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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANDRÉ AMÉRICO DA SILVA


ARTHUR PAIVA RAMOS
DANIEL GALDINO NETTO

PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES E INVESTIMENTOS EM P&D: UMA


ANÁLISE DOS ESTADOS BRASILEIROS

Belo Horizonte
2019
1. Introdução

As diferenças regionais no nível de desenvolvimento econômico são particularmente


marcantes no Brasil, com os estados brasileiros gerando níveis de PIB per capta muito
distintos, apresentando uma diferença que chegava a 2,5 vezes entre São Paulo e a
Bahia para o ano de 2016 (IBGE). Apenas parcialmente essas diferenças podem ser
explicadas pelas diferenças de capital físico e nível educacional da população, tendo o
nível de produtividade participação decisiva (Hall, Jones, 1999).
A produtividade total dos fatores de produção (PTF) tem a pretensão de identificar o
grau de eficiência da produção de uma economia, através da observação dos fatores
em si, de suas combinações produtivas e da mensuração de suas produtividades. O
crescimento do produto por trabalhador certamente sofre influência do crescimento da
força de trabalho efetiva e do estoque de capital efetivo (Jorgenson, Gollop, and
Fraumeni, 1987 apud ROMER, 1990), mas as mudanças tecnológicas estão no cerne
do crescimento econômico, sendo decisivas para o aumento da produtividade
(ROMER, 1990). O presente trabalho tem a intenção de avaliar a influência da
atividade de pesquisa como sendo significativo para o crescimento da PTF, observando
este fenômeno para os estados brasileiros.
A atividade de pesquisa tem como objetivo tanto o avanço das ciências exatas,
humanas, biológicas, entre outras, quanto o progresso técnico, com a melhoria do uso
ou descoberta de novos usos dos escassos recursos naturais e humanos. Como
resultado direto do esforço para alcançar o segundo objetivo, a atividade de pesquisa
gera inovações que são registradas sob a forma de patentes, que incorporadas aos
processos produtivos muitas vezes contribuem para o aumento da produtividade dos
fatores. Como o progresso técnico impacta a taxa de crescimento da PTF, buscamos
interpretar se é responsivo à atividade de pesquisa, através da observação dos gastos
de P&D por região e, por sua vez, do número de patentes per capita por região,.
Thirwall (1999) define tecnologia como sendo conhecimento útil à produção, e
progresso técnico como a sofisticação da performance do capital, advinda da atividade
de pesquisa, invenção, desenvolvimento e inovação. O progresso técnico pode
representar economias de capital e/ou trabalho. Nesse sentido, Harrod (1948) discute
que dada uma taxa de lucro, ganhos de capital e trabalho são identificados pela relação
capital-produto. Já Hicks (1932) aponta as taxas marginais de substituição como
indicativas do tipo de progresso técnico.
Países desenvolvidos já contam com ganhos continuados do processo de inovação e
apresentam uma estrutura produtiva consolidada que interliga aprendizado, divisão do
trabalho, difusão de conhecimento e especialização produtiva, cuja conexão é maior do
que em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos.
O crescimento da PTF é fortemente influenciado pelo investimento em P&D, segundo
análises empíricas bem fundamentadas em modelos teóricos de crescimento endógeno
(Ha, Howitt, 2007). Estas análises mostraram que foi um desafio para a teoria
econômica perceber que um aumento no número de pesquisadores e engenheiros
envolvidos com P&D nos EUA desde o início dos anos 1950 não teve como resultado o
aumento da produtividade por trabalhador ou aumento da PTF, levando à reflexão
sobre como tornar mais explicativo o modelo de crescimento endógeno. Mostraram
também que modelos Schumpeterianos, por outro lado, foram verificados mais
consistentes ao elucidar a correlação existente entre investimentos em P&D e
crescimento da PTF, mas não por necessários aumentos relativos da força de trabalho
envolvida em P&D (ou por aumento da população).
Como identificado por Griliches (1990), os dados de patentes são relevantes para
elaborar indicadores econômicos pois, por natureza, são frutos da atividades de
inovação. Por sua vez, patentes derivam de gastos em P&D, logo, referem-se a
progresso técnico. Por definição, são resultados da atividade de pesquisa das quais os
inventores adquirem outorga sobre o uso, reprodução e comercialização do produto,
processo, sistema ou design. Além disso, elas têm suas características, peculiaridades
e distinções necessariamente publicizadas, o que torna possível o uso de tais dados.
Neste trabalho, buscaremos também apresentar algumas contribuições de autores que
discutiram maneiras de estimar a PTF, alguns deles construindo estimativas para a
produtividade dos fatores nos estados brasileiros, e a partir desses resultados testar a
relação entre o número de inventores, a UF de cada inventor por ano, no Brasil ou fora.
2. Revisão da Literatura

Buscando entender as diferenças regionais na produção de riqueza, diversos autores fizeram


estimativas para o nível da Produtividade Total dos Fatores nos estados brasileiros. O presente
trabalho tem como principal referência a dissertação de Luiz Ferreira intitulada “Estimativa da
Produtividade Total dos Fatores dos Estados Brasileiros” (2012), em que o autor constrói um
painel de dados macroeconômicos anuais dos estados brasileiros no período entre 1961 e
2008 contendo PIB, escolaridade, força de trabalho e consumo de energia elétrica não
residencial como proxy da disponibilidade de estoque de capital. Através da metodologia da
Contabilidade do Desenvolvimento, Ferreira busca analisar a diferença no comportamento
econômico dos estados brasileiros.
Antes dele, outros autores discorreram sobre a possibilidade de se estimar a PTF para os
estados brasileiros. Tavares, Ataliba e Castelar (2001) também utilizaram dados em painel para
mensurar a produtividade dos fatores e sua contribuição para o crescimento do Produto Interno
Bruto brasileiro no período entre 1986 e 1998. Através da metodologia de Mínimos Quadrados
generalizados (GLS), os autores estimaram as elasticidades do produto em relação ao capital e
ao trabalho, utilizando uma função de produção Cobb-Douglas, obtendo a PTF para os estados
e sua contribuição para o produto, além da influência do capital humano na produtividade. Seus
resultados indicaram que a região Sudeste, junto com Pernambuco, tem os maiores níveis de
produtividade, com forte elasticidade em relação ao capital humano, o que denota a
importância dos investimentos em educação para o aumento da produtividade dos fatores.
Com o objetivo de analisar se os estados brasileiros estariam convergindo em termos de
produtividade dos fatores de produção, Marinho, Barreto e Lima (2001) construíram e
analisaram um índice de Produtividade Total dos Fatores para as regiões e estados brasileiros
no período entre 1986 e 1995. Utilizaram o índice de produtividade Malmquist, onde os
componentes podem ser determinados através de uma função de produção estocástica, o que
permite decompor o índice de produtividade total em dois índices, de variação da eficiência
ténica e de variação técnológica. Os autores encontraram evidências de que, para a maioria
dos estados, os ganhos de produtividade tiveram uma influência maior da variação tecnológica
do que da variação da eficiência técnica, e a dispersão dos níveis de produtividade aumentou
entre os estados e regiões, o que denota que há uma divergência entre os níveis de
produtividade dos estados e regiões, mesmo entre aqueles estados das mesmas regiões.
Gasques, Bastos, Bacchi e Valdes (2010) buscaram informações no Censo Agropecuário de
2006 para, através do cálculo da PTF agrícola com base em dados dos Censos Agropecuários
a partir de 1970, examinar o comportamento da produtividade da agricultura brasilera no
período entre 1970 e 2006. O trabalho envolveu a construção de um indicador que considera
todos os produtos e insumos levantados pelo Censo para a produção, analisando também
mudanças ocorridas na agricultura brasileira, quais as mudanças estruturais no período e se o
país está caminhando para especialização ou diversificação.
Segundo Ellery Jr. (2015), a produtividade explica uma parcela significativa dos resultados
observados para a economia brasileira. No capítulo 2, de sua autoria, na obra “Produtividade
no Brasil: Desempenho e Determinantes”, organizada por Negri e Cavalcante, ele analisa os
diferentes métodos para medição da PTF no Brasil, chegando à conclusão que a medida
importa, e os ajustes por termos de troca, medidas alternativas de trabalho, capital humano e
utilização da capacidade instalada apresentam diferentes resultados. No entanto, essas
diferenças não são suficientes para alterar o comportamento qualitativo da PTF no Brasil entre
1970 e 2011, que consiste em crescimento na primeira metade da década de 1970, queda na
década de 1980 e uma recuperação a partir da década de 1990, mas que foi insuficiente para
recuperar as perdas da década de 1980.
No capítulo seguinte da mesma obra, Messa (2015) procurou discutir alguns dos diferentes
métodos para cálculo da Produtividade Total dos Fatores e a relação dos mesmos com a
produtividade do trabalho. Uma vez que, segundo o autor, a produtividade mede o grau de
eficiência com que são utilizados os recursos para produção de bens e serviços, diferentes
abordagens quanto ao uso do conceito de “recurso” dão origens a diferentes medidas de
produtividade, sendo a mais elementar a produtividade do trabalho.

Souza e Cunha (2017) desenvolveram seu trabalho no sentido de estudar o comportamento da


produtividade na economia brasileira e o impacto da variação da produtividade no crescimento
econômico. Analisando o período entre 2004 e 2014, observaram a medida da Produtividade
Total dos Fatores por setores e por regiões, buscando destacar quais foram os setores e
regiões que mais contribuíram para a baixa produtividade da economia brasileira no período.
As autoras realizaram também uma decomposição do crescimento econômico para analisar
qual a contribuição da variação da produtividade para a variação do crescimento econômico,
verificando que houve maior crescimento para a PTF no setor de serviços, com queda somente
na indústria e com outros setores tendo contribuição positiva. Observaram também forte
heterogeneidade entre regiões, com as que apresentaram maiores taxas de crescimento da
produtividade sendo Centro-oeste, Nordeste e Norte, já que no Sul e no Sudeste a participação
da industria, que teve desempenho ruim, é maior.
3. Metodologia

A Produtividade Total dos Fatores pode ser interpretada como o crescimento do


produto que não está diretamente relacionado com um aumento na quantidade dos
insumos, mas sim pelo ganho de produtividade no uso dos mesmos, onde é medido
a relação entre o produto total e o insumo total (GASQUES, BASTOS, BACCHI,
VALDES, 2010).

Na medida em que uma função de produção genérica assume a forma:

Y = A(K,L)
onde Y é o produto interno bruto, K é o estoque de capital, L é a força de trabalho e
A é a Produtividade Total dos Fatores (PTF), se temos dados para as variáveis Y, K
e L, é possível estimar a PTF (FERREIRA, 2012).

O principal elemento de qualquer modelo de crescimento baseado em investimento


em pesquisa e desenvolvimento é uma função de criação de conhecimento, onde o
fluxo de novos conhecimentos depende do investimento em P&D, além de outras
variáveis significativas que irão impactar no crescimento do produto, dado certo nível
de estoque de capital e trabalho (HA, HOWITT, 2007). Na medida em que, nesse
tipo de modelo, medir o nível de conhecimento é equivalente a medir o nível de
produtividade, construir uma função para explicar o comportamento da produtividade
é equivalente a fazer o mesmo para o impacto do crescimento da criação de
conhecimento sobre o produto, já que a taxa de crescimento da PTF é uma função
do investimento em P&D e outras variáveis (idem, p. 736).

Para estimar a PTF, assumimos uma função de produção Cobb-Douglas (HA,


HOWITT, 2007), com um parâmetro tecnológico “Hicks Neutral” e retornos
constantes de escala (FERREIRA, 2012), conforme a seguir:

Este método foi adotado por Hall e Jones (1999) e Caselli (2004) (apud FERREIRA,
2012), considerando α igual a 1/3, (Weil, 2009, apud FERREIRA). Com isso, é
possível calcular a PTF em nível, segundo a expressão:

Para traduzir em termos per capta:

A função de produção quando adicionamos capital humano se torna:


Aplicando para termos per capta:

Por fim, chegamos à equação para o cálculo da PTF:

Para verificar se existe a relação entre a PTF estimada e os gastos com P&D, o
número de inventores, as UFs de cada inventor por ano, no Brasil ou fora, usaremos o
método de Griffith et al. (2004) descrito por João P. Romero e Gustavo Britto (2016),
utilizando modelos de painel de dados.

4. Bibliografia
ELLERY JR, Roberto. DESAFIOS PARA O CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS
FATORES, in: NEGRI, Fernanda de; CAVALCANTE, Luiz Ricardo. Produtividade no Brasil:
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