de aplicá-los recorrendo a estratégias
adequadas para a situação em que se encontram. É essa combinação de conteúdos
aprendidos e a possibilidade de utilizá-los adequadamente em diferentes situações que está
sendo designada aqui como conhecimento escolar.
179
de situações concretas. Por exemplo: ser capaz de conviver bem com pessoas de diferentes
etnias, grupos sociais, religiões e posições políticas; lidar bem com a divergência de opiniões e
de preferências (quanto a time de futebol, tipo de música, moda, pertencimento a uma “tribo”
etc.); reconhecer e valorizar a igualdade de direitos entre as pessoas, inclusive as portadoras
de necessidades especiais, ser responsável pelos próprios atos; compreender a importância de
zelar pelos bens e espaços públicos e de preservar o meio ambiente etc. Muitas capacidades
atitudinais são comuns a todas as disciplinas, pois implicam desenvolver valores, interesses e
atitudes positivas em relação ao estudo, à leitura, à escrita, à organização do trabalho escolar,
à necessidade de respeitar os colegas e professores, ao cuidado com o espaço escolar.
A distinção de três tipos de capacidade é útil para nos facilitar o entendimento da abrangência
desse termo. Mas não podemos deixar de perceber que os três tipos, normalmente, estão
envolvidos em todo aprendizado: para saber fazer alguma coisa (capacidade procedimental),
precisamos valorizar e desejar (capacidade atitudinal) esse saber e também compreender
(capacidade cognitiva) que coisa é essa, como ela funciona, para que serve, como se organiza.
Certas capacidades devem ser dominadas em um tempo determinado, pois são pré-requisitos
para o domínio de outras capacidades, são capacidades que embasam novas aprendizagens.
Por exemplo, compreender o princípio alfabético da escrita é uma capacidade que deve ser
dominada e consolidada nos dois primeiros anos do 1° Ciclo, pois sem ela o aluno não será
capaz de realizar outros procedimentos, como ler autonomamente com compreensão e
fluência.
Nessa perspectiva, os conteúdos de ensino são conhecimentos que vão contribuir para o
domínio das capacidades. Esses conteúdos são os considerados importantes, selecionados da
grande produção cultural que a experiência humana vem acumulando ao longo da história e
envolvem informações, conceitos, idéias, fatos, dados, processos, princípios, leis científicas,
regras e generalizações. Entretanto, quando se pensa em organizar o processo de ensino e
aprendizagem pelo estabelecimento de capacidades que os alunos devem desenvolver e
dominar, os conteúdos deixam de ser o foco, não são mais conhecimentos que os alunos
precisam entender, memorizar e reproduzir nas provas e exercícios. Os conhecimentos
passam a ser a base sobre a qual se assentarão as capacidades que os alunos vão conquistar.
Isso quer dizer que é o importante é que os alunos saibam aplicar os diversos
conhecimentos em situações diversas, para realizar atividades e resolver problemas. Para
isso, é preciso que eles tenham realmente compreendido o fenômeno lingüístico focalizado
(no nível do discurso, do texto, da frase, da palavra, da sílaba): sua natureza, seu
funcionamento, sua utilidade, sua aplicabilidade nas diferentes práticas sociais. Pouco ou nada
interessa, portanto, que eles memorizem conceitos e regras, nem que classifiquem elementos
181
em função de categorias decoradas, nem que façam exercícios cuja realização não requer
entendimento e reflexão. Pelo contrário, no lugar de repetição mecânica ou de preenchimento
impensado de lacunas, serão indispensáveis atividades que envolvam e desafiem a inteligência
dos estudantes.
PALAVRAS FINAIS
A partir deste ponto, serão abordados os referenciais curriculares específicos do 2º Ciclo, por
meio de um quadro que descreve as capacidades a serem desenvolvidas pelos alunos e indica
o tipo de abordagem a ser adotado em cada ano do ciclo.
Capacidades básicas:
182
ABORDAGEM NO CICLO
CAPACIDADES QUE OS ALUNOS DEVERÃO
DESENVOLVER
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1. Ouvir com respeito falas expressas em diferentes
variedades lingüísticas, sem demonstrar preconceito ou
R/T R/T R/T
atitude discriminatória, em situações escolares e não
escolares.
2. Ouvir e respeitar opiniões alheias, concordando ou
R/T R/T R/T
discordando delas.
3. Relacionar os diferentes gêneros orais à situação em que
I/T R/T R/T/C
são usados.
4. Ouvir e compreender a leitura de textos de diferentes
gêneros adequados à sua faixa etária, ao seu grau de
I/R/T R/T R/T/C
escolaridade e aos seus interesses (avisos, circulares,
convites; trovas, quadrinhas, notícias etc.).
5. Ouvir com gosto e compreensão a leitura de obras literárias
R/T R/T R/T
(histórias infantis, contos de fada, poemas, lendas, fábulas).
6. Assistir, com gosto e compreensão, a gêneros orais cênicos
R/T R/T R/T
(contação de história, representação teatral etc.).
7. Realizar com pertinência ações orientadas pela
compreensão de instruções orais adequadas à faixa etária e
R/T R/T R/T/C
ao grau de escolaridade (exercícios e tarefas escolares,
jogos e brincadeiras, montagem de objetos etc.).
8. Falar empregando ritmo, entonação e postura, adequados à
situação comunicativa, na produção de textos orais e na
R/T R/T T/C
oralização de textos escritos (poesia, canção, jogral,
teatrinho etc.).
9. Participar das interações orais em sala de aula, com
liberdade, desenvoltura e polidez, ouvindo os outros e R/T R/T R/T
aguardando sua vez de falar.
10. Nas interações cotidianas em sala de aula, responder
adequadamente às perguntas do professor, oferecer
sugestões pertinentes, expor opiniões e argumentos R/T R/T R/T
convincentes, de acordo com sua faixa etária e seu grau de
escolaridade.
11. Produzir textos de diferentes gêneros orais (história, caso,
piada, rap, aviso, relato de experiência pessoal, exposição
R/T R/T R/T/C
de trabalho escolar etc), empregando a variedade lingüística
adequada.
12. Recontar oralmente histórias lidas ou ouvidas. R/T R/T R/T/C
13. Expressar, oralmente, com clareza, a compreensão de
R/T R/T R/T/C
textos orais ouvidos e de textos lidos.
14. Planejar e apresentar trabalhos escolares, utilizando
material de apoio (cartaz, slide, mapa, figuras etc), quando R/T R/T R/T/C
necessário.
15. Posicionar-se criticamente diante de textos orais, formulando
apreciações e valorações estéticas, éticas, políticas e R/T R/T R/T
ideológicas.
183
Compreensão e valorização da cultura escrita
Capacidade básica:
ABORDAGEM NO CICLO
CAPACIDADES QUE OS ALUNOS DEVERÃO DESENVOLVER
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1. Conhecer e valorizar os usos e as funções sociais da escrita
R/T R/T R/T/C
próprios dos gêneros trabalhados neste ciclo.
Capacidade básica:
ABORDAGEM NO CICLO
CAPACIDADES QUE OS ALUNOS DEVERÃO DESENVOLVER
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1. Ler e escrever palavras e textos em letra cursiva, utilizando
adequadamente maiúsculas e minúsculas e observando a caligrafia R/T/C R R
e a legibilidade (“fazer letra legível”).
2. Compreender que a segmentação da cadeia sonora é diferente
da segmentação na escrita, entendendo que se fala de uma
R/T/C R/T R/T
maneira e se escreve de outra (ex.: fala-se “botas rôpa denda
caxazu”, escreve-se “bota as roupas dentro da caixa azul”).
3. Aplicar, na grafia, a compreensão que a segmentação da cadeia
sonora é diferente da segmentação na escrita, delimitando
corretamente as palavras (não dividir uma palavra como se fossem
R/T R/T/C R/T
duas – com migo, da qui, em bora – ; não grafar duas ou mais
palavras como se fossem uma – porisso, derrepente, tabom,
dinovo).
4. Aplicar regras ortográficas referentes aos pares de letras b/p,
t/d, f/v, e aos dígrafos qu/gu, não trocando p e b, t e d, f e v, qu e R/T R/T/C R
gu.
5. Conhecer e aplicar as regras ortográficas relativas à sinalização
de nasalização (m, n e til), bem como o uso da letra m antes de p e R/T/C R/T R
b, e da letra n antes das demais consoantes.
184
6. Aplicar regras ortográficas contextuais, isto é, aquelas que
dependem da posição que fonema / grafema ocupam na palavra
(por exemplo: e/o átonos em final de palavra; l, r, s, em começo e R/T R/T/C R/T
final de sílaba; c e g diante de a/o/u e diante de e/i; r em início de
palavras e entre vogais etc.)
7. Memorizar a escrita ortográfica de palavras em que as relações
fonema / grafema são arbitrárias, isto é, não obedecem a princípios
R/T R/T R/T
fonético-fonológicos (ex.: h inicial, l em final de sílabas, alguns
casos de s e ss, de g e j, de ch e x etc.)
8. Usar o dicionário autonomamente para sanar as dúvidas quanto
R/T R/T/C R
à grafia das palavras.
9. Utilizar a pontuação de final de frase e de sinalização de
R/T R/T R/T/C
diálogos.
Leitura
Capacidades básicas:
ABORDAGEM NO CICLO
CAPACIDADES QUE OS ALUNOS DEVERÃO DESENVOLVER
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1. Desenvolver atitudes e disposições favoráveis à leitura. R/T R/T R/T
2. Ler obras literárias, adequadas à faixa etária, com gosto e
R/T R/T R/T/C
compreensão.
3. Ler com compreensão diferentes gêneros textuais (placas,
avisos, circulares, notícias, reportagens, anúncios, histórias,
poemas, mapa, verbete de dicionários e de enciclopédias etc.),
considerando sua função social, seu suporte, seu contexto de
circulação (imprensa, internet, ciência, religião, literatura), sua
R/T R/T R/T/C
estrutura (as partes que o compõem e como elas se organizam),
suas características lingüístico-discursivas (“era uma vez”, nos
contos de fada; “mistura-se tudo e leva-se ao forno”, nas receitas
culinárias; “senhores pais ou responsáveis” nos avisos da escola
para a família; “pague um e leve dois”, nos anúncios comerciais).
4. Antecipar conteúdos de textos a serem lidos, a partir do suporte,
do gênero, do contexto de circulação, de conhecimentos prévios R/T R/T R/T/C
sobre o tema ou do título.
5. Levantar e confirmar hipóteses relativas ao conteúdo de
R/T R/T R/T/C
passagens diversas do texto que está sendo lido.
6. Ler e compreender textos expressos em linguagem visual
(histórias, quadrinhos, tirinhas, pinturas, fotografias, mapas, placas R/T R/T R/T/C
etc.).
7. Relacionar o texto que está sendo lido a outros textos, orais ou
escritos, reconhecendo e promovendo relações intertextuais R/T R/T R/T/C
pertinentes .
185
8. Reconhecer e localizar informações explícitas em textos lidos e
R/T R/T R/T
ouvidos.
9. Compreender globalmente os textos lidos, identificando o tema
R/T R/T R/T
central.
10. Compreender globalmente os textos lidos, articulando
R/T R/T R/T/C
informações explícitas e implícitas pela produção de inferências.
11. Inferir, pelo contexto de uso, o sentido de palavras ou
R/T R/T R/T/C
expressões desconhecidas.
12. Compreender o sentido do título dos textos lidos R/T R/T R/T/C
13. Identificar e delimitar partes integrantes de um texto,
R/T R/T R/T/C
apontando o tema ou a idéia central de cada parte.
14. Compreender a organização dos conteúdos dos textos,
percebendo relações de tempo, espaço, causa, finalidade,
oposição, conclusão, comparação, ordenação textual, entre outras R/T R/T R/T
(o que não significa conhecer e memorizar listas de conjunções ou
advérbios).
15. Compreender o processo de introdução e retomada de
informações nos textos (ex: no texto, a que informação se refere
um pronome como ele, ou expressões como naquele dia, seu I/T R/T R/T
brinquedo, ou palavras e expressões de significado próximo como a
filha do rei/ a princesinha; o mendigo/ o pobre homem).
16. Identificar variedades lingüísticas, compreendendo que
R/T R/T R/T
concorrem para a construção do sentido do texto.
17. Reconhecer a presença de diferentes vozes nos textos lidos
(narrador, personagens, participantes de diálogos etc.),
identificando as marcas lingüísticas que sinalizam esses R/T R/T R/T
enunciadores (aspas, dois-pontos e travessão, discurso indireto
etc.).
18. Levar em conta recursos gráficos (caixa alta, negrito, itálico
etc.), imagens (fotos, ilustrações, gráficos etc.) e elementos
R/T R/T R/T
contextualizadores (data, local, suporte etc.) na interpretação de
textos.
19. Na leitura de textos poéticos, perceber, valorizar e interpretar
recursos expressivos como a disposição em versos e estrofes, a
I/T R/T R/T
rima, a métrica, o ritmo, a sonoridade, a as repetições expressivas
de palavras ou sons.
20. Ler oralmente com compreensão, fluência e expressividade. R/T R/T R/T/C
21. Ler silenciosamente com compreensão e autonomia. R/T R/T R/T/C
22. Posicionar-se criticamente diante de um texto, apresentando
R/T R/T R/T
apreciações estéticas, éticas, políticas e ideológicas.
186
Produção de textos escritos
Capacidade básica:
ABORDAGEM NO CICLO
CAPACIDADES QUE OS ALUNOS DEVERÃO DESENVOLVER
1º ANO 2º ANO 3º ANO
1. Compreender e valorizar a presença e o uso da escrita na R/T R/T R/T
sociedade contemporânea.
2. Escrever textos grafando as palavras de acordo com o princípio
ortográfico (o que não significa dominar todas as regras R/T R/T R/T/C
ortográficas e a grafia arbitrária de palavras cuja escrita precisa ser
memorizada).
3. Escrever textos utilizando a pontuação de final de frase e de R/T R/T R/T/C
sinalização de diálogos.
4. Escrever textos usando as convenções de abertura de I/T R/T R/T/C
parágrafos.
5. Dispor no papel e organizar o próprio texto de acordo com as R/T R/T R/T/C
convenções da escrita (letra legível, boa apresentação, margens,
espaçamento entre título e texto, alinhamento de parágrafos etc.).
6. Produzir textos considerando os objetivos comunicativos, o tema,
o leitor previsto, as condições de leitura e o gênero adequado à R/T R/T R/T/C
situação.
7. Produzir textos de diferentes gêneros (e-mail, aviso, notícia,
anúncios, histórias, lenda, fábula, poema, carta, receita, regra de
jogo e brincadeira, relato pessoal, relatório de atividades escolares,
como excursões e experimentos científicos, esquema e resumo de
informações pesquisadas etc.), considerando seu suporte (mural,
cartaz, jornal, papel de carta, livro, revista, folheto etc.), seu R/T R/T R/T/C
contexto de circulação (imprensa, Internet, ciência, religião,
literatura), sua estrutura (as partes que o compõem e como elas se
organizam), suas características lingüístico-discursivas (“era uma
vez”, nos contos de fada; “mistura-se tudo e leva-se ao forno”, nas
receitas culinárias; “senhores pais ou responsáveis”, nos avisos da
escola para a família; “pague um e leve dois”, nos anúncios
comerciais).
8. Produzir textos coerentes, planejando o tema central, seus
desdobramentos em tópicos e subtópicos, a ordenação e o R/T R/T R/T/C
encadeamento desses tópicos e subtópicos
10. Organizar os conteúdos dos próprios textos, considerando as
relações de tempo, espaço, causa, finalidade, oposição, conclusão,
comparação, ordenação, entre outras, utilizando os recursos R/T R/T R/T/C
lingüísticos adequados (ex: no dia seguinte, enquanto isso; na
floresta, chegando lá, mas, apesar de, por isso, portanto por causa
disso).
187
11. Produzir textos considerando que, nos gêneros escritos mais
formais, há mais necessidade de explicitar as informações do que
na comunicação face-a-face (em que os interlocutores se I/R/T R/T R/T
conhecem e compartilham informações sobre o assunto da
conversa e sobre os elementos do contexto onde a conversa
ocorre).
12. Produzir textos considerando que, nos gêneros escritos mais
formais, nem sempre se deve estruturar as frases do mesmo modo
como elas são estruturadas nos textos da conversa cotidiana
descontraída (ex.: na conversa cotidiana: “A minha mãe, eu tava I/T R/T R/T
voltando da escola e encontrei ela na feira”; na escrita formal:
“Quando eu estava voltando da escola, encontrei com minha mãe
na feira.”).
13. Usar a variedade lingüística apropriada ao gênero textual e à
situação comunicativa (ex.: em um bilhete dirigido a um amigo,
pode-se usar uma linguagem coloquial; numa carta dirigida a uma R/T R/T R/T
autoridade, deve-se usar a “língua padrão”, observando a
estruturação das frases, a concordância nominal e verbal, o
vocabulário apropriado, entre outros aspectos).
14. Revisar e reelaborar os próprios textos, considerando sua R/T R/T
adequação ao gênero e à situação comunicativa (destinatário, R/T/C
objetivos, contexto social e suporte de circulação).
15. Produzir resumos pertinentes dos textos lidos. I/R/T R/T R/T
188
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191
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192
PROPOSIÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DA RME-BH
MATEMÁTICA – 2º CICLO
APRESENTAÇÃO
Este documento tem como objetivo apresentar, em versão preliminar, a Proposição Curricular
para o ensino de Matemática no 2º ciclo do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de
Belo Horizonte (RME-BH). Sabemos que é demanda dos professores dessa Rede uma
proposição curricular mais bem definida e possível de ser implementada no dia-a-dia das escolas.
Assim, apresentaremos uma proposta de organização anual do ensino de Matemática,
considerando que o planejamento coletivo do trabalho pedagógico dos professores deve ser feito
de modo a articular os três anos do ciclo. Ressaltamos, entretanto, que as especificidades de
cada turma e a realidade de cada escola exigem dos educadores flexibilidade e autonomia para
planejar suas ações pedagógicas.
Com as reformas educacionais que vêm ocorrendo nas diversas instâncias (nacional, estadual,
municipal), em consonância com os movimentos de defesa da inclusão de todos na escola, há
uma grande demanda por mudanças no ensino de Matemática. Nas escolas municipais de Belo
Horizonte, há mais de dez anos essa situação é vivenciada e muito debatida entre os professores.
Entre 2003 e 20071, eles relataram que essa perspectiva tradicional de ensino não funciona mais,
1
Em 2003 e 2004, o PRODOC (Núcleo de Pesquisa sobre a Profissão Docente – subgrupo Educação Matemática – FaE/UFMG e UNI-
BH) organizou, conjuntamente com a SMED, encontros com os professores que ensinam Matemática, objetivando discutir o ensino
dessa disciplina na RME-BH. As discussões e reflexões realizadas nesses encontros foram sistematizadas no caderno intitulado “O
ensino de matemática na Educação Fundamental”. A partir de 2005, com a criação do Núcleo de Educação Matemática (EdMat),
compondo a GCPF/SMED, essas discussões tiveram continuidade nas ações de formação da SMED.
193
seja porque ela tem sido questionada pelos educandos, seja porque ela não tem se mostrado
eficaz para promover aprendizagens na escola pública que se pretende “para todos”.
O que se observa é que, diante de um público de educandos muito diverso e heterogêneo, novas
ações e procedimentos têm sido necessários para garantir a qualidade do ensino. Busca-se
desenvolver propostas e práticas pedagógicas diferenciadas, objetivando que todos possam
aprender Matemática. Nesse sentido, pode-se afirmar que o ensino de Matemática tem passado
por modificações, demandando dos docentes novas discussões, (re)planejamentos e (re)estudos.
Esse processo de mudanças traz à tona a necessidade de os professores refletirem sobre a
Matemática Escolar, lançando novos olhares sobre ela, diferentes daquele que aprenderam em
sua formação inicial.
Podemos identificar, pela observação das ações docentes na própria RME-BH, três aspectos que
têm se destacado no ensino de Matemática atualmente: a diversificação de recursos e
metodologias de ensino, a ampliação de instrumentos de avaliação do educando e a preocupação
com os conceitos e conteúdos básicos. Buscaremos contemplar esses aspectos ao longo deste
texto, apresentando idéias que visam sistematizar possibilidades de trabalho a serem
consideradas pelos professores que atuam no 1º ciclo.
Entendemos que o conceito de capacidade abarca de forma ampla o que significa aprender
matemática na escola: engloba os conhecimentos disciplinares que serão aprendidos, os
comportamentos que serão construídos frente às situações-problema que serão propostas para
viabilizar – e qualificar – esse aprendizado, e os procedimentos e as habilidades, ou seja, os
modos de fazer e de pensar matematicamente que serão desenvolvidos no enfrentamento dessas
situações.
Para o desenvolvimento das capacidades, propõe-se que o ensino de matemática se realize por
meio da resolução de situações-problema, que é um processo rico de condições para que os
educandos pensem, investiguem, produzam, registrem, usem, façam e apreciem matemática,
contemplando não somente números e operações, mas todos os campos dessa área de
conhecimento.
194
O uso do termo “situações-problema” amplia o conceito de problema, ao considerar que toda
situação que permita alguma problematização pode ser encarada como um problema. Como
afirma Diniz (2001, p. 88), “essas situações podem ser atividades planejadas, jogos, busca e
seleção de informações, resolução de problemas não-convencionais e mesmo convencionais,
desde que permitam o processo investigativo”. Nessa perspectiva2, o problema deixa de ser uma
Um aspecto importante a ser considerado quando se ensina matemática por meio de situações-
problema é a necessidade de os professores realizarem resumos e sistematizações ao longo de
todo o desenvolvimento das capacidades, levando em consideração que a formação de conceitos
matemáticos e a apropriação da linguagem matemática são processos lentos, contínuos e
indissociáveis.
2
Nas ações de formação do Núcleo de Educação Matemática (EdMat), busca-se articular três eixos de trabalho pedagógico com a
Matemática: a “Resolução de Problemas”, os “Jogos e Brincadeiras” e a “Comunicação nas aulas de matemática”. Esses três eixos
configuram a perspectiva metodológica da resolução de situações-problema.
195
adequado à sua compreensão. A sistematização também cumpre a função de articular os
conteúdos estudados, fazendo com que as aprendizagens anteriores sejam retomadas e
relacionadas com as atuais.
3. A MATEMÁTICA NO 2º CICLO
196
regulador”, mas é um “elemento-chave” para auxiliá-los a compreender o significado das tarefas e
aprender a realizá-las com confiança, consistência e organização.
Os professores que atuam no 2º Ciclo devem perceber essa fase de construção da autonomia
também como um momento de ampliação do processo de alfabetização, 3 na perspectiva do
letramento, promovendo situações-problema que explorem a leitura de diversos tipos de texto,
para além dos livros didáticos de matemática.
Há textos que circulam na vida social que podem ser trazidos para a sala de aula com a intenção
explícita de se ensinar matemática: anúncios de produtos, visores de aparelho de medida, mapas,
notas fiscais, histórias em quadrinho, poemas, etc.
Em muitos outros textos, a matemática contribui de maneira particular para a compreensão das
informações que são veiculadas. Conhecimentos matemáticos são mobilizados tanto na leitura de
textos informativos (jornais, revistas, folhetos, etc.), como em textos didáticos de outras áreas de
conhecimento. Fonseca e Cardoso (2005) destacam o uso de textos que supõem ou mobilizam
conhecimento matemático para o tratamento de questões de outros contextos como uma das
possibilidades de relação entre atividade matemática e práticas de leitura, ressaltando o seu
potencial interdisciplinar e reforçando a importância da matemática na formação de leitores
capazes de compreender os diversos textos com os quais se deparam dentro e fora da escola.
Em muitos textos com os quais lidamos em várias atividades da vida social, informações
numéricas aparecem como parte de sua estrutura argumentativa, e o tratamento dessas
informações (que pode envolver decodificação, comparação, cálculos, validação de hipóteses,
conjecturas, inferências) não se impõe como um treinamento de Matemática, aproveitando a
desculpa do texto, mas como um esforço de interpretação para compreensão do texto, de sua
intenção discursiva. A abordagem das relações quantitativas como parte integrante da prática de
leitura do texto enseja, pois, um tratamento do conhecimento matemático que o associa à idéia de
que a atividade matemática é necessária para a leitura de alguns dos textos que estão presentes
tanto na escola quanto na sociedade. (FONSECA; CARDOSO, 2005, p. 71, grifos das autoras)
3
Sugerimos ao professor de 2º ciclo a leitura das seções “A matemática no 1º ciclo” e “A matemática no 3º ciclo”, que integram o texto
da área de Matemática dos cadernos de Referenciais Curriculares para o 1º ciclo e para o 3º ciclo, respectivamente.
197
seu significado quando se refere a um bloco de conteúdo específico da matemática.4
4
O Tratamento da Informação é um dos quatro blocos de conteúdo organizados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de
Matemática. Engloba estudos relativos a noções de estatística, de probabilidade e de combinatória.
5
A metacognição é uma atividade cognitiva que envolve uma reflexão sobre o próprio pensamento. Segundo Smole e Diniz (2001, p.
12), quando o educando é incentivado a comunicar suas idéias e maneiras de agir, ele mergulha em um processo metacognitivo, ou
seja, ele precisa “refletir sobre o que fez ou pensou, construir esquemas mais elaborados de pensamento, organizar mentalmente
pensamentos e ações, para aprender de novo e com maior qualidade e profundidade”.
198
4. A ABORDAGEM DAS CAPACIDADES NO ENSINO DE MATEMÁTICA
Introduzir (I) – Tipo de abordagem que leva os educandos a se familiarizarem com conceitos e
procedimentos matemáticos escolares, tendo em vista as capacidades que já desenvolveram em
seu cotidiano ou na própria escola. Nesse sentido, Introduzir não significa necessariamente um
primeiro contato com determinado conceito, mas sim, um primeiro tratamento escolar dele, que
busca articular o que o educando já sabe com a nova situação-problema que é proposta. Da
mesma maneira, a abordagem inicial de uma capacidade, muitas vezes, depende de conteúdos e
de procedimentos que foram aprendidos na própria escola, quando do desenvolvimento de outras
capacidades. Assim, a introdução dessa nova capacidade ocorrerá articulada a uma retomada de
aspectos relacionados a essas outras capacidades.
Trabalhar (T) – Tipo de abordagem que explora, de modo sistemático, as diversas situações-
problema que promovem o desenvolvimento das capacidades que serão enfocadas pelo
professor. Demanda um planejamento mais cuidadoso, com objetivos bem definidos, propondo
atividades variadas, de modo a explorar as várias dimensões dos conteúdos que se relacionam a
uma determinada capacidade e, também, as inter-relações com outras capacidades. Essa é uma
fase em que a avaliação é fundamental para que o professor defina as intervenções a serem feitas
no processo de ensino-aprendizagem, de modo a ter clareza sobre o que efetivamente poderá ser
consolidado pelos educandos.
6
Esses quatro tipos de abordagem são nomeados como aqueles utilizados pela “Coleção Instrumentos da Alfabetização” produzida
pelo Centro de alfabetização, leitura e escrita – Ceale/FaE/UFMG. Assumem, entretanto, significados próprios quando adotados neste
documento que se volta para o ensino de Matemática.
199
qual será tomado como referência na comunicação com as famílias e na continuidade do trabalho
pedagógico do ciclo.
Essa organização que se vale das categorias I, T, C, R tem como objetivo sugerir o enfoque que
será dado às capacidades em cada ano de cada ciclo, de modo que o grupo de professores
responsáveis pelo ciclo possa melhor organizar o acompanhamento de cada turma ao longo dos
seus três anos de trabalho com ela. Ao falarmos em capacidades, estamos ampliando as
possibilidades de trabalho pedagógico a ser realizado pelos professores para além do
desenvolvimento de aulas que seguem uma determinada lista de conteúdos.
Há, contudo, alguns pontos polêmicos a serem considerados pelos docentes. Um dos aspectos
centrais nessa discussão diz respeito ao uso da linguagem matemática. Questões como: “Qual é a
importância da linguagem matemática no ensino e na construção das habilidades matemáticas
dos educandos?”; “Como utilizar a linguagem matemática?”; “Qual é o grau de formalização
adequado para cada ciclo de formação?” têm sido muito colocadas e debatidas pelos professores.
Citamos Carmem Gómez-Granell (1998, p. 29), que afirma que “aprender matemática significa
dominar e usar significativamente essa linguagem [...]”, de modo que o nível de formalização da
200
linguagem matemática é o que possibilita um conhecimento capaz de ser generalizado e utilizado
amplamente. Isso conduz à idéia de que o conhecimento matemático fica muito dependente de
sua linguagem própria. Também Carraher, Carraher e Schliemann (1990, p. 11-12) nos dizem que
a “aprendizagem de matemática na sala de aula é um momento de interação entre a matemática
organizada pela comunidade científica, ou seja, a matemática formal, e a matemática como
atividade humana”.
Outro aspecto importante a ser considerado na seleção de conhecimentos matemáticos para esse
nível de ensino é que a formação de conceitos não é um processo rápido, tampouco se dá
previamente à realização de atividades de “aplicação” dele. Geralmente, a formação de conceitos
estende-se por mais de um ano (como exemplos, citamos a contagem, a medida, a
proporcionalidade) e se realiza por aproximações sucessivas que ocorrem no próprio processo de
resolução de situações-problema que deles se valem.
Outro ponto que tem apresentado polêmica é sobre a necessidade de se considerar o caráter de
201
“encadeamento” dos conhecimentos matemáticos na organização do ensino: “É necessário seguir
uma lógica de pré-requisitos ou uma rígida ordenação nos conteúdos a serem trabalhados
durante os anos?”.
Muitas experiências têm mostrado que o fato de a Matemática se organizar de modo encadeado,
com uma linguagem própria, é o que favorece o tratamento dos “velhos” conhecimentos dentro da
abordagem dos “novos”. Logo, é sempre possível introduzir um novo assunto e, ao longo de
atividades que promovem o seu desenvolvimento, realizar diagnósticos e retomadas dos “velhos”
assuntos e habilidades “previamente” desejáveis. Isso tem sido, em grande medida, um desafio
aos docentes.
A elaboração das capacidades foi feita a partir da análise de diversos documentos curriculares
(Parâmetros Curriculares Nacionais, Matrizes de Referência do SAEB, da Prova Brasil e do
SIMAVE, propostas de livros didáticos e CBCs). A distribuição dos itens I, T, C, R foi proposta a
7
Adota-se aqui a organização dos Blocos de Conteúdos que é proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais: Números e
Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação.
202
partir de um diálogo entre diversos profissionais que participaram do processo de discussão
curricular ocorrido no segundo semestre de 2007. Elas são, portanto, uma orientação para a
organização do trabalho pedagógico, que buscou considerar as diferentes experiências trazidas
por esses profissionais. Este documento, entretanto, é uma versão preliminar, que será
reelaborada a partir de novos diálogos e de adaptações que serão necessárias em função das
especificidades dos educandos. Destacamos, no entanto, que o professor deve observar quais as
capacidades que devem ser essencialmente garantidas no 2º ciclo. Comentários a esse respeito
serão feitos em cada seção.
Neste texto, são apresentadas também as capacidades do 1º ciclo, pois é fundamental que os
professores do 2º ciclo considerem, no seu planejamento e nos diagnósticos realizados com os
educandos, muitos aspectos sobre o processo de ensino-aprendizagem próprio do 1º ciclo.
O 2º ciclo é um período próprio para que se desenvolva a capacidade de ler e analisar diversos
textos que circulam na sociedade, sem as adaptações que algumas vezes são necessárias nos
textos utilizados no 1º ciclo. Além disso, amplia-se a capacidade de produção de registros (textos,
tabelas, gráficos, esquemas) que buscam comunicar e subsidiar análises dos resultados obtidos
nas situações de tratamento da informação que são propostas. No 1º ciclo, essas situações
articulam-se, em grande medida, com os processos de contagem. No 2º ciclo, o professor deve
investir na sistematização de conceitos e procedimentos que promovem a organização e a análise
das informações que são coletadas. É também essencial que, nesse ciclo, o conceito de
probabilidade seja trabalhado de maneira sistemática, dando continuidade à introdução feita no 1º
ciclo.
203
CICLO DE FORMAÇÃO
a imagens, T/C C
I T
b tabelas e gráficos de colunas, T T/C C R R
I
c mapas, gráficos de barras e segmentos. C
I T
5. Elaborar, em situações-problema,
204
5.2 Capacidades/Habilidades do Bloco Espaço e Forma
No 1º ciclo, o trabalho com as formas geométricas é feito a partir do meio em que se vive,
consolidando-se algumas habilidades de reconhecimento, descrição e representação. No 2º ciclo,
esse trabalho passa a considerar também as propriedades das figuras (espaciais e planas), que
são abordadas como uma forma de caracterizar as semelhanças e as diferenças entre elas e de
estabelecer classificações. Essa é uma fase propícia para um trabalho mais analítico com essas
formas, que se realiza por meio de planificações, da composição e da decomposição de figuras,
de ampliações e reduções, e do trabalho com vistas.
O estudo de ângulos, nesse ciclo, consolida a noção de ângulo como giro e sua utilização para
indicar mudança de direção, sendo introduzida a idéia de ângulo como abertura. Embora já se
introduza, no trabalho com as figuras planas, o reconhecimento dos seus ângulos internos, o
conceito de ângulo, por ser complexo, será consolidado no 3º ciclo.
CICLO DE FORMAÇÃO
ANO DO EF
CAPACIDADE/ HABILIDADE MATEMÁTICA
Bloco: Espaço e Forma
1º CICLO 2º CICLO
1º 2º 3º 4º 5º 6º
11. Observar, descrever e representar
205
b situar e deslocar pessoas/objetos no espaço. T T C R
I
14. Construir a noção de ângulo associada à idéia de
a giro, T C R
I
b mudança de direção, I T C
c abertura. I/T
a maquetes, I T T/C
a não-poliedros, T T/C C R R
I
b poliedros , I T T T/C C
c polígonos, I T T T
d ângulos.
I/T
Identificar e conceituar elementos de figuras geométricas,
18.
como
206
20. Identificar eixos de simetria. I//T
23. Construir
No 2º Ciclo, esse trabalho com as unidades de medida convencionais mais comuns deve ser feito
de maneira mais sistemática, estabelecendo-se relações entre as unidades, para a realização de
conversões. Novas grandezas são introduzidas: superfície, volume e ângulo. Além disso,
ampliam-se as situações-problema envolvendo medidas, introduzindo-se o cálculo como uma
estratégia de resolução de problemas. As situações que exploram os conceitos de perímetro e
área são objeto de trabalho desse ciclo, especialmente com o uso de malhas quadriculadas.
207
CICLO DE FORMAÇÃO
CAPACIDADE/ HABILIDADE MATEMÁTICA ANO DO EF
Bloco: Grandezas e Medidas
1º CICLO 2º CICLO
1º 2º 3º 4º 5º 6º
Comparar, através de estratégias pessoais, grandezas de
27. massa, comprimento, capacidade e tempo, tendo como I/T T T/C C R
T
referência unidades de medidas não-convencionais.
a tempo, T T C R
I
b sistema monetário, T T C R
I
c comprimento, T T T/C C R
I
d massa, T T T T/C C
I
e capacidade, I T T C
f Temperatura, I T C
g superfície, I T T
h volume, I T
i ângulos. I/T
a tempo, T T C R
I
b comprimento, T T T/C C R
I
c massa, T T T T/C C
I
d capacidade, I/T T/C R
a comprimento, I T T T
208
b massa, I T T T
e capacidade. I T
31. Conceituar
O ensino de Matemática nos anos iniciais da escolarização passou por um longo período em que
muita ênfase era dada aos números e às operações, em detrimento do trabalho com a geometria.
Referenciais curriculares elaborados especialmente a partir da década de 1990, além de
resgatarem o ensino da “geometria”, incorporam o “tratamento da informação”, propõem novos
enfoques para o ensino de “medidas” e evidenciam a inadequação de determinados conteúdos e
linguagens para a formação dos educandos que estão no 1º e no 2º ciclos. Essa mudança de
perspectiva demanda um redimensionamento do ensino de Matemática: ao mesmo tempo em que
há uma “diminuição” do trabalho com os números e as operações – em termos de abrangência e
de aprofundamento em alguns conteúdos –, é preciso articulá-lo ao trabalho com os outros
campos da Matemática. Se, por um lado, tem-se a impressão de que atualmente os educandos
aprendem “menos” sobre os números e as operações no 1º ciclo, pelo fato de que muitas
capacidades relacionadas a esse campo passam a ser consolidadas no 2º ciclo; por outro, esse
“esvaziamento” abriu caminho para a diversificação de conteúdos, incorporando campos
anteriormente ausentes no 1º ciclo e ampliando as possibilidades de articulação entre eles no
trabalho pedagógico que é feito nesses dois ciclos.
209
decimal. As várias idéias relacionadas às quatro operações fundamentais, que já vinham sendo
trabalhadas em situações-problema simples no 1º ciclo, podem ser ampliadas, analisadas de
modo sistemático, ao mesmo tempo em que os algoritmos formais da adição e subtração são
consolidados e os algoritmos formais da multiplicação e da divisão passam a ser ensinados.
É importante destacar que os algoritmos são uma das várias maneiras que podem ser utilizadas
para efetuar as operações. Assim, o ensino dos algoritmos não significa um abandono, tampouco
uma substituição, do ensino de outras estratégias de cálculo. Pelo contrário, o 2º ciclo é um
período em que também são trabalhadas e consolidadas as capacidades que envolvem o uso de
registros pessoais, cálculo mental, estimativa, calculadora e reta numérica na resolução de
situações-problema. A aprendizagem em torno dessas capacidades deve promover o
desenvolvimento da capacidade de analisar as situações-problema que são propostas, avaliando
que instrumentos e estratégias são mais adequados para a sua resolução.
O trabalho com os números racionais (nas formas fracionária, percentual e decimal) explora seus
significados em diversos contextos e as articulações com os conteúdos do bloco Grandezas e
Medidas. As operações com números racionais são trabalhadas prioritariamente na resolução de
problemas e em situações investigativas. A consolidação da capacidade de realizar essas
operações, especialmente a multiplicação e a divisão, de forma algorítmica, se dará no 3º ciclo.
210
CICLO DE FORMAÇÃO
CAPACIDADE/ HABILIDADE MATEMÁTICA ANO DO EF
Bloco: Números e Operações
1º CICLO 2º CICLO
1º 2º 3º 4º 5º 6º
e números inteiros. I
211
45. Localizar na reta numérica
a números naturais, I T C R R
a adição, I T C R
b subtração, I T C R
a adição, I T T/C C R
b subtração, I T T/C C R
c multiplicação, I T C R
a adição e subtração, I T C R
b multiplicação e divisão. I T C R
d calculadora, I/T T T T T T
Atualmente, muitos professores vêm adotando novas estratégias de utilização desse instrumento:
provas em grupo, provas com consulta, revisões da prova realizadas pelo educando, provas
diagnóstico, etc. Essas estratégias permitem considerar diferentes aspectos da aprendizagem,
não devendo ser utilizadas como uma forma de “facilitar” a obtenção de resultados positivos pelo
educando. Cada uma delas pressupõe objetivos específicos, diferentes do que se avalia com uma
prova convencional.
Para além de ser um instrumento utilizado pelo professor, as provas são importantes para os
educandos. Em primeiro lugar, porque lhes fornecem um indicador objetivo de seu desempenho.
Em segundo, porque “aprender a fazer prova” é socialmente relevante, uma vez que, em muitas
instâncias da vida social, especialmente em situações de seleção e classificação, esse
instrumento é tomado como referência.
8
Sugerimos ao professor a leitura dos documentos referentes ao Sistema de Monitoramento que foi desenvolvido pela SMED, com a
assessoria do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais (GAME/UFMG): “Manual do Informativo de Contexto e Desempenho para
as Escolas Municipais de Belo Horizonte” e “Contribuições do GAME para a Análise do SIMAVE e PROVA BRASIL”. Esses
documentos estão disponíveis na Intranet.
214
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Artmed Editora, 2001, p. 29-68.
SMOLE, Katia Stocco e DINIZ, Maria Ignez (Org.). Ler, escrever e resolver problemas: Habilidades básicas
para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
215
EQUIPE DE TRABALHO 2007/2008
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Adriana Cunha de Oliveira, Adriana da Silva Alves Pereira, Adriana Mota Ivo Martins, Andréia
Godinho Moreira, Alayde Maria Caiafa de Arantes,Alcione da Anunciação Caetano, Ana Nazaré
Madureira Cabral, Ana Paula Lopes Rocha, Arlete Alves Correa, Beatriz Temponi C. Castro,
Cibele Soares, Délia Roizembruch, Desiré Kfoury Pereira Coutinho, Eleuza Fiuza Silva, Érica Silva
Fróis, Fernanda Cecília Farias, Ilca Guimarães e Silva, Juliana Rezende Moscatelli, Luciana Silva
Valentim, Maria Cristina Scotti Hirson, Maria Elisa de Araújo Grossi, Maria Eugênia Alves dos
Santos Maia, Mariana Cruz de Andrade, Mônica Lenira Chaves de Almeida, Nídia Cristina Sabino,
Renata Júlia da Costa, Rosângela Chaves Picardi, Rosemary Miranda Rodrigues Gonçalves, Sara
Mourão Monteiro, Sandra Aparecida Colares, Tania Edvânia Pinto da Silva, Terezinha Felicidade
da Silva, Valéria Inácio Chagas, Vanessa de Salvo Castro Alves, Vânia Aparecida de Azevedo
CIDADE E MEIO AMBIENTE/BH PARA AS CRIANÇAS
Amarildo Antônio Ferreira, Ana Lúcia Barros Penharvel, Débora Aniceta de Melo Ramon de
Oliveira, Silvana Gomes Resende, Vânia Silva Freitas
CULTURAS E SABERES E JUVENIS
Admir Soares de Almeida Junior, César Eduardo de Moura, Cláudia Caldeira Soares, Maria Célia
da Cunha Pinto Prado, Josiley Francisco de Souza, Mariano Alves Diniz Filho, Paulo de Tarso da
Silva Reis, Ronei Marcelo Soares, Stelita Alves Gonzaga, Verimar Aparecida Mendes de Souza
Assis
EDUCAÇÃO INFANTIL
Adarlete Carla do Rosário, Hélia de Miranda Glória Faria, Iara Rosa de Oliveira, Janete Soares
Campos Dias, Joana Dark Teixeira de Saldanha, Joaquim Ramos, Mayrce Terezinha da Silva
Freitas, Vânia Gomes Michel Machado, Vera Lúcia Otto Diniz, Clotildes Gonçalves Vieira, Isa
Terezinha F. Rodrigues da Silva
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Andréa Silva Gino, Auro da Silva, Carmem Terezinha Vieira Ângelo Nunes, Cristine Dantas Jorge
Madeira, Edmary Aparecida V. E. S. Tavares, Roberto Antônio Marques
EJA EDUCAÇÃO NOTURNA
Andre Ottoni Bylaardt, Cláudia Regina dos Anjos, Creusa de Carvalho Ribeiro Neves, Enere Braga
Mota, João Antônio de Oliveira, Valéria Cardoso Guedes
INCLUSÃO ESCOLAR DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Elaine Salles da Costa, Maria Cândida Viana Pereira, Maria da Conceição Dias Magalhães, Maria
Isabel Campos Freitas, Odilon Marciano da Mata, Patrícia Cunha, Rosângela Elmira Veloso, Silvia
Maria Fraga, Vanessa Mara Gurgel
MOBILIZAÇÃO SOCIAL
Antônio Rodrigues de Souza, Mara Catarina Evaristo
NARPE
Ana Maria Reis Macedo, Consuelo Silva Costa, Débora Aniceta de M. R. Oliveira, Doraci Débora
Muniz, Eunice Margareth Coelho, Ismayr Sérgio Cláudio, Karine Gusmão do Couto, Maria da
Glória Martins de Melo, Mônica de Melo Mota Miranda, Paulo Roberto da Costa
216
RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS E DE GÊNERO
Cláudio Eduardo Rezende Alves, Maria da Consolação Martins, Maria das Mercês Vieira da
Cunha, Maria de Fátima Gomes, Maria do Carmo B. Galdino, Patrícia Santana, Paulo Roberto
Costa, Rita de Cássia Nascimento Barbosa
SECRETARIA
Érika Rodrigues Gonçalves Dias, Mário Lúcio Lopes, Mônica Alves Ribeiro, Telma de Melo Serpa
Hajjar
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Pampulha
Andréa Cristina Ferreira de Almeida, Carlos Wagner Coutinho Campos, Denise de Carvalho M.
Santos, João Manoel Ferreira Gomes, Elci Madalena Soares, Maria Ângela Antônio, Marilene
Penido de Pinho Ferraz
Venda Nova
Aline Rogéria de Oliveira R. Costa, Andrea Alves Soares, Carla Cristine Nascimento Toledo,
Denise Fátima de Souza, Júnia Costa Amaral, Laura Barbosa de Castro, Laura Ruth Barbosa
Castro, Maria da Soledade Vieira Rios, Patrícia Dutra Magalhães, Rosalina Conceição Gomes,
Rosimeire Amaral Cavalcante, Valdete dos Reis Barbosa, Yara Lourenço
3. ASSESSORES E CONSULTORES
ASSESSORES
Assessora Geral: Professora Samira Zaidan (FAE/UFMG)
Professora da UFMG, na Faculdade de Educação. Realiza estudos área de Educação, tomando
como referência a educação matemática, formação docente, saberes docentes, educação básica
e reforma educacional. Membro do PRODOC - Grupo de Pesquisa sobre Condição e Formação
Docente.
Arte
Fabrício Andrade
Doutorando em Arte e Tecnologia da Imagem na EBA/UFMG; Mestre em Arte e Tecnologia da
Imagem pela EBA/UFMG; Especialista em Arte-Educação pela FAE/UEMG. Professor de
graduação na FAE/UEMG e na FACISABH.
Fátima Pinheiro de Barcelos (Arte)
Doutoranda em Ensino de Arte (Artes Visuais e Tecnologia da Imagem) na EBA/UFMG; Mestre
em Ensino de Artes (Artes Visuais e Tecnologia da Imagem) pela EBA/UFMG; com Graduação em
Pedagogia pela mesma Universidade. Professora da Escola Guignard da Universidade do Estado
de Minas Gerais. Entre 1989 e 2007, trabalhou como professora de Educação Infantil, de séries
iniciais do Ensino Fundamental e como professora de Informática Aplicada à Educação na Escola
Balão Vermelho, em Belo Horizonte.
Juliana Gouthier
Mestre em Artes Visuais pela UFMG e professora assistente da UFMG.
Lucia Gouvêa Pimentel
Doutora em Artes pela ECA/USP; Mestre em Educação pela FAE/UFMG; com Graduação
(bacharelado e licenciatura) em Artes Visuais pela EBA/UFMG. Professora da EBA/UFMG;
Secretária Geral do Conselho Latino-americano de Educação pela Arte; Membro do Grupo de
Especialistas em Arte/Educação, Cultura e Cidadania da Organização dos Estados Ibero-
americanos e Coordenadora da Coleção Arte&Ensino da C/ARTE (BH).
Ciências
Iria Luiza De Castro Melgaço Vieira
Mestre em Educação pela UFMG; com Graduação em Ciências Físicas e Biológicas. Professora
de 3º grau da Faculdade de Educação (FAE) da UFMG, no Departamento de Métodos e Técnicas
de Ensino, em exercício no Centro Pedagógico – Escola de Educação Básica e Profissional da
UFMG.
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Maria Inez Melo de Toledo
Professora de Biologia aposentada do Colégio Técnico da UFMG, membro atuante do CECIMIG
da Faculdade de Educação (FAE) da UFMG. Ao longo de sua carreira, tem se dedicado à
formação de professores com foco no ensino de Ciências e Biologia.
Educação Física
Amanda Fonseca Soares Freitas
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da PUC-Minas; com Graduação em
Educação Física pela UFMG. Professora da Rede Estadual de Minas Gerais, desde 2002;
Professora das disciplinas “Educação Física Escolar: Infância” e “Estágio de Licenciatura:
Educação Física e Infância” do curso de Educação Física da PUC-Minas.
Mauro da Costa Fernandes
Mestre em Educação pela PUC-Minas; com Pós-Graduação em Ensino da Educação Física pela
mesma Universidade e Graduação em Educação Física pela UFMG. Professor de Educação
Física na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte; professor do curso de licenciatura em
Educação Física no Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira da Fundação Helena Antipoff,
em Ibirité/MG e professor do curso de graduação em Educação Física na Faculdade Estácio de
Sá, em Belo Horizonte/MG.
Fabrine Leonard Silva
Mestre em Educação pela FAE/UFMG; com Graduação em Educação Física pela UFMG.
Professor dos cursos de Licenciatura em Educação Física da Fundação Helena Antipoff e do
Centro Universitário de Sete Lagoas/MG. Membro do Comitê Científico do Grupo de Trabalho
Temático (GTT Educação Física/Esporte e Escola) do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
(CBCE). Entre 1998 e 2001, foi professor de Educação Física da Rede Estadual de Minas Gerais.
Vanessa Guilherme de Souza
Mestre em Educação pela PUC-Minas; com Graduação em Psicologia, pela Faculdade de
Ciências Humanas da FUMEC, e em Educação Física, pela UFMG. Professora do Instituto de
Ensino Superior Helena Antipoff e da Faculdade Pitágoras de Educação Física. Tem experiência
na área de Educação Física, com ênfase em Antropologia Social, atuando principalmente nos
seguintes temas: corpo, educação fisica escolar, ritual, adolescentes, identidade e mídia.
Geografia
Adriana Angélica Ferreira (Geografia)
Mestre em Geografia pela UFMG, com atuação em Geografia Humana (ênfase em Geografia
Urbana). Professora da UFMG.
Eliano de Souza Martins Freitas (Geografia)
Mestre em Geografia pela UFMG, com atuação em Geografia Humana (ênfase em Geografia
Urbana). Professor da UFMG.
Nair Apparecida Ribeiro de Castro
Doutora em Geografia pela USP; Mestre em Geografia pela UFMG; Especialista em Turismo
pela PUC-Minas. Professora de Geografia da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte;
Professora de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da UFMG;
Professora de Geologia no PREMEN/CECIMIG-UFMG e nas Faculdades Metodistas Intergradas
"Izabela Hendrix", em Belo Horizonte. Co-autora de Currículos e Programas da Secretaria de
Estado da Educação de Minas Gerais; Co-autora e coordenadora da equipe de Geografia do
PROCAP/ BIRD/SEE-MG; Co-autora da coleção Geografia para o primeiro segmento do Ensino
Fundamental da Editora Educacional (Pitágoras).
Rita Elizabeth Durso Pereira da Silva
Mestre em Educação pela FAE/UFMG; com Graduação (bacharelado e licenciatura) em Geografia
pelo IGC/UFMG. Professora de Geografia no Centro Pedagógico da UFMG. Possui experiência
profissional como professora de Geografia no Ensino Fundamental e Médio, atua na formação de
professores e é assessora de reformas curriculares em Minas Gerais.
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História
Ana Lúcia Azevedo
Mestre em Educação pela UFMG e professora de História da Rede Municipal de Educação de
Belo Horizonte.
Bráulio Silva Chaves
Mestre em História pela UFMG; com Graduação em História pela mesma Universidade. Professor
de História e Sociologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-
MG). Tem experiência na área de História, com ênfase nos seguintes temas: História das Ciências
da Saúde; História das Instituições Médico-científicas; História da Ciência e da Técnica; História e
Ensino de História e Currículos.
Júnia Sales Pereira
Doutora em História pela UFMG; Mestre em História pela UFMG; com graduação pela mesma
Universidade. Professora adjunta da Faculdade de Educação da UFMG, membro do Labepeh
(Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História).
Lorene dos Santos
Doutoranda em Educação na UFMG (desenvolve pesquisa sobre a implantação da Lei 10.639/03
nas escolas de Educação Básica); Mestre em Educação pela UFMG; com Graduação em História
pela mesma Universidade. Atua na área de Ensino de História, na formação inicial e continuada
de professores. Lecionou por mais de quinze anos na Educação Básica, boa parte desse tempo
na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Atualmente é professora dos cursos de
História e Pedagogia da PUC-Minas e Assessora de História do CEFOR PUC-Minas.
Nayara da Silva Carie
Mestre em Educação pela UFMG; com Graduação em História pela mesma Universidade.
Professora de História da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais. Possui experiência na
área de História, com ênfase nos seguintes temas: História dos livros e da leitura; Livros didáticos;
Ensino de História e Currículos; Elaboração de materiais didáticos.
Língua Inglesa
Climene F. Brito Arruda
Mestranda em Estudos Lingüísticos na FALE/UFMG; Especialista em ensino de Língua Inglesa.
Trabalha na formação de professores de Inglês da rede pública de ensino no projeto EDUCONLE
(Educação Continuada de Professores de Línguas Estrangeiras) da FALE/UFMG. Suas áreas de
interesse são: o estudo de crenças de professores e alunos, o ensino e aprendizagem de língua
estrangeira e a formação de professores.
Mirian de Paiva Vieira
Mestre em Literatura e Outros Sistemas Semióticos pela UFMG; Especialista em ensino de Inglês
como língua estrangeira; com Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Atua, principalmente, nos
seguintes temas: intermidialidade, transtextualidade, ecfrase, tradução intersemiótica, pintura e
adaptação cinematográfica.
Raquel Faria
Mestre em Linguística Aplicada pela UFMG; com Graduação em Letras pela mesma Universidade.
Atua no ensino de Língua Inglesa, na avaliação de aprendizagem e formação de professores. Foi
professora de Língua Inglesa e diretora de ensino da Rede MAI English. Atuou também como
professora no Unicentro Newton Paiva, na Fundação João Pinheiro, na FACSAL e na Faculdade
Pitágoras. Presta consultoria para a Secretaria de Estado de Educação, para o FUNDEP e para a
Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. Atualmente, é autora de livros didáticos e
Coordenadora Pedagógica na Editora Educacional, uma das marcas pertencentes à Kroton
Educacional S.A.
Reinildes Dias
Doutora em Educational Technology pela Concordia University; Mestre em Inglês pela UFMG;
Especialist em Inglês pela PUC-Minas; com Graduação em Letras (Português-Inglês) pela
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Belo Horizonte. Professora adjunta da UFMG. Possui
experiência na área de Lingüística, com ênfase em Lingüística Aplicada, atuando principalmente
com os seguintes temas: inglês como língua estrangeira, ensino, autonomia e aprendizagem de
línguas estrangeiras, desenvolvimento de habilidades escritas (leitura e escrita), produção de
220
materiais didáticos impressos e on-line, avaliação do livro didático de língua estrangeira, ensino de
línguas mediado pelo computador, ferramentas de colaboração on-line.
Língua Portuguesa
Clenice Griffo
Doutoranda em Psicologia da Educação (Psicolingüística) na Universidade de Barcelona da
Espanha (previsão de término: 2009); Mestre em Educação pela UFMG. Professora da Escola
Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG desde 1998, atua em programas de formação de
professores alfabetizadores: PROFA; Rede Nacional de Formação (MEC/CEALE); Proletramento
(MEC/CEALE).
Maria da Graça Costa Val
Professora aposentada da Faculdade de Letras da UFMG e membro atuante do CEALE, da
Faculdade de Educação da UFMG. Ao longo de sua carreira, tem se dedicado ao ensino de língua
materna e à formação de professores nessa área, contemplando questões relativas à produção de
textos escritos e orais, à leitura, à reflexão lingüística e gramatical, à alfabetização, à seleção de
livros didáticos. Tem livros e artigos publicados sobre temas pertinentes a esse campo de
reflexão.
Martha Lourenço Vieira
Doutora em Educação pela USP; Mestre em Educação pela UFMG . Ao longo de sua trajetória,
tem se dedicado aos estudos e à prática de ensino de língua materna, à formação de professores
e à assessoria pedagógica nessa área, contemplando questões relativas à alfabetização, à
produção de textos escritos e orais, à leitura, à reflexão lingüística, à seleção de livros didáticos.
Atualmente, integra a equipe de professores e pesquisadores do Centro de Alfabetização, Leitura
e Escrita da Faculdade de Educação da UFMG.
Matemática
Denise Alves de Araujo
Mestre em Educação pela FAE/UFMG. Professora da Escola de Educação Básica e Profissional
da UFMG (Centro Pedagógico). Atua no Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos.
Desenvolve trabalhos e pesquisas na formação de professores contemplando as áreas de
Educação Matemática e Educação de Jovens e Adultos.
Juliana Batista Faria
Mestre em Educação pela UFMG. Professora de Matemática no curso de Educação de Jovens e
Adultos do Colégio Imaculada Conceição e membro da equipe do GEN, responsável pela área de
Matemática do curso de Licenciatura em Educação Básica do Campo: Pedagogia da Terra
(FAE/UFMG). Possui experiência de formação de professores em outros cursos de graduação da
UFMG (Pedagogia e Matemática). Desde 2004, quando participou do processo de discussão
curricular sobre o ensino de Matemática ocorrido nas escolas da RME/BH, tem atuado junto ao
Núcleo de Educação Matemática (EdMat), em cursos de formação continuada ministrados para
professores de 1º e 2º ciclos dessa Rede. Integra o grupo de Estudos sobre Numeramento (GEN)
da Faculdade de Educação (FAE) da EFMG – Colégio Imaculada Conceição
Maria da Penha Lopes
Doutora em Educação pela UFMG; Mestre em Matemática pela UFMG; com Graduação
(bacharelado e licenciatura) em Matemática pela Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas
Gerais (UMG). Professora aposentada do Departamento de Matemática do ICEx-UFMG e
professora do Instituto Superior de Ensino das Faculdades Pedro Leopoldo. Possui experiência
docente no Ensino Fundamental da Rede Estadual de Minas Gerais e participou de projetos de
capacitação de professores de Matemática. Autora de livro e artigos sobre o ensino de
Matemática.
Wagner Ahmad Auarek
Doutor em Educação pela UFMG; Mestre em Educação Matemática pela mesma Universidade;
com Graduação em Matemática (licenciatura) pelo Centro Universitário de Belo Horizonte
(UNIBH). Professor do Centro Universitário de Belo Horizonte no curso de Matemática e professor
e coordenador do Curso de Pós-Graduação (Especialização em Educação Matemática do
UNIBH); Membro dos grupos de Pesquisa PRODOC FaE/UFMG e GEIFOP-UNIBH; Líder do
Grupo de Pesquisa Estudos Interdisciplinares de Formação, Prática e Condição Docente
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(GEIFOP0), do Centro Universitário de Belo Horizonte e Coordenador de projeto de iniciação
cientifica. Tem experiência na área de Educação e Ensino de Matemática, com ênfase em
Educação Matemática.
CONSULTORES
Fizeram leitura crítica dos textos preliminares destas "Proposições Curriculares", por solicitação, e
apresentaram suas opiniões, críticas e sugestões, os seguintes consultores:
Antonio Flávio Barbosa Moreira
Atualmente é professor visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro de
diretoria de associação científica da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação, professor visitante da Universidade Católica Portuguesa e professor titular da
Universidade Católica de Petrópolis. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
Currículo, atuando principalmente nos seguintes temas: currículo, educação, cultura, ensino e
escola.
Lucíola Licínio Santos
Atualmente é professora Associada da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência
na área de Educação, com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais, atuando
principalmente nos seguintes temas: currículo e formação docente.
Maria das Mercês Ferreira Sampaio
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (1963), mestrado em Educação
(Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988) e doutorado em Educação:
História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997). Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Currículos Específicos para Níveis e Tipos de
Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: currículo, educação escolar, ensino
fundamental, política educacional e formação docente.
Marlucy Alves Paraiso
Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais e Membro de corpo
editorial do Educação em Revista (UFMG). Tem experiência na área de Educação, com ênfase
em Currículo.
4. REVISÃO E FORMATAÇÃO
César Eduardo de Moura
Josiley Francisco de Souza
Vânia Silva Freitas
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