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WBA0189_V1.

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Legislação e Políticas Públicas de
Inclusão e Multiculturalidade
Legislação e Políticas Públicas de Inclusão e Multiculturalidade
Autora: Gleidis Roberta Guerra
Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Legislação e Políticas Públicas de Inclusão
e Multiculturalidade. Valinhos, 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no
05
Processo de Formação do Cidadão
Assista a suas aulas 19
Unidade 2: Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva 26
Assista a suas aulas 47
Unidade 3: Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões
54
de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos
Assista a suas aulas 72
Unidade 4: Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e
79
Inclusivo
Assista a suas aulas 98
2/205
Legislação e Políticas Públicas de Inclusão e Multiculturalidade
Autora: Gleidis Roberta Guerra
Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Legislação e Políticas Públicas de Inclusão
e Multiculturalidade. Valinhos, 2016.

Sumário
Unidade 5: Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual 105
Assista a suas aulas 126
Unidade 6: Deficiência Física e Múltiplas 134
Assista a suas aulas 148
Unidade 7: Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira 155
Assista a suas aulas 177
Unidade 8: Altas Habilidades e Superdotação 184
Assista a suas aulas 198

3
3/205
Apresentação da Disciplina
Esta disciplina se propõe a discutir os
conceitos de educação multicultural,
intercultural e inclusiva e sua influência
no processo de formação do cidadão. Para
isto, discutiremos aspectos relacionados
aos fundamentos e políticas da educação
inclusiva, o multiculturalismo e a
participação da família e da comunidade
nas discussões da escola e ainda
conheceremos um pouco sobre as diversas
deficiências.

4/205
Unidade 1
Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão

Objetivos

O objetivo desta aula é compreendermos


alguns conceitos importantes de educação
multicultural, intercultural e inclusiva, para
assim repensarmos nossa prática.
1. Compreender conceitos de educação
multicultural e intercultural;
2. Compreender o conceito de educação
inclusiva;
3. Conhecer a influência destes
conceitos para a formação do
cidadão.
5/205
Introdução

Olá, aluno! sem distinção ou qualquer tipo de


Nesta aula, irei apresentá-lo a alguns discriminação, em um sistema educacional
conceitos importantes para a compreensão único.
da disciplina, os quais tratam de A partir deste documento, o Brasil cria
multiculturalismo e de inclusão. diversas leis que garantem o acesso e a
O processo de inclusão vem sendo permanência de alunos com deficiência
arduamente debatido desde a década de nas salas de aulas regulares.
90, e teve na Declaração de Salamanca, em Mas, a Declaração de Salamanca não trata
1994, o seu grande ponto de partida. só de pessoas com deficiência, embora
A Declaração de Salamanca é um sua maior divulgação esteja relacionada a
documento que foi produzido após uma isso. Vejamos o trecho a seguir, retirado do
Conferência Mundial, ocorrida na cidade de documento, para entendermos melhor do
Salamanca, na Espanha, da qual o Brasil é que ele trata:
signatário.
Tal documento prevê que os países
signatários assumem compromissos
para que a educação ocorra para todos,
6/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam
acomodar todas as crianças independentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas
deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e
que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade,
crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e
crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais
condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas
escolares. (UNESCO, 1994, p.3)

Para saber mais


Acesse a Declaração de Salamanca na íntegra. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 28 maio 2016.

7/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
Vamos voltar um pouco na história para Com a criação das diversas escolas
entendermos todo o processo da educação especializadas, as pessoas com deficiência,
especial até chegarmos à educação que antes não tinham direito a nenhum
inclusiva, a qual se propõe hoje. tipo de instrução formal, passam a ser
No Brasil, o atendimento às pessoas com atendidas de maneira segregada, ou seja,
deficiência vem da época do Império, e tem uma educação à parte, separada das
início com a criação de duas instituições: crianças sem deficiência.
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos A este período denominamos Segregação,
(1854), atual Instituto Benjamin Constant que é marcado pelo nascimento de uma
(IBC) e o Imperial Instituto dos Surdos nova pedagogia: A Educação Especial.
Mudos (1857), atual Instituto Nacional da Com o passar do tempo, por volta da
Educação dos Surdos (INES), ambos no Rio década de 1960, educadores passam a
de Janeiro. discutir que esta educação segregada
No século XX é fundado o Instituto não era capaz de inserir as pessoas com
Pestalozzi (1926) e em 1954 é fundada a deficiência na sociedade, e propõem um
primeira Associação de Pais e Amigos dos novo modelo de educação, que passa a ser
Excepcionais (APAE). denominado Integração Escolar.

8/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
No período de integração escolar, entende- Só após esse período, com muitas
se que as pessoas com deficiência devem discussões e luta política, a ideia da
conviver com as outras, mas ainda devem inclusão passou a ocorrer, tendo como
ser mantidas em ambientes protegidos. marco inicial a Declaração de Salamanca, e
Com base nessas ideias, são criadas as acreditando, finalmente, que é a escola que
classes especiais, dentro das escolas deve se adaptar à criança, modificando-se
comuns, e inaugura-se um sistema para recebê-la.
educacional em três níveis: Escola Especial
– Classe Especial – Classe Comum. As discussões em torno do
multiculturalismo, como questões de
O projeto era que conforme o aluno
gênero e etnias na escola, começam na
melhorasse sua performance, ele pudesse
década de 1970 como projeto pedagógico
passar da Escola Especial para a classe
e as discussões em torno de uma escola
especial e, posteriormente, para a sala
pública que seja capaz de lidar com a
comum. Porém, a passagem para a classe
comum geralmente não acontecia, visto diversidade cultural estão postas.
que a escola não se propunha a fazer A ideia de que a diferença cultural
nenhuma modificação para atender às pode enriquecer e não enfraquecer o
necessidades da criança, a qual devia convívio social na escola, na sociedade
adaptar-se ao sistema imposto . e no mercado de trabalho começa a ser
9/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
difundida e alguns países, como o Brasil, pelo contexto, mas uma maneira de atuar e
começam a rever e ampliar seus currículos intervir na dinâmica social. (FORQUIN, 2000)
escolares, incorporando alguns saberes Candau (2008) propõe outra concepção:
antes deixados de fora. Educação para um multiculturalismo interativo e aberto,
a diversidade tem sido o termo que que privilegia a interculturalidade, a qual
caracteriza esta fase mais plural da nossa seria a mais adequada para uma sociedade
educação. que se pretende democrática e inclusiva,
que proponha políticas de igualdade e
1. Multicultural ou Intercultural? identidade. Neste sentido, a educação
deve ter como objetivo o reconhecimento
Para entendermos os conceitos de
do “outro”.
multiculturalismo e interculturalidade,
precisamos olhá-los de dois ângulos Nos últimos anos, algumas mudanças no
diferentes. Na primeira perspectiva, meio acadêmico aconteceram de forma
descritiva, o multiculturalismo seria uma a evidenciar a necessidade de propor
característica das sociedades atuais. uma educação que não apenas aceite
Em outra perspectiva, prescritiva, o e respeite, mas que valorize e discuta a
multiculturalismo não é apenas algo dado diversidade em sala de aula. Dentre essas
mudanças, podemos citar a aprovação
10/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
e implementação da lei 10.639/2003, 2. Formação do Cidadão:
que estabelece as diretrizes e bases Função da Escola?
da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a Pensando na escola como espaço
obrigatoriedade da temática “História e de formação para a cidadania, e nos
Cultura Afro-Brasileira”. remetendo às questões da educação
O estabelecimento de novas metas, mais inclusiva e multicultural, nos perguntamos
inclusivas para o acesso às Universidades, em que sentido a escola influencia
também fez com que houvesse o aumento na formação de pessoas que irão,
de alunos negros e índios em carreiras, futuramente, determinar o andamento
antes altamente seletivas. da sociedade em prol da aceitação de
todas as pessoas, independente de suas
É claro que a diversidade posta nas escolas características.
brasileiras leva a novos desafios, que
podem acarretar em uma necessidade Partindo do princípio que a escola institui
urgente de modificação dos currículos, a cidadania, visto que ela é o lugar
tornando-os mais multiculturais, abertos à que as crianças deixam de fazer parte
realidade de todos os brasileiros. exclusivamente da família e passa a
pertencer a uma comunidade mais ampla
11/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
(CANIVEZ, 1991), é neste espaço que a intuito de verificar como elas pensam e
convivência com a diversidade ensina lidam com a diversidade, neste caso, em
normas e regras, sem as quais não se forma de brinquedo.
sobrevive na sociedade. O principal objetivo era que as crianças,
Devemos lembrar que as funções políticas entre 7 e 8 anos de idade, falassem sobre
e sociais da escola são atravessadas as suas impressões, e os resultados
por interesses da classe dominante, apontaram um estranhamento inicial em
e que as questões da inclusão e do relação às características que fugiam do
multiculturalismo não apenas na escola, padrão esperado pela sociedade: branco,
mas na sociedade, muitas vezes entram em loiro, olhos azuis, magro.
choque com o desejo de classes sociais. Apontaram ainda a presença de discursos
Uma pesquisa realizada por Cruz (2012) discriminatórios de raça, religião, gênero e
reuniu bonecos com características etnia, demonstrando como as crianças são
diferentes das que as nossas crianças imersas em preconceitos culturais.
costumam ter para brincar: cadeirantes, As conclusões, porém, demonstram
negros, idosos, grávidas, com Síndrome claramente que as crianças foram se
de Down, entre outros. Eles foram modificando a partir dos encontros e
apresentados para as crianças com o
12/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
das brincadeiras, que podem subverter a
ordem e escapar dos condicionamentos,
ressignificando não apenas o seu brincar,
mas a sua constituição enquanto sujeito.
Assim, fica claro como a diversidade trazida
para a sala de aula, envolta por discussões
Para saber mais
e debates em relação à temática, auxilia Conheça toda a pesquisa realizada por Cruz
na formação de sujeitos mais generosos e (2012) em: Brincando com cadeirantes,
menos preconceituosos. idosos, negros e princesas: a diversidade por
meio de brinquedos infantis. CRUZ, Michelle
Brugnera. Disponível em: <http://www.
cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/
cp/article/viewFile/376/176>. Acesso em: 28
maio 2016.

13/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
Glossário
Inclusão: Princípio pelo qual todas as pessoas têm as mesmas oportunidades, sendo
respeitadas as suas diferenças.
Multiculturalismo: Existência de uma pluralidade cultural, que convive de maneira harmônica.
Interculturalidade: Interação entre duas ou mais culturas, favorecendo seu convívio e o
enriquecimento mútuo.

14/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
?
Questão
para
reflexão

Refletindo sobre as questões colocadas em relação à


inclusão e o multiculturalismo, cabe a nós, educadores
e gestores, pensarmos na escola como um espaço para
todas as pessoas, independente de suas características.
Sendo assim, eu pergunto: Quem é que cabe no seu
TODOS? (Werneck, 1999)

15/205
Considerações Finais (1/2)

• Os debates a respeito de uma educação para todas as pessoas ocorrem


principalmente na década de 90 e têm seu grande marco na Declaração de
Salamanca (1994), que propõe que todos os alunos, independente de suas
características, devem estudar em um único Sistema Educacional.
• Na História da educação, passamos por períodos de exclusão, em que as
pessoas com deficiência não tinham nenhum direito, de segregação, em
que escolas separadas eram propostas para crianças com e sem deficiência,
de integração, em que se propunha um ambiente protegido dentro da
escola comum para finalmente chegarmos à inclusão, em que todas as
crianças têm o direito de aprender juntas.
• As questões de multiculturalismo e interculturalidade começam a ser
discutidas na década de 70, mas ganham força a partir dos anos 2000,
com leis que tratam da alteração curricular das escolas e propostas mais
inclusivas em todos os níveis de escolaridade.

16/205
Considerações Finais (2/2)
• Discutir a diversidade em sala de aula pode fazer com que nossas crianças
se tornem cidadãos mais generosos e menos preconceituosos, afinal, é
função da escola a construção da cidadania.

17/205
Referências

CANDAU, Vera Maria. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre


igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, nº37, Janeiro/Abril,
2008. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd. ISSN: 1413-
2478. Editora Autores Associados.
CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão?. Campinas: Papirus, 1991.
FORQUIN, Jean-Claude. O currículo: entre o relativismo e o universalismo. Revista Educação e
Sociedade, Campinas, v. 21, n. 73, p.47-70, dez. 2000.
SANSONE, Livio. Apresentação: que multiculturalismo se quer para o Brasil?. Cienc. Cult., 
São Paulo,  v. 59,  n. 2, junho  2007. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:  28 
maio  2016.
UNESCO. Declaração de Salamanca. 1994. 48 p.

18/205 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de
Formação do Cidadão
Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Conceitos de Educação Multicul- Aula 1 - Tema: Conceitos de Educação


tural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua
no Processo de Formação do Cidadão - Bloco I Influência no Processo de Formação do Cidadão
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ - Bloco II
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
1d/642b278677419a8d2905a91e32adc164>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/200a94c968df5efabc3d18bd72dae4c4>.

19/205
Questão 1
1. O grande marco da Educação Inclusiva é a publicação de um documento
denominado Declaração de Salamanca (1994), que traz, dentre os seus
princípios, a prerrogativa de que:

a) As crianças, dependendo da característica que possuem, devem estudar separadas.


b) As crianças que estudam nas classes comuns devem se adaptar ao sistema, sem
modificá-lo.
c) Todas as crianças, independente de suas características, devem aprender juntas.
d) A escola deve ser em três níveis, sendo escola especial, classe especial e classe comum.
e) As crianças com deficiência não têm capacidade para estudar junto às crianças sem
deficiência.

20/205
Questão 2
2. Dentro da perspectiva da Educação Especial, as crianças, durante
o período de integração, poderiam ir para as classes especiais. Isso
ocorria, porque:

a) Tinham direito ao mesmo sistema de ensino.


b) Precisavam ficar em ambientes protegidos.
c) Tinham as mesmas capacidades intelectuais.
d) Eram segregadas em escolas especiais.
e) Não tinham direito à educação.

21/205
Questão 3
3. As questões do multiculturalismo começam a ser discutidas na década
de 70, mas ganham força após os anos 2000. A lei 10639/2003 foi uma
das propulsoras deste debate, e garante:

a) Matrícula para as crianças afrodescendentes brasileiras.


b) Inclusão de professores afrodescendentes nas escolas.
c) Inclusão no currículo da história e cultura afro-brasileira.
d) Criação de cotas para negros nas escolas públicas.
e) Criação de cotas para negros nas Universidades.

22/205
Questão 4
4. Estudos demonstram que debater a diversidade em sala de aula pode
ser benéfico para a formação das crianças. Isso ocorre, pois:

a) Elas não têm preconceitos estabelecidos culturalmente.


b) Elas não compreendem o que é preconceito e diferença.
c) A escola não tem como função a formação para a cidadania.
d) Elas podem ressignificar e rever preconceitos culturais.
e) As crianças são passivas e aceitam tudo o que lhes é trazido.

23/205
Questão 5
5. O multiculturalismo pode ser entendido como:

a) Várias culturas que convivem em harmonia.


b) Várias culturas sendo uma superior a outra.
c) Uma única cultura dominante a ser ensinada.
d) Interação entre as culturas diferentes.
e) Sinônimo de inteculturalidade.

24/205
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: D.

A Declaração de Salamanca propõe que A partir de debates sobre a diversidade, a


todas as crianças, independente de suas criança pode ressignificar seus conceitos e
características, estudem em um único tornar-se um cidadão melhor.
sistema de ensino.
5. Resposta: A.
2. Resposta: B.
Multiculturalismo refere-se a diferentes
No período de integração, acreditava-se culturas que podem conviver em harmonia.
que as crianças com deficiência deviam
ser inseridas na sociedade, porém em
ambiente protegido.

3. Resposta: C.

A Lei 10639/2003 propõe que a disciplina


História e Cultura Afro-brasileira seja
inserida nos currículos.
25/205
Unidade 2
Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva

Objetivos

Compreender as políticas públicas e os


fundamentos da educação inclusiva.
1. Conhecer a legislação pertinente;
2. Compreender os princípios da
Declaração de Salamanca;
3. Conhecer os fundamentos da prática
inclusiva na escola.

26/205
Introdução

Olá, aluno, e 25 organizações internacionais, que


Este novo tema tratará de questões reafirmaram o compromisso Educação
importantes em relação à educação Para Todos e reconheceram a necessidade
inclusiva, como seus fundamentos e de uma educação que atenda a crianças,
princípios. Partiremos da Declaração de jovens e adultos com deficiências dentro do
Salamanca, que é considerada o marco sistema regular de ensino (UNESCO, 1994).
inicial da Educação Inclusiva em todo o Dentre os seus princípios e fundamentos,
mundo. a Declaração de Salamanca defende que
Vamos, então, entender como foi feita a todas as crianças têm direito à educação,
construção desse documento e as suas com oportunidades para alcançar o nível de
implicações para a educação mundial. aprendizagem adequado, e que os sistemas
educacionais devem levar em conta a
A Conferência Mundial de Educação, que diversidade e as características individuais.
deu origem ao documento intitulado
Declaração de Salamanca, aconteceu Além disso, a Pedagogia deve ser centrada
do dia 7 ao dia 10 de junho de 1994, na criança, atender às suas necessidades,
na cidade de Salamanca, Espanha. combater as atitudes discriminatórias e
Participaram representantes de 88 governos prover um sistema educacional eficaz.

27/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Para que essas mudanças no sistema educacional ocorram, também a Declaração de
Salamanca congrega e demanda algumas atitudes dos governos, no sentido de atribuir
prioridade política e financeira para que a escola se torne apta a incluir todas as crianças,
independente de suas diferenças ou dificuldades.
Vejamos, a seguir, alguns trechos determinantes da Declaração de Salamanca:

Acreditamos e Proclamamos que:

Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a


oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;

Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades


de aprendizagem que são únicas;

Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas


educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em
conta a vasta diversidade de tais características e necessidades;

28/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso
à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia
centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;

Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os


meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-
se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e,
em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
(UNESCO, 1994 p.1)

Como já dito anteriormente, a Declaração de Salamanca, enquanto documento, não tem peso
de lei. Assim, os países signatários precisam, para responder ao compromisso feito, criar leis
que favoreçam a inclusão. Logo:

29/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles:

Atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento


de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a
incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou
dificuldades individuais.

Adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política,


matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que
existam fortes razões para agir de outra forma.

Desenvolvam projetos de demonstração e encorajem intercâmbios em


países que possuam experiências de escolarização inclusiva.

Estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados para


planejamento, revisão e avaliação de provisão educacional para crianças
e adultos com necessidades educacionais especiais.

30/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades e
organizações de pessoas portadoras de deficiências nos processos de
planejamento e tomada de decisão concernentes à provisão de serviços
para necessidades educacionais especiais.

Invistam maiores esforços em estratégias de identificação e intervenção


precoces, bem como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva.

Garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, programas de


treinamento de professores, tanto em serviço como durante a formação,
incluam a provisão de educação especial dentro das escolas inclusivas.
(UNESCO, 1994, p. 2)

Para saber mais


Para acessar a Declaração de Salamanca na íntegra, acesse o link disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2016.

31/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


1. Legislação Brasileira vêm sendo criadas dentro das escolas
comuns.
De acordo com o compromisso assumido
Em 1973, o Ministério da Educação e
pelo Brasil na Declaração de Salamanca,
Cultura (MEC) cria o Centro Nacional de
várias leis foram criadas no nosso país com
Educação Especial (CENESP), que passa a
o intuito de viabilizar a educação inclusiva.
ser responsável pela gerência da Educação
É determinado também, por parte do
Especial no Brasil.
Governo Federal, o aporte financeiro
necessário para que as escolas se tornem Nessa época, ainda há a visão de uma
inclusivas. política especial para tratar dos alunos com
deficiência.
Vamos observar, a seguir, nossas principais
leis e, para isso, voltaremos um pouco no Um grande avanço vem com a Constituição
tempo: Federal de 1988, que determina, em seu
artigo 206, a igualdade de condições de
Em 1961, na Lei de Diretrizes e Bases, é
acesso e permanência na escola, além
apontado o direito dos excepcionais à
da oferta do atendimento educacional
educação, preferencialmente no sistema
especializado (artigo 208).
regular de ensino. Estamos vivendo a época
da integração escolar, e classes especiais
32/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei 8069/90, em seu artigo 55, determina que é
responsabilidade dos pais ou responsáveis matricular seus filhos na rede regular de ensino.
Com a nova LDB, lei 9394/96, em seu artigo 59:

Preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos


currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender
às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que
não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos
superdotados para conclusão do programa escolar (BRASIL, 1996)
Em 1999, o decreto 3298 que regulamenta a lei 7853/89 define a educação especial como uma
modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando sua atuação
complementar ao ensino regular.
Seguindo nossa linha do tempo, em 2001, o decreto 3956 ratifica a Convenção de Guatemala
(1999), Convenção Interamericana para a eliminação de toda forma de discriminação contra a
pessoa com deficiência.
33/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
Ainda em 2001, o Plano Nacional de Educação (PNE) destaca que “o grande avanço que a década da
educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento
à diversidade humana” (BRASIL, 2001). Em 2002, após uma grande luta da comunidade surda
e através da Lei 10436/2002, conhecida como Lei de LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais é
finalmente reconhecida como língua nacional, e também garantido seu ensino como disciplina
obrigatória em todos os cursos de licenciatura e de fonoaudiologia. (BRASIL, 2002)
Como podemos ver, muitas coisas em termos de legislação foram acontecendo em nosso país
para assegurar que as pessoas com deficiência tivessem seus direitos garantidos, não só à
educação, mas também à uma sociedade inclusiva. Mas, ainda não acabou...
Em 2003, é implantado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva:

Direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas


de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um
amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios
brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização,
à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia da
acessibilidade. (BRASIL, 2003)
34/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
Em 2006, há outra reunião internacional, em um tópico especial, devido à sua
a Convenção sobre o Direito das Pessoas importância para a atuação da escola.
com Deficiência (ONU, 2006), e o Brasil, Finalizando este tópico, em 2015
como signatário, novamente assume tivemos a publicação do Estatuto da
compromissos com a Educação Inclusiva. Pessoa com Deficiência, promulgado a
Essa convenção estabelece que os países partir da lei 13146/2015. Esse Estatuto,
devam assegurar um sistema de educação também conhecido como Lei Brasileira
inclusiva em todos os níveis de ensino, da Inclusão das Pessoas com Deficiência,
adotando medidas para garantir acesso ao é um documento que reúne a legislação
“ensino inclusivo, de qualidade e gratuito, já existente em relação a essas pessoas,
em igualdade de condições com as demais facilitando, assim, o acesso de todos que
pessoas na comunidade em que vivem” precisam (ou desejam) conhecer direitos e
(Art.24). deveres.
Chegamos, então, a 2008, quando temos
a publicação da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva, que veremos a seguir,

35/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


2. Política Nacional de Educa-
ção Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva
Para saber mais A Política Nacional de Educação Especial
Assista ao vídeo sobre Educação inclusiva
na Perspectiva da Educação Inclusiva é
com a promotora de justiça do Rio Grande
um documento elaborado por um Grupo
do Norte Rebecca Monte Nunes Bezerra.
de Trabalho nomeado pela portaria nº
Disponível em: <https://www.youtube.com/
555/2007, prorrogado pela portaria nº
watch?v=aIC7HgmaZrw>. Acesso em: 04 jun.
948/2007, e formado por uma equipe
2016. Acesse, também, o Estatuto da pessoa
da Secretaria de Educação Especial e por
com deficiência na íntegra. Disponível em:
professores de Universidades que atuavam
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
nessa área.
Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 04 jun. 2016. O objetivo de tal documento foi o de
constituir políticas públicas promotoras de
uma educação de qualidade para todos os
alunos, e hoje é o que valida a atuação das
escolas no nosso país, além disso, objetiva:
36/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
O acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover
respostas às necessidades educacionais. (BRASIL, 2008)
Além disso, essa política determina algumas garantias, tais como: a transversalidade da
Educação Especial, que deixa de ser um lugar e passa a ser um serviço; o Atendimento
Educacional Especializado (AEE), que é garantido no contraturno da escola em sala de
recurso multifuncional ou no ensino colaborativo; formação de professores para a educação
inclusiva; participação da família e da comunidade; acessibilidade física, de comunicação e de
informação e articulação intersetorial.
Outros aspectos de destaque estão relacionados à articulação da educação especial com
o ensino regular, serviços que devem estar integrados à proposta pedagógica da escola e à
orientação para a organização de redes de apoio, a formação continuada, a identificação de
recursos e serviços, e o desenvolvimento de práticas colaborativas.
Falaremos agora um pouco sobre um dos pontos principais dessa política: o Atendimento
Educacional Especializado (AEE).
37/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
O AEE tem como função “identificar, participação plena e efetiva na escola e
elaborar e organizar recursos pedagógicos na sociedade. Os alunos com Transtorno
e de acessibilidade que eliminem as Global do Desenvolvimento (TGD) são
barreiras para a plena participação dos aqueles que apresentam alterações
alunos, considerando suas necessidades qualitativas das interações recíprocas
específicas”. (BRASIL, 2008). Visto que e na comunicação, incluindo, neste
esse serviço é destinado a alunos com grupo, alunos com autismo, síndromes
deficiência, transtornos globais do do espectro autista e psicose infantil.
desenvolvimento e a alunos com altas (BRASIL, 2008).
habilidades/superdotação, veremos abaixo Já os alunos com altas habilidades/
as definições conforme a Política Nacional superdotação são aqueles que demonstram
de Educação Especial na perspectiva da potencial elevado em áreas isoladas
Educação Inclusiva. ou combinadas, além de apresentar
Entende-se por alunos com deficiência grande criatividade, envolvimento na
aqueles que têm impedimentos de longo aprendizagem e realização de tarefas em
prazo, de natureza física, mental ou áreas de seu interesse (BRASIL, 2008).
sensorial que, em interação com diversas Como vimos acima, o AEE pode ser
barreiras, podem ter restringida sua oferecido de duas maneiras: em sala
38/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
de recurso multifuncional e em ensino responsabilidade de planejar, instruir
colaborativo. Vamos entender como essas e avaliar um grupo heterogêneo de
formas de atendimento podem ocorrer. estudantes com objetivo de criar opções
A sala de recursos multifuncionais é para aprender e prover apoio a todos os
ofertada no turno oposto ao do ensino alunos na sala de aula da turma comum,
regular e constitui-se de um espaço combinando as habilidades do professor
dentro da própria escola, dotado de comum e do professor especialista
equipamentos, recursos de acessibilidade (MENDES, 2005).
e materiais pedagógicos que auxiliam na Para que esse trabalho ocorra, é
promoção da escolarização, eliminando fundamental que se estabeleça uma
barreiras que impedem a plena parceria entre os educadores, que
participação dos estudantes público-alvo se transformará em uma importante
da educação especial no ensino regular. estratégia para o planejamento, avaliação
(BRASIL, 2008) e organização de recursos de ensino para
O trabalho colaborativo, por sua vez, é um os alunos com deficiência.
modelo de prestação de serviço através
do qual um educador da sala comum e
um educador especializado dividem a
39/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva
desenvolve as bases para o conhecimento
Para saber mais e desenvolvimento do aluno.
Para conhecer, na prática, o ensino colaborativo, No caso dos alunos surdos, a proposta é
leia o projeto SOS Inclusão, que desenvolveu e de uma educação não apenas inclusiva,
analisou os resultados deste trabalho, que foi mas bilíngue, sendo para esses alunos a
realizado em uma rede municipal de ensino. língua portuguesa ensinada como segunda
língua. Ter, ainda, o direito ao profissional
Disponível em: <http://www.
intérprete de LIBRAS e instrutor de LIBRAS,
scielo.br/scielo.php?script=sci_
assim, todos os alunos poderão aprender
arttext&pid=S0104-40602011000300006>.
essa língua.
Acesso em: 04 jun. 2016.
Ainda é garantido para os alunos, sempre
que necessário, o guia-intérprete, monitor
Dentre as diretrizes da Política Nacional ou cuidador aos alunos que necessitam
de Educação Especial na Perspectiva da de auxílio para os momentos de higiene,
Educação Inclusiva, podemos ainda citar alimentação, locomoção, entre outros que
que a inclusão deve ter início na Educação interferem na realização das atividades do
Infantil, por ser nesse espaço escolar que se cotidiano escolar.

40/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Para saber mais
Acesse o portal do MEC e conheça a proposta
de AEE para cada tipo de deficiência. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/publicacoes-
sp-1590367771?id=12814>. Acesso em: 04
jun. 2016.

Conheça, também, a Política na íntegra.


Disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=16690-
politica-nacional-de-educacao-especial-
na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-
05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 04
jun. 2016.

41/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Glossário
Convenção: Acordo a partir de entendimentos prévios sobre determinada atividade, assunto,
entre outros.
Estatuto: Conjunto de leis que regulam a organização e o funcionamento da coletividade.
Signatário: País que assina um documento internacional e assume o compromisso de realizar o
que nele está proposto.

42/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


?
Questão
para
reflexão

Imaginando-se gestor de uma escola que se propõe


inclusiva e tem alunos com deficiência em seu corpo
discente, reflita sobre a implementação de um projeto
de ensino colaborativo que favoreça o aprendizado de
todos.

43/205
Considerações Finais (1/2)

• A Declaração de Salamanca defende que todas as crianças têm


direito à educação, com direito de oportunidades para alcançar o
nível de aprendizagem adequado, e que os sistemas educacionais
devem levar em conta a diversidade e as características individuais.
• De acordo com o compromisso assumido pelo Brasil na Declaração
de Salamanca, várias leis foram criadas no nosso país com o
intuito de viabilizar a educação inclusiva. Muitas coisas em termos
de legislação foram acontecendo em nosso país, no sentido
de assegurar que as pessoas com deficiência tivessem direitos
garantidos, não só à educação, mas também, à uma sociedade
inclusiva.
• Em 2015, tivemos a publicação do Estatuto da Pessoa com
Deficiência, promulgado a partir da lei 13146/2015. Este Estatuto,
também conhecido como Lei Brasileira da Inclusão das Pessoas com

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Considerações Finais (2/2)
Deficiência, é um documento que reúne a legislação já existente em
relação a essas pessoas, facilitando, assim, o acesso de todos que
precisam (ou desejam) conhecer direitos e deveres.
• A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da
Educação Inclusiva, determina algumas garantias, tais como: a
transversalidade da Educação Especial, que deixa de ser um lugar,
e passa a ser um serviço; o Atendimento Educacional Especializado
(AEE), que é garantido no contraturno da escola em sala de recurso
multifuncional ou no ensino colaborativo; formação de professores
para a educação inclusiva; participação da família e da comunidade;
acessibilidade física, de comunicação e de informação e articulação
intersetorial.

45/205
Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988.


BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9394/1996. Brasília, DF, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2001.
BRASIL. Lei de LIBRAS. Lei nº 10436/2001. Brasília, DF, 2002.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília, DF, 2008.
BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei nº 13.146/2005. Brasília, DF, 2015.
MENDES, E. G. Colaboração entre ensino regular especial: o caminho do desenvolvimento pessoal
para a inclusão escolar. In: MANZINI (org.). Inclusão e acessibilidade. Marília: ABPEE, 2006.
ONU. Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência. 2006.
UNESCO. Declaração de Salamanca. 1994. 48 p.

46/205 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Políticas e Fundamentos da Aula 2 - Tema: Políticas e Fundamentos da


Educação Inclusiva - Bloco I Educação Inclusiva - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ff8de26c119886fded551b504b917f54>.
70873d2ebc3cdbf20b81af00f8ece08e>.

47/205
Questão 1
1. A Declaração de Salamanca é um documento importante quando
falamos de Educação Inclusiva. Dentre seus fundamentos, estabelece que:

a) Os países signatários não têm compromissos financeiros para com a educação inclusiva
nacional.
b) Os países signatários comprometem-se a priorizar recursos financeiros para promoção da
inclusão.
c) Os países signatários são livres para realizar ou não o processo de inclusão no seu país de
origem.
d) A Declaração de Salamanca, realizada na Espanha, refere-se apenas aos compromissos
deste país.
e) Por ter sido realizada na Espanha, apenas os países europeus se comprometem com este
documento.

48/205
Questão 2
2. Ao olharmos historicamente para o processo de promulgação de leis no
nosso país, percebemos o quanto progredimos em relação aos direitos das
pessoas com deficiência. Nessa perspectiva, a lei instituída que reúne estes
direitos é:

a) Lei de Diretrizes e Bases (1996).


b) Constituição Federal (1988).
c) Estatuo da Pessoa com Deficiência (2015).
d) Declaração de Salamanca (1994).
e) Lei de LIBRAS (2002).

49/205
Questão 3
3. A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008), trata sobre o Atendimento Educacional Especializado, que
pode ocorrer:

a) Em salas multifuncionais no mesmo horário da escola.


b) Em salas de recursos em substituição à escolarização.
c) Em ensino colaborativo que substitui a escolarização.
d) Em salas de multifuncionais no contraturno da escola.
e) Não devem ocorrer na escola, mas, sim, na família.

50/205
Questão 4
4. Em relação ao atendimento das necessidades dos alunos com
deficiência, a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008), determina:

a) É dever da família manter o cuidador ou outro auxiliar que a criança necessite na escola.
b) No caso de necessidade de auxílio, a mãe deve ficar na escola para alimentação e higiene.
c) É responsabilidade do professor realizar a troca de roupa e auxiliar na alimentação da
criança.
d) A criança que não tem independência na higiene e na alimentação não deve frequentar a
escola.
e) É dever da escola manter os profissionais que atendam às necessidade de auxílio da
criança.

51/205
Questão 5
5. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva
da Educação Inclusiva (2008), o ensino colaborativo ocorre a partir de:

a) Parceria entre professor da sala comum e professor especialista.


b) Parceria entre professor da sala comum e coordenação da escola.
c) Atribuição da sala regular com aluno com deficiência para professor especialista.
d) Parceria entre professor da sala comum e família da criança com deficiência.
e) Colaboração dos alunos sem deficiência com o colega com deficiência na sala.

52/205
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: E.

Os países signatários da Declaração de É dever da escola ter os profissionais


Salamanca assumem o compromisso de necessários para auxiliar os alunos que
priorizar recursos financeiros para que a necessitam de ajuda na alimentação,
educação inclusiva aconteça. higiene, locomoção, entre outros.

2. Resposta: C. 5. Resposta: A.

A legislação que reúne os direitos das O ensino colaborativo pressupõe a parceria


pessoas com deficiência é o Estatuto da entre o professor da sala comum e o
Pessoa com Deficiência. professor especialista.

3. Resposta: D.

O AEE prevê salas multifuncionais no


contraturno da escola.

53/205
Unidade 3
Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero,
Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos

Objetivos

Olá, aluno. Nesta aula, trataremos de um assunto muito


importante para os gestores das escolas, falaremos sobre
multiculturalismo e, ainda, sobre a importância da participação
da família e da comunidade nas discussões que envolvem os
temas raça, gênero, etnia e desenvolvimento dos sujeitos.
1. Compreender o conceito de multiculturalismo;
2. Discutir a importância da família e da comunidade
estarem juntas à escola;
3. Conceituar a gestão democrática, que prevê a
participação de todos nas tomadas de decisões.

54/205
Introdução

Vamos começar a nossa conversa acreditávamos que a cultura dominante


tratando de alguns conceitos importantes, deveria ser imposta às crianças, devendo,
como o de multiculturalismo e de assim, “enquadrá-las” sob um mesmo
interculturalidade. Afinal, será que padrão cultural.
significam a mesma coisa? Segundo Souta (1997), na perspectiva do
Como já vimos, o conceito de multiculturalismo, as diferentes culturas
multiculturalismo se relaciona com a ideia não são apenas constatadas pela escola,
de que existe uma pluralidade cultural, ou mas também incluídas e valorizadas nas
seja, fazemos parte de diversas culturas, e práticas pedagógicas e no currículo de
este universo cultural também está dentro maneira geral.
das escolas. Aí está então a grande diferença. Se
Além disso, partimos da premissa de que apenas constatamos a diversidade cultural,
essas diferentes culturas, que enriquecem não estamos alinhados com as ideias do
o cotidiano da escola, podem conviver multiculturalismo. Quando as valorizamos,
harmonicamente. e mais do que isso, as incluímos nas nossas
Antigamente, embora percebêssemos as práticas pedagógicas, aí sim vivemos de
diferenças culturais dentro das escolas, fato o que é multicultural.

Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
55/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
Peres (2000, p. 28) coloca em pauta uma
discussão muito importante. Levanta Para saber mais
que enquanto debatemos questões tão
Se ainda não conheceu a pesquisa realizada por
importantes, como a “educação para
Cruz, que trata de questões relacionadas ao
os valores, para os direitos humanos e
brincar e à diversidade, acesse o link disponível
igualdade de oportunidades, tolerância
em: <http://www.cadernosdapedagogia.
e convivência, para a paz, educação
inter/multicultural, educação ambiental, ufscar.br/index.php/cp/article/
educação antirracista”, o que vemos viewFile/376/176>. Acesso em: 05 jun. 2016.
no nosso cotidiano é a intolerância, os
preconceitos, os estereótipos, o racismo, Silva (2007) traz uma importante
na escola e na sociedade. reflexão em relação às questões de
Em pesquisa realizada por Cruz (2012), multiculturalismo, quando diz que se trata
já discutida em temas anteriores, a de uma questão ambígua:
autora constatou que crianças de 7, 8
anos de idade reproduzem discursos de
discriminação de raça, religião, gênero,
etnia e geração, demonstrando que estão
imersas em preconceitos culturais.
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
56/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
Por um lado, o multiculturalismo é um movimento legítimo de
reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles
países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na
cultura nacional. O multiculturalismo pode ser visto, entretanto, também
como uma solução para os “problemas” que a presença de grupos raciais
e étnicos coloca, no interior daqueles países para a cultura dominante.
De uma forma ou de outra, o multiculturalismo não pode ser separado
das relações de poder que, antes de mais nada, obrigam essas diferentes
culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço. (SILVA,
2007 p. 85)
Tendo mais claro as ideias em relação ao multiculturalismo, vamos falar agora um pouco sobre
a interculturalidade. Será que são a mesma coisa?
Para Candau (2011), a interculturalidade, ou ainda o que a autora chama de multiculturalismo
aberto e interativo, seria mais adequado para as sociedades, pois articula as políticas de
igualdade com as de identidade.

Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
57/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
Na visão intercultural, as culturas estão em contínuo processo de construção e reconstrução, o
que as supões nem puras, nem estáticas. (CANDAU, 2011).
Fleuri (2001) aponta a necessidade da escola enfrentar o desafio da interculturalidade,
mudando o foco da prática pedagógica na transmissão de uma cultura hegemônica e coesa.
Para o autor, a escola tem que pensar na diversidade de culturas, que é a base da formação dos
seus alunos, legitimando cada uma delas.

Tal deslocamento de perspectiva legitima as culturas de origem de cada


indivíduo e coloca em cheque a coesão da cultura hegemônica. E este
fato traz consequências para a elaboração dos métodos e das técnicas da
ação pedagógica e de transmissão da cultura oficial. (FLEURI, 2001, p. 5)
A visão da interculturalidade traz em seu bojo a ideia de que há interação entre as diversas
culturas existentes. É nessa interação cultural que há o favorecimento e o enriquecimento
mútuo. Promover o diálogo entre as culturas, compreender a riqueza das relações e aprender a
viver e conviver num mundo que é plural estão entre os objetivos de uma educação que se diz
intercultural.
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
1. Gestão Democrática: maneira a estrutura da instituição será
Participação de Todos os composta. Para finalizar os elementos
principais, o acompanhamento da
Envolvidos na Escola
execução dos trabalhos por parte da
Para falarmos da participação da família gestão escolar determinará também a
e da comunidade na escola, vamos qualidade dos processos educativos.
compreender primeiro o conceito de A gestão democrática da escola,
gestão democrática. prevista em nossa legislação (LDB/1996,
A gestão escolar apresenta Constituição Federal / 1988), determina
particularidades inerentes à sua natureza que haja participação de todos os
educativa. Neste sentido, um dos envolvidos na escola nas tomadas de
principais elementos da gestão escolar é decisões, ou seja, pais, professores,
o planejamento, pois é a partir deste que alunos, comunidade e gestores decidem
conheceremos a realidade da escola e do juntos os caminhos que a escola irá tomar.
processo educacional.
Ainda que haja legislação específica
A organização também é fator que trate da democratização da gestão
preponderante para a eficiência da escola, escolar, devemos ter claro que a mudança
neste aspecto deve-se pensar de que na forma de gerir a escola implica em
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
muito mais do que a existência de leis. A democratização da escola passa, ainda,
Tornar a escola democrática implica em pela consolidação de mecanismos de
repensar sua organização e sua gestão participação de todos os envolvidos no
e, para isso, é importante rever posturas, processo escolar, mecanismos tais como
como a escolha do diretor da escola e a conselhos escolares, grêmios estudantis,
necessidade de articulação e consolidação associação de pais e mestres, entre outros.
de outros mecanismos de participação “A cultura e a lógica da escola só se
efetiva de todos que compõem a escola democratizarão se todos que vivenciam
(BRASIL, 2006). seu cotidiano contribuírem para esse
Dentre os aspectos primordiais para processo de mudança” (BRASIL, 2006).
tornarmos a escola democrática, o ponto Partindo desta afirmação, faz-se
de partida deve ser a construção coletiva necessário refletirmos sobre a importância
do projeto político pedagógico da escola, da participação de todos, caso contrário, a
instrumento que define a identidade da gestão democrática não se efetiva.
escola, indicando formas para se alcançar Devemos entender também que a
a educação de qualidade, portanto, de construção de uma escola democrática
enorme importância para todo o processo é um processo que inclui lutas políticas
educativo. (LIBÂNEO, 2004). e pedagógicas, e que deve envolver pais,
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
60/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
funcionários, estudantes, professores, • Construção coletiva do projeto
equipe gestora e comunidade local. político pedagógico;
Como já vimos, para que a democratização • Redefinição das tarefas das
da escola aconteça, é necessário que as Associações de Pais e Mestres (APM),
tomadas de decisão sejam partilhadas partilhando o poder e a decisão nas
e coletivas. Para isso, segundo Brasil instituições.
(2006), a escola precisa efetivar diversos O principal aspecto a ser modificado para
mecanismos de participação: a escola democrática que queremos é a
descentralização do poder e o exercício
• Mudança no processo de escolha do
da cidadania. É preciso que a instituição
diretor da escola;
supere os processos de centralização de
• Criação e consolidação de órgãos decisão, permitir que as decisões nasçam
colegiados, conselhos escolares e das discussões que envolvem os diversos
conselhos de classe; segmentos da escola.
• Fortalecimento da participação Devemos, ainda, ter claro que a
estudantil a partir dos grêmios descentralização do poder e a tomada
estudantis; coletiva de decisões não é um processo
fácil, mas, sim, complexo, que envolve
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
diferentes possibilidades organizativas. 2. Participação da Família e da
Além disso, a participação é um processo Comunidade na Escola
permanente, que deve ser construído a
cada dia, coletivamente. É um processo que Segundo Carvalho (2004), as relações entre
em muitos casos precisa ser aprendido, ou
escola e família partem de pressupostos
ainda reinventado.
básicos, relacionados ao compartilhamento
Entendendo então a escola democrática do trabalho de educação, e envolvem
como aquela em que todos participam, fica expectativas recíprocas.
clara a importância de trazer a família para
este espaço, a partir de órgãos colegiados Porém, ao convocar os pais a
que preveem a participação de todos nas participarem da escola, muitas vezes são
discussões e decisões. desconsideradas as relações de classe,
gênero, idade; a diversidade dos arranjos
Para saber mais familiares e as desvantagens que as
famílias possuem, tanto do ponto de vista
Para saber mais sobre gestão escolar, acesse o
material como do ponto de vista cultural
link disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
(CARVALHO, 2004).
seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_
esc.pdf%3E>. Acesso em: 05 jun. 2016. Por muito tempo, considerou-se que a
participação das famílias na escola deveria
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
restringir-se à presença dos pais nas Almeida e Medeiros (2010) destacam que
reuniões bimestrais, entre pais e mestres, os professores, quando em condições
e que esta deveria ser a obrigação natural satisfatórias de ensino e os estudantes
dos pais, aliás, das mães, que geralmente aprendem, não veem necessidade de
são quem se fazem presentes. procurar os pais. No momento em que as
Em uma perspectiva democrática de dificuldades aparecem, a família passa a ser
escola, apenas ir às reuniões já não culpabilizada.
é o suficiente. A relação que a escola Os professores culpam a família, enquanto
estabelece com a comunidade influencia que estes culpam os professores pelo
positiva ou negativamente a prática fracasso escolar. No final, a fragilidade
cotidiana da administração. dessa parceria é que precisa a ser discutida
É a escola que lida direta ou indiretamente e repensada.
com a comunidade em seu entorno, Mas, de que maneira a família e a escola
com suas mazelas e dificuldades, bem podem de fato tornar-se parceiras, visto
como é por ela influenciada, a partir do que possuem objetivos em comum?
instante que tem no seu centro de atenção O primeiro passo para que escola e família
pedagógica as crianças e os adolescentes trabalhem juntas é a disposição da escola
que ali vivem.
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
em acolher as famílias, demonstrar que a ação escolar deve expressar também os anseios de
toda a comunidade.
É necessário que família e escola concordem em relação aos conteúdos, aos métodos e à
qualidade de ensino que desejam. Deve haver um consenso entre o que cada um dos lados
espera.

A relação família/escola basicamente depende de consenso sobre


filosofia e currículo (adesão dos pais ao projeto político-pedagógico da
escola), e de coincidência entre, de um lado, concepções e possibilidades
educacionais da família e, de outro, objetivos e práticas escolares. A
relação família/escola também será variavelmente afetada pela satisfação
ou insatisfação de professores e de pais, e pelo sucesso ou fracasso do
estudante. (ALMEIDA e MEDEIROS, 2010, p. 8)
Para que este consenso exista, a gestão democrática e participativa propõe alternativas que
auxiliam na busca de soluções para os problemas relacionados ao cotidiano escolar, pois esta
prática coletiva dará aos pais a possibilidade de participar e questionar decisões que levem à
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
melhorias estruturais e da função social da sua cultura, será enriquecedor para
escola. todas as discussões propostas, mas,
A gestão democrática, porém, ainda é vista principalmente, para aquelas que discutem
como um grande desafio por parte dos o multiculturalismo.
profissionais da escola. É preciso que se Outro aspecto fundamental da nossa
estabeleça uma cultura de participação, e discussão diz respeito à necessidade dos
que a presença dos pais e da comunidade profissionais da escola, principalmente
na escola seja estimulada e valorizada. aqueles que vêm de outras áreas da cidade,
Assim, diante das possibilidades que se conhecerem a comunidade que está em
abrem em uma escola de fato democrática seu entorno.
e participativa, as discussões de gênero, Assim, para finalizarmos este tema,
raça, etnias, e de maneira geral sobre podemos dizer que a participação dos pais
o desenvolvimento dos sujeitos que ali na escola pressupõe que neste ambiente
frequentam, e encontram-se em formação, se possa ouvir e expressar opiniões a partir
ganham vida. de uma ação coletivamente construída,
Trazer a comunidade para a escola, e que envolve todo o processo de ensino-
juntamente com ela apreender, vivenciar aprendizagem.

Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
Glossário
Gênero: O que identifica e diferencia homens e mulheres. Características que englobam uma
determinada classe.
Etnia: Grupo que é culturalmente homogêneo, possui uma especificidade sociocultural.
Raça: Divisão arbitrária dos grupos humanos, conjunto de características físicas hereditárias,
como: cor da pele, tipo de cabelo, entre outras.

Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
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Desenvolvimento dos Sujeitos
?
Questão
para
reflexão

Pensando nas questões que envolvem o


multiculturalismo, bem como as discussões de raça,
gênero, etnia, de que maneira você acredita que
a escola pode trazer a família para participar das
suas discussões, em uma perspectiva de gestão
democrática?

67/205
Considerações Finais (1/2)

• O conceito de multiculturalismo se relaciona com a ideia de que existe


uma pluralidade cultural, ou seja, fazemos parte de diversas culturas, e
este universo cultural também está dentro das escolas. Interculturalidade
traz em seu bojo a ideia de que há interação entre as diversas culturas
existentes. É nesta interação cultural que há o favorecimento e o
enriquecimento mútuo.
• A democratização da escola passa, ainda, pela consolidação de
mecanismos de participação de todos os envolvidos no processo
escolar, mecanismos tais como conselhos escolares, grêmios estudantis,
associação de pais e mestres, entre outros.
• Ao convocar os pais a participarem da escola, muitas vezes são
desconsideradas as relações de classe, gênero, idade; a diversidade dos
arranjos familiares e as desvantagens que estas famílias possuem, tanto
do ponto de vista material como do ponto de vista cultural.
68/205
Considerações Finais (2/2)
• A gestão democrática e participativa propõe alternativas que auxiliam na
busca de soluções para os problemas relacionados ao cotidiano escolar,
pois essa prática coletiva dará aos pais a possibilidade de participar e
questionar decisões que levem a melhorias estruturais e da função social
da escola.

69/205
Referências

ALMEIDA, F.J. ; MEDEIROS, D.H. A família na gestão da escola: uma proposta de parceria para
os problemas de aprendizagem. V Encontro de produção científica e tecnológica. 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Gestão da educação escolar
/ Luiz Fernandes Dourado. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância,
2006. 88 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_
esc.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016.

CANDAU, M.V.F. Diferenças culturais, cotidiano escolar e práticas pedagógicas. Currículo sem
Fronteiras, v.11, n.2, pp.240-255, Jul/Dez 2011
CARVALHO, M.E.P. Modos de educação, gênero e relações escola–família. Cadernos de
Pesquisa, v. 34, n. 121, jan./abr. 2004.
FLEURI, R. M. Desafios à educação intercultural no Brasil. Educação, Sociedade & Cultura, nº
16, 2001, 45-62.
LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática, 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004.
PERES, A. N.. Educação Intercultural: Utopia ou Realidade? (Processos de 88 pensamento dos
professores face à diversidade cultural: integração de minorias migrantes na escola). Porto:
Profedições, 2000.
Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
70/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
SILVA, Josias Benevides da. Um olhar histórico sobre a gestão escolar. Educação em
Revista.v.8, n.1.Marília: 2007. Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/
educacaoemrevista/article/viewFile/616/499>. Acesso em: 22 abr. 2016.

Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o
71/205
Desenvolvimento dos Sujeitos
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Multiculturalismo e a Participa- Aula 3 - Tema: Multiculturalismo e a Participação


ção da Família e da Comunidade nas Discussões da Família e da Comunidade nas Discussões de
de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos
Sujeitos - Bloco I Sujeitos - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
92cb6d90b848aedbc872b3253d795710>. c8806ec72ae4ca598ff53d80131605a4>.

72/205
Questão 1
1. Em relação ao multiculturalismo e interculturalidade, e a maneira como
as diferentes culturas devem ser vistas pelo universo escolar, podemos
afirmar que:

I. Perceber que há diferentes culturas na sala de aula é o suficiente para uma educação
multicultural.
II. Além de perceber, valorizar e incluir diferentes culturas no currículo é a proposta da
educação multicultural.
III. A interculturalidade prevê a interação entre as culturas, de maneira que ambas se
enriqueçam.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) I, II.
c) II, III.
d) I, III.
e) Apenas I.
73/205
Questão 2
2. Hoje falamos, e está garantido por lei, que a escola seja democrática,
que todos os envolvidos possam fazer parte da tomada de decisões. Para
isso, o primeiro passo é:

a) Indicação política do diretor (gestor) da escola pública.


b) Construção coletiva do Projeto político pedagógico.
c) Centralização do poder na gestão escolar e direção.
d) Participação apenas dos professores nas decisões.
e) Participação apenas da comunidade nas decisões.

74/205
Questão 3
3. A participação da família na escola ainda é um grande desafio para os
educadores. Um dos fatores a ser considerado deve ser:

a) É obrigação dos pais a participação na vida dos seus filhos, e os que não o fazem são
irresponsáveis.
b) Fatores de diferenças culturais, de classe, de gênero, além da diversidade e das
desvantagens da família.
c) Os pais devem estar presentes na escola apenas quando o filho estiver com problemas de
aprendizagem.
d) Os pais devem ser convocados à escola apenas quando o filho apresentar problemas de
comportamento.
e) É suficiente a presença dos pais nas reuniões bimestrais, de pais e mestres, que discute o
rendimento.

75/205
Questão 4
4. Para que as famílias participem efetivamente das questões relacionadas
à escola de seus filhos, é importante que a escola:

I. Esteja disposta a acolher as famílias, mostrar que possuem os mesmos anseios e objetivos.
II. Deixe claro que a educação deve vir de casa, que a escola só irá passar conteúdos.
III. Possua um consenso sobre filosofia e currículo, o que pode ser auxiliado pela gestão
participativa.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e III.
b) I, II e III.
c) I e II.
d) Apenas II.
e) II e III.

76/205
Questão 5
5. Para que a gestão democrática ocorra, algumas atitudes por parte da
gestão escolar devem ser tomadas. Dentre elas, podemos citar:

a) Centralização do poder no diretor (gestor).


b) Escolha do diretor por meios políticos.
c) Desconsiderar a comunidade nas decisões.
d) Reforçar as decisões tomadas pela direção.
e) Consolidação dos mecanismos de participação.

77/205
Gabarito
1. Resposta: C. considerados ao buscar a participação da
família na escola.
O multiculturalismo refere-se não
apenas a perceber, mas a valorizar e 4. Resposta: A.
incluir as diversas culturas no currículo. A
A escola deve estar disposta a acolher as
interculturalidade é a interação entre as
famílias, deve haver consenso entre as
mesmas, enriquecendo-as.
partes, o que será conseguido a partir da
gestão participativa.
2. Resposta: B.
O primeiro passo para a construção de 5. Resposta: E.
uma escola democrática em sua gestão é
Para a efetivação da gestão democrática é
a construção coletiva do Projeto político
necessária a consolidação dos mecanismos
pedagógico. de participação.
3. Resposta: C.

Fatores relacionados às diferenças


culturais, de classe, de gênero, devem ser

78/205
Unidade 4
Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo

Objetivos

O objetivo deste tema é discutir de que maneira


o gestor pode atuar nas questões relacionadas à
adequação do currículo e dos espaços educativos
no contexto de uma escola multicultural e
inclusiva.
1. Compreender os conceitos de adequação
curricular e seus níveis de responsabilidade;
2. Compreender a construção de uma escola
inclusiva;
3. Compreender a construção de uma escola
multicultural.

79/205
Introdução

Olá, aluno. enquanto que outras envolvem recursos


Neste tema, iremos trabalhar com alguns financeiros.
conceitos importantes, relacionados Vamos, então, iniciar pensando nos
às questões de uma escola inclusiva e conceitos que envolvem o que é adaptação
multicultural. Para a construção deste curricular.
espaço, é necessário que algumas Para começar, pergunto: o que você acha
adaptações sejam realizadas, adaptações que é adaptar? O que adaptamos no nosso
estas que envolvem o currículo, mas não dia a dia, ou por que fazemos adaptações,
apenas aquele de sala de aula. quase que diariamente?
A adaptação curricular vai além, e envolve Segundo o dicionário Houaiss (2001),
posturas e determinações não apenas adaptar se refere a ajustar alguma coisa em
da Gestão escolar local, como também outra, modificar algo para dotá-lo de novos
de outros níveis de hierarquia, como as objetivos, é a capacidade de sobreviver em
Secretarias de Educação, Diretorias de novos ambientes.
Ensino, e os governos de maneira geral,
visto que algumas dessas mudanças No nosso dia a dia adaptamos várias coisas:
envolvem aspectos estruturais da escola, materiais, espaço, tempo, adaptamos

80/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
procedimentos e regras. Será que, então, (MEC), através da Secretaria de Educação
podemos adaptar currículo? Especial do Estado de São Paulo (SEESP),
A terminologia adaptação curricular surge propõe adaptações curriculares que visam
nos documentos brasileiros, oficialmente, promover a aprendizagem dos alunos
a partir da Política Nacional de Educação com deficiência nas escolas regulares,
Especial (1994), ano coincidente com a a partir da implementação de práticas
publicação do documento Declaração De pedagógicas inclusivas no sistema escolar.
Salamanca (1994), que é o marco inicial (BRASIL, 2003).
para as discussões em relação à educação Dentre as propostas, podemos destacar
inclusiva. algumas:
Na Política Nacional de Educação Especial • Atitude favorável da escola no
(1994), o termo adaptação curricular se sentido de atender às necessidades
refere às modificações necessárias para individuais. Isso deve ocorrer a partir
atender à diversidade da sala de aula e dos da diversificação e flexibilização do
alunos. processo de ensino;
Adiantando nosso tempo e chegando em • Para que as adaptações ocorram,
2003, o Ministério da Educação e Cultura é necessário que seja feita a
81/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
identificação das necessidades de As adaptações curriculares, portanto,
todos e de cada aluno, para, assim, têm como seu principal objetivo atender
priorizar recursos e meios favoráveis às necessidades de todos os alunos. Elas
para a aprendizagem; envolvem desde adaptações simples,
feitas pelo professor na sala de aula, como
• A escola deve adotar currículos adaptações complexas, que envolvem
abertos e diversificados, em vez da questões de acessibilidade e recursos
tradicional concepção uniforme e financeiros. Assim, podem ser divididas
homogeneizadora; em diferentes níveis, que veremos
posteriormente.
• O funcionamento da escola também
deve ser flexível para atender à
demanda;
Para saber mais
Para acessar o documento completo da
• Por fim, o apoio de professores Secretaria de Educação Especial do Estado de
especializados em todo o processo São Paulo (SEESP), que trata das adaptações
educacional favorece o trabalho curriculares, entre no site do MEC ou clique no
colaborativo e as práticas inclusivas link disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
na escola. seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf>. Acesso em:
12 jun. 2016.

82/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Refletindo, ainda, sobre acessibilidade, devemos ter claro que esta não envolve apenas as
barreiras físicas encontradas, principalmente pelas pessoas com deficiência física (cadeirantes)
ou com mobilidade reduzida. Acessibilidade é muito mais do que isso.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei 13.146/2015), em seu artigo 3º, define que
acessibilidade é a:

Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e


autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e
tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao
público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida
(BRASIL, 2015, p. 1)

83/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
definirmos o papel da gestão escolar
Para saber mais dentro desse processo.
Para acessar o Estatuto da Pessoa com Iniciaremos nossa conversa pelos
Deficiência, lei 13.146, promulgada em 2015, anos 2000, ano em que os Parâmetros
com o intuito de reunir em um único documento Curriculares Nacionais (PCNs) trazem
os direitos adquiridos por essas pessoas, acesse uma orientação para que as adaptações
o link disponível em: <http://www.planalto. curriculares possam ocorrer, sendo elas
gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/ consideradas de grande e de pequeno
L13146.htm>. Acesso em: 12 jun. 2016. porte, e que estas deveriam ser respostas
educativas para as necessidades dos
1. Diferentes Níveis de alunos.
Adaptação Curricular que O documento intitulado Projeto Escola
Atendem às Necessidades Viva, publicado pelo Ministério da
Educativas de Todos os Alunos Educação (BRASIL, 2000) e que trata
de Adaptações curriculares, deixa claro
Vamos agora tratar especificamente da
que construir uma escola inclusiva é
adaptação curricular e de seus níveis
responsabilidade de todos que fazem parte
de elaboração e execução, para assim
da sociedade.
84/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Cada qual tem a sua responsabilidade nessa tarefa, conforme definido abaixo:

Aos profissionais cabem as ações técnicas, em cooperação transdisciplinar;


aos órgãos de representação, o diagnóstico das necessidades, o
planejamento de ações que promovam a inclusão e a fiscalização da ação
pública no ajuste da sociedade [...] (BRASIL, 2000, p. 5).
O que são então as adaptações de grande porte, também chamadas de adaptações
significativas?
Para Brasil (2000, p.7), essas adaptações são aquelas que dependem das instâncias político
administrativas superiores, “já que exigem modificações que envolvem ações de natureza
política, administrativa, financeira, burocrática, etc.”, e, portanto, dependem também da ação
dos gestores.
Para que sejam efetivadas indicações de adaptações de grande porte, é necessário que
alguns cuidados sejam tomados, tais como verificar a real necessidade do aluno, o nível de
competência do aluno em relação à proposta curricular regular e o caráter processual do
desenvolvimento humano e da aprendizagem (BRASIL, 2000).
85/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Veja o quadro a seguir:
Assim, as implementações de adaptações curriculares de grande porte devem:
• Ser precedidas de uma criteriosa avaliação do aluno, considerando sua competência
acadêmica;
• Fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar do aluno, para a busca de
identificação dos elementos adaptativos necessários para o desenvolvimento do aluno;
• Contar com a participação de uma equipe de apoio multiprofissional no processo de
estudo de cada caso, análise e tomada de decisão;
• Serem registradas documentalmente, integrando o acervo de informações sobre o aluno;
• Evitar, sempre, que as programações individuais sejam definidas, organizadas e realizadas
com prejuízo para o aluno, ou seja, para o seu desempenho, promoção escolar e
socialização.
FONTE: Projeto Escola Viva. (BRASIL, 2000, p. 9)

Ressaltamos que qualquer projeto de adaptação curricular a ser realizado, independente de ser
de grande ou pequeno porte, deve ter como objetivo o melhor aproveitamento do aluno, bem
86/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
como o enriquecimento do seu processo de Para cada tipo de deficiência, e para cada
escolarização. aluno haverá necessidades diferentes, e
isto deve ser avaliado não apenas pelos
Dentre as adaptações de grande porte,
profissionais da escola, mas por equipes
que dependem, como já dito, de instâncias
formadas por professores especialistas na
político administrativas superiores, e
área e, ainda, profissionais de saúde, como:
dependem da atuação da Gestão Escolar, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
tem-se as adaptações de acesso ao fonoaudiólogos, entre outros. Assim, é
currículo, que envolvem a criação de suma importância que a escola tenha
de condições físicas, ambientais e de parcerias com esses outros setores.
materiais para atender a todo o alunado;
A segunda adaptação de grande porte
aquisição de mobiliário específico para
está relacionada à adaptação dos
a necessidade do aluno; aquisição de
objetivos. Esta adaptação refere-se às
equipamentos e materiais necessários, mudanças nos objetivos estabelecidos
adaptação de materiais de uso comum em para o aluno, e podem ser no sentido de
sala de aula, capacitação dos profissionais eliminação de alguns deles, de introdução
da educação em formação continuada; de objetivos específicos ou ainda de
garantia de ações interdisciplinares e objetivos complementares ou alternativos
transetoriais. (BRASIL, 2000).
87/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Esta adaptação deve estar em busca de que conforme retiramos ou introduzimos
que o aluno possa aprender conceitos que objetivos, também devemos fazer as
lhe sejam úteis para sua vida e cidadania, mesmas mudanças nos conteúdos
visando principalmente à qualidade de planejados. Assim, é possível que o
vida. A adaptação dos objetivos vai ocorrer, professor tenha que trabalhar, em uma
principalmente, nos casos que envolvem mesma sala de aula, com um plano de
déficits cognitivos importantes, ou alguns ensino básico, e outros modificados.
transtornos específicos, mas lembramos A adaptação de métodos de ensino
que “a decisão de se ajustar objetivos de e da organização didática também
ensino para um determinado aluno não é considerada de Grande Porte e,
pode jamais ser provocada por já termos dependendo do caso, deverá ser
nos cansado de tentar ensinar para alguém orientada por profissionais especializados,
que apresenta dificuldades”. (BRASIL, envolvendo, assim, a Gestão Escolar e a
2000, p. 18) intersetorialidade.
A terceira adaptação denominada de Essa adaptação pode envolver ainda a
Grande Porte é a adaptação de conteúdos, organização diferenciada da sala de aula,
que se relaciona diretamente com a a redução do número de alunos por sala,
adaptação anterior, de objetivos, visto o trabalho conjunto da Educação Especial
88/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
na perspectiva do Ensino Colaborativo, dentro da sua faixa etária, mas que isso não
também chamado de coensino. significa uma aprovação indiscriminada e
Não podemos ainda esquecer as irresponsável. Neste sentido, as adaptações
adaptações nos sistemas de avaliação, um no processo de avaliação são fundamentais
erro muito comum em escolas inclusivas é para avaliar a aprendizagem desse aluno e
realizar todas as adaptações citadas acima, promover os ajustes necessários para seu
e continuar avaliando o aluno da mesma desenvolvimento educacional.
maneira.
Precisamos lembrar que o papel da
avaliação não é aprovar ou reprovar aluno,
Para saber mais
mas, sim, perceber quais os “conteúdos Assista à videoconferência que trata de
ou processos ainda não apreendidos pelo educação inclusiva, adaptação curricular e
aluno, que devem ser retomados em nosso Ensino colaborativo, especificamente realizada
processo de ensinar”. (BRASIL, 2000, p. 20) para gestores escolares pelo CAPE, acessando
o link disponível em: <https://www.youtube.
Lembramos ainda que dentro dos com/watch?v=CT9Nf6fqN3E>. Acesso em: 12
princípios da educação inclusiva, o aluno jun. 2016.
deve dar prosseguimento aos seus estudos

89/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
2. Adaptações Necessárias Para O que cabe então, em termos de
Uma Escola Multicultural adaptação, para tornarmos esta escola de
fato multicultural, ou além, intercultural?
Tratamos anteriormente das mudanças Em primeiro lugar, temos que ter um
necessárias em termos de adaptações currículo que leve em conta a diversidade
curriculares para que a escola se torne e a singularidade do aluno, que seja flexível
inclusiva, atendendo a todos os alunos, sem ser reducionista e que tenha como
sem qualquer tipo de discriminação, dando objetivo a redução de barreiras atitudinais
a todos as mesmas oportunidades, mas e conceituais. (GLAT e OLIVEIRA, s.d)
falamos mais especificamente das pessoas
com deficiência. Este currículo deve ainda tornar o
conhecimento possível para todos
Ora, se a escola é inclusiva e atende a os alunos, sem distinção de raça, cor,
todos os alunos, isto deve então caber necessidade e condição social. Para
também para os alunos que possuem Gonçalves:
características diferentes do ponto de
vista cultural, não é?

90/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
A preservação de um currículo que adquira e reconheça o caráter
identitário de seus alunos não tem apenas a função de prepará-los
como objetos inanimados, mas de, influenciar no máximo possível um
aprendizado individual e proveitoso para o aluno e não reproduzir uma
obrigatoriedade padrão de seres que têm o mesmo conhecimento.
(GONÇALVES, 2010, p. 5)
Moreira (2003), ao estudar o multiculturalismo e procurar compreender como os professores
e as escolas entendem este fator dentro dos currículos, destaca como enfoque as estratégias
pedagógicas, as diferenças e o diálogo, pois é a partir destes aspectos que é possível perceber a
presença do multiculturalismo no currículo adaptado.
A percepção das diferenças por parte do profissional da educação são fundamentais, pois
aquele professor ou gestor, que percebe os alunos, todos como idênticos, também não será
capaz de diferenciar o currículo. A isso, Moreira (2003) denomina como daltonismo cultural.
Tendo-se a percepção das diferenças, para que as mudanças possam ocorrer, as estratégias
pedagógicas devem ser revistas, e isto só ocorrerá a partir do diálogo entre professores e
equipe escolar. Refletir a prática educativa, ampliar as concepções de ensino e repensar as
91/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
relações professor-aluno são fundamentais demonstram que os professores, a
para que a escola seja de fato multicultural. gestão, e a educação como um todo não
Assim, podemos afirmar que a prática podem mais estar à parte das discussões
pedagógica multicultural se constrói multiculturais, mas devem compreender
a partir do discurso e do diálogo, com que nossos alunos são de diferentes
reflexões constantes dos profissionais da culturas, identidades, que vivemos uma
educação voltadas ao desafio de construir sociedade e escola multifacetada e híbrida,
as diferenças e combater os preconceitos que está em constante construção.
a elas voltadas, que possuam um
compromisso com o multiculturalismo.
O currículo deve apontar um trabalho
pedagógico com vista ao combate às
intolerâncias àqueles que são diferentes.
Diferenças de gênero, raça, cor, religião,
entre outras devem ser respeitadas.
Os diálogos que vêm sendo travados em
sala de aula e em reuniões pedagógicas

92/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Glossário
Ensino colaborativo ou coensino: modalidade de ensino em que professor especialista
(educação especial) e professor da sala de aula regular atuam juntos, no sentido de planejar e
executar atividades para os alunos dentro da escola inclusiva.
Currículo: Conjunto de práticas que organizam as ações, o tempo e o espaço da escola.
Daltonismo Cultural: Incapacidade de perceber as diferenças culturais, vendo todos como
sujeitos idênticos.

93/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
?
Questão
para
reflexão

Enquanto gestor, de que maneira acredita que pode


auxiliar ou influenciar na realização das adaptações
curriculares necessárias para o atendimento às
necessidades de todos os alunos?

94/205
Considerações Finais (1/2)

• Adaptar é a possibilidade que temos em ajustar uma coisa na outra,


modificar algo para dotá-lo de outros objetivos. No nosso dia a dia,
adaptamos materiais, espaço, tempo, adaptamos procedimentos e
regras. Podemos, então, adaptar o currículo para atender às necessidades
educativas de todos os alunos.
• A proposta de adaptações curriculares vão de encontro com a promoção
da aprendizagem dos alunos com deficiência nas escolas regulares, a partir
da implementação de práticas pedagógicas inclusivas no sistema escolar.
• As adaptações podem ser de Grande Porte e de Pequeno Porte. As de
Grande Porte referem-se a mudanças que necessitam de instâncias
político-administrativas superiores, por preverem ações que envolvem
procedimentos de natureza política, administrativa, financeira,
burocrática, etc. e, portanto, dependem também da ação dos gestores.

95/205
Considerações Finais (2/2)
• Do ponto de vista do multiculturalismo, as adaptações curriculares
referem-se à percepção das diferenças para que as mudanças possam
ocorrer. As estratégias pedagógicas devem ser revistas, o que só ocorrerá
a partir do diálogo entre professores e equipe escolar. Refletir a prática
educativa, ampliar as concepções de ensino e repensar as relações
professor-aluno são fundamentais para que a escola seja de fato
multicultural.

96/205
Referências

BRASIL. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com


necessidades educacionais especiais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, C327 2000 I 96p. (Projeto Escola Viva)
BRASIL. Secretaria Estadual de Educação Especial. Estratégias para a educação de alunos
com necessidades educacionais especiais. Organização: Maria Salete Fábio Aranha. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003. 58 p. (Saberes e práticas da
inclusão; 4)
BRASIL. Casa Civil. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei 13.146/20015. Brasília, DF, 2015.
GLAT, R.; OLIVEIRA, E.S.G. Adaptação Curricular. Educação Inclusiva no Brasil. Banco Mundial –
Cnotinfor. Portugal [s.d.]
GONÇALVES, E.C. A perspectiva multicultural no currículo adaptado para alunos com
necessidades educacionais especiais. 2010. Disponível em: <http://anais.unicentro.br/
seped/2010/pdf/resumo_45.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016.

MOREIRA, A. F. B. Currículo e Multiculturalismo: desafios e tensões. In: LISITA, V. M. S. S. e


SOUSA, L. F. E. C. P. (org). Políticas educacionais, práticas escolares e alternativas de inclusão.
Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

97/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Adequação do Currículo e dos Aula 4 - Tema: Adequação do Currículo e dos
Espaços Educativos nos Contextos Multicultu- Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais
rais e Inclusivo - Bloco I e Inclusivo - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ee-
fc82b3003d3aa44f371a79d8b49aa2e4>. 66b7027e46f8284ed0c411eceb8695>.

98/205
Questão 1
1. O termo adaptação curricular começa a surgir nos documentos
brasileiros a partir da necessidade de construção de uma escola que fosse
inclusiva. Neste sentido, podemos afirmar que o principal objetivo da
adaptação curricular é:

a) Facilitar o currículo para aqueles que são incapazes, visto que possuem deficiência.
b) Modificações necessárias para atender à diversidade da sala de aula e dos alunos.
c) Favorecer a aprendizagem dos alunos com deficiência em classe/escola especial.
d) Manter as mesmas propostas pedagógicas, homogeneizando a sala.
e) Separar aqueles que são capazes de aprender dos que têm dificuldade.

99/205
Questão 2
2. Dentre as propostas de adaptação curricular sugeridas pelo MEC
(Brasil, 2003), algumas estão descritas nas afirmativas a seguir. Leia as
afirmativas e depois assinale a alternativa correta:

I. Atitude favorável da escola no sentido de atender às necessidades individuais.


II. Homogeneização das turmas e salas de aula para adoção de um currículo único.
III. Flexibilidade do funcionamento da escola para atender à demanda.
IV. Apoio de professores especializados com trabalho de ensino colaborativo.
Estão corretas as alternativas:
a) I, II, III.
b) I, II, IV.
c) II, IV.
d) I, III, IV.
e) II, III.

100/205
Questão 3
3. Dentro de uma escola que assuma uma postura inclusiva e
multicultural, viver as diferenças como enriquecedoras do trabalho
cotidiano faz-se imprescindível. Assim, podemos afirmar que:

a) O currículo deve considerar as singularidades de cada aluno.


b) O currículo deve ser único e inflexível para todos os alunos.
c) O diálogo não é uma ferramenta importante neste processo.
d) A escola deve enxergar todos os alunos como idênticos.
e) Não há necessidade de uma escola multicultural.

101/205
Questão 4
4. As adaptações curriculares podem ser divididas em adaptações de
grande e de pequeno porte. Podemos dizer que as de grande porte são
aquelas:

a) Realizadas pelos professores, na rotina da sala de aula.


b) Realizadas pela equipe escolar, independente de recursos.
c) Realizadas em nível político-administrativo superior.
d) Realizadas pela família do aluno com deficiência física.
e) Realizadas por solicitação do Governo Federal e União.

102/205
Questão 5
5. Relacione as colunas com a adaptação realizada e o tipo de adaptação
a qual ela se refere:

I. Adaptação de acesso ao currículo a. Aprendizados que sejam significativos para o aluno.


II. Adaptação de objetivos b. Criação de condições físicas, materiais e ambientais.
III. Adaptação de conteúdos c. Utilização de instrumentos adequados ao aluno.
IV. Adaptação de avaliação d. Trabalho com planos de ensino diferenciados.

Assinale a alternativa correta:


a) I b, II d, III a, IV c.
b) I d, II c, III b, IV a.
c) I c, II b, III d, IV a.
d) I a, II c, III b, IV d.
e) I b, II a, III d, IV c.

103/205
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: C.

O objetivo da adaptação curricular é fazer As adaptações de grande porte são


as modificações necessárias para atender à realizadas a partir de instâncias
diversidade. político administrativas superiores, por
dependerem de recursos, burocracias, etc.
2. Resposta: D.
5. Resposta: E.
A escola deve ser flexível e adotar postura
favorável para atender às necessidades A adaptação de acesso ao currículo
individuais dos alunos, com apoio de refere-se à criação de condições físicas,
especialistas. ambientais e de materiais; a de objetivos
refere-se a aprendizados que sejam
3. Resposta: A. significativos para o aluno; a de conteúdos
a planos de ensino diferenciados e a
Dentro da escola multicultural, o currículo de avaliação ao uso de instrumentos
deve considerar as singularidades de cada adequados.
aluno.

104/205
Unidade 5
Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual

Objetivos

A partir deste tema, começaremos a entender


cada uma das deficiências que compõem o
público-alvo das propostas de inclusão.
1. Compreender conceitos relacionados às
deficiências;
2. Entender as especificidades da
deficiência visual;
3. Entender as especificidades da
deficiência auditiva (surdez);
4. Entender as especificidades da
deficiência intelectual.

105/205
Introdução

Olá, aluno.
Quando falamos das perspectivas da escola inclusiva e nos referimos às leis do nosso país que
a determinam, como a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008), é necessário que conheçamos quem é o público-alvo dessas ações e
possamos compreender as definições que englobam cada uma das deficiências.
A Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008),
define seus objetivos e seu público-alvo:

Objetiva o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com


deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para
promover respostas às necessidades educacionais. (BRASIL, 2008, p.1)
Para a Convenção de Guatemala (ONU, 1999), ratificada pelo Decreto 3956/2001, temos a
definição de deficiência como sendo:

106/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória
que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais à
vida diária, causada ou agravada pelo ambiente social (BRASIL, 2001, p. 3)
Considerando ainda as definições oficiais do nosso público-alvo e dos conceitos de deficiência,
vejamos agora uma definição interessante dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS/
SNR1989 apud AMARAL, 1998). Nesta definição, a deficiência pode ser classificada a partir de
três componentes, sendo:

Deficiência (impairment) – perda ou anormalidade de estrutura ou função,


ou seja, toda alteração do corpo ou da aparência física, de um órgão ou
função, qualquer que seja sua causa.

Incapacidade (disability) – restrição de atividades em decorrência da


deficiência. Consequência da deficiência em termos de desempenho e
atividade funcional.

107/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Desvantagem (handicap) – condição social do prejuízo resultante da
deficiência ou da incapacidade. Prejuízos que o indivíduo experimenta
devido à sua deficiência e incapacidades, adaptação, interação com o
meio. (OMS/SNR, 1989 apud AMARAL, 1998, p. 24-25).
A partir do estabelecimento prévio desses conceitos, passaremos agora a estudar cada uma
das deficiências, suas principais características e a maneira de atender às necessidades desses
alunos na escola.
Vamos iniciar falando sobre a deficiência visual, suas características e consequências no
processo de escolarização do sujeito. Falaremos, ainda, do Sistema Braille e de outras
tecnologias assistivas que podem auxiliar essas pessoas.

1. DEFICIÊNCIA VISUAL: Cegueira e Baixa Visão

A deficiência visual pode ser dividida em pessoas cegas e que possuem baixa visão. A cegueira
pressupõe a perda de visão, enquanto a deficiência visual se caracteriza por alterações no
sistema visual, que se define a partir da acuidade e do campo visual.

108/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Barraga (1985) define a acuidade visual Estudos demonstram que 80% das
como a capacidade que a pessoa tem informações que recebemos são por via
para definir objetos em uma determinada visual. Assim, a criança cega congênita
distância, já o campo visual relaciona-se tende a ter atraso no seu desenvolvimento
com o grau que o olho é capaz de abranger motor, o que a restringe em relação às
em cada direção. No plano funcional, experiências vividas, podendo levar a
podemos atribuir a definição de deficiência dificuldades na aquisição de conceitos,
visual para aquela criança cujo rendimento desenvolvimento da fala e linguagem,
em aprendizagem e desenvolvimento não desenvolvimento social e cognitivo.
são satisfatórios, a não ser que algumas Para que ela possa se desenvolver
adaptações possam ser realizadas, como o integralmente, é necessário que seja
uso de materiais específicos. estimulada o mais precocemente possível,
Temos, ainda, a definição de baixa visão, nas diferentes áreas do saber, e que
que são considerados os indivíduos que sejam utilizadas estratégias pedagógicas
possuem visão parcial, não corrigida pelo adequadas para sua aprendizagem.
uso de lentes, auxílios ópticos, ambientais e Do ponto de vista pedagógico, é
técnicos. importante observar os seus aspectos
cognitivos e psicomotores, assim como
109/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
suas outras habilidades sensoriais. A social” (Comitê de Ajudas Técnicas – CAT,
criança deverá receber o mais variado 2004).
volume de informações possíveis, em um No caso das pessoas com deficiência visual
ambiente rico em estímulos com qualidade ou baixa visão, as tecnologias podem variar
nas experiências de aprendizagem. desde uma simples bengala a sistemas
Algumas Tecnologias Assistivas (TA) computadorizados complexos. Softwares,
são de fundamental importância para o auxílios visuais, lupas eletrônicas,
desenvolvimento desse aluno, bem como a máquinas e impressoras Braille, entre
introdução do sistema Braille para aqueles outros são necessários na escola para
que têm perda total da visão (cegueira). que o aluno possa ter as mesmas
As TAs englobam produtos, recursos, oportunidades que os outros em seu
metodologias, estratégias, práticas e processo de aprendizagem.
serviços que “objetivam promover a Para o aprendizado do Sistema Braille,
funcionalidade relacionada à atividade e durante o processo de alfabetização, a
participação de pessoas com deficiência, criança já deve ter sido estimulada em
incapacidades ou mobilidade reduzida, relação à sua percepção tátil, domínio da
visando sua autonomia, independência, lateralidade, manuseio da punção e da
qualidade de vida e inclusão reglete, etc. Para isso, atividades corporais
110/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
planejadas são fundamentais desde a
Educação Infantil.
O Sistema Braille foi criado por Louis
Braille, em 1825, e é universalmente
conhecido como um Código ou meio de
leitura para pessoas cegas. Sua estrutura
baseia-se em um sistema de 63 pontos
que representam as letras do alfabeto, os
números, e outros símbolos gráficos.
Para realizar a combinação dos pontos Cela Braille
é utilizada uma cela, com seis pontos
básicos:

111/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


A escrita é realizada por meio de uma reglete e punção, ou ainda através da máquina Braille:
Reglete e punção Máquina Braille

FONTE : <www.assistiva.mct.gov.br>. Acesso em: 10 ago. 2016.

FONTE : <www.civiam.com.br>. Acesso em: 10 ago. 2016.

112/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


A partir do conhecimento dos pontos que
formam cada cela Braille, podemos então Para saber mais
acessar o alfabeto em Braille: Acesse o material disponibilizado pelo MEC que
trata do Atendimento Educacional Especializado
em Deficiência Visual e tenha diversas
informações sobre o assunto. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/aee_dv.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2016.

2. Deficiência Auditiva ou
Surdez?
Diferentemente dos termos deficiência
FONTE : <www.alfabeto.net.br>. Acesso em: 10 ago. 2016.
visual/cegueira que caracterizam graus
diferentes de acuidade, a terminologia
deficiência auditiva ou surdez vem
arraigada de questões muito mais
ideológicas do que referentes à acuidade
auditiva da pessoa.
113/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
O termo deficiente auditivo traz em consequentemente, no desenvolvimento
seu bojo a ideia clínica da deficiência, psíquico, social e educacional.
a necessidade de cura e de que o surdo O diagnóstico da surdez no Brasil ainda
aprenda a falar oralmente. Já o termo é tardio, por volta dos 4 anos de idade
’surdo’, designa uma comunidade cultural e, nesse período, geralmente a criança
e linguisticamente diferente, que tem em fica sem receber o estímulo adequado
seu centro o uso da Língua de Sinais, e que para o seu desenvolvimento. Segundo
busca o respeito às suas diferenças. a Organização Mundial de Saúde, esse
A inclusão do surdo no sistema regular diagnóstico deveria ocorrer até os 6 meses
de ensino é um grande desafio, visto que de idade.
grande parte desses alunos traz consigo Guerra (2005) afirma que o surdo
uma língua diferente da ensinada na escola perde informações importantes do
(GUERRA, 2005). meio e necessita de outros canais para
A surdez na infância, principalmente se desenvolver, e as relações que irá
no período pré-linguístico (antes da estabelecer com o meio e com os outros
aquisição da língua oral), leva a um atraso adultos será determinante para isso.
no desenvolvimento da linguagem e,

114/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Para o desenvolvimento do surdo, e para essa população e determina a inclusão
que tenha uma língua de base para o da disciplina em todos os cursos de
aporte do pensamento, o uso da língua de graduação que formam professores e na
sinais torna-se primordial. Segundo alguns fonoaudiologia, sendo optativa para os
linguistas, a língua de sinais é a língua demais cursos.
natural do surdo, é a única que ele aprende Devemos saber que é uma língua completa,
espontaneamente e de maneira mais fácil. que possui todos os componentes
No nosso país, a lei que reconhece a pertinentes a qualquer língua.
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como
língua nacional é a 10.436/2002, também
conhecida como lei de LIBRAS. (BRASIL,
2002).
Para saber mais
Conheça a Lei de LIBRAS na íntegra, acessando o
Essa legislação estabelece que a Língua
link disponível em: <http://www.planalto.gov.
Brasileira de Sinais “é um meio legal de
br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso
comunicação para a comunidade de
em: 21 jun. 2016.
surdos” (BRASIL, 2002, p.2), garante
atendimento e tratamento adequado a

115/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Voltando à questão da deficiência auditiva, novo. É um dispositivo eletrônico colocado
devemos saber que existem diferentes a partir de um procedimento cirúrgico na
tipos e graus, variando desde o grau leve cóclea (principal órgão da audição) e trará
até o grau profundo. As perdas de grau um ganho auditivo melhor para o surdo.
leve a moderado geralmente acarretam Embora o IC dê uma boa condição auditiva,
na criança um pequeno atraso no ele não é garantia de que a criança irá falar,
desenvolvimento de fala e linguagem, ou mesmo que terá uma boa compreensão
e têm excelentes resultados com o uso da fala, visto que estes são processos
dos Aparelhos de Amplificação Sonora cerebrais diferentes.
Individuais (AASI).
Independente da condição auditiva, é
Os graus de perda auditiva severa importante que a criança desenvolva uma
a profunda trazem dificuldades na língua que dê aporte ao seu pensamento
compreensão da fala, mesmo quando o e a permita desenvolver-se de maneira
surdo faz uso da prótese. Para estes casos, integral. Essa língua deve ser a de sinais.
hoje temos a opção do Implante Coclear (IC). Hoje vivemos a realidade do bilinguismo,
Diferente do que a mídia divulga, o IC não é em que se acredita que o surdo deverá
um ouvido biônico, nem mesmo um ouvido aprender as duas línguas (de sinais e do

116/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


seu país), sendo a de sinais a primeira, e a de verificar as capacidades dos alunos
do seu país, principalmente na modalidade em aprender, antecipando seu sucesso
escrita. ou fracasso escolar. Para isso, desenvolve
Assim, a proposta de educação para essas testes que classificam as crianças em
crianças deve ser de uma escola bilíngue, idade escolar em idiota, imbecil, débil e
e que ela possa contar com profissionais retardada.
como intérpretes de LIBRAS, instrutores e Castanedo (2007) coloca que este é um
professores interlocutores, dependendo do dos conceitos que mais geram polêmica na
nível de escolaridade. Psicologia, visto que parece não haver uma
terminologia adequada para determinar
3. Deficiência Intelectual e uma pessoa que tenha suas capacidades
Inteligências Múltiplas mentais reduzidas ou limitadas.
Um modelo adotado por muito tempo e,
Historicamente, a classificação de pessoas
por vezes, ainda atualmente, é o modelo
a partir do chamado Quociente de
psicométrico, em que a inteligência
Inteligência (QI) começa com Alfred Binet,
é quantificada a partir dos chamados
um psicólogo que, a partir de solicitações
testes de QI. Porém, esta relação entre
das escolas francesas, propõe maneiras
117/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
inteligência e métrica não é tão óbvia, visto ser um constructo complexo para ser designado por
um número.
Devemos ainda saber que os testes de QI enfatizam mais as competências verbais e culturais:
provas de vocabulário, raciocínio, semelhanças, aritmética, etc. (CASTANEDO, 2007)
A dificuldade, portanto, em diagnosticar a deficiência intelectual, tem levado a revisões do seu
próprio conceito. Hoje, teorias psicológicas desenvolvimentistas assumem diferentes posturas,
mas ainda não fecharam um conceito único para esta condição. (GOMES et al, 2007).
Mas, o que é de fato a deficiência intelectual?
A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do
Desenvolvimento (AAIDD):

Caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média


(QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de
habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social,
saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação,
funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de
idade. (AAIDD [s.d.] apud APAE SÂO PAULO [s.d]).
118/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
Isso significa que essa pessoa tem demonstram logo de início que há, ao
dificuldades em realizar atividades que menos, sete inteligências diferentes.
são comuns para outras, bem como Esses estudos fazem com que os testes de
dificuldades para aprender e compreender QI, tão amplamente utilizados, passem a
determinadas coisas. ser questionados, e a busca passa a ser a
Para Gomes (2007, p.15), “a deficiência da descoberta dos talentos individuais,
mental não se esgota na sua condição partindo do pressuposto de que todos têm
orgânica e/ou intelectual e nem pode ser alguma habilidade. (SASSAKI, 2006).
definida por um único saber. Ela é uma Do ponto de vista da escola, compreender
interrogação e objeto de investigação de o ser humano como dotado de diferentes
inúmeras áreas do conhecimento”. habilidades, e não mais sujeito de
Na década de 80, a visão de que há uma inteligência única, muda toda a
uma inteligência única começa a ser compreensão do ensinar e do aprender, e
questionada, e surge a teoria das neste sentido, é necessário que a escola se
inteligências múltiplas, estudos realizados reorganize para atender a todos os alunos.
por um cientista chamado Howard Gardner

119/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


Dentro da perspectiva inclusiva, ao verificar e sem deficiência. Destarte, todos se
quais são as possibilidades e as habilidades sentirão reconhecidos e valorizados em
do aluno, a escola deve “recriar as suas suas capacidades, e respeitados em suas
práticas, mudar suas concepções, rever seu limitações.
papel, sempre reconhecendo e valorizando
as diferenças”. (GOMES, 2007, p.17)
Para isso, o professor necessita trabalhar
dentro de uma proposta educacional
inclusiva, ter o respaldo da direção/
coordenação e o apoio de especialistas,
dentro de uma gestão escolar participativa
e descentralizada.
Assim, entendemos que a criança com
deficiência intelectual na sala de aula, bem
como seu professor, devem ter liberdade
para experimentar maneiras diferentes
de ensinar e aprender. Essa autonomia
deve passar para todos os alunos, com
120/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual
Glossário
Tecnologias Assistivas: É uma área interdisciplinar do conhecimento que engloba recursos,
serviços, produtos, metodologias, etc. voltadas à participação plena das pessoas com
deficiência na sociedade.
Acuidade: Relaciona-se à capacidade de percepção (visual e/ou auditiva) de uma pessoa.
Implante Coclear: Dispositivo eletrônico de alta tecnologia que tem como objetivo substituir a
função das células auditivas da orelha interna.

121/205 Unidade 5 • Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual


?
Questão
para
reflexão

A diversidade está posta na escola, mostrando suas


diversas faces. Dentre essas diferenças, temos alunos
com deficiências, que nos desafiam a cada instante. De
que maneira o gestor pode tornar uma escola de fato
inclusiva?

122/205
Considerações Finais

• A deficiência pode ser classificada a partir de três componentes:


Deficiência (que é a própria deficiência), Incapacidade (limitações que
decorrem da deficiência) e Desvantagem (condição social da limitação).
• 80% das informações que recebemos são por via visual. Assim, a
estimulação o mais precoce possível da criança cega será determinante
para o seu desenvolvimento integral.
• A língua de sinais é a língua natural do surdo, a única que ele pode
aprender espontaneamente. Seu aprendizado é fundamental para
dar aporte ao pensamento, e assim desenvolver-se socialmente e
cognitivamente.
• Acreditar que há uma inteligência única restringe a compreensão de
um constructo tão complexo. A teoria das inteligências múltiplas parte
do pressuposto de que todos têm alguma habilidade, e descobrir as
capacidades individuais também é papel da escola.

123/205
Referências

BARRAGA, N. C. Diminuidos visuales y aprendizaje. Madrid: Once, 1985.


BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 3956 de 08 de outubro de 2001. Brasília, 2001.
______. Casa Civil. Lei 10.436 de 24 de abril de 2002. Lei de LIBRAS Brasília, 2002.
______. Casa Civil. Decreto 5296 de 02 d dezembro de 2004. Comitê de Ajudas Técnicas.
Brasília, 2004.
______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva. Brasília, 2008.
CASTANEDO, C. Deficiência mental: Modelos psicológicos de avaliação e intervenção. In:
GONZÁLEZ, E. et al. Necessidades educacionais específicas. Intervenção Psicoeducacional.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
GONZÁLEZ, E. et al. Necessidades educacionais específicas. Intervenção Psicoeducacional.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
GUERRA. Guerra GR. Escolarização do aluno com deficiência auditiva: estudo comparativo
entre alunos do ensino regular e do ensino especial. São Paulo: Universidade Federal de São
Paulo – Escola Paulista de Medicina; 2005. 93f.

124/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
ONU. Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas de discriminação.
Guatemala, 1999.
SASSAKI, R. A educação inclusiva e as inteligências múltiplas. São Paulo, 2006. Disponível em:
<www.institutoinclusaobrasil.com.br/a-educacao-inclusiva-e-inteligencias-multiplas/>. Acesso
em: 21 jun. 2016.

125/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: Deficiência Visual, Auditiva e Aula 5 - Tema: Deficiência Visual, Auditiva e
Intelectual - Bloco I Intelectual - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/de-
a97b2a89f9b73ee6f3e25f0af711dc2c>. 3a80fd4e5a8dfdce4605512078c2f5>.

126/205
Questão 1
1. Segundo Amaral (1998), a Organização Mundial da Saúde propõe uma
classificação da conceituação de deficiência que pode ser aplicada a vários
aspectos da saúde e da doença, sendo um referencial unificado para a área.
Com base nesta classificação, relacione as colunas e assinale a alternativa
correta:

1.Deficiência A. Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica


ou anatômica, temporária ou permanente.

2. Incapacidade B. Representa a socialização da deficiência e relaciona-se às dificuldades


nas habilidades de sobrevivência.
3. Desvantagem C. Restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para
desempenhar uma atividade considerada normal para o ser humano.

127/205
Questão 1
Assinale a alternativa correta:
a) 1b, 2a, 3c.
b) 1a, 2c, 3b.
c) 1c, 2b, 3a.
d) 1a, 2b, 3c.
e) 1c, 2a, 3b.

128/205
Questão 2
2. Em relação ao desenvolvimento da criança cega congênita, podemos
afirmar que:

a) Não haverá prejuízo importante, visto que os outros sentidos substituirão a visão perdida.
b) Não se desenvolverá integralmente, mesmo que seja estimulada em relação aos outros
sentidos.
c) Deve ser observada em seu desenvolvimento psicomotor, na aquisição de conceitos e da
linguagem.
d) Terá dificuldades importantes e não deverá frequentar sala de aula regular, mas para cegos.
e) Não encontrará nenhuma dificuldade, mesmo que o ambiente não a estimule o suficiente.

129/205
Questão 3
3. Em relação à alfabetização pelo Sistema Braille para a criança cega,
leia as afirmativas abaixo e depois assinale a alternativa correta:

I. A criança cega aprenderá o Braille naturalmente, é inerente à sua condição, não é necessário
nenhum tipo de estímulo específico na etapa pré-escolar.
II. Para o aprendizado do Braille, inicialmente a criança cega deverá ser estimulada em relação à
sua percepção tátil, domínio da lateralidade.
III. Atividades corporais planejadas, que auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal,
são importante para o aprendizado do Sistema Braille.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) I e II.
c) Apenas I.
d) Apenas III.
e) II e III.
130/205
Questão 4
4. A criança surda, para desenvolver-se nos aspectos sociais, cognitivos
e educacionais, deve estar exposta a uma língua que dê aporte ao seu
pensamento. Na perspectiva do bilinguismo, essa aprendizagem deve ser:

a) Apenas língua portuguesa oral.


b) Apenas língua de sinais.
c) Primeiro a língua de sinais e depois a língua portuguesa escrita.
d) Primeiro a língua portuguesa oral e depois a escrita
e) Primeiro a língua portuguesa oral e depois a língua de sinais.

131/205
Questão 5
5. Dentro da perspectiva da educação inclusiva, e tendo um aluno
diagnosticado com deficiência intelectual na escola, a gestão escolar
necessita:

a) Dar o respaldo necessário ao professor, para que tenha autonomia para vivenciar novas
formas de ensinar.
b) Encaminhar o caso para a equipe técnica, que se torna a responsável pelo seu
desenvolvimento.
c) Manter o currículo fixo e inflexível, a criança que deverá adaptar-se às normas da escola.
d) Encaminhar o aluno para a Escola de Educação Especial, pois não pode ficar na sala
comum.
e) Manter-se na sua postura gestora administrativa, não intercedendo junto ao professor.

132/205
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: C.

A deficiência é a alteração apresentada, a Na perspectiva do bilinguismo, a criança


incapacidade são as limitações resultantes deve aprender primeiro a língua de sinais,
desta e a desvantagem é o prejuízo para depois aprender a língua portuguesa
causado pelo social. na sua modalidade escrita.

2. Resposta: C. 5. Resposta: A.

Deve ser observada em seu O gestor deve dar o respaldo necessário


desenvolvimento, pois poderá ter atrasos para o professor atuar de maneira
se não for estimulada adequadamente. autônoma.

3. Resposta: E.

Atividades que desenvolvam aspectos


táteis, de lateralidade e consciência
corporal são fundamentais para o
aprendizado posterior do Sistema Braille.
133/205
Unidade 6
Deficiência Física e Múltiplas

Objetivos

Neste tema, estudaremos um pouco mais


sobre as deficiências físicas e múltiplas,
com exceção do surdocegueira, que vimos
em um tópico à parte.
1. Compreender a etiologia das
deficiências;
2. Conhecer as deficiências físicas;
3. Conhecer as deficiências múltiplas.

134/205
Introdução

Olá, aluno. • Genéticas ou hereditárias;


Neste tema, conheceremos um pouco mais • Infecções (rubéola na gestação e
sobre a deficiência física e as deficiências outras);
múltiplas, mas, antes de entrarmos • Contato com radiação (raio X);
nas questões mais específicas, vamos
compreender um pouco sobre as causas, de • Uso de álcool e drogas na gestação;
maneira geral, das deficiências. • Desnutrição;
As causas das deficiências são diversas e • Etc.
podem estar ligadas à hereditariedade, As causas perinatais são aquelas que
problemas na gravidez e no parto, doenças ocorrem no momento do parto, e podem
infantis e acidentes. Podem ser congênitas ser:
ou adquiridas, e são classificadas de acordo
com o momento da vida da pessoa em que • Fórceps;
ela ocorre. Vamos entender isso melhor. • Prematuridade;
As causas pré-natais são aquelas que • Anóxia neonatal (falta de oxigênio);
ocorrem antes do nascimento da criança,
• Infecções hospitalares.
durante a gestação, e podem ser:

135/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


E, finalmente, temos as causas pós-natais, gravidez e de vacinas que devem ser
que podem ocorrer durante toda a vida da tomadas pelo bebê.
pessoa, como: Além disso, após o nascimento, os
• Doenças degenerativas; bebês considerados de risco devem
ser acompanhados para poderem
• Doenças autoimunes;
ser atendidos, se necessário, o mais
• Doenças como a paralisia infantil ou a precocemente possível.
meningite;
• Acidente Vascular Cerebral; 1. Deficiência Física –
Características e Possibilidades
• Acidentes de maneira geral;
• Violência doméstica e urbana; A deficiência física pode ser definida pela
• Etc. perda total ou parcial da capacidade
motora de um indivíduo. Segundo o
É importante sabermos que muitas
decreto 3298/1999, a deficiência física é
deficiências podem ser evitadas, a partir,
definida como:
principalmente, do acompanhamento
da gestante durante todo o período da

136/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


Art. 4º. – Deficiência Física – alteração completa ou parcial de um ou
mais membros do corpo humano, acarretando comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência do membro, paralisia
cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto
as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o
desempenho das funções. (BRASIL, 1999, p.1)
Vamos entender um pouco sobre toda a terminologia utilizada para definir a deficiência física.
As paresias referem-se a uma paralisia parcial ou incompleta da motricidade de uma ou mais
partes do corpo. Já a plegia é uma paralisia total desse membro.
Os termos utilizados ainda referem-se à quantidade de membros afetados, por exemplo:
Monoplegia – paralisia de um membro.
Hemiplegia – paralisia de um lado do corpo.

137/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


Paraplegia – paralisia da cintura para baixo. Tendo uma base de como classificamos as
Tetraplegia – Paralisia do pescoço para deficiências físicas, vamos pensar agora
baixo, afetando os 4 membros (braços e no nosso aluno. Na escola, diferentes
pernas). diagnósticos de deficiência física serão
encontrados. Teremos alunos com mais
O mesmo raciocínio pode ser feito para ou menos possibilidades de locomoção,
as paresias, sendo: monoparesia (apenas de escrita, e inclusive de fala, visto que
um membro parcialmente paralisado), quando há comprometimento muscular,
hemiparesia (paralisação parcial de um este pode também afetar a fala da criança,
dos lados do corpo), paraparesia (membros que se torna algumas vezes ininteligível.
inferiores parcialmente afetados),
tetraparesia (paralisia parcial dos 4 Schirmer (2007) coloca que é fundamental
membros). que o professor, a partir da cooperação
da gestão escolar, possa ter informações
Segundo Teixeira ([s.d.]) as deficiências sobre o diagnóstico, pois isso o auxiliará
físicas podem ainda ser classificadas em a conduzir o seu trabalho, sempre com o
distúrbios ortopédicos ou neuroilógicos; apoio do professor especialista e demais
permanente ou temporária, progressiva ou áreas da saúde.
não progressiva.

138/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


O principal objetivo da escola deve ser patologia atualmente denominada como
que a criança com deficiência física Encefalopatia Crônica não progressiva ou
possa acessar o conhecimento escolar, da infância. Vamos entender melhor?
interagir com o ambiente que frequenta
em condições adequadas à sua locomoção,
comunicação, conforto e segurança.
Para saber mais
Sobre a paralisia cerebral acessando o site da
(SCHIRMER, 2007).
Associação Brasileira de Paralisia Cerebral.
Para isso, como já vimos em temas Conheça as principais perguntas e respostas
anteriores, o uso de Tecnologias Assistivas sobre o tema. Disponível em: <http://
se faz fundamental. Alguns educandos paralisiacerebral.org.br/saibamais05.php>.
também precisarão de recursos humanos Acesso em: 24 jun. 2016.
diferenciados, dadas as necessidades
de auxílio na locomoção, higiene e Teixeira ([s.d.], p. 3) define a Paralisia
alimentação. Cerebral (PC) como “um distúrbio não
Dentre os casos de deficiência física progressivo da motricidade, que se
incluídos na sala de aula regular que evidencia na motricidade e na postura”.
precisarão de maior atenção e auxílio Para o autor, a PC é causada por uma lesão
estão as crianças com paralisia cerebral, cerebral, que deve ocorrer antes dos 3
139/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas
anos de idade. 86% dos casos de Paralisa pranchas de comunicação, que irão auxiliar
Cerebral são causados por fatores pré e o aluno no seu dia a dia.
perinatais, sendo que apenas 14% são
fatores pós-natais.
O grau de comprometimento das crianças
Para saber mais
Conheça os sistemas de comunicação alternativa
pode variar, desde uma hemiparesia, por
e as Tecnologias assistivas disponíveis acessando
exemplo, até uma tetraplegia. Os alunos
o link disponível em: <http://www.assistiva.
com PC podem apresentar problemas como
com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 22 jun.
sialorréia, distúrbios de fala, distúrbios
2016.
sensoriais ou mentais, entre outros.
Na sala de aula, as adaptações de
2. Deficiências Múltiplas
materiais, mobiliários, equipamentos,
currículo, objetivos e outras devem ser O termo deficiência múltipla é utilizado
realizadas sempre que necessário. sempre que o mesmo indivíduo possui
duas ou mais deficiências associadas,
A criança pode, ainda, necessitar de um
que podem ser de ordem física, sensorial,
sistema de comunicação alternativa,
mental ou de comportamento social.
geralmente realizado com figuras e
(BRASIL, 2006).
140/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas
Para compreendermos essa criança curricular, devemos deixar de lado o
e podermos oferecer um ensino de pensamento centrado em um modelo
qualidade, não basta pensarmos como se médico da deficiência, visão de cura, e
fosse uma somatória de deficiências, ou compreendermos cada aluno a partir de
seja, o comportamento de uma criança é suas necessidades.
diferente da outra, e seu desenvolvimento Para o desenvolvimento integral dos
é heterogêneo. alunos com deficiência múltipla, mais
Em outras palavras, o desempenho de uma vez faz-se necessário o trabalho
uma criança com duas deficiências pode interdisciplinar e intersetorial. Devemos
variar grandemente e o educador deve lembrar que o professor não deve estar
sempre olhar para as suas habilidades e sozinho na sala de aula, e que a ação do
potencialidades. Uma criança surda-cega gestor junto a outras secretarias e setores
não é a somatória de uma criança surda e de é fundamental para o desenvolvimento de
uma cega. Seu comportamento é distinto e um trabalho colaborativo.
sua forma de aprender também será. Brasil (2006, p. 14) levanta a necessidade
Para a inclusão desses alunos, é importante de colaboração entre educação, saúde
que sejam observadas suas necessidades e assistência social em uma ação
de adaptação e/ou suplementação complementar entre os profissionais de
141/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas
diversas áreas do conhecimento, “fornecendo informações e orientações específicas para o
atendimento às peculiaridades decorrentes de cada deficiência”.

A implementação de um projeto para educação inclusiva é uma


tarefa coletiva que demanda vontade política dos gestores e
serviços responsáveis pelos centros de educação infantil, como
também o envolvimento e a participação da família no processo de
desenvolvimento e aprendizagem dos seus filhos. (BRASIL, 2006, p.14)
Quando falamos de crianças com deficiências, especialmente as que têm deficiências
múltiplas, portanto, um maior comprometimento, pensamos em quais são as necessidades
que elas têm para conseguir desenvolver-se no campo educacional. Ouvimos muito falar em
Necessidades Educacionais Especiais, mas o que de fato é isso?
O termo Necessidades Educacionais Especiais, como sinônimo de criança com deficiência, não
é mais utilizado, pois entendemos que todas as pessoas têm algum tipo de necessidade, seja
ela deficiente ou não.

142/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


Mas, este termo, enquanto uma Quando pensamos em uma escola de
característica do aluno, se refere a uma fato inclusiva não há espaço para o
criança que apresenta uma dificuldade fracasso. O que temos são alunos com
maior do que as outras, e que mesmo com ou sem deficiências, que aprendem
o uso de recursos comuns à escola, essa coisas diferentes de maneiras diferentes,
dificuldade se mantém. que possuem ritmos de aprendizagem
É preciso diferenciar do que comumente diversos e que o professor precisa estar
chamamos de fracasso escolar. Aliás, atento às suas necessidades, focando não
há que se questionar o fracasso escolar, suas limitações e dificuldades, mas suas
pois entendendo que a aprendizagem habilidades e potencialidades.
é indissociável do ensino, será que esse Pensar a criança com deficiência
fracasso é do aluno ou da escola? múltipla dentro desse contexto traz a
Será que a escola pode isentar-se da ela possibilidades de amadurecimento,
sua responsabilidade de ensinar e aprendizagem, crescimento. Mas, o que ela
simplesmente atribuir o não aprender ao irá aprender? Aquilo que pode aprender
aluno? naquele momento, visto que terá todo o
respaldo do professor e da gestão escolar
necessário para isso.
143/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas
Glossário
Deficiência Sensorial: Deficiências relacionadas aos sentidos, principalmente auditiva e visual,
mas também podem ser do tato, do olfato ou do paladar
Comunicação Ampliada e Alternativa (CAA): Destina-se a pessoas com necessidades
comunicativas específicas, e pode acontecer com ou sem auxílios externos.
Fracasso escolar: Dimensão dada ao não aprender, geralmente atribuído apenas ao aluno.

144/205 Unidade 6 • Deficiência Física e Múltiplas


?
Questão
para
reflexão

Pensando nos alunos com deficiência física, ou mesmo


deficiência múltipla, que necessitarão de adaptações
de grande porte, qual você acha que é o papel do gestor
na efetivação de uma inclusão de qualidade?

145/205
Considerações Finais
• As causas da deficiência podem ser classificadas a partir do momento
em que ocorrem, sendo pré-natais, durante a gestação; perinatais, no
momento do parto ou pós-natais, durante a vida da pessoa. Podem ainda
ser genéticas ou hereditárias, congênitas ou adquiridas.
• A deficiência física pode ser definida pela perda total ou parcial da
capacidade motora de um indivíduo. As paresias referem-se a uma paralisia
parcial ou incompleta da motricidade de uma ou mais partes do corpo. Já a
plegia é uma paralisia total desse membro.
• O principal objetivo da escola deve ser que a criança com deficiência
física possa acessar o conhecimento escolar, interagir com o ambiente
que frequenta em condições adequadas à sua locomoção, comunicação,
conforto e segurança.
• O termo deficiência múltipla é utilizado sempre que o mesmo indivíduo
possui duas ou mais deficiências associadas, que podem ser de ordem física,
sensorial, mental ou de comportamento social.
146/205
Referências

BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 3298 de 20 de dezembro de 1999. Brasília, 1999.


______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Dificuldades acentuadas de
aprendizagem: Deficiência múltipla. Brasília, 2006.
SCHIRMER, C et al. Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Física. SEESP / SEED/
MEC. Brasília, 2007.
TEIXEIRA, L. Deficiência Física: Definição, classificação, causas e características. [s.d].
Disponível em: <http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/definicao-e-
classificacao-da-deficiencia-fisica.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016.

147/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: Deficiência Física e Múltiplas - Aula 6 - Tema: Deficiência Física e Múltiplas -
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/8e-
e484c401f1a4c711661ab50835e0df66>. a8e3b4f2aec2db8b118cd660665524>.

148/205
Questão 1
1. Em relação às causas das deficiências, podemos afirmar que ocorrem em
diferentes momentos da vida da pessoa, e podem ser classificadas em:

a) Perinatal e pós-natal.
b) Pré-natal, perinatal e pós-natal.
c) Pré-natal, adquirida e congênita.
d) Pré-natal e pós-natal.
e) Adquirida e congênita.

149/205
Questão 2
2. Nas deficiências físicas, nomeamos a condição da pessoa de acordo
com o número de membros afetados e se há paralisação total ou parcial.
Para isso, utilizamos as seguintes nomenclaturas:

a) Paresia – parcial; Plegia – total.


b) Paresia – total; Plegia – parcial.
c) Hemi – parcial; Tetra – total.
d) Tetra – parcial; Hemi – total.
e) Mono – parcial; Bi – total.

150/205
Questão 3
3. Em relação à presença da criança com deficiência física na sala de
aula, e considerando suas necessidades em um contexto inclusivo, leia
as afirmativas abaixo e depois assinale a resposta correta:

I. O professor é o único responsável pela inclusão do aluno na escola.


II. O gestor deve respaldar o professor no atendimento ao aluno.
III. Informações sobre o diagnóstico não devem ser dadas ao professor.
IV. O principal objetivo deve ser o acesso do aluno ao conhecimento.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, III e IV.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III e IV.

151/205
Questão 4
4. Dentre as adaptações necessárias para que a criança com deficiência
física acesse o conhecimento, as que mais auxiliam nos processos de
comunicação são os sistemas:

a) Alfabeto Braille.
b) LIBRAS.
c) Letras móveis.
d) Comunicação alternativa.
e) Escrita eletrônica.

152/205
Questão 5
5. O conceito de deficiência múltipla é utilizado sempre que uma pessoa
apresenta mais de uma deficiência. Com base nesta afirmação, podemos
afirmar que:

a) É uma somatória simples das duas deficiências, mantendo suas características originais.
b) É uma deficiência diferente da soma das originais, heterogênea e diversa para cada
criança.
c) Não existem duas deficiências em um mesmo indivíduo, sempre terá uma só.
d) Só é considerado deficiência múltipla quando uma das duas for sensorial.
e) Só é considerado deficiência múltipla se uma das duas for deficiência física.

153/205
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.

Em relação ao momento da ocorrência, as O acesso à comunicação da criança


causas podem ser classificadas em pré- com deficiência física é a comunicação
natal, perinatal e pós-natal. alternativa.

2. Resposta: A. 5. Resposta: B.

A paresia refere-se a uma paralisação A deficiência múltipla tem características


parcial, enquanto a plegia se refere a uma diferentes da simples somatória das duas
paralisação total. que o sujeito possui, é heterogênea e
diversa para cada criança.
3. Resposta: C.

O gestor deve respaldar o trabalho do


professor, sendo que o principal objetivo é
o acesso deste ao conhecimento.

154/205
Unidade 7
Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira

Objetivos

O objetivo desta aula é tratarmos dos


transtornos globais do desenvolvimento,
entendendo principalmente as
características do autismo, hoje chamado
de Transtorno do Espectro Autista. Além
disso, vamos conhecer aspectos da
surdocegueira.
1. Compreender os transtornos globais
do desenvolvimento;
2. Conhecer o Transtorno do Espectro
Autista;
3. Conhecer a surdocegueira.
155/205
Introdução
Olá, aluno. conhecidos como Transtornos Globais do
Vamos começar a nossa aula nos situando desenvolvimento, esta é uma condição
em relação aos transtornos globais do complexa e de difícil diagnóstico.
desenvolvimento, e como estes estão Geralmente, são de etiologia múltipla e
para a educação inclusiva. Para isso, têm correlação com outros distúrbios e
vamos relembrar a Política Nacional de diferentes concepções teóricas.
Educação Especial na Perspectiva da Para receber esse diagnóstico, os sintomas
educação Inclusiva (2008), que na sua têm que aparecer antes dos 5 anos de
definição de público alvo delimita como idade e as características principais
usuários dão Atendimento Educacional são: dificuldade nas interações sociais,
Especializado (AEE), por exemplo, os alunos alteração no padrão de comunicação e
com deficiência, transtornos globais do interesses restritos.
desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação.
O que são, então, os Transtornos Globais
do Desenvolvimento (TGD)?
Antigamente chamados de Distúrbios
Globais do desenvolvimento, hoje
156/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira
Sonza define os TGD da seguinte maneira:

São consideradas pessoas com TGD aquelas que apresentam “alterações


qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um
repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo”.
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
autismo e psicose infantil. (SONZA, 2010, p.1)
Ainda em relação às causas atribuídas para o desenvolvimento dessa condição, algumas
concepções teóricas indicam serem devido a causas orgânicas, enquanto que outras tratam do
transtorno como problemas na estruturação psíquica. Ainda há aquelas que atribuem aos dois
fatores as dificuldades apresentadas.
Em relação às abordagens terapêuticas, geralmente elas são de ordem comportamental ou
psicanalíticas, cada qual defendendo sua maneira de ver e tratar essas crianças.
A terapia comportamentalista visa o ensino de habilidades sociais, através da promoção
de mudanças no comportamento da criança. Cria estratégias de trabalho que favoreçam o
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos e uma melhor qualidade de vida.
157/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira
Qualquer comportamento que esteja deficitário ou em excesso no
desenvolvimento de um indivíduo e que prejudique seu bem-estar com
o meio é alvo desta intervenção. Para isso, o terapeuta comportamental
deve conhecer a história de vida da criança e propor intervenções. Essas
intervenções são planejadas de acordo com as particularidades de cada
criança. (PROJETO AMPLITUDE, [s.d], p.1)
Na terapia psicanalítica, entende-se que houve uma falha na constituição do sujeito, e que este
aspecto deve ser trabalhado. Para isso, ações em que o mundo seja significado para a criança e
que ela seja significada para o mundo auxiliam neste processo. Respeitar suas escolhas, trabalhar
os seus limites corporais e realizar outras ações que o levem a compreender-se como sujeito.

Para que ocorra este reconhecimento da criança, como sujeito, o analista


tentará trazê-la para a realidade, retirando-a do seu mundo particular,
fazendo com que ela faça parte, interaja e reconheça os outros. O
objetivo do analista é fazer com que a criança venha a ser alguém, ser
sujeito com individualidade, com subjetividade. (DORIA, MARINHO,
PEREIRA-FILHO, 2006, p.9).
158/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira
Como podemos perceber, a maneira
como entendemos a criança com
transtornos globais do desenvolvimento
influencia diretamente na maneira como Para saber mais
a atendemos em suas necessidades, e isso Transtorno do Espectro Autista (TEA) se refere
também ocorre dentro do espaço escolar. a um grupo de transtornos caracterizados
Dentre as alterações mais comumente por um espectro compartilhado de prejuízos
encontradas classificadas como TGD, qualitativos na interação social, associados
temos, além do autismo infantil, e autismo a comportamentos repetitivos e interesses
atípico, algumas síndromes, como restritos pronunciados e passa a ser assim
Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger, denominado a partir do DSM –V e inclui
psicoses infantis, entre outras. Vamos transtorno autístico (autismo), transtorno
conhecer algumas. de Asperger, transtorno desintegrativo da
infância, e transtorno global ou invasivo do
desenvolvimento sem outra especificação.

159/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


1. Autismo Infantil transtorno de desenvolvimento. (COLL,
2010).
O termo autismo vem do grego “autos”,
Hoje, e do ponto de vista das
que significa de si mesmo. Kanner, em
neurociências, sabemos que o
1943, descreveu um grupo de crianças
autismo é um transtorno invasivo do
que apresentavam inabilidade para se
desenvolvimento, ou seja, faz parte do
relacionar com outras pessoas, tendência
indivíduo e de alguma maneira interfere
ao isolamento, falha no uso da linguagem
na sua evolução. Deve se manifestar antes
para a comunicação e uma necessidade
dos três anos de idade e persistir pela vida
extrema de manter-se na “mesmice”.
adulta (HENRIQUES, 2009)
Podemos pensar no autismo visto a
partir de três momentos, o primeiro em
que se acreditava ser um transtorno
emocional, o segundo quando se muda a
imagem científica e também as formas de
tratamento, tirando a ideia de “culpa dos
pais”; e o momento atual, em que é visto
em uma perspectiva evolutiva, como um
160/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira
São quatro as características primordiais para indicar a presença
de autismo: problemas de relacionamento social, dificuldade de
comunicação, interesses restritos e repetitivos e início precoce.
(HENRIQUES, 2009, p.1)
Segundo Harmon (2015) em estudo realizado nos Estados Unidos, observou-se que o cérebro
do autista tem dificuldade de integração, ou seja, que diferentes partes do cérebro trabalhem
juntas. Isto leva a dificuldades em realização de atividades complexas, afetando ainda a
percepção sensorial, os movimentos e a memória.
Pesquisa publicada pela Research Autism, a partir do estudo do eletroencefalograma de crianças
com desenvolvimento dentro do esperado para a idade e crianças com diagnóstico de autismo,
demonstraram que nas crianças com autismo o tempo gasto para integrar dois estímulos (som
e vibração) quando chegavam juntos foi maior do que para as crianças sem autismo.
Delfrate (2009) relata que as crianças com autismo apresentam uma fala de aspecto
telegráfico, sem o uso de elementos de coesão, enunciados curtos e sem estrutura sintática. É
também comum as dificuldades no uso funcional da linguagem, ou seja, dificuldade em engajar
uma conversa, fornecer informações e principalmente em expressar suas ideias.
161/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira
Shwartz e Kindell (2010) apontam que estudos da neuropsicologia têm demonstrado que
indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldades no comportamento
executivo, ou seja, na maneira como planejam ações e resolvem problemas.

A função executiva é um conjunto complexo e dinâmico de processos


neurológicos que permitem que a pessoa planeje efetivamente com
antecedência e que resolva problemas. Ela inclui regulação comportamental
como inibição de resposta, deslocamento de atenção e controle emocional.
Também inclui processos metacognitivos, ou “saber sobre saber” (Ozonoff,
Pennington, Rogers, 1991 apud Schwartz; Kindell, 2010)
Ainda aponta a autora que crianças com dificuldade na função executiva tendem a ser
resistentes às mudanças de rotina, demoram a iniciar uma ação, não generalizam regras ou
informações e têm uma aderência excessiva a regras.

162/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Para saber mais
Vejamos abaixo algumas dicas retiradas das palestras do I CONISENSO – 1º Congresso Online de
Integração Sensorial: Desenvolvimento da Pessoa com TEA para que o aluno com autismo tenha um
melhor aproveitamento e aprendizagem na sala de aula:

• O professor deve ser investigativo, observe quais os estímulos que estão envolvidos em uma
determinada atividade (tátil, visual, auditivo, olfativo e gustativo), e para favorecer o desempenho
otimize o ambiente, isolando desafios para promover o aprendizado;

• Estabeleça com a sala um quadro de rotinas concreto, o aluno com autismo precisa saber antes o que
irá acontecer no dia, principalmente quando houver alguma atividade diferente;

• Observe em qual local da sala ele se sente mais confortável;

• Use objetos de seu interesse, tenha sempre a mão atividades extras que ele goste de fazer;

• Observe se há muitos estímulos visuais, e se estes estão tirando a sua atenção;

• Oriente as outras crianças em como se aproximar do amigo com autismo, muitos não gostam de ser
tocados;

163/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Para saber mais
• Ajude a criança a realizar as atividades, mas nunca faça por ela;

• Padronize os limites, minimize os comportamentos indesejados oferecendo reações mínimas e


explicando que tais atitudes não a farão conseguir o que quer;

• Fale sempre com calma e paciência.

2. Surdocegueira

A surdocegueira caracteriza um indivíduo que apresenta deficiência visual e auditiva,


denominado surdo-cego. Como vimos nas deficiências múltiplas, não é uma simples somatória
de duas deficiências, o indivíduo surdo-cego possui características peculiares à sua condição,
e requer métodos especiais para desenvolver sua comunicação e desenvolver-se para suas
funções cotidianas.

164/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Uma pessoa que tenha deficiências visuais e auditivas de um grau de
tal importância, que esta dupla perda sensorial cause problemas de
aprendizagem, de conduta e afete suas possibilidades de trabalho, é
denominada surdocega”. (OSLON, 1995)
Reis (2013) nos coloca que a surdocegueira pode ser classificada quanto ao tipo, ao nível de
linguagem e a causa.
Em relação ao tipo, pode ser:
• Cegueira congênita e surdez adquirida;
• Surdez congênita e cegueira adquirida;
• Cegueira e surdez congênita;
• Cegueira e surdez adquirida;
• Baixa visão com surdez congênita;
• Baixa visão com surdez adquirida (REIS, 2013, p. 1).

165/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Em relação ao nível de linguagem, Interesses Individuais: O interesse
esta pode ser classificada em pré- das crianças deve estar baseado
linguística (a surdocegueira ocorreu na interação física através do
antes do desenvolvimento de linguagem) estabelecimento de rotinas de jogo,
ou pós-linguística (ocorreu após o onde seja possível a imitação de
desenvolvimento da linguagem). E, em comportamentos com ou sem intenção.
relação a causa, pode ser pré-natal, Compensar a perda dos sentidos à
perinatal ou pós-natal. (REIS, 2013) distância: A habilidade individual para
Serpa (2004) relata que no explorar encontra-se limitada pela
desenvolvimento da criança surdocega perda sensorial. Para alcançar este fim,
a maior ênfase deve ser dada para a sua podem ser estabelecidas estratégias
comunicação, visto que esse é o ponto de com posições que impliquem o contato
partida para a aprendizagem. Para isso, a corporal com os pares comunicativos,
autora descreve uma série de estratégias assim como a manipulação do
que podem ser utilizadas em uma ambiente com pequenos movimentos,
o que implica ajudar a criança no
comunicação não simbólica. Conforme o
reconhecimento de pessoas familiares
quadro a seguir:
através da exploração tátil e visual.

166/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Responder às tentativas de Criando a necessidade de se comunicar:
comunicação: As crianças realizam Se nada positivo acontece como
tentativas de comunicação através de resultado dos esforços comunicativos
formas muito simples, em alguns casos ou se todas as necessidades ou desejos
imperceptíveis, como uma mudança na do estudante são proporcionados sem
tensão muscular, um movimento dos esforço ou pedido, devem ser criadas
olhos ou de uma mão; essas tentativas situações em que a criança tenha que
devem ser respondidas. interagir para poder participar e obter a
atividade desejada.
Consistência: as rotinas consistentes e
Estabelecer uma vizinhança
estruturadas ajudam a criança surdocego
cooperativa social: Muitas crianças
e multideficiente a antecipar os próximos
não são consideradas pelos outros
eventos. As interações devem ser
dentro do seu ambiente e isso diminui as
consistentes, tanto nas rotinas como nas
oportunidades para interagir. Estabelecer
formas de comunicação. categorias individuais para o ensino pode
inadvertidamente diminuir a interação
social e comunicacional.
Fonte: Adaptado de (SERPA, 2004, p. 3)

167/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Algumas pessoas surdocegas desenvolvem Vamos conhecer um pouco de cada um
uma forma de comunicação baseada na desdes sistemas.
percepção tátil, como a LIBRAS tátil, em Reis (2013) explica que o LIBRAS tátil é uma
que a língua de sinais é adaptada ao tato adaptação da Língua de Sinais para o cego.
e o Tadoma. Há, ainda, outros métodos Ele é realizado com a mão do surdocego
que podem ser utilizados, como o sistema sobre as mãos do interlocutor.
Braille, o Braille digital, o alfabeto em
LIBRAS (digitado na mão da pessoa), a O Sistema Braille é o mesmo utilizado para
escrita alfabética na palma da mão. os cegos, e no Braille digital é utilizado o
próprio corpo da pessoa para determinar os
Porém, esta ainda é uma área pouco pontos na palma da mão (dedo indicador e
desenvolvida. Poucos profissionais médio). (REIS, 2013)
dominam o conhecimento em relação
aos instrumentos de comunicação do A autora ainda explica que o alfabeto dos
surdocego. Reis (2013) salienta que a surdos (LIBRAS dactilológico) e a escrita
surdocegueira é uma deficiência única, alfabética na palma da mão registram as
singular, com características próprias e letras na palma da mão da pessoa, que
específicas. poderá interpretar a palavra a partir da
soletração.

168/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Já o Tadoma é um método que utiliza a percepção das vibrações produzidas no ato de falar, a
pessoa surdocega coloca sua mão nos lábios, bochecha, mandíbula e garganta do interlocutor.

Em todas as possibilidades, as mãos tornam-se elemento chave para que


o ato de comunicar seja concretizado de forma plena e eficaz. Diante do
exposto, é inegável que as mãos exercem para o surdocego o relevante
papel de transmissor de informações, possibilitando a construção do
conhecimento e seu desenvolvimento enquanto cidadãos. (REIS, 2013, p. 3)

Pensando no aluno surdocego na sala de aula, mais uma vez iremos nos reportar à necessidade
de adaptações, de tecnologias assistiva, de o professor e o gestor terem um olhar diferenciado
para as necessidades deste aluno.
Um ambiente físico adequado, posturas e atitudes positivas frente ao aluno e formas
diferenciadas de comunicação irão auxiliar o desenvolvimento integral da criança e
proporcionar sua aprendizagem.

169/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Para saber mais
Assista Ao Filme “O milagre de Anne Sullivan”,
a história real de uma menina surdocega,
Helen Keller, que por meio de sua professora
consegue compreender o mundo que a cerca.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=9Zqn_pHoni0>. Acesso em: 24 jun.
2016.

170/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


Glossário
Deficiência Congênita: O indivíduo já nasce com a deficiência, tem causas pré-natais.
Deficiência Hereditária: Há outros casos na família com a mesma deficiência, é passado dos
pais para o filho.
Deficiência Adquirida: É adquirida no decorrer da vida da pessoa por diversas causas, como
doenças, acidentes, etc. Tem causa pós-natal.

171/205 Unidade 7 • Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira


?
Questão
para
reflexão

Pensando na inclusão de alunos com surdocegueira


e transtornos globais do desenvolvimento, tendo em
vista os comprometimentos por eles apresentados
e a necessidade de um ambiente físico adequado,
posturas positivas por parte dos educadores e formas
diferenciadas de comunicação, como você, enquanto
gestor, se coloca frente a essas necessidades?

172/205
Considerações Finais (1/2)

• Transtornos Globais do Desenvolvimento referem-se a uma condição


complexa e de difícil diagnóstico. Para assim serem considerados,
os sintomas devem aparecer antes dos 5 anos de idade e envolver
dificuldades na interação social, dificuldades na comunicação, área de
interesse restrito.
• O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, interfere na
evolução do indivíduo e pode ser explicado a partir de diferentes teorias.
Para esse aluno, é importante que sejam determinadas rotinas em sala
de aula, que se respeite suas dificuldades e minimize os comportamentos
inadequados.
• Os indivíduos com surdocegueira apresentam diferentes níveis de visão
e audição, portanto terão desenvolvimentos diferentes. A comunicação
é a principal área a ser trabalhada, visto que é a porta de entrada para a
aprendizagem.

173/205
Considerações Finais (2/2)
• O tato será o principal sentido a ser utilizado na comunicação, daí a
importância das mãos da pessoa surdocega. Métodos de comunicação
como LIBRAS tátil, Tadoma, Braille e Braille digital, entre outros, facilitarão
o aprendizado do aluno surdocego.

174/205
Referências

COLL, C. Desenvolvimento Psicológico e Educação. São Paulo: Artmed, 2010.


DELFRATE, Christiane de Bastos; SANTANA, Ana Paula de Oliveira  and  MASSI, Giselle de
Athaíde. A aquisição de linguagem na criança com Autismo: um estudo de caso. Psicol.
estud. [online]. 2009, vol.14, n.2 [cited  2015-06-04], pp. 321-331.
DORIA, N.G.D.M.; MARINHO, T.S; PEREIRA-FILHO, U.S. O autismo no enfoque psicanalítico. 2006.
Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0311.pdf>. Acesso em 24 jun. 2016
HARMON, K. Autismo pode retardar habilidade do cérebro de integrar informações. Scientific
American Brasil. 2015.
HENRIQUES, S. Autismo. Disponível em: <www.neurociências.org.br>. Acesso em: 04 jun. 2015.
OLSON, S. Surdocegueira. Apresentação na “A surdez: um mundo de encontro”, Santa Fé de
Bogotá, 1995.
PROJETO AMPLITUDE. Terapia Comportamental. Disponível em: <http://www.
projetoamplitude.org/tratamentos/terapia-comportamental/>. Acesso em: 24 jun. 2016.

REIS, A. R. S. A língua de sinais tátil como comunicação e inclusão da pessoa surdocega.


2013. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/37672/a-lingua-
de-sinais-tatil-como-comunicacao-e-inclusao-da-pessoa-surdocega>. Acesso em: 26 jun. 2016
175/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
SCHWARTZ, M; KINDELL, L. Transtornos do espectro autista e a importância de estrutura.
Altitude: Partnering with Families, 2010. Traduzido por Ana Maria Serrajordia Ros de Mello e
Rebeca Costa e Silva.
SERPA, X. Comunicación para Persona Sordociegas. Bogotá: Instituto Nacional para Cegos,
2002. Traduzido por Miriam Xavier de Oliveira.

176/205 Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo
Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Transtornos Globais do Desenvol- Aula 7 - Tema: Transtornos Globais do Desenvol-
vimento – Autismo e Surdo Cegueira - Bloco I vimento – Autismo e Surdo Cegueira - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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b6ca9d8dddd1085955452a055f7b260c>. 1d/335bec30a186f810155ab019cdd8c29b>.

177/205
Questão 1
1. Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são condições
complexas e de difícil diagnóstico. Sabemos que interferem no
desenvolvimento da interação social e da comunicação da criança. Para
serem assim diagnosticados, os sintomas devem ter aparecido:

a) Em qualquer idade.
b) Até os 3 anos de idade.
c) Até os 5 anos de idade.
d) Desde o nascimento.
e) Até os 10 anos de idade.

178/205
Questão 2
2. O atendimento precoce das crianças diagnosticadas como TGD é
fundamental para um melhor desenvolvimento integral. Dentre as
abordagens terapêuticas, destacamos a abordagem comportamental,
que se caracteriza por:

a) Realizar ações para a constituição do sujeito.


b) Inibir comportamentos sociais inadequados.
c) Trabalhar as capacidades cognitivas e sociais.
d) Determinar o grau de inteligência e autonomia.
e) Realizar ações com a família para inclusão social.

179/205
Questão 3
3. As crianças com autismo têm alguns comportamentos típicos da
própria condição. Têm dificuldades relativas às funções executivas, que
fazem com que:

a) Gostem de mudanças de rotina.


b) Generalizem regras e informações.
c) Tenham boa interação social.
d) Resistam a mudanças de rotina.
e) Tenham um bom padrão comunicativo.

180/205
Questão 4
4. A surdocegueira é uma deficiência múltipla, que envolve déficits
auditivos e visuais em um mesmo indivíduo. Em relação à essa patologia,
leia as afirmativas a seguir e depois assinale a alternativa correta:

I. Todos os indivíduos surdocegos apresentam perda auditiva e visual total.


II. O nível de perda auditiva e visual pode variar conforme o indivíduo.
III. O desenvolvimento da comunicação é fator primordial para a aprendizagem do aluno
surdocego.
Estão corretas as alternativas:
a) I, II e III.
b) I e III.
c) Apenas I.
d) Apenas III.
e) II e III.

181/205
Questão 5
5. Algumas formas de comunicação podem ser disponibilizadas para
o aluno surdocego, sempre levando em consideração o uso do tato,
através das mãos. O tipo de comunicação que é realizado com as mãos
do surdocego sobre as mãos do interlocutor é:

a) LIBRAS tátil.
b) Tadoma.
c) Braille.
d) Braille digital.
e) LIBRAS dactilológico.

182/205
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.

Para ser considerado TGD, os sintomas O nível da perda auditiva e visual variam de
devem aparecer até os 5 anos de idade. acordo com o indivíduo, e a comunicação é
fundamental para a aprendizagem.
2. Resposta: B.
5. Resposta: A.
A terapia comportamental busca inibir os
comportamentos sociais considerados O método de comunicação em que o
inadequados. surdocego apoia suas mãos sobre as mãos
do interlocutor é o LIBRAS tátil.
3. Resposta: D.

As crianças com autismo tendem a resistir


a mudanças que acontecem na rotina.

183/205
Unidade 8
Altas Habilidades e Superdotação

Objetivos

O estudo deste tema nos levará a


compreender que o aluno com altas
habilidades ou superdotação também é um
desafio para escola, e também precisa ser
incluído em diversos aspectos.
1. Compreender aspectos relativos às
altas habilidades /superdotação;
2. Conhecer o processo de inclusão
destes alunos;
3. Desmitificar alguns conceitos.

184/205
Introdução

Olá, aluno. com altas habilidades possuem algumas


Neste tema, trataremos das altas características peculiares e, muitas vezes,
habilidades e superdotação, também pela falta de estímulo recebido na escola
público-alvo da nossa política de inclusão, e em casa, também podem apresentar
e tentaremos compreender que esses baixo rendimento escolar, desinteresse nos
alunos, embora possuam inteligência estudos e comportamento inadequado.
acima da média, também apresentam Algumas vezes, podem ser confundidos
necessidades que devem ser atendidas pela com crianças hiperativas ou com déficit
escola, e se tornam um grande desafio. de atenção, e se sentem frustrados e
Geralmente, quando pensamos em decepcionados por não serem atendidos ou
inclusão, pensamos nas crianças que têm compreendidos. (APAHSD, [s.d.])
deficiências, dificuldades para aprender, Dentro da legislação vigente, alguns
e muitas vezes passa despercebida a artigos contemplam as questões
população que também precisa ser relacionadas à esta condição. A Lei de
atendida em suas especificidades. Diretrizes e Bases – LDB (BRASIL, 1996), em
Segundo a Associação Paulista de Altas seu art. 58 determina:
Habilidades (APAHSD [s.d.]), as crianças

185/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.  (Redação dada
pela Lei nº 12.796, de 2013)
Ainda na LDB, em seu art. 59, há garantias em relação a adaptação de “currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organização específica para atender às suas necessidades”
(BRASIL, 1996).
Segundo Fleith (2007, p. 14), a superdotação é caracterizada “pela elevada potencialidade
de aptidões, talentos e habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de
atividade do educando”. Contudo, para assim serem consideradas, é necessário que haja
constância dessas aptidões e um nível expressivo de desempenho.
A Política Nacional de Educação Especial (1994) define como altas habilidades/superdotação
os alunos que apresentam desempenho e elevada potencialidade em algum dos aspectos
abaixo mencionados, podendo esses estar ou não combinados: capacidade intelectual geral;
aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança;
186/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação
talento especial para artes e capacidade Estudos estatísticos apontam que 3 a 5
psicomotora. (BRASIL, 1994) % da população apresentam potencial de
Não podemos pensar as pessoas com aprendizagem acima da média esperada
altas habilidades/superdotação como para a idade e isso ocorre em vários
um grupo homogêneo, porém, algumas contextos sociais. O desafio da escola, em
características parecem ser típicas e relação a essas pessoas, é oportunizar o
podem ser ressaltadas no sentido de desenvolvimento de suas performances e o
compreendermos melhor essas pessoas. aperfeiçoamento de suas potencialidades
(BRASIL, 2006).
Alencar e Fleith (2001) ressaltam como
características uma grande curiosidade No Brasil, a superdotação ainda é vista
em relação a diversos fatores; tendência como um fenômeno raro, e muitas ideias
a terem iniciativas próprias e a perseguir equivocadas são difundidas popularmente.
interesses individuais; originalidade em sua “Ignorância, preconceito e tradição
expressão oral e escrita; talento incomum mantêm viva uma série de ideias que
para áreas como artes, dança, música, interferem e dificultam uma educação
teatro, desenho e outras; flexibilidade de que promova um melhor desenvolvimento
pensamento; aprendizado rápido, fácil e do aluno com altas habilidades”. (FLEITH,
eficiente; entre outras. 2007, p. 15)
187/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação
1. Superdotação na Escola, na emocionalmente não representa todo o
Família e na Sociedade universo da superdotação. (BRASIL, 2006).
Ainda segundo o texto, embora este perfil
Para iniciar este tópico, vamos entender a possa existir, o que iremos encontrar, na
superdotação como a apresentação, por verdade, são crianças curiosas e ativas,
uma pessoa, de padrões de desempenho que buscam resposta e questionam e que
superiores ao esperado para a sua faixa apresentam desempenho superior em uma
etária e contexto social. ou mais áreas do conhecimento.
A identificação desses indivíduos é de A família pode ter uma participação
suma importância para que possam ter importante na identificação da criança
o atendimento das suas necessidades, superdotada, através de alguns sinais
potencializando seu desempenho e percebidos antes dos 5 anos de idade. A
aperfeiçoando suas capacidades. identificação precoce é fundamental para
Pensar que a criança superdotada é aquela que a estimulação seja adequada.
que apresenta destaque em várias áreas, Alguns destes sinais referem-se ao
tem desempenho muito elevado nas desenvolvimento motor antecipado
áreas curriculares, é adequado e ajustado (sentar, engatinhar, andar), falar cedo e

188/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


ter um vocabulário acima do esperado o superdotado não é necessariamente um
para a sua idade, atenção e memória bem “gênio” deve ser difundida e compreendida.
desenvolvida, preferência por novidades. Em um estudo realizado com as famílias
(BRASIL, 2006) de crianças superdotadas, percebeu-
A escola, por outro lado, deve observar se que essas famílias são centradas no
se há alto desempenho em uma ou mais filho, apresentam ambientes ricos em
áreas, a fluência verbal ou o vocabulário experiências e são capazes de combinar as
extenso, desempenho elevado nas expectativas que possuem com estímulo e
atividades escolares, baixo limiar de educação adequadas (WINNER, 1998).
frustração, envolvimento e atenção em São famílias que interagem com
alguma atividade em especial, resistência as crianças, respondendo a seus
em seguir regras, originalidade de ideias. questionamentos, discutindo ideias e
(BRASIL, 2006) propondo atividades de leitura constantes.
A ideia de que a criança com superdotação Winner (1998) destaca que os valores
tenha características de gênio, faz com culturais e a prioridade dada à educação
que as famílias, muitas vezes, questionem são determinantes para o desenvolvimento
este diagnóstico. A compreensão de que de crianças superdotadas.

189/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


Se as condições familiares e educacionais que a pessoa com altas habilidades/
forem inadequadas, a criança, mesmo que superdotação desenvolva toda a
tenha um potencial maior, dificilmente irá sua potencialidade. Muitas crianças
desenvolvê-lo. superdotadas não se tornam adultos
produtivos.
2. Refletindo Sobre a Isso pode ocorrer devido a questões como
Superdotação características pessoais, contexto familiar
e educacional, que podem levar, inclusive, a
Vários mitos cercam o conceito de
um baixo desempenho escolar.
altas habilidades e superdotação. Para
desmitificar esta condição, usaremos como O aluno superdotado muitas vezes é
referência Fleith (2007). deixado de lado no sistema de ensino,
que é pensado para o aluno médio e
A. O SUPERDOTADO SEMPRE
abaixo da média. Os professores sentem-
TEM RECURSOS INTELECTUAIS
se ameaçados por esses alunos, que são
NECESSÁRIOS PARA DESENVOLVER-SE
questionadores, se sentem inseguros
POR CONTA PRÓPRIA
em relação ao processo de ensino-
Apesar desta crença, apenas um ambiente aprendizagem.
estimulante não é o suficiente para
190/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação
B. O SUPERDOTADO SEMPRE TEM UM conflitos, excessiva pressão, pouco apoio,
EXCELENTE RENDIMENTO ACADÊMICO etc.; fatores educacionais, como métodos
Esta ideia, que o superdotado sempre será centrados no professor; procedimentos
o melhor aluno da sala, embora muito docentes rígidos e ainda fatores da
disseminada, nem sempre será verdadeira. sociedade, como uma cultura anti-
Muitas vezes observa-se uma discrepância intelectualista, rótulos como “nerd” ou
entre o potencial e o desempenho real. “cdf”, valorização da beleza física frente à
inteligência associam-se como causas do
Atitudes negativas frente à escola, ao baixo rendimento de alunos superdotados.
currículo e aos métodos utilizados, baixas
expectativas do professor, pressões C. A PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS
exercidas por colegas no sentido de ESPECIAIS PARA CRIANÇAS COM ALTAS
cobrar que seja sempre o melhor, podem HABILIDADES FORTALECE A VAIDADE E
influenciar negativamente no desempenho A ARROGÂNCIA DO ALUNO
do aluno. Diferentemente do que se diz, o
Fatores individuais, como baixa atendimento educacional especializado,
autoestima, ansiedade, perfeccionismo, quando de boa qualidade, produz
entre outros; fatores familiares, como alunos satisfeitos com seu desempenho
acadêmico, favorecimento das propostas
191/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação
curriculares, crianças mais ajustadas Porém, pesquisas demonstram que os
socialmente e emocionalmente. benefícios para o aluno, quando este
Alguns gestores equivocadamente processo é bem conduzido, levando em
defendem que os programas para crianças conta todas as suas características, e
com altas habilidades não merecem não apenas as intelectuais, tornam-se
investimento, visto que há diversas benéficos para a criança.
crianças com dificuldades e deficiências E. O SUPERDOTADO TEM
que têm uma necessidade maior desse PREDISPOSIÇÃO A APRESENTAR
recurso. PROBLEMAS SOCIAIS E EMOCIONAIS
D. A ACELERAÇÃO DOS Diferente do que se pensam, muitos
SUPERDOTADOS TRAZ MALEFÍCIOS alunos superdotados possuem não
Preconceitos de pais e professores em só uma inteligência superior, como
relação aos programas de aceleração, um melhor ajustamento emocional e
que oferecem um ritmo mais rápido de social. Entretanto, os de inteligência
aprendizagem e possibilitam o ingresso excepcionalmente superior tendem a
do aluno antecipadamente nas séries enfrentar um maior impacto neste sentido.
escolares, dificultam o acesso dos alunos
com superdotação.
192/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação
Essas dificuldades costumam ocorrer Lembrar, também, que essas crianças
quando não há oportunidade para que são público-alvo da Política Nacional
eles interajam com os colegas, são pouco de Educação Especial na Perspectiva da
estimulados pelo currículo oferecido pela Educação Inclusiva (2008) e, assim sendo,
escola ou não encontram na família e na devem ser atendidas pelo Atendimento
sociedade o apoio necessário para o seu Educacional Especializado (AEE) e estarem
desenvolvimento. incluídas na escola, em todos os sentidos.
A escola tem um grande desafio frente A participação do gestor é fundamental
a esses alunos, e deve contar com o para que esse processo ocorra
apoio de especialistas, em colaboração adequadamente.
intersetorial e interdisciplinar para atender
às necessidades dessas crianças.
Deve lembrar que as adaptações
curriculares também devem ser feitas
nesses casos, no sentido de suplementar o
currículo e ampliar o processo de ensino-
aprendizagem.

193/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


Glossário
Potencial de desenvolvimento: Capacidade da pessoa se desenvolver, pode ou não ocorrer,
dependendo do estímulo do ambiente.
Desenvolvimento real: o que foi possível desenvolver a partir dos estímulos recebidos.
Capacidade intelectual: nível de inteligência da pessoa, geralmente medido a partir de testes
de QI.

194/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


?
Questão
para
reflexão

Qual é o papel do gestor junto ao professor e a família


frente à suspeita de um aluno com altas habilidades/
superdotação na sala de aula?

195/205
Considerações Finais
• As crianças com altas habilidades/superdotação também são público-
alvo das políticas de inclusão, visto que precisam ser atendidas em suas
necessidades.
• A superdotação caracteriza-se por uma elevada potencialidade de
talentos, aptidões e habilidades, havendo uma constância e estando o
indivíduo acima do esperado para sua faixa etária e contexto social.
• A identificação precoce dessas crianças é fundamental para que tenham
um acompanhamento adequado. Para isso, a família pode colaborar
estando atenta aos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor. A escola
também deve observar crianças que rendem acima do esperado para sua
idade.
• Muitos mitos cercam as pessoas com altas habilidades. Entre eles, os que
seriam sempre os melhores alunos da sala e se transformariam em gênios.
Muitas crianças superdotadas tornam-se adultos improdutivos pela falta
de estímulo adequado na escola e em casa.
196/205
Referências

ALENCAR, E.M.L.S. & FLEITH, D.S. Superdotação: determinantes, educação e ajustamento. São
Paulo: EPU, 2001.
ASSOCIAÇÂO Paulista para altas habilidades / Superdotação. Características do AH. [s.d.].
Disponível em: <http://apahsd.org.br/caracteristicas-dos-alto-habilidosos/>. Acesso em: 26
jun. 2016.
BRASIL. Ministério da educação. Polícia Nacional de Educação Especial. Brasília, 1994.
______. Ministério da educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9394/1996. Brasília,
1996.
______. Ministério da Educação. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências
para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/
superdotação. 2. ed. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 143 p. (Série :
Saberes e práticas da inclusão)
FLEITH, D. S. (org). A construção de práticas educacionais para alunos com altas
habilidades/superdotação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, 2007.
WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

197/205 Unidade 8 • Altas Habilidades e Superdotação


Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Altas Habilidades e Superdota- Aula 8 - Tema: Altas Habilidades e Superdotação
ção - Bloco I - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
e7eb6b0803c71a0d1aa97bffb4afb3b3>. c83006c9569749fe04849b02e5936047>.

198/205
Questão 1
1. Na perspectiva da educação inclusiva, de acordo com a legislação
vigente, e em relação aos alunos com altas habilidades/superdotação,
podemos afirmar que:

a) Fazem parte do público-alvo das políticas públicas de inclusão.


b) Devem ser atendidos em sistema educacional à parte dos outros alunos.
c) Não possuem necessidades específicas, visto que são autônomos para aprender.
d) Não têm direito ao Atendimento Educacional Especializado por não terem deficiência.
e) São excluídos do sistema educacional, devendo aprender individualmente.

199/205
Questão 2
2. Sabemos que o aluno com altas habilidades/superdotação é aquele que
apresenta inteligência acima da média das crianças da sua faixa etária,
com um elevado potencial para desenvolver-se nas áreas acadêmicas,
artísticas, entre outras. Leia as afirmativas a seguir e depois assinale a
alternativa correta:

I. Todos os alunos com superdotação serão os melhores alunos da sala.


II. O desenvolvimento de suas potencialidades irá depender dos estímulos recebidos.
III. O aluno superdotado não necessita de adaptações que favoreçam seu desenvolvimento.
As afirmativas corretas são:
a) I, II e III.
b) II e III.
c) I e III.
d) Apenas II.
e) Apenas III.
200/205
Questão 3
3. Para a identificação do aluno superdotado, a escola e a família devem
estar atentas ao seu desenvolvimento, principalmente ao perceberem
que está além das outras crianças da sua faixa etária. Em relação à essa
identificação, podemos afirmar que:

a) Não é importante, visto que o aluno se desenvolverá de qualquer maneira.


b) Só poderá ser realizada após o processo de escolarização formal.
c) É fundamental para que tenha os estímulos adequados ao desenvolvimento.
d) Só poderá ser feita pela escola, a família não tem meios para esta observação.
e) Atrapalha o desenvolvimento da criança, que se tornará arrogante.

201/205
Questão 4
4. Estudos demonstram que a família pode ter uma participação positiva
ou negativa no desenvolvimento das crianças com superdotação. Em
relação a isso, podemos afirmar que:

a) A criança irá se desenvolver independente da participação da família, visto que é


superdotado.
b) Se as condições familiares forem inadequadas não haverá desenvolvimento das
potencialidades.
c) O apoio familiar não é fator determinante para o desenvolvimento da criança.
d) Toda família é suficientemente boa para desenvolver as potencialidades do filho.
e) O desenvolvimento das potencialidades depende dos estímulos escolares, não familiares.

202/205
Questão 5
5. Em relação aos mitos e verdades que cercam a condição de superdotação,
leia as afirmativas a seguir e assinale V para verdadeiro e F para falso.
Depois, assinale a alternativa correta:

( ) Todo superdotado irá se transformar em um gênio,visto sua inteligência.


( ) Nem todo superdotado desenvolverá suas potencialidades, o que dependerá do ambiente.
( ) Os alunos com superdotação se saem bem em tudo e são os melhores da sala.
( ) Toda criança superdotada será desajustada do ponto de vista social e emocional.
Assinale a alternativa correta:
a) F, F, V, V.
b) V, V, F, F.
c) F, V, F, V.
d) F, F, F, V.
e) F, V, F, F.

203/205
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: B.

Os alunos com altas habilidades/ Se as condições familiares forem


superdotação fazem parte das políticas inadequadas não haverá desenvolvimento
nacionais de inclusão. das potencialidades.

2. Resposta: D. 5. Resposta: E.

O desenvolvimento de suas potencialidades O desenvolvimento das potencialidades


dependerá dos estímulos recebidos, dependerá do ambiente, nem todos serão
nem sempre serão os melhores da sala e gênios ou os melhores de sua turma.
necessitarão de adaptações. Muitos não têm problema de ajuste social
ou emocional.
3. Resposta: C.
A identificação é fundamental para que a
criança receba os estímulos adequados e
possa desenvolver suas potencialidades.

204/205

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