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Douglas Tenório Apratto no 36ª Chá de Memória, realizado no Arquivo Público de Alagoas – APA,
24/09/2019.
1
TENÓRIO, Douglas Apratto. A tragédia do populismo: o impeachment de Muniz Falcão. – 2. ed. –
Maceió: EDUFAL, 2007.
2
Graduanda no curso de Licenciatura em História do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e
Arte – ICHCA, da Universidade Federal de Alagoas.
Alagoas na década de 50: as transformações pedem passagem (p. 27- 48).
Recorte do Jornal
do Brasil de 1963
que noticia o
assassinato de
Cairala dentro da
câmera legislativa,
quando Arnon tinha
mandato de
senador.
A questão populacional
As famílias não apenas vão ouvir falar das novidades como a luz da
Chesf e de uma espécie de cinema caseiro – a televisão ainda
inacessível. Conhecem também muitas outras engenhocas que
chegam com a importação maciça de bens de consumo iniciada no
governo Dutra, alterando o pacato dia-a-dia dos anos 50. (p. 31)
Segundo Tenório, o período que ele se propôs a estudar recebeu uma herança
bastante evidente do processo de industrialização dos anos 40. O Nordeste do país
perde a hegemonia da produção do açúcar frente a maquinaria da indústria paulista,
contudo, a elite do estado não abre mão de disputar o setor de produção. Nesse
sentido, “A agro-indústria alagoana do açúcar entendeu os sinais de estímulo e,
altamente subsidiada, partiu para o reequipamento de suas unidades, elevando a
produção de forma considerável, principalmente com a melhoria de seu nível técnico”
(p. 32). Acompanhando a modernização industrial a construção de rodovias acarretou
a “aproximação entre as regiões do Estado e do interior com a capital” (p. 33). O rádio
seria outro elemento para abeirar a população alagoana.
A produção têxtil passa por severas dificuldades na entrada da década de 50,
“estará irremediavelmente condenada à decadência” (p. 33). Por outro lado, Arapiraca
surge enquanto forte produtora de fumo, “baseada em minifúndios e pequenos
estabelecimentos agrícolas com diversificação de culturas que estimularão notável
expansão comercial” (p. 33). Além dessas produções, Tenório destaca a “bacia
leiteira” e “o arroz na zona do São Francisco”, “feijão, coco, mandioca, [e] milho” (p.
34). Entretanto, a cana de açúcar não perderia sua posição de principal produção
agrícola do estado, sobre ela ainda é possível assinalar outros efeitos.
3
PORTO, Ana Luiza Araújo. O Curso de História na Universidade Federal de Alagoas: dos Primórdios
a sua Consolidação (1952-1979). Maceió, 2009. (Dissertação).
nas portas para o bate-papo do fim da tarde; as pessoas se conheciam mais por se
relacionar do que por competir” (p. 40).
As alterações no espaço geográfico podem servir de espelho para imaginarmos
as mudanças também dos costumes. “Outro setor onde os laços da velha sociedade
patriarcal vão-se afrouxando é o da sexualidade” (p. 44). As mulheres passam a ter
mais “liberdade” para usar roupas mais curtas e saírem sozinhas. A Igreja Católica
reagiu a esses “atentados à moral”. Usando dos cultos aos jornais (a exemplo, O
Semeador), a pregação se dirigia especialmente à condenação de outras religiões
(protestantes, espíritas e afro-brasileiras) e aos atos que desafiavam o pensamento
conservador da Igreja.