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Informativo comentado:
Informativo 636-STJ (RESUMIDO)
Márcio André Lopes Cavalcante
DIREITO CIVIL
DANOS MORAIS
É possível a indenização por danos morais em novo processo judicial em razão de descumprimento
de ordem judicial em processo anterior, mesmo que tenha sido fixada multa cominatória
Importante!!!
É cabível o pedido de indenização por danos morais em razão de descumprimento de ordem
judicial em demanda pretérita envolvendo as mesmas partes, na qual foi fixada multa
cominatória.
A multa cominatória tem cabimento nas hipóteses de descumprimento de ordens judiciais,
sendo fixada com o objetivo de compelir a parte ao cumprimento daquela obrigação.
Por outro lado, a indenização visa a reparar o abalo moral sofrido em decorrência da
verdadeira agressão ou atentado contra a dignidade da pessoa humana. Encontra justificativa
no princípio da efetividade da tutela jurisdicional e na necessidade de se assegurar o pronto
cumprimento das decisões judiciais cominatórias.
Considerando, portanto, que os institutos em questão têm natureza jurídica e finalidades
distintas, é possível a cumulação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.689.074-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 16/10/2018 (Info 636).
DIREITO DO CONSUMIDOR
CONCEITO DE CONSUMIDOR
Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin
e instituição financeira: não se aplica o CDC
Importante!!!
Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição financeira: não se
aplica o CDC
A empresa corretora de Bitcoin que celebra contrato de conta-corrente com o banco para o
exercício de suas atividades não pode ser considerada consumidora. Não se trata de uma
relação de consumo.
A empresa desenvolve a atividade econômica de intermediação de compra e venda de
Bitcoins. Para realizar essa atividade econômica, utiliza o serviço de conta-bancária oferecido
pela instituição financeira.
Desse modo, a utilização desse serviço bancário (abertura de conta-corrente) tem o propósito
DIREITO EMPRESARIAL
CONTRATOS BANCÁRIOS
Banco que, após notificar a corretora de Bitcoin, decide encerrar contrato de conta-corrente
com a empresa não pratica ato que configure abuso de direito
Importante!!!
Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição financeira: não se
aplica o CDC
A empresa corretora de Bitcoin que celebra contrato de conta-corrente com o banco para o
exercício de suas atividades não pode ser considerada consumidora. Não se trata de uma
relação de consumo.
A empresa desenvolve a atividade econômica de intermediação de compra e venda de
Bitcoins. Para realizar essa atividade econômica, utiliza o serviço de conta-bancária oferecido
pela instituição financeira.
Desse modo, a utilização desse serviço bancário (abertura de conta-corrente) tem o propósito
de incrementar sua atividade produtiva de intermediação, não se caracterizando, portanto,
como relação jurídica de consumo, mas sim de insumo.
Em outras palavras, o serviço bancário de conta-corrente é utilizado como implemento de sua
atividade empresarial, não se destinando, pois, ao seu consumo final.
Logo, não se aplicam as normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor.
Banco que, após notificar a corretora de Bitcoin, decide encerrar contrato de conta-corrente com
a empresa não pratica ato que configure abuso de direito
O encerramento de conta-corrente usada na comercialização de criptomoedas, observada a
prévia e regular notificação, não configura prática comercial abusiva ou exercício abusivo do
direito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.696.214-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/10/2018 (Info 636).
DIREITO ECONÔMICO
ECA
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
A hipossuficiência financeira ou a vulnerabilidade famíliar não é
suficiente para afastar a multa pecuniária prevista no art. 249 do ECA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Os honorários advocatícios contratuais não se incluem nas
despesas processuais do art. 82, § 2º, do CPC/2015
O sucumbente deve arcar também com os honorários contratuais que foram pagos pela parte
RECURSOS EM GERAL
Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido
Importante!!!
É inaplicável a contagem do prazo recursal em dobro quando apenas um dos litisconsortes
com procuradores distintos sucumbe.
Nesse sentido existe, inclusive, uma súmula do STF, cujo entendimento continua válido com o
CPC/2015:
Súmula 641-STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos
litisconsortes haja sucumbido.
Ex: ação de cobrança proposta contra Pedro e Tiago. Na sentença, o juiz julga procedente
quanto a Pedro e improcedente no que tange a Tiago. Pedro, única parte sucumbente, não terá
direito a prazo em dobro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.709.562-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/10/2018 (Info 636).
AGRAVO DE INSTRUMENTO
O rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada
Importante!!!
O rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada
O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo
de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da
questão no recurso de apelação.
STJ. Corte Especial. REsp 1704520/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso
repetitivo).
Obs: a tese jurídica fixada e acima explicada somente se aplica às decisões interlocutórias proferidas
após a publicação do REsp 1704520/MT, o que ocorreu no DJe 19/12/2018.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Importante!!!
A base de cálculo sobre a qual incidem os honorários advocatícios devidos em cumprimento
de sentença é o valor da dívida (quantia fixada em sentença ou na liquidação), acrescido das
custas processuais, se houver, sem a inclusão da multa de 10% pelo descumprimento da
obrigação dentro do prazo legal (art. 523, § 1º, do CPC/2015).
A multa de 10% prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 NÃO entra no cálculo dos honorários
advocatícios.
A multa de 10% do art. 523, § 1º, do CPC/2015 não integra a base de cálculo dos honorários
advocatícios.
Os 10% dos honorários advocatícios deverão incidir apenas sobre o valor do débito principal.
Relembre o que diz o § 1º do art. 523:
Art. 523 (...) § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.757.033-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/10/2018 (Info 636).
Importante!!!
Em ação consignatória, a insuficiência do depósito realizado pelo devedor conduz ao
julgamento de improcedência do pedido, pois o pagamento parcial da dívida não extingue o
vínculo obrigacional.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.108.058-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF da
5ª Região), Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/10/2018 (recurso repetitivo) (Info 636).
ARROLAMENTO SUMÁRIO
Para que ocorra a homologação da partilha no arrolamento sumário, não se exige prova do
cumprimento das obrigações tributárias principais ou acessórias relativas ao ITCMD
Novo CPC
No arrolamento sumário não se condiciona a entrega dos formais de partilha ou da carta de
adjudicação à prévia quitação dos tributos concernentes à transmissão patrimonial aos
sucessores.
É cabível a propositura de ação de prestação de contas para apuração de eventual saldo, e sua
posterior execução, decorrente de contrato relacional firmado entre administradora de
consórcios e empresa responsável pela oferta das quotas consorciais a consumidores.
Caso concreto: a empresa 1 celebrou contrato com a empresa 2, por meio do qual a empresa 1
organizaria e administraria um consórcio e a empresa 2 ficaria responsável por oferecer e
comercializar as quotas consorciais aos consumidores. Vale ressaltar que, depois que o
consumidor firmava o contrato, ele deveria efetuar os pagamentos das prestações
diretamente para a empresa 1. A empresa 2 seria remunerada com um percentual dos
pagamentos.
Ao se analisar o ajuste celebrado, percebe-se que se trata de relação contratual que configura
típico contrato de agência, previsto no art. 710 do CC.
No contrato de agência, tanto uma parte como a outra possuem o dever de prestar contas:
O vínculo contratual colaborativo originado do contrato de agência importa na administração
recíproca de interesses das partes contratantes, viabilizando a utilização da ação da prestação
de contas e impondo a cada uma das partes o dever de prestar contas a outra.
Vale ressaltar, por fim, que, mesmo que a empresa 1 já tenha, extrajudicialmente, prestado
contas para a empresa 2, ainda assim persiste o interesse de agir de propor a ação. Isso porque
a apresentação extrajudicial e voluntária das contas não prejudica o interesse processual da
promotora de vendas, na hipótese de não serem elas recebidas como boas, ou seja, caso ela
não tenha concordado com os valores demonstrados.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.676.623-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/10/2018 (Info 636).
DIREITO PENAL
O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui
natureza jurídica de crime.
O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei nº 11.343/2006,
mas não descriminalizado.
Obs: despenalizar é a medida que tem por objetivo afastar a pena como tradicionalmente
conhecemos, em especial a privativa de liberdade. Descriminalizar significa deixar de
considerar uma conduta como crime.
Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº
11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência.
Argumento principal: se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não
configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de
reincidência, considerando que este delito é punido apenas com “advertência”, “prestação de
serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou seja, sanções menos graves e nas quais não há
qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento.
Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo
fortemente questionada.
STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/10/2018.
STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018 (Info 632).
Importante!!!
Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de
crime de ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance, quando
iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil.
STJ. 3ª Seção. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 636).
DIREITO TRIBUTÁRIO
IPI
Cessionário de crédito-prêmio de IPI não pode suceder o cedente em execução contra a União