Tiago Recchia Aprendizagens em Pedagogias Alternativas: Movimentos Sociais por Maria da Glória Gohn
O texto pretende analisar a questão da participação por 2 aspectos principais:
1 - sistematização de metodologias utilizadas nos movimentos sociais 2 - reflexão sobre os marcos teóricos e fundamentos metodológicos presentes para análise dos movimentos e associações civis, visando avançar na teoria geral sobre os movimentos sociais. Para isso a autora traz a discussão em Aprendizagens em Pedagogias Alternativas: Movimentos Sociais a necessidade de construção de algo novo, pouco discutido, além da oportunidade de sistematizar metodologias na investigação de campo, focalizando em pedagogias que passaram a construir estes movimentos e associações, pela perspectiva da Sociologia dos Movimentos Sociais. O texto nos diz que há na atualidade um imenso campo de debate epistemológico sobre a produção de conhecimento destes campos (ONGs, Terceiro Setor, Associações) e o conhecimento não acadêmico como sendo também um produtor de conhecimento. Este tipo de debate foi nutrido pelas também pelas críticas feministas, dos estudos pós-colonialistas, pela pedagogia freireana, além dos aportes da tradição ensaística latino-americana de 60 e 70, atraveś da investigação da ação participativa, colaborando para construção do conhecimento de acordo com estas realidades, interesses e experiências. Gohn nos apresenta alguns tipos de pedagogias dentro destes contextos, sendo eles: da exclusão, da inclusão, da igualdade, do oprimido, da alternância ou da palavra. Mas no texto a autora questiona: Quais as pedagogias os movimentos sociais constroem e de quais se utilizam? Que metodologias podemos utilizar na pesquisa para sistematizar as pedagogias dos movimentos sociais? Para isso, nos é apontado metodologias de mapeamento da produção em determinado campo temático e a necessidade de inovação e criatividade para operacionalizar a investigação, sendo importante saber como formular, delimitar e construir um objeto de estudo e a escolha das referências teóricas e os instrumentos metodológicos. Na continuidade do texto de Maria Gohn, ela considera necessário os diferentes campos da ciência ferramenta fundamental para orientar a existência e condução da humanidade na história, e que para a construção do processo de pesquisa é preciso saber como se deu dadas construções históricas, realizada por sujeitos coletivos. Em outro ponto do texto mais adiante, a autora cita Pateman e a Participação e teoria democrática, sugerindo que participação gera atitudes de cooperação, integração e comprometimento com decisões. Assim, a participação dos indivíduos na medida que participa, passa a constituir um processo maior ainda de socialização, onde os sujeitos criam e desenvolvem suas identidades ao grupo que o compõe, baseados nas crenças e valores compartilhados, no relacionamento pessoas e ações. O texto vem discorrendo sobre o paradigma emancipatório X formas de trabalho, buscando sair da lógica de mercado e processo econômico, contemplando ainda formas do multiculturalismo, onde para isso deve-se desenvolver políticas de inclusão para preservar sujeitos locais e suas lutas históricas, abordando ainda a crise do paradigma dominante na modernidade, juntamente e em paralelo a novos modelos de transformação societárias e inovação que trazem o reconhecimento de uma transição paradigmática, trazendo o sujeito social como uma categoria presente quem tem como papel desempenhar a estruturação sócio-política de uma nação, território ou classe. Já os atores coletivos, articulam aos sujeitos, tanto o indivíduo quanto o ator social, sendo esse sujeito sempre coletivo, e os movimentos sociais como sujeitos coletivos, segundo Touraine. Aqui, na atuação de atores, haveria sempre ideologias construídas por repertórios de valores e ideias-chave, onde atores em conjunto e em rede possuiriam mais força e se potencializam e com isso, criam espaços maiores de participação e interlocução. A autora em sua pesquisa para melhor entender a formação de atores coletivos e seus funcionamentos recorreu a área da educação, principalmente da educação popular nos anos 1970 e 1980. Várias metodologias pedagógicas tradicionais tem sofrido críticas e transformações frente ao mundo global e suas novas demandas, havendo uma necessidade da reconstrução da cultura do fazer saber (Thompson, 1982), sendo essa reconstrução da autonomia do sujeito que aprende, chamado por analistas de “reconstrutivismo”. A autora ainda defende que o próximo passo no processo de mudança pedagógicas, onde o social é gerado no compartilhamento em coletivos, no intercruzamento de culturas existentes e adquiridas, produzindo resignificação de conteúdos e produção de saberes num processo quase de auto-aprendizado ao qual a educação não-formal é um campo deste processo e que pode nos auxiliar na compreensão dos processos de aprendizagem. Essa educação é diferente a da escola institucionalizada e com currículo básico, sendo este visto como um processo mais eficaz que a escola, isso por autores da área da educação. A educação não-formal vem de encontro com as correntes pós-modernas que vão valorizar o local, a conjuntura, o imediato, o sujeito, o afetivo, a relação entre as pessoas, onde a questão não é mais unidade, mas diversidade e diferença, mudando a relação-professor, reinventando o processo de aprendizagem, com agora um fator muito mais influente no processo: a tecnologia. Maria Gohn fecha seu texto defendendo que a educação é um processo sócio-cultural histórico que ocorre de modos distintos e próprios a cada cultura.