Sunteți pe pagina 1din 9

Reflexão

e prática 66
ENCARTE DO PROFESSOR

A nova Arte
A reflexão de Ortega Y Gasset sobre o movimento
que se afasta do realismo para sucumbir à
sensibilidade e a menos seriedade

Sem codificação
A extrapolação do sentido e a falta de possibilidade
de uma teoria para explicar a Arte Contemporânea

Com a curadoria de Carolina Desoti e Victor Costa

Carolina Desoti é graduada em Filosofia pela PUC-


Campinas e atua nas áreas da Filosofia Política e
Psicanálise pelo viés do Cinema.
Victor Costa (@costa_victor) é formado pela PUC-
Campinas e em roteiro pela EICTV (Cuba). Estudou
Artes Visuais e Comunicação na Unicamp. É professor,
roteirista, redator e produtor cultural.

Os exercícios são propostos pelo vice-presidente


da Aproffesp - Associação dos Professores de
Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo –
Francisco Paulo Greter

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 35 11/23/12 12:21 AM


A VIDA E A ARTE:
QUEM IMITA QUEM?
Hugo Allan Matos e Francisco Paulo Greter

O
s seres humanos se diferenciaram dos Mas o que é Arte? O que a Arte difere de outras
outros animais (dizem os humanos!) técnicas inventadas pelo engenho humano? O que o
pela inteligência abstrata e linguagem canto dos homens, suas danças e cores diferem da plu-
simbólica de que são capazes. Tais ca- magem, cantos e cores dos pássaros? A Arte conhe-
pacidades possibilitam a criação de uma “segunda ceu diversas técnicas e expressões, que acompanham
natureza”, a Cultura. E no contexto da Cultura, uma o momento histórico, como as grandes obras sacras do
das grandes criações humanas chama-se “Arte”, esta século XVIII e XIX, momento em que a igreja cató-
forma específica de conhecer, expressar e interpretar lica dominava o cenário social. Ou então, as obras de
o mundo, mesmo o mundo que não existe, ou que Andy Warhol, que refletiram a massificação e a repeti-
“existe” apenas na imaginação do homem. Como ção do século XX na pop art. O filósofo espanhol, Or-
disse o grande poeta português, Fernando Pessoa: tega y Gasset, que nunca formulou um tratado sobre
estética, pensou sobre uma Arte que fugisse da mes-
“O poeta é um fingidor, mice, que não tivesse pretensões de explicar o mundo
Finge tão completamente, como a Ciência e a Filosofia e que tirasse o homem do
Que chega a fingir que é dor, estado de seriedade. Vamos, neste caderno, conhecer
IMAGENS: SHUTTERSTOCK

A dor que deveras sente”. um pouco mais de seu pensamento.

Hugo Allan Matos é mestre em Educação, Pós-graduado em Filosofi a e História Contemporâneas e Licenciado em Filosofi a (UMESP). Filósofo e professor de Filosofi a no Ensino
Médio. Militante da APROFFESP e APEOESP; Francisco P. Greter é mestre em Filosofi a e História da Educação – FEUSP e vice-presidente da APROFFESP. www.aproffesp.
blogspot.com, fgretter@yahoo.com.br.

36 • ciência&vida

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 36 11/23/12 12:21 AM


ETAPA I:
A VISÃO ESTÉTICA
DO MUNDO

ATIVIDADE I:
A ARTE COMO FORMA
DE CONHECIMENTO
INTUITIVO

Os seres humanos, desde o


início de sua história, que não se
sabe exatamente quando começou,
foram obrigados a conhecer a re-
alidade e a dominar técnicas na
luta pela sobrevivência. Também
os animais precisam conhecer e
dominar o seu hábitat para sobre-
viver, mas nenhum deles conse-
guiu chegar onde o Homo sapiens
já chegou, tanto nas ciências como
nas técnicas. O homem tem trans-
formado o mundo e a si mesmo de
forma fenomenal, principalmente
a partir da época moderna, e seu
conhecimento e poder técnico se
multiplica, isso é inegável.
Assim, os seres humanos de- Ainda na época das cavernas, em que apenas se lutava pela sobrevivência, o
senvolveram, no decorrer da his- homem encontrou uma forma entender e explicar seu mundo pelo meio da Arte
tória, várias formas de conhecer,
expressar, interpretar e dominar do mundo”, o que envolve a cria- entendimento intuitivo do mundo,
a realidade em que vivem. Além tividade, a imaginação, a emoção tanto para o artista que cria obras
das ciências e das técnicas, ex- e o sentimento, conceitos estes que concretas e singulares quanto para
pandiram o conhecimento míti- dependem, para sua defi nição e/ou o apreciador que se entrega a elas
co e religioso do mundo e de um compreensão, de diferentes visões para penetrar-lhes o sentido” 1.
provável além-mundo; criaram e de Arte e concepções estéticas. Aí A Arte, como forma intuitiva de
aprofundaram a reflexão fi losófica entramos no terreno da Filosofia da apreensão/expressão humana do real
sobre todos os aspectos da exis- Arte ou da Estética enquanto ten- através da criação de formas sensí-
tência. Todavia, se há uma coisa tativa de reflexão sobre essa forma veis (sons, imagens, formas etc.),
que diferencia sobremaneira o ser peculiar e fantástica de conhecer, proporciona uma forma de conheci-
humano dos demais seres vivos é expressar e sentir o mundo. mento sui generis, aquém e além da
a sua capacidade artística, o senso O conhecimento do mundo não conceitualização abstrata e teórica
estético da vida e do mundo. Já nas se dá somente por conceitos lógi- do mundo e que possui familiarida-
paredes das cavernas, no alvore- cos, organizados de forma teórica, de com a experiência afetiva. Nesse
cer da humanidade, os grupos não como faz a Ciência e a Filosofi a, sentido, ela está mais próxima do
apenas lutaram pela sobrevivência cada uma dentro de suas especi- mito do que da Ciência ou da Filo-
ou fi zeram guerras, mas também ficidades. O conhecimento tam- sofia, ainda que a “nova Arte” con-
desenvolveram a interpretação es- bém se dá pela intuição, que é o temporânea busque novas maneiras
IMAGENS: SHUTTERSTOCK

tética do mundo, aquilo que veio a conhecimento imediato da forma de expressão e sua desvinculação
ser chamado de Arte. E o que vem concreta e individual e se refere com o cotidiano imediato e suas
a ser “Arte”? não diretamente à razão teórica, funções pragmáticas e utilitárias.
Os teóricos defi nem que Arte mas ao sentimento e à imaginação.
surge do “conhecimento intuitivo “A Arte é um caso privilegiado de 1
cf. bibliografia, n° 2, p. 373.

www.portalcienciaevida.com.br • ciência&vida • 37

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 37 11/23/12 12:21 AM


ATIVIDADE II:
EXERCÍCIO I: ANÁLISE E COMPAR AÇÕES ENTRE AS
FUNÇÕES DA ARTE
DIFERENTES FUNÇÕES DA ARTE
Dividir a classe em três grupos e solicitar a cada um deles que pes-
As artes, no decorrer da história, quisem em obras especializadas e mesmo na internet alguns exemplos
tiveram várias funções e que foram dos três diferentes tipos de obras de Arte, de acordo com a sua função.
se modificando de acordo com as Pedir ajuda ao professor de Educação Artística. Os grupos deverão tra-
formas de organização social, eco- zer os exemplos (pintura, arquitetura, escultura etc.) para serem expos-
nômica e política das diferentes so- tos e analisados com a ajuda do professor. Selecionar alguns textos de
ciedades humanas, culturas e povos. Filosofia da Arte que fazem análises a respeito.
No início da humanidade, quan- Depois de analisados, com a ajuda dos textos, as obras deverão ser expos-
do as explicações míticas e religiosas tas em lugar público com as observações dos alunos para que toda a escola
dominavam a visão de mundo, as ar- possa participar da atividade, cujo objetivo é aguçar o senso estético de todos.
tes tiveram uma função mágica por
meio da qual os primeiros agrupa-
mentos humanos lidavam com seus presente e desempenha funções es- Mas também podemos usar a
medos e a necessidade de enfrentar téticas, sociais, psíquicas, de entre- Arte para objetivos menos (!) nobres
os perigos de um mundo povoado tenimento etc. ou espirituais quando, numa festa de
por animais ferozes, “espíritos” do Para que possamos nos ater a aniversário, casamento ou nas happy
bem e do mal, pelo desconhecido. nosso objetivo didático, utilizemos hours, a música é utilizada para ale-
Assim eles faziam suas pinturas nas aqui o esquema já estabelecido pelos grar os amigos e casais em seus mo-
paredes das cavernas, se pintavam, teóricos para apresentar as funções mentos de prazer e felicidade, ainda
marcando o próprio corpo como principais das artes: que passageiros, mundanos, em que
sinal de oferenda e sacrifício, canta- 1. Função pragmática ou utilitá- os deuses e espíritos já não são mais
vam e dançavam. ria: aqui a Arte não vale por ela mes- evocados e o barulho impede qual-
Tais práticas ainda persistem em ma, mas desempenha uma função de quer “gozo estético” mais profundo,
tribos e mesmo em “rituais” de “tri- utilidade prática ou mesmo para servir embora embale outros gozos.
bos” modernas e “pós-modernas”. a interesses de grupos sociais domi- As artes também são e devem
Basta assistir a um show de rock nantes para transmitir aos “inferiores” ser utilizadas na educação, inclusive
deste ou daquele estilo, ir a uma a sua visão de mundo, crenças e ide- nas aulas de Filosofia, por que não?
loja de tatuagem ou festa rave, onde ologias. Vimos isso na Idade Média, Assim elas desempenham suas fun-
podemos ver a mais alta tecnologia época que a pintura, a arquitetura, a ções pedagógicas, políticas, sociais,
de sons e luzes misturada ao que há escultura e a música serviram para religiosas...
de mais primordial nos rituais pri- transmitir ao povo iletrado, aos servos 2. Função naturalista: refere-se
mitivos. O que dizer, por exemplo, e aos que não eram nobres, os valores diretamente ao conteúdo da obra de
da Lady Gaga e seus visuais extra- da cristandade católica. As catedrais Arte, cuja função é retratar o mais
vagantes, ícone de uma geração tra- góticas, com seus vitrais e colunas, fiel possível a realidade e seu objeto.
vestida de sonhos, vazios e medos? são exemplos fantásticos dessa função É a função referencial em que a Arte
Nesses rituais todos, a Arte está educativa e religiosa. “imita a realidade”, tenta copiá-la tal

1 2 3 IMAGENS: SHUTTERSTOCK

38 • ciência&vida

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 38 11/23/12 12:21 AM


qual é. É evidente que essa tentativa teatral etc. O que importa é a orga- Ortega e Gasset, A desumaniza-
se tornou inútil quando a máquina nização interna, a estruturação dos ção da Arte. Nessa obra, o filósofo
fotográfica foi inventada, superan- signos selecionados de acordo com espanhol, que é um dos maiores
do todo o realismo artístico. Então, uma lógica específica. Há uma pre- do século X X, faz uma análise da
a Arte vai ter de se reinventar e a ocupação com a experiência estética “nova Arte” que surgiu na Europa
própria fotografia também se torna- em si mesma e sua fruição depende a partir do final do século XIX e
rá um meio de expressão do artista. de um público educado e maduro até hoje causa perplexidade, pois
Assim também outras expressões para entender o significado intrín- não fala mais ao homem comum,
artísticas, como o teatro e a música, seco proposto pelo artista. Como ao povo.
irão se modificar com a chegada do exemplo de função formalista, po- Enquanto isso, a Arte natura-
Cinema, da indústria fonográfica e demos citar a Arte da caricatura lista, realista ou surrealista, im-
do vídeo. que deforma o objeto – a pessoa – pressionista, expressionista, ro-
3. Função formalista: como a e ao mesmo tempo capta e realça a mântica ou engajada (nomes que
própria palavra diz, a preocupação sua essência. se dão aos devaneios humanos)
aqui é com a forma de apresenta- Aprofundaremos melhor a continua a embalar os sonhos, as
ção da obra de Arte, seja pictórica, análise dessa função na próxima emoções, os ideais e as loucuras
escultórica, arquitetônica, musical, etapa ao abordarmos a obra de da maioria da população.

ETAPA II: A ARTE DA VIDA


E A “DESUMANIZAÇÃO” DA ARTE
SEGUNDO A ESTÉTICA DE ORTEGA Y GASSET

O fi lósofo espanhol José Ortega


y Gasset (1883-1955) foi um amante
da Arte e suas reflexões estéticas são
muitas, apesar de não sistematiza-
das. Talvez de propósito, pois, como
veremos, para ele a Arte é infindá-
vel, tal como deve ser a reflexão so-
bre ela. Tomarei como base seu texto
mais conhecido: A desumanização Ortega y Gasset refletiu sobre a nova Arte, que foge do real, onde o que importa é a
da Arte, porém em uma perspectiva sensibilidade e que não pretende seriedade
incomum, não da distância metodo-
lógica do espectador 2 , mas da impli- O inumano, portanto, é aquilo que Enquanto no realismo do sécu-
cação do escritor de O que é Filosofia? não faz parte do cotidiano, do que é lo XIX – a velha Arte – os artistas
O termo “desumanização”, uti- natural. A Arte não pode estar rela- reproduziam a realidade, caindo da
lizada por este autor, gera inúmeras cionada com o cotidiano, não pode mesmice, no enfadonho, habitual, o
polêmicas e perspectivas. Esse ter- ser uma transcendência deste. que mais importa para Gasset é essa
mo tem uma forte influência – ad- Devemos levar em conside- nova sensibilidade estética surgente,
vertida pelo autor – da Fenomeno- ração que sua produção estética que traz ao mundo velho um ar jo-
logia. Ao utilizar-se dele, Gasset mais intensa foi justamente no vial. Com o humano, Arte velha era
quer especificar uma intranscen- nascimento da “nova Arte”, com fácil conviver, pois havia uma identi-
dência da Arte em relação à vida o advento da modernidade. A ficação. Já com a Arte nova, é neces-
cotidiana, ou mundo da vida 3 , que passagem da antiga para a nova sária uma nova forma de relação com
Gasset chama realidade humana4 . Arte se dá, na visão do filósofo, a Arte, há que inventá-la, criar. O
2
Método orteguiano utilizado na escrita de sua obra
quando as várias formas de Arte artista deve criar um estilo, estilizar
de mesmo nome: El espectador, em oito volumes. – pintura, música etc. – defendem é deformar o real, desumanizar. A
3
Lenbeswelt para Husserl. os mesmos valores, ainda que não tentativa de compreensão dessa nova
4
GASSET, p. 57. seja conscientemente. realidade que traz o gozo artístico.

www.portalcienciaevida.com.br • ciência&vida • 39

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 39 11/23/12 12:21 AM


Essa nova Arte tem três princi- citado de alteridade, que explicaria maior peso nesta obra de Gasset.
pais características que a defi nem e de forma mais lógica essa neces- A ironia é a máxima categoria
veremos agora: sidade do novo, mas deixarei para estética, afi rma, citando o grupo
• O riso da Arte outra oportunidade. de Schlegel, diretor de um grupo
O principal mecanismo da Portanto, a Arte tradicional do de alemães românticos do século
eliminação das formas vivas são século XIX fazia questão de exibir XIX: “Ser artista é não levar a sé-
as metáforas, na pintura, as ico- a forma viva, e é buscando privile- rio o homem tão sério que somos,
noclastias, nas quais as fi guras já giar o gozo estético que a nova Arte quando não somos artistas”5. Ape-
não correspondem totalmente à o elimina. Para admiradores e de- sar disso, a crítica contra a Cultura
realidade. A fabricação de ícones, fensores da Arte velha, a nova Arte do século XIX é veemente. Gasset
a propósito, foi muito perseguida parece uma farsa. E para Gasset, acentua a crítica que a Arte nova
e até proibida na história europeia. esta acusação é, em parte, verdadei- traz contra a Política, pois, para
Não encontrei fontes relevantes ra: esse novo estilo quer falsear, rir ele, esse serviço tornou-se sinôni-
para afi rmar que – além da possível do velho. “Seria uma farsa – nesse mo da mentira. As inúmeras críti-
associação das fi guras com o isla- sentido negativo – se quisesse cla- cas contra a Arte e contra o Posi-
mismo e judaísmo – pode ter sido, mar o mesmo tipo de contempla- tivismo também devem ser citadas
por seu caráter eliminador das for- ção patética, quase religiosa...” que aqui, pois o Positivismo – na visão
mas vivas, que já imprime por si o estilo clássico. Mas não. Quer ir dos novos artistas – renunciava às
um tom de não transcendência na além, eliminando as formas vivas, essências por ser cultura de meios
Arte, bem como de possibilidade quer rir da Arte em geral. e não de fi ns.
da alteridade artística. • É só Arte! O homem do século XX perdeu
Surge uma questão habitual: Esta af irmação da Arte como a fé na Ciência, devido às caracte-
por que essa ânsia na eliminação Arte, para fazer jus à comicidade rísticas apontadas, e contentou-se
das formas vivas? Ou indo além, do estilo, trata-se de dúbia af ir- com um ilusionado viver. Portanto,
de novidade, de superação? Para mação. Como a Arte desumani- aqui se mostra a importância de a
Gasset é justamente por causa do za-se, não quer imitar a realida- Arte dar conta do que a Ciência não
gozo estético. A tradição sempre se de, pois desta a Ciência tem que pode explicar.
torna humanizada – no sentido de dar conta. E o campo da Arte é Como novo estilo, a crítica ao
cotidiana que aqui estamos tra- justamente aquele que a Ciência antigo é inevitável, mas Gasset
balhando –, assim, tanto o artista não consegue alcançar. E o se- reconhece que um tom monótono
quanto as pessoas que contemplam gundo sentido é o da Arte como era necessário para despertar os
a Arte, na história, sentem vontade cômica, como jogo, que não pre- mais pacientes. Essa era uma con-
do novo. Aqui poderíamos entrar tende seriedade. tradição de amor e ódio clamada
numa discussão sobre o conceito já O segundo sentido ganha pela Arte nova que, em seu riso,
formou sua identidade para além
do cotidiano e da Ciência, abrin-
do novos horizontes.
• (In)transcendência da Arte
Ao contrário da Arte clássi-
ca, a nova Arte não quer assumir
a tarefa de salvar a humanidade
– da falência das religiões e da
Ciência – de discutir os graves
problemas de sua época, ou se-

viv
quer precisar dar satisfações do
que faz a alguém. “...a Arte salva
o homem, é só porque o salva da
seriedade da vida e suscita nele
inesperada infância...”6 .
Podemos perceber na estética or- v
teguiana uma ontologia e uma Ética do
implícitas. Ao passo que a Cultura es
de sua sociedade impunha um con-
5
GASSET, p. 80.
A nova Arte não pretende explicar o mundo e é algo que a Ciência não pode alcançar 6
GASSET, p. 82.

40 • ciência&vida

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 40 11/23/12 12:21 AM


Anun_A_R.i
formismo com a derrota da Ciência
– enquanto salvadora da humanida- EXERCÍCIO II: QUESTÕES PAR A COMPREENSÃO DO TEXTO
de, caindo no relativismo –, frente ao
fracasso das religiões, apoiar a Arte Após a leitura do texto com os alunos e antes de iniciar qual-
nova ressaltando seu caráter cômico, quer debate, o professor deverá verificar e esclarecer o vocabulário
como possibilidade de as pessoas desconhecido pelos alunos, identificando os conceitos tratados pelo
vencerem esse comodismo, parece autor. Depois disso, sugerir essas questões aos alunos:
algo revolucionário. Contudo, é ne- 01) O que significa o termo “desumanização” para Ortega y
cessário um estudo aprofundado das Gasset?
implicações éticas e políticas; uma 02) O que pretendeu a “nova Arte” em relação à Arte tradicio-
leitura do livro A rebelião das massas nal, segundo a análise de Ortega y Gasset?
é essencial para compreender sua 03) Em que sentido, para os defensores da velha Arte (naturalis-
proposição estética. ta), a “nova Arte” é uma farsa? E por que essa afi rmação, em parte,
Além disso, a noção antropo- é verdadeira?
lógica de incompletude humana 04) Comente a afi rmação: “...o campo da Arte é justamente
é necessária, pois, para Gasset, o aquele que a Ciência não pode alcançar”. Que campo é esse que a
homem deve estar sempre vivendo Arte atinge e que a Ciência não consegue chegar?
e reelaborando seu projeto de vida, 05) O autor afi rma que a ironia, objeto da nova Arte, é a cate-
ou seja, viver o presente sempre goria estética maior. Qual é seu emprego com relação à Política?*
construindo seu futuro. 06) O que significa afi rmar que a “nova Arte” não está preo-
Já no início do século X X ha- cupada em salvar a humanidade, tarefa esta a que as religiões e a
via a massificação do ser humano. Ciência se dedicam e sem muita eficácia? A Arte, segundo o autor,
Para Gasset, o homem não supor- se pode salvar de alguma coisa, nos salva da “seriedade da vida”.
ta nada que não lhe seja familiar. Explique.
É por isso que a maioria repudiava
a nova Arte. O homem-massa não *Sugerimos ao professor que peça aos alunos um trabalho de pesquisa
teria, a princípio, condições de sobre a IRONIA expressa nas tiras de jornais e revistas com relação aos
compreender a Arte que se apre- políticos e à Política. Os grupos (quatro componentes) poderão trazer
sentava. Por isso era legítimo o certa quantidade de tiras que serão selecionadas e sobre as quais farão co-
enfrentamento que esta fazia con- mentários e uma análise crítica. Para isso, utilizar o “ Encarte” número
tra a tradição. E o fato de o filóso- 64, revista Filosofia, n° 75 – outubro/2012, que tratou justamente da
fo nunca ter escrito uma estética, questão política e dos partidos políticos no Brasil.
em minha leitura, é porque nunca Os alunos deverão analisar até que ponto os quadrinhos (tiras) pu-
pretendeu escrever uma. Escreveu blicados pelos jornais e revistas suscitam o gozo estético a que Ortega y
sobre as estéticas de acordo com Gasset se refere, ou também expressam preconceitos e ideologias partidá-
que estas interessavam à sua con- rias, negando o próprio sentido da “nova Arte”.
cepção política.

lh or!
viva mais e me
O livro Coleção
e ci a l G a st ri te
Viva Saúde
traz informaçõe
s NAS BANCAS!
E sp liv r
ra
em se
ueles que quer
valiosas para aq sofrimento causados por
e do
do desconforto istas mostram
le m a gá strico. Especial
este pr ob rite e ainda
pr ev en ir e tratar a gast
co m o ajudarão na
s qu e, além de alívio,
dã o di ca s qualidade.
nq ui st a de um a vida com mai www.escala.com.br
co e viva melhor!
Viva Saúde. Leia

www.portalcienciaevida.com.br • ciência&vida • 41

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 41 11/23/12 12:21 AM


Anun_A_R.indd 1 6/11/2012 10:28:57
ETAPA III:
INTERDISCIPLINARIDADE
POESIA, MÚSICA E
EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

IMAGENS: SHUTTERSTOCK
Qualquer coisa (Caetano Veloso) Quero que você ganhe, Prateadas de lua,
que você me apanhe, sem nada, na sua!
“Esse papo já tá qualquer coisa, Sou o seu bezerro gritando mamãe.
Você já tá pra lá de Marrakech. Mas Nádia só nada em águas de sono,
Mexe qualquer coisa dentro doida, Esse papo meu tá qualquer coisa Num lago de sonho,
Já qualquer coisa doida dentro mexe. E você tá prá lá de Teerã. Sem água e sem nada,
Qualquer coisa, Sem Nádia nadando,
Não se avexe, não, baião de dois, Você já tá prá lá de Marrakech.” Seminua boiando seu corpo nas águas,
Deixe de manha, deixe de manha, Prateadas de lua,
Pois sem essa aranha, Sem nada, na sua!
Sem essa aranha, sem essa aranha,
Nem a sanha arranha o carro, Nádia (Chico Gretter) E assim no meu nada,
Nem o carro arranha a Espanha. Eu nado sem Nádia
Nessa tamanha, meça tamanha, “Nada nada como Nádia, Em águas de sono,
Esse papo seu já tá de manhã. Nada nadar como Nádia nada, Num lago de sonho,
Nada como olhar Nádia nadando, Afogado na insônia.
Berro pelo aterro, pelo desterro, Seminua boiando seu corpo nas
Berro pro seu berro, pelo seu erro. águas, Sem Nádia eu sou nada!”

42 • ciência&vida

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 42 11/23/12 12:22 AM


EXERCÍCIO:
PAR A SENTIR E PENSAR:

1) Fazer a leitura das poesias


acima (individual ou em grupo).
Tire dúvidas de vocabulário, co-
mente os significados das figuras
de linguagem, das metáforas...
2) Comparar as duas poesias e
analisar suas semelhanças e dife-
renças formais. Como poderiam
ser classificadas esteticamente?
3) Em seguida, leia o texto a
seguir e releia as poesias acima:
“A poesia, em rigor, não é lin-
guagem. Faz uso desta como mero
material para transcendê-la e se
propõe expressar o que a lingua-
gem, em sentido estrito, não pode
dizer. A poesia começa onde a efi-
cácia da fala termina. Surge como
nova potência da palavra irredutí-
vel ao que esta propriamente é”1.
4) Volte a conversar com os
alunos e deixe que eles manifestem
livremente suas impressões sobre
as poesias e o texto: o que sentiram,
o que entenderam, o que os autores
quiseram dizer etc.
5) Peça aos alunos que ten-
tem fazer uma poesia utilizan-
do os mesmos recursos das que
leram e refletiram. As criações
deverão ser trazidas na próxi-
ma aula para serem lidas em
classe e “curtidas” por todos!
1
ORTEGA Y GASSET, La reviviscencia de lós
cuadros, VIII, p. 491.

ALAMBERT, F. A Semana de 22: a


aventura modernista no Brasil. São Paulo:
Scipione.
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H.
P. Filosofando: introdução à Filosofia. 3a ed.
revista. São Paulo: Moderna, 2003.
COLI, J. O que é Arte. São Paulo:
Brasiliense, 1981.
KUJAWSKI, G. M. Ortega y Gasset: a
aventura da razão. São Paulo: Moderna, 1994
(Coleção Logos).
ORTEGA Y GASSET, J. A desumanização
REFERÊNCIAS

da Arte. Tradução de Ricardo Araújo. 4a ed.


São Paulo: Cortez, 2003.
FACIOLI, V. (Org.). Breton-Trotski: por
uma Arte revolucionária independente. São
Paulo: Paz e Terra, 1985.

CADERNO_EXERCICIO_77_1aparte.indd 43 11/23/12 12:22 AM

S-ar putea să vă placă și