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e prática 66
ENCARTE DO PROFESSOR
A nova Arte
A reflexão de Ortega Y Gasset sobre o movimento
que se afasta do realismo para sucumbir à
sensibilidade e a menos seriedade
Sem codificação
A extrapolação do sentido e a falta de possibilidade
de uma teoria para explicar a Arte Contemporânea
O
s seres humanos se diferenciaram dos Mas o que é Arte? O que a Arte difere de outras
outros animais (dizem os humanos!) técnicas inventadas pelo engenho humano? O que o
pela inteligência abstrata e linguagem canto dos homens, suas danças e cores diferem da plu-
simbólica de que são capazes. Tais ca- magem, cantos e cores dos pássaros? A Arte conhe-
pacidades possibilitam a criação de uma “segunda ceu diversas técnicas e expressões, que acompanham
natureza”, a Cultura. E no contexto da Cultura, uma o momento histórico, como as grandes obras sacras do
das grandes criações humanas chama-se “Arte”, esta século XVIII e XIX, momento em que a igreja cató-
forma específica de conhecer, expressar e interpretar lica dominava o cenário social. Ou então, as obras de
o mundo, mesmo o mundo que não existe, ou que Andy Warhol, que refletiram a massificação e a repeti-
“existe” apenas na imaginação do homem. Como ção do século XX na pop art. O filósofo espanhol, Or-
disse o grande poeta português, Fernando Pessoa: tega y Gasset, que nunca formulou um tratado sobre
estética, pensou sobre uma Arte que fugisse da mes-
“O poeta é um fingidor, mice, que não tivesse pretensões de explicar o mundo
Finge tão completamente, como a Ciência e a Filosofia e que tirasse o homem do
Que chega a fingir que é dor, estado de seriedade. Vamos, neste caderno, conhecer
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
Hugo Allan Matos é mestre em Educação, Pós-graduado em Filosofi a e História Contemporâneas e Licenciado em Filosofi a (UMESP). Filósofo e professor de Filosofi a no Ensino
Médio. Militante da APROFFESP e APEOESP; Francisco P. Greter é mestre em Filosofi a e História da Educação – FEUSP e vice-presidente da APROFFESP. www.aproffesp.
blogspot.com, fgretter@yahoo.com.br.
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ATIVIDADE I:
A ARTE COMO FORMA
DE CONHECIMENTO
INTUITIVO
tética do mundo, aquilo que veio a conhecimento imediato da forma de expressão e sua desvinculação
ser chamado de Arte. E o que vem concreta e individual e se refere com o cotidiano imediato e suas
a ser “Arte”? não diretamente à razão teórica, funções pragmáticas e utilitárias.
Os teóricos defi nem que Arte mas ao sentimento e à imaginação.
surge do “conhecimento intuitivo “A Arte é um caso privilegiado de 1
cf. bibliografia, n° 2, p. 373.
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viv
quer precisar dar satisfações do
que faz a alguém. “...a Arte salva
o homem, é só porque o salva da
seriedade da vida e suscita nele
inesperada infância...”6 .
Podemos perceber na estética or- v
teguiana uma ontologia e uma Ética do
implícitas. Ao passo que a Cultura es
de sua sociedade impunha um con-
5
GASSET, p. 80.
A nova Arte não pretende explicar o mundo e é algo que a Ciência não pode alcançar 6
GASSET, p. 82.
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Qualquer coisa (Caetano Veloso) Quero que você ganhe, Prateadas de lua,
que você me apanhe, sem nada, na sua!
“Esse papo já tá qualquer coisa, Sou o seu bezerro gritando mamãe.
Você já tá pra lá de Marrakech. Mas Nádia só nada em águas de sono,
Mexe qualquer coisa dentro doida, Esse papo meu tá qualquer coisa Num lago de sonho,
Já qualquer coisa doida dentro mexe. E você tá prá lá de Teerã. Sem água e sem nada,
Qualquer coisa, Sem Nádia nadando,
Não se avexe, não, baião de dois, Você já tá prá lá de Marrakech.” Seminua boiando seu corpo nas águas,
Deixe de manha, deixe de manha, Prateadas de lua,
Pois sem essa aranha, Sem nada, na sua!
Sem essa aranha, sem essa aranha,
Nem a sanha arranha o carro, Nádia (Chico Gretter) E assim no meu nada,
Nem o carro arranha a Espanha. Eu nado sem Nádia
Nessa tamanha, meça tamanha, “Nada nada como Nádia, Em águas de sono,
Esse papo seu já tá de manhã. Nada nadar como Nádia nada, Num lago de sonho,
Nada como olhar Nádia nadando, Afogado na insônia.
Berro pelo aterro, pelo desterro, Seminua boiando seu corpo nas
Berro pro seu berro, pelo seu erro. águas, Sem Nádia eu sou nada!”
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