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3ª TURMA EXTENSIVA
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LEGISLAÇÃO PENAL
CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90)
LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340/06)
CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/97)
(item 1)

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Sumário

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ....................................................................................4

CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90) .............................................................5


1. DOUTRINA (RESUMO) ..............................................................................................5
2. LEGISLAÇÃO APLICADA.......................................................................................49
3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .............................................................................52

LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340/06) ........................................................62


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1. DOUTRINA (RESUMO) ............................................................................................62
7-
53

2. LEGISLAÇÃO APLICADA.......................................................................................91
3.

3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ...........................................................................100


33
4.

CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/97) ..........................................................115


12

1. DOUTRINA (RESUMO) ..........................................................................................115


2. LEGISLAÇÃO APLICADA.....................................................................................142
3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ...........................................................................143
4. CADERNO DE QUESTÕES ....................................................................................149
4.1 COMENTÁRIOS .............................................................................................151

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Olá caros alunos! Sejam bem vindos ao início do estudo de legislação penal especial (ou
extravagante) da terceira turma extensiva para delegados de polícia do Curso MEGE. É com
muita sa sfação que lhes apresentamos o Ponto 01 do edital da disciplina, onde teremos a
oportunidade de estudar temas importan ssimos correlatos à Lei de Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) e Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97).
Desde já registramos que as leis em epígrafe estão presentes em pra camente todos
os concursos públicos para o cargo de delegado de polícia, em especial para delegados de polícia
estadual. Jus fica-se a presença das respec vas legislações nas provas para o cargo pelo fato de
se relacionarem a fatos recorrentes da vida social, que dioturnamente são verificados nas
delegacias de polícia e Centrais de Flagrantes das Polícias Civis de todo o Brasil.
Especificamente quanto à Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), apesar de conter
poucos disposi vos em seu corpo norma vo, se trata de uma legislação mul disciplinar,
versando sobre ins tutos que transpõem a temá ca eminentemente penal (ou material). Tem- 5
8
se como exemplo a questão dos prazos especiais para a prisão temporária, a proibição da
7-

liberdade provisória mediante fiança, regras especiais de execução penal, dentre outros.
53

Em relação à Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), se trata de uma legislação polêmica 3
3.

a todo tempo, desde a sua edição, que apresenta uma série de manifestações jurisprudenciais
33

específicas, a fim de se dar ao intérprete segurança em sua aplicação, de modo a proporcionar


efe vidade na proteção de mulheres ví mas de violência domés ca e familiar no País, sendo este
4.

um problema cultural sério e que ainda atormenta grande parte dos lares brasileiros.
12

A Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97) também é estudada neste ponto, sendo mais uma
manifestação legisla va que tem por obje vo evitar e punir o arbítrio estatal, sancionando
prá cas espúrias remotas, no mundo, à “idade das trevas”, mas ainda verificáveis em um
passado não tão distante no Brasil.
Registra-se ainda que ao final deste ponto, além de tópicos específicos contendo a
legislação aplicada e a jurisprudência correlata, colocamos para melhor fixação do tema
questões de múl pla escolha abordadas nas principais provas de concursos públicos para
delegados de polícia dos anos de 2018 e 2017, sempre se preocupando em abordar exercícios
atualizados sobre os assuntos. Informa-se ainda que cada questão conta com seu gabarito e
comentário especial no tópico seguinte.
Sendo assim, nós da equipe do MEGE desejamos a todos um ó mo e proveitoso
estudo, e que possam absorver o máximo de conhecimento exposto nestes breves excertos,
frutos de um grande trabalho de pesquisa dos nossos professores tulares da cadeira de
Legislação Penal Extravagante da turma extensiva do MEGE para o cargo de Delegado de Polícia.
Bons estudos a todos!
Danilo Victor Nunes de Souza.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)

1 LEGISLAÇÃO PENAL
CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90)
LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340/06) 5  Danilo Victor Nunes de Souza
CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/97) Delegado de Polícia - GO
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Conteúdo atualizado até 01/04/19

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CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90)

1. DOUTRINA

1.1. Breve contextualização histórica

No final da década de 1980 o Estado Brasileiro passava por um dos piores períodos
econômicos da história, com a inflação em níveis alarmantes, o desemprego acirrante e a
crescente desigualdade social, o que desencadeou um processo con nuo de aumento da
criminalidade nos principais centros urbanos do País.
Como se isso não bastasse, a corrupção constantemente no ciada pelos meios de
comunicação perturbava o sen mento de jus ça dos brasileiros, de modo a se impor
desconfiança contra o sistema norma vo criminal então vigente, apesar de este ter passado por
uma profunda reforma em 1984, que se deu através Lei nº 7.209/1984, a qual reformulou toda a
Parte Geral do Código Penal Brasileiro, e da Lei nº 7.210/1984, nova Lei de Execuções Penais.
Em 05 de outubro 1988 foi promulgada a nova Cons tuição da República Federa va do
8 5
7-

Brasil, representando um dos maiores símbolos do processo de redemocra zação, após um período
53

de vinte e um anos de Regime Militar. A Carta Cons tucional trouxe em seu art. 5º uma série de
direitos e garan as fundamentais, sendo a maioria voltada para disciplinar as relações diretas entre 5
3.

Estado e Cidadão. Não só se posi vou a proibição do excesso, mas também surgiram normas que
33

buscaram evitar a proteção deficiente, através dos mandados cons tucionais de criminalização.
4.

Eis que surge o inc. XLIII do art. 5º da CF/88, onde se prevê que:
12

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça ou anis a a prá ca
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omi rem;

Como se percebe, o mandamento cons tucional impõe claramente uma providência a


ser tomada pelo Estado, qual seja desenvolver de forma mais severa a persecução penal,
quando se tratar de apuração e processamento de crimes graves, seja proibindo a fiança, a graça
e a anis a, seja estendendo a responsabilização criminal não só aos executores, mas também
aos mandantes e aos que, podendo evita-los, se omitem. Nesse rol trazido pelo disposi vo
cons tucional há os a serem definidos pela lei como crimes hediondos.
Sendo assim, no dia 25 de julho de 1990 foi promulgada a Lei nº 8.072/90, dotada de 13
ar gos, trazendo em seu corpo norma vo previsões importantes que induziram reflexos tanto no
Código Penal (na parte geral e parte especial), como também em leis criminais extravagantes. Essa Lei
também previu em seu art. 1º, de forma taxa va, os pos penais considerados crimes hediondos.
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Contudo, o diploma legal trouxe disposi vos que recrudesceu o tratamento pelo
Estado não só em face dos ainda inves gados e processados, mas também aos já
devidamente condenados e com culpa formada, inclusive na fase de execução da sentença
penal condenatória. Como se verá adiante, alguns desses disposi vos causaram discussões
quanto à sua cons tucionalidade, o que ensejou, em muitas oportunidades, a intervenção
cons tucional do Supremo Tribunal Federal.

1.2. Conceito de crime hediondo

Par ndo do significado vocabular, pode-se dizer que “No sen do figurado, hediondo
pode descrever alguma coisa fedorenta. Este sen do da palavra está relacionado com a sua
e mologia, pois tem origem no la m foe bundus, termo usado para qualificar alguma coisa que
cheira mal.”¹. Mas ainda, “Hediondo é sinônimo de: horroroso, horrível, asqueroso, imundo,
sórdido, repugnante, fedorento, repulsivo”².
Apesar da conceituação meramente e mológica ou grama cal, isso não é suficiente para
8 5
se determinar quais crimes devem ser considerados hediondos no ordenamento jurídico
7-

brasileiro, de modo a se sa sfazer a pretensão descrita no art. 5º, XLIII da CF/88. Ao se debruçar no
53

estudo da doutrina penal, se verifica que esta concebe basicamente três sistemas de classificação 6
3.

de crimes hediondos, a saber: a) sistema legal; b) sistema judicial e; c) sistema misto.


33

a) Sistema legal:
4.
12

Por este sistema, cabe ao Legislador Ordinário, em sede de processo legisla vo


cons tucional, prever quais condutas ou pos penais deverão ser tratados como crimes
hediondos, não dando margem para qualquer interpretação judicial sobre, de modo a se
estender ou restringir a definição legal. Este sistema apresenta pontos posi vos e nega vos,
como leciona Renato Brasileiro de Lima, in verbis:

O aspecto posi vo desse primeiro sistema é a segurança na aplicação da lei. Afinal,


somente serão considerados hediondos os delitos constantes do rol taxa vo
elaborado pelo Poder Legisla vo. O ponto nega vo é que, por meio desse sistema, o
Congresso Nacional goza de ampla liberdade para definir qualquer infração penal
como hedionda, sendo livre para elevar à referida categoria um delito qualquer,
simplesmente em virtude da pressão exercida pela mídia ou pela população³.

Nesta ó ca, se pode citar como exemplo da influência do clamor social para a alteração
legisla va, a superveniência da Lei nº 9.695/98, a qual incluiu ao art. 1º da Lei nº 8.072/90 o inc.

¹Disponível em: <h ps://www.significados.com.br/hediondo/>. Acesso em: 16 de março de 2018.


²Disponível em: <h ps://www.dicio.com.br/hediondo/>. Acesso em: 16 de março de 2018.
³LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Especial Criminal Comentada. 3ª ed. rev. ampl., e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2015. p. 30.
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VII-B, passando a constar do rol taxa vo de crimes hediondos o delito previsto no art. 273, caput
e § 1º, § 1º-A e § 1º-B do Código Penal (falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto des nado a fins terapêu cos ou medicinais), passando a ser considerado crime
hediondo inclusive as condutas de falsificar, corromper, adulterar ou alterar cosmé cos⁴.

b) Sistema judicial:
De acordo com este sistema, cabe ao magistrado, na análise do caso concreto, definir
ou considerar uma conduta como sendo de natureza hedionda ou não. De certo que existem
condutas que, embora sejam consideradas altamente reprováveis, não gozam deste status,
como, por exemplo, certos crimes contra a administração pública, principalmente os ligados a
atos de corrupção. O ponto nega vo deste sistema é uma ampla liberdade concedida ao
magistrado para deliberar sobre a natureza do crime, o que poderia dar lugar a excessos
interpreta vos, bem como suscitar discursões acerca de possível ofensa ao princípio da
legalidade em matéria penal. 8 5
c) Sistema misto:
7-

Reúne caracterís cas dos dois sistemas anteriores. De acordo com este sistema, a Lei
53

prevê um rol exemplifica vo de crimes hediondos, ficando a critério do Juiz, na análise do 7


3.

caso concreto, definir se a conduta pra cada pelo agente se enquadra na formula genérica
33

legal. De fato é um sistema que preconiza a interpretação analógica para cada hipótese. Mas
4.

também este sistema abarca crí cas, tendo em vista que dificilmente o legislador conseguiria
12

formular, mesmo que genericamente, um conceito de crime hediondo, o que poderia trazer
certa insegurança jurídica.
Ainda sim há quem defenda uma “cláusula salvatória” para a problemá ca, de modo a
se permi r que o juiz pudesse desconsiderar uma conduta como sendo hedionda, mesmo
estando prevista no rol taxa vo do art. 1º da Lei nº 8.072/90. No entanto, o magistrado jamais
poderia fazê-lo para incluir uma conduta nesse rol. (TORON apud LIMA, 2015).
Conforme se observa da Lei nº 8.072/90, o Brasil adotou o sistema legal para se
definir crimes hediondos, onde se apresenta um rol taxa vo ao longo do art. 1º da referida lei,
não havendo margem para que o magistrado estenda tal conceito para outra conduta não
prevista, mesmo que semelhante, bem como se afaste tal natureza para condutas
devidamente existente no rol.
Ocorre que devido a esta inflexibilidade, para não causar injus ças, às vezes o
magistrado é obrigado a manipular o seu próprio juízo de picidade, como ocorre no caso do
⁴ Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto des nado a fins terapêu cos ou medicinais: (Redação dada pela
Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
(...) § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este ar go os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
farmacêu cos, os cosmé cos, os saneantes e os de uso em diagnós co. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) (...)
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beijo lascivo contra a vontade da ví ma, onde, apesar de ser considerado ato libidinoso, era,
muitas vezes, interpretado no sen do de se enquadrar a conduta na contravenção penal de
importunação ofensiva ao pudor, prevista no art. 61 do Dec.-Lei nº 3688/1941.
De todo modo, especificamente quanto a isto, com a superveniência da recente Lei nº
13.718/2018, a qual passou a prever a conduta de importunação sexual no art. 215-A do Código
Penal⁵, a discursão tende a se tornar vazia, tendo em vista que o legislador finalmente procurou
punir condutas atentatórias à liberdade sexual de alguém, não tão graves a ponto de merecer a
punição severa voltada para o crime de estupro, e não tão leve a ponto de ser considerar uma
mera contravenção penal.

1.3. Crimes hediondos e crimes militares


Ainda como consequência da adoção do sistema legal rígido de classificação de crimes
hediondos, há a problemá ca referente a outros crimes previstos em legislação especial que,
embora possuam igual ou semelhante definição aos previstos no Código Penal, inclusive se tratando
5
da mesma conduta, não serão considerados jamais como crimes hediondos, simplesmente pelo
8
7-

fato de não estarem expressamente previsto no rol taxa vo do art. 1º da Lei nº 8.072/90.
53

Tem-se como exemplo dessa hipótese o crime polí co de homicídio pra cado contra o
8
3.

Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal


33

Federal, onde, mesmo que seja qualificado, não poderá ser considerado hediondo, já que há
4.

previsão especial no art. 29 da Lei nº 7.170/83.


12

No entanto o que mais chama a atenção da doutrina é a situação dos crimes militares
previstos no Código Penal Militar (Dec.-Lei nº 1001/69), onde nele estão previstos uma série de
crimes graves que possuem semelhante definição do Código Penal comum, mas que não são, e nem
podem ser, considerados crimes hediondos, v.g., homicídio qualificado (art. 205, §2º do CPM),
latrocínio (art. 242, §3º do CPM), extorsão qualificada pela morte (art. 243, §2º do CPM), extorsão
mediante sequestro (art. 244, caput e §§1º, 2º e 3º do CPM), estupro (art. 232 do CPM), atentado
violento ao pudor (art. 233 do CPM) e epidemia com resultado morte (art. 292, §1º do CPM).
Há ainda o crime militar de genocídio, previsto no art. 208 do CPM, que também não
será considerado crime hediondo, pois a Lei nº 8.072/90, em seu art. 1º, Parágrafo Único,
considera hediondo somente o delito de genocídio previsto na Lei nº 2.889/56.
Nos crimes impropriamente militares, ou seja, aqueles que, embora previstos no
Código Penal Militar, possuem igual definição no Código Penal comum, para que o agente seja
punido nos termos da legislação castrense, há a necessidade que esteja presente alguma das
circunstâncias previstas no art. 9º daquele diploma legal. Exemplo, se um policial militar de

⁵ “Art. 215-A. Pra car contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o obje vo de sa sfazer a própria lascívia ou a
de terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não cons tui crime mais grave.”
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serviço vier a cometer um crime de estupro contra um civil (art. 9º, II, “c” do CPM), não
responderá pelo crime descrito no art. 213 do Código Penal comum, mas sim pelo crime do art.
232 do CPM, porém tal crime não será considerado hediondo, tendo em vista que não está
previsto no rol do art. 1º da Lei nº 8.072/90.
Agora se o mesmo militar pra car a mesma conduta, conquanto fora de serviço, contra
ele recairá todos os rigores penais e processuais penais previstos na Lei de Crimes Hediondos, já
que o crime será o do art. 213 do CP, o qual está presente no inc. V do art. 1º da Lei nº 8.072/90.
Inclusive já há posicionamento jurisprudencial sobre isso, conforme consta do HC 30.056/RJ -
2004, julgado pela 6ª Turma do STJ:

CONDENAÇÃO. JUSTIÇA COMUM. JUSTIÇA MILITAR. EFEITOS. O paciente, soldado do


corpo de bombeiros, foi condenado a 24 anos de reclusão, dos quais 12 anos pela
prá ca de delitos previstos na Lei n. 8.072/1999 (Lei dos Crimes Hediondos). O co-réu
foi condenado pelos mesmos fatos, mas com pificação constante no CPM (Dec.-lei n.
5
1.001/1969). O fato pico militar, mesmo igual ao descrito no CP, tem um elemento a
8
mais em sua configuração, que é o agente a vo militar em serviço, hipótese em que
7-

só se enquadra o co-réu. Assim, o paciente não se encontrava em serviço,


53

procedendo-se ao desmembramento do feito (CPP, art. 79, I). Logo instauradas duas
jurisdições para processar e julgar os crimes, também dis ntos, um come do por 9
3.

bombeiro militar (o paciente) fora do seu horário de serviço e suas funções; outro, se
33

bem que se iguale ao primeiro no seu aspecto obje vo, pra cado por policial militar
4.

em serviço, portanto no exercício de suas funções (crime militar impróprio).


12

Prosseguindo o julgamento, a Turma, por maioria, denegou a ordem, pois as situações


dos agentes são diferentes, não se podendo aplicar ao paciente os direitos
reconhecidos ao co-réu devendo ser considerado, para o primeiro, o efeito da
hediondez. HC 30.056-RJ, Rel. originário Min. Paulo Medina, Rel. para acórdão Min.
Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 16/11/2004⁶.

O Supremo Tribunal Federal também já se manifestou sobre a especialidade da


legislação penal militar, não considerando ser incons tucional a diferença de tratamento,
mesmo em se tratando das mesmas condutas, pois não há que se cogitar de privilégio, já que o
código castrense em muitos disposi vos dá inclusive tratamento mais severo ao agente,
conforme decisão proferida no STF, 2ª Turma, HC 86.459/RJ - 2007:

RECLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DE CRIME COMUM PARA CRIME MILITAR.


AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DA LEI N° 8.072/90. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. LEGITIMIDADE DA DIFERENÇA DE TRATAMENTO. A
diferença de tratamento legal entre os crimes comuns e os crimes militares, mesmo em
se tratando de crimes militares impróprios, não revela incons tucionalidade, pois o

⁶ Ver informa vo 0229 – STJ.


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Código Penal Militar não ins tui privilégios. Ao contrário, em muitos pontos, o
tratamento dispensado ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do Código
Penal comum (RE 115.770/RJ). O que se pretende, neste habeas, é a aplicação do Código
Penal Militar apenas na parte que interessa ao paciente. Entretanto, isto representaria a
criação de uma norma híbrida, em parte composta pelo Código Penal Militar e, em outra
parte, pelo Código Penal comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da reserva
legal e o próprio princípio da separação de poderes. Ordem parcialmente concedida,
apenas para determinar que o juízo das execuções penais analise se o paciente faz jus
à progressão de regime prisional, tendo em vista a declaração de
incons tucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n° 8.072/90 (HC 82.959/SP)”. (STF,
2ªTurma, HC 86.459/RJ, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 02/02/2007).

1.4. Forma tentada e consumada de crime hediondo.


Conforme se verifica da redação do art. 1º da Lei nº 8.072/90, o legislador teve o
cuidado de deixar bem claro que tanto a forma tentada (art. 14, II do Código Penal), quanto à
forma consumada dos crimes constantes do rol do disposi vo serão considerados hediondos, 5
afastando qualquer celeuma a respeito, in verbis: “Art. 1º São considerados hediondos os
8
7-

seguintes crimes, todos pificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código


53

Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (...)”
10
3.

Inclusive o Superior Tribunal de Jus ça já se manifestou no sen do de que mesmo na


33

forma tentada, não se afasta a natureza hedionda de quaisquer dos crimes previstos no art. 1º
4.

da Lei nº 8.072/90:
12

DIREITO PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. CRIME HEDIONDO TENTADO.


PROGRESSÃO DE REGIME. A progressão de regime prisional para o cumprimento de
pena pela prá ca de crime hediondo, ainda que na forma tentada, deve observar os
parâmetros do art. 2º, § 2º, da Lei n. 8.072/1990, com a redação dada pela Lei n.
11.464/2007. O fato de não ter sido consumado o crime não afasta a hediondez do
delito. Precedentes citados do STF: HC 82.867-SP, DJ 27/6/2003; HC 73.924-SP, DJ
20/9/1996; do STJ: HC 239.682-MG, DJe 29/6/2012, e HC 136.829-SP, DJe 3/5/2010.
HC 220.978-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2012⁷.

1.5. Crimes hediondos e equiparados


Há de se registrar que a redação original da lei de crimes hediondos não trazia muitas
das figuras picas hoje existentes, inclusive o art. 1º da lei não era sequer divido em incisos ou
parágrafos, o que veio ocorrer somente após a edição da Lei nº 8.930/1994, realizando
modificações mais profundas, e também com o advento das seguintes leis:

⁷ Ver informa vo nº 506 do STJ.


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-Lei nº 13.104/2015: incluiu a qualificadora do feminicídio, prevista no inciso VI do art.


121 do CP⁸);
- Lei nº 13.142/2015: incluiu a qualificadora de homicídio contra agentes de
segurança, prevista no inciso VII do art. 121 do CP⁹ e a causa de aumento do crime de lesão
corporal contra agentes de segurança, prevista no §12 do art. 129 do CP¹⁰, quando a lesão for
gravíssima ou seguida de morte);
- Lei nº 12.015/09: incluiu as formas qualificadas do crime de estupro, previstas no art.
213, §§1º e 2º do CP, bem como incluiu o novo crime de estupro de vulnerável, previsto no art.
217-A do CP);
- Lei nº 9.695/98: incluiu o crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto des nado a fins terapêu cos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B do CP);
- Lei nº 12.978/14: incluiu o crime de favorecimento da pros tuição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º do CP);
5
- Lei nº 13.497/2017: incluiu o crime do porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso
8
7-

restrito, previsto no Estatuto do Desarmamento – Lei nº 10.826/03, tentado ou consumado.


53

Redação original do art. 1º da Lei nº 8.072/90: 11


3.
33

Art. 1º São considerados hediondos os crimes de latrocínio (art. 157, § 3º, in fine),
extorsão qualificada pela morte, (art. 158, § 2º), extorsão mediante seqüestro e na
4.

forma qualificada (art. 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º), estupro (art. 213, caput e sua
12

combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), atentado violento ao pudor (art.
214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), epidemia com resultado
morte (art. 267, § 1º), envenenamento de água potável ou de substância alimen cia ou
medicinal, qualificado pela morte (art. 270, combinado com o art. 285), todos do Código
Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940), e de genocídio (arts. 1º, 2º e 3º
da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), tentados ou consumados.

Redação atual do art. 1º da Lei nº 8.072/90:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos pificados no Decreto-


Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
(Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) I – homicídio (art. 121), quando pra cado
em a vidade pica de grupo de extermínio, ainda que come do por um só agente, e

⁸ “Art. 121 (...) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)”.
⁹ “Art. 121 (...) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)”.
¹⁰ “Art. 129 (...) § 12. Se a lesão for pra cada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada
de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)”.
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homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela
Lei nº 13.142, de 2015) I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando pra cadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015) II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930,
de 1994) III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei
nº 8.930, de 1994) IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159,
caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - estupro (art. 213,
caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VI - estupro de
vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009) VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei
nº 8.930, de 1994) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) VII-B -
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto des nado a fins
terapêu cos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada
5
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
8
VIII - favorecimento da pros tuição ou de outra forma de exploração sexual de
7-

criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído


53

pela Lei nº 12.978, de 2014) Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o


crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 12
3.

1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16
33

da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.


4.

(Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017)


12

Sendo assim, se observa que ao logo de 17 anos houve uma inflação do art. 1º da Lei de
crimes hediondos, com a inserção de novas figuras picas, o que demonstra a maleabilidade
legisla va do conceito de crime hediondo no País, muitas das vezes, como dito alhures,
influenciado pela comoção social e pela mídia nacional.

1.6. Crimes hediondos em espécie (Art. 1º da Lei nº 8.072/90):

1.6.1. Homicídio (art. 121), quando pra cado em a vidade pica de grupo de extermínio,
ainda que come do por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I,
II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015).

Como dito anteriormente, o crime de homicídio, seja em qualquer forma, não era
considerado crime hediondo. No entanto, em virtude de alguns acontecimentos graves e de
repercussão ocorridos no País no início da década de 1990, v.g., as chacinas na Candelária
(1993) e de Vigário Geral (1993), e também do assassinato da atriz televisiva Daniela Perez no
final de 1992, exsurge um clamor social em tornar o crime de homicídio conduta hedionda.
Então em 1994 eis que surge no ordenamento jurídico a Lei nº 8.930, a qual trouxe
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profundas modificações na Lei nº 8.072/90, em especial quanto ao seu art. 1º, passando a
prever vários incisos os quais descreveriam os pos penais a serem considerados hediondos e,
dentre eles, estava o crime de homicídio delimitado em duas formas, quais sejam: a) pra cado
em a vidade pica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente e; b) homicídio
qualificado (art. 121, §2º do CP);

a) Homicídio pra cado em a vidade pica de grupo de extermínio, ainda que por um só
agente:
Quanto a esta hipótese é a única na qual o homicídio simples será considerado
hediondo, sendo chamado pela doutrina de homicídio condicionado, apesar de ser muito di cil
se conceber um fato como este em que não esteja presente qualquer uma das qualificadoras no
§2º do art. 121 do CP, seja quanto aos mo vos (incisos I e II), seja quanto aos meios, modos e
finalidade na execução (incisos III, IV e V).
Registra-se ainda que até o advento da Lei nº 12.720/12, não se nha descrita a
circunstância de a vidade pica de grupo de extermínio no art. 121 do CP. A par r do
8 5
7-

surgimento do novo diploma legal, tal circunstância foi inserida como causa de aumento de
53

pena, ao invés de circunstância qualificadora, conforme se observa da redação do §6º do art.


121 do CP¹¹. 13
3.
33

Logo que a Lei nº 8.930/94 foi publicada, surgiram dúvidas na doutrina se tal diploma
norma vo trouxe ao ordenamento jurídico um novo po penal especial de homicídio, além das
4.

já existentes nos parágrafos e incisos descritos no art. 121 do CP. Conforme leciona Alberto Silva
12

Franco, citado por Renato Brasileiro de Lima: “A locução mencionada na Lei nº 8.930/94
denuncia a presença de um elemento especializante da realidade fá ca que anormaliza o po
de homicídio simples na medida em que exclui, nessa situação especial, dos pos de
composição puramente obje va.”¹²
No entanto, de modo diverso, “uma segunda corrente entende que o fato de o
homicídio simples ter sido pra cado em a vidade pica de grupo de extermínio não foi inserido
pela Lei nº 8.930/94 como elementar nem tampouco como circunstância do referido delito.
Trata-se de mero pressuposto para que o crime de homicídio simples seja considerado
hediondo.”¹³
Há de se observar que a Lei nº 12.720/12 trouxe também na mesma causa de aumento
do §6º do art. 121 do CP, além do grupo de extermínio, a elementar “milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança”. Também inseriu o art. 288-A no Código Penal,

¹¹ “Art. 121 (...) § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for pra cado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)”
¹² FRANCO apud LIMA, 2015, p. 34.
¹³LIMA, 2015, p. 34.
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trazendo a seguinte redação: “Art. 288-A. Cons tuir, organizar, integrar, manter ou custear
organização paramilitar, milícia par cular, grupo ou esquadrão com a finalidade de pra car
qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”
Ocorre que, mesmo antes da publicação do novo diploma legal, a lei não conceituava
grupo de extermínio, milícia privada, esquadrão ou organização paramilitar, ficando a cargo da
doutrina se esforçar para tal tarefa, o que poderia gerar ques onamentos quanto à violação à
garan a da taxa vidade, consectária do inerente ao princípio da legalidade.
No entanto, é defendido que, devido às mudanças trazidas pela Lei nº 12.850/13 (Lei
de Organizações Criminosas), para ser considerado grupo de extermínio há a necessidade da
presença de pelo menos 03 (três) pessoas, mesmo que haja somente um executor, sendo os
demais par cipes ou coautores. Em relação à quan dade de 02 (duas) pessoas, quando o
legislador assim o quer ele faz de modo expresso, conforme se observa da redação do art. 155,
§4º, inc. IV do CP¹⁴.
Ainda há a norma especial do art. 35 da Lei nº 11.343/06, a qual define como requisito
8 5
para a existência de associação para o tráfico de drogas a quan dade de pelo menos 02 (duas)
7-

pessoas, sendo esta uma norma especial aplicável somente à hipótese ligada à traficância.
53

Também não se revela possível a u lização do parâmetro de 04 (quatro) pessoas descrito na 14


3.

definição do crime de organização criminosa (art. 1º, §1º c/c art. 2º, caput da Lei nº 12.850/13),
33

pois não são elementares do grupo de extermínio a estrutura ordenada e caracterizada pela
4.

divisão de tarefas. Resta então como único parâmetro o u lizado para o crime de associação
12

criminosa, previsto no art. 288 do CP, sendo necessárias pelo menos três pessoas para se
configurar o grupo de extermínio.
Quanto ao sujeito passivo do homicídio pra cado por grupo de extermínio, não
importa a quan dade de ví mas, bastando que apenas uma tenha do sua vida ceifada pela
ação criminosa. O único requisito que deve estar presente é a impessoalidade¹⁵ da conduta
delituosa, ou seja, “que a ví ma tenha sido morta pelo fato de pertencer ou ser membro de
determinado grupo social, racial, econômico, étnico, etc.”¹⁶. Sendo assim, estão incluídos
mendigos, homossexuais, pros tutas, presidiários, negros, índios etc.
Registra-se ainda que antes da Lei nº 12.720/12, como a a vidade pica de grupo de
extermínio era considerada apenas pressuposto para se definir a hediondez, não havia
necessidade de o Juiz Presidente do Tribunal do Júri oferecer como quesito aos jurados tal
circunstância, ficando a cargo dele no momento da aplicação da pena a sua consideração. Mas
agora com a superveniência do §6º do art. 121, com a natureza de causa especial de aumento de

¹⁴ “Art. 155 (...) § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é come do: (...) IV - mediante concurso de duas
ou mais pessoas.”
¹⁵ Impessoalidade aqui no sen do de inexis r qualquer vínculo subje vo ou pessoal entre autor e ví ma.
¹⁶ LIMA, 2015, p.37
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pena, devido à previsão expressa con da no art. 483, V, e §3º II do Código de Processo Penal, a
circunstância necessariamente tem que ser indicada aos jurados como quesito.

b) Homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do CP):

Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é come do: I - mediante paga ou promessa de


recompensa, ou por outro mo vo torpe; II - por mo vo fu l; III - com emprego de
veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para
assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena -
reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI -
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Cons tuição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
5
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
8
condição (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
7-
53

O inciso I do art. 1º da Lei nº 8.072/90 sofreu duas alterações importantes após o 15


3.

advento da Lei nº 8.930/94, uma para incluir o inciso V do §2º e outra o inciso VI do §2º, ambos
33

do art. 121 do CP, através da Lei nº 13.104/15 e da Lei nº 13.142/2015, respec vamente.
4.

Passaram a ser considerados crimes hediondos o feminicídio e o homicídio pra cado contra
12

agentes de segurança pública.


Quanto ao feminicídio, a Lei nº 13.104/15 ainda inseriu o §2º-A no art. 121 do CP, de
modo a não pairar qualquer dúvida quanto à definição da elementar “razões da condição de
sexo feminino” descrita no disposi vo, in verbis: “Art. 121 (...) § 2º-A Considera-se que há razões
de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência domés ca e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou
discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)”

c) A questão da hediondez do homicídio qualificado-privilegiado.


Tendo em vista a possibilidade (já ra ficada inclusive pelo STF¹⁷ e pelo STJ¹⁸) da
existência do chamado crime qualificado-privilegiado, desde que a qualificadora seja de
natureza obje va, exsurge na doutrina a discursão sobre a possibilidade de se considerar
hediondo um homicídio qualificado-privilegiado.

¹⁷ STF, 1ª Turma, HC 89.921/PR, Rel. Min. Carlos Britro, j. 12/12/2006, Dje 004 26/04/2007.
¹⁸ Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
qualificado, se es verem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem obje va.
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Basta imaginar um crime de homicídio pra cado por eutanásia, onde o agente se
u liza de veneno pra abreviar o sofrimento da ví ma, a qual já definha com a dor da
enfermidade por longo tempo no leito de um hospital. De fato se trata de um homicídio
qualificado nos termos do art. 121, §2º, III do CP, mas também é inegável que o autor foi
influenciado por um forte sen mento de compaixão, o qual induziria a crer na existência do
privilégio previsto no §1º do art. 121 do CP, qual seja o relevante valor moral.
Nesta situação há a possibilidade de, mesmo que qualificada, a conduta ser
considerada hedionda, vindo o agente a sofrer todos os efeitos sancionadores da Lei nº
8.072/90? Pois bem, a doutrina trata do assunto de forma lúcida, ao dispor não ser possível se
considerar o homicídio qualificado-privilegiado como hediondo primeiro por falta de
previsão legal, segundo por falta de pressuposto lógico da conduta, então vejamos:

(...) tal crime jamais poderá ser considerado hediondo. Primeiro, por que o art. 1º, I,
da Le nº 8.072/90, é claro ao afirmar que somente serão rotulados como hediondos o
5
homicídio simples (art. 121) pra cado em a vidade pica de grupo de extermínio, e o
8
homicídio qualificado (art. 121, §2º, I, II, III, IV e V). Não há, portanto, qualquer
7-

referência ao homicídio privilegiado. Segundo, porque seria absolutamente


53

incoerente rotular como hediondo (leia-se, repugnante) um crime de homicídio


16
3.

come do, por exemplo, mediante valor moral ou social. (LIMA, 2015, p. 39).
33

O Superior Tribunal de Jus ça, através da 5ª e 6ª Turmas, também já se manifestou


4.
12

sobre o tema em três oportunidades, quais sejam através do HC 153.728/SP, HC 144.196/MG e


HC 43.043/MG, senão vejamos:

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART. 121, § 1º E § 2º,


INCISO IV, C⁄C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL. CRIME NÃO ELENCADO
COMO HEDIONDO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. REGIME PRISIONAL SEMIABERTO. DIREITO DE APELAR EM
LIBERDADE. I - Por incompa bilidade axiológica e por falta de previsão legal, o
homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol dos denominados crimes
hediondos (Precedentes). (...) (STJ, 5º Turma, HC 153.728/SP, Rel. Min, Felix Fischer, j.
13/04/2010).
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, §§ 1º E 2º, INCISO III, DO CÓDIGO PENAL. CRIME NÃO
ELENCADO COMO HEDIONDO. REGIME INICIAL SEMIABERTO. CIRCUNSTÂNCIAS
FAVORÁVEIS. RÉU PRIMÁRIO. PENA NÃO SUPERIOR A OITO ANOS. POSSIBILIDADE. I - Por
incompa bilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-
privilegiado não integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes). II -
Afastado o caráter hediondo do crime e atendidos os requisitos constantes do art. 33, §
2º, "b", e § 3º, c⁄c o art. 59 do CP, quais sejam, a ausência de reincidência, a condenação
por um período superior a 4 (quatro) anos e não excedente a 8 (oito) e a existência de
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circunstâncias judiciais totalmente favoráveis, deve o paciente cumprir a pena priva va


de liberdade no regime inicial semiaberto (Precedentes). Writ concedido. (STJ, 5ª Turma,
HC 144.196/MG, Rel. Min Felix Fischer, j. 19/11/2009).
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO.
PROGRESSÃO DE REGIME. POSSIBILIDADE. 1. O homicídio qualificado-privilegiado
não é crime hediondo, não se lhe aplicando norma que estabelece o regime fechado
para o integral cumprimento da pena priva va de liberdade (Lei nº 8.072⁄90, ar gos
1º e 2º, parágrafo 1º). 2. Ordem concedida. (STJ, 6º Turma, HC 43.043/MG, Rel.
Hamilton Carvalhido, j. 18/08/2005).

1.6.2. Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3º), quando pra cadas contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015):
8 5
7-

É a chamada lesão corporal funcional. Este disposi vo foi inserido na Lei de Crimes
53

Hediondos pela Lei nº 13.142/2015, a qual também incluiu o §12 ao art. 129 do CP, do seguinte
17
3.

modo:
33

Art. 129 (...) § 12. Se a lesão for pra cada contra autoridade ou agente descrito nos
4.

arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
12

Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou


contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)

Como se percebe pela leitura do §12 do art. 129 do CP, a Lei passou a prever uma causa
especial de aumento de pena para todas as formas de lesões corporais, caso as mesmas sejam
pra cadas contra agentes de segurança. Porém se nota ainda que o legislador foi cuidadoso ao
inserir o inciso I-A no art. 1º da Lei nº 8.072/90, de modo que apenas considerou como
hediondo o crime de lesão corporal funcional pra cado na forma gravíssima¹⁹ (art. 129, §2º)
ou seguida de morte (art. 129, §3º do CP).
o
1.6.3. Latrocínio (art. 157, § 3 , in fine do CP):

Desde a publicação da Lei nº 8.072/90 o crime de latrocínio sempre esteve presente no

¹⁹ “A Lei nº 13.142/15 também inovou ao posi var a expressão “lesão corporal dolosa de natureza gravíssima”, tendo em vista
que nem o art. 129, §2º do CP u liza esta expressão como forma de se fazer referência ao grau da lesão provocada, sendo uma
construção originalmente doutrinária.”
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rol de crimes hediondos, talvez pelo fato de representar conduta demasiadamente repugnante,
demonstrando o absoluto desprezo do agente com o ser humano, o qual, para o ínfimo intento
de se assenhorar do patrimônio da ví ma, destrói o que esta tem de mais precioso, a vida.
É importante comentar que a expressão “latrocínio” é u lizada somente na lei de
crimes hediondos, não estando presente em nenhum dos outros disposi vos integradores do
art. 157 do CP.
É importante registrar que somente ocorrerá latrocínio quando, em decorrência da
violência sica (vis corporalis), resultar a morte da ví ma, seja a tulo de dolo ou a tulo de
culpa (já que não se trata de crime eminentemente preterdoloso), pois, como se percebe da
leitura do §3º do art. 157 do CP²⁰, este prevê em seus dois incisos, duas qualificadoras, ou seja,
além da morte da ví ma (inciso II), haverá maior reprimenda penal quando da violência resultar
lesão corporal de natureza grave (inciso I).
Ainda há de se observar que conforme a Súmula 610 do STF haverá crime de latrocínio
quando ocorrer a morte da ví ma, mesmo que o agente não tenha ob do êxito em subtrair o
8 5
patrimônio desta.
7-
53

Outra observação importante, é a de que o latrocínio, por ser considerado crime contra
o patrimônio, deverá ser de competência do juízo singular, e não pelo Tribunal do Júri. Aliás, este 18
3.
33

é o teor da Súmula 603 do STF. Mas há observações na doutrina em relação à eventual conexão
deste crime com um crime doloso contra a vida, v.g., homicídio qualificado, caso em que o
4.

Tribunal do Júri atrairá a competência para julgamento dos dois delitos, conforme o que dispõe
12

o art. 78, I do CPP.


Haverá, portanto, latrocínio somente se a morte decorrer de violência empregada
durante e em razão do crime de roubo, consubstanciando-se em fato temporal e causal, seja para
garan r a subtração da coisa, a sua detenção ou até mesmo para garan r a impunidade pelo delito.
Prevalece ainda na doutrina que caso haja diversidade de ví mas fatais, porém com
a subtração de apenas um patrimônio, haverá apenas um crime de latrocínio, inexis ndo,
portanto, concurso formal, devendo a pluralidade de ví mas ser considerada para efeito de
dosimetria da pena, nos termos do art. 59 do CP. No entanto há de se observar que há decisão
da 5ª Turma do STJ em sen do contrário (HC 56961/PR - 2007²¹).

1.6.4. Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º do CP):


É outro crime originalmente hediondo que, assim como o latrocínio, está presente na

²⁰ “Art. 157 (...) § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I – lesão corporal grave, a pena é de
reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – morte, a pena é de reclusão de 20
(vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018).”
²¹ STJ, 5ª Turma, HC 56.961/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 18/12/2007.
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norma severa desde a edição da Lei nº 8.072/90. O que a Lei nº 8.930/94 fez foi apenas re rá-lo
do caput do art. 1º e coloca-lo como um inciso integrando o rol taxa vo. Apesar da sua
originalidade hedionda, o legislador cometeu um grande equívoco quando da edição da Lei nº
11.923/09, a qual inseriu o §3º no art. 158 do CP, que posi vou o chamado sequestro
relâmpago, vejamos:

Art. 158 (...) §3º Se o crime é come do mediante a restrição da liberdade da ví ma, e
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respec vamente.
(Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

Percebe-se que no mesmo disposi vo, a lei nova trouxe mais duas circunstâncias
qualificadoras para o crime de extorsão, quais sejam se resultar lesão corporal grave ou morte,
remetendo a nova gradação de pena para o art. 159, §§2º e 3º do CP, respec vamente. Quanto a5
isso, especialmente no que se refere ao resultado morte, se voltarmos os olhos para a pena prevista
8
no art. 159, §3º do CP, se nota que a pena varia de vinte e quatro a trinta anos de reclusão, ou seja, é
7-

a maior pena prevista na legislação criminal brasileira, em relação à mínima cominada.


53

Ocorre que o legislador, ao editar a Lei nº 11.923/09, se esqueceu de incluir essa 19


3.

modalidade como crime hediondo, já que tanto a extorsão qualificada pela morte do art. 158,
33

§2º do CP faz parte originalmente do rol (inclusive tendo pena menos severa do que a da nova
4.

qualificadora do §3º - vinte a trinta anos), como o próprio crime de extorsão mediante
12

sequestro qualificado pela morte é também considerado crime hediondo (art. 1º, IV da Lei de
crimes hediondos), tendo a mesma penalidade prevista.
Sendo assim, tanto por pressuposto lógico-norma vo, como principiológico (em
decorrência do princípio da proporcionalidade), o sequestro relâmpago qualificado pela morte
(art. 158, §3º, in fine do CP) deveria ter sido inserido na Lei nº 8.072/90 como delito integrante
do rol taxa vo de crimes hediondos, o que até o momento não foi feito.
Nem se poderia tentar considerar a hipótese como hedionda simplesmente pelo fato
de guardar muita semelhança com a prevista no art. 158, §2º (extorsão qualificada pela morte),
pois se estaria fazendo uso de analogia in malam partem, o que é vedado pela dogmá ca penal.
Apesar de a doutrina majoritária comungar desse entendimento, há autores que
entendem de modo diverso, como é o caso de Luiz Flávio Gomes, ao sustentar que:

“(...) na hipótese de provocação (dolosa ou culposa) da morte da ví ma, o crime do


art. 158, §3º, do CP, será considerado hediondo, visto que nada mais será do que o
desdobramento formal do po do art. 158, §2º, tendo o legislador preservado a
matéria criminosa, explicitando, somente, seu mais novo modus operandi.”²²

²² GOMES apud LIMA, 2015, p. 44.


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1.6.5. Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º do CP):
O crime de extorsão mediante sequestro é crime hediondo tanto em sua forma
simples, como em todas as suas formas qualificadas, previstas nos §§1º, 2º e 3º do art. 159 do
CP, do seguinte modo:

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei
nº 10.446, de 2002) Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº
8.072, de 25.7.1990) § 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é
come do por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei
nº 8.072, de 25.7.1990) § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide
Lei nº 8.072, de 25.7.90 Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de
5
25.7.90 Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº
8
8.072, de 25.7.1990)
7-
53

Percebe-se então que a Lei nº 8.072/90 exerceu forte influência na redação do art. 159
20
3.

do CP, inclusive aumentou as penas não só do caput, mas também dos três parágrafos que
33

trazem as formas qualificadas do crime. Como dito anteriormente, a forma qualificada pela
4.

morte, após a alteração legisla va, passou a ser considerada a infração penal com a pena mais
12

alta da legislação criminal brasileira, com sanção priva va de liberdade que varia de vinte e
quatro a trinta anos de reclusão.
Como se não bastasse, a Lei de crimes hediondos, à época, inovou no ordenamento
jurídico, ao inserir o §4º ao art. 159 do CP, prevendo uma espécie de colaboração premiada ao
coautor, nos seguintes termos: “Art. 159 (...) § 4º Se o crime é come do por quadrilha ou
bando, o co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá
sua pena reduzida de um a dois terços."
O mesmo §4º do art. 159 do CP foi alterado posteriormente pela Lei nº 9.269/96, a qual
subs tuiu a redação do disposi vo pela seguinte: “Art. 159 (...) § 4º - Se o crime é come do em
concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.”
Verifica-se então que não mais seria necessário que o crime fosse pra cado por
quadrilha ou bando²³ para que o coautor fizesse jus ao bene cio penal da colaboração
premiada, mas tão somente que a infração penal fosse pra cada em concurso de pessoas. A Lei

²³ An ga redação do art. 288 do CP.


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quis com isso fomentar ainda mais a salvação da ví ma das mãos de seus algozes, bem como
desbaratar a trama criminosa e punir os infratores.

1.6.6. Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º do CP):


O po penal de estupro previsto no art. 213 do CP sofreu profundas modificações com
o advento da Lei nº 12.015/09, a qual inseriu a seguinte redação no disposi vo:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a pra car ou permi r que com ele se pra que outro ato libidinoso:
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1º Se da conduta resulta lesão corporal
de natureza grave ou se a ví ma é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze)
anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2º Se da conduta resulta morte:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 5
8
7-

A par r de então, não mais se exige que o sujeito passivo do crime seja som ente a
53

mulher, conforme previa a redação anterior nos seguintes termos revogados: “Art. 213.
Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: (...)”. 21
3.
33

Nota-se então que o novo art. 213 ampliou as hipóteses de incidência do po, inclusive
passando a prever a elementar “ato libidinoso”, levando-se a crer que não somente a conjunção
4.

carnal (cópula vagínica), mas também o coito anal, a felação e até o beijo lascivo seriam
12

considerados como estupro, a depender do caso.


Com o reenquadramento e maior abrangência do po penal no art. 213, não mais
subsis u razão para a con nuidade da existência do art. 214 do CP, o qual previa o po autônomo
de atentado violento ao pudor, nos seguintes termos: “Art. 214. Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, a pra car ou permi r que com ele se pra que ato libidinoso
diverso da conjunção carnal: (...)”. A mesma Lei nº 12.015/09 cuidou de revogar este disposi vo.
No entanto não se pode cogitar de aboli o criminis, pois as suas elementares foram
abrangidas pelo art. 213 do CP, ocorrendo o fenômeno conhecido pela doutrina como
con nuidade norma vo- pica. Este inclusive foi o entendimento prevalente no STJ, conforme
se observa do STJ, 6ª Turma, HC 212.305/DF - 2014, nestes termos:

DIREITO PENAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI 12.015/2009. O condenado por estupro


e atentado violento ao pudor, pra cados no mesmo contexto fá co e contra a mesma
ví ma, tem direito à aplicação retroa va da Lei 12.015/2009, de modo a ser reconhecida
a ocorrência de crime único, devendo a prá ca de ato libidinoso diverso da conjunção
carnal ser valorada na aplicação da pena-base referente ao crime de estupro. De início,
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cabe registrar que, diante do princípio da con nuidade norma va, não há falar em
aboli o criminis quanto ao crime de atentado violento ao pudor come do antes da
alteração legisla va conferida pela Lei 12.015/2009. A referida norma não
descriminalizou a conduta prevista na an ga redação do art. 214 do CP (que pificava a
conduta de atentado violento ao pudor), mas apenas a deslocou para o art. 213 do CP,
formando um po penal misto, com condutas alterna vas (estupro e atentado violento
ao pudor). Todavia, nos termos da jurisprudência do STJ, o reconhecimento de crime
único não implica desconsideração absoluta da conduta referente à prá ca de ato
libidinoso diverso da conjunção carnal, devendo tal conduta ser valorada na dosimetria
da pena aplicada ao crime de estupro, aumentando a pena-base. Precedentes citados:
HC 243.678-SP, Sexta Turma, DJe 13/12/2013; e REsp 1.198.786-DF, Quinta Turma, DJe
10/04/2014. HC 212.305-DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora Convocada
do TJ/SE), julgado em 24/4/2014²⁴.

Como o art. 214 do CP era também con do na Lei nº 8.072/90 como crime hediondo,
ocupando o inciso VI do art. 1º, devido à sua revogação expressa ocorrida no Código Penal, a
própria Lei nº 12.015/09 cuidou de também revoga-lo na Lei de crimes hediondos, entrando 5
8
agora em seu lugar naquele inciso VI o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), o qual
7-

também foi criado pela Lei nova.


53

Mas a grande polêmica existente quando da previsão an ga do crime de estupro na Lei 22


3.

de crimes hediondos, era em relação à forma como o disposi vo foi inscrito no inciso V do art. 1º
33

o qual era do seguinte modo: “V – estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e
4.

parágrafo único)”.
12

A redação do art. 223 do CP, bem como seu Parágrafo Único, previam,
respec vamente, as formas qualificadas por lesão corporal grave e morte dos an gos crimes
sexuais inscritos entre os ar gos 213 e 222 do CP (estupro, atentado violento ao pudor, posse
sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude, sedução, corrupção de menores e
as formas de rapto).
Tendo em vista a forma como o inciso V do art. 1º da Lei de crimes hediondos era
escrito, muita confusão surgiu em decorrência dessa redação, pois se cogitou que pelo fato de o
art. 213 ser seguido de uma conjunção “e”, se estaria condicionando a forma simples do caput às
formas qualificadas do art. 223 (lesão grave e morte), em pura relação de subordinação.
Essa tese induziria à interpretação de que somente seria hediondo o crime de estupro
se fosse pra cado na forma qualificada. O mesmo raciocínio servia para o crime de atentado
violento ao pudor, já que apresentava redação de forma semelhante no an go inciso VI do art.
1º da Lei de crimes hediondos, da seguinte forma: “VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e
sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único);”.

²⁴ Ver informa vo 543 - STJ


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A celeuma era tão considerável que tanto o STF como o STJ veram que se pronunciar
por várias vezes sobre o tema, conforme se pode observar nos seguinte julgados: STF (HC
88245/SC; HC 81.288/SC; HC 90.706/BA; HC 89.554/DF; HC 100.612/SP), STJ (AgRg no REsp.
1.201.806/MG; HC 21.196/SP; AgReg no EREsp 1.103.032/RJ; HC 23.633/SP; HC 17795/RJ;
AgRg no HC 250.451/MG HC 1.110.520/SP).
Apesar da discussão sobre o tema, os dois Tribunais Superiores, como se observa dos
julgados acima, sedimentaram o entendimento sobre a desnecessidade da forma qualificada
do crime de estupro e atentado violento ao pudor, para que fossem considerados hediondos.
Ou seja, os crimes, mesmo na forma simples, atraiam a incidência das disposições gravosas da
Lei nº 8.072/90.
No entanto, com o advento da Lei nº 12.015/09, toda divergência quanto a isso foi
sepultada, já que o legislador agora foi cuidadoso com a nova redação do inciso V da Lei de
crimes hediondos, ao colocar uma vírgula logo depois da grafia “art. 213”, entre os parênteses,
deixando bem claro que tanto a forma simples como as formas qualificadas do estupro eram
8 5
consideradas hediondas.
7-
53

1.6.7. Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º):


23
3.
33

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou pra car outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15
4.

(quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1º Incorre na mesma pena quem
12

pra ca as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) § 2o(VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3oSe da conduta resulta
lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão,
de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 4º Se da conduta
resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30
(trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).

Dentre as várias modificações realizadas no Código Penal pela Lei nº 12.015/09, uma
das mais relevantes foi a criação do crime de estupro de vulnerável, o qual veio previsto no art.
217-A. Antes da nova lei já se versava sobre a maior reprovabilidade da conduta do agente se o
crime de estupro fosse pra cado contra pessoas das como vulneráveis, no entanto essa ideia
se manifestava no po de forma presumida, por força da combinação do art. 213 com o an go
art. 224 do CP, a saber:

Art. 213. Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
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(...)
Presunção de violência
Art. 224. Presume-se a violência, se a ví ma:
a) não é maior de quatorze anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia
esta circunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

Era o chamado estupro presumido ou estupro com violência presumida, onde a violência
nestes casos era subentendida simplesmente pelo fato de a conduta ser pra cada em face de alguma
das pessoas constantes do rol do art. 224. À época em que ainda vigorava essa previsão havia um
debate acalorado sobre a natureza dessa presunção de violência, se era rela va ou absoluta.
Isto se deve pelo fato de muitas das ví mas de idade igual ou menor de quatorze anos já
possuírem uma experiência sexual anterior relevante, de modo a não haver mais uma efe va
corrupção em sua sexualidade, ou seja, pela ausência da chamada innocen a consilli. Além
disso, se nha a situação da aparência da adolescente ví ma, onde esta, embora vesse idade
menor ou igual a quatorze anos, não mais se comportava como tal, ou até mesmo nha a
8 5
7-

inicia va para a prá ca do ato sexual.


53

Na doutrina, sempre prevaleceu que tal presunção era de natureza rela va, conforme
24
3.

consta dos ensinamentos de Luiz Flávio Gomes, ao versar que “a presunção de violência, se
33

considerada absoluta, estaria em conflito com o moderno Direito penal da culpa, e com os
princípios da presunção de inocência e da ampla defesa”²⁵.
4.
12

Já em relação à jurisprudência, embora exis ssem decisões isoladas em sen do


contrário²⁶, o entendimento sempre foi o de que a presunção de violência neste caso era de
natureza absoluta, não admi ndo prova em sen do contrário, (STF HC 81.268/DF de 2002; STF
93.263/RS de 2008; STF HC 99.993/SP de 2009; e ainda, em relação aos fatos pra cados após a
edição da Lei nº 12.015/09, STF HC 109.206/RS de 2011; STF HC 97.052/PR de 2011; STF HC
101.456/MG de 2010).
Com a edição da Lei nº 12.015/09, a necessidade de combinação do art. 213 do CP com
o art. 224 do CP foi ex nta, passando agora o estupro de vulnerável a ser crime autônomo
previsto no art. 217-A, o qual ainda trouxe as qualificadoras de lesão grave e morte em seus
parágrafos 3º e 4º, respec vamente.
Quanto ao §1º do art. 213, este se trata de um estupro de vulnerável equiparado, onde
a ví ma, embora tenha idade igual ou superior a quatorze anos, apresenta “enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”.

²³ GOMES apud LIMA, 2015, p. 47.


²⁴ STF HC 73.662 de 2006; STJ EREsp 1.021.634/SP de 2011.
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Já o §2º, apesar de constar no inciso VI do art. 1º da Lei de crimes hediondos, esta não
se pode levar em consideração, tendo em vista que foi vetado pelo Presidente da República.
Esse disposi vo trazia causas de aumento de pena para o crime, porém, segundo a mensagem
do veto presidencial, não havia necessidade de sua previsão, já que as mesmas circunstâncias
majorantes já estavam presentes no art. 226 do CP.
Mesmo com o advento da Lei nº 12.015/09, ainda pairou na comunidade jurídica
dúvidas quanto à natureza da presunção da violência trazida pela redação do art. 217-A, pelos
mesmos mo vos à época em que vigorava a an ga combinação do art. 213 do CP com o art. 224
CP, ou seja, a experiência sexual juvenil e maturidade sica aparente. No entanto a
jurisprudência se mostrou intransponível quanto a isso, mantendo o entendimento tradicional,
vindo inclusive a 3ª Seção do STJ a sedimentar tal entendimento no REsp 1.480.881/PI - 2015:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. RECURSO


REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VÍTIMA MENOR DE
5
14 ANOS. FATO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 12.015/09. CONSENTIMENTO DA
8
VÍTIMA. IRRELEVÂNCIA. ADEQUAÇÃO SOCIAL. REJEIÇÃO. PROTEÇÃO LEGAL E
7-

CONSTITUCIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.


53

(...) 9. Recurso especial provido, para restabelecer a sentença proferida nos autos da
25
3.

Ação Penal n. 0001476-20.2010.8.0043, em tramitação na Comarca de Buri dos


Lopes/PI, por considerar que o acórdão recorrido contrariou o art. 217-A do Código
33

Penal, assentando-se, sob o rito do Recurso Especial Repe vo (art. 543-C do CPC),
4.

aseguinte tese: Para a caracterização do crime de estupro devulnerável previsto no


12

art. 217-A, caput, do Código Penal, basta queo agente tenha conjunção carnal ou
pra que qualquer ato libidinosocom pessoa menor de 14 anos. O consen mento da
ví ma, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamento
amoroso entre o agente e a ví ma não afastam a ocorrência do crime. (...) (RE no
RECURSO ESPECIAL Nº 1.480.881, Min. Laurita Vaz. Dj. 12/11/2015).

1.6.8. Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º):

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena -


reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 1º - Se
do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2º - No caso de culpa, a pena é de
detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

Quanto a este crime, importante se registrar que o mesmo somente será crime
hediondo em sua forma qualificada pela morte, sendo a forma simples não hedionda. Este,
ainda, é um crime preterdoloso, onde o resultado agravador decorre de culpa na conduta
consequente, ao contrário do latrocínio e da extorsão seguida de morte, onde o resultado
agravador pode decorrer tanto a tulo de dolo como de culpa.
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Há ainda de se registrar que embora a forma simples não seja hedionda, a Lei nº
8.072/90 quando foi editada alterou a pena do caput do art. 267, não em relação à máxima, mas
sim quanto à mínima cominada, passando de cinco para dez anos de reclusão.

1.6.9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto des nado a fins


terapêu cos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998):

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto des nado a fins
terapêu cos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena -
reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998) § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem
em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998) § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este ar go os
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêu cos, os cosmé cos, os
5
8
saneantes e os de uso em diagnós co. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º-B -
7-

Está sujeito às penas deste ar go quem pra ca as ações previstas no § 1º em relação a


53

produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de


2.7.1998) I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária 26
3.

competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) II - em desacordo com a fórmula


33

constante do registro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de


4.

2.7.1998) III - sem as caracterís cas de iden dade e qualidade admi das para a sua
comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) IV - com redução de seu valor
12

terapêu co ou de sua a vidade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) V - de


procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) VI - adquiridos de
estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)

A inclusão deste delito no rol da Lei de crimes hediondos foi realizada pela Lei nº
9.695/98. Já inclusão do crime no Código Penal se deu um pouco antes, com a Lei nº 9.677, do
mesmo ano.
As duas leis têm em comum o resultado do mesmo clamor social que as inspirou, qual
seja, o escandaloso episódio de falsificação de medicamentos descoberto pelo Governo no
segundo trimestre de 1998. Medicamentos como o an concepcional Microvlar, o an bió co
Amoxil, e o Androcur, u lizado para o tratamento de câncer da próstata, foram falsificados e
distribuídos para o consumo.
Em decorrência deste lamentável episódio sanitário, o “espírito de jus ça” do
legislador estava tão aguçado que o mesmo ainda tentou transformar em crime hediondo outro
crime criado pela Lei nº 9.677/98, qual seja, a falsificação, adulteração, corrupção e alteração de
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produto alimen cio previsto no art. 272²⁷ do CP.


No entanto o Presidente da República vetou a pretensão legisla va, invocando
inclusive os princípios cons tucionais da proporcionalidade e razoabilidade. Sendo assim, ao
se voltar os olhos para o inciso VII-A do art. 1º da Lei de crimes hediondos, se percebe que o
mesmo se encontra vazio e com o indica vo do respec vo veto.
Há de se registrar que o STJ em recente decisão (HC 239.636/PR de 26/02/2015) julgou
o preceito secundário do art. 273, §1-B, V incons tucional, por considerar a pena cominada ao
crime (a mesma do caput do art. 273 – 10 a 15 anos de reclusão) desproporcional de
desarrazoada. Na decisão o Tribunal Superior decidiu que a pena a ser aplica para a hipótese
deveria ser a mesma prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), ou seja, 05 a 15 anos
de reclusão, além das respec vas multas cominadas.
O STF ainda não consolidou o entendimento a respeito, mas há julgados que se
inclinam no sen do contrário ao decidido pelo STJ, v.g., AgR no RE 829226 de 10/02/2015 e AgR
no RE 844152 de 02/12/2014. Mas se reitera que a decisão do STJ pela incons tucionalidade foi 5
8
somente em relação ao art. 273, §1-B, V.
7-
53

1.6.10. Favorecimento da pros tuição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou


27
3.

adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).


33

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à pros tuição ou outra forma de exploração
4.

sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência


12

mental, não tem o necessário discernimento para a prá ca do ato, facilitá-la, impedir
ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de
4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1º Se o crime é
pra cado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2º Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009) I - quem pra ca conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no
caput deste ar go; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) II - o proprietário, o gerente
ou o responsável pelo local em que se verifiquem as prá cas referidas no caput deste
ar go. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3º Na hipótese do inciso II do § 2º,
cons tui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

O presente crime foi incluído na Lei de crimes hediondos pela Lei nº 12.978/14, e teve
como principal finalidade punir mais severamente aqueles que, além de se aproveitarem da
sevícia infanto-juvenil, ainda dificultam a saída das ví mas do mundo da exploração sexual.

²⁷ “Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimen cio des nado a consumo, tornando-o
nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutri vo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)Pena - reclusão, de 4 (quatro) a
8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)”
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Contextualizando a edição da lei, se observa que ela foi editada às vésperas da Copa do
Mundo de 2014, o que de fato aumentaria muito a movimentação turís ca nas cidades em que
ocorreriam os jogos. Sendo assim, se teria um campo fér l para oportunistas buscarem lucro
fácil e das formas mais ignóbeis, inclusive com a exploração sexual de crianças e adolescentes.
As autoridades já prevendo este cenário, resolveram por bem endurecer a lei, de modo a se
prevenir tais condutas.
Como se percebe da leitura do disposi vo legal inscrito no art. 218-B do CP, o legislador
buscou responsabilizar mais severamente não só aquele que efe vamente submete a criança e
o adolescente à pros tuição, mas também aquele que com eles, nestas condições, pra ca o ato
sexual. Também sofrem sanções os responsáveis pelos estabelecimentos que abrigam tais
a vidades, podendo ter suas a vidades cassadas depois de condenados, conforme se observa
do §3º do art. 218-B do CP.

1.6.11. Genocídio e porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito: 5


8
7-

“Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei
53

no 2.889, de 1º de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso


restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou 28
3.

consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017).”


33

Em relação ao crime de genocídio, desde a edição da Lei nº 8.072/90 é considerado


4.

crime hediondo, tendo como bem jurídico um valor supranacional, qual seja, a preservação da
12

pessoa humana, podendo ser pra cado de várias formas que não somente a eliminação de
membros do grupo, senão vejamos:

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989) a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade sica ou mental de membros do grupo; c)
submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-
lhe a destruição sica total ou parcial; d) adotar medidas des nadas a impedir os
nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo
para outro grupo;Será punido: (...)

Sendo assim, não há de se confundir este crime com o homicídio pra cado por grupo
de extermínio, previsto no art. 121, §6º do CP, pois este pode se dirigir a membros ou
componentes de grupos variados, sendo que o dolo do agente não é o de exterminar todo ou
parte do grupo, mas sim de matar somente alguns de seus componentes.
Já o genocídio, segundo o que dispõe o art. 1º da Lei nº 2.889/56, ocorre com a
intenção de se destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Em
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síntese, no Genocídio o dolo do agente é voltado para o grupo, já no homicídio pra cado por
grupo de extermínio, o dolo é voltado para o indivíduo integrante de determinado grupo.
Por fim, tendo em vista que o crime de Genocídio não é um delito necessariamente
contra a vida, deverá ser julgado pelo Juízo singular, já o crime de homicídio pra cado por grupo de
extermínio pelo Tribunal do Júri, salvo se ocorrer concurso formal de crimes entre o genocídio e os
homicídios corretados, onde então o Júri atrairá a competência, nos termos do art. 78, I do CPP.
Mas a grande novidade constante do rol de crimes hediondos foi a inserida pela Lei nº
13.497/17, a qual acrescentou o crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito na Lei
nº 8.072/90. Tal crime é previsto no art. 16 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do desarmamento).

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas
5
8
incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
7-

iden ficação de arma de fogo ou artefato;II – modificar as caracterís cas de arma de


53

fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou


para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito 29
3.

ou juiz;III – possuir, de ver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário,


33

sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;IV –


4.

portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,


marca ou qualquer outro sinal de iden ficação raspado, suprimido ou adulterado; V
12

– vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,


munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar,
sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

Percebe-se que o contexto da edição desta lei foram os constantes episódios de


violência urbana ocorridos no Rio de Janeiro nos úl mos tempos, onde indivíduos já estão
pra cando roubos em estabelecimento comerciais armados com fuzis, armas estas de alto
poder destru vo e comumente u lizadas em guerras.
No entanto debates surgirão quanto a esta nova previsão, em especial sobre a abrangência
do disposi vo, tendo em vista que a nova lei u lizou a expressão “posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003”.
Sabe-se que o referido disposi vo (art. 16 da Lei nº 10.826/03) possui um Parágrafo
Único com condutas equiparadas, ou seja, subme das às mesmas penas cominadas no caput.
Há também a situação da posse e o porte das munições (quando não es verem acompanhadas
das armas), já que a lei u lizou somente a expressão “arma”. Em fim, como o disposi vo é muito
recente, aguardaremos as discursões que certamente advirão de sua aplicação.
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1.7. Crimes equiparados a hediondos (Art. 2º da Lei nº 8.072/90):


Após a previsão taxa va dos considerados crimes hediondos no art. 1º da Lei nº
8.072/90, o legislador, em cumprimento ao preceituado no art. 5º, XLIII da Cons tuição Federal
de 1988, inseriu no art. 2º daquele diploma norma vo as conseqüências severas que poderão
recair àqueles que pra carem quaisquer dos delitos ali previstos.
Não somente isso, para além de prever estas conseqüências severas, o legislador buscou
incluir no mesmo disposi vo legal os crimes de: a) tortura (Lei nº 9.455/97); b) tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins (Lei nº 11.343/06), e c) o terrorismo (Lei nº 13.260/2016).
Portanto, tendo em vista estarem subme dos aos mesmos rigores previstos para os
crimes hediondos, sendo a diferença, de fato, meramente disposi va²⁸, a doutrina passou a
denominar estes crimes como sendo equiparados a crimes hediondos.

a) Da tortura (Lei nº 9.455/97):


5
No que se refere ao crime de tortura, apesar de o Brasil já ser à época signatário de
8
7-

tratados e convenções internacionais sobre o tema²⁹, somente em 1990 que o mesmo foi
53

mencionado em uma lei ordinária como conduta penalmente relevante, conforme se observa
da an ga redação do art. 233 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente): “Art. 30
3.
33

233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:
Pena - reclusão de um a cinco anos. (...)”
4.
12

No entanto, tendo em vista a redação do ar go, o qual não conceituava “tortura”,


surgiram polêmicas quanto à aplicabilidade do disposi vo. Mas o STF, através, no HC
70.3899/SP concluiu pela cons tucionalidade da previsão constante do ECA, ou seja, pela
possibilidade de punição pelo crime, se baseando na amplitude conceitual de “tortura”
constante dos tratados acima descritos, nos seguintes termos:

TORTURA CONTRA CRIANÇA OU ADOLESCENTE - EXISTÊNCIA JURÍDICA DESSE CRIME NO


DIREITO PENAL POSITIVO BRASILEIRO - NECESSIDADE DE SUA REPRESSÃO -
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SUBSCRITAS PELO BRASIL - PREVISÃO TÍPICA
CONSTANTE DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI Nº 8.069/90, ART. 233)-
CONFIRMAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE DESSA NORMA DE TIPIFICAÇÃO PENAL -
DELITO IMPUTADO A POLICIAIS MILITARES - INFRAÇÃO PENAL QUE NÃO SE QUALIFICA
COMO CRIME MILITAR - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM DO ESTADO-MEMBRO -

²⁸ Isto porque a repugnância das condutas de torturar, traficar e pra car terrorismo, é tão alta quanto às dos crimes previsto no
art. 1º da Lei nº 8.072/90.
²⁹ Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Declaração sobre a proteção de todas as pessoas contra a Tortura e outros
Tratamentos ou Penas cruéis (1975); Convenção contra a Tortura, adotada pela Assembleia Geral da ONU (1994); Convenção
Interamericana contra a Tortura de Cartagena (1985); Convenção América sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica (1969) e Convenção de Nova York sobre os Direitos da Criança (1990).
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PEDIDO DEFERIDO EM PARTE. PREVISÃO LEGAL DO CRIME DE TORTURA CONTRA


CRIANÇA OU ADOLESCENTE - OBSERVÂNCIA DO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA
TIPICIDADE . – (...) A simples referência norma va à tortura, constante da descrição
pica consubstanciada no art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente, exterioriza
um universo conceitual impregnado de noções com que o senso comum e o
sen mento de decência das pessoas iden ficam as condutas aviltantes que traduzem,
na concreção de sua prá ca, o gesto ominoso de ofensa à dignidade da pessoa
humana. A tortura cons tui a negação arbitrária dos direitos humanos, pois reflete -
enquanto prá ca ilegí ma, imoral e abusiva - um inaceitável ensaio de atuação estatal
tendente a asfixiar e, até mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia e a liberdade com
que o indivíduo foi dotado, de maneira indisponível, pelo ordenamento posi vo.
NECESSIDADE DE REPRESSÃO À TORTURA - CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. O Brasil, ao
pificar o crime de tortura contra crianças ou adolescentes, revelou-se fiel aos
compromissos que assumiu na ordem internacional, especialmente àqueles
decorrentes da Convenção de Nova York sobre os Direitos da Criança (1990), da
Convenção contra a Tortura adotada pela Assembléia Geral da ONU (1984), da
Convenção Interamericana contra a Tortura concluída em Cartagena (1985) e da
5
8
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),
7-

formulada no âmbito da OEA (1969). Mais do que isso, o legislador brasileiro, ao conferir
53

expressão pica a essa modalidade de infração delituosa, deu aplicação efe va ao texto
da Cons tuição Federal que impõe ao Poder Público a obrigação de proteger os menores 31
3.

contra toda a forma de violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, in fine). (STF - HC:
33

70389 SP, Relator: Min. SYDNEY SANCHES, Data de Julgamento: 23/06/1994, Tribunal
4.

Pleno, Data de Publicação: DJ 10-08-2001 PP-00003 EMENT VOL-02038-02 PP-00186)


12

Com a superveniência da Lei nº 9.455/97, a celeuma se deu por encerrada, tendo em


vista que a referida lei definiu o crime de tortura, bem como trouxe causa de aumento de pena
quando o fato for pra cado em face de criança ou adolescente (Art. 1º, §4º II), o que,
conseqüentemente, ocasionou a revogação expressa do art. 233 do ECA.

b) Do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei nº 11.343/06):

No que se refere ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, esta


expressão não constava como nomen iuris na an ga Lei de drogas (Lei nº 6.368/76), e também não
consta na nova lei (Lei nº 11.343/06). Isso levou aos debates quanto à conduta que deveria ser
considerada tráfico de drogas para os termos do previsto tanto no art. 5º, inciso XLIII, como no art.
2º da Lei nº 8.072/90.
Ainda na vigência da Lei nº 6.368/76, a jurisprudência sedimentou o entendimento de
que somente as condutas previstas nos arts. 12 e 13 daquela lei deveriam ser considerados tráfico
de drogas. A associação para o tráfico, prevista no art. 14, não era considerado hediondo, assim
como também não o é na nova lei STF HC 83.017/RJ - 2004 e STF HC 83656/AC - 2004).

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Quanto à nova lei de drogas (Lei nº 11.343/06), somente são considerados crimes de tráfico
de drogas, e, portanto, hediondas, as condutas descritas nos arts. 33, caput e §1º, bem como o art.
34, os quais guardam semelhança com as previsões da lei anterior. Como já era entendimento, a
associação para o tráfico prevista no art. 35 da nova lei con nua não sendo considerado hediondo.
Porém há dois pos penais previstos na nova lei de drogas que antes não eram
pificados na Lei nº 6.368/76, quais sejam: art. 36 (financiamento para o tráfico)³⁰ e art. 37
(colaboração para o tráfico)³¹. Quanto a esses crimes, prevalece na doutrina que eles devem
ser considerados tráfico de drogas, pois se tratam na verdade de exceção pluralista à teoria
monista adotada pelo art. 29 do CP, sendo, essencialmente, formas de par cipação no crime
de tráfico, como era na an ga lei³2.
Como se não bastasse, ainda há o fato de o crime do art. 36 da nova lei de drogas ter
penalidade mais severa do que a conduta prevista no art. 33. Sendo assim, seria uma
incoerência legal, bem como ofenderia o princípio da proporcionalidade, ao se desconsiderar a
conduta como hedionda.
8 5
Além do mais, a própria lei de drogas, em seu art. 44, prevê que:
7-
53

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são 32
3.

inafiançáveis e insusce veis de sursis, graça, indulto, anis a e liberdade provisória,


33

vedada a conversão de suas penas em restri vas de direitos. Parágrafo único. Nos
4.

crimes previstos no caput deste ar go, dar-se-á o livramento condicional após o


cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente
12

específico

.
Com isso, se nota que a própria lei de drogas prevê medidas severas para aqueles que
pra cam as condutas descritas no arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 (trafico, tráfico equiparado,
posse de maquinário para o tráfico, associação para o tráfico, financiamento para o tráfico e
colaboração para o tráfico), sendo que algumas dessas medidas estão também previstas no art.
2º da Lei nº 8.072/90, a saber, a vedação da concessão de anis a, graça, indulto e fiança.
Portanto, apesar de o crime descrito no art. 35 da lei de drogas (associação para o
tráfico) não ser considerado hediondo, como antes já não era pela jurisprudência, tal delito
estará subme do aos mesmos rigores da lei severa, mas não com base no art. 2º da Lei nº
8.072/90, e sim com base no art. 44 da Lei nº 11.343/06.

³⁰ Art. 36. Financiar ou custear a prá ca de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena -
reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
³¹ Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação des nados à prá ca de qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a
700 (setecentos) dias-multa.
³² (JUNQUEIRA e FULLER, apud LIMA, 2015)
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Por fim, há de se registrar que recentemente o plenário do STF, no julgamento do HC


118.533/MS - 2016 considerou não ser crime equiparado a hediondo o chamado tráfico
privilegiado, previsto no §4º do art. 33 da lei nº 11.343/06. Havia divergências quanto a isso,
principalmente pelo fato de este §4º fazer referência direta ao caput do art. 33 e ao seu §1º, os
quais, como já se estudou anteriormente, são considerados equiparados a hediondos. O que o
§4º fez foi trazer causas de diminuição de pena para o crime de tráfico se presentes certas
condições, mas sem afetar a estrutura pica essencial deste delito, conforme se verifica:

Art. 33 (...) § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste ar go, as penas


poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas
restri vas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não
se dedique às a vidades criminosas nem integre organização criminosa.

Mas a Corte Suprema superou a discussão, ao julgar a causa. O Pleno do Tribunal, no


HC 118.533/MS - 2016, por maioria e nos termos do voto da Relatora, concedeu a ordem para
afastar a natureza hedionda do tráfico privilegiado de drogas, vencidos os Ministros Luiz Fux,
8 5
Dias Toffoli e Marco Aurélio. Reajustaram os votos os Ministros Edson Fachin, Teori Zavascki e
7-

Rosa Weber. Estava ausente o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro
53

Ricardo Lewandowski. Plenário, 23.06.2016. 33


3.
33

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO


DE ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO TRÁFICO DE ENTORPECENTES
4.

PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. ORDEM


12

CONCEDIDA. 1. O tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n.


11.313/2006) não se harmoniza com a hediondez do tráfico de entorpecentes
definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos. 2. O tratamento penal dirigido ao
delito come do sob o manto do privilégio apresenta contornos mais benignos, menos
gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do agente com
o delito, a não reincidência, a ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo
com organização criminosa. 3. Há evidente constrangimento ilegal ao se es pular ao
tráfico de entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 8.072/90. 4. Ordem concedida.
(HC 118533, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 16-09-2016 PUBLIC 19-09-2016)

Tendo em vista a tal decisão da Suprema Corte, logo depois o STJ foi no mesmo sen do,
onde a 3ª Seção do Tribunal, através da Pet. 11.796/DF – 2016 sintonizou sua jurisprudência com
a do STF, passando também a considerar de natureza não hedionda o crime de tráfico
privilegiado previsto no art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06, sendo que, na mesma ocasião, cancelou
a súmula nº 512³³ que versava sobre o tema, porém em sen do contrário:

³³ Súmula 512 - a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a
hediondez do crime de tráfico de drogas. – CANCELADA.
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PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS NA SUA FORMA


PRIVILEGIADA. ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/2006. CRIME NÃO EQUIPARADO A
HEDIONDO. ENTENDIMENTO RECENTE DO PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
NO JULGAMENTO DO HC 118.533/MS. REVISÃO DO TEMA ANALISADO PELA TERCEIRA
SEÇÃO SOB O RITO DOS REPETITIVOS. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA Nº 1.329.088/RS. CANCELAMENTO DO ENUNCIADO Nº 512 DA
SÚMULA DO STJ. 1. O Supremo Tribunal Federal, no recente julgamento do HC
118.533/MS, firmou entendimento de que apenas as modalidades de tráfico ilícito de
drogas definidas no art. 33, caput e § 1°, da Lei nº 11.343/2006 seriam equiparadas aos
crimes hediondos, enquanto referido delito na modalidade privilegiada apresentaria
"contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o
envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a ausência de maus
antecedentes e a inexistência de vínculo com organização criminosa." (Rel. Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016). 2. É sabido que os julgamentos
proferidos pelo Excelso Pretório em Habeas Corpus, ainda que por seu Órgão Pleno, não
têm efeito vinculante nem eficácia erga omnes. No entanto, a fim de observar os
princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, bem como de
5
8
evitar a prolação de decisões contraditórias nas instâncias ordinárias e também no
7-

âmbito deste Tribunal Superior de Jus ça, é necessária a revisão do tema analisado por
53

este Sodalício sob o rito dos recursos repe vos (Recurso Especial Representa vo da
Controvérsia nº 1.329.088/RS - Tema 600). 3. Acolhimento da tese segundo a qual o 34
3.

tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006)
33

não é crime equiparado a hediondo, com o consequente cancelamento do enunciado


4.

512 da Súmula deste Superior Tribunal de Jus ça. (Pet 11.796/DF, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/11/2016, DJe
12

29/11/2016)

c) Do terrorismo (Lei nº 13.260/16):

Quanto ao crime de terrorismo, importante registrar que até o ano de 2016, o


disposi vo era juridicamente inaplicável, já que não havia previsão legal deste crime no
ordenamento jurídico, ou seja, não exis a um po penal definindo atos de terrorismo e muito
menos a cominação de pena para o delito.
O que de fato exis a era uma menção de terrorismo no art. 20 da Lei nº 7.170/83, que
versava sobre os crimes contra a segurança nacional e a ordem polí ca e social, nos seguintes
termos:

Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado,


incendiar, depredar, provocar explosão, pra car atentado pessoal ou atos de
terrorismo, por inconformismo polí co ou para obtenção de fundos des nados à
manutenção de organizações polí cas clandes nas ou subversivas. Pena: reclusão,
de 3 a 10 anos. (...).

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Mas a singela previsão legal não era suficiente para se punir atos de terrorismo no
Brasil como crime autônomo, e muito menos aplicar os rigores da Lei nº 8.072/90 neste
aspecto. Sempre houve dificuldade em se uniformizar um conceito ao menos doutrinário de
terrorismo. No Brasil, a preocupação em se posi var tal crime começou após o Decreto nº
5.639/05, o qual introduziu no ordenamento jurídico as normas da Convenção Interamericana
contra o Terrorismo, assinada em Barbados em 03/07/2002.
No entanto se demoraria quatorze anos até que a primeira lei prevendo o crime de
terrorismo no Brasil fosse publicada, qual seja a Lei nº 13.260/2016, a qual, em seu art. 2º,
informa sobre o que deve ser considerado ato de terrorismo, vejamos:

Art. 2º O terrorismo consiste na prá ca por um ou mais indivíduos dos atos previstos
neste ar go, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
religião, quando come dos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado,
expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. § 1º São
atos de terrorismo:I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer
5
8
consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos,
7-

nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em


53

massa; II – (VETADO); III - (VETADO); IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com


violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos ciberné cos, do 35
3.

controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou


33

de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais,


4.

casas de saúde, escolas, estádios espor vos, instalações públicas ou locais onde
funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de
12

energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de


petróleo e gás e ins tuições bancárias e sua rede de atendimento; V - atentar contra a
vida ou a integridade sica de pessoa: Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das
sanções correspondentes à ameaça ou à violência.

Observa-se, portanto, que a par r de então o art. 2º da Lei de crimes hediondos


passaria a ter aplicação em sua totalidade no ordenamento jurídico, estando os crimes nele
previstos devidamente posi vados em leis ordinárias federais.

1.8 Consequências gravosas da Lei nº 8.072/90:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e


drogas afins e o terrorismo são insusce veis de: I - anis a, graça e indulto; II - fiança.
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) §1º A pena por crime previsto neste ar go
será cumprida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de
2007) §2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste ar go, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o

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apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei
nº 11.464, de 2007) §3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº
11.464, de 2007) §4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste ar go, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)

1.8.1. Impossibilidade de anis a, graça e adulto:


A anis a, como indulgência soberana, é o esquecimento jurídico da infração penal, ou
seja, é direcionado ao crime em si, e não ao agente criminoso. É dada somente pelo Congresso
Nacional através de Lei nos termos do art. 48, VIII da CF/88 e, uma vez concedida, não pode ser
revogada. Pode ocorrer inclusive após a sentença penal condenatória.
A anis a também é causa ex n va de punibilidade, nos termos do art. 107, II do CP,
onde, depois de concedida, tem o efeito de ex nguir todos os efeitos penais da condenação, 5
8
inclusive os que induzem à reincidência. Apesar disso, ainda subsiste o dever de indenizar.
7-

Já a graça é ato do Presidente da República, que o materializa através de decreto. É


53

uma medida voltada ao condenado por sentença penal irrecorrível, ou seja, é de natureza 36
3.

pessoal. Apesar da vedação cons tucional con da no art. 5º, XLIII da CF/88, quanto aos crimes
33

hediondos e equiparados, tal modalidade de clemência não mais é prevista em nenhum outro
4.

disposi vo como ins tuto autônomo, vindo o art. 84, XII da CF/88 a mencionar como atribuição
12

do Presidente da República somente o induto.


Devido às suas caracterís cas, a anis a é tratada como modalidade de induto
individual, sendo que o próprio condenado pode pe cionar a sua concessão em forma de
indulto individual, nos termos do art. 188 da Lei de Execuções Penais, bem como também
podem pe cionar o Ministério Público, o Conselho Penitenciário ou a autoridade
administra va carcerária.
O indulto é a terceira modalidade de indulgência, também concedida pelo Presidente
da República através de decreto, nos termos do art. 84, XII da CF/88. O induto pode ser total
(causando a ex nção da punibilidade), como também parcial (comutação de pena), que tem a
finalidade de diminuir a pena a ser cumprida.
Há divergência na doutrina sobre a cons tucionalidade do art. 2º, I da Lei nº 8.072/90,
quanto à vedação do indulto para crimes hediondos e equiparados, já que a Cons tuição Federal
não o teria mencionado no art. 5º, XLIII. Mas a jurisprudência é pacífica no sen do da
cons tucionalidade do disposi vo, já que o indulto, por suas caracterís cas, é nada mais do que a
graça cole va, guardando os mesmos requisitos para a concessão e os mesmos efeitos desta.
Nesse sen do: STF HC 90.364/MG - 2007; STF HC 81.565/SC - 2002; STJ HC 167.825/MS - 2012.
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É importante ainda se registrar a polêmica que surgiu em decorrência da previsão


con da no art. 1º, §6º da Lei nº 9.455/97 (Lei de tortura), onde consta que “o crime de tortura é
inafiançável e insusce vel de graça ou anis a”. Como se percebe, comungando com a redação
do art. 5º, XLIII da CF/88, a Lei de tortura não mencionou também o indulto, o que levou parte
da doutrina a entender que seria possível a concessão dessa modalidade de clemência para os
agentes condenados por tortura, a despeito da vedação con da no art. 2º, I da lei de crimes
hediondos³⁴.
Mas a jurisprudência também se pronunciou sobre o tema, sendo que o STF julgou ser
incons tucional a concessão de indulto aos crimes hediondos e equiparados, conforme se
extrai da ADI 2.795 - MC/DF, julgada em 2003.

EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO FEDERAL. INDULTO.


LIMITES. CONDENADOS PELOS CRIMES PREVISTOS NO INCISO XLIII DO ARTIGO 5º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME.
5
REFERENDO DE MEDIDA LIMINAR DEFERIDA. (...) 2. Revela-se incons tucional a
8
possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes hediondos,
7-

de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,


53

independentemente do lapso temporal da condenação. Interpretação conforme a


Cons tuição dada ao § 2º do ar go 7º do Decreto 4495/02 para fixar os limites de sua 37
3.

aplicação, assegurando-se legi midade à indulgencia principis. Referendada a cautelar


33

deferida pelo Ministro Vice-Presidente no período de férias forenses.


4.
12

Ainda há a discursão sobre o chamado indulto humanitário, o qual seria aplicado a


determinadas pessoas tendo em vista o padecimento das mesmas por deficiência sica grave
ou que estejam em estado de saúde debilitada. É decorrente do princípio da humanidade,
onde “até mesmo condenados por crimes de especial gravidade têm o direito de padecer seu
estado doen o em sossego ou de preparar-se para a morte com dignidade, notadamente nas
hipóteses em que os cuidados médicos não possam ser prestados no próprio estabelecimento
penal” (LIMA, 2015, p. 63)³⁵.
Apesar do entendimento doutrinário, há julgado da 2ª Turma do STF no sen do da
impossibilidade de concessão de indulto humanitário a réu condenado por crime de tráfico
drogas (STF, 2ª Turma, HC 118.213/SP - 2014).

1.8.2. Impossibilidade de liberdade provisória mediante fiança:

Antes da Lei 11.464/07, a qual alterou quase a totalidade do art. 2º da Lei nº 8.072/90, a lei

³⁴ GONÇALVES apud LIMA, 2015, p. 62.


³⁵ No mesmo sen do OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Regimes cons tucionais de liberdade provisória. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2007. p. 99.
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vedava a fiança e liberdade provisória, sendo que tal vedação já era considerada incons tucional
pelo STF (HC 80.719/SP - 2001). Com o advento daquela lei, a Lei de crimes hediondos passou a vedar
somente a fiança, sendo a liberdade provisória sem fiança perfeitamente cabível, devendo o
magistrado analisar o caso concreto, a fim de deliberar ou não pela sua concessão.
O STF no HC 104.339/SP, julgado em 2012, adotou a tese da possibilidade da liberdade
provisória, mesmo sem fiança, no crime de tráfico de drogas, no âmbito da Lei nº 11.343/06, e
ainda decidiu que não cabe vedação com base na gravidade em abstrato, mas o juiz deverá
analisar o caso concreto.

EMENTA. Habeas corpus. 2. Paciente preso em flagrante por infração ao art. 33,
caput, c/c 40, III, da Lei 11.343/2006. 3. Liberdade provisória. Vedação expressa (Lei n.
11.343/2006, art. 44). 4. Constrição cautelar man da somente com base na
proibição legal. 5. Necessidade de análise dos requisitos do art. 312 do CPP.
Fundamentação inidônea. 6. Ordem concedida, parcialmente, nos termos da liminar
anteriormente deferida. (STF - HC: 104339 SP, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data
5
8
de Julgamento: 10/05/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO
7-

ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 05-12-2012 PUBLIC 06-12-2012)


53

Esse julgado representou um marco para o entendimento jurisprudencial, tendo em 38


3.
33

vista que a Lei nº 11.343/06, devido à previsão especial con da em seu art. 44, caput,
prevalecia sobre as disposições da Lei nº 8.072/90, em especial quanto à liberdade provisória e
4.

a necessidade de se analisar o caso concreto para efeito de autorizar ou não o bene cio legal.
12

No ano de 2017 O Supremo Tribunal Federal reafirmou sua jurisprudência no sen do da


incons tucionalidade de regra prevista na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) que veda a concessão
de liberdade provisória a presos acusados de tráfico. A decisão foi tomada pelo Plenário Virtual no
Recurso Extraordinário RE 1.038.925/SP - 2017, com repercussão geral reconhecida³⁶.

DECISÃO: Recurso extraordinário. 2. Cons tucional. Processo Penal. Tráfico de drogas.


Vedação legal de liberdade provisória. Interpretação dos incisos XLIII e LXVI do art. 5º
da CF. 3. Reafirmação de jurisprudência. 4. Proposta de fixação da seguinte tese: É
incons tucional a expressão e liberdade provisória, constante do caput do ar go 44
da Lei 11.343/2006. 5. Negado provimento ao recurso extraordinário interposto pelo
Ministério Público Federal. Decisão: O Tribunal, por maioria, reputou cons tucional a
questão, vencido o Ministro Marco Aurélio. Não se manifestou a Ministra Cármen Lúcia.

Há de se destacar que especificamente em relação à liberdade provisória, com ou


sem fiança, o legislador sempre teve liberdade para vedar ou não a concessão do ins tuto, a

³⁶ Disponível em: <h p://www.s .jus.br/portal/cms/verNo ciaDetalhe.asp?idConteudo=354431>.Acesso em 22/03/2018.


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depender do crime pra cado, como se percebe da redação do art. 31 da Lei nº 7.492/86 (veda a
fiança), art. 7º da Lei nº 9.034/95 (vedava a liberdade provisória com e sem fiança -
REVOGADA), art. 1º, §6º da Lei nº 9.455/97 (veda a fiança), art. 3º da Lei nº 9.613/98 (vedava a
liberdade provisória com e sem fiança)³⁷, art. 14, Parágrafo Único, art. 15 e art. 21 da Lei nº
10.826/03 (vedava a fiança e liberdade provisória)³⁸, art. 44, caput, da Lei nº 11.343/06 (veda a
liberdade provisória com ou sem fiança)³⁹, além das tradicionais vedações cons tucionais
descritas no art. 5º, LXII (veda a fiança ao racismo – Lei nº 7.716/89); e XLIII (veda a fiança para a
tortura, para o terrorismo, para o tráfico de drogas e para os crimes hediondos.
Tal a tude do legislador se fundava em disposi vo do texto cons tucional, qual seja o
art. 5º, LXVI, o qual dispõe que: “LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela man do, quando a
lei admi r a liberdade provisória, com ou sem fiança;”. Sendo assim, devido à clareza literal da
Carta Magna, muitas leis passaram a vedar a concessão do bene cio da liberdade provisória
(com fiança ou sem).
Mas os tribunais superiores começaram a perceber que tal disposi vo cons tucional
8 5
não poderia ser lido de forma isolada⁴⁰, já que no mesmo corpo cons tucional há a descrição
7-

do art. 5º LVII, o qual traz o princípio da presunção de não culpabilidade, e do art. 5º, LXI, o qual
53

prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 39
3.

fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar


33

ou crime propriamente militar, definidos em lei;”.


4.
12

1.8.3. Regime inicial de cumprimento da pena:

Aqui outra vedação que originalmente era mais severa, pois antes o regime era
integralmente fechado, conforme se percebe da redação original da Lei de crimes hediondos, onde
não poderia o agente progredir de regime. Por durante 16 anos, desde a edição da Lei nº 8.072/90, o
STF se quedou silente quanto à duvidosa cons tucionalidade do disposi vo que vedava a progressão
de regime para os condenados por crime hediondo e equiparados (an ga redação do §1º do art. 2º).
Mas no ano de 2006 sobreveio o célebre julgado do HC 82.959/SP - 2006, para o qual
atribuído efeito erga omnes pelo pleno do STF, onde foi declarada incons tucional essa
vedação de progressão de regime na lei de crimes hediondos, versando sobre violação de
princípios cons tucionais, v.g., dignidade da pessoa humana e individualização da pena.

³⁷ A Lei nº 12.683/12 alterou substancialmente a Lei nº 9.613/98, passando o crime de lavagem de capitais ser susce vel de
liberdade provisória com ou sem fiança, podendo ser cumulada ou não com outras medidas cautelares diversas da prisão.
³⁸ Ver a ADI 3.112/DF - 2007, a qual considerou incons tucional a vedação de fiança para os crimes do arts. 14 e 15 (posse ilegal
de arma de fogo de uso permi do e disparo de arma de fogo), bem como liberdade provisória aos crimes dos arts. 16, 17 e 18
(porte ou posse ilegal de arma de uso restrito, comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo.
³⁹ Já com entendimento consolidado do STF pela incons tucionalidade, conforme se observa no HC 104.339, com julgamento
recentede 2017, no RE 1.038.925/SP.
⁴⁰ É o que se observa do julgamento que concedeu Medida Cautelar no HC 94.404/SP – 2008, por exemplo.
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EMENTA: PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A


progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto
e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos
dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE
CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 -
INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garan a
da individualização da pena - ar go 5º, inciso XLVI, da Cons tuição Federal - a
imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente
fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução
jurisprudencial, assentada a incons tucionalidade do ar go 2º, § 1º, da Lei nº
8.072/90.(STF - HC: 82959 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento:
23/02/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 01-09-2006 PP-00018 EMENT
VOL-02245-03 PP-00510).

Após esse entendimento, o legislador, através da Lei nº 11.464/07, revogou a


obrigação de regime integralmente fechado e previu, na mesma lei, o regime obrigatório 5
inicialmente fechado. Só que, mais uma vez, o STF em julgamento importante, no HC
8
7-

111.840/ES - 2012⁴¹ considerou incons tucional essa possibilidade, versando que caberia ao
53

juiz decidir sobre o regime inicial adequado na análise do caso concreto. Há de se destacar
também as súmulas 718⁴² e 719⁴³ do STF sobre o tema. 40
3.
33

Registra-se que há decisão do Ministro Marco Aurélio de Melo (HC 123316/SE - 2015)
que considerou legí mo o regime inicial fechado no caso de tortura. No entanto é uma
4.
12

decisão isolada e não observada pelo STJ.

⁴¹ EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime pra cado durante a vigência da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8
anos de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do regime inicial fechado. Declaração incidental de incons tucionalidade do §
1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90. Ofensa à garan a cons tucional da individualização da pena (inciso XLVI do art. 5º da CF/88).
Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para
o início de cumprimento da pena priva va de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito foi pra cado em 10/10/09, já
na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual ins tuiu a obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos crimes
hediondos e assemelhados. 2. Se a Cons tuição Federal menciona que a lei regulará a individualização da pena, é natural que ela
exista. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garan as
cons tucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo
ou equiparado. 3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6) anos de reclusão, ostenta
circunstâncias subje vas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais circunstâncias
não elidem a possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das condições subje vas desfavoráveis, vir a estabelecer
regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a
necessidade de maior rigor da medida priva va de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o art. 59, do Código
Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada
pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por crime previsto neste ar go será cumprida inicialmente em regime
fechado“. Declaração incidental de incons tucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do regime fechado
para início do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. (DJe-249 DIVULG 16-12-
2013 PUBLIC 17-12-2013).
⁴² “SÚMULA 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não cons tui mo vação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permi do segundo a pena aplicada.”
⁴³ “SÚMULA 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permi r exige mo vação
idônea.”
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1.8.4. Progressão de regime:

Tendo em vista a declaração de incons tucionalidade do regime integralmente


fechado para condenados por crime hediondo, conforme julgamento do HC 82.959/SP
mencionado acima, a Lei nº 11.464/07 trouxe novas regras para a progressão de regime no
caso de crimes hediondos e equiparados. É que se observa da redação do §2º do art. 2º da
lei: “Art. 2º (...) § 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste ar go, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.”.
Sendo assim, há condições diferenciadas para que o condenado por crime hediondo
tenha o direito à progressão de regime, conforme seja reincidente ou não em crime
hediondo ou equiparado. E aqui há de se fazer uma observação importante, pois a
reincidência neste caso há de ser a reincidência genérica do art. 63 do CP, e não a
reincidência específica.
5
Sendo assim, basta que o condenado já tenha sido condenado anteriormente, por
8
7-

sentença condenatória transitada em julgado, pela prá ca de qualquer outro crime, não sendo
53

necessário que tenha sido por crime hediondo especificamente, já que a lei quando deseja
41
3.

discriminar, o faz expressamente, conforme se observa da previsão do art. 44, §3º do CP⁴⁴ e art.
33

83, V do CP⁴⁵.
4.

Há de se comentar ainda sobre uma polêmica de direito intertemporal que surgiu


12

após a declaração de incons tucionalidade da an ga redação do §1º do art. 2º da lei de


crimes hediondos, através do HC 82.959/SP no ano de 2006. Como se sabe no dia 29 de
março de 2007 entrou em vigor a Lei nº 11.464/07, a qual trouxe novos prazos de pena
cumprida para que o condenado fizesse jus à progressão de regime. No caso 2/5 se primário
e 3/5 se reincidente.
Esta lei, em uma primeira análise, aparentemente se mostrou mais benéfica para os
condenados por crime hediondos ou equiparados, tendo em vista que passara a permi r a
progressão de regime, já que a redação original do §1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 vedava
peremptoriamente esse bene cio.
No entanto, tendo em vista a declaração de incons tucionalidade desta restrição ainda
no ano de 2006, no julgamento do HC 82.959/SP em 01/09/2006, os condenados por crimes
hediondos ou equiparados pra cados até então passariam a ter o direito de progressão de

⁴⁴ “Art. 44 (...) § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a subs tuição, desde que, em face de condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prá ca do mesmo
crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
⁴⁵ “Art. 83 (...) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prá ca da tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.”
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regime, porém se observando os requisitos trazidos pelo art. 33 do CP⁴⁶ e art. 112 da Lei de
Execuções Penais⁴⁷, ou seja, após o cumprimento de 1/6 da pena e a verificação de bom
comportamento carcerário.
Sendo assim, surgiram ques onamentos se para os crimes hediondos ou equiparados
pra cados até o dia 28/03/2007 deveriam os condenados progredir de regime depois de
cumprido 1/6 da pena, nos termos preconizados no julgamento do HC 82.959/SP (o qual foi
tratado em controle difuso de cons tucionalidade, porém com efeito erga omnes), ou se a Lei nº
11.464/07, em vigor a par r do dia 29/03/2007, já se aplicaria a estes casos anteriores, tendo em
vista que ela é mais benéfica do que a redação original do §1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90.
O STJ teve que se pronunciar sobre o tema, sendo que, após vários julgados de casos
semelhantes pelo STF (HC 94.025/SP – 2008, HC 94.212/SP – 2008 e RE 579.167/AC – 2013)
acabou por sumular a questão, onde na Súmula nº 471 se constou que: “Os condenados por
crimes hediondos ou assemelhados come dos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007
sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a
8 5
progressão de regime prisional.”
7-

A fim de pacificar o entendimento já referenciado em vários julgados anteriores, o STF


53

também editou a Súmula Vinculante nº 26, disposta da seguinte forma: 42


3.
33

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo,


4.

ou equiparado, o juízo da execução observará a incons tucionalidade do art. 2º da Lei


12

nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche,


ou não, os requisitos obje vos e subje vos do bene cio, podendo determinar, para
tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

Portanto, considerada a Lei nº 11.464/07 lex gravior em relação o entendimento


disposto no HC 82.959/SP, e observada a incons tucionalidade da redação original do §1º do
art. 2º da Lei nº 8.072/90, os condenados por crimes hediondos ou equiparados, pra cados até
o dia 28/03/2007, têm o direito de progredir de regime prisional depois de cumpridos, no
mínimo 1/6 da pena, bem como apresentar bom comportamento carcerário. Para os crimes
pra cados a par r de 29/03/2007 (vigência da Lei nº 11.464/07), as condições passariam a ser
de 2/5, se condenado primário, ou 3/5 se condenado reincidente.
Ainda há de se destacar que, especificamente quanto à progressão de regime, não é

⁴⁶ “Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-
aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.”
⁴⁷ “Art. 112. A pena priva va de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso ver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)”
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possível que ocorra a chamada progressão per saltum, onde o condenado, estando em um
regime mais severo, pula um regime intermediário e passa para o regime menos gravoso. Isso
esvaziaria o sen do do sistema progressivo no Brasil⁴⁸.

1.8.5. Condições para recorrer em liberdade:

O disposto no Art. 2º, §3º da Lei de crimes hediondos dá a entender que o réu
condenado em primeira instância deverá recorrer em regra preso. Esse disposi vo deverá ser
lido à luz da Cons tuição, em especial quanto ao princípio da não culpabilidade previsto no art.
5º, LVII da CF/88, in verbis: “LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;”.
Apesar da previsão cons tucional, até a edição da Lei nº 11.719/08, vigorava no
ordenamento jurídico o art. 594 do CPP, onde descrevia que “O réu não poderá apelar sem
recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim
reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto”. Assim 5
8
como este disposi vo, haviam outros previstos na legislação extravagante, alguns já revogados,
7-

outros ainda em vigor. Todos eles de alguma forma restringia o recurso em liberdade⁴⁹.
53

Inclusive sobre o tema o STJ chegou a editar a Súmula 9, onde versava que: “A 43
3.

exigência da prisão provisória para apelar não ofende a garan a cons tucional da presunção
33

de inocência”.
4.

No entanto, mesmo antes do entendimento da jurisprudência sobre o status


12

supralegal dos tratados e convenções internacionais que versam sobre direitos humanos, já
havia julgado do STF⁵⁰ sobre o conflito dessa restrição com a Convenção Americana de Direitos
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que foi incorporada no ordenamento jurídico
interno pelo Decreto nº 678/92. A referida Convenção dispõe em seu art. 8º, §2º, “h” que:

Art. 8º (...) 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo,
toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garan as mínimas: (...) h.
direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.

⁴⁸ Ver súmula 491 do STJ e STJ HC 243.901/SP – 2012; HC 191.223/SP – 2012.


⁴⁹ Art. 31, caput, da Lei nº 7.492/86 (crimes contra o sistema financeiro nacional); art. 27, §2º da Lei nº 8.038/90 (Recursos
extraordinário e Especial não eram dotados de efeito suspensivo. No entanto o STF, através do HC 84.078, decidiu que ofende o
princípio da não culpabilidade a execução provisória da pena. Mas atualmente a Suprema Corte reviu esse posicionamento no
HC 126.292 – 2016, permi ndo a execução provisória da pena, após confirmação da condenação em segunda instância); art.
2º, §3º da Lei nº 8.072/90 (Lei de crimes hediondos); art. 3º, caput, in fine da Lei nº 9.613/98 (an ga redação da lei de lavagem
de capitais. A lei nº 12.683/12 revogou este disposi vo); art. 59, caput, da Lei nº 11.343/06 (Lei de drogas); art. 393, I do CPP
(REVOGADO pela Lei nº 11.719/08); art. 527 do CPPM c/c Súmula 11 do STM (superado após o julgamento do HC 88.420/PR);
⁵⁰ STF HC 88.420/PR – 2007; STF HC 90.279/DF – 2009.
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Com isso, se começou a defender a tese de que se a Convenção Internacional que versasse
sobre direitos humanos possuía ao menos status de lei ordinária, as disposições previstas nas demais
leis extravagantes que vedavam que o réu recorresse em liberdade estariam tacitamente revogadas,
já que se trataria, em tese, de lei posterior revogando lei anterior (lex posterior derrogat priori).
O STJ, por influência do julgamento do HC 88.420 – 2008, da 3ª Seção, resolveu editar a
Súmula 347, onde constava que: “o reconhecimento de apelação do réu independe de sua prisão”.
Ainda no ano de 2008 sobreveio a Lei nº 11.719/08, a qual revogou expressamente o art.
594 do CPP, além de revogar tacitamente o art. 393, I, bem como passou a prever no art. 387, §1º
que: “Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...) § 1º O juiz decidirá,
fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preven va
ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser
interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)”.
Mas no ano de 2009 o STF, em importante julgamento⁵¹, passou a entender que os tratados
internacionais que versassem sobre direitos humanos, passariam a ter status supralegal, ou seja,
5
8
hierarquicamente estariam acima das leis ordinárias. E ainda, se os mesmos passassem pelo quórum
7-

previsto no §3º do art. 5º da CF/88, seriam equiparados às emendas cons tucionais.


53

A par r de então várias normas previstas no direito brasileiro que nham por essência a 44
3.

restrição do recurso em liberdade, passaram a ser ques onadas quanto às suas


33

cons tucionalidades. No que se refere à Lei nº 8.072/90, esta ainda apresenta tal disposição no
4.

§3º do art. 2º, ao dispor que: “§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
12

fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.” Tal disposi vo foi incluído na lei de
crimes hediondos pela Lei nº 11.464/07.
Apesar da previsão legal, como verificado acima, deverá ser lido à luz da Cons tuição
Federal e conforme a jurisprudência já formada. Sendo assim, em caso de réu já preso, só deverá
permanecer neste estado depois da sentença penal condenatória recorrível se es verem
presentes os requisitos da prisão preven va. O mesmo raciocínio deverá ser u lizado para o réu
solto, onde o magistrado deverá verificar se há necessidade de que o mesmo aguarde o
julgamento do recurso no cárcere.

1.8.6. Prazo diferenciado da prisão temporária (Lei nº 7.960/89):

O Art. 2º, §4º da Lei nº 8.072/90 traz um prazo especial para a prisão temporária em caso
de crimes hediondos e equiparados. O estupro de vulnerável, a falsificação de remédios, a tortura,
e o favorecimento à pros tuição, embora não previstos na Lei nº 7.960/89, são susce veis de
prisão temporária, pois esta possibilidade se extrai da própria redação do §4º, Art. 2º da lei de
crimes hediondos, in verbis:

⁵¹ STF HC 87.585/TO – 2009.


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Art. 2º (...) §4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste ar go, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)”.

Sendo assim, a lei de crimes hediondos não somente alargou o prazo da prisão
temporária nestes casos, mas também aumentou as hipóteses de cabimento.

1.8.7. Condições para a concessão do livramento condicional (art. 83, III do CP):

A lei de crimes hediondos, à época em que foi editada, também inseriu o inciso V no
art. 83 do CP, o qual trata do ins tuto do livramento condicional, nos seguintes termos: “Art. 83
(...) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prá ca da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza."
No entanto, com a superveniência da Lei nº 13.344/16, a qual disciplinou o crime de
5
8
tráfico de pessoas no Código Penal e alterou disposi vos de outras leis ordinárias sobre o tema,
7-

a redação do art. 83, V do CP foi alterada, a fim de incluir requisitos mais gravosos para que o
53

condenado por crime de tráfico de pessoas pudesse ser beneficiado pelo livramento
45
3.

condicional, vindo o disposi vo a apresentar a seguinte redação:


33
4.

Art. 83 (...) V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por
crime hediondo, prá ca de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
12

tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em


crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

O livramento condicional se trata de um bene cio de polí ca criminal remodelado


no Código Penal pela Lei nº 7.209/84. Tal ins tuto visa proporcionar ao condenado a
oportunidade de obter o retorno ao convívio social, desde que o mesmo tenha bom
comportamento carcerário e cumpra os demais requisitos previstos nos incisos do art. 83 do CP.
Para os crimes comuns, um dos requisitos para fazer jus ao livramento condicional é
que o condenado tenha cumprido mais de um terço da pena priva va de liberdade imposta,
não for reincidente em crime doloso e ver bons antecedentes (art. 83, I do CP). Caso seja
reincidente em crime doloso, o condenado terá que cumprir mais da metade da pena imposta.
Com a superveniência da lei de crimes hediondos, o requisito temporal passa a ser de
mais de dois terços da pena, e não ser reincidente específico em crimes dessa natureza, caso
em que não faria jus ao livramento condicional.
O termo reincidência específica causou debate na doutrina, pois se passou a duvidar se
este termo significaria reincidência no mesmo crime hediondo, ou equiparado, pelo qual o agente
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foi condenado, ou se se trataria de reincidência em qualquer crime hediondo ou equiparado. No


entanto predominou a corrente que considera a reincidência em qualquer crime hediondo ou
equiparado, não necessariamente no mesmo crime pelo qual o agente foi condenado.
É importante se registrar ainda que a jurisprudência entende que tanto o crime
anterior, o qual induziu à reincidência, quanto o novo crime, pelo qual o agente foi novamente
condenado, tem que ser pra cado após a edição da Lei nº 8.072/90. Nestes termos STJ REsp
229.206/DF – 2001.

EXECUÇÃO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CRIME


HEDIONDO. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. FATO
ANTERIOR À LEI Nº 8.072/90. IRRETROATIVIDADE. - A impossibilidade de concessão
do livramento condicional ao reincidente específico no delito de tráfico de
entorpecentes, prevista no inciso V do art. 83 do Código Penal, com a redação que lhe
conferiu a Lei nº 8.072, de 1990, não se aplica aos fatos criminosos ocorridos antes
de sua vigência, em face do princípio da irretroa vidade da lex gravior, de previsão
5
cons tucional. - Recurso Especial não conhecido. (REsp 229.206/DF, Rel. Ministro
8
VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2001, DJ 20/08/2001, p. 544)
7-
53

1.9. Outras modificações realizadas pela Lei nº 8.072/90: 46


3.
33

ü Aumento de pena para o crime de roubo qualificado pela lesão grave e morte
(latrocínio) – art. 157, §3º, I e II do CP;
4.

ü Aumento de pena para o crime de extorsão mediante seqüestro e suas formas


12

qualificadas (art. 159, §§1º, 2º e 3º);


ü Aumento de pena para o crime de estupro (art. 213 do CP);
ü Aumento de pena para o crime de atentado violento ao pudor (art. 214 do CP - REVOGADO);
ü Aumento de pena para as formas qualificadas dos crimes de estupro, atentado violento
ao pudor, posse sexual mediante fraude, sedução e rapto (art. 223 do CP – REVOGADO);
ü Aumento de pena para a forma simples do crime de causar epidemia (Art. 267 do CP);
ü Criação da colaboração premiada para o crime de extorsão mediante seqüestro, caso o
crime seja pra cado por quadrilha ou bando (art. 159, §4º). Este disposi vo foi
posteriormente alterado pela Lei nº 9.269/96 para re rar a exigência de prá ca por
quadrilha ou bando, bastando que seja em concurso de pessoas;
ü Aumento de pena para os crimes de roubo qualificado (art. 157, §3º), extorsão qualificada
pela morte (art. 158, §2º), extorsão mediante seqüestro, tanto na forma simples como
qualificada (art. 159, caput, e §§1º, 2º e 3º), estupro qualificado (art. 213 c/c art. 223 do CP
– REVOGADO), atentado violento ao pudor qualificado (art. 214 c/c art. 223 do CP –

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REVOGADO), caso a ví ma fosse vulnerável, nos termos do art. 224 do CP – REVOGADO;


ü Previsão de contagem de prazo especial para os procedimentos da instrução criminal em
crimes de tráfico de drogas, regidos pela Lei nº 6.368/76 (REVOGADO);

1.10. Curiosidades

Ø A associação criminosa com a finalidade de cometer tráfico de drogas caracteriza o Art. 35


da Lei 11.343/06, vigorando o princípio da especialidade;
Ø Apesar do disposto no Art. 8º da Lei de crimes hediondos⁵², a associação criminosa do Art.
288 do CP não é delito hediondo ou equiparado;
Ø O Parágrafo Único do Art. 8º da Lei de crimes hediondos⁵³ pra camente perde o sen do
ante a superveniência da Lei nº 12.850/13 (Lei de Organizações Criminosas), já que trouxe
um micro sistema sobre colaboração premiada;
Ø PERGUNTA: cabe pena restri va de direitos e “sursis” para crimes hediondos ou 5
8
equiparados? Para uma primeira corrente não, pois o estado estaria prestando uma
7-

proteção deficiente. Mas para outra corrente, predominante no STF, sim, pois a vedação
53

aos bene cios⁵⁴ de direito penal deve estar prevista em Lei. Não obstante a isso, quanto ao
47
3.

tráfico de drogas, a Lei nº 11.343/06 expressamente proíbe esses bene cios. Mas ainda há
33

crí cas quanto a isso, já que o STF por várias vezes já decidiu que a vedação deve preceder
4.

de análise do caso concreto pelo magistrado.


12

Ø Há de se registrar que o STF declarou a incons tucionalidade da proibição de conversão


de pena priva va de liberdade em restri vas de direito para o crime de tráfico
privilegiado (art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06⁵⁵). Foi o decidido pelo Plenário do STF no HC
97.256/RS-2010⁵⁶. A Resolução 05 de 2012 do Senado Federal suspendeu a execução do
trecho do art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06 que vedava peremptoriamente essa conversão.
Para outras hipóteses de tráfico de drogas os tribunais superiores também têm
considerado tal vedação incons tucional;

⁵² “Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos,
prá ca da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.”
⁵³ “Art. 8º (...) Parágrafo único. O par cipante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
⁵⁴ “Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insusce veis de sursis, graça, indulto,
anis a e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restri vas de direitos.”
⁵⁵ “Art. 33 (...) § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste ar go, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
vedada a conversão em penas restri vas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
a vidades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)”
⁵⁶ EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA
À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. 1. O processo de individualização da pena é um caminhar no rumo da personalização da resposta puni va do
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Ø PERGUNTA: é possível a remição de pena (art. 126 e 130 da LEP) para crimes hediondos
ou equiparados? A lei de crimes hediondos não prevê a proibição desse bene cio.
Ø PERGUNTA: é possível trabalho externo (art. 37 da LEP) para condenados por crimes
hediondos ou equiparados? ante a inexistência de vedação pela lei, é perfeitamente
possível. Basta o preenchimento dos requisitos trazidos pela LEP.
Ø PERGUNTA: é possível prisão domiciliar do Art. 117 da LEP para crimes hediondos: não
há vedação na lei, bastando que o condenado esteja no regime aberto.
Ø A lei complementar 64/90 (Art. 1º)⁵⁷, alterada pela LC 135/10, traz reflexos na
capacidade eleitoral passiva, ou seja, de ser votado.
Ø O Art. 9º-A⁵⁸ da LEP traz a obrigatoriedade de extração do perfil gené co para a
alimentação do banco de dados gené co, a fim de servir para posterior pesquisa pelas
autoridades policiais ou judiciais.
8 5
7-

Estado, desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o legisla vo, o judicial e o execu vo. Logo, a lei
53

comum não tem a força de subtrair do juiz sentenciante o poder-dever de impor ao delinquente a sanção criminal que a ele,
juiz, afigurar-se como expressão de um concreto balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias obje vas
48
3.

com protagonizações subje vas do fato- po. Implicando essa ponderação em concreto a opção jurídico-posi va pela
prevalência do razoável sobre o racional; ditada pelo permanente esforço do julgador para conciliar segurança jurídica e jus ça
33

material. 2. No momento sentencial da dosimetria da pena, o juiz sentenciante se movimenta com ineliminável
discricionariedade entre aplicar a pena de privação ou de restrição da liberdade do condenado e uma outra que já não tenha
4.

por objeto esse bem jurídico maior da liberdade sica do sentenciado. Pelo que é vedado subtrair da instância julgadora a
possibilidade de se movimentar com certa discricionariedade nos quadrantes da alterna vidade sancionatória. 3. As penas
12

restri vas de direitos são, em essência, uma alterna va aos efeitos certamente traumá cos, es gma zantes e onerosos do
cárcere. Não é à toa que todas elas são comumente chamadas de penas alterna vas, pois essa é mesmo a sua natureza:
cons tuir-se num subs tu vo ao encarceramento e suas seqüelas. E o fato é que a pena priva va de liberdade corporal não é a
única a cumprir a função retribu vo-ressocializadora ou restri vo-preven va da sanção penal. As demais penas também são
vocacionadas para esse geminado papel da retribuição-prevenção-ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz natural da
causa para saber, no caso concreto, qual o po alterna vo de reprimenda é suficiente para cas gar e, ao mesmo tempo,
recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero. 4. No plano dos tratados e convenções
internacionais, aprovados e promulgados pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento diferenciado ao tráfico ilícito de
entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para possibilitar
alterna vas ao encarceramento. É o caso da Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias
Psicotrópicas, incorporada ao direito interno pelo Decreto 154, de 26 de junho de 1991. Norma supralegal de hierarquia
intermediária, portanto, que autoriza cada Estado soberano a adotar norma comum interna que viabilize a aplicação da pena
subs tu va (a restri va de direitos) no aludido crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 5. Ordem parcialmente concedida
tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a
conversão em penas restri vas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de
incons tucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de subs tuição da pena priva va de liberdade pela pena restri va de
direitos; determinando-se ao Juízo da execução penal que faça a avaliação das condições obje vas e subje vas da
convolação em causa, na concreta situação do paciente. (HC 97256, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado
em 01/09/2010, DJe-247 DIVULG 15-12-2010 PUBLIC 16-12-2010 EMENT VOL-02452-01 PP-00113 RTJ VOL-00220-01 PP-
00402 RT v. 100, n. 909, 2011, p. 279-333)
⁵⁷ “Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos
crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (...) 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tortura, terrorismo e hediondos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)”
⁵⁸ “Art. 9º-A. Os condenados por crime pra cado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por
qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão subme dos, obrigatoriamente, à
iden ficação do perfil gené co, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)”
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2. LEGISLAÇÃO APLICADA

- Cons tuição Federal de 1988:


Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça ou anis a a
prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omi rem;

- Lei nº 8.072/90 (Lei de crimes hediondos), disposi vos essenciais:


Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos pificados no Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela
Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) I – homicídio (art. 121), quando pra cado em
a vidade pica de grupo de extermínio, ainda que come do por um só agente, e homicídio
qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de
5
2015) I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal
8
7-

seguida de morte (art. 129, § 3º), quando pra cadas contra autoridade ou agente descrito nos
53

arts. 142 e 144 da Cons tuição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
49
3.

Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,


33

companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído
pela Lei nº 13.142, de 2015) II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº
4.

8.930, de 1994) III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº
12

8.930, de 1994) IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo,
2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o,
2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VII - epidemia com resultado morte
(art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela
Lei nº 9.695, de 1998) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
des nado a fins terapêu cos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
1998) VIII - favorecimento da pros tuição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de
2014) Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos
arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos
tentados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
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e o terrorismo são insusce veis de: (Vide Súmula Vinculante) I - anis a, graça e indulto; II -
fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 1o A pena por crime previsto neste ar go
será cumprida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) §
2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste ar go, dar-
se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
(três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 3o Em caso de
sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 4o A prisão temporária, sobre a qual
dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste ar go, terá o prazo
de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, des nados ao
cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em
presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. (...) 5
8
7-

- Decreto-Lei nº 2.848/40 (Código Penal):


53

Do livramento condicional:
50
3.

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena priva va de


33

liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
4.

11.7.1984) (...) V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
12

hediondo, prá ca de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016)

- Decreto-Lei nº 3.689/41 (Código de Processo Penal)


Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (...) II - nos
crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
(...)
Art. 394-A. Os processos que apurem a prá ca de crime hediondo terão prioridade de
tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016).

- Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal)


Art. 9º-A. Os condenados por crime pra cado, dolosamente, com violência de natureza grave
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho
de 1990, serão subme dos, obrigatoriamente, à iden ficação do perfil gené co, mediante
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extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela
Lei nº 12.654, de 2012) § 1º A iden ficação do perfil gené co será armazenada em banco de
dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Execu vo. (Incluído pela Lei nº
12.654, de 2012) § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de iden ficação de
perfil gené co. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. §
1º Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: (Redação dada
pela Lei nº 13.167, de 2015) I - acusados pela prá ca de crimes hediondos ou equiparados;
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) (...) § 3º Os presos condenados ficarão separados de
acordo com os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) I - condenados pela
prá ca de crimes hediondos ou equiparados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)

- Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente)


5
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
8
7-

pra cando infração penal ou induzindo-o a pra cá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
53

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) (...) § 2º As
51
3.

penas previstas no caput deste ar go são aumentadas de um terço no caso de a infração


33

come da ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
4.
12

- Lei Complementar nº 64/90 (Casos de Inelegibilidade)


Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) e) os que forem condenados, em decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o
transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (...) 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins,
racismo, tortura, terrorismo e hediondos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

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3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

- Julgados importantes:

Crime propriamente militar não é hediondo e crime impropriamente militar só será


hediondo se o agente es ver fora de serviço. STF, 2ª Turma, HC 86.459/RJ – 2007 e STJ, 6ª
Turma, HC 30.056/RJ – 2004 (ver item 1.3):

RECLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DE CRIME COMUM PARA CRIMEMILITAR. AFASTAMENTO DA


INCIDÊNCIA DA LEI N° 8.072/90. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL.
LEGITIMIDADE DA DIFERENÇA DE TRATAMENTO. A diferença de tratamento legal entre os crimes
comuns e os crimes militares, mesmo em se tratando de crimes militares impróprios, não revela
incons tucionalidade, pois o Código Penal Militar não ins tui privilégios. Ao contrário, em muitos
pontos, o tratamento dispensado ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do Código
Penal comum (RE 115.770/RJ). O que se pretende, neste habeas, é a aplicação do Código Penal
5
Militar apenas na parte que interessa ao paciente. Entretanto, isto representaria a criação de uma
8
norma híbrida, em parte composta pelo Código Penal Militar e, em outra parte, pelo Código Penal
7-
53

comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da reserva legal e o próprio princípio da


separação de poderes. Ordem parcialmente concedida, apenas para determinar que o juízo das 52
3.

execuções penais analise se o paciente faz jus à progressão de regime prisional, tendo em vista
33

a declaração de incons tucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n° 8.072/90 (HC 82.959/SP)”. (STF,
4.

2ªTurma, HC 86.459/RJ, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 02/02/2007).


12

CONDENAÇÃO. JUSTIÇA COMUM. JUSTIÇA MILITAR. EFEITOS. O paciente, soldado do corpo de


bombeiros, foi condenado a 24 anos de reclusão, dos quais 12 anos pela prá ca de delitos
previstos na Lei n. 8.072/1999 (Lei dos Crimes Hediondos). O co-réu foi condenado pelos
mesmos fatos, mas com pificação constante no CPM (Dec.-lei n. 1.001/1969). O fato pico
militar, mesmo igual ao descrito no CP, tem um elemento a mais em sua configuração, que é o
agente a vo militar em serviço, hipótese em que só se enquadra o co-réu. Assim, o paciente
não se encontrava em serviço, procedendo-se ao desmembramento do feito (CPP, art. 79, I).
Logo instauradas duas jurisdições para processar e julgar os crimes, também dis ntos, um
come do por bombeiro militar (o paciente) fora do seu horário de serviço e suas funções;
outro, se bem que se iguale ao primeiro no seu aspecto obje vo, pra cado por policial militar
em serviço, portanto no exercício de suas funções (crime militar impróprio). Prosseguindo o
julgamento, a Turma, por maioria, denegou a ordem, pois as situações dos agentes são
diferentes, não se podendo aplicar ao paciente os direitos reconhecidos ao co-réu devendo ser
considerado, para o primeiro, o efeito da hediondez. HC 30.056-RJ, Rel. originário Min. Paulo
Medina, Rel. para acórdão Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 16/11/2004.
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A forma tentada, não se afasta a natureza hedionda de quaisquer dos crimes previstos no art.
1º da Lei nº 8.072/90. STJ, HC 220.978/RJ – 2012 (ver item 1.4):

DIREITO PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. CRIME HEDIONDO TENTADO. PROGRESSÃO


DE REGIME. A progressão de regime prisional para o cumprimento de pena pela prá ca de
crime hediondo, ainda que na forma tentada, deve observar os parâmetros do art. 2º, § 2º, da
Lei n. 8.072/1990, com a redação dada pela Lei n. 11.464/2007. O fato de não ter sido
consumado o crime não afasta a hediondez do delito. Precedentes citados do STF: HC 82.867-
SP, DJ 27/6/2003; HC 73.924-SP, DJ 20/9/1996; do STJ: HC 239.682-MG, DJe 29/6/2012, e HC
136.829-SP, DJe 3/5/2010. HC 220.978-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2012.

Homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo. STJ, 5ª Turma, HC 153.728/SP - 2010,


STJ, 5ª Turma, HC 144.196/MG - 2009 e STJ, 6ª Turma, HC 43.043/MG – 2005 (Ver item
1.6.1, “c”):

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART. 121, § 1º E § 2º, INCISO
8 5
IV, C⁄C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL. CRIME NÃO ELENCADO COMO
7-

HEDIONDO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS


53

DESFAVORÁVEIS. REGIME PRISIONAL SEMIABERTO. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE. I - Por 53


3.

incompa bilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-


33

privilegiado não integra o rol dos denominados crimes hediondos (Precedentes). (...) (STJ, 5º
4.

Turma, HC 153.728/SP, Rel. Min, Felix Fischer, j. 13/04/2010).


12

PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, §§ 1º E 2º, INCISO III, DO CÓDIGO PENAL. CRIME NÃO
ELENCADO COMO HEDIONDO. REGIME INICIAL SEMIABERTO. CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS.
RÉU PRIMÁRIO. PENA NÃO SUPERIOR A OITO ANOS. POSSIBILIDADE. I - Por incompa bilidade
axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol
dos denominados crimes hediondos (Precedentes). II - Afastado o caráter hediondo do crime e
atendidos os requisitos constantes do art. 33, § 2º, "b", e § 3º, c⁄c o art. 59 do CP, quais sejam, a
ausência de reincidência, a condenação por um período superior a 4 (quatro) anos e não
excedente a 8 (oito) e a existência de circunstâncias judiciais totalmente favoráveis, deve o
paciente cumprir a pena priva va de liberdade no regime inicial semiaberto (Precedentes).
Writ concedido. (STJ, 5ª Turma, HC 144.196/MG, Rel. Min Felix Fischer, j. 19/11/2009).

HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. PROGRESSÃO DE


REGIME. POSSIBILIDADE. 1. O homicídio qualificado-privilegiado não é crime hediondo, não
se lhe aplicando norma que estabelece o regime fechado para o integral cumprimento da
pena priva va de liberdade (Lei nº 8.072⁄90, ar gos 1º e 2º, parágrafo 1º). 2. Ordem
concedida. (STJ, 6º Turma, HC 43.043/MG, Rel. Hamilton Carvalhido, j. 18/08/2005).
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Mesmo antes da vigência da Lei nº 12.015/09, o crime de estupro é considerado hediondo


tanto em sua forma simples como em suas formas qualificadas. [STF (HC 88245/SC; HC
81.288/SC; HC 90.706/BA; HC 89.554/DF; HC 100.612/SP), STJ (AgRg no REsp. 1.201.806/MG;
HC 21.196/SP; AgReg no EREsp 1.103.032/RJ; HC 23.633/SP; HC 17795/RJ; AgRg no HC
250.451/MG HC 1.110.520/SP)] (ver item 1.6.6):

Ementa: Execução Penal. Habeas corpus. Caráter hediondo dos crimes de Estupro e de
Atentado violento ao pudor. Bene cio calculado sobre pena superior a 30 anos. Possibilidade.
Con nuidade deli va. Lei posterior benéfica. 1. Os crimes de estupro e de atentado violento
ao pudor, mesmo que pra cados na forma simples, têm caráter hediondo. Precedente do
Plenário do STF. 2. O limite de trinta anos, enunciado no art. 75 do Código Penal, não é
considerado para o cálculo de bene cios da execução penal. Súmula 715 do STF. 3. A unificação
dos crimes de estupro e de atentado violento ao pudor no mesmo po incriminador possibilita
o reconhecimento da con nuidade deli va, nos termos do art. 71 do CP. Aplicação retroa va da
Lei nº 12.015/2009. Ordem concedida de o cio, no ponto. (HC 100612, Relator(a): Min.
8 5
MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado
7-

em 13/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 30-05-2017 PUBLIC 31-05-2017)


53

54
3.

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C DO CPC. PENAL E


33

PROCESSO PENAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR NA FORMA SIMPLES. CRIMES


ANTERIORES À LEI Nº 12.015/09. CARACTERIZAÇÃO DA NATUREZA HEDIONDA. 1. Os crimes de
4.
12

estupro e atentado violento ao pudor, ainda que em sua forma simples, configuram
modalidades de crime hediondo porque o bem jurídico tutelado é a liberdade sexual e não a
integridade sica ou a vida da ví ma, sendo irrelevante, para tanto, que a prá ca dos ilícitos
tenha resultado lesões corporais de natureza grave ou morte. 2. As lesões corporais e a morte
são resultados que qualificam o crime, não cons tuindo, pois, elementos do po penal
necessários ao reconhecimento do caráter hediondo do delito, que exsurge da gravidade
mesma dos crimes pra cados contra a liberdade sexual e merecem tutela diferenciada, mais
rigorosa. Precedentes do STJ e STF. 3. Recurso especial representa vo de controvérsia provido
para declarar a natureza hedionda dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor
pra cados antes da edição da Lei nº 12.015/09, independentemente que tenham resultado
lesões corporais de natureza grave ou morte. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1110520/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/09/2012, DJe 04/12/2012)

A associação para o tráfico, mesmo antes da vigência da Lei nº 11.343/06, não é considerado
hediondo, por não estar abrangido pelo caput do art. 2º da Lei nº 8.072/90. STF HC 83.017/RJ
- 2004 e STF HC 83.656/AC - 2004. (ver item 1.7):
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EMENTA: HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELA PRÁTICA DO CRIME DE TRÁFICO DE


ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ARTS. 12 E 14 C/C O ART. 18, INCISO II, DA LEI
Nº 6.368/76). ALEGADO CONSTRANGIMENTO ILEGAL DECORRENTE DA NÃO-CONCESSÃO DA
ORDEM DE OFÍCIO, QUANDO DO JULGAMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO PERANTE O
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PEDIDO DE PROGRESSÃO DO REGIME PRISIONAL E DE
OBSERVÂNCIA DO LIMITE DO ART. 8º DA LEI Nº 8.072/90, PARA A PENA IMPOSTA PELO DELITO
DE ASSOCIAÇÃO. (...) Quanto à pretensão de garan r-se a progressão de regime ao delito de
associação para o tráfico, ambas as Turmas já firmaram o entendimento de que o referido
delito não está previsto no rol proibi vo do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (HCs 75.978 e 70.207-
ED). Também encontra amparo remansoso na jurisprudência deste excelso Tribunal a
argumentação do impetrante no sen do da derrogação do art. 14 da Lei nº 6.368/76, que,
embora ainda em vigor, teve sua pena alterada pelo art. 8º, caput, da Lei nº 8.072/90, passando
ao limite máximo de seis anos (HCs 68.793 e 72.862). Impetração não conhecida, concedendo-
se, contudo, habeas corpus de o cio para anular a condenação no tocante à dosimetria da 5
pena, bem como para assegurar a possibilidade de progressão de regime prisional quanto ao
8
7-

delito de associação para o tráfico. (HC 83017, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira
53

Turma, julgado em 02/09/2003, DJ 23-04-2004 PP-00024 EMENT VOL-02148-05 PP-00908).


55
3.

EMENTA: HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PROGRESSÃO


33

DO REGIME PRISIONAL. NÃO EQUIPARAÇÃO A CRIME HEDIONDO. O art. 2º, § 1º, da Lei
4.

8.072/90 é explícito ao fixar que somente o tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei 6.368/76) se
12

assemelha aos crimes hediondos para o fim de vetar a possibilidade de progressão do regime


prisional. O crime de associação para o tráfico não está previsto na lista do art. 2º da Lei
8.072/90 e, portanto, a esse po não se aplica a proibição do § 1º do ar go. Habeas corpus
deferido em parte. (HC 83656, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Segunda Turma, julgado em
20/04/2004, DJ 28-05-2004 PP-00063 EMENT VOL-02153-04 PP-00787)

Crime de tráfico privilegiado (art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06) não é considerado hediondo ou
equiparado. STF, Pleno, HC 118.533/MS – 2016 e STJ, 3ª Seção, Pet. 11.796/DF - 2016. (ver
item 1.7):

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE


ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO TRÁFICO DE ENTORPECENTES
PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O
tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se harmoniza com
a hediondez do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos. 2. O
tratamento penal dirigido ao delito come do sob o manto do privilégio apresenta contornos mais
benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do
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agente com o delito, a não reincidência, a ausência de maus antecedentes e a inexistência de


vínculo com organização criminosa. 3. Há evidente constrangimento ilegal ao se es pular ao
tráfico de entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 8.072/90. 4. Ordem concedida. (HC
118533, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 16-09-2016 PUBLIC 19-09-2016)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS NA SUA FORMA PRIVILEGIADA.


ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/2006. CRIME NÃO EQUIPARADO A HEDIONDO.
ENTENDIMENTO RECENTE DO PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NO JULGAMENTO DO
HC 118.533/MS. REVISÃO DO TEMA ANALISADO PELA TERCEIRA SEÇÃO SOB O RITO DOS
REPETITIVOS. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA Nº 1.329.088/RS.
CANCELAMENTO DO ENUNCIADO Nº 512 DA SÚMULA DO STJ. 1. O Supremo Tribunal Federal,
no recente julgamento do HC 118.533/MS, firmou entendimento de que apenas as
modalidades de tráfico ilícito de drogas definidas no art. 33, caput e § 1°, da Lei nº 11.343/2006
seriam equiparadas aos crimes hediondos, enquanto referido delito na modalidade
8 5
privilegiada apresentaria "contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque
7-

são relevados o envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a ausência
53

de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com organização criminosa." (Rel. Min. 56


3.

Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016). 2. É sabido que os julgamentos


33

proferidos pelo Excelso Pretório em Habeas Corpus, ainda que por seu Órgão Pleno, não têm
4.

efeito vinculante nem eficácia erga omnes. No entanto, a fim de observar os princípios da


12

segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, bem como de evitar a prolação de


decisões contraditórias nas instâncias ordinárias e também no âmbito deste Tribunal Superior
de Jus ça, é necessária a revisão do tema analisado por este Sodalício sob o rito dos recursos
repe vos (Recurso Especial Representa vo da Controvérsia nº 1.329.088/RS - Tema 600). 3.
Acolhimento da tese segundo a qual o tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art.
33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo, com o consequente
cancelamento do enunciado 512 da Súmula deste Superior Tribunal de Jus ça. (Pet
11.796/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/11/2016, DJe 29/11/2016)

É possível a vedação de induto para crimes hediondos e equiparados (art. 2º, I da Lei nº 8.072/90),
mesmo que o art. 5º, XLIII da CF/88 não tenha mencionado tal ins tuto em sua redação. STF, HC
90.364/MG - 2007; STF, HC 81.565/SC - 2002; STJ, HC 167.825/MS – 2012. (ver item 1.8.1):

EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA.


EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO. CRIME HEDIONDO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 5º, XLII, E 84,
XII, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGADA ILEGALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE
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DA LEI 8.072/90 E DO DECRETO 5.993/06. INOCORRÊNCIA. CONCESSÃO DE FAVORES QUE SE


INSEREM NO PODER DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. NÃO-CABIMENTO DE
HC CONTRA LEI EM TESE. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA I - Não cabe habeas corpus contra ato
norma vo em tese. II - O inciso I do art. 2º da Lei 8.072/90 re ra seu fundamento de validade
diretamente do art. 5º, XLII, da Cons tuição Federal. III - O art. 5º, XLIII, da Cons tuição, que
proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei,
não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. IV - O decreto presidencial que concede o indulto
configura ato de governo, caracterizado pela ampla discricionariedade. V - Habeas corpus não
conhecido. (HC 90364, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
31/10/2007, DJe-152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11-2007 DJ 30-11-2007 PP-00029 EMENT
VOL-02301-03 PP-00428 RTJ VOL-00204-03 PP-01210)

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. CONCESSÃO DE INDULTO.


DECRETO Nº 6.706/08. IMPOSSIBILIDADE. ART. 5º, XLIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CAUSA
DE DIMINUIÇÃO PREVISTA NO ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/06. IRRELEVÂNCIA. ORDEM
8 5
DENEGADA. 1. O Supremo Tribunal Federal já declarou a incons tucionalidade da concessão
7-

de indulto a condenado por tráfico de drogas, independentemente do quantum da pena


53

imposta, em face do disposto no art. 5º, XLIII, da Cons tuição Federal. Precedente. 2. 57
3.

Seguindo a mesma linha, o Superior Tribunal de Jus ça firmou entendimento no sen do de não
33

ser possível o deferimento de indulto a réu condenado por tráfico de drogas, ainda que tenha
4.

sido aplicada a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06,
12

circunstância que não altera a picidade do crime. Precedentes. 3. Ordem denegada. (HC
167.825/MS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA
DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 27/08/2012)

É incons tucional a vedação da liberdade provisória sem fiança, mesmo antes da Lei nº
11.464/07. STF, HC 80.719/SP – 2001. (ver item 1.8.2):

HABEAS CORPUS - CRIME HEDIONDO - ALEGADA OCORRÊNCIA DE CLAMOR PÚBLICO - TEMOR


DE FUGA DO RÉU - DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA - RAZÕES DE NECESSIDADE
INOCORRENTES - INADMISSIBILIDADE DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE - PEDIDO
DEFERIDO. A PRISÃO PREVENTIVA CONSTITUI MEDIDA CAUTELAR DE NATUREZA
EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter
excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta necessidade. A prisão
preven va, para legi mar-se em face de nosso sistema jurídico, impõe - além da sa sfação dos
pressupostos a que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e indício
suficiente de autoria) - que se evidenciem, com fundamento em base empírica idônea, razões
jus ficadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação da
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liberdade do indiciado ou do réu. (HC 80719, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda
Turma, julgado em 26/06/2001, DJ 28-09-2001 PP-00037 EMENT VOL-02045-01 PP-00143)

É incons tucional a imposição pela lei de obrigatoriedade de regime integralmente fechado


para crimes hediondos. STF, HC 82.959/SP – 2006. (ver item 1.8.3):

EMENTA: PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A progressão no


regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razão
maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA -
CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA
LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a
garan a da individualização da pena - ar go 5º, inciso XLVI, da Cons tuição Federal - a
imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado.
Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução jurisprudencial,
assentada a incons tucionalidade do ar go 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. (STF - HC: 82959 SP,
5
Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 23/02/2006, Tribunal Pleno, Data de
8
7-

Publicação: DJ 01-09-2006 PP-00018 EMENT VOL-02245-03 PP-00510).


53

É incons tucional a imposição pela lei da obrigatoriedade de regime inicialmente fechado 58


3.

para crimes hediondos. STF, HC 111.840/ES – 2012. (ver item 1.8.3):


33
4.

EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime pra cado durante a vigência
12

da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do


regime inicial fechado. Declaração incidental de incons tucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei
nº 8.072/90. Ofensa à garan a cons tucional da individualização da pena (inciso XLVI do art.
5º da CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de
fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de cumprimento da pena
priva va de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito foi pra cado em 10/10/09,
já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual ins tuiu a obrigatoriedade da imposição do regime
inicialmente fechado aos crimes hediondos e assemelhados. 2. Se a Cons tuição Federal
menciona que a lei regulará a individualização da pena, é natural que ela exista. Do mesmo
modo, os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as
garan as cons tucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime
imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou equiparado. 3. Na situação em análise, em
que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6) anos de reclusão, ostenta circunstâncias
subje vas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4.
Tais circunstâncias não elidem a possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das
condições subje vas desfavoráveis, vir a estabelecer regime prisional mais severo, desde que o

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faça em razão de elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a necessidade de


maior rigor da medida priva va de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o
art. 59, do Código Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do §
1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual determina
que “[a] pena por crime previsto neste ar go será cumprida inicialmente em regime fechado“.
Declaração incidental de incons tucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de
fixação do regime fechado para início do cumprimento de pena decorrente da condenação por
crime hediondo ou equiparado. (DJe-249 DIVULG 16-12-2013 PUBLIC 17-12-2013).

Para os crimes hediondos pra cados até o dia 28/03/2007 (um dia antes da entrada em vigor
da Lei nº 11.464/07), a progressão de regime se dará obedecendo aos critérios previstos no
art. 112 da Lei de Execuções Penais, devendo o condenado progredir de regime depois de
cumprido 1/6 da pena. STF (HC 94.025/SP – 2008, HC 94.212/SP – 2008 e RE 579.167/AC –
2013). Súmula Vinculante nº 26. Súmula nº 471 do STJ. (ver item 1.8.4):
5
SEGURANÇA JURÍDICA – APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. A primeira condição da segurança jurídica
8
7-

é a irretroa vidade da lei, no que editada para viger prospec vamente, regendo atos e fatos que
53

venham a ocorrer. LEI – APLICAÇÃO NO TEMPO – PENAL. O princípio da irretroa vidade da lei
59
3.

surge robustecido ante o disposto no ar go 5º, inciso XL, da Cons tuição Federal – “a lei penal não
33

retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” PENA – REGIME DE CUMPRIMENTO – DEFINIÇÃO. O


regime de cumprimento da pena é norteado, considerada a proteção do condenado, pela lei em
4.
12

vigor na data em que implementada a prá ca delituosa. PENA – REGIME DE CUMPRIMENTO –


PROGRESSÃO – FATOR TEMPORAL. A Lei nº 11.464/07, que majorou o tempo necessário a
progredir-se no cumprimento da pena, não se aplica a situações jurídicas que retratem crime
come do em momento anterior à respec va vigência – precedentes. LEI PENAL –
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA – EXTENSÃO – IMPROPRIEDADE. Descabe interpretar
analogicamente norma penal benéfica ao acusado a ponto de introduzir, no cenário, quanto a
ins tuto nela não tratado, exigência rela va ao cumprimento de parte da pena para progredir. (RE
579167, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 16/05/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-207 DIVULG 17-10-2013 PUBLIC 18-10-2013)

EMENTA Habeas corpus. Direito Penal e Processual Penal. Decisão indeferitória de liminar do
Superior Tribunal de Jus ça. Incidência da Súmula nº 691 do Supremo Tribunal Federal. Hipótese
de concessão da ordem de o cio. Crime hediondo. Possibilidade de progressão de regime
prisional. Requisito temporal. Superveniência de lei mais severa nesse ponto (Lei nº 11.464/07).
Aplicação das regras dos ar gos 33 do Código Penal e 112 da Lei de Execuções Penais.
Precedentes. Ordem concedida de o cio. (...) 2. A declaração de incons tucionalidade da redação
original do ar go 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90, havida no julgamento do HC nº 82.959/SP (Tribunal
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Pleno, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 1º/9/06), impede que ele, mesmo em um plano
abstrato, seja tomado como parâmetro de comparação quando se inves ga se a Lei nº 11.464/07
é mais benéfica ou mais gravosa para o réu. 3. Rela vamente aos crimes hediondos come dos
antes da vigência da Lei nº 11.464/07, a progressão de regime carcerário deve observar o
requisito temporal previsto nos ar gos 33 do Código Penal e 112 da Lei de Execuções Penais,
aplicando-se, portanto, a lei mais benéfica. 4. A via estreita do habeas corpus não comporta
dilação probatória, exame aprofundado de matéria fá ca ou nova valoração dos elementos de
prova, sendo estes reservados à via ordinária, competente para esse po de exame. 5. Concede-se
a ordem de o cio para que o Juízo responsável pela execução da pena aprecie o pedido de
progressão, observado, quanto ao requisito temporal, o cumprimento de 1/6 da pena. (HC 94025,
Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 03/06/2008, DJe-142 DIVULG 31-
07-2008 PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-05 PP-00929 RTJ VOL-00210-01 PP-00285)

EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. CRIME HEDIONDO. DIREITO À PROGRESSÃO DE


REGIME. DECISÃO NÃO DECIDIDA NAS INSTÂNCIAS COMPETENTES. SÚMULA 691/STF. EFEITOS
8 5
DA DECISÃO NO HC 82.959. INCIDÊNCIA DA LEI Nº 11.464/2007. IRRETROATIVIDADE DE LEI PENAL
7-

MATERIAL MAIS GRAVOSA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. (...) A Lei nº 11.464/2007 é de se


53

aplicar apenas a fatos pra cados após a sua vigência. Quanto aos crimes hediondos come dos 60
3.

antes da entrada em vigor da mencionada Lei nº 11.464/2007, a progressão de regime está


33

condicionada ao preenchimento dos requisitos do art. 112 da LEP. Precedentes. 3. Habeas


4.

corpus não conhecido. Ordem concedida de o cio para determinar ao Juízo da Execução Criminal
12

que proceda a novo exame dos requisitos para a progressão, embasado no art. 112 da LEP. (HC
94212, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 03/06/2008, DJe-177
DIVULG 18-09-2008 PUBLIC 19-09-2008 EMENT VOL-02333-03 PP-00443)

Súmula Vinculante nº 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por


crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a incons tucionalidade do art.
2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
não, os requisitos obje vos e subje vos do bene cio, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

Súmula nº 471 do STJ - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados come dos
antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984
(Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.

Em relação aos requisitos para o livramento condicional do art. 83 do CP para crimes


hediondos, tanto o crime anterior, o qual induziu à reincidência, quanto o novo crime, pelo
qual o agente foi novamente condenado, tem que ser pra cado após a edição da Lei nº
8.072/90. STJ REsp 229.206/DF – 2001. (ver tópico 1.8.7):
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EXECUÇÃO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CRIME HEDIONDO.


REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. FATO ANTERIOR À LEI Nº 8.072/90.
IRRETROATIVIDADE. - A impossibilidade de concessão do livramento condicional ao
reincidente específico no delito de tráfico de entorpecentes, prevista no inciso V do art. 83 do
Código Penal, com a redação que lhe conferiu a Lei nº 8.072, de 1990, não se aplica aos fatos
criminosos ocorridos antes de sua vigência, em face do princípio da irretroa vidade da lex
gravior, de previsão cons tucional. - Recurso Especial não conhecido. (REsp 229.206/DF, Rel.
Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2001, DJ 20/08/2001, p. 544)

- Súmulas vigentes correlatas:

SÚMULA VINCULANTE Nº 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena


por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a incons tucionalidade
do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos obje vos e subje vos do bene cio, podendo determinar, para 5
tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
8
7-

SÚMULA Nº 610 DO STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
53

não realize o agente a subtração de bens da ví ma. 61


3.
33

SÚMULA Nº 718 DO STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
4.

cons tui mo vação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permi do
12

segundo a pena aplicada.

SÚMULA Nº 719 DO STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permi r exige mo vação idônea.

SÚMULA Nº 347 DO STJ - o reconhecimento de apelação do réu independe de sua prisão.

SÚMULA Nº 471 DO STJ - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados come dos
antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.

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LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340/06)

1. DOUTRINA

1.1. Breve contextualização histórica:

A lei Maria da Penha foi fruto de uma série de compromissos assumidos pelo Brasil,
decorrentes de Convenções Internacionais que versavam sobre a necessidade de se prevenir,
combater e erradicar a violência de gênero, assim como o estabelecimento de direitos e
garan as, em ações afirma vas⁵⁹ a serem desenvolvidas pelos estados nacionais, de modo a se
mi gar a desigualdade material então existente entre homem e mulher.
Tem-se como exemplo a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres, ou Convenção da Mulher, adorada pela Assembleia Geral
da ONU em 1979, como resultado da I Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorrida em 1975.
Após isso veram a II e a III Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorridas em Copenhague
(Dinamarca) e Nairóbi (Quênia), nos anos de 1980 e 1985, respec vamente, onde se discu u 5
8
sobre os problemas relacionados à saúde, o emprego e a educação das mulheres no mundo,
7-

bem como se definiu posi vamente a violência contra a mulher como sendo violação aos
53

direitos humanos.
62
3.

Após isso, no ano de 1994, ocorreu e Belém do Pará (Brasil), a Convenção Interamericana
33

para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Domés ca, conhecida como Convenção de Belém do
4.

Pará, a qual foi incorporada no ordenamento jurídico interno através do Decreto nº 1.973/96. Esta
12

Convenção passou a tratar a violência contra a mulher como um problema de saúde pública,
bem como definiu o ato como sendo “qualquer conduta baseada, no gênero, que cause morte,
dano ou sofrimento sico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no
privado”, texto esse que serviu de base posteriormente para se definir o conceito de violência
domés ca e familiar contra a mulher inscrito no art. 5º da Lei nº 11.340/06.
Com a promulgação da Cons tuição Federal de 1988, o Legislador Cons tuinte fez
inserir no Art. 226, §8º da Carta Magna a seguinte redação: “Art. 226 (...) § 8º O Estado
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.”.
Eis que surge então o primeiro disposi vo norma vo a nível cons tucional versando
sobre a necessidade de o Estado criar mecanismos que pudessem prevenir e combater a
violência no âmbito da família.
Ocorre que ainda demoraria bastante tempo para o Brasil obedecer ao mandamento
cons tucional, bem como cumprir os compromissos assumidos perante as Convenções

⁵⁹ STF HC 87.585/TO – 2009.


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Internacionais que versavam sobre a proteção e direitos das mulheres e erradicação da


violência de gênero.
Até que no ano de 2001, em decorrência do Relatório nº 54/2001 da Comissão
Interamericana dos Direitos Humanos, oriundo do caso da farmacêu ca Maria da Penha
Fernandes, o Brasil foi condenado no âmbito da Organização dos Estados Americanos – OEA
devido à sua negligência em criar mecanismos efe vos de proteção e combate à violência
contra a mulher, havendo no relatório o seguinte teor: “(...) a ineficácia judicial, a impunidade e
a impossibilidade de a ví ma obter uma reparação mostra a falta de cumprimento do
compromisso assumido pelo Brasil de reagir adequadamente ante a violência domés ca.”.
O caso Maria da Penha Fernandes é emblemá co e demonstrou à época a ineficiência
e negligência do aparelho de jus ça estatal, diante da necessidade de se reprimir a violência
contra a mulher, principalmente no interior dos lares brasileiros. Maria da Penha foi agredida
pelo marido no ano de 1983 com um disparo de arma de fogo enquanto dormia, sendo que as
lesões fizeram com que a mesma ficasse paraplégica. 5
8
Já nesta condição de debilidade, a ví ma, dias depois, foi mais uma vez agredida pelo
7-

marido, desta vez mediante choques elétricos enquanto ela se banhava. O agressor foi denunciado
53

em setembro de 1984, mas devido à len dão da jus ça e uma série de recursos protelatórios, o 63
3.

mesmo só foi preso em setembro de 2002, ou seja, mais de 15 (quinze) anos depois.
33

Com a sua condenação em cenário internacional, o Brasil somente tomou inicia va


4.

legisla va no ano de 2006, quando então foi editada a Lei nº 11.340/06, a qual em seu ar go 1º
12

inaugura a seguinte redação:

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência domés ca e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Cons tuição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher e de outros tratados internacionais ra ficados pela República Federa va do
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência domés ca e familiar.

Em seguida, os ar gos 2º e 3º, evidenciam os direitos e garan as que a serem


observados pelo ordenamento jurídico às mulheres. Muitos desses direitos já estariam
garan dos de uma forma geral a todas as pessoas na Cons tuição Federal de 1988, no entanto,
tendo em vista a desigualdade material notória entre homem e mulher, reforçada pela relação
de poder nos lares brasileiros, houve a necessidade de se reforçar o tratamento especial, vindo
inclusive o art. 4º a reforçar que: “Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
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sociais a que ela se des na e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação
de violência domés ca e familiar.”.

1.2. Natureza das normas previstas na Lei Maria da Penha:

A Lei nº 11.340/06 se trata de uma lei mul disciplinar, que apresenta normas de
natureza penal, processual penal e também cível, em especial quanto a algumas medidas
prote vas de urgência previstas nos arts. 22 a 24.
Natureza penal porque em alguns de seus disposi vos traz regras que influenciam nas
causas ex n vas de punibilidade, em especial a decadência, prevista no art. 107, IV, ao vedar a
aplicação da Lei nº 9.099/95, tornando inviável, por exemplo, a representação nos crimes de
lesão corporal leve e culposa, conforme se extrai da leitura do art. 41 da Lei.
Ainda se tem a previsão do art. 43, ao se incluir no art. 61, II, “f” do Código Penal mais
uma circunstância agravante, a ser levada em conta na segunda fase do método trifásico de
aplicação de apena (art. 68 do CP). Tem-se ainda a previsão do art. 44, que cria mais uma
8 5
qualificadora para o crime de lesão corporal prevista no art. 129 do CP, onde faz surgir o §9º no
7-

referido disposi vo, aumentando a pena cominada ao crime, quando o delito for pra cado em
53

circunstância de violência domés ca e familiar. 64


3.

No mesmo ar go, a Lei Maria da Penha faz inserir o §11, onde se tem uma causa especial
33

de aumento de pena para crime de lesão corporal grave, gravíssima e seguida de morte (art. 129,
4.

§§1º, 2º e 3º do CP), quando o crime for pra cado em situação de violência domés ca e familiar
12

(art. 129, §9º do CP).


A Lei de Execução Penal também não passou despercebida pela Lei Maria da Penha,
sendo que esta, através do seu art. 45, inseriu naquela a previsão constante do art. 152,
Parágrafo Único, in verbis: “Art. 152 (...) Parágrafo único. Nos casos de violência domés ca
contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a
programas de recuperação e reeducação.”

1.3. Cons tucionalidade da Lei nº 11.340/06

Logo que Lei Maria da Penha entrou em vigor, no dia 07 de agosto de 2006, surgiram
muitas polêmicas sobre a possível incons tucionalidade do art. 1º, sob a alegação de possível
ofensa ao art. 5º, caput e seu inciso I da CF/88 o qual traz a seguinte redação:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis nção de qualquer natureza, garan ndo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Cons tuição; (...)
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Sendo assim, à época, surgiram muitas teses no meio jurídico de que a Lei, ao prever
proteção especial somente à pessoa do gênero feminino, estaria afrontando diretamente o
preceito cons tucional, em especial quanto ao princípio da isonomia em direitos e obrigações.
Como não poderia ser de outra forma, o Supremo Tribunal Federal teve que se
manifestar sobre isso, o que ocorreu através do julgamento da Ação Declaratória de
Cons tucionalidade nº 19, ajuizada pela própria Presidência da República, com o escopo de
confirmar a validade do estatuto e por fim à celeuma então existente.
Nesta ação também se buscava confirmar a cons tucionalidade do Art. 1º, do art. 33 e
do art. 41 da Lei Maria da Penha, sendo que o primeiro prevê a acumulação pelas varas criminais
da competência cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prá ca de
violência domés ca e familiar contra a mulher; e o segundo re ra a aplicação da Lei nº 9.099/95
dos casos envolvendo crimes pra cados com violência domés ca e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista.
Concomitantemente à ADC nº 19 , tramitava também a Ação Direta de
8 5
Incons tucionalidade nº 4.424, ajuizada pela Procuradoria Geral da República, onde se pedia
7-

para a Suprema Corte dar interpretação conforme à cons tuição ao art. 12, inciso I, art. 16 e
53

art. 41 da Lei Maria da Penha, sendo que pela leitura do primeiro ar go, se induziria a crer que 65
3.

seria exigível a tomada de representação da ví ma, enquanto que o segundo também levaria à
33

mesma conclusão, ao permi r que a ofendida somente se retratasse em audiência especial


4.

perante o juízo, o que poderia colidir com o princípio da igualdade em sua concepção material,
12

no sen do das normas cons tucionais do art. 5º, I e XLI da CF/88, bem como também do
princípio da proibição da proteção deficiente, com base na previsão do art. 226, §8º da CF/88.
Já o art. 41 re ra peremptoriamente os crimes pra cados com violência domés ca e familiar
contra a mulher do âmbito da Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), independentemente da pena
cominada ao crime, o que, aparentemente, colidiria com o art. 98, I da CF/88⁶⁰.
Tendo em vista esses aparentes conflitos com normas cons tucionais então existentes,
o que poderia levar a uma enxurrada de ações judiciais sobre as questões, a Procuradoria Geral
da República provocou o Supremo Tribunal Federal para que se manifestasse sobre as questões
levantadas, em especial para dar interpretação conforme a Carta Polí ca de 1988.
No dia 09 de fevereiro de 2012, o STF julgou tanto a ADI 4.424 como a ADC 19, no sen do de
declarar a cons tucionalidade dos disposi vos da Lei Maria da Penha acima transcritos, bem como
assentou que no caso de lesão corporal leve e culposa, pra cada em situação de violência domés ca e
familiar contra a mulher, não será exigível da ví ma representação como condição de procedibilidade

⁶⁰ Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados,
ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permi dos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
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da ação penal, sendo considerado, portanto, crime de ação penal pública incondicionada.
Ficou decidido também que, conforme o art. 41 da Lei Maria da Penha, não se aplica a
Lei nº 9.099/95 aos crimes pra cados em situação de violência domés ca e familiar contra a
mulher, independentemente da pena cominada.
Foi também declarada a cons tucionalidade do art. 33 da Lei Maria da Penha, onde as
Varas Criminais, enquanto não forem criados os Juizados de Violência Domés ca e Familiar
contra a Mulher, conforme prevê o art. 14 da lei, acumularão as competências de natureza
cível e criminal.
Há de se destacar que o STJ nha jurisprudência sedimentada que versava sobre a
necessidade de representação nos crimes pra cados em situação de violência domés ca e
familiar contra a mulher, conforme se observa do julgamento do REsp 1.097.042 – 2012 – 3ª
Seção, após vários julgados conflitantes das duas turmas criminais do Tribunal (5ª e 6º Turma).
A referida Corte de Jus ça usou como fundamento o princípio da unicidade da ação 5
penal, onde um mesmo crime não poderia ser susce vel de espécies dis ntas de ação penal,
8
7-

fazendo referência ao caso de, por exemplo, uma lesão corporal leve contra mulher ser
53

pra cada pelo companheiro desta, em concurso com outra pessoa sem qualquer vínculo com a
ví ma. Fundamentou também o STJ no direito de liberdade da mulher decidir sobre seus 66
3.
33

relacionamentos afe vos, não podendo, quanto a isso, ser subme da à vontade do Estado em
prosseguir com uma persecução penal se já não mais está em situação de violência.
4.
12

No entanto, com o julgamento pelo STF da ADI 4.424 e ADC 19, o Superior Tribunal de
Jus ça teve que rever sua jurisprudência, o que foi feito inclusive através da edição da Súmula
nº 542, ao versar que “A ação penal rela va ao crime de lesão corporal resultante de violência
domés ca contra a mulher é pública incondicionada”. Também há o posicionamento da 3ª
Seção do STJ, no mesmo sen do, através da Pet. 11.805/DF – 2017.

1.4. Conversão da pena priva va de liberdade em restri vas de direito na Lei


Maria da Penha

Não há óbice legal na Lei Maria da Penha quanto à subs tuição da pena priva va de
liberdade por restri va de direito. O art. 17 da Lei nº 11.340/06 veda apenas que a pena
priva va de liberdade seja subs tuída por qualquer outra de natureza pecuniária, como, por
exemplo, de cestas básicas, e também por pagamento isolado de multa, nos seguintes termos:

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência domés ca e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
subs tuição de pena que implique o pagamento isolado de multa.

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Sendo assim, para os crimes que não envolvam violência ou grave ameaça contra a
pessoa (dano simples [art. 163, caput do CP], calúnia [art. 138 do CP], difamação [art. 139 do
CP], injúria [art. 140 do CP]), não havendo qualquer um dos impedimentos descritos no art. 44
do Código Penal, e não sendo a subs tuição por pena de natureza pecuniária, haverá a
possibilidade de subs tuição da pena priva va de liberdade por restri va de direito.
No que se refere especificamente às infrações penais que envolvam violência ou grave
ameaça à pessoa, pra cadas no contexto de violência domés ca e familiar contra a mulher, há
inclusive a recente Súmula nº 588 do STJ, editada em setembro de 2017, a qual informa que:
“Súmula 588: A prá ca de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente domés co impossibilita a subs tuição da pena priva va de
liberdade por restri va de direitos.”
Como se percebe, a Súmula acima abrange, além das contravenções penais, as lesões
corporais (art. 129 do CP e seus parágrafos), inclusive as de natureza leve, o estupro (art. 213 do
CP), o estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), o dano qualificado pela violência ou grave
8 5
ameaça à pessoa (art. 163, PÚ, I do CP), a injúria real (art. 140, §2º do CP), a extorsão (art. 158), o
7-

constrangimento ilegal (art. 146), dentre outros.


53

Sobre a lesão corporal de natureza leve (art. 129, caput do CP), pra cada em situação de 67
3.

violência domés ca e familiar contra a mulher, mesmo antes da edição da Súmula 588 do STJ, já
33

havia posicionamento da 2ª Turma do STF versando sobre a impossibilidade de subs tuição da


4.

pena priva va de liberdade por restri va de direito, é o que se observa do HC 129.446/MS – 2015.
12

Mas toda a atenção deve ser voltada para a contravenção penal de vias-de-fato, prevista
no art. 21 da Lei de Contravenções Penais, pois apesar de constar na Súmula 588 do STJ também as
contravenções penais, e pelo fato de neste caso haver também violência (v.g., empurrões, puxar o
cabelo, escorões, tapas leves, sem que restem lesões etc.), há, no entanto, decisão da 2ª Turma do
STF permi ndo a conversão da pena priva va de liberdade em restri va de direito, jus ficando
pelo fato de o art. 44, I do CP se referir apenas a crimes e não à contravenção. Foi o que ficou
decidido no mérito do HC 13.1160/MS, julgado em 18/10/2016, conforme resumo abaixo:

Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. CONTRAVENÇÃO PENAL. VIAS DE FATO (ART. 21 DO


DECRETO LEI 3.688/1941). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER.
SUBSTITUIÇÃO DA REPRIMENDA CORPORAL. VIABILIDADE. ART. 44, I, DO CÓDIGO
PENAL. IMPOSIÇÃO DAS RESTRIÇÕES DO ART. 17 DA LEI 11.340/2006. ORDEM
CONCEDIDA. 1. É viável a conversão da pena priva va de liberdade por restri va de
direito nos moldes previstos no art. 17 da Lei Maria da Penal aos condenados pela
prá ca da contravenção penal de vias de fato, por se tratar de modalidade de infração
penal não alcançada pelo óbice do inciso I do art. 44 do Código Penal. Precedente. 2.
No par cular, o paciente foi condenado à pena de 20 dias de prisão, no regime aberto,

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pela prá ca da contravenção prevista no art. 21 do Decreto-Lei 3.688/41 contra


pessoa com quem manteve relacionamento amoroso, razão pela qual o Tribunal de
Jus ça subs tuiu a pena corporal por restri va de direito. 3. Ordem concedida para
restabelecer o acórdão do Tribunal de Jus ça do Estado do Mato Grosso do Sul. (HC
131160, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 18/10/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-237 DIVULG 07-11-2016 PUBLIC 08-11-2016)

Sendo assim, se percebe que a 2ª Turma do STF e o STJ ainda não entraram em sintonia
quanto à possibilidade de subs tuição da pena priva va de liberdade por restri va de direitos
no caso da contravenção penal de vias-de-fato (art. 21 da LCP), havendo manifestações
aparentemente conflitantes a respeito.
Sobre o que pensa a 1ª Turma do STF, esta já está em sintonia com o STJ quanto à
inadmissibilidade de subs tuição da pena priva va de liberdade por restri va de direitos, em
relação às contravenções penais, inclusive as vias-de-fato, conforme se verifica do STF, 1ª
Turma, HC 137.888/MS – 2017: 5
8
7-

EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CONTRAVENÇÃO PENAL. VIAS DE FATO.


53

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. LEI Nº 11.340/2006. ARTIGO


226, § 8º, DA LEI MAIOR. DIREITOS HUMANOS DA MULHER. SISTEMA PROTETIVO 68
3.

AMPLO. INTERPRETAÇÃO DA LEI. ALCANCE. INFRAÇÃO PENAL – CRIME E


33

CONTRAVENÇÃO. COMBATE À VIOLÊNCIA EM TODAS AS SUAS FORMAS E GRAUS.


4.

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS.


12

INVIABILIDADE. 1. Paciente condenado à pena de 20 (vinte) dias de prisão simples, em


regime inicial aberto, pelo come mento da contravenção de vias de fato (art. 21 do
Decreto-Lei nº 3.688/1941). (...) 9. O art. 226, § 8º, da Carta Polí ca consagra vetor
hermenêu co de proteção da mulher – dever cons tucional de agir, por parte do
Estado, ante a adoção de mecanismos para coibir toda e qualquer violência nos
âmbitos domés co e familiar. 10. Ordem de habeas corpus denegada. (HC 137888,
Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 31/10/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-031 DIVULG 20-02-2018 PUBLIC 21-02-2018)

Portanto, tendo em vista a divergência presente, inclusive entre as duas turmas do STF,
caso a questão não exija nenhuma colocação especial a respeito, melhor optar pela posição
adotada pelo STJ através da Súmula nº 588, a qual converge inclusive com o entendimento
adotado pela 1ª Turma do STF, que possui julgamento mais recente que o da 2ª Turma. Porém,
há de se ter em mente que a questão ainda não está pacificada na Suprema Corte.

1.5. Suspensão condicional do processo e transação penal no âmbito da Lei


Maria da Penha

Como já dito anteriormente, com a declaração de cons tucionalidade do art. 41 da Lei


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Maria da Penha, os crimes pra cados em situação de violência domés ca e familiar contra a
mulher não estão subme dos a nenhuma das medidas desencarceradoras da Lei nº 9.099/95. A
suspensão condicional do processo e a transação penal estão previstas nos arts. 89 e 76,
respec vamente, daquela Lei.
Há de se registrar que mesmo que o crime não seja abrangido pela Lei nº 9.099/95, mas
es ver pena cominada não superior a um ano, haverá a possibilidade de suspensão condicional
do processo, como é o caso do crime de furto simples, previsto no art. 155 do CP que, embora
tenha pena máxima cominada superior a dois anos de reclusão, sendo, portanto, de
competência do Juízo comum e subme do ao procedimento ordinário, nos atermos do art. 394,
§1º, I do CPP, poderá ser susce vel de suspensão condicional do processo, devido ao permissivo
legal con do no art. 89 da Lei nº 9.099/95, a saber:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
5
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
8
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
7-

requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).


53

69
3.

Ocorre que a 3ª Seção do STJ editou a Súmula nº 536, a qual diz que “A suspensão
33

condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao


4.

rito da Lei Maria da Penha.”. Mesmo em se tratando de contravenção penal, também não são
12

aplicáveis os dois ins tutos acima, inclusive quanto à hipótese há julgado também do STJ,
através da 6ª Turma, no HC 280.788/RS - 2014.
Há de se registrar que em recente julgado, o Ministro Alexandre de Moraes do STF
determinou que o Juizado de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher de Barra da Tijuca,
no Rio de Janeiro, recebesse a ação penal promovida pelo Ministério Público pela contravenção
penal de vias-de-fato em situação de violência domés ca (art. 21 do Dec.-Lei nº 3.688/40 c/c
art. 5º, III da Lei Maria da Penha), em obediência ao que ficou decidido no julgamento da ADI
4424 e ADC 19 em 2012, por se tratar infração penal de ação pública incondicionada, com base
no art. 16 da Lei Maria da Penha e considerando a inaplicabilidade da Lei nº 9.099/95 para o
caso. O Julgamento ocorreu no dia 08 de setembro de 2017, nos autos da Reclamação 27342.

1.6. Inaplicabilidade do princípio da insignificância aos delitos pra cados em


violência domés ca e familiar contra a mulher

Tanto o STF como o STJ não aceitam a aplicação do princípio da insignificância no


âmbito da Lei Maria da Penha, tendo em vista a relevância penal das condutas. Este
entendimento dos tribunais superiores se refere tanto aos crimes como às contravenções penais.
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Inclusive não é aceitável também a chamada “bagatela imprópria”, sendo esta a


hipótese em que a conduta, apesar de nascer formal e materialmente pica, an jurídica e
culpável, a depender do caso concreto, se torna desnecessária a aplicação da pena com o
passar do tempo. Ex.: homem que pra ca dano qualificado pelo emprego de grave ameaça,
contra o patrimônio da mulher (art. 163, Parágrafo Único I do CP c/c art. 7, IV da Lei Maria da
Penha), sendo que com o passar do tempo os dois se reconciliam.
Há os seguintes julgados do STJ sobre a inaplicabilidade do princípio da insignificância:
STJ 5ª Turma HC 333.195/MS – 2016 e STJ 6ª Turma AgRg no HC 318.849/MS – 2015. Em
relação ao STF há o RHC 133043/MT – 2016 da 2ªTurma.
Mais recente ainda há a Súmula nº 589 do STJ, aprovada em setembro de 2017, a qual
sedimentou na Corte tal entendimento, do seguinte modo: “Súmula 589: É inaplicável o
princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais pra cados contra a mulher no
âmbito das relações domés cas.”
5
1.7. Descumprimento de Medida Prote va de Urgência e crime de desobediência
8
7-

A Lei Maria da Penha prevê a aplicação de Medidas Prote vas de Urgência para a
53

proteção da mulher em situação de violência domés ca e familiar, tais medidas são 70


3.

disciplinadas nos arts. 18 a 23 da Lei. No entanto, para garan r a execução das mesmas, o
33

legislador resolveu por bem prever a hipótese de decretação de prisão preven va ao agressor,
4.

conforme está inscrito no art. 20 da Lei Maria da Penha⁶¹ e também no art. 313, III do CPP⁶²,
12

com redação dada pela Lei nº 12.403/11.


Em virtude das previsões processuais acima dispostas, o STJ entende não ser possível
a responsabilização do agente pelo crime de desobediência, previsto no art. 330 do CP⁶³ e no
art. 359 do CP⁶⁴, caso ele venha a descumprir a MPU imposta, pois já lhe é atribuído uma sanção
processual prevista na lei para a hipótese, qual seja a prisão preven va. É o que foi julgado no
STJ, 5ª Turma, REsp 1.374.653/MG – 2014 e STJ, 6ª Turma, RHC 41.970/MG – 2014.
Há ainda o RHC 40.567/DF, julgado pela 5ª Turma em 2013, onde afirma a
possibilidade de prisão cautelar do desobediente, após descumprimento reiterado de Medidas
Prote vas de Urgência aplicadas.

⁶¹ “Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preven va do agressor, decretada
pelo juiz, de o cio, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.”
⁶² “Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admi da a decretação da prisão preven va: III - se o crime envolver
violência domés ca e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garan r a
execução das medidas prote vas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).”
⁵³ “Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.”
⁵⁴ “Art. 359 - Exercer função, a vidade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Pena -
detenção, de três meses a dois anos, ou multa.”
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No entanto, apesar do entendimento jurisprudencial acima, no dia 03 de abril de 2018


entrou em vigor a Lei nº 13.641/18, a qual inseriu o art. 24-A na Lei nº 11.340/06, criando uma
nova figura pica, qual seja, o crime de desobedecer à medida prote va de urgência imposta
por autoridade judiciária, fazendo agora com que o agressor possa ser imediatamente preso
em flagrante por sua recalcitrância, bem como responder a processo criminal por delito
específico. Para mais informações, reportamos o leitor para o item 1.24.

1.8. Cabimento de Habeas Corpus pra ques onar a legalidade da Medida


Prote va de Urgência

O STJ admite o cabimento de HC pra se impugnar a imposição de MPU de proibição de


se aproximar da ví ma, decretada por possível vício de legalidade. É o que ficou decidido no HC
298.499/AL, julgado pela 5ª Turma no ano de 2015.

1.9. Medidas Prote vas de Urgência e ações cíveis 8 5


Há entendimento do STJ no sen do da admissibilidade de decretação de Medidas
7-

Prote vas de Urgência contra agressor no bojo de ações cíveis, tendo em vista que não é exigível
53

a existência inquérito policial ou ação penal em curso para este fim. É o que ficou assentado no
71
3.

REsp 1.419.421/GO-2014, julgado pela 4ª Turma. No referido julgado, o STJ deixou clara a
33

desnecessidade de persecução penal para se impor a aplicação de MPUs, principalmente em


4.

decorrência do que prevê a redação do art. 13 da Lei Maria da Penha, ao prever que:
12

Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais


decorrentes da prá ca de violência domés ca e familiar contra a mulher
aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da
legislação específica rela va à criança, ao adolescente e ao idoso que não
conflitarem com o estabelecido nesta Lei.

1.10. Competência criminal no caso de crimes dolosos contra a vida pra cados
em situação de violência domés ca

Apesar de os crimes dolosos contra a vida serem de competência do Tribunal do Júri,


nos termos do que dispõe o art. 5º, XXXVIII, “d” da CF/88, há julgado do STF no sen do de
permi r que a primeira fase do procedimento, seja realizado perante o Juizado de Violência
Domés ca, devendo a segunda fase, julgamento pelo conselho de sentença, ser perante o
Tribunal do Júri. É o que ficou decidido no STF, HC 102150/SC, julgado pela 2ª Turma no ano de
2014.

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1.11. Contravenções penais e Lei Maria da Penha, possibilidade?

O Decreto-Lei nº 3.688/41 pifica a maioria das contravenções penais existentes em


nosso ordenamento jurídico, sendo que em seu art. 21 trata da contravenção penal de vias-de-
fato, a qual é geralmente u lizada para enquadrar condutas que não tenham como resultado
lesões corporais efe vas, de modo a não configurar o crime do art. 129 do CP. Exemplos de vias-
de-fato são: empurrões, tapas leves, puxões de cabelo, escorões etc.
Tal contravenção penal é de ocorrência muito comum em situações de violência
domés ca e familiar contra a mulher. Mas também pode ocorrer: perturbação do sossego (art.
42 da LCP) ou perturbação da tranquilidade (art. 65 da LCP).
Ocorre que o art. 41 da Lei Maria da Penha prevê a seguinte redação: “Art. 41. Aos
crimes pra cados com violência domés ca e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.”
Sendo assim, se levaram vozes no sen do da possível inaplicabilidade da Lei Maria da
8 5
Penha às contravenções penais, pois o art. 41 da Lei (que afasta a aplicação dos procedimentos
7-

da Lei nº 9.099/95 aos fatos relacionados à violência domés ca e familiar contra a mulher) ao se
53

referir somente aos “crimes”, por consequência lógica estaria, ao mesmo tempo, re rando de 72
3.

sua abrangência as contravenções penais.


33

No entanto, tal interpretação não coaduna com os obje vos gerais da Lei nº 11.340/06,
4.

no que se refere à proteção da mulher ví ma de violência, em especial quanto ao seu art. 5º, ao
12

trazer o conceito de violência domés ca e familiar contra a mulher, a saber: “Art. 5º Para os
efeitos desta Lei, configura violência domés ca e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento sico, sexual ou psicológico
e dano moral ou patrimonial: (...)”.
Sendo assim, o STJ se manifestou sobre o tema onde, através do CC 102.571/MG, julgado
pela 3ª Seção no ano de 2009, dando a entender que se deveria dar interpretação extensiva ao
vocábulo “crimes”, descrito no art. 41 da LMP, se considerando então “infrações penais”:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.


CONTRAVENÇÃO PENAL (VIAS DE FATO). ARTS. 33 E 41 DA LEI MARIA DA PENHA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARA CRIMINAL. 1. Apesar do art. 41 da Lei 11.340/2006
dispor que "aos crimes pra cados com violência domés ca e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995", a expressão "aos crimes" deve ser interpretada de forma a não
afastar a intenção do legislador de punir, de forma mais dura, a conduta de quem
comete violência domés ca contra a mulher, afastando de forma expressa a
aplicação da Lei dos Juizados Especiais. 2. Configurada a conduta pra cada como
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violência domés ca contra a mulher, independentemente de sua classificação como


crime ou contravenção, deve ser fixada a competência da Vara Criminal para
apreciar e julgar o feito, enquanto não forem estruturados os Juizados de Violência
Domés ca e Familiar contra a Mulher, consoante o disposto nos arts. 33 e 41 da Lei
Maria da Penha. 3. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo de Direito
da Vara Criminal de Vespasiano-MG, o suscitado. (CC 102.571/MG, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009, DJe 03/08/2009).


1.12. Conceito de violência domés ca e familiar contra a mulher

O art. 5º da Lei Maria da Penha é quem inaugura o conceito de violência domés ca e


familiar contra a mulher, nos seguintes termos:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência domés ca e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento sico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
5
complementar nº 150, de 2015) I - no âmbito da unidade domés ca, compreendida
8
7-

como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar,


inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida
53

como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, 73


3.

unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer
33

relação ín ma de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a


ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais
4.

enunciadas neste ar go independem de orientação sexual.


12

Ao se verificar a redação con da no caput do art. 5º, é possível abstrair a afirmação


conceitual relacionada ao sujeito passivo da violência, qual seja, necessariamente a pessoa
natural do gênero feminino, mulher. Ainda versa o disposi vo das formas exemplifica vas de
violência, iniciada pela palavra “qualquer”, seguida da descrição das condutas ação ou omissão,
informando ainda que as mesmas devem ser baseadas no “gênero”, tendo como consequência
a morte, lesão, sofrimento sico, sexual ou psicológico, formas estas disposta também no art.
7º da mesma lei, conforme se verá mais a frente.
Mas não é somente isso, para fins de aplicação da Lei, o disposi vo ainda expõe três
incisos e um Parágrafo Único, onde o intérprete irá buscar a hipótese adequada ao caso
concreto. Tais hipóteses são as seguintes:

a) No âmbito da unidade domés ca, compreendida como o espaço de convívio permanente de


pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas:
Nesta disposição o legislador levou em conta a ambiência domés ca, lugar onde
geralmente se reúnem pessoas com animus de convivência e moradia. No entanto, fez constar
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que esse convívio há de ser permanente, ou seja, estão fora da disposição as visitas periódicas e
estadia de temporada.
Fez questão de frisar ainda que as pessoas conviventes não precisam necessariamente
ser membros da família, ao u lizar a expressão “sem vínculo familiar”, a lei induziu a crer que aí
estão incluídas as mulheres em regime de tutela, a empregada domés ca que mora com a
família etc. No entanto há de se fazer observação quanto à diarista que, por não apresentar
relação de convívio permanente no lar, não poderá ser enquadrada como sujeito objeto de
proteção da Lei.

b) No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa:

Neste disposi vo, a lei versa sobre aqueles que apresentam relação de parentesco
entre si, não sendo esse parentesco necessariamente biológico, como se observa da expressão5
8
“por afinidade ou por vontade expressa”. Este vínculo de natureza familiar pode decorrer da
7-

relação conjugal (ex. casamento), parentesco em linha reta ou por afinidade (ex. irmã, cunhada,
53

sogra, nora, prima), por vontade expressa (ex. adoção). Há de se buscar também na lei civil a
74
3.

exata compreensão dos vínculos de parentesco, conforme os arts. 1.591, 1.592 e 1.593 do
33

Código Civil de 2002.


4.

Em decorrência da leitura deste disposi vo, não há necessidade de que agressor e


12

ví ma convivam no mesmo ambiente domés co, por exemplo, um irmão que viaja para outra
cidade, a fim de agredir a irmã que reside em município diverso. Neste sen do inclusive há
julgados do STJ sobre o tem, a saber: STJ 5ª Turma, REsp. 1.239.850/DF – 2012; STJ 6ª Turma, HC
186.990/RS – 2012.
Em outro julgado o STJ reconheceu a aplicação da lei ao caso de agressão contra a cunhada
do agressor, conforme STJ 5ª Turma, HC 172.634/DF – 2012. Ainda quanto à relação de parentesco, o
referido Tribunal Superior ainda estendeu a proteção da lei ao caso de crime de ameaça de nora
contra a sogra, desde que estejam presentes os requisitos de relação ín ma de afeto, mo vação de
gênero e situação de vulnerabilidade da ví ma (STJ 5ª Turma, HC 175. 816/RS – 2013).

c) Em qualquer relação ín ma de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a


ofendida, independentemente de coabitação:

Neste disposi vo foi evidenciada a questão do laço afe vo entre autor e ví ma, e ainda
foi mais adiante, informando que as relações entre eles independem de coabitação, ou seja, a
convivência entre os mesmos não precisa se dar no ambiente domés co. Parte da doutrina
cri ca esta previsão, tendo em vista que a lei teria extrapolado os termos da Convenção de
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Belém do Pará de 1994, ao definir a violência contra a mulher com sendo a “que tenha ocorrido
dentro da família ou unidade domés ca ou e qualquer outra relação interpessoal, em que o
agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher (art. 2º, “a”)”.
Guilherme de Souza Nucci, citado por Renato Brasileiro de Lima, aduz que “se o
agressor e ví ma não são da mesma família e nunca viveram juntos, não se pode falar em
violência domés ca e familiar. Daí emerge a inaplicabilidade do disposto no inc. III”⁶⁵
Mas o que prevalece é a validade do disposi vo legal, pois a Convenção buscou
justamente dar maior proteção à ví ma; no entanto se a Lei conseguir alcançar esse desiderato,
dando maior garan a, aplica-se o princípio do pro homine, já que, como matéria de direitos
humanos (art. 6º da Lei Maria da Penha), se deve primar para a norma mais favorável. Aliás, se
pode re rar essa conclusão do próprio art. 4ª da Lei, ao dispor que: “Art. 4º Na interpretação
desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se des na e, especialmente, as
condições peculiares das mulheres em situação de violência domés ca e familiar.”
A doutrina também comunga desta posição, conforme os ensinamentos de Maria
8 5
Berenice Dias, ao expor que:
7-
53

“até mesmo os vínculos afe vos que refogem ao conceito de família e de en dade 75
3.

familiar não deixam de ser marcados pela violência. Mesmo que não vivam sob o
33

mesmo teto, havendo violência, merece a mulher receber o abrigo da Lei Maria da
Penha. Para a configuração de violência domés ca é necessário um nexo entre a
4.

agressão e a situação que a gerou, ou seja, a relação ín ma de afeto deve ser a causa da
12

violência”. (DIAS apud LIMA, 2015, p. 914).

Quanto às situações que se encaixam nesta previsão, se pode citar, por exemplo, o ex-
companheiro da ví ma, separado da mesma há mais de 20 anos, sem que atualmente convivam
juntos no mesmo ambiente domés co. O STJ inclusive já se manifestou quanto a isso, é o que se
observa do HC 115.857/MG - 2008 da 6ª Turma.
No que se refere à questão de ex-namorados, apesar de ser relação ín ma de afeto, o
Tribunal Superior já decidiu que se a relação for efêmera, fugaz ou esporádica, não se
enquadra nas hipóteses de aplicação da lei (STJ CC 91.979/MG). No entanto há de se analisar o
caso concreto, havendo julgados do mesmo tribunal em sen do diverso, por exemplo, no caso
de ameaça de morte perpetrada pelo namorado da ví ma, estando insa sfeito com o término
do namoro de dois anos. É o que se observa do STJ 3ª Seção, CC 100.654/MG – 2009; STJ 6ª
Turma, HC 92.875/RS – 2008; STJ 3ª Seção, CC 103.813/MG – 2009; STJ 3ª Seção, CC
96.532/MG – 2008; STJ 5ª Turma, HC 181.217/RS – 2011.

⁶⁵ NUCCI apud LIMA (2015, p. 914).


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Em fim, para além dos entendimentos acima e no sen do de se refutar qualquer


dúvida razoável sobre o tema, a 3ª Seção do STJ, no dia 27/11/2017, editou a Súmula nº 600,
onde expõe que: “para a configuração da violência domés ca e familiar prevista no ar go 5º
da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e ví ma”.

d) As relações pessoais enunciadas neste ar go independem de orientação sexual

O Parágrafo Único da Lei Maria da Penha expõe que não há de se cogitar sobre orientação
sexual existente para os envolvidos na relação. Aqui se tem, por exemplo, o caso da relação de
lesbianismo, onde a ví ma mulher é agredida por sua companheira, obviamente mulher. Estando
presente a relação ín ma de afeto no caso, aplica-se a Lei Maria da Penha em sua plenitude.
Tendo em vista os ques onamentos sobre a amplitude da proteção trazida pela Lei
Maria da Penha, em especial quanto às hipóteses de cabimento descritas no seu art. 5º, a
jurisprudência do STJ teve que se pronunciar várias vezes sobre as diversas situações oriundas
de sua aplicação, a saber: 5
8
a) Violência de filho contra a mãe: possibilidade (HC 290.650/MS), já que a Lei Maria da
7-

Penha se aplica também nas relações de parentesco, mesmo não havendo coabitação
53

entre agressor e ví ma;


76
3.

b) Violência de filha contra a mãe: possibilidade (HC 277.561/AL), pois não há nenhum
33

disposi vo na lei que impeça que o agressor seja mulher;


4.

c) Violência de pai contra a filha: possibilidade (HC 178.751/RS), por força do inciso II do
12

art. 5º da Lei, mesmo que autor e ví ma não residam no mesmo lar;


d) Violência de irmão contra irmã: possibilidade (HC 175.816/RS), por força do inciso II
do art. 5º da Lei, mesmo que autor e ví ma não residam no mesmo lar;
e) Violência de genro contra sogra: possibilidade (RHC 50.847/BA), por força do inciso II
do art. 5º da Lei, já que há relação de parentesco por laços de afinidade;
f) Violência de nora contra a sogra: possibilidade (HC 175.816/RS), desde que estejam
presentes os requisitos de relação in ma de afeto, mo vação de gênero e situação de
vulnerabilidade, caso contrário, não haverá enquadramento;
g) Violência de companheiro da mãe contra a enteada: possibilidade (RHC 42.092/RJ);

h) Violência de a contra sobrinha: possibilidade (HC 250.435/RJ). No caso em questão a


a nha a guarda da sobrinha, de quatro anos.
i) Violência de ex-namorado contra ex-namorada: possibilidade (HC 182.411/RS). No entanto
o STJ entende também que não pode ser qualquer namoro que se enquadra na Lei, mas sim
o duradouro, caso contrário, se for efêmero, fugaz, esporádico (“fica”) ou passageiro, não há
que se falar em proteção da Lei (CC 91.979/MG);
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j) Violência de filho contra pai idoso: IMPOSSIBILIDADE (RHC 51.418/SC), tendo em vista
que o sujeito passivo tem que ser mulher, em obediência ao art. 1º e ao caput do art.
5º da Lei Maria da Penha;
k) Violência contra traves : IMPOSSIBILIDADE (HC 178.751/RS - 2010), Pessoas traves das
não são mulheres. Não se aplica no caso delas a lei nova (sim, as disposições legais outras
do CP e do CPP). Exceção! No caso de cirurgia transexual, desde que a pessoa tenha
passado documentalmente a ser iden ficada como mulher (Roberta Close, por
exemplo), terá incidência a lei nova. Mas, a tulo de conhecimento, há decisões isoladas
da Jus ça Estadual permi ndo a aplicação da Lei a pessoas traves das, v.g.,. Processo nº
0018790-25.2017.8.19.0004, da Vara de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher
de São Gonçalo (RJ), julgado em 26/06/2017. Dec. Juiz André Luiz Nicoli .

1.13. A questão do requisito da hipossuficiência e vulnerabilidade

Além dos requisitos descritos no art. 5º da Lei Maria da Penha, o STJ considerava ainda a
5
8
necessidade de que restasse comprovada a hipossuficiência e a vulnerabilidade da mulher na
7-

relação com o agressor. Ocorre que o próprio Tribunal, em decisões mais recentes, sedimentou
53

que tais requisitos estariam presumidos pela Lei, tendo em vista as normas convencionais 77
3.

incorporadas pelo Brasil, onde não se exige a comprovação de tais circunstâncias, devido à própria
33

natureza de fragilidade da mulher por questões de gênero e na relação de poder decorrente do


4.

convívio com o agressor. Tal posição recente do STJ é observada nos seguintes julgados: STJ 5ª
12

Turma, AgRg no AResp 620.058/DF – 2017 e STJ 6ª Turma AgRg no RHC 74.107/SP – 2016.

1.14. Natureza do dano moral, decorrente de fatos relacionados à violência


domés ca e familiar contra a mulher

Em recente decisão na data de 28/02/2018 a 3ª Seção do STJ decidiu pela possibilidade


de fixação do valor mínimo de indenização por danos morais à mulher ví ma de violência
domés ca e familiar, com base no que dispõe o art. 387, IV do CPP⁶⁶, bastando que haja pedido
expresso da acusação ou da ofendida. O importante a se registrar é que o Tribunal também
decidiu que este dano não precisará ser provado, sendo, portanto, presumido.
Tal julgamento foi em sede de recursos especiais repe vos, através do REsp
1.643.051 – 3ª Seção - 2018, onde se ques onava a possibilidade de reparação de natureza cível
no bojo de sentença penal condenatória, tendo a decisão dos Ministros se manifestado de
forma unânime. Nas palavras do Ministro Rogério Schie Cruz:

⁶⁶ “Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). (...).”
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A simples relevância de haver pedido expresso na denúncia, a fim de garan r o


exercício do contraditório e da ampla defesa, ao meu ver, é bastante para que o juiz
sentenciante, a par r dos elementos de prova que o levaram à condenação, fixe o
valor mínimo a tulo de reparação dos danos morais causados pela infração
perpetrada, não sendo exigível produção de prova específica para aferição da
profundidade e/ou extensão do dano. O merecimento à indenização é ínsito à própria
condição de ví ma de violência domés ca e familiar. O dano, pois, é in re ipsa.

Sendo assim, basta que a ví ma esteja em situação de violência domés ca e familiar,


que fará jus à indenização por dano moral ao final do processo, sendo desnecessária a dilação
probatória sobre o dano, bastando que haja pedido expresso para tal.
A ementa do julgado se deu da seguinte forma:

RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO


CPC, C⁄C O ART. 256, I, DO RISTJ). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART. 397, IV, DO CPP. PEDIDO
5
NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. DANO IN RE IPSA.
8
7-

FIXAÇÃO CONSOANTE PRUDENTE ARBÍTRIO DO JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.


(...) 6. No âmbito da reparação dos danos morais – visto que, por óbvio, os danos
53

materiais dependem de comprovação do prejuízo, como só ocorre em ações de similar 78


3.

natureza –, a Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo


33

Penal já mencionada, passou a permi r que o juízo único – o criminal – possa decidir
sobre um montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação da ví ma, de
4.

di cil mensuração, deriva da própria prá ca criminosa experimentada. 7. Não se mostra


12

razoável, a esse fim, a exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do grau
de humilhação, da diminuição da autoes ma etc., se a própria conduta criminosa
empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e menosprezo à
dignidade e ao valor da mulher como pessoa. 8. Também jus fica a não exigência de
produção de prova dos danos morais sofridos com a violência domés ca a necessidade
de melhor concre zar, com o suporte processual já existente, o atendimento integral à
mulher em situação de violência domés ca, de sorte a reduzir sua revi mização e as
possibilidades de violência ins tucional, consubstanciadas em sucessivas oi vas e
pleitos perante juízos diversos. (...) TESE: Nos casos de violência contra a mulher
pra cados no âmbito domés co e familiar, é possível a fixação de valor mínimo
indenizatório a tulo de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou
da parte ofendida, ainda que não especificada a quan a, e independentemente de
instrução probatória. (STJ 3ª Seção, REsp 1.643.051/MS, Min. Rogerio Schie cruz.
28/02/2018)

1.15. Formas de violência contra a mulher

O Art. 7º da Lei Maria da Penha dispõe sobre as formas que a violência contra a mulher
poderá se manifestar, podendo ser:
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a) Violência sica: qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
b) Violência psicológica: qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
autoes ma ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua in midade, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação;

c) Violência sexual: qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a


par cipar de relação sexual não desejada, mediante in midação, ameaça, coação
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a u lizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contracep vo ou que a force
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros tuição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus
direitos sexuais e reprodu vos;
8 5
7-

d) Violência patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração,


53

destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos


79
3.

pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os des nados a


33

sa sfazer suas necessidades;


4.

e) Violência moral: qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.


12

Muitas dessas formas de violência guardam correspondência com pos penais


previstos na legislação criminal brasileira, a saber: homicídio, lesão corporal, ameaça,
constrangimento ilegal, injúria, calúnia, difamação, furto, roubo, dano ao patrimônio, sequestro
e cárcere privado, estupro etc. Ainda existem as infrações penais descritas no Dec.-Lei nº
3.688/41 (contravenções penais), onde poderão incidir as vias-de-fato, a perturbação do
sossego, perturbação da tranquilidade, dentre outras.

1.16. Assistência à mulher em situação de violência domés ca e familiar

O Título III da Lei Maria da Penha inaugura uma série de previsões que têm por obje vo
engajar os órgãos do Poder Execu vo e Judiciário, na realização de polí cas públicas capazes de,
principalmente, proporcionar à prevenção à violência domés ca e familiar contra a mulher.

1.17. Medidas integradas de prevenção

O art. 8º da Lei traz diretrizes a serem observada pelos entes federa vos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios), de modo a tornar exequível a tarefa de se coibir a

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violência domés ca contra a mulher. Tem-se como exemplos: a integração entre os órgãos de
promoção da jus ça, como o judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública; a
sistema zação de dados e pesquisas para a obtenção de informação sobre a violência de
gênero; a promoção do respeito, em especial nos meios de comunicação, dos valores é cos e
sociais da pessoa e da família, de modo a se prevenir a violência, dentre outros;

1.18. Assistência direta à mulher em situação de violência domés ca e familiar

O art. 9º da Lei já traz a previsão de medidas a serem tomadas, inclusive pelo Juiz, em
bene cio da mulher logo que venha a sofre uma situação de violência domés ca, a saber: a
inclusão nos programas assistenciais do Governo; o acesso prioritário à remoção, quando
servidora pública; a manutenção do vínculo trabalhista.
Terá lugar também “o acesso aos bene cios decorrentes do desenvolvimento
cien fico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 5
8
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.”
7-
53

1.19. Atendimento pela autoridade policial


80
3.

O art. 10 da Lei dispõe sobre o atendimento imediato a ser feito pela autoridade
33

policial à mulher ví ma de violência domés ca e familiar, inclusive quanto ao descumprimento


4.

das Medidas Prote vas de Urgência, caso tenham sido decretadas pelo Juiz.
12

Importante se mencionar a edição da Lei nº 13.505/2017, a qual trouxe a previsão de


atendimento à mulher ví ma de violência por pessoas capacitadas, preferencialmente do sexo
feminino. Trouxe também regras a serem observadas quando da oi va da ví ma, a fim de se evita a
chamada revi mização, a fim de que não sofra ainda mais quando dos relatos dos fatos à autoridade.
A norma também prevê garan as para que a mulher não venha a se exposta ao
constrangimento em ter que estar na presença do inves gado ou suspeito, ou a pessoas a ele
relacionadas.
No art. 11 traz os deveres da autoridade policial logo no atendimento da mulher ví ma,
como, por exemplo: garan r proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao
Ministério Público e ao Poder Judiciário; encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e
ao Ins tuto Médico Legal; fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo
ou local seguro, quando houver risco de vida; se necessário, acompanhar a ofendida para
assegurar a re rada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; informar à
ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, dentre outras cabíveis ao
caso, ou determinadas pela legislação.
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O art. 12 prevê as medidas a serem tomadas pela autoridade em relação à apuração


das infrações penais decorrentes da situação de violência domés ca e familiar. As medidas são
todas afetas à a vidade de polícia inves ga va. No entanto importante de registrar que a
autoridade policial também deverá remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas
prote vas de urgência.
Nota-se que este ar go procura dar maior celeridade ao procedimento, em especial
quanto à decretação de medidas prote vas de urgência a ser ordenada somente pelo Juiz, nos
termos do art. 18. Ocorre que em muitas comarcas do Brasil a fora não há plantão judiciário
local, o que muitas vezes acaba causando demora na decretação da medida, tornando a
proteção à ví ma trazida pela Lei ineficaz, vindo a mesma inclusive a sofrer outra violência antes
do provimento judicial pela proteção, ou até mesmo vindo a perder a sua vida.
Tendo em vista esta problemá ca, foi incluído no PLC 07/16 a previsão da possibilidade
de o próprio Delegado de Polícia, tão logo recebesse da mulher ví ma de violência o
8 5
requerimento para a concessão de algumas Medidas Prote vas, já as impusesse de plano,
7-

devendo em no máximo 24 horas enviar os autos para o Poder Judiciário, a fim de que


53

referendasse a medida já executada em sede policial (conforme constaria da redação do art. 12- 81
3.

B da Lei Maria da Penha⁶⁷, então vetado).


33

Ocorre que o projeto recebeu severas crí cas, em especial por parte da classe da
4.

magistratura e do Ministério Público, sob a alegação de ofensa à Cons tuição, tendo em vista
12

que se estaria concedendo poderes ao Delegado de Polícia para a prá ca de atos que estariam
acobertados pela reserva de jurisdição. Devido a isso, o Presidente da República, à época,
acabou vetando o referido projeto de lei⁶⁸, o qual foi arquivado somente neste sen do. No
entanto, devido às demais temá cas que tratava, levou à edição da Lei nº 13.505/2017, a qual
trouxe outras garan as à mulher ví ma de violência domés ca e familiar.
Mas mesmo assim, no decorrer dos próximos anos, muitas mulheres ainda acabavam
sendo ví mas de crimes bárbaros pra cados no ambiente domés co e familiar, em geral tendo
como autores seus próprios companheiros, sendo que, devido aos problemas acima citados,
muitas das Medidas Prote vas de Urgência requerias (à exemplo do afastamento do agressor

⁶⁷ “Art. 12-B. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade sica e psicológica da mulher em situação
de violência domés ca e familiar ou de seus dependentes, a autoridade policial, preferencialmente da delegacia de proteção à
mulher, poderá aplicar provisoriamente, até deliberação judicial, as medidas prote vas de urgência previstas no inciso III do
art. 22 e nos incisos I e II do art. 23 desta Lei, in mando desde logo o agressor. § 1º O juiz deverá ser comunicado no prazo de 24
(vinte e quatro) horas e poderá manter ou rever as medidas prote vas aplicadas, ouvido o Ministério Público no mesmo prazo.
§2º Não sendo suficientes ou adequadas as medidas prote vas previstas no caput, a autoridade policial representará ao juiz
pela aplicação de outras medidas prote vas ou pela decretação da prisão do agressor.” (VETADO)
⁶⁸ Razão dos vetos: “Os disposi vos, como redigidos, impedem o veto parcial do trecho que incide em incons tucionalidade
material, por violação aos ar gos 2o e 144, § 4o, da Cons tuição, ao invadirem competência afeta ao Poder Judiciário e
buscarem estabelecer competência não prevista para as polícias civis.”
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do lar) acabavam não sendo deferidas em tempo hábil pela autoridade judiciária de modo a se
evitar uma tragédia, o que acabava tornando a providência legal absolutamente ineficaz.
Tendo em vista isso, o Congresso Nacional deu seguimento a outro projeto de lei, qual
seja o de número 6433/2013, que versava sobre o mesmo assunto também antes descrito no
polêmico PLC 07/2016, especificamente no que se refere à possibilidade de decretação de
algumas medidas prote vas de urgência pela policial.
Dessa vez o Poder Legisla vo resolveu ins tuir a possibilidade de as medidas prote vas
de urgência de afastamento do agressor do lar, domicílio ou do local de convivência da
ofendida serem decretadas de forma imediata pela autoridade policial, o que foi feito através
da edição da Lei nº 13.827/2019, sendo esta lei devidamente sancionada pelo Presidente da
República Jair Messias Bolsonaro e publicada no Diário Oficinal da União do dia 13 de maio de
2019, com vigência a par r da mesma data.
De acordo com a redação da nova lei, a qual incluiu o art. 12-C à Lei nº 11.340/2006,
caberá a tomada da providência diretamente pelo Delegado de Polícia, quando o Município não5
8
for sede de comarca. Mas também caberá a qualquer policial, quando o Município não for sede
7-

de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.


53

Nesta situação, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e 82
3.

decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar
33

ciência ao Ministério Público concomitantemente.


4.

A lei ainda prevê que, em caso de prisão, havendo risco à integridade sica da ofendida
12

ou à efe vidade da medida prote va de urgência, não será concedida liberdade provisória ao
preso. Sendo assim, a redação do art. 12-C da Lei Maria da Penha ficou da seguinte forma:

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à


integridade sica da mulher em situação de violência domés ca e familiar, ou
de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar,
domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827,
de 2019) I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) II -
pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
(Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) III - pelo policial, quando o Município não
for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 1º Nas hipóteses dos incisos
II e III do caput deste ar go, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 2º Nos casos de
risco à integridade sica da ofendida ou à efe vidade da medida prote va de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei
nº 13.827, de 2019).
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1.20. Procedimentos aplicáveis aos casos de violência domés ca e familiar

A par r do art. 13, a Lei Maria da Penha prevê os procedimentos que passarão a ser
realizados quando do julgamento das causas envolvendo violência domés ca e familiar contra a
mulher. Tal ar go 14 é inovador, principalmente pelo fato de atribuir ao Juizado de Violência
Domés ca e Familiar a competência para dirimir causas de natureza cível e criminal, desde que
presentes as situações de violência domés ca e fá miliar contra a mulher, a saber:

Art. 14. Os Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher, órgãos da


Jus ça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
execução das causas decorrentes da prá ca de violência domés ca e familiar contra a
mulher.

Há de se destacar aqui a previsão con da ainda no art. 33⁶⁹, onde aduz que, enquanto
5
não forem criados nos Estados e no Distrito Federal os Juizados referidos no art. 14, as Varas
8
7-

Criminais comuns acumularão a competência cível e criminal. Tal previsão foi inclusive objeto de
53

Ação Declaratória de Cons tucionalidade no âmbito do STF (ADC 19), ajuizada pela Presidência da
República, a fim de se evitar futuras impugnações judiciais sobre o disposi vo. Tal ação foi julgada 83
3.

procedente pela Suprema Corte, a fim de por fim a qualquer ques onamento, presente e futuro.
33

O art. 15 traz foro de eleição por parte da própria ví ma, mas tão somente quanto as
4.
12

causa cíveis relacionadas à violência domés ca e familiar contra a mulher, sendo que esta
poderá optar pela competência do seu domicílio ou de sua residência, do lugar em que ocorreu
o fato, ou do domicílio do agressor.
O art. 16 traz a seguinte redação: “Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admi da a renúncia à representação
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.”
Como se estudou no item 1.2.1 a Procuradoria Geral da República ajuizou a ADI 4424,
requerendo que o STF atribuísse interpretação conforme a Cons tuição ao disposi vo, tendo em
vista que, pela sua leitura, daria a entender que a representação criminal da ví ma poderia se dar em
qualquer crime. No entanto, como dito em epígrafe, tal ação foi julgada procedente na Suprema
Corte, ficando decidido que em relação aos crimes de lesão corporal leve e culposa, não se aplicaria
tal ar go, pois seria de ação penal pública incondicionada, não se aplicando a Lei nº 9.099/95 ao caso,
por força, inclusive do art. 41 da Lei Maria da Penha, o qual também foi declarado cons tucional.

⁶⁹ Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher, as varas criminais
acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prá ca de violência domés ca
e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual per nente.
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Quanto ao ar go 17, este veda a conversão da pena priva va de liberdade em qualquer


outra de natureza pecuniária ou em pena isolada de multa. Mas atenção! Tal disposi vo não
vedou a conversão para outras penas restri vas de direitos, conforme previstas no art. 43 do CP,
mas tão somente as de natureza pecuniária – art. 43, I do CP (ex.: cestas básicas).
Mas, há de se observar ainda que, como dito no item 1.2.2, em relação às divergências
existentes entre o STF e STJ sobre as contravenções penais, em especial quanto às vias-de-fato,
prevista no art. 21 da LCP, já que, a despeito da Súmula 588 do STJ e embora também envolva
formas de violência (empurrões, puxar o cabelo, escorões, tapas leves, sem que restem lesões
etc.), há decisão da 2ª Turma do STF permi ndo a conversão da pena priva va de liberdade em
restri va de direito. Para melhor compreensão do tema, remetermos o leitor para o item 1.2.2.

1.21. Medidas Prote vas de Urgência

Os ar gos 18 a 24 da Lei regem a aplicação das Medidas Prote vas de Urgência, as quais
5
8
são, em regra, requeridas pela ví ma ainda em sede policial. Mas o juiz poderá decretá-las sem
7-

que sejam ouvidas as partes (art. 19). Tais medidas poderão ser decretadas de forma isolada ou
53

cumula va, assim como poderão ser subs tuídas por outras de maior eficácia (art. 19, §1º).
84
3.

No art. 20 a Lei prevê a possibilidade de decretação da prisão preven va do agressor,


33

caso haja necessidade para se dar maior proteção à ví ma e não sejam suficientes quaisquer
4.

das MPUs previstas na Lei. A possibilidade de prisão preven va também foi prevista no art. 13,
12

III do Código de Processo Penal⁷⁰, incluído pela Lei nº 12.403/11, tendo por finalidade garan r a
execução das Medidas Prote vas de Urgência.
O art. 21, Parágrafo Único trouxe uma previsão importante em relação aos atos
processuais decorrentes da apuração dos crimes envolvendo violência domés ca e familiar, ao
versar que: “Art. 21 (...) Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar in mação ou
no ficação ao agressor.”
A Lei buscou com isso evitar uma prá ca hodierna no trabalho de inves gação e
processamento dos crimes de violência domés ca, ou seja, a entrega da in mação para o
agressor. Esse ato por muitas vezes acabava levando a uma situação de agravamento da
violência, pois o agressor se via desafiado ou in midado ao receber das mãos da mulher uma
in mação judicial ou policial. Com isso, o mesmo alimentava ainda mais o sen mento de raiva e
humilhação, vindo, assim, a agredir ainda mais a companheira.

⁷⁰ “Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admi da a decretação da prisão preven va: III - se o crime envolver
violência domés ca e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garan r a
execução das medidas prote vas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).”
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1.22. Medidas Prote vas de Urgência que obrigam o agressor

A par r do art. 22 da Lei, se preveem uma serie de medidas prote vas de urgência que
obrigam o agressor. Providências que vão desde proibição de se aproximar da ofendida, até a
suspensão do porte de arma, além de afastamento do lar, restrição ou suspensão de visitas aos
filhos, frequentação de determinados lugares etc.
Quanto à suspensão do porte de arma, importante previsão foi a do §2º do art. 22, ao
abordar que:

Art. 22 (...) § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas


condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respec vo órgão, corporação ou ins tuição
as medidas prote vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
desobediência, conforme o caso. 5
8
7-

Sendo assim, a Lei buscou sancionar criminalmente o superior hierárquico do


53

agressor que se queda inerte em tomar a providência determinada pelo Juízo, quanto à
suspensão do porte de arma de seu subordinado. 85
3.
33

1.23. Medidas Prote vas de Urgência à ví ma


4.
12

Nos arts. 23 e 24 se têm as medidas prote vas de beneficiam diretamente a ví ma,


como, por exemplo, encaminhamento dela e de seus dependentes para programa oficial ou
comunitário de proteção ou de atendimento; recondução da ofendida e de seus dependentes
ao respec vo domicílio, após afastamento do agressor; afastamento da ofendida do lar, sem
prejuízo dos direitos rela vos a bens, guarda dos filhos e alimentos; separação de corpos.
Importante se registrar que no art. 24 estão descritas medidas prote vas de cunho
patrimonial à mulher, já que geralmente a mesma está em condições de hipossuficiência
financeira em relação ao agressor.
Muitas dessas medidas são de caráter cível, a saber: res tuição de bens indevidamente
subtraídos pelo agressor à ofendida; proibição temporária para a celebração de atos e contratos
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; prestação de caução
provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prá ca
de violência domés ca e familiar contra a ofendida.
Isso se deve pelo fato de em muitas ocasiões a ví ma, em decorrência das violências
sofridas, sair do lar e ter parte (ou a totalidade) de seu patrimônio devassado pelo agressor,
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sendo este muitas vezes imbuído pelo sen mento de raiva ou revanche, devido à eventual
denúncia das agressões às autoridades.

1.24. Lei nº 13.641/2018 (acrescenta o art. 24-A na Lei nº 11.340/06)

No dia 03 de abril de 2018 foi publicada a Lei nº 13.641/2018, a qual altera a Lei nº
11.340/06 (Lei Maria da Penha), criando o art. 24-A, passando a prever o crime de
Descumprimento de Medida Prote va de Urgência (uma forma especial de desobediência).

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas prote vas de urgência
previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 1º A
configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que
deferiu as medidas. §2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade
judicial poderá conceder fiança. §3º O disposto neste ar go não exclui a aplicação de
outras sanções cabíveis. 8 5
Conforme consta do texto da nova Lei, tal crime é inafiançável em sede policial,
7-

podendo o bene cio somente ser concedido pelo Juiz, ficando afastada, assim, a disposição
53

prevista no caput do art. 322 do CPP⁷¹. Importante registrar ainda que, conforme julgado pelo
86
3.

STF no ano de 2012, nos autos da ADI Nº 4424 e ADC Nº 19, não se aplica a Lei nº 9.099/95 aos
33

disposi vos da Lei Maria da Penha. Sendo assim, será cabível, em tese, a prisão em flagrante do
4.

desobediente, nos termos do art. 302 do CPP, mesmo o crime tendo pena priva va de liberdade
12

não superior a 02 anos de detenção, devendo a Autoridade Policial instaurar Inquérito Policial
para inves gar o fato, e não Termo Circunstanciado de Ocorrência.
De fato controvérsias virão em relação à nova Lei, em especial quanto à
impossibilidade de aplicação da Lei nº 9.099/95 no que se refere ao Termo Circunstanciado de
Ocorrência (art. 61 c/c 69 da Lei dos Juizados Especiais), pois, além da pena máxima cominada
ao novo crime (02 anos de detenção), por versar sobre uma forma especial de desobediência à
determinação judicial, se trata de delito que tem como sujeito passivo primário o Estado, em
especial a administração da jus ça.
Com isso, se leva a crer que a obje vidade jurídica do po penal diverge daquele citado
no art. 41 da Lei Maria da Penha, in verbis: “Art. 41. Aos crimes pra cados com violência
domés ca e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995.” (grifo nosso). Sendo assim, aguardaremos o
comportamento da doutrina e da jurisprudência sobre a novidade legisla va.

⁷¹ “Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena priva va de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (...)”
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Importante ainda constar que no mesmo dia em que a Lei nº 13.641/2018 veio ao
mundo jurídico, também foi publicada a Lei nº 13.642/18, a qual altera a Lei nº 10.446/2002,
passando a prever também como atribuição da Polícia Federal a apuração de “quaisquer
crimes pra cados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo
misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.”, a saber:

Art. 1º Na forma do inciso I do § 1º do art. 144 da Cons tuição, quando houver


repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Jus ça, sem prejuízo da
responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da
Cons tuição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à
inves gação, dentre outras, das seguintes infrações penais: (...) VII – quaisquer
crimes pra cados por meio da rede mundial de computadores que difundam
conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às
mulheres. (Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018)

Outra questão importante é sobre a (des)necessidade de juntada do laudo pericial de


corpo de delito da ví ma para a tomada de providências policiais preliminares ou para o
8 5
encaminhamento e decretação da Medidas Prote vas de Urgência. Conforme consta do art. 12,
7-

§3º da Lei nº 11.340/06, “serão admi dos como meios de prova os laudos ou prontuários
53

médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde”. 87


3.

Ou seja, para a tomada das providências policiais e medidas de proteção preliminares,


33

não se faz necessária a juntada do laudo pericial de corpo de delito. Isto se deve ao fato de em
4.

muitas localidades dos rincões brasileiros não exis r representação do IML ou ins tuição
12

congênere, a fim de se providenciar a perícia de forma imediata. Sendo assim, de acordo com a


permissão legal acima disposta, a autoridade policial e judiciária poderá se basear em
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde, a fim de tomar as providências
de proteção urgentes descritas na Lei Maria da Penha.
No entanto, para além da importante previsão legisla va acima, no dia 02 de outubro
de 2018 houve a publicação da Lei nº 13.721/2018, a qual inseriu o Parágrafo Único no art. 158
do Código de Processo Penal, passando a prever a seguinte redação:

Art. 158. Quando a infração deixar ves gios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único.
Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime
que envolva: (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018) I - violência domés ca e familiar
contra mulher; (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018) II - violência contra criança,
adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)

Sendo assim, apesar de a confecção do laudo pericial não ser exigível para a tomada de
medidas policiais e judiciais de proteção consideradas urgentes às ví mas de violência
domés ca e familiar contra a mulher, se na localidade exis r Ins tuto Médico Legal, a realização
do procedimento pericial em ví mas de violência domés ca dar-se-á em regime de prioridade.
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Com isso se verifica que, atendendo as orientações decorrentes de convenções e


tratados internacionais, assim como de normas nacionais, o Brasil emplacou na inicia va
legisla va para coibir e reprimir com maior rigor os fatos envolvendo não só os casos de
violência domés ca e familiar contra a mulher, mas também quaisquer manifestações que
induzam a crer em discriminação baseada no gênero.

1.25. Atuação do Ministério Público

Os arts. 25 e 26 da Lei reforçam ainda mais o papel do Ministério Público nos ações que
buscam coibir a violência domés ca e familiar. Este intervirá nas causas cíveis e criminais,
quando não for parte, havendo um aparente li sconsórcio necessário na ação.
Poderão também ser tomadas pelo parquet providências execu vas ou
administra vas relacionadas ao problema, como, por exemplo, requisitar força policial e
serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
5
fiscalizar os estabelecimentos públicos e par culares de atendimento à mulher em situação de
8
7-

violência domés ca e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administra vas ou judiciais


53

cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; cadastrar os casos de violência


88
3.

domés ca e familiar contra a mulher.


33

1.26. Assistência Judiciária


4.
12

O art. 27 da Lei prevê a obrigatoriedade de a mulher ser acompanhada de advogado


perante os atos processuais, cíveis e criminais, decorrentes dos fatos de violência domés ca e
familiar, mas este disposi vo deve ser lido com cuidado, de modo a não se interpretar que a
cons tuição de advogado é um requisito necessário para que a ofendida faça jus às medidas
de proteção previstas. Tanto é que o próprio ar go excepciona o art. 19, onde se prevê a
concessão de Medidas Prote vas de Urgência pelo Juiz, não havendo que se falar em
necessidade de cons tuição de advogado pela ofendida para tal. O art. 28 versa sobre a
assistência judiciária gratuita, bem como da Defensoria Pública, seja em sede policial ou judicial.

1.27. Equipe de atendimento mul disciplinar

Os arts. 29 a 32 versam sobre o atendimento mul disciplinar, a ser realizado por


equipes especiais criadas no âmbito dos Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a
Mulher. Tais equipes devem ser integradas por profissionais especializados nas áreas
psicossocial, jurídica e de saúde.
Quanto às atribuições das equipes mul disciplinares, prevê o art. 30:

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Art. 30. Compete à equipe de atendimento mul disciplinar, entre outras atribuições
que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz,
ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em
audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e
outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial
atenção às crianças e aos adolescentes.

Sendo assim, a jus ça contará com especialistas nas causas complexas que envolvam
violência domés ca e familiar contra a mulher, bem como tais equipes poderão fornecer
orientação às ví mas, de modo a direcioná-las para os serviços de apoio a serem
disponibilizados pelo estado.

1.28. Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher e competência


cumula va das Varas Criminais Comuns de matérias cíveis e criminais
correlatas 5
8
O art. 33 da Lei previu a competência cumula va das Varas Criminais para processos
7-

que versem sobre causas cíveis e criminais, decorrentes de violência domés ca contra a mulher.
53

Isso se deve pelo fato de em muitos Estados não ocorrer a implementação imediata dos Juizados 89
3.

de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher, bem como as providências que devem ser
33

tomadas de imediato, principalmente relacionadas às decretações de medidas prote vas de


4.

urgência que possuam caráter cível.


12

Além disso, o ar go procurou dar efe vidade à Lei Maria da Penha, de modo a se evitar
que as medidas emergenciais nela previstas deixassem de ser tomadas pelo Juízo criminal, sob a
possível alegação de incompetência apara o ato.

1.29. Disposições finais da Lei nº 11.340/06

Os ar gos 34 a 40 preveem uma série de providências estruturais a serem tomadas


pelos entes federa vos, principalmente quanto ao atendimento emergencial de ví mas de
violência domés ca contra a mulher. Tem-se como exemplo: a criação de centros de
atendimento integral e mul disciplinar para mulheres e respec vos dependentes em situação
de violência domés ca e familiar; a criação de casas-abrigos para mulheres e respec vos
dependentes menores em situação de violência domés ca e familiar.
Ainda prevê a criação de delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde
e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de
violência domés ca e familiar; de programas e campanhas de enfrentamento da violência
domés ca e familiar; de centros de educação e de reabilitação para os agressores.
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O art. 41 re ra peremptoriamente a aplicação dos ins tutos da Lei nº 9.099/05 dos


casos envolvendo violência domés ca e familiar. Como se estudou acima, este disposi vo foi
alvo da ADI 4.424 e da ADC 19, as quais tramitaram no Supremo Tribunal Federal, sendo que a
Suprema Corte considerou a previsão cons tucional.

1.30. Modificações em disposi vos de legislações penais e processuais penais

O art. 42 da Lei inseriu o inciso IV ao art. 313 do CPP e passou a prever a possibilidade
decretação da prisão preven va do agressor, para garan r a execução das Medidas Prote vas
de Urgência. Tal disposi vo foi alterado posteriormente pela Lei nº 12.403/11, a qual recolocou
a previsão no inciso III do art. 313, bem como incluiu outras pessoas das por vulneráveis, como
susce veis de proteção para fins de decretação de prisão preven va do agressor, ficando o
inciso da Lei Processual redigido da seguinte forma:

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admi da a decretação da prisão
5
preven va: (...) III - se o crime envolver violência domés ca e familiar contra a
8
7-

mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para


53

garan r a execução das medidas prote vas de urgência; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). 90
3.
33

O art. 43 da Lei, incluiu no art. 61, II, “f” do Código Penal mais uma circunstância
4.

agravante, a ser levada em conta na segunda fase do método trifásico de aplicação de apena
12

(art. 68 do CP). Tem-se ainda a previsão do art. 44, que cria mais uma qualificadora para o
crime de lesão corporal prevista no art. 129 do CP, onde faz surgir o §9º⁷² no referido
disposi vo, aumentando a pena cominada ao crime, quando o delito for pra cado em
circunstância de violência domés ca e familiar.
No mesmo ar go, a Lei Maria da Penha faz inserir o §11, onde se tem uma causa
especial de aumento de pena para crime de lesão corporal grave, gravíssima e seguida de morte
(art. 129, §§1º, 2º e 3º do CP), quando o crime for pra cado em situação de violência domés ca
e familiar (art. 129, §9º do CP).
A Lei de Execução Penal também não passou despercebida pela Lei Maria da Penha,
sendo que esta, através do seu art. 45, inseriu naquela a previsão constante do art. 152,
Parágrafo Único, in verbis: “Art. 152 (...) Parágrafo único. Nos casos de violência domés ca
contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a
programas de recuperação e reeducação.”

⁷² “Art. 129 (...) § 9º Se a lesão for pra cada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés cas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 11.340, de 2006)”
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2. LEGISLAÇÃO APLICADA

- Cons tuição Federal de 1988:

“Art. 1º A República Federa va do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, cons tui-se em Estado Democrá co de Direito e tem como
fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana; (...)”
“Art. 3º Cons tuem obje vos fundamentais da República Federa va do Brasil: (...) IV - promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.”
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis nção de qualquer natureza, garan ndo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais
em direitos e obrigações, nos termos desta Cons tuição; (...)” 5
8
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 8º O Estado
7-

assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando


53

mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.”


91
3.

- Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) – disposi vos essenciais:


33
4.

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência domés ca e familiar contra a
12

mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Cons tuição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais
ra ficados pela República Federa va do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Domés ca e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às
mulheres em situação de violência domés ca e familiar.
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência,
preservar sua saúde sica e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efe vo dos direitos à vida,
à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à jus ça, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária. § 1º O poder público desenvolverá polí cas que visem garan r os direitos
humanos das mulheres no âmbito das relações domés cas e familiares no sen do de resguardá-
las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. §
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2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efe vo
exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se des na e,
especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência domés ca e
familiar.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência domés ca e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento sico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) I -
no âmbito da unidade domés ca, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da
família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer
relação ín ma de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste 5
8
ar go independem de orientação sexual.
7-

Art. 6º A violência domés ca e familiar contra a mulher cons tui uma das formas de violação
53

dos direitos humanos. (...) 92


3.

Art. 7º São formas de violência domés ca e familiar contra a mulher, entre outras: I - a
33

violência sica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde
4.

corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
12

emocional e diminuição da auto-es ma ou que lhe prejudique e perturbe o pleno


desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica
e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a
constranja a presenciar, a manter ou a par cipar de relação sexual não desejada, mediante
in midação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a u lizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contracep vo ou que
a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros tuição, mediante coação, chantagem,
suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
reprodu vos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os des nados a
sa sfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou injúria.
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(...)
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés ca e familiar será prestada de
forma ar culada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas
e polí cas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. § 1º O juiz
determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência domés ca e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. §
2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência domés ca e familiar, para preservar
sua integridade sica e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública,
integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 3º A assistência à mulher
em situação de violência domés ca e familiar compreenderá o acesso aos bene cios
decorrentes do desenvolvimento cien fico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da 5
8
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos
7-

casos de violência sexual.


53

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prá ca de violência domés ca e familiar contra a 93


3.

mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as


33

providências legais cabíveis. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste ar go ao


4.

descumprimento de medida prote va de urgência deferida.


12

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência domés ca e familiar o atendimento


policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do
sexo feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1º A inquirição
de mulher em situação de violência domés ca e familiar ou de testemunha de violência
domés ca, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) I - salvaguarda da integridade sica, psíquica e emocional
da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência domés ca
e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) II - garan a de que, em nenhuma hipótese, a
mulher em situação de violência domés ca e familiar, familiares e testemunhas terão contato
direto com inves gados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505,
de 2017) III - não revi mização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo
fato nos âmbitos criminal, cível e administra vo, bem como ques onamentos sobre a vida
privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 2º Na inquirição de mulher em situação de
violência domés ca e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á,
preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) I - a
inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os
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equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência domés ca e


familiar ou testemunha e ao po e à gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº
13.505, de 2017) II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional
especializado em violência domés ca e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou
magné co, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
2017) Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência domés ca e familiar, a
autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garan r proteção policial, quando
necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II -
encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Ins tuto Médico Legal; III - fornecer
transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver
risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a re rada de seus
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a
ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. 5
8
Art. 12. Em todos os casos de violência domés ca e familiar contra a mulher, feito o registro da
7-

ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem


53

prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar o bole m
94
3.

de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; II - colher todas as provas que


33

servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III - remeter, no prazo de 48


4.

(quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
12

concessão de medidas prote vas de urgência; IV - determinar que se proceda ao exame de


corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; V - ouvir o agressor
e as testemunhas; VI - ordenar a iden ficação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras
ocorrências policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz
e ao Ministério Público. § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial
e deverá conter: I - qualificação da ofendida e do agressor; II - nome e idade dos dependentes; III -
descrição sucinta do fato e das medidas prote vas solicitadas pela ofendida. § 2º A autoridade
policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o bole m de ocorrência e cópia de todos os
documentos disponíveis em posse da ofendida. § 3º Serão admi dos como meios de prova os
laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas polí cas e planos de
atendimento à mulher em situação de violência domés ca e familiar, darão prioridade, no
âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
(Deams), de Núcleos Inves ga vos de Feminicídio e de equipes especializadas para o
atendimento e a inves gação das violências graves contra a mulher. (...) § 3º A autoridade
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policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em situação de


violência domés ca e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da
prá ca de violência domés ca e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos
de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica rela va à criança, ao adolescente e
ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
Art. 14. Os Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher, órgãos da Jus ça
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal
e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes da prá ca de violência domés ca e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os
atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
organização judiciária.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o
5
Juizado: I - do seu domicílio ou de sua residência; II - do lugar do fato em que se baseou a
8
demanda; III - do domicílio do agressor.
7-
53

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta
Lei, só será admi da a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente 95
3.
33

designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
4.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência domés ca e familiar contra a mulher, de
12

penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a subs tuição de pena
que implique o pagamento isolado de multa.
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas: I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas prote vas de
urgência; II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária,
quando for o caso; III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
Art. 19. As medidas prote vas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida. § 1º As medidas prote vas de urgência poderão ser
concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do
Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. § 2º As medidas prote vas de
urgência serão aplicadas isolada ou cumula vamente, e poderão ser subs tuídas a qualquer tempo
por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
violados. § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder
novas medidas prote vas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à
proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão
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preven va do agressor, decretada pelo juiz, de o cio, a requerimento do Ministério Público ou


mediante representação da autoridade policial. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a
prisão preven va se, no curso do processo, verificar a falta de mo vo para que subsista, bem
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus fiquem.
Art. 21. A ofendida deverá ser no ficada dos atos processuais rela vos ao agressor,
especialmente dos per nentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da in mação do
advogado cons tuído ou do defensor público. Parágrafo único. A ofendida não poderá
entregar in mação ou no ficação ao agressor.
Das Medidas Prote vas de Urgência que Obrigam o Agressor Art. 22. Constatada a prá ca de
violência domés ca e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas prote vas de
urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação
o
ao órgão competente, nos termos da Lei n 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II - afastamento
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas
8 5
condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,
7-

fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus
53

familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados 96


3.

lugares a fim de preservar a integridade sica e psicológica da ofendida; IV - restrição ou


33

suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento


4.

mul disciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. § 1o As


12

medidas referidas neste ar go não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em


vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a
o
providência ser comunicada ao Ministério Público. § 2 Na hipótese de aplicação do inciso I,
o o
encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6 da Lei n
10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respec vo órgão, corporação ou
ins tuição as medidas prote vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência,
conforme o caso. § 3o Para garan r a efe vidade das medidas prote vas de urgência, poderá
o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. § 4o Aplica-se às hipóteses
o
previstas neste ar go, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5 e 6º do art. 461 da Lei no
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
Das Medidas Prote vas de Urgência à Ofendida Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem
prejuízo de outras medidas: I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou
comunitário de proteção ou de atendimento; II - determinar a recondução da ofendida e a de
seus dependentes ao respec vo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o
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afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos rela vos a bens, guarda dos filhos e
alimentos; IV - determinar a separação de corpos. Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens
da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade par cular da mulher, o juiz poderá
determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I - res tuição de bens
indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II - proibição temporária para a celebração
de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa
autorização judicial; III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; IV -
prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prá ca de violência domés ca e familiar contra a ofendida. Parágrafo único.
Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste ar go.
(...)
Do Crime de Descumprimento de Medidas Prote vas de Urgência. Descumprimento de Medidas
Prote vas de Urgência. Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas prote vas de
urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2
5
o
8
(dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 1 A configuração do crime independe da
7-

o
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) § 2
53

Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído
pela Lei nº 13.641, de 2018) § 3o O disposto neste ar go não exclui a aplicação de outras sanções 97
3.

cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) (...)


33

(...)
4.
12

DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR Art. 29. Os Juizados de Violência Domés ca e


Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de
atendimento mul disciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas
psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento mul disciplinar, entre outras atribuições que lhe
forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério
Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver
trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a
ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
(...)
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
Domés ca e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prá ca de violência domés ca e
familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela
legislação processual per nente. Parágrafo único. Será garan do o direito de preferência, nas
varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.
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(...)
DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão
criar e promover, no limite das respec vas competências: I - centros de atendimento integral e
mul disciplinar para mulheres e respec vos dependentes em situação de violência domés ca
e familiar; II - casas-abrigos para mulheres e respec vos dependentes menores em situação de
violência domés ca e familiar; III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde
e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de
violência domés ca e familiar; IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência
domés ca e familiar; V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
(...)
Art. 38. As esta s cas sobre a violência domés ca e familiar contra a mulher serão incluídas
nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Jus ça e Segurança a fim de subsidiar o
sistema nacional de dados e informações rela vo às mulheres. Parágrafo único. As Secretarias
de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações
8 5
criminais para a base de dados do Ministério da Jus ça.
7-
53

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e
nos termos das respec vas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações 98
3.
33

orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas


estabelecidas nesta Lei.
4.
12

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por
ela adotados.
Art. 41. Aos crimes pra cados com violência domés ca e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
(...)

- Decreto-Lei nº 2.848/40 (Código Penal):

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não cons tuem ou
qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - ter o agente come do
o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) f) com abuso de autoridade ou
prevalecendo-se de relações domés cas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (...) § 9o Se a lesão for pra cada
contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés cas, de coabitação
ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três)
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meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos
o
§§ 1º a 3º deste ar go, se as circunstâncias são as indicadas no § 9 deste ar go, aumenta-se a
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 11. Na hipótese do § 9o deste
ar go, a pena será aumentada de um terço se o crime for come do contra pessoa portadora de
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

- Decreto-Lei nº 3.689/41 (Código de Processo Penal):

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admi da a decretação da prisão preven va:
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (...) III - se o crime envolver violência domés ca e
familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência,
para garan r a execução das medidas prote vas de urgência; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).

- Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal): 8 5


Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e
7-

palestras, ou atribuídas a vidades educa vas. Parágrafo único. Nos casos de violência
53

domés ca contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do


99
3.

agressor a programas de recuperação e reeducação. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)


33
4.
12

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3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

Julgados importantes

Crime de lesão corporal em situação de violência domés ca e familiar contra a mulher é de


ação pública incondicionada. STF, ADI 4422/DF – 2012. STJ, Pet. 11.805/DF - 2017. (ver tópico
1.3):

AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A


ação penal rela va a lesão corporal resultante de violência domés ca contra a mulher é
pública incondicionada – considerações. (ADI 4424, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2014
PUBLIC 01-08-2014)

PETIÇÃO. QUESTÃO DE ORDEM. RECURSOS REPETITIVOS. TEMA N. 177. CRIME DE LESÕES


CORPORAIS COMETIDOS CONTRA A MULHER NO ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. NATUREZA
8 5
DA AÇÃO PENAL. REVISÃO DO ENTENDIMENTO DAS TERCEIRA SEÇÃO DO STJ. ADEQUAÇÃO AO
7-

JULGAMENTO DA ADI N. 4.424/DF PELO STF E À SÚMULA N. 542 DO STJ. AÇÃO PÚBLICA
53

INCONDICIONADA. 1. Considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da 100


3.

confiança e da isonomia, deve ser revisto o entendimento firmado pelo julgamento, sob o rito
33

dos repe vos, do REsp n. 1.097.042/DF, cuja quaes o iuris, acerca da natureza da ação penal
4.

nos crimes de lesão corporal come dos contra a mulher no âmbito domés co e familiar, foi
12

apreciada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em sen do oposto, já incorporado à


jurisprudência mais recente deste STJ. 2. Assim, a tese fixada passa a ser a seguinte: a ação penal
nos crimes de lesão corporal leve come dos em detrimento da mulher, no âmbito domés co e
familiar, é pública incondicionada. 3. Questão de ordem acolhida a fim de proceder à revisão do
entendimento consolidado por ocasião do julgamento do REsp n. 1.097.042/DF - Tema 177. (Pet
11.805/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/05/2017,
DJe 17/05/2017)

Cons tucionalidade de da Lei Maria da Penha. Não se aplica a Lei nº 9.099/95 aos crimes
pra cados em situação de violência domés ca e familiar. STF, ADC 19/DF – 2012. (ver tópico
1.3):

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO –


TRATAMENTO DIFERENCIADO. O ar go 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do
tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a Cons tuição
Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades sica e moral da mulher e a cultura
brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O ar go 33 da Lei nº 11.340/06, no que


revela a conveniência de criação dos juizados de violência domés ca e familiar contra a mulher,
não implica usurpação da competência norma va dos estados quanto à própria organização
judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº
9.099/95 – AFASTAMENTO. O ar go 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência
domés ca contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no §
8º do ar go 226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar
mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações familiares. (ADC 19, Relator(a):
Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
080 DIVULG 28-04-2014 PUBLIC 29-04-2014)

Impossibilidade de conversão da pena priva va de liberdade em restri va de direitos para


infrações penais pra cadas com violência ou grave ameaça à pessoa, em situação de violência
domés ca e familiar. STF, 2ª Turma, HC 129.446/MS – 2015. STJ, 3ª Seção, Súmula nº 588. (ver
item 1.4):
8 5
7-

Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL PRATICADO EM AMBIENTE DOMÉSTICO


53

(ART. 129, § 9º, DO CP). SUBSTITUIÇÃO DA REPRIMENDA CORPORAL. IMPOSSIBILIDADE.


101
3.

INVIABILIDADE DE MITIGAÇÃO DO ART. 44 DO CP. 1. A execução do crime mediante o emprego


33

de violência é circunstância impedi va da subs tuição da pena priva va de liberdade por


restri va de direito, nos termos do art. 44 , I, do CP. 2. Interpretação que pretenda equipar os
4.
12

crimes pra cados com violência domés ca contra a mulher aos delitos subme dos ao
regramento previsto na Lei dos Juizados Especiais, a fim de permi r a conversão da pena, não
encontra amparo no art. 41 da Lei 11.340/2006. 3. Ordem denegada. (HC 129446, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 20/10/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
221 DIVULG 05-11-2015 PUBLIC 06-11-2015)

SÚMULA Nº 588 DO STJ: A prá ca de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente domés co impossibilita a subs tuição da pena priva va
de liberdade por restri va de direitos.

ATENÇÃO! Como descrito no item 1.4, em relação à contravenção penal de vias de fato (art. 21
da Lei de Contravenções Penais), apesar da Súmula 588 do STJ, o tema ainda não está
defini vamente uniformizado no STF, tendo em vista que enquanto a 1ª Turma da Suprema
Corte não admite a conversão da pena para essa infração penal (STF, 1ª Turma, HC 137.888/MS –
2017), a 2ª Turma a admite (STF, 2ª Turma, HC 13.1160/MS - 2016).

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Não se admite transação penal e nem suspensão condicional do processo para delitos
pra cados em situação de violência domés ca e familiar. STJ, 6ª Turma, HC 280.788/RS - 2014.
STJ, 3ª Seção, Súmula nº 536. (ver tópico 1.5):

HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. LEI MARIA DA PENHA.


CONTRAVENÇÃO PENAL. TRANSAÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. MANIFESTO
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. O Superior Tribunal de Jus ça, alinhando-se à
nova jurisprudência da Corte Suprema, também passou a restringir as hipóteses de cabimento do
habeas corpus, não admi ndo que o remédio cons tucional seja u lizado em subs tuição ao
recurso ou ação cabível, ressalvadas as situações em que, à vista da flagrante ilegalidade do ato
apontado como coator, em prejuízo da liberdade do(a) paciente, seja cogente a concessão, de
o cio, da ordem de habeas corpus. 2. Uma interpretação literal do disposto no ar go 41 da Lei n.
11.340/2006 viabilizaria, em apressado olhar, a conclusão de que os ins tutos despenalizadores
da Lei n. 9.099/1995, entre eles a transação penal, seriam aplicáveis às contravenções penais
pra cadas com violência domés ca e familiar contra a mulher. 3. À luz da finalidade úl ma da5
8
norma e do enfoque da ordem jurídico-cons tucional, tem-se que, considerados os fins sociais a
7-

que a lei se des na, o ar go 41 da Lei n. 11.340/2006 afasta a incidência da Lei n. 9.099/1995, de
53

forma categórica, tanto aos crimes quanto às contravenções penais pra cados contra mulheres no
102
3.

âmbito domés co e familiar. Vale dizer, a mens legis do disposto no referido preceito não poderia
33

ser outra, senão a de alcançar também as contravenções penais. 4. Uma vez que o paciente está
4.

sendo acusado da prá ca, em tese, de vias de fato e de perturbação da tranquilidade de sua ex-
12

companheira, com quem manteve vínculo afe vo por cerca de oito anos, não há nenhuma
ilegalidade manifesta no ponto em que se entendeu que não seria aplicável o bene cio da
transação penal em seu favor. 5. Habeas corpus não conhecido. (HC 280.788/RS, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/04/2014, DJe 22/04/2014)

SÚMULA Nº 536 do STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se


aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

É inaplicável o princípio da insignificância às infrações penais pra cadas em situação de


violência domés ca e familiar contra a mulher. STF, 2ª Turma, RHC 133.043/MT – 2016. STJ, 3ª
Seção, Súmula nº 589. (ver tópico 1.6):

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.


PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
DENEGADA. 1. Para incidência do princípio da insignificância devem ser relevados o valor do objeto
do crime e os aspectos obje vos do fato, a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência
de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica causada. 2. Na espécie vertente, não se pode aplicar ao
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Recorrente o princípio pela prá ca de crime com violência contra a mulher. 3. O princípio da
insignificância não foi estruturado para resguardar e legi mar condutas desvirtuadas, mas para
impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-
se jus ça no caso concreto. 4. Comportamentos contrários à lei penal, notadamente quando
exercidos com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social,
reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a caracterís ca da bagatela e
devem submeter-se ao direito penal. 5. Recurso ao qual se nega provimento. (RHC 133043,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 10/05/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 20-05-2016 PUBLIC 23-05-2016)

SÚMULA Nº 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais pra cados contra a mulher no âmbito das relações domés cas.

Não pra ca o crime de desobediência do art. 330 do Código Penal o agente que descumpre
medida prote va de urgência anteriormente imposta. STJ, 5ª Turma, REsp 1.374.653/MG – 5
2014. STJ, 6ª Turma, RHC 41.970/MG – 2014. RHC 40.567/DF, julgado pela 5ª Turma em 2013.
8
7-

(ver item 1.7):


53

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. DESCUMPRIMENTO 103


3.

DE MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA PREVISTA NA LEI MARIA DA PENHA. COMINAÇÃO DE PENA


33

PECUNIÁRIA OU POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. INEXISTÊNCIA DE


4.

CRIME. 1. A previsão em lei de penalidade administra va ou civil para a hipótese de desobediência


12

a ordem legal afasta o crime previsto no art. 330 do Código Penal, salvo a ressalva expressa de
cumulação (doutrina e jurisprudência). 2. Tendo sido cominada, com fulcro no art. 22, § 4º, da Lei
n. 11.340/2006, sanção pecuniária para o caso de inexecução de medida prote va de urgência, o
descumprimento não enseja a prá ca do crime de desobediência. 3. Há exclusão do crime do art.
330 do Código Penal também em caso de previsão em lei de sanção de natureza processual penal
(doutrina e jurisprudência). Dessa forma, se o caso admi r a decretação da prisão preven va com
base no art. 313, III, do Código de Processo Penal, não há falar na prá ca do referido crime. 4.
Recurso especial provido. (REsp 1374653/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 02/04/2014)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. DESCUMPRIMENTO DE


MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA PREVISTA NA LEI MARIA DA PENHA. AFASTAMENTO DA
CONFIGURAÇÃO DO DELITO. EXISTÊNCIA DE SANÇÕES ESPECÍFICAS DE NATUREZA PENAL,
ADMINISTRATIVA OU CIVIL. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte
firmou entendimento de que para a configuração do "crime de desobediência, não basta
apenas o não cumprimento de uma ordem judicial, sendo indispensável que inexista a previsão
de sanção específica em caso de seu descumprimento" (HC n.º 115504/SP, Rel. Min. Jane Silva
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(Desembargadora Convocada), 6.ª Turma, Dje 09/02/2009). 2. Resta evidenciada a a picidade


da conduta, porque a legislação previu alterna vas para que ocorra o efe vo cumprimento das
medidas prote vas de urgência, previstas na Lei Maria da Penha, prevendo sanções de natureza
civil, processual civil, administra va e processual penal. 3. Recurso provido para, reconhecida a
a picidade da conduta, trancar a ação penal. (RHC 41.970/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 22/08/2014)

ATENÇÃO! Como explicado no item 1.7, apesar do entendimento jurisprudencial acima, a Lei nº
13.641/2018 inseriu na Lei Maria da Penha o art. 24-A, o qual prevê o novo crime de descumprimento
de medida prote va. Para mais detalhes, remetemos o leitor para o referido item.

É possível a impetração de Habeas Corpus para se ques onar a legalidade de Medida Prote va
de Urgência imposta ao agressor. STJ, 5ª Turma, HC 298.499/AL – 2015. (ver item 1.8):

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA


MULHER. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS APLICADAS. ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE.
8 5
MATÉRIA NÃO ANALISADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. WRIT NÃO
7-

CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. (...) 3. O eventual descumprimento de medidas


53

prote vas arroladas na Lei Maria da Penha pode gerar sanções de natureza civil (art. 22, § 4º, da 104
3.

Lei nº 11.340/2006 c/c art. 461, §§ 5º e 6º, do Código de Processo Civil, bem como a decretação
33

de prisão preven va (art. 313, III, do Código de Processo Penal). Ademais, a lei adje va penal
4.

prevê: "Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de
12

sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar".
4. Se o paciente não pode aproximar-se a menos de 500m da ví ma ou de seus familiares, se não
pode aproximar-se da residência da ví ma, tampouco pode frequentar o local de trabalho dela,
decerto que se encontra limitada a sua liberdade de ir e vir. Posto isso, afigura-se cabível a
impetração do habeas corpus, de modo que a indagação do paciente merecia uma resposta mais
efe va e asser va. 5. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida de o cio para
determinar que o Tribunal de Jus ça do Estado de Alagoas examine a existência de eventual
constrangimento ilegal sofrido pelo paciente, em decorrência das medidas prote vas
determinadas pelo Juízo de Maceió. (HC 298.499/AL, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 09/12/2015)

Há possibilidade de decretação de Medidas Prote vas de Urgência no bojo de ações cíveis,


sendo desnecessária a existência de inquérito policial ou processo penal. STJ, 4ª Turma, REsp
1.419.421/GO-2014. (ver item 1.9):

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. MEDIDAS PROTETIVAS


DA LEI N. 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA). INCIDÊNCIA NO ÂMBITO CÍVEL. NATUREZA
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JURÍDICA. DESNECESSIDADE DE INQUÉRITO POLICIAL, PROCESSO PENAL OU CIVIL EM CURSO. 1.


As medidas prote vas previstas na Lei n. 11.340/2006, observados os requisitos específicos para a
concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de forma autônoma para fins de cessação ou de
acautelamento de violência domés ca contra a mulher, independentemente da existência,
presente ou potencial, de processo-crime ou ação principal contra o suposto agressor. 2. Nessa
hipótese, as medidas de urgência pleiteadas terão natureza de cautelar cível sa sfa va, não se
exigindo instrumentalidade a outro processo cível ou criminal, haja vista que não se busca
necessariamente garan r a eficácia prá ca da tutela principal. "O fim das medidas prote vas é
proteger direitos fundamentais, evitando a con nuidade da violência e das situações que a
favorecem. Não são, necessariamente, preparatórias de qualquer ação judicial. Não visam
processos, mas pessoas" (DIAS. Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na jus ça. 3 ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2012). 3. Recurso especial não provido. (REsp 1419421/GO, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 07/04/2014)

É possível que processos de crimes dolosos contra a vida pra cados em situação de violência5
8
domés ca e familiar contra a mulher sejam julgados, em sua primeira fase, no Juizado de
7-

Violência Domés ca e Familiar, devendo a segunda fase se realizar perante o conselho de


53

sentença. STF, HC 102150/SC – 2014. (ver item 1.10): 105


3.
33

Ementa: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. PACIENTE DENUNCIADO POR


SUPOSTO HOMICÍDIO PRATICADO CONTRA SUA ESPOSA. PROCESSO QUE TEVE INÍCIO EM JUIZADO
4.

DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. PREVISÃO DO ART. 14 DA LEI


12

11.340/2006. INSTRUÇÃO ENCERRADA NOS TERMOS DO ART. 412 DO CPP [ATUAL ART. 421 DO
CPP]. REDISTRIBUIÇÃO À VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI. INSTALAÇÃO DE VARAS ESPECIALIZADAS
POR MEIO DE RESOLUÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CONSTITUCIONALIDADE. AUTORIZAÇÃO DO
ART. 96, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DEMAIS QUESTÕES NÃO SUSCITADAS NO STJ.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDA E DENEGADA. 1. A
distribuição da ação penal ao Juízo da 3ª Vara Criminal e Juizados de Violência Domés ca e Familiar
contra a Mulher ocorreu nos termos da legislação vigente à época em que o ato foi pra cado. Quando
da homologação da prisão em flagrante, encontrava-se em vigor a Lei Maria da Penha (Lei
11.340/2006), que, no ponto, foi regulamentada pela Resolução 18/2006-TJ/SC, não havendo razão
para que a ação penal fosse atribuída à 1ª Vara Criminal da Capital, tal como antes previsto no art. 107
da Lei Estadual 5.624/1979 (Código de Divisão e Organização Judiciárias do Estado de Santa Catarina).
Com o julgamento do recurso em sen do estrito, mantendo a sentença de pronúncia, o processo
baixou à origem e foi redistribuído à Vara do Tribunal do Júri da Capital, então recém-implantada pela
Resolução 46/2008 -TJ/SC. 2. Tanto a anexação dos Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra
a Mulher à 3ª Vara Criminal da Capital quanto a instalação da Vara do Tribunal do Júri da Capital,
ambas por meio de Resoluções do TJ/SC, se deram em conformidade com a Cons tuição Federal,
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que, em seu art. 96, I, “a”, autoriza aos Tribunais alterar a competência dos seus respec vos órgãos
jurisdicionais e administra vos, desde que observadas as normas de processo e as garan as
processuais das partes, como ocorreu no caso. Precedentes. 3. Questões que sequer foram objeto de
impugnação no STJ, aqui atacado, não podem ser conhecidas em caráter originário pelo STF,
mediante habeas corpus, sob pena de indevida supressão de instância e contrariedade à repar ção
cons tucional de competências (v.g., entre outros, RHC 112236, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI,
Segunda Turma, DJe de 21-10-2013; HC 108192 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, DJe de 12-06-2013). 4. Habeas corpus conhecido em parte e denegado. (HC 102150,
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-112 DIVULG 10-06-2014 PUBLIC 11-06-2014)

Apesar da redação constante no art. 41 da Lei Maria da Penha, onde cita apenas a palavra
“crimes”, a jurisprudência entende que também abrange as contravenções penais. Sendo
assim, não aplica os disposi vos da Lei nº 9.099/95 às contravenções penais pra cadas em
situação de violência domés ca e familiar contra a mulher. STJ, 3ª Seção, CC 102.571/MG – 5
8
2009. (ver tópico 1.11):
7-
53

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. CONTRAVENÇÃO PENAL


(VIAS DE FATO). ARTS. 33 E 41 DA LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARA CRIMINAL. 1. 106
3.

Apesar do art. 41 da Lei 11.340/2006 dispor que "aos crimes pra cados com violência domés ca e
33

familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
4.

setembro de 1995", a expressão "aos crimes" deve ser interpretada de forma a não afastar a intenção
12

do legislador de punir, de forma mais dura, a conduta de quem comete violência domés ca contra a
mulher, afastando de forma expressa a aplicação da Lei dos Juizados Especiais. 2. Configurada a
conduta pra cada como violência domés ca contra a mulher, independentemente de sua classificação
como crime ou contravenção, deve ser fixada a competência da Vara Criminal para apreciar e julgar o
feito, enquanto não forem estruturados os Juizados de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher,
consoante o disposto nos arts. 33 e 41 da Lei Maria da Penha. 3. Conflito conhecido para declarar-se
competente o Juízo de Direito da Vara Criminal de Vespasiano-MG, o suscitado. (CC 102.571/MG, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009, DJe 03/08/2009).

Lei Maria da Penha e infração penal de irmão contra irmã. Possibilidade. STJ 5ª Turma, REsp.
1.239.850/DF – 2012. (ver tópico 1.12):

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE AMEAÇA PRATICADO CONTRA IRMÃ DO RÉU.
INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. ART. 5.º, INCISO II, DA LEI N.º 11.340/06. COMPETÊNCIA DO
JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DE BRASÍLIA/DF. RECURSO
PROVIDO. 1. A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, tem o intuito de proteger a
mulher da violência domés ca e familiar que lhe cause morte, lesão, sofrimento sico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial, sendo que o crime deve ser come do no âmbito da unidade
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domés ca, da família ou em qualquer relação ín ma de afeto. 2. Na espécie, apurou-se que o Réu foi à
casa da ví ma para ameaçá-la, ocasião em que provocou danos em seu carro ao a rar pedras. Após,
foi constatado o envio ro neiro de mensagens pelo telefone celular com o claro intuito de in midá-la
e forçá-la a abrir mão "do controle financeiro da pensão recebida pela mãe" de ambos. 3. Nesse
contexto, inarredável concluir pela incidência da Lei n.º 11.343/06, tendo em vista o sofrimento
psicológico em tese sofrido por mulher em âmbito familiar, nos termos expressos do art. 5.º, inciso II,
da mencionada legislação. 4. "Para a configuração de violência domés ca, basta que estejam
presentes as hipóteses previstas no ar go 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha), dentre as quais
não se encontra a necessidade de coabitação entre autor e ví ma." (HC 115.857/MG, 6.ª Turma, Rel.
Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), DJe de 02/02/2009.) 5. Recurso
provido para determinar que Juiz de Direito da 3.ª Vara do Juizado de Violência Domés ca e Familiar
contra a Mulher de Brasília/DF prossiga no julgamento da causa. (REsp 1239850/DF, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 05/03/2012)

Lei Maria da Penha e infração penal de cunhado contra cunhada. Possibilidade. STJ 5ª Turma,5
8
HC 172.634/DF – 2012. (ver tópico 1.12):
7-
53

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ART. 129, § 9.º, DO CÓDIGO PENAL. CRIME PRATICADO
CONTRA CUNHADA DO RÉU. INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. ART. 5.º, INCISO II, DA LEI N.º 107
3.

11.340/06. ORDEM DENEGADA. 1. A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, tem
33

o intuito de proteger a mulher da violência domés ca e familiar que lhe cause morte, lesão,
4.

sofrimento sico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, sendo que o crime deve
12

ser come do no âmbito da unidade domés ca, da família ou em qualquer relação ín ma de


afeto. 2. Na espécie, apurou-se que a Ví ma, irmã da companheira do Acusado, vivendo há mais
de um ano com o casal sob o mesmo teto, foi agredida por ele. 3. Nesse contexto, inarredável
concluir pela incidência da Lei n.º 11.343/06, tendo em vista a ocorrência de ação baseada no
gênero causadora de sofrimento sico no âmbito da família, nos termos expressos do art. 5.º,
inciso II, da mencionada legislação. 4. "Para a configuração de violência domés ca, basta que
estejam presentes as hipóteses previstas no ar go 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha)
[...]" (HC 115.857/MG, 6.ª Turma, Rel. Min. JANE SILVA (Desembargadora Convocada do TJ/MG),
DJe de 02/02/2009). 5. Ordem denegada. (HC 172.634/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 06/03/2012, DJe 19/03/2012)

Lei Maria da Penha e crime de ameaça de nora contra a sogra, desde que estejam presentes os
requisitos de relação ín ma de afeto, mo vação de gênero e situação de vulnerabilidade da
ví ma. Possibilidade. STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS – 2013. (ver tópico 1.12):

HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO


JURÍDICO. 1. NÃO CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL.
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RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL QUE VISA PRIVILEGIAR A


AMPLA DEFESA E O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 2. AMEAÇA. SOGRA E NORA. 3. COMPETÊNCIA.
INAPLICABILIDADE. LEI MARIA DA PENHA. ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO. RELAÇÃO DE INTIMIDADE AFETIVA. 4. COMPETÊNCIA DO JUIZADO
ESPECIAL CRIMINAL 5. ORDEM NÃO CONHECIDA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Jus ça, buscando a racionalidade do ordenamento
jurídico e a funcionalidade do sistema recursal, vinha se firmando, mais recentemente, no
sen do de ser imperiosa a restrição do cabimento do remédio cons tucional às hipóteses
previstas na Cons tuição Federal e no Código de Processo Penal. Nessa linha de evolução
hermenêu ca, o Supremo Tribunal Federal passou a não mais admi r habeas corpus que tenha
por obje vo subs tuir o recurso ordinariamente cabível para a espécie. Precedentes. Contudo,
devem ser analisadas as questões suscitadas na inicial no intuito de verificar a existência de
constrangimento ilegal evidente a ser sanado mediante a concessão de habeas corpus de o cio,
5
evitando-se prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal. 2. A incidência da Lei n.º
8
7-

11.340/2006 reclama situação de violência pra cada contra a mulher, em contexto


53

caracterizado por relação de poder e submissão, pra cada por homem ou mulher sobre mulher
108
3.

em situação de vulnerabilidade. Precedentes. 3. No caso não se revela a presença dos requisitos


33

cumula vos para a incidência da Lei n.º 11.340/06, a relação ín ma de afeto, a mo vação de
gênero e a situação de vulnerabilidade. Concessão da ordem. 4. Ordem não conhecida. Habeas
4.

corpus concedido de oficio, para declarar competente para processar e julgar o feito o Juizado
12

Especial Criminal da Comarca de Santa Maria/RS. (HC 175.816/RS, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 28/06/2013)

Lei Maria da Penha se aplica à infração penal pra cada contra a mulher me situação de
violência domés ca e familiar, mesmo que autor e ví ma já estejam separados, ainda que não
tenha havido coabitação entre eles. STJ, 6ª Turma, HC 115.857/MG – 2008. (ver item 1.12):

PENAL – PROCESSUAL PENAL – LEI MARIA DA PENHA – HABEAS CORPUS – LESÕES CORPORAIS –
ADITAMENTO DA DENÚNCIA PARA HOMICÍDIO SIMPLES TENTADO – PRISÃO PREVENTIVA –
MEDIDA CAUTELAR REVOGADA PELO MAGISTRADO DE 1º GRAU – PEDIDO PREJUDICADO –
NULIDADE DO ADITAMENTO – ATO QUE DECORREU DE NOVAS DECLARAÇÕES PRESTADAS PELA
VÍTIMA – EXISTÊNCIA DE PRETÉRITAS AMEAÇAS DE MORTE ADVINDAS DO ACUSADO – INDÍCIOS
DE ATUAÇÃO MEDIANTE ANIMUS NECANDI – SUFICIÊNCIA PARA O RECEBIMENTO DO
ADITAMENTO – PROVA CABAL EXIGÍVEL APENAS PARA EVENTUAL CONDENAÇÃO – FALTA DE
ABERTURA DE VISTA À DEFESA PARA SE MANIFESTAR SOBRE O ADITAMENTO –
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO (PRIMEIRO ATO DA INSTRUÇÃO ANTES DAS REFORMAS) QUE

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JÁ SE DEU NO MOMENTO EM QUE O ADITAMENTO JÁ HAVIA SIDO APRESENTADO – CONFUSÃO


COM A MUTATIO LIBELLI QUE DEVE SER AFASTADA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – AUSÊNCIA DE
COABITAÇÃO – IRRELEVÂNCIA – VIOLÊNCIA QUE DECORREU, EM TESE, DO RELACIONAMENTO
AMOROSO ENTÃO EXISTENTE ENTRE AUTOR E VÍTIMA – PEDIDO PARCIALMENTE PREJUDICADO
– ORDEM DENEGADA. 1. Evidenciando-se que o Magistrado de 1ª Instância já revogou a prisão
preven va do paciente, mostram-se prejudicados todos os reclamos da defesa quanto a essa
medida cautelar. Inteligência do ar go 659 do Código de Processo Penal. 2. Sobrevinda a no cia
de que o acusado, então denunciado por lesões corporais, vinha ameaçando a ofendida de
morte antes dos fatos, mostra-se viável o aditamento da denúncia a fim de alterar a capitulação
de sua conduta para aquela prevista no ar go 121 do Código Penal. 3. A existência de indícios
mínimos sobre a suposta atuação mediante animus necandi do acusado é suficiente para
autorizar o recebimento do aditamento, sendo que sua prova cabal somente se mostra
necessária para eventual condenação. 4. A hipótese prevista no ar go 384 do Código de
Processo Penal (em sua redação original, vigente na época do aditamento da denúncia) é de 5
muta o libelli, isto é, se aplica apenas caso a possibilidade de nova definição jurídica do fato
8
7-

decorra de evidências colhidas durante a instrução. 5. In casu, o aditamento ocorreu antes que
53

qualquer ato instrutório fosse realizado, mo vo pelo qual mostrava-se despicienda a abertura
de vista à defesa para se pronunciar a seu respeito, mas tão-somente sua in mação. 6. Para a 109
3.

configuração de violência domés ca, basta que estejam presentes as hipóteses previstas no
33

ar go 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha), dentre as quais não se encontra a


4.

necessidade de coabitação entre autor e ví ma. 7. Pedido parcialmente prejudicado. Ordem


12

denegada. (HC 115.857/MG, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO


TJ/MG), SEXTA TURMA, julgado em 16/12/2008, DJe 02/02/2009)

É aplicável a Lei Maria da Penha às infrações penais pra cadas por ex-namorado contra ex-
namorada, desde que a relação tenha sido duradoura, mesmo que não tenha havido coabitação
entre autor e ví ma. STJ 3ª Seção, CC 100.654/MG – 2009. STJ, 3ª Seção, CC 91.979/MG - 2009.
STJ 3ª Seção, CC 103.813/MG – 2009. STJ 3ª Seção, CC 96.532/MG – 2008. (ver item 1.12):

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM


DESFAVOR DE EX-NAMORADA. CONDUTA CRIMINOSA VINCULADA A RELAÇÃO ÍNTIMA DE
AFETO. CARACTERIZAÇÃO DE ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. LEI N.º 11.340/2006.
APLICAÇÃO. 1. A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, em seu art. 5.º, inc. III,
caracteriza como violência domés ca aquela em que o agressor conviva ou tenha convivido com
a ofendida, independentemente de coabitação. Contudo, necessário se faz salientar que a
aplicabilidade da mencionada legislação a relações ín mas de afeto como o namoro deve ser
analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar o termo - relação ín ma de afeto - para
abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou esporádico. 2. In casu, verifica-se nexo de
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.

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causalidade entre a conduta criminosa e a relação de in midade existente entre agressor e


ví ma, que estaria sendo ameaçada de morte após romper namoro de quase dois anos,
situação apta a atrair a incidência da Lei n.º 11.340/2006. 3. Conflito conhecido para declarar a
competência do Juízo de Direito da 1.ª Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete/MG. (CC
100.654/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/03/2009, DJe
13/05/2009)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E VARA CRIMINAL.


NAMORADOS. RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO. INEXIGÊNCIA DE COABITAÇÃO. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE CONVIVÊNCIA. ELEMENTOS PROBATÓRIOS INSUFICIENTES. NÃO
ABRANGÊNCIA PELA LEI Nº 11.340/2006 – LEI MARIA DA PENHA. COMPETÊNCIA DO JUIZADO
ESPECIAL CRIMINAL. 1. Agressões recíprocas entre namorados. Inexistência de elementos nos
autos necessários à comprovação da existência de convivência necessária à caracterização de
relação ín ma de afeto abrangida pela Lei nº 11.340/2006. 2. Conflito conhecido para declarar
competente Juízo de Direito do Juizado Especial Criminal da Comarca de Conselheiro
8 5
Lafaiete/MG, o suscitado. (CC 91.979/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
7-

TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 16/02/2009, DJe 11/03/2009)


53

110
3.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. LEI MARIA DA PENHA. EX-NAMORADOS. VIOLÊNCIA


33

COMETIDA EM RAZÃO DO INCONFORMISMO DO AGRESSOR COM O FIM DO


RELACIONAMENTO. CONFIGURAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER.
4.

APLICAÇÃO DA LEI 11.340/2006. COMPETÊNCIA DO SUSCITADO. 1. Configura violência contra a


12

mulher, ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006, a agressão come da por ex-namorado


que não se conformou com o fim de relação de namoro, restando demonstrado nos autos o
nexo causal entre a conduta agressiva do agente e a relação de in midade que exis a com a
ví ma. 2. In casu, a hipótese se amolda perfeitamente ao previsto no art. 5º, inciso III, da Lei nº
11.343/2006, já que caracterizada a relação ín ma de afeto, em que o agressor conviveu com a
ofendida por vinte e quatro anos, ainda que apenas como namorados, pois aludido disposi vo
legal não exige a coabitação para a configuração da violência domés ca contra a mulher. 3.
Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de
Conselheiro Lafaiete -MG, o suscitado. (CC 103.813/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009)

ONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. LEI MARIA DA PENHA. RELAÇÃO DE NAMORO. DECISÃO


DA 3ª SEÇÃO DO STJ. AFETO E CONVIVÊNCIA INDEPENDENTE DE COABITAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO
DE ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. LEI Nº 11.340/2006. APLICAÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL. 1. Caracteriza violência domés ca, para os efeitos da Lei
11.340/2006, quaisquer agressões sicas, sexuais ou psicológicas causadas por homem em uma
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mulher com quem tenha convivido em qualquer relação ín ma de afeto, independente de


coabitação. 2. O namoro é uma relação ín ma de afeto que independe de coabitação; portanto, a
agressão do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas que
ocorra em decorrência dele, caracteriza violência domés ca. 3. A Terceira Seção do Superior
Tribunal de Jus ça, ao decidir os conflitos nºs. 91980 e 94447, não se posicionou no sen do de que
o namoro não foi alcançado pela Lei Maria da Penha, ela decidiu, por maioria, que naqueles casos
concretos, a agressão não decorria do namoro. 4. A Lei Maria da Penha é um exemplo de
implementação para a tutela do gênero feminino, devendo ser aplicada aos casos em que se
encontram as mulheres ví mas da violência domés ca e familiar. 5. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete -MG. (CC
96.532/MG, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 05/12/2008, DJe 19/12/2008)

Desnecessidade de comprovação dos requisitos da hipossuficiência e vulnerabilidade da mulher


em situação de violência domés ca e familiar, sendo agressor do sexo masculino. STJ 5ª Turma,
5
8
AgRg no AResp 620.058/DF – 2017. STJ 6ª Turma AgRg no RHC 74.107/SP – 2016. (ver item 1.13):
7-
53

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA E


VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO MONOCRÁTICA
111
3.
33

PROFERIDA NOS TERMOS LEGAIS. (...) VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LEI N.º 11.340/06.
VULNERABILIDADE ÍNSITA À CONDIÇÃO DA MULHER HODIERNA. Esta Corte Superior de
4.

Jus ça tem entendimento consolidado no sen do de que a hipossuficiência e a


12

vulnerabilidade, necessárias à caracterização da violência domés ca e familiar contra a


mulher, são presumidas pela Lei n.º 11.340/06. Precedentes do STJ e do STF. (...) 3. Na hipótese
em tela, o recorrente constrangeu sua ex-companheira, ameaçando-a, inclusive de morte, e à
sua família, a fim de obter vantagens indevidas, consistentes no recebimento do valor de R$
34.000.000,00 (trinta e quatro milhões), objeto de anterior acordo com a ví ma em razão de
dissolução de união estável, em um primeiro momento, em um número de parcelas
significa vamente menor do que o originariamente pactuado, e em um segundo momento, à
vista. Ou seja, em ambas as oportunidades, o acusado, a despeito da ausência de aumento
nominal da verba transacionada, pretendeu a antecipação do pagamento de parcelas
anteriormente acordadas com a ví ma. 4. Verifica-se na conduta do recorrente, o elemento
norma vo do po de extorsão, traduzida na indevida vantagem econômica, já que, pelo meio
u lizado, pretendia receber antecipadamente parcelas ainda não vencidas, seja no momento
em que pleiteou a diminuição do prazo de pagamento, seja quando exigiu o adimplemento da
dívida à vista. (...) 2. Agravo regimental a que se nega provimento, concedido, no entanto,
habeas corpus de o cio, nos termos do art. 654, § 2.°, do CPP, para reconhecer a atenuante da
confissão espontânea, redimensionando-se, em consequência, a pena priva va de liberdade
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imposta, man dos os demais termos do aresto recorrido. (AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 22/03/2017)

PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. LESÃO


CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ART. 129, § 9º DO CP. COMPETÊNCIA DA VARA DA
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. EX-NAMORADO, COM FILHA COMUM. RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO.
INCIDÊNCIA DA LEI 11.340/06. REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICA. INADMISSIBILIDADE PELA
VIA DO HABEAS CORPUS. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Considerando que restou
consignado na origem que o recorrente e a ví ma man veram relacionamento afe vo, tendo,
inclusive, uma filha em comum, com menos de um ano de idade, a agressão à ex-namorada
configura crime de violência domés ca abrangido pela Lei Maria da Penha. 2. Estabelece o art.
5º da Lei nº 11.340/06 traz três hipóteses de incidência: em razão do local (domicílio), em razão
do vínculo familiar, mesmo voluntário, e em razão do vínculo afe vo, situação esta em que se
enquadra o ex-namorado. 3. Embora terminado o relacionamento amoroso e já não mais
5
residindo o agressor no mesmo domicílio, a violência deu-se em razão da relação afe va com a
8
mulher, que é pela lei especial protegida. 4. A mulher possui na Lei Maria da Penha a proteção
7-

acolhida pelo país em direito convencional de proteção ao gênero, que independe da


53

demonstração de concreta fragilidade, sica, emocional ou financeira. 5. É da competência da 112


3.

Vara da Violência Domés ca o julgamento do crime contra a mulher a ngida por violência de
33

homem em seu domicílio, ou com quem mantenha vínculo familiar, ou mesmo com quem tenha
4.

do relação ín ma de afeto. 6. Não cabe a esta Corte Superior, em habeas corpus, descons tuir
12

a valoração das instâncias locais quanto à existência de relação ín ma de afeto porque indevida
pretensão de revisão probatória. 7. Agravo regimental improvido. (AgRg no RHC 74.107/SP, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe 26/09/2016)

Possibilidade de fixação do valor mínimo de indenização por danos morais à mulher ví ma de


violência domés ca e familiar, com base no que dispõe o art. 387, IV do CPP, bastando que
haja pedido expresso da acusação ou da ofendida. Desnecessidade de comprovação do dano
moral, sendo este in re ipsa. STJ, 3ª Seção, REsp 1.643.051 – 2018. (ver item 1.14):

RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO CPC, C⁄C
O ART. 256, I, DO RISTJ). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. DANOS
MORAIS. INDENIZAÇÃO MÍNIMA. ART. 397, IV, DO CPP. PEDIDO NECESSÁRIO. PRODUÇÃO DE
PROVA ESPECÍFICA DISPENSÁVEL. DANO IN RE IPSA. FIXAÇÃO CONSOANTE PRUDENTE
ARBÍTRIO DO JUÍZO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (...) 6. No âmbito da reparação dos danos
morais – visto que, por óbvio, os danos materiais dependem de comprovação do prejuízo, como
sói ocorrer em ações de similar natureza –, a Lei Maria da Penha, complementada pela reforma
do Código de Processo Penal já mencionada, passou a permi r que o juízo único – o criminal –
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possa decidir sobre um montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação da


ví ma, de di cil mensuração, deriva da própria prá ca criminosa experimentada. 7. Não se
mostra razoável, a esse fim, a exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do
grau de humilhação, da diminuição da autoes ma etc., se a própria conduta criminosa
empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e menosprezo à dignidade e ao
valor da mulher como pessoa. 8. Também jus fica a não exigência de produção de prova dos
danos morais sofridos com a violência domés ca a necessidade de melhor concre zar, com o
suporte processual já existente, o atendimento integral à mulher em situação de violência
domés ca, de sorte a reduzir sua revi mização e as possibilidades de violência ins tucional,
consubstanciadas em sucessivas oi vas e pleitos perante juízos diversos. (...) TESE: Nos casos de
violência contra a mulher pra cados no âmbito domés co e familiar, é possível a fixação de
valor mínimo indenizatório a tulo de dano moral, desde que haja pedido expresso da
acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quan a, e independentemente
de instrução probatória. (STJ 3ª Seção, REsp 1.643.051/MS, Min. Rogerio Schie 5 cruz.
28/02/2018)
8
7-

Outros julgados do STJ referentes a casos específicos:


53

113
3.

Violência de filho contra a mãe: possibilidade (HC 290.650/MS), já que a Lei Maria da Penha se
33

aplica também nas relações de parentesco, mesmo não havendo coabitação entre agressor e
ví ma;
4.
12

Violência de filha contra a mãe: possibilidade (HC 277.561/AL), pois não há nenhum
disposi vo na lei que impeça que o agressor seja mulher;

Violência de pai contra a filha: possibilidade (HC 178.751/RS), por força do inciso II do art. 5º
da Lei, mesmo que autor e ví ma não residam no mesmo lar;

Violência de genro contra sogra: possibilidade (RHC 50.847/BA), por força do inciso II do art.
5º da Lei, já que há relação de parentesco por laços de afinidade;

Violência de companheiro da mãe contra a enteada: possibilidade (RHC 42.092/RJ);

Violência de a contra sobrinha: possibilidade (HC 250.435/RJ). No caso em questão a a


nha a guarda da sobrinha, de quatro anos.

Violência de ex-namorado contra ex-namorada: possibilidade (HC 182.411/RS). No entanto o


STJ entende também que não pode ser qualquer namoro que se enquadra na Lei, mas sim o
duradouro, caso contrário, se for efêmero, fugaz, esporádico (“fica”) ou passageiro, não há
que se falar em proteção da Lei (CC 91.979/MG);
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Violência de filho contra pai idoso: IMPOSSIBILIDADE (RHC 51.418/SC), tendo em vista que o
sujeito passivo tem que ser mulher, em obediência ao art. 1º e ao caput do art. 5º da Lei Maria
da Penha;

Violência contra traves : IMPOSSIBILIDADE (HC 178.751/RS - 2010), Pessoas traves das não
são mulheres. Não se aplica no caso delas a lei nova (sim, as disposições legais outras do CP e
do CPP). Exceção! No caso de cirurgia transexual, desde que a pessoa tenha passado
documentalmente a ser iden ficada como mulher (Roberta Close, por exemplo), terá
incidência a lei nova. Mas, a tulo de conhecimento, há decisões isoladas da Jus ça Estadual
permi ndo a aplicação da Lei a pessoas traves das, v.g,. Processo nº 0018790-
25.2017.8.19.0004, da Vara de Violência Domés ca e Familiar contra a Mulher de São Gonçalo
(RJ), julgado em 26/06/2017. Dec. Juiz André Luiz Nicoli .

Súmulas correlatas

SÚMULA Nº 536 do STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se


8 5
7-

aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.


53

SÚMULA Nº 542 do STJ - A ação penal rela va ao crime de lesão corporal resultante de violência 114
3.

domés ca contra a mulher é pública incondicionada.


33

SÚMULA Nº 588 do STJ - A prá ca de crime ou contravenção penal contra a mulher com
4.

violência ou grave ameaça no ambiente domés co impossibilita a subs tuição da pena priva va
12

de liberdade por restri va de direitos.

SÚMULA Nº 589 do STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou


contravenções penais pra cados contra a mulher no âmbito das relações domés cas.

SÚMULA Nº 600 do STJ - para a configuração da violência domés ca e familiar prevista no ar go


5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e ví ma.

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CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/97)

1. DOUTRINA
1.1. Breve contextualização histórica

Durante boa parte da idade média (1.200 a 1.800 d.c) a tortura esteve presente como
meio de obtenção de prova através da confissão forçada. Os Tribunais Eclesiás cos da
Inquisição foram os que mais abusaram desse método nefasto, que subjuga o ser humano,
impondo-o o suplício da dor interminável.
Nesta época a tortura não nha essencialmente natureza de pena, apesar das
condições desumanas às quais eram subme dos os condenados nos calabouços medievais,
mas sim funcionava como principal meio de se alcançar o êxito ou o termo de um processo nos
crimes mais di ceis de solucionar. João Bernardino Gonzaga, citado por José Geraldo da Silva,
expõe de forma clara como funcionava o método de um interrogatório: 8 5
Algumas leis dispunham que o réu somente deveria ser suplicado várias horas após
7-

haver ingerido alimentos, quando já se achasse, portanto, enfraquecido. Exigiam-


53

lhe, então, primeiro o juramento de que diria a verdade. Em seguida, apresentavam-


lhe os instrumentos que seriam u lizados, com explicações sobre o seu 115
3.

funcionamento. Se, para evitar o tormento, ou no seu desenrolar o paciente


33

confessasse o que lhe era exigido, levavam-no para outro lugar, seguro e confortável,
4.

onde ele deveria ra ficar a confissão. Se esta não fosse ra ficada, voltava-se à tortura,
12

em dias subsequentes. A questão podia ser repe da indefinidamente, seus únicos


limites estavam na obs nação do juiz e na forma de resistência do paciente.
Geralmente, porém, era estabelecido um número máximo que costumava ser de
quatro sessões⁷³.

Ao longo da história a tortura passou a ser u lizada por vários regimes polí cos, agora
não mais somente como meio de obtenção de prova, mas também como forma de impor o
pensamento ideológico então vigente. É o que ocorreu durante o regime da Alemanha nazista
no período em que perdurou a Segunda Guerra Mundial (1938 a 1945) e na an ga União
Sovié ca a par r da Revolução Comunista de 1917.
Mas também outros países se u lizaram desse método de coação, seja para obtenção
de informação, seja para imposição da ideologia então vigente, estando entre eles o Brasil, em
especial durante o período de Governo militar entre os anos de 1964 e 1985, conforme aponta o
relatório da Comissão Nacional da Verdade (2011), publicado pela Folha de São Paulo em
10/12/2014, onde constou que a tortura no Governo militar:

⁷³ SILVA, José Geraldo da. Leis penais anotadas. 11 ed. Campinas: Editora Millennium, 2010. p. 424.
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(...) Deixou de se restringir aos métodos violentos já empregados pela polícia no Brasil
contra presos comuns para, sofis cando-se, tornar-se a essência do sistema militar de
repressão polí ca, baseada nos argumentos da supremacia da segurança nacional e
da existência de uma guerra contra o terrorismo (...)⁷⁴.

Com o início do processo de redemocra zação, em especial com o advento da


Cons tuição Federal de 1988, esta, devido ao passado sombrio e não tão distante, se preocupou
em prever garan as para se prevenir e reprimir a prá ca da tortura. Sendo assim, o art. 5º,
incisos III e XLIII da CF/88 asseverou que:

(...) III - ninguém será subme do a tortura nem a tratamento desumano ou


degradante; (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça
ou anis a a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omi rem;
8 5
Além da Cons tuição Federal de 1988, vários instrumentos norma vos internacionais
7-

trataram da tortura, v.g., Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Convenção
53

Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica (1969); Declaração sobre a
116
3.

proteção de todas as pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas cruéis (1975);
33

Convenção Interamericana contra a Tortura de Cartagena (1985); Convenção contra a Tortura,


4.

adotada pela Assembléia Geral da ONU (1994).


12

1.2. Previsão Legal do crime de tortura

Apesar das várias referências cons tucionais e convencionais sobre a tortura, somente
em 1990 que a conduta foi mencionada em uma lei ordinária como conduta penalmente
relevante, conforme se observa da an ga redação do art. 233 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da
Criança e do Adolescente): “Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a tortura: Pena - reclusão de um a cinco anos. (...)”
No entanto, tendo em vista a redação do ar go, o qual não conceituava “tortura”,
surgiram polêmicas quanto à aplicabilidade do disposi vo. Mas o STF, através do HC 703.899/SP
– 1994, concluiu pela cons tucionalidade da previsão constante do ECA, ou seja, pela
possibilidade de punição pelo crime, se baseando na amplitude conceitual de “tortura”
constante dos tratados acima descritos, nos seguintes termos:

⁷⁴ Disponível em: h p://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1560259-relatorio-da-comissao-da-verdade-detalha-


prisoes-tortura-e-mortes.shtml. Acesso em 23/03/2018, às 21h44min.
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TORTURA CONTRA CRIANÇA OU ADOLESCENTE - EXISTÊNCIA JURÍDICA DESSE CRIME


NO DIREITO PENAL POSITIVO BRASILEIRO - NECESSIDADE DE SUA REPRESSÃO -
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SUBSCRITAS PELO BRASIL - PREVISÃO TÍPICA
CONSTANTE DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI Nº 8.069/90, ART.
233)- CONFIRMAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE DESSA NORMA DE TIPIFICAÇÃO
PENAL - DELITO IMPUTADO A POLICIAIS MILITARES - INFRAÇÃO PENAL QUE NÃO SE
QUALIFICA COMO CRIME MILITAR - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM DO ESTADO-
MEMBRO - PEDIDO DEFERIDO EM PARTE. PREVISÃO LEGAL DO CRIME DE TORTURA
CONTRA CRIANÇA OU ADOLESCENTE - OBSERVÂNCIA DO POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA TIPICIDADE. – (...) A simples referência norma va à tortura,
constante da descrição pica consubstanciada no art. 233 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, exterioriza um universo conceitual impregnado de noções com que
o senso comum e o sen mento de decência das pessoas iden ficam as condutas
aviltantes que traduzem, na concreção de sua prá ca, o gesto ominoso de ofensa à
dignidade da pessoa humana. A tortura cons tui a negação arbitrária dos direitos
humanos, pois reflete - enquanto prá ca ilegí ma, imoral e abusiva - um inaceitável
ensaio de atuação estatal tendente a asfixiar e, até mesmo, a suprimir a dignidade, a
5
8
autonomia e a liberdade com que o indivíduo foi dotado, de maneira indisponível,
7-

pelo ordenamento posi vo. NECESSIDADE DE REPRESSÃO À TORTURA - CONVENÇÕES


53

INTERNACIONAIS. O Brasil, ao pificar o crime de tortura contra crianças ou


adolescentes, revelou-se fiel aos compromissos que assumiu na ordem internacional, 117
3.

especialmente àqueles decorrentes da Convenção de Nova York sobre os Direitos da


33

Criança (1990), da Convenção contra a Tortura adotada pela Assembléia Geral da ONU
4.

(1984), da Convenção Interamericana contra a Tortura concluída em Cartagena (1985)


e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),
12

formulada no âmbito da OEA (1969). Mais do que isso, o legislador brasileiro, ao


conferir expressão pica a essa modalidade de infração delituosa, deu aplicação
efe va ao texto da Cons tuição Federal que impõe ao Poder Público a obrigação de
proteger os menores contra toda a forma de violência, crueldade e opressão (art. 227,
caput, in fine). (STF - HC: 70389 SP, Relator: Min. SYDNEY SANCHES, Data de
Julgamento: 23/06/1994, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 10-08-2001 PP-00003
EMENT VOL-02038-02 PP-00186)

Com a superveniência da Lei nº 9.455/97, a celeuma se deu por encerrada, tendo em


vista que a referida lei definiu o crime de tortura, bem como trouxe causa de aumento de pena
quando o fato for pra cado em face de criança ou adolescente (Art. 1º, §4º II), o que,
consequentemente, ocasionou a revogação expressa do art. 233 do ECA.

1.3. Conceito de tortura

Nem a Cons tuição Federal de 1988 e nem a Lei nº 9.455/97 empreenderam esforços
no sen do de conceituar tortura, mas sim o legislador se limitou a dizer em que consis a o crime
de tortura. É como se verificar da redação do caput do art. 1º da Lei de tortura, a saber: “Art. 1º
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Cons tui crime de tortura: (...)”. Sendo assim, os demais incisos, alíneas e parágrafos do art. 1º
trazem condutas que serão consideradas crime de tortura para efeitos legais.
No entanto, é importante saber o significado do vocábulo “tortura”, a fim de se
estabelecer uma relação cogni va com as condutas previstas em lei. Sendo assim tortura pode
ser conceituada como “a imposição de dor sica ou psicológica por crueldade, in midação,
punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa
que tortura.”⁷⁵. Ou ainda segundo De Plácido e Silva, citado por José Geraldo da Silva, torturar é:

o sofrimento ou a dor provocada por maus tratos sicos ou morais. É o ato desumano
que atenta à dignidade humana. É o sofrimento profundo, angús a, dor. Torturar a ví ma
é produzir-lhe um sofrimento desnecessário. É tornar mais angus ante o sofrimento⁷⁶.

1.4. Crimes de tortura

Conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 9.455/97: 8 5


Art. 1º Cons tui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou
7-

grave ameaça, causando-lhe sofrimento sico ou mental: a) com o fim de obter


53

informação, declaração ou confissão da ví ma ou de terceira pessoa; b) para provocar


118
3.

ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou


33

religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento sico ou mental, como forma de
4.

aplicar cas go pessoal ou medida de caráter preven vo. Pena - reclusão, de dois a
12

oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento sico ou mental, por intermédio da prá ca de ato
não previsto em lei ou não resultante de medida legal. § 2º Aquele que se omite em
face dessas condutas, quando nha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.

Tem-se como obje vidade jurídica deste disposi vo, de forma imediata a proteção da
dignidade humana e de forma mediata a tutela da integridade sica e mental, a saúde e a
liberdade pessoal. Ainda se tem como fim a tutela da Administração Pública, caso a tortura seja
pra cada por agente público no exercício da função.
Quanto ao §2º do art. 1º acima descrito, há de se registrar que, embora esteja
localizado dentro do disposi vo, não é considerado crime de tortura, mas tão somente uma
forma especial de prevaricação, chamada pela doutrina de tortura omissão ou tortura

⁵ ³ S I LVA , J o i l d a A l v e s F. . A l e i d e t o r t u r a e s e u s a s p e c t o s : c r i m e d e t o r t u r a . D i s p o n í v e l e m :
<h ps://www.webar gos.com/ar gos/a-lei-de-tortura-e-seus-aspectos-crime-de-tortura/104230#ixzz5AiR12qoi>. Acesso
em 24/03/2018, às 21h26min.
⁷⁶ SILVA (2010, p. 427)
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imprópria, onde aquele que teria o dever de evitar o ato, se omite, ou não diligencia para que o
crime seja devidamente apurado.
Aliás, se percebe que o legislado resolveu especializar uma conduta omissiva que, de
acordo com a técnica jurídica penal, deveria ser tratada como se fosse o crime pra cado em
sua forma comissiva, já que o agente tem a obrigação legal de evitar o resultado, nos termos
do que dispõe o art. 13, §2º do CP, a saber:

Art. 13 (...) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia


agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (...)

Sendo assim, o legislador, de forma eloquente ou não, acabou por prever uma forma
menos gravosa do crime, já que a pena cominada ao mesmo é pra camente a metade da prevista
em sua forma fundamental. Se a lei teve a intenção de impor maior severidade ao tratamento
5
daqueles que pra cam o crime, ou concorrem para que ele ocorra, acabou por realizar justamente
8
o contrário.
7-
53

1.5. Formas de crimes de tortura 119


3.

1.5.1 Art. 1º, I da Lei nº 9.455/1997


33
4.

“Art. 1º Cons tui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
12

ameaça, causando-lhe sofrimento sico ou mental: (...) Pena - reclusão, de dois a oito anos.”

Pois bem, esta é a primeira forma fundamental do crime de tortura, onde se tem como
verbo nuclear “constranger”, significando coagir, impor, obrigar. Trata-se de crime material,
comum e de dano. O sujeito a vo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é aquele que sofre
a violência ou a grave ameaça, mas podendo também ser aquele sofre os efeitos da conduta, v.g., a
mãe que, amarrada e amordaçada, é obrigada a presenciar seu filho sendo torturado.
O objeto material do crime é a pessoa humana, a qual é subme da ao ato de suplício,
consubstanciado na violência ou grave ameaça, e com as finalidades descritas nas alíneas a, b e c
do inciso I do art. 1º.
Como meio de execução, a violência pode ser sica ou mental. Há discursão na
doutrina sobre a possibilidade de ser pra cada através de violência imprópria, ou seja, aquela
em que o agente não emprega força sica direta na ví ma, mas sim induz a mesma ao
sofrimento sico por conduta omissiva, v.g., deixar de alimentar a ví ma, levando-a ao estado
de inanição, de modo a impossibilitar a sua resistência.
A primeira corrente defende que não há possibilidade de se considerar a violência
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imprópria por falta de previsão legal, o que ofenderia o princípio da reserva legal, em especial
a taxa vidade. Mas uma segunda corrente defende que a mens legis é no sen do de se dar
proteção integral à ví ma de tortura, seja qual a forma de coação empregada.
Quanto à intensidade da violência, há de se ter em mente que esta não deve ser de
qualquer modo, mas sim “o po penal exige que a violência ou grave ameaça seja de especial
relevo, capaz de colocar a ví ma em estado latente de inquietação, caso contrário, o crime
objeto da reprimenda penal será outro, v.g., constrangimento ilegal (art. 146 do CP).”⁷⁷.
No que se refere à exigência de exame pericial para a comprovação do delito, em
relação à violência, se tem como necessário a sua realização, tendo em vista que, em tese, esse
modo de execução deixa ves gios, sendo, no entanto, delito não transeunte. Em relação à
tortura psicológica (grave ameaça), prevalece que não há a necessidade de exame pericial,
apesar de a violência psíquica ser verificável pela psicologia forense.
Quanto à consumação, como se trata de crime material, ocorrerá com a causação do
sofrimento sico ou mental na ví ma. Porém, não se faz necessária a ocorrência de nenhum dos
8 5
resultados descritos nas alíneas a, b e c do inciso I do art. 1º da Lei de tortura, caso em que, se
7-

ocorrerem, será mero exaurimento do crime, podendo ser valorados na fase de aplicação da
53

pena pelo magistrado, nos termos do art. 59 do CP, já que se cons tuem em mera finalidade 120
3.

específica do agente.
33

Já a tenta va é perfeitamente admi da, pois se trata de conduta plurissubsistente, ou


4.

seja, pode ser pra cada através de atos diversos e fracionáveis.


12

No que se refere à competência criminal, esta é, de regra, da competência da Jus ça


Comum Estadual. Porém se o crime for pra cado por agente público federal, no exercício do
cargo, v.g., policial federal, a competência será da Jus ça Federal, tendo em vista estar presente
o interesse da União, nos termos do art. 109 da CF/88.
Há de se destacar que se trata de crime de maior potencial ofensivo, subme do ao
procedimento comum ordinário, nos termos do art. 394, §1º, I do CPP, não admi ndo inclusive a
suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95.
A ação penal é pública incondicionada. Porém, mesmo que Ministério Público não
tome providências quanto ao ato criminoso, haverá a possibilidade de a ví ma ou o interessado
ajuizar a ação penal privada subsidiária da pública, nos termos do art. 29 do CPP⁷⁸.
No que se refere aos elementos subje vos do po, descritos nas alíneas a, b e c do

⁷⁷ SILVA (2010, p. 428)


⁷⁸ “Art. 29. Será admi da ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs tu va, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.”
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inciso I do art. 1º, como se tratam de finalidades especiais do agente, portanto exigíveis como
elemento anímico, caso não estejam presentes, poderá haver a desclassificação do crime para
outro, v.g., constrangimento ilegal, abuso de autoridade, lesão corporal, ameaça etc. Sendo
assim, as finalidades exigíveis são as seguintes:
a) Tortura confissão ou tortura prova:

“Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da ví ma ou de terceira


pessoa:”

Tem-se aqui a chamada tortura confissão ou tortura prova, onde o sujeito a vo, que
não necessariamente agente do estado, constrange a ví ma a fim de que ela preste alguma
informação relevante ou confesse a prá ca de determinado ato, ainda que não
necessariamente delituoso.
É uma pra ca muito comum u lizada por agentes do estado, em especial na busca de
informações que levem à solução de determinada infração penal ou até mesmo prisão em 5
flagrante. Mas também foi uma prá ca muito comum no período de Governo militar no Brasil
8
7-

(1964-1985), onde agentes de repressão estatal buscavam garan r a higidez do regime,


53

neutralizando qualquer oposição existente, sendo que, para isso, sequestravam pessoas
“suspeitas”, a fim de conseguir delas qualquer informação relevante que levassem à 121
3.
33

iden ficação de possíveis opositores.


4.

b) Tortura ao crime:
12

“Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa:”

É a chamada tortura ao crime. Onde o algoz subjuga a ví ma, para que esta, mesmo não
querendo, pra que uma conduta descrita na legislação como crime, seja a tulo de ação ou omissão.
No que se refere à coação para prá ca de contravenção penal, há seguimento da doutrina
entendendo que não haverá crime de tortura, mas sim de constrangimento ilegal (art. 146 do CP),
tendo em vista que o po penal u lizou a elementar “natureza criminosa”, não podendo o aplicador
do direito se u lizar de interpretação extensiva para o caso (JURICIC apud SILVA, 2010, p. 430).
Mas também há quem entenda que “a contravenção, apesar de não ser crime (estrito
senso), tem natureza criminosa. Não havendo, pois, diferença ontológica entre crime e
contravenção, ambos têm a mesma natureza”⁷⁹.
Apesar de não ser muito comum na maioria das cidades, é de se registrar que tal
conduta é largamente u lizada no mundo do tráfico de drogas, onde usuários que não
conseguem arcar com as dívidas oriundas de seus vícios, são constrangidos por traficantes a

⁷⁹ LIMA, Mauro Faria de. Crimes de Tortura. Editora: Brasília Jurídica, 1997, p. 34.
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pra carem, ou par ciparem, de crimes de furtos, roubos, extorsões e até mesmo sequestros, na
esperança de ficarem quites com seus credores, sob pena de perderem suas vidas, mas desde
que presentes as circunstâncias elementares do inciso I do art. 1º da lei.

c) Tortura discriminatória ou tortura racismo

“Em razão de discriminação racial ou religiosa:”

É a chamada tortura discriminatória ou tortura racismo, onde o agente coage a ví ma,


impondo a mesma violência e grave ameaça, simplesmente pelo fato de pertencer à determinada
religião ou grupo racial. Há a polêmica em relação à coação violenta empregada contra homossexuais,
pois o disposi vo legal não mencionou essa categoria. Sendo assim, não pode o intérprete de valer da
analogia, já que esta é proibida em sede de direito penal, salvo se para bene cio do réu.
Sendo assim, no caso de ví mas homossexuais, o agente responderá pelo resultado
causado em decorrência de sua conduta, a saber, lesão corporal (leve, grave, gravíssima ou seguida
de morte), homicídio (simples ou qualificado, conforme o caso) etc. Mas não pelo crime de tortura,
5
8
devido à impossibilidade jurídica aqui versada.
7-
53

1.5.2. Art. 1º, II da Lei nº 9.455/97: Tortura cas go


122
3.

“Art. 1º Cons tui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
33

autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento sico ou mental,
4.

como forma de aplicar cas go pessoal ou medida de caráter preven vo. Pena - reclusão, de dois
12

a oito anos. (...):”


É a chamada tortura cas go. Tem-se aqui o crime próprio, tanto em relação ao sujeito
a vo como ao sujeito passivo. O sujeito a vo do crime é a pessoa que possui guarda, poder ou
autoridade sobre a ví ma, a saber: pai, professor, tutor, curador, enfermeiro, médico, policial etc.
Por consequência, o sujeito passivo é a pessoa subme da a essas relações, quais sejam o filho, o
aluno, o tutelado, o curatelado, o enfermo, o preso, e outros. O objeto material do crime, como na
primeira forma, é a pessoa humana, contra a qual é empregada a violência ou a grave ameaça.
O verbo nuclear que inaugura a forma criminosa, como elemento obje vo do po, é
submeter, que significa subjugar, ou sujeitar alguém que já esteja sob a guarda, poder ou
autoridade do agente, a intenso sofrimento sico ou mental.
O elemento subje vo do po é o dolo, podendo este ser direto ou eventual, mas isso não
é o suficiente para se caracterizar o crime. O que especializa ainda mais essa forma de tortura é o
seu elemento subje vo específico, qual seja, “como forma de aplicar cas go pessoal ou medida
de caráter preven vo”.
É uma prá ca, por exemplo, que vez ou outra é no ciada no interior das cadeias
públicas do país a fora, onde os agentes do Estado, responsáveis pela guarda e cuidado de
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presos, submetem os custodiados a espancamentos, choques elétricos, privação exagerada da


alimentação, isolamento proposital com permanência fora dos limites permi dos em lei,
causando intenso sofrimento sico ou mental aos mesmos, como forma de impor cas go e
manutenção da disciplina.
Mas também há relatos de situações ocorridas no interior de abrigos, orfanatos,
hospitais psiquiátricos, creches, escolas, quartéis etc., sempre tendo como resultado o intenso
sofrimento sico ou mental às ví mas, caso contrário o crime poderá ser outro.
O meio de execução não difere da forma anterior de tortura, restando aqui as mesmas
observações quanto a admissibilidade ou não da chamada violência imprópria.
O crime se consuma quando o agente obtém êxito em submeter a ví ma que está sob a
sua guarda, poder ou autoridade à intenso sofrimento sico ou mental, sendo, portanto, um
crime material e de dano. Há a possibilidade de tenta va quando a conduta se der de forma
comissiva, ou em cadeia de atos plurissubsistentes. Já na modalidade omissiva o conatus não
existe, tendo em vista a impossibilidade de fracionamento o iter criminis.
8 5
7-

Importante se destacar sobre a importância da necessidade do laudo pericial para


53

esta modalidade de tortura, justamente como forma de se aferir se a ví ma incorreu ou não em


intenso sofrimento sico ou mental. Caso o suplício não tenha ocorrido de modo intenso, como 123
3.

descreve o po penal, haverá desclassificação do delito para os maus-tratos (art. 136 do CP)⁸⁰.
33

Se quanto à primeira forma do crime de tortura o laudo pericial, apesar de exigível nos
4.

termos do art. 158 do CPP, poderia ser suprido pela prova testemunhal, conforme dispõe o art.
12

167 do CPP⁸¹, nesta segunda fase ele se cons tui em condição para o enquadramento pico
per nente, tendo em vista o princípio da especialidade, a diferenciá-lo da figura delituosa do
crime de maus-tratos.
Como há a violência e a grave ameaça como meios de execução, tanto o exame de
corpo de delito (lesões corporais), como o exame de constatação da psicologia forense, seriam
necessários.
A ação penal para este crime é pública incondicionada, sendo também de maior
potencial ofensivo, subme do ao procedimento comum ordinário, nos termos do art. 394, §1º,
I do CPP, não admi ndo inclusive a suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da Lei
nº 9.099/95, já que a pena mínima cominada é igual a dois anos de reclusão.
Registra-se também que tanto para forma do inciso I, como para a do inciso II, não será

⁸⁰ “Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo
ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.”
⁸¹ “Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os ves gios, a prova testemunhal poderá
suprir-lhe a falta.”
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possível a subs tuição da pena de priva va de liberdade por priva va de direito, tendo em
vista que, além da pena máxima cominada (oito anos de reclusão) há o emprego de violência ou
grave ameaça à pessoa, esbarrando, assim, no óbice con do no art. 44, I do CP, a saber:

Art. 44. As penas restri vas de direitos são autônomas e subs tuem as priva vas de
liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I – aplicada pena
priva va de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for come do com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) (...).

1.5.3. Art. 1º, §1º da Lei nº 9.455/1997

“§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento sico ou mental, por intermédio da prá ca de ato não previsto em lei ou não
resultante de medida legal.”: 5
Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser pra cado por algumas pessoas em
8
7-

razão do cargo que ocupa ou da a vidade que desempenha, a saber: o policial, o delegado de
53

polícia, o carcereiro, o médico ou o enfermeiro do hospital onde esteja internada a ví ma etc. O


124
3.

crime também é próprio quanto ao sujeito passivo, pois somente pode ser pra cado contra a
33

pessoa presa ou sujeita à medida de segurança.


4.

Apesar da semelhança com a hipótese do inciso I do art. 1º, com ela não se confunde,
12

primeiro que aqui não há o emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa como meio
de execução; segundo que não há necessidade de que haja o intenso sofrimento sico ou
mental para se consumar, bastando o mero sofrimento sico ou mental; terceiro porque a
abrangência dessa modalidade é mais restri va em relação ao sujeito passivo, pois apenas a
pessoa presa ou sujeita a medida de segurança está tutelada pelo disposi vo, enquanto que na
figura do inciso I do art. 1º qualquer pessoa que esteja sob a guarda, poder ou autoridade do
agente poderá ser tutelada.
Mas há de se registrar que caso não haja o sofrimento sico ou mental, mas sim um
mero vexame ou constrangimento à ví ma, haverá a desclassificação para o crime de abuso
de autoridade, previsto no art. 4º, b, da Lei nº 4.898/65, in verbis: “Art. 4º Cons tui também
abuso de autoridade: (...) b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei; (...)”.
É um crime também bastante comum, onde quem se encontra preso ou subme do à
medida de segurança, portanto, aos cuidados do Estado ou de qualquer ins tuição semelhante,
é obrigado a realizar a vidades penosas não condizentes com o que a lei preconiza, v.g., colocar
o preso para lavar todas as viaturas da delegacia no sol forte; forçar o subme do à medida de
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segurança, internado em hospital psiquiátrico, a roçar uma imensa área do estabelecimento,


como condição para conceder-lhe uma refeição ao final do dia.
O elemento subje vo do po é o dolo, direto ou eventual. O objeto material é a
pessoa subme da aos atos de suplício. O meio de execução é qualquer que não resultante de
medida legal ou previsto em lei. O elemento obje vo do po é submeter, assim como descrito
na figura do inciso I do art. 1º.
A ação penal é pública incondicionada, com pena igual a do caput do art. 1º, devendo
se considerar todas as observações quanto à competência criminal, o procedimento
processual penal (comum ordinário) e a suspensão condicional do processo, que não é possível.
Mas há uma diferença, esta reside no fato de que a presente figura criminosa não é pra cada
mediante violência ou grave ameaça à pessoa, o que atrai a possibilidade de subs tuição da
pena priva va de liberdade por restri va de direitos, nos termos do art. 44, I do CP.

1.5.4. Art. 1º, §2º da Lei nº 9.455/97 (tortura omissão ou tortura imprópria) 5
8
“§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando nha o dever de evitá-las ou
7-

apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.”:


53

É a chamada tortura omissão, onde aquele que teria o dever de evitar o ato, se omite, 125
3.

ou não diligencia para que o crime seja devidamente apurado. Ocorre que a lei neste aspecto
33

adotou a teoria pluralista como exceção à teoria monista regrada no art. 29 do CP. O seja, se
4.

resolveu punir de forma diferente, e percep velmente menos severa, aquele que par cipa de
12

forma omissiva do ato. Não incide aqui a regra descrita no art. 13, §2º do CP, pois a tortura
omissão é especial, devendo ser regida pelas previsões e consequências do §2º do art. 1º da Lei
nº 9.455/97.
Trata-se de crime omissivo próprio, onde não se admite tenta va, por ser
unissubsistente, impossibilitando o fracionamento do iter criminis. O crime também é próprio,
pois somente pode ser come do por quem tem o dever legal de evitar o resultado, ou de apurar
o crime. Caso o agente não tenha o dever legal de evitar o resultado, deverá responder pela
omissão de socorro prevista no art. 135 do CP.
O sujeito passivo do crime pode ser qualquer pessoa, mas também pode ser próprio,
caso o torturado seja o subme do ao crime do art. 1º, inciso II e §1º da lei.
O objeto material do crime é a pessoa torturada. Mas o bem jurídico protegido pode
ser tanto a dignidade humana, como a administração da jus ça, já que o dever apuratório do
crime se tem por não cumprido pelo agente. O elemento subje vo do po é o dolo na omissão,
não havendo a forma culposa prevista em lei.
O delito se consuma com a inação do agente, ao não tomar a tude para evitar o
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resultado ou apurar o crime. Quanto à apuração dos fatos renegada pelo agente, esta poderia se
dar através de sindicância, inquérito policial, inquérito policial militar, conselho de disciplina,
processo administra vo, ou qualquer outro previsto no estatuto do órgão ao qual pertence.
A este disposi vo também não incidem nenhuma das circunstâncias qualificadoras e
nem as causas especiais de aumento previstas na lei (§3º e §4º do art. 1º), tendo em vista que
esta resolveu punir sem severidade o omitente, não conectando a conduta deste com as figuras
fundamentais do art. 1º, I e II e §1º.
Há de se registrar que é perfeitamente possível a suspensão condicional do processo
prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo em vista a pena cominada ser igual a um ano de detenção.
Ainda em relação à pena cominada, como a máxima não ultrapassa os quatro anos, é
possível o arbitramento da fiança em sede policial, nos termos do que dispõe o art. 322 do CPP,
tendo em vista que este crime, conhecido pela doutrina como tortura imprópria, não é
alcançável pelo disposto no art. 1º, §6º da Lei nº 9.455/97 e nem pelo art. 323, II do CPP, os quais
proíbem a liberdade provisória mediante fiança para o crime de tortura.
8 5
7-

Isso se jus fica por dois mo vos, primeiro porque não se trata de crime de tortura em
53

sua concepção própria, como os previstos no art. 1º, I, II e §1º, segundo que foi vontade do
legislador ordinário re rar dessa forma toda severidade imposta às demais figuras deli vas, ao 126
3.
33

atribuir uma pena baixa se comparada às demais modalidades.


4.

Há severas crí cas na doutrina em relação a essa previsão delituosa, pois o legislador
12

teria ido em sen do contrário ao que preconiza o art. 5º, XLIII da CF/88, já que se extrai da leitura
desta norma cons tucional que o Estado deveria punir o autor da tortura e seu par cipe (ou
omitente) de forma igual, não sendo o que ocorreu com a previsão do art. 1º, §2º em tes lha. A
previsão legal teria desrespeitado o mandamento cons tucional de criminalização referido, o
qual proíbe a proteção deficiente por parte do Estado.
A benevolência do legislador foi tão grande que previu a exceção no §7º do art. 1º
quanto à tortura imprópria, a saber: “Art. 1º (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei,
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.”. Ou seja, está
claro que a própria lei outorgou tratamento diferenciado e benevolente para aquele que,
embora presencie o ato de suplício da ví ma, se omite para evita-lo, ou ao menos apura-lo,
apesar de ter o dever de agir. Tendo em vista esta especialidade, o crime de tortura imprópria
também não pode ser considerado hediondo, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.072/90,
estando afastadas todas as medidas gravosas con das neste estatuto severo.

⁸² “Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça ou anis a a prá ca da tortura , o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omi rem;”
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No entanto, apesar de tal modalidade ser reves da de uma penalidade baixa em


relação às demais, o agente que for condenado por este crime, após sentença transitada em
julgado, sofrerá a perda da função pública de forma automá ca, conforme dispõe o §5º do art.
1º da Lei nº 9.455/97. Inclusive este é posicionamento adotado no julgamento do STJ HC
47.846/MG – 2009, onde um policial militar foi condenado à perda automá ca do cargo
público pelo crime de tortura omissão. Merece aqui a leitura de da do trecho do informa vo
nº 0419 do STJ a respeito:

CRIME. TORTURA. PERDA. CARGO. O paciente, na condição de policial militar, teria


sido omisso ao não impedir que os outros milicianos pra cassem, nas dependências
do batalhão policial, tortura contra duas pessoas, sendo que uma delas veio a falecer
em razões das agressões sofridas. Foi condenado como incurso nas penas do art. 1º,
§ 2º, da Lei n. 9.455/1997. Sustenta a defesa que o paciente não teve conhecimento
do fato delituoso, não estando sequer presente quando das agressões, ficando clara
a equivalência ou paridade entre a situação dos acusados absolvidos e a dele. Mas o
5
Min. Og Fernandes, Relator, entende que a pretensão não merece guarida uma vez
8
que a imputação recaída sobre o paciente – de ter-se omi do em face do come mento
7-

de prá ca de tortura – encontra amparo no decidido pelas instâncias ordinárias, que


53

se lastreiam no conjunto probatório. Também porque, na condição de policial militar,


127
3.

o paciente nha o dever legal de evitar a prá ca de crime ocorrido nas dependências
33

do estabelecimento em que trabalhava. Há de se acrescer ainda o relato das


testemunhas, segundo as quais os pedidos de socorro eram ouvidos de suas casas.
4.

Assim, fica afastada a alegação de que, por estar junto ao portão de entrada do prédio,
12

não haveria meios de ter ciência das violências perpetradas. Finalmente, o pedido
demanda revolvimento do conjunto fá co probatório, providência incompa vel com
a via eleita. Quanto à pretensão de afastar as penas acessórias da perda do cargo e
impedimento de exercer outra função pública pelo período de dois anos, destacou o
Min. Relator que a jurisprudência consolidada neste Superior Tribunal é que, nos
crimes de tortura, a perda do cargo é efeito automá co e obrigatório da
condenação. Assim, não haveria sequer a necessidade de fundamentar a medida.
Dessa forma, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, denegou a ordem,
vencidos os Ministros Celso Limongi e Nilson Naves, que a concediam. Precedentes
citados do STF: HC 92.181-MG, DJe 1º/8/2008; do STJ: HC 40.861-MG, DJ 2/5/2005; HC
97.195-SP, DJe 19/10/2009; HC 95.335-DF, DJe 4/8/2008; HC 106.995-MS, DJe
23/3/2009; REsp 799.468-AP, DJ 9/4/2007, e HC 92.247-DF, DJ 7/2/2008. HC 47.846-
MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/12/2009.

1.6. Formas qualificadas do crime de tortura (§3º da Lei nº 9.455/97)

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de


reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

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Neste caso, como crime qualificado pelo resultado, a lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima poderá se dar tanto a tulo de dolo, como a tulo de culpa, não sendo um crime
necessariamente preterdoloso. Lesão corporal grave é aquela prevista no art. 129, §1º do CP⁸³,
enquanto que gravíssima será a prevista no art. 129, §2º do CP⁸⁴.
Mas há de se observar que em relação às qualificadoras de perigo de vida e aborto,
prevista no inciso II do §1º e inciso V do Art. 129 do CP, respec vamente, só poderão advir de
culpa do agente. Porém, se for aplicada a tortura e, finalis camente, de modo doloso, a lesão
corporal que cause perigo de vida à ví ma, o algoz incidirá em tenta va de homicídio qualificado
pela tortura, nos termos do art. 121, §2º, III c/c art. 14, II do CP. O mesmo raciocínio serve para o
caso de tortura com a finalidade dirigida para a prá ca do aborto, onde o agente incorrerá no
crime de aborto em concurso com a tortura simples.
Ainda no que se refere à qualificadora, se da conduta advir somente lesão leve ou vias-
de-fato, o crime será o de tortura na modalidade simples, tendo em vista que estes resultados já
estão inscrito no po penal fundamental, como consequência lógica do meio empregado, qual
8 5
seja, a violência.
7-

Em relação ao resultado morte da qualificadora, este se dá somente na forma


53

preterdolosa, ou seja, havendo dolo no antecedente (tortura) e culpa na conduta consequente 128
3.

(morte). Se o agente resolver matar a ví ma depois de torturá-la, em comunhão de desígnios,


33

o crime será o de homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2º, III do CP), em concurso
4.

material com a tortura simples, ocorrendo então a chamada progressão criminosa.


12

Já se o agente nha, desde o início, a intenção de somente matar a ví ma, como


desígnio único, mas para chegar a esse resultado se u lizou da tortura, o crime será somente o
do art. 121, §2º, III, ocorrendo então o chamado crime progressivo.

1.7. Causas de aumento de pena (Art. 1º, §4º da Lei nº 9.455/97)

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é come do


por agente público; II – se o crime é come do contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº
10.741, de 2003) III - se o crime é come do mediante seqüestro.

Tais circunstâncias se diferenciam das qualificadoras estudadas anteriormente, pois,


como causas especiais de aumento de pena, ou majorantes, têm o efeito de causar a

⁸³ “Art. 129 (...) § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III -
debilidade permanente de membro, sen do ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos.”
⁸⁴ “Art. 129 (...) § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III perda ou inu lização
do membro, sen do ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos.”
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exasperação da reprimenda penal imposta na terceira etapa do método trifásico de aplicação da


pena pelo magistrado. Já as qualificadoras são circunstâncias que, agregadas ao po
fundamental, modificam, desde o início, os limites de pena cominada, seja no mínimo ou no
máximo.
A primeira majorante é “se o crime é come do por agente público”. Neste caso o
conceito de agente público para efeitos penais é aquele descrito no art. 327 do CP⁸⁵,
independentemente se exerce o cargo transitoriamente ou sem remuneração. Há de se
registrar que se o crime de tortura pra cado for o previsto no art. 1º, §1º e 2º, sendo pra cado
por funcionário público, a majorante não incidirá, tendo em vista que a circunstância já é
elementar do po incriminador, caso contrário haveria dupla incriminação (bis in idem).
A segunda majorante versa sobre a tortura pra cada em face de indivíduos
considerados vulneráveis, a saber: criança, gestante, portador de deficiência sica, adolescente
ou maior de 60 anos. Criança é a pessoa natural com idade até doze anos incompletos; e
adolescente é aquele com idade de doze anos, até dezoito anos, nos termos do que dispõe o art.
8 5
2º da Lei nº 8.069/90⁸⁶. Gestante é a mulher grávida, a qual se encontra em período
7-

gestacional, desde a concepção, até o parto.


53

Portador de deficiência é a pessoa natural que se encaixa na definição trazida pelo art. 129
3.

2º da Lei nº 13.146/2015, in verbis:


33
4.

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
12

prazo de natureza sica, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com


uma ou mais barreiras, pode obstruir sua par cipação plena e efe va na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.

Já em relação à pessoa maior de 60 anos, esta foi uma novidade inserida na Lei de
tortura pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03). No entanto se percebe que o legislador não
guardou o sincronismo com a referida lei, pois o estatuto do idoso prevê em seu art. 1º que é
considerada idosa a pessoa que apresenta idade igual ou superior a 60 anos. Sendo assim, a lei
de tortura ao prever que apenas as pessoas com idade superior a 60 anos gozarão de maior
proteção legal, destoou das normas de proteção constantes na Lei nº 10.741/03.
Quanto à terceira majorante, qual seja “se o crime é come do mediante sequestro”, a
observação a ser feita é no sen do de que se o sequestro ocorrer com a única finalidade de

⁸⁵ “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
en dade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
a vidade pica da Administração Pública.”
⁸⁶ “Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade.”
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torturar a ví ma, incidirá a presente causa especial de aumento. Agora se durante o sequestro
u lizado como meio para a tortura, o agente resolver exigir um preço pelo resgate, ocorrerá o
concurso formal de crimes de tortura na modalidade simples, com a extorsão mediante
sequestro previsto no art. 159 do CP, sendo este inclusive crime mais grave.

1.8. Efeitos especiais da condenação (art. 1º, §5º)

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a


interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Esta disposição prevalece diante do art. 92 do CP, tendo em vista o princípio da


especialidade. Logo que a lei foi editada, chegou a haver dúvidas na doutrina se tal efeito da
condenação previsto na lei de tortura seria, ou não, automá co, tendo em vista que o Parágrafo
Único do art. 92 do CP preceitua que: “Parágrafo único - Os efeitos de que trata este ar go não
são automá cos, devendo ser mo vadamente declarados na sentença.”. Sendo assim, havia 5
quem duvidasse do silêncio eloquente da Lei. No entanto, ao logo do tempo a jurisprudência
8
7-

acabou com qualquer celeuma a respeito, como se observa do STF, AI 769637 MG – 2013, a saber:
53

EMENTA. CRIME DE TORTURA – CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA A OFICIAL DA POLÍCIA 130


3.

MILITAR – PERDA DO POSTO E DA PATENTE COMO CONSEQUÊNCIA NATURAL DESSA


33

CONDENAÇÃO (LEI Nº 9.455/97, ART. 1º, § 5º) – INAPLICABILIDADE DA REGRA


4.

INSCRITA NO ART. 125, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO, PELO FATO DE O CRIME DE TORTURA


12

NÃO SE QUALIFICAR COMO DELITO MILITAR. PRECEDENTES SEGUNDOS EMBARGOS


DE DECLARAÇÃO INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU OMISSÃO
PRETENSÃO RECURSAL QUE VISA, NA REALIDADE, A UM NOVO JULGAMENTO DA
CAUSA – CARÁTER INFRINGENTE – INADMISSIBILIDADE – PRONTO CUMPRIMENTO
DO JULGADO DESTA SUPREMA CORTE, INDEPENDENTEMENTE DA PUBLICAÇÃO DO
RESPECTIVO ACÓRDÃO, PARA EFEITO DE IMEDIATA EXECUÇÃO DAS DECISÕES
EMANADAS DO TRIBUNAL LOCAL –POSSIBILIDADE – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NÃO CONHECIDOS. TORTURA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM – PERDA DO
CARGO COMO EFEITO AUTOMÁTICO E NECESSÁRIO DA CONDENAÇÃO PENAL. (...)
(STF - AI: 769637 MG, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento:
25/06/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205
DIVULG 15-10-2013 PUBLIC 16-10-2013).

Há ainda posicionamento do STJ a respeito, no julgamento do STJ HC 47.846/MG –


2009 e STJ HC 106.995/MS – 2009, no seguinte sen do:

⁸⁷ “Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função
pública ou mandato ele vo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) (...)”.
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HABEAS CORPUS. CRIMES DE TORTURA (OMISSÃO CRIMINOSA). PRETENSÃO


ABSOLUTÓRIA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO PROBATÓRIO.
INCOMPATIBILIDADE COM A VIA ELEITA. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA. EFEITO
AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO. (STJ - HC: 47846 MG 2005/0152337-2, Relator:
Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 11/12/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 22/02/2010).

PENAL. HABEAS CORPUS. LEI Nº 9.455/97. PERDA DO CARGO PÚBLICO. EFEITO


AUTOMÁTICO E OBRIGATÓRIO DA CONDENAÇÃO. DESNECESSIDADE DE
FUNDAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. A Lei nº 9.455/97, em seu art. 1º, § 5º, evidencia que a
perda do cargo público é efeito automá co e obrigatório da condenação pela prá ca
do crime de tortura, sendo desnecessária fundamentação específica para tal
(Precedentes do STF e desta Corte). Habeas corpus denegado. (STJ - HC: 106995 MS
2008/0111111-1, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 03/02/2009,
T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: 20090323 --> DJe 23/03/2009)

1.9. Impossibilidade de fiança, graça ou anis a 5


8
7-

Trata-se de efeitos processuais ou de execução do crime de tortura. Aliás, o


53

disposi vo está em consonância com o que rege o art. 5º, XLIII da CF/88, a saber:
131
3.
33

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça ou
anis a a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
4.

terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os


12

mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omi rem;

Quanto à fiança, esta é apenas uma modalidade de liberdade provisória, sendo que,
assim como ocorre com os crimes hediondos e equiparados, em especial com o advento da Lei
nº 11.464/2007, que modificou a redação do inciso II do art. 2º da Lei nº 8.072/90, será
perfeitamente possível a liberdade provisória SEM FIANÇA, devendo o juiz analisar o caso
concreto. No entanto, a liberdade provisória COM FIANÇA está legalmente vedada, com as
ressalvas feitas em relação à tortura imprópria anteriormente.
A anis a, como indulgência soberana, é o esquecimento jurídico da infração penal, ou
seja, é direcionado ao crime em si, e não ao agente criminoso. É dada somente pelo Congresso
Nacional através de Lei nos termos do art. 48, VIII da CF/88 e, uma vez concedida, não pode ser
revogada. Pode ocorrer inclusive após a sentença penal condenatória.
A anis a também é causa ex n va de punibilidade, nos termos do art. 107, II do CP,
onde, depois de concedida, tem o efeito de ex nguir todos os efeitos penais da condenação,
inclusive os que induzem à reincidência. Apesar disso, ainda subsiste o dever de indenizar.

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Já a graça é ato do Presidente da República, que o materializa através de Decreto. É


uma medida voltada ao condenado por sentença penal irrecorrível, ou seja, é de natureza
pessoal. Apesar da vedação cons tucional con da no art. 5º, XLIII da CF/88, quanto aos crimes
hediondos e equiparados, tal modalidade de clemência não mais é prevista em nenhum outro
disposi vo como ins tuto autônomo, vindo o art. 84, XII da CF/88 a mencionar como atribuição
do Presidente da República somente o induto.
Devido às suas caracterís cas, a anis a é tratada como modalidade de induto
individual, sendo que o próprio condenado pode pe cionar a sua concessão em forma de
indulto individual, nos termos do art. 188 da Lei de Execuções Penais, bem como também
podem pe cionar o Ministério Público, o Conselho Penitenciário ou a autoridade administra va
carcerária.

A polêmica em torno do induto

O indulto é a terceira modalidade de indulgência, também concedida pelo 5


8
Presidente da República através de decreto, nos termos do art. 84, XII da CF/88. O induto pode
7-

ser total (causando a ex nção da punibilidade), como também parcial (comutação de pena),
53

que tem a finalidade de diminuir a pena a ser cumprida.


132
3.

Há divergência na doutrina sobre a cons tucionalidade do art. 2º, I da Lei nº 8.072/90,


33

quanto à vedação do indulto para crimes hediondos e equiparados, já que a Cons tuição
4.

Federal não o teria mencionado no art. 5º, XLIII. Mas a jurisprudência é pacífica no sen do da
12

cons tucionalidade do disposi vo, já que o indulto, por suas caracterís cas, é nada mais do
que a graça cole va, guardando os mesmos requisitos para a concessão e os mesmos efeitos
desta. Nesse sen do: STF HC 90.364/MG de 2007; STF HC 81.565/SC de 2002; STJ HC
167.825/MS de 2012.
É importante ainda se registrar a polêmica que surgiu em decorrência da previsão
con da no art. 1º, §6º da Lei nº 9.455/97 (Lei de tortura), onde consta que “o crime de tortura é
inafiançável e insusce vel de graça ou anis a”. Como se percebe, comungando com a redação
do art. 5º, XLIII da CF/88, a Lei de tortura não mencionou também o indulto, o que levou parte da
doutrina a entender que seria possível a concessão dessa modalidade de clemência para os
agentes condenados por tortura, a despeito da vedação con da no art. 2º, I da lei de crimes
hediondos⁸⁸.
Mas a jurisprudência também se pronunciou sobre o tema, sendo que o STF julgou ser
incons tucional a concessão de indulto aos crimes hediondos e equiparados, conforme se
extrai da ADI 2.795 - MC/DF, julgada em 2003.

⁸⁸ LIMA, 2015, p.62.


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EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO FEDERAL.


INDULTO. LIMITES. CONDENADOS PELOS CRIMES PREVISTOS NO INCISO XLIII DO ARTIGO
5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME.
REFERENDO DE MEDIDA LIMINAR DEFERIDA. (...) 2. Revela-se incons tucional a
possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes hediondos,
de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
independentemente do lapso temporal da condenação. Interpretação conforme a
Cons tuição dada ao § 2º do ar go 7º do Decreto 4495/02 para fixar os limites de sua
aplicação, assegurando-se legi midade à indulgencia principis. Referendada a cautelar
deferida pelo Ministro Vice-Presidente no período de férias forenses.

Ainda há a discursão sobre o chamado indulto humanitário, o qual seria aplicado a


determinadas pessoas tendo em vista o padecimento das mesmas por deficiência sica grave ou que
estejam em estado de saúde debilitada. É decorrente do princípio da humanidade, onde “até mesmo
condenados por crimes de especial gravidade têm o direito de padecer seu estado doen o em sossego
ou de preparar-se para a morte com dignidade, notadamente nas hipóteses em que os cuidados 5
8
médicos não possam ser prestados no próprio estabelecimento penal” (LIMA, 2015, p. 63)⁸⁹.
7-

Por fim, apesar do entendimento doutrinário, há julgado da 2ª Turma do STF no sen do


53

da impossibilidade de concessão de indulto humanitário a réu condenado por crime de tráfico 133
3.

drogas (STF HC 118.213/SP de 2014).


33
4.

1.10. Regime prisional (art. 1º, §7º da Lei nº 9.455/97)


12

Art. 1º (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Apesar da previsão con da neste disposi vo, este tem gerado certa polêmica quanto à sua
aplicabilidade, principalmente devido à declaração de incons tucionalidade pelo STF do §1º do art. 2º da
Lei nº 8.072/90⁹⁰, o qual traz semelhante redação. A declaração de incons tucionalidade foi realizada
nos autos do HC 111.840/ES – 2012, conforme excerto a seguir:

EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime pra cado durante a vigência
da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do
regime inicial fechado. Declaração incidental de incons tucionalidade do § 1º do art. 2º da
Lei nº 8.072/90. Ofensa à garan a cons tucional da individualização da pena (inciso
XLVI do art. 5º da CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59).

⁸⁹ No mesmo sen do OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Regimes cons tucionais de liberdade provisória. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2007. p. 99.
⁹⁰ “Art. 2º (...) § 1º A pena por crime previsto neste ar go será cumprida inicialmente em regime fechado.”
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Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de


cumprimento da pena priva va de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o
delito foi pra cado em 10/10/09, já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual ins tuiu a
obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos crimes hediondos e
assemelhados. 2. Se a Cons tuição Federal menciona que a lei regulará a
individualização da pena, é natural que ela exista. Do mesmo modo, os critérios para a
fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garan as
cons tucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime
imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou equiparado. 3. Na situação em
análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6) anos de reclusão,
ostenta circunstâncias subje vas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º,
alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais circunstâncias não elidem a possibilidade de o
magistrado, em eventual apreciação das condições subje vas desfavoráveis, vir a
estabelecer regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de elementos
concretos e individualizados, aptos a demonstrar a necessidade de maior rigor da
medida priva va de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o art. 59,
do Código Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do §
5
1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual
8
determina que “[a] pena por crime previsto neste ar go será cumprida inicialmente em
7-

regime fechado“. Declaração incidental de incons tucionalidade, com efeito ex nunc, da


53

obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento de pena


decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. (DJe-249 DIVULG 16-12- 134
3.

2013 PUBLIC 17-12-2013).


33
4.

Assim como ocorreu com o julgamento do célebre HC 82.959/SP – 2006, onde o STF
12

declarou a incons tucionalidade da redação original do §1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, o qual previa
que a pena do condenado por crime hediondo ou equiparado deveria ser cumprida em regime
integralmente fechado, a Suprema Corte u lizou como fundamento a ofensa ao princípio
cons tucional da individualização da pena (art. 5º, XLVI da CF/88), alegando que caberia ao Juiz,
na análise do caso concreto, verificar o regime inicial de cumprimento da pena, nos termos do
que dispõe o art. 33, § 2º, alínea b do CP.
Há inclusive as Súmulas 718 e 719 do STF sobre o tema, apresentado o seguinte teor:

SÚMULA 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não cons tui
mo vação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permi do segundo a
pena aplicada.
SÚMULA 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permi r exige mo vação idônea.

Ocorre que, especificamente quanto à tortura, há decisão do Ministro Marco Aurélio de


Melo (HC 123.316/SE - 2015) que considerou legí mo o regime inicial fechado no caso da Lei nº
9.455/97. No entanto é uma decisão isolada e não observada pelo STJ.
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1.11. Progressão de regime para condenados pelo crime de tortura

Tendo em vista que o crime de tortura se trata de crime equiparado a hediondo, as


regras quanto à progressão de regime para os condenados por este delito passam a ser
regidas pelo art. 2º da Lei nº 8.072/90.
Devido à declaração de incons tucionalidade do regime integralmente fechado para
condenados por crime hediondo ou equiparado, conforme julgamento do HC 82.959/SP, a Lei nº
11.464/07 trouxe novas regras para a progressão de regime no caso de crimes hediondos e
equiparados. É que se observa da redação do §2º do art. 2º da lei: “Art. 2º (...) § 2º A progressão de
regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste ar go, dar-se-á após o cumprimento
de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.”.
Sendo assim, há condições diferenciadas para que o condenado por crime hediondo ou
equiparado tenha o direito à progressão de regime, conforme seja reincidente ou não. E aqui há
de se fazer uma observação importante, pois a reincidência neste caso há de ser a reincidência5
8
genérica do art. 63 do CP, e não a reincidência específica.
7-

Sendo assim, basta que o condenado já tenha sido condenado anteriormente, por sentença
53

condenatória transitada em julgado, pela prá ca de qualquer outro crime, não sendo necessário que 135
3.

tenha sido por crime hediondo especificamente, já que a lei quando deseja discriminar, o faz
33

expressamente, conforme se observa da previsão do art. 44, §3º do CP⁹¹ e art. 83, V do CP⁹².
4.

1.12. Prazo diferenciado da prisão temporária no caso de crimes de tortura


12

O Art. 2º, §4º da Lei nº 8.072/90 traz um prazo especial para a prisão temporária em
caso de crimes hediondos e equiparados. A tortura, embora não previstas na Lei nº 7.960/89, é
passível de prisão temporária, pois esta possibilidade se extrai da própria redação do §4º, Art.
2º da lei de crimes hediondos, in verbis:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e


drogas afins e o terrorismo são insusce veis de: (...) §4º A prisão temporária, sobre a
qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste
ar go, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)”.

Sendo assim, a lei de crimes hediondos não somente alargou o prazo da prisão

⁹¹ “Art. 44 (...) § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a subs tuição, desde que, em face de condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prá ca do mesmo
crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
⁹² “Art. 83 (...) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prá ca da tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.”
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temporária nestes casos, mas também aumentou as hipóteses de cabimento, passando os crimes
previstos no art. 1º, I, II e §1º da Lei nº 9.455/97 a serem susce veis de prisão temporária.

1.13. Hipótese de extraterritorialidade do art. 2º da Lei nº 9.455/97

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido come do
em território nacional, sendo a ví ma brasileira ou encontrando-se o agente em local
sob jurisdição brasileira.

Trata-se de uma previsão especial de extraterritorialidade. O disposi vo parece prever


duas modalidades de extraterritorialidade, uma incondicionada e outra condicionada, além das
já prevista no art. 7º, I e II do Código Penal. Diz-se incondicionada a prevista na primeira parte do
ar go, porque não traz nenhuma condição especial para que a lei brasileira alcance fatos ocorridos
fora do território nacional, bastando que o fato tenha sido pra cado contra brasileiro.
Já a parte final traz uma condição, qual seja a de que, embora não seja necessariamente
5
8
pra cado contra brasileiro, o agente esteja em lugar sob a jurisdição brasileira, v.g., em embaixadas
7-

brasileiras, a bordo de aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada.


53

136
3.

1.14. Revogação expressa do art. 223 do Estatuto da Criança e do adolescente


33
4.

Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
12

tortura: Pena - reclusão de um a cinco anos. (REVOGADO).

Este disposi vo tratava da primeira previsão da tortura em um po penal incriminado no


Brasil. Havia muitas polêmicas quanto à sua aplicação, já que não informava as condutas que
seriam consideradas “tortura” para efeito criminal, mas como dito no início deste trabalho, a
jurisprudência do STF admi a a sua aplicação, com base na amplitude conceitual de “tortura”
constante dos tratados internacionais ra ficados pelo Brasil, conforme HC 70.3899/SP - 1994.
O art. 4º da Lei nº 9.455/97 cuidou de revogar o referido crime do ECA, tratando a
hipótese com tortura majorada, nos termos do art. 1º, §4º, III da presente Lei.

1.15. Tortura pra cada por militares e Lei nº 13.491/2017

O crime de tortura previsto na Lei nº 9.455/97, em todas as suas modalidades, assim


como outros crimes previstos em legislações especiais criminais⁹³, até pouco tempo atrás, caso
viesse a ser pra cado por militar, mesmo que em serviço, era considerado crime comum, e não

⁹³ Ex.: abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65); tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/06); porte e posse ilegal de arma de fogo
e disparo de arma de fogo (art. 12, 14 e 16 da Lei nº 10.826/03); corrupção de menor (art. 244-B do ECA), dentre outros.
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militar, pois a an ga redação do art. 9º, II do CPM não permi a que a natureza militar se estendesse
a tais figuras picas previstas em legislações extravagantes, já que exigia para se considerar militar
que o crime fosse previsto no Código Penal Militar ou que, ainda que previsto no Código Penal
Militar, vesse também igual definição na legislação penal comum, nos seguintes termos: “Art. 9º
Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) II - os crimes previstos neste Código,
embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando pra cados: (...)” –
REDAÇÃO REVOGADA.
Assim, crimes previstos fora do Código Penal Militar só seriam de natureza militar se suas
elementares guardassem certa correspondência com os previstos na legislação castrense, a
exemplo do Homicídio – art. 121 do CP, o qual guarda semelhante definição no art. 205 do CPM e
da lesão corporal leve – art. 129 do CP, o qual guarda igual definição no art. 209 do CPM.
Com isso, crimes como, por exemplo, abuso de autoridade, tortura, tráfico de drogas,
organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, dentre outros, caso fossem
come dos por militares, mesmo que em serviço, seriam de competência da jus ça comum.
8 5
Ocorre que no dia 16 de outubro de 2017 foi publicada a Lei nº 13.491/2017 que, dentre
7-

outras modificações relevantes, alterou a redação do art. 9º, II do CPM, passando a dispor que:
53

“Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) II – os crimes previstos neste 137
3.

Código e os previstos na legislação penal, quando pra cados: (Redação dada pela Lei nº
33

13.491, de 2017) (...)”.


4.

Sendo assim, como se percebe da leitura do texto da lei, a nova legislação acabou por
12

ampliar consideravelmente a competência da Jus ça Militar, tanto da União, como Estadual, ao


dar nova definição de crime militar, ampliando as hipóteses para abarcar os crimes previsto
inclusive na legislação penal extravagante, além dos já naturalmente previstos no Código Penal
Militar, independentemente de sua definição.
Os únicos crimes que não foram alcançados pela ampliação de competência foram os
crimes dolosos contra a vida, quando pra cados por militar contra civil, dentre eles o homicídio
(art. 121 do CP), por força do §1º do mesmo art. 9º do CPM, ao dispor que “Art. 9º (...) §1º Os
crimes de que trata este ar go, quando dolosos contra a vida e come dos por militares contra
civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)”
Perceba que este disposi vo do §1º do art. 9º também foi incluído pela nova Lei nº
13.491/17, pois antes a norma nele inscrita era prevista no an go Parágrafo único do art. 9º, o qual
previa que: “Art. 9º (...) Parágrafo único. Os crimes de que trata este ar go quando dolosos
contra a vida e come dos contra civil serão da competência da jus ça comum, salvo quando
pra cados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de
dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáu ca.” – REVOGADO.
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A nova lei revogou o an go Parágrafo único do art. 9ºdo CPM justamente para fazer a
modificação que tratava da essência da nova legislação, qual seja, re rar da competência da
jus ça comum os crimes dolosos contra a vida pra cados por militares da União contra civis, em
situações específicas, sendo que também inseriu um §2º no art. 9º do CPM, o qual ficou redigido
do seguinte modo:

Art. 9º (...) § 2º Os crimes de que trata este ar go, quando dolosos contra a vida e
come dos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Jus ça
Militar da União, se pra cados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) I – do
cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) II – de ação
que envolva a segurança de ins tuição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) III – de a vidade de natureza
militar, de operação de paz, de garan a da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária,
realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Cons tuição Federal e na
forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) a) Lei no
5
7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáu ca; (Incluída pela Lei
8
nº 13.491, de 2017) b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei
7-

nº 13.491, de 2017) c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de


53

Processo Penal Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) d) Lei no 4.737, de 15 de
julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) 138
3.
33

Porém, apesar de ficar clara a intenção do legislador quanto a tal modificação para
4.

abranger apenas os militares da União e em circunstâncias específicas, acabou por modificar


12

também a redação do art. 9º, II do CPM que, apesar de singela, ampliou demasiadamente a
competência da Jus ça Militar dos Estados para julgar os crimes pra cados também por
militares estaduais (Policiais Militares e Corpo de Bombeiros Militares).
Ocorre que ao se analisar o processo legisla vo que culminou na edição da lei nº
13.491/17, se verifica que a matéria da ampliação demasiada da competência da Jus ça Militar,
em especial quanto à modificação do art. 9º, II do CPM, não foi tratada e discu da de forma
adequada nas duas Casas Legisla vas do Congresso Nacional, como diz Rodrigo Foureaux:

(...) Portanto, deve a discussão acerca da cons tucionalidade da lei referir se à ausência de
conhecimento dos parlamentares que a aprovaram, no sen do de que estavam
ampliando demasiadamente a competência da Jus ça Militar. Conforme demonstrado,
em nenhum momento houve discussão acerca da ampliação da competência, tendo
todos os debates girados em torno da competência da Jus ça Militar da União para
processar e julgar os militares das Forças Armadas nas situações previstas no § 2º do
art. 9º, do Código Penal Militar. O responsável pela redação atual do inciso II do art. 9º do
Código Penal Militar realizou a alteração em absoluto silêncio, sem provocar o debate. (...)⁹⁴

⁹⁴ Rodrigo Foureaux. A Lei 13.491/17 e a ampliação da competência da Jus ça Militar. Disponível em: <h p://meusitejuridico.com.br/
2017/10/19/lei-13-49117-e-ampliacao-da-competencia-da-jus ca-militar/> Acesso em 15/05/2018, às 19h28min.
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Tendo em vista a possível incons tucionalidade da nova lei, foi interposta no STF pela
Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) a ADI nº 5.804, a qual buscar provocar
a Suprema Corte a se pronunciar sobre a demasiada ampliação de competência, pois a
tradição do STF foi sempre o de restringir a competência da Jus ça Militar. Tal ação está
pendente de julgamento, e tem como relator o Ministro Gilmar Mendes, o qual reconheceu a
relevância cons tucional da matéria, submetendo-a ao plenário.
Quanto a ampliação de competência da Jus ça Militar da União para julgar militares
das forças armas pela prá ca de crimes dolosos contra a vida de civis, nos termos do novo §2º
do art. 9º, inserido pela nova lei, foi interposta pelo Par do Socialismo e Liberdade (PSOL) a ADI
nº 5901, a qual ques ona tal matéria, buscando a declaração de incons tucionalidade das
alterações legisla vas em comento.
Pois bem, mas enquanto tais ações de incons tucionalidade não são analisadas pelo STF,
há de se considerar a validade, vigência e eficácia das alterações ocorridas na legislação penal
militar através da Lei nº 13.491/17, com a ampliação demasiada da competência da jus ça
8 5
castrense para processar e julgar os crimes pra cados por militares em serviço, inclusive contra
7-

civis (Art.9º, II, “c” do CPM), mesmo que tais crimes não sejam previstos no Código Penal Militar ou,
53

se previstos na legislação penal comum, não guardem igual definição naquele Código. 139
3.

Com isso, em relação especificamente ao crime de tortura previsto na Lei nº 9.455/97,


33

caso o mesmo venha a ser pra cado por militar (Federal ou Estadual), contra civil em serviço, a
4.

competência para processar e julgar tal conduta será da Jus ça Militar (Estadual ou da União,
12

conforme o caso), e não mais da Jus ça Comum (Federal ou Estatual), já que pela nova lei tal
crime passa a ser considerado militar se come do nas circunstâncias narradas acima.
Quanto à providência policial a ser adotada, de acordo com a sistemá ca adotada pelo
Código de Processo Penal Militar, em especial o que prevê o seu art. 8º, “a”⁹⁵, o fato deverá ser
apurado em sede de inquérito policial militar (art. 9º do CPPM⁹⁶). Se es verem presentes
quaisquer das circunstâncias caracterizados da situação de flagrante delito (art. 302 do CPP ou
art. 244 do CPPM⁹⁷), e se o conduzido for apresentado ao comandante militar respec vo ou ao
oficial de dia, este deverá proceder à lavratura do auto de prisão em flagrante, nos termos do
que dispõe o art. 245 do CPPM⁹⁸.

⁹⁵ “Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à
jurisdição militar, e sua autoria; (...)”
⁹⁶ “Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua
autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura
da ação penal. (...)”
⁹⁷ “Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que: a) está cometendo o crime; b) acaba de cometê-lo; c) é perseguido
logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu autor; d) é encontrado, logo depois, com instrumentos,
objetos, material ou papéis que façam presumir a sua par cipação no fato delituoso. (...)”
⁹⁸ “Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente,
ou à autoridade judiciária, será, por qualquer deles, ouvido o condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como
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No entanto, há de se registrar que por força de disposição con da na própria legislação


castrense, é possível a lavratura do auto de prisão em flagrante por autoridade policial civil, se o
conduzido for a esta apresentado, mas desde que o crime militar não tenha sido pra cado em
lugar sujeito à administração militar e não haja autoridade militar competente no lugar dos
fatos, ou no lugar mais próximo, conforme se extrai da redação do art. 250 do CPPM, nos
seguintes termos:

Art. 250. Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à
administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela
autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão.

Mas há de se observar que se porventura o auto de prisão em flagrante por crime


militar seja lavrado por autoridade policial civil, esta deverá tomar todas as cautelas para
realizar o procedimento à luz do Código de Processo Penal Militar, observando fielmente as
normas do art. 243 a 253 do CPPM, e não do Código de Processo Penal Comum, já que o crime é 5
8
de natureza militar.
7-

Se o crime for de menor potencial ofensivo, nos termos definidos no art. 60 e 61 da Lei
53

nº 9.099/95⁹⁹, este deverá também ser considerado de natureza militar, se come do nas 140
3.

circunstancias descritas no art. 9º, II, “c” do CPM¹⁰⁰, sendo de competência da Jus ça Militar.
33

Neste caso não se aplicam as disposições con das na Lei nº 9.099/95, tendo em vista o óbice
4.

constante no art. 90-A dessa lei, nos seguintes termos: “Art. 90-A. As disposições desta Lei não
12

se aplicam no âmbito da Jus ça Militar. (Ar go incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)”.
Sendo assim, em tese, não é cabível a lavratura de Termo Circunstanciado previsto no
art. 69 da Lei nº 9.099/95¹⁰¹ para crimes militares, sendo que o fato deverá ser inves gado em
inquérito policial militar, bem como ser lavrado o respec vo auto de prisão em flagrante.

inquirido o indiciado sobre a imputação que lhe é feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que o fato aconteceu,
lavrando-se de tudo auto, que será por todos assinado.
⁹⁹ “Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e con nência.
(Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) (...)Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)”
¹⁰⁰ “Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...)II – os crimes previstos neste Código e os previstos na
legislação penal, quando pra cados: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) (...) c) por militar em serviço ou atuando em
razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)”
¹⁰¹ “Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a ví ma, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado
ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência domés ca, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ví ma. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002))”
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Lembrando ainda que no âmbito da legislação penal militar não existe a figura da liberdade
provisória mediante fiança, devendo o inves gado permanecer preso.
No entanto, mesmo não sendo possível o arbitramento de fiança, há situações em que
é possível o autuado livra-se solto, conforme prevê o art. 270 do CPPM, nos seguintes termos:

Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não for
cominada pena priva va de liberdade. Parágrafo único. Poderá livrar-se solto: a) no
caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro I, Título I,
da Parte Especial, do Código Penal Militar; b) no caso de infração punida com pena de
detenção não superior a dois anos, salvo as previstas nos arts. 157, 160, 161, 162, 163,
164, 166, 173, 176, 177, 178, 187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal Militar.

Há também a possibilidade de o juiz conceder a chamada “menagem” ao militar, sendo


esta uma forma de liberdade restrita, onde o inves gado ou acusado não fica recolhido ao
cárcere, sendo obrigado, no entanto, a permanecer no lugar em que exerce suas a vidades, 5
8
conforme dispõe os arts. 263 e 264 do CPPM, nos seguintes termos:
7-
53

Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena
141
3.

priva va da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a


natureza do crime e os antecedentes do acusado.
33

Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando
4.

ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o es ver apurando, ou, atendido o seu posto
12

ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento ou sede de


órgão militar. A menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em lugar sujeito à
administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a conceder.

Ainda no tocante à aplicação da Lei nº 9.099/95 aos atos pra cados por militares, é
importante registrar que o Código Penal Militar se refere apenas aos “crimes”, não havendo
pificação de contravenção própria para militares ou mesmo menção sobre a possível aplicação
da legislação militar às contravenções penais comuns, previstas no Dec-Lei nº 3.688/41,
conforme se extrai da redação do art. 9º do CPM.
Ocorre que a Lei nº 9.099/05 ao dispor sobre as infrações penais de menor potencial
ofensivo, também abrangeu as contravenções penais existentes no ordenamento jurídico,
conforme se entende da redação do art. 61 dessa lei.
Portanto, tendo em vista que não há nada na legislação penal militar e nem mesmo na
Lei 9.099/95 que vede a aplicação desta às contravenções penais eventualmente pra cadas por
militares em serviço, há de se entender que é possível a aplicação das disposições da Lei dos
Juizados Especiais aos casos decorrentes da prá ca de contravenções penais por militares, caso
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contrário haveria verdadeira ofensa ao princípio da legalidade, já que as contravenções, em


tese, não estão sob a égide da legislação castrense, conforme se observa da redação do art. 6º
do CPPM:

Aplicação à Jus ça Militar Estadual


Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem
aplicáveis, salvo quanto à organização de Jus ça, aos recursos e à execução de
sentença, os processos da Jus ça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal
Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros,
Militares.

8 5
7-
53

142
3.
33
4.
12

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2. LEGISLAÇÃO APLICADA
- Cons tuição Federal de 1988:

Art. 5º (...) III - ninguém será subme do a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XLIII -
a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce veis de graça ou anis a a prá ca da tortura , o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omi rem;

- Lei nº 9.455/97 (Lei de Tortura):

Art. 1º Cons tui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento sico ou mental: a) com o fim de obter informação,
declaração ou confissão da ví ma ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de
natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob
sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 5
8
sofrimento sico ou mental, como forma de aplicar cas go pessoal ou medida de caráter
7-

preven vo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete
53

pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento sico ou mental, por intermédio da 143
3.

prá ca de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. § 2º Aquele que se omite
33

em face dessas condutas, quando nha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
4.

detenção de um a quatro anos. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a


12

pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é come do por agente público; II
– se o crime é come do contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) III - se o crime é come do
mediante seqüestro. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. § 6º O crime de
tortura é inafiançável e insusce vel de graça ou anis a. § 7º O condenado por crime previsto
nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido come do em território
nacional, sendo a ví ma brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

- Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos):

Art. 2º Os crimes hediondos, a prá ca da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas


afins e o terrorismo são insusce veis de: (Vide Súmula Vinculante) I - anis a, graça e indulto; II -
fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 1o A pena por crime previsto neste ar go
será cumprida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 2o
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A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste ar go, dar-se-á
após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 3o Em caso de sentença
condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei
no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste ar go, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
(Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)

- Decreto-Lei nº 2.848/40 (Código Penal):

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não cons tuem ou qualificam
o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - ter o agente come do o crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) d) com emprego de veneno, fogo, explosivo,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; (...) 5
8
(...)
7-

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena priva va de


53

liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 144
3.

11.7.1984) (...) V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
33

hediondo, prá ca de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
4.

terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído
12

pela Lei nº 13.344, de 2016) (...)


(...)
Art. 121. Matar alguém: (...) § 2° Se o homicídio é come do: (...) III - com emprego de veneno,
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum; (...) Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

- Decreto-Lei nº 3.689/41 (Código de Processo Penal)

Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (...) II - nos
crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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3. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
- A perda do cargo ou função pública decorrente da prá ca do crime de tortura não exige
mo vação na sentença condenatória, sendo um efeito ex lege da condenação. STF, 2ª Turma,
AI 769637 MG – 2013. STJ, 6ª Turma, HC 47.846/MG – 2009. STJ, 5ª Turma, HC 106.995/MS –
2009. (ver item 1.8):

EMENTA. CRIME DE TORTURA – CONDENAÇÃO PENAL IMPOSTA A OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR


– PERDA DO POSTO E DA PATENTE COMO CONSEQUÊNCIA NATURAL DESSA CONDENAÇÃO (LEI
Nº 9.455/97, ART. 1º, § 5º)–INAPLICABILIDADE DA REGRA INSCRITA NO ART. 125, § 4º, DA
CONSTITUIÇÃO, PELO FATO DE O CRIME DE TORTURA NÃO SE QUALIFICAR COMO DELITO
MILITAR. PRECEDENTES SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INOCORRÊNCIA DE
CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU OMISSÃO PRETENSÃO RECURSAL QUE VISA, NA REALIDADE,
A UM NOVO JULGAMENTO DA CAUSA – CARÁTER INFRINGENTE – INADMISSIBILIDADE –
PRONTO CUMPRIMENTO DO JULGADO DESTA SUPREMA CORTE, INDEPENDENTEMENTE DA 5
8
PUBLICAÇÃO DO RESPECTIVO ACÓRDÃO, PARA EFEITO DE IMEDIATA EXECUÇÃO DAS DECISÕES
7-

EMANADAS DO TRIBUNAL LOCAL –POSSIBILIDADE – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO


53

CONHECIDOS. TORTURA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM – PERDA DO CARGO COMO 145


3.

EFEITO AUTOMÁTICO E NECESSÁRIO DA CONDENAÇÃO PENAL. (...) (STF - AI: 769637 MG,
33

Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 25/06/2013, Segunda Turma, Data de
4.

Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 15-10-2013 PUBLIC 16-10-2013).


12

HABEAS CORPUS. CRIMES DE TORTURA (OMISSÃO CRIMINOSA). PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA.


NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO PROBATÓRIO. INCOMPATIBILIDADE COM A
VIA ELEITA. PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA. EFEITO AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO. (STJ - HC:
47846 MG 2005/0152337-2, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento:
11/12/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/02/2010).

PENAL. HABEAS CORPUS. LEI Nº 9.455/97. PERDA DO CARGO PÚBLICO. EFEITO AUTOMÁTICO E
OBRIGATÓRIO DA CONDENAÇÃO. DESNECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. A Lei nº
9.455/97, em seu art. 1º, § 5º, evidencia que a perda do cargo público é efeito automá co e
obrigatório da condenação pela prá ca do crime de tortura, sendo desnecessária
fundamentação específica para tal (Precedentes do STF e desta Corte). Habeas corpus
denegado. (STJ - HC: 106995 MS 2008/0111111-1, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de
Julgamento: 03/02/2009, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: 20090323 --> DJe
23/03/2009)

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- Aplica-se a perda automá ca do cargo ou da função pública (art. 1º, §5º da Lei nº 9.455/97)
ao condenado pelo crime de tortura omissão (ou tortura imprópria), prevista no art. 1º, §2º da
Lei nº 9.455/97. STJ HC 47.846/MG – 2009. (ver item 1.5.4):

CRIME. TORTURA. PERDA. CARGO. O paciente, na condição de policial militar, teria sido omisso ao
não impedir que os outros milicianos pra cassem, nas dependências do batalhão policial, tortura
contra duas pessoas, sendo que uma delas veio a falecer em razões das agressões sofridas. Foi
condenado como incurso nas penas do art. 1º, § 2º, da Lei n. 9.455/1997. Sustenta a defesa que o
paciente não teve conhecimento do fato delituoso, não estando sequer presente quando das
agressões, ficando clara a equivalência ou paridade entre a situação dos acusados absolvidos e a dele.
Mas o Min. Og Fernandes, Relator, entende que a pretensão não merece guarida uma vez que a
imputação recaída sobre o paciente – de ter-se omi do em face do come mento de prá ca de tortura
– encontra amparo no decidido pelas instâncias ordinárias, que se lastreiam no conjunto probatório.
Também porque, na condição de policial militar, o paciente nha o dever legal de evitar a prá ca de
5
crime ocorrido nas dependências do estabelecimento em que trabalhava. Há de se acrescer ainda o
8
relato das testemunhas, segundo as quais os pedidos de socorro eram ouvidos de suas casas. Assim,
7-

fica afastada a alegação de que, por estar junto ao portão de entrada do prédio, não haveria meios de
53

ter ciência das violências perpetradas. Finalmente, o pedido demanda revolvimento do conjunto 146
3.

fá co probatório, providência incompa vel com a via eleita. Quanto à pretensão de afastar as penas
33

acessórias da perda do cargo e impedimento de exercer outra função pública pelo período de dois
4.

anos, destacou o Min. Relator que a jurisprudência consolidada neste Superior Tribunal é que, nos
12

crimes de tortura, a perda do cargo é efeito automá co e obrigatório da condenação. Assim, não
haveria sequer a necessidade de fundamentar a medida. Dessa forma, a Turma, ao prosseguir o
julgamento, por maioria, denegou a ordem, vencidos os Ministros Celso Limongi e Nilson Naves, que a
concediam. Precedentes citados do STF: HC 92.181-MG, DJe 1º/8/2008; do STJ: HC 40.861-MG, DJ
2/5/2005; HC 97.195-SP, DJe 19/10/2009; HC 95.335-DF, DJe 4/8/2008; HC 106.995-MS, DJe
23/3/2009; REsp 799.468-AP, DJ 9/4/2007, e HC 92.247-DF, DJ 7/2/2008. HC 47.846-MG, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 11/12/2009.

- É incons tucional a concessão de induto a condenado por crime de tortura, apesar de o art. 1º, §6º
da Lei nº 9.455/97 não versar sobre a vedação desse bene cio. STF, Pleno, ADI 2.795 - MC/DF - 2003.

EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO FEDERAL. INDULTO. LIMITES.


CONDENADOS PELOS CRIMES PREVISTOS NO INCISO XLIII DO ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONFORME. REFERENDO DE MEDIDA LIMINAR
DEFERIDA. (...) 2. Revela-se incons tucional a possibilidade de que o indulto seja concedido
aos condenados por crimes hediondos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, independentemente do lapso temporal da condenação.
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Interpretação conforme a Cons tuição dada ao § 2º do ar go 7º do Decreto 4495/02 para fixar


os limites de sua aplicação, assegurando-se legi midade à indulgencia principis. Referendada a
cautelar deferida pelo Ministro Vice-Presidente no período de férias forenses.

- Segundo a jurisprudência é possível que o condenado por crime de tortura inicie o


cumprimento da pena em regime diverso do fechado, apesar do teor do art. 1º, §7º da Lei nº
9.455/97. STF, Pleno, HC 111.840/ES – 2012. (ver item 1.10):

EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime pra cado durante a vigência da
Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de imposição do regime
inicial fechado. Declaração incidental de incons tucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº
8.072/90. Ofensa à garan a cons tucional da individualização da pena (inciso XLVI do art. 5º da
CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art. 59). Possibilidade de fixação, no caso
em exame, do regime semiaberto para o início de cumprimento da pena priva va de liberdade.
Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito foi pra cado em 10/10/09, já na vigência da Lei nº
5
11.464/07, a qual ins tuiu a obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos
8
7-

crimes hediondos e assemelhados. 2. Se a Cons tuição Federal menciona que a lei regulará a
53

individualização da pena, é natural que ela exista. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do
147
3.

regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garan as cons tucionais, sendo necessário
33

exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou
equiparado. 3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6)
4.
12

anos de reclusão, ostenta circunstâncias subje vas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, §
2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais circunstâncias não elidem a possibilidade de o
magistrado, em eventual apreciação das condições subje vas desfavoráveis, vir a estabelecer
regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de elementos concretos e
individualizados, aptos a demonstrar a necessidade de maior rigor da medida priva va de
liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33, c/c o art. 59, do Código Penal. 5. Ordem
concedida tão somente para remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a
redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por crime previsto neste ar go
será cumprida inicialmente em regime fechado“. Declaração incidental de incons tucionalidade,
com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento
de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. (DJe-249 DIVULG 16-12-
2013 PUBLIC 17-12-2013).

Há também as súmulas 718 e 719 sobre o tema:

SÚMULA Nº 718 do STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não cons tui
mo vação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permi do segundo a pena aplicada.

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SÚMULA Nº 719 do STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permi r exige mo vação idônea.

MAS ATENÇÃO! Apesar do entendimento majoritário do STF sobre a questão, há julgado


isolado e em caso concreto do Ministro Marco Aurélio de Melo, onde considerou legí mo o
regime inicialmente fechado. Porém não é a posição predominante na Corte, conforme visto
acima. Trata-se do julgamento do HC 123.316/SE – 2015.

8 5
7-
53

148
3.
33
4.
12

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4. CADERNO DE QUESTÕES
OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta va de resolução das questões sem consulta.

1. (2018 - CESPE – PC/MA – DELEGADO) De Nacional está atuando legalmente em


acordo com as disposições legais referentes Salvador. O civil “X”, irmão de um Policial
aos crimes hediondos: Militar do Estado de São Paulo que integra a
Força Nacional, residente na referida cidade,
a) o agente do crime de sequestro relâmpago se envolveu em acidente de trânsito sem
qualificado com o resultado morte está sujeito ví mas, ao abalroar o veículo do condutor
a prisão temporária, por ser tal crime “Y”. Após se iden ficar como irmão do Militar
considerado hediondo. do Estado integrante da Força Nacional, foi
b) a prá ca não consumada, ou seja, tentada, do violentamente agredido por “Y”, que
crime afasta o caráter hediondo do po penal. confessou ter assim agido apenas por saber
c) cumpridos os requisitos legais, será cabível a dessa condição. As agressões provocaram
subs tuição da pena priva va de liberdade por lesões corporais gravíssimas no civil “X”.
pena restri va de direitos. Diante do exposto, é correto afirmar que o
crime pra cado por “Y”:
d) é cabível ao magistrado classificar como 5
hediondo um crime em razão de sua gravidade
8
a) não é considerado hediondo, pois a legislação
7-

ou forma de execução. contempla apenas o crime de homicídio


53

e) a liberdade provisória, em crimes dessa doloso perpetrado contra o Militar do Estado.


natureza, é direito subje vo do autor, 149
3.

b) é considerado hediondo, apenas por se tratar


condicionado ao pagamento de fiança.
33

de uma lesão corporal dolosa de natureza


gravíssima, independentemente da condição
2. (2018 – NUCEPE – PC/PI – DELEGADO) Acerca
4.

da eventual ví ma.
dos Crimes hediondos, marque a alterna va
12

CORRETA. c) não é considerado hediondo, pois a legislação


não contempla lesão corporal dolosa de
a) São considerados hediondos o Infan cídio e o natureza gravíssima como crime hediondo.
Estupro.
d) é considerado hediondo, pois o civil “X” foi
b) A tenta va de homicídio simples ou de ví ma de lesão corporal dolosa de natureza
homicídio qualificado cons tuem-se crimes gravíssima apenas por ser irmão de Militar do
hediondos. Estado em razão de sua função.
c) É possível a liberdade provisória aos autores de e) somente seria considerado hediondo se o
crimes hediondos e equiparados. crime de lesão corporal dolosa de natureza
d) Dependendo da gravidade do crime, é cabível gravíssima fosse perpetrado contra o próprio
ao juiz classificar o crime como hediondo. Militar do Estado em razão de sua função.
e) Tratando-se de crime hediondo ou equiparado, 4. (2018 – UEG – PCGO – DELEGADO DE POLÍCIA)
o condenado por crime de tortura, em Preenchidos os requisitos legais para
qualquer modalidade, deverá iniciar o concessão da benesse, é possível aplicar ao
cumprimento da pena em regime fechado. crime de lesão corporal de natureza leve
3. (2018 – VUNESP – PC/BA – DELEGADO) pra cado em situação de violência domés ca
Considere o seguinte caso hipoté co. A Força e familiar contra a mulher a:

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a) transação penal. prejuízo daqueles previstos no Código de


b) suspensão condicional da pena. Processo Penal, EXCETO:

c) suspensão condicional do processo. a) colher nome e idade dos dependentes e


d) absolvição, com base no princípio da encaminhá-los a uma Casa de Abrigo;
insignificância. b) ouvir a ofendida, lavrar o bole m de ocorrência e
e) subs tuição da pena priva va de liberdade por tomar a representação a termo, se apresentada;
restri va de direitos. c) colher todas as provas que servirem para o
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
5. (2018 – VUNESP – PC/SP – DELEGADO DE
POLÍCIA) Nos termos da Lei no 11.340/2006 d) remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
(Lei Maria da Penha): horas, expediente apartado ao juiz com o
pedido da ofendida, para a concessão de
a) a mulher ví ma será inquirida sempre com medidas prote vas de urgência;
intermediação de profissional do sexo feminino e) determinar que se proceda ao exame de corpo
especializado em violência domés ca e familiar de delito da ofendida e requisitar outros
designado pela autoridade judiciária ou policial. exames periciais necessários, ouvir o agressor
b) é direito da mulher em situação de violência
8 5
e as testemunhas.
domés ca e familiar o atendimento pericial
7-

especializado, ininterrupto e prestado por 7. (2018 – FUNDATEC – PC/RS – DELEGADO DE


POLÍCIA) Assinale a alterna va correta a par r
53

servidores exclusivamente do sexo feminino.


do texto da Lei nº 11.340/2006, além dos 150
3.

c) é direito da mulher em situação de violência entendimentos que prevalecem na doutrina e


domés ca e familiar o atendimento policial e
33

na jurisprudência dos Tribunais Superiores.


pericial especializado, ininterrupto e prestado
4.

por servidores, preferencialmente do sexo a) Mari Orrana, 35 anos, chegou em casa e ficou
12

feminino e previamente capacitados. chocada ao perceber que o seu cônjuge,


d) é direito da mulher em situação de violência Crakeison, 32 anos, havia subtraído os
domés ca e familiar o atendimento policial eletrodomés cos pertencentes a ela,
especializado, ininterrupto e prestado por provavelmente, para entregar a algum
servidores exclusivamente do sexo feminino. traficante. No caso, é possível aplicar-se a regra
de imunidade absoluta, prevista no ar go 181,
e) a mulher ví ma será inquirida sempre com
inciso I, do Código Penal.
intermediação de profissional especializado
em violência domés ca e familiar designado b) Maríndia foi ví ma da contravenção penal de
pela autoridade judiciária ou policial. vias de fato, pra cada pelo namorado Lacaio.
Nessa hipótese, é possível aplicar penas
6. (2018 – NUCEPE – PC/PI – DELEGADO DE restri vas de direito ao caso, porque o ar go
POLÍCIA) A Lei nº 11.340/2006 cria mecanismos 44, inciso I, do Código Penal, ao tratar das
para coibir e prevenir a violência domés ca e penas restri vas de direito, disse não serem
familiar contra a mulher. São consideradas cabíveis tais penas aos crimes pra cados com
violência contra a mulher não só a sica, mas violência ou grave ameaça à pessoa. Portanto,
também, psicológica, moral e sexual. E em a proibição não deve ser estendida às
todos os casos de violência domés ca e familiar contravenções penais, sob pena de analogia in
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, malam partem.
deverá a autoridade policial adotar, de c) O Supremo Tribunal Federal afastou a aplicação
imediato, os seguintes procedimentos, sem do princípio da insignificância às infrações
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penais pra cadas contra a mulher, no âmbito


das relações domés cas, limitando-se a fazê-lo 9. (2018 – UEG – PC/GO – DELEGADO DE
sob o aspecto da insignificância própria, POLÍCIA) Na hipótese de um servidor público
mantendo a possibilidade de aplicação da ser condenado pelo crime de tortura
insignificância imprópria a tais casos. qualificada pelo resultado morte a uma pena
d e d o ze a n o s d e r e c l u s ã o, r e fe r i d a
d) A Lei Maria da Penha elevou à condição de
condenação acarretará a perda do cargo,
infração penal toda e qualquer forma de violência
função ou emprego público e a interdição
contra a mulher, no âmbito domés co ou da
para seu exercício por
família, independentemente de coabitação.
e) A regra de imunidade absoluta, prevista no a) cinco anos
ar go 181, inciso I, do Código Penal, não é b) dez anos
passível de ser estendida ao companheiro ou a
relações homoafe vas. c) doze anos
d) vinte e quatro anos
8. (2018- FUNDATEC – PC/RS – DELEGADO DE
e) trinta e seis anos
POLÍCIA) Em relação à Lei nº 11.340/2006,
assinale a alterna va INCORRETA. 10. (2018 – NUCEPE – PC/PI – DELEGADO DE
5
POLÍCIA) Após a Segunda Guerra Mundial,
8
a) É direito da mulher em situação de violência
7-

adotada e proclamada a Declaração Universal


domés ca e familiar o atendimento policial e
dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à
53

pericial especializado, ininterrupto e prestado


por servidores – preferencialmente do sexo
pessoa humana passam a ser protegidos 151
3.

mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e


feminino – previamente capacitados.
33

as tenta vas de pra car atos dessa natureza


b) Deverá a autoridade policial remeter, no prazo de são coibidos. Marque abaixo a alterna va
4.

48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado CORRETA quanto ao crime de tortura.


12

ao juiz com o pedido da ofendida, para a


concessão de medidas prote vas de urgência. a) O crime de tortura é inafiançável, embora
c ) S e rá a d o ta d o, p refe re n c i a l m e nte , o susce vel de graça ou anis a.
procedimento de coleta de depoimento b) Se o crime de tortura é come do contra maior
registrado em meio eletrônico ou magné co, de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em
devendo a degravação e a mídia integrar o de 1/3 (um terço) até à metade.
inquérito. c) Se o crime de tortura é come do por agente
d) Será observada, como diretriz, a realização de público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos até à metade.
âmbitos criminal, cível e administra vo, bem d) Não se cons tui crime de tortura o
como ques onamentos sobre a vida privada, constrangimento de alguém com o emprego
desde que em recinto especialmente de violência ou grave ameaça, causando-lhe
projetado para esse fim, o qual conterá os sofrimento sico, em razão de discriminação
equipamentos próprios e adequados à idade racial ou religiosa.
da mulher em situação de violência domés ca
e familiar ou testemunha e ao po e à e) Cons tui crime de tortura: constranger alguém
gravidade da violência sofrida. com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento sico ou mental com
e) Serão admi dos como meios de prova, os o obje vo de obter alguma informação,
laudos ou prontuários médicos fornecidos por declaração ou confissão.
hospitais e postos de saúde.
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4.1. COMENTÁRIOS considerada hedionda. Neste caso, mesmo o


crime sendo pra cado em face do cônjuge,
1. C companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau do agente de segurança pública,
Não há nenhum disposi vo na Lei nº 8.072/90
ainda sim será considerado hediondo, desde que
que vede a subs tuição da pena priva va de
seja em razão desta condição.
liberdade por restri va de direito. Basta que
estejam presentes os requisitos constantes do 4. B
art. 44, I do CP. Importante lembrar que O STF
ainda declarou a incons tucionalidade da Dos bene cios inscritos na questão, o único que
proibição de conversão em penas restri vas de seria possível atualmente no caso de crime de
direito: HC 97.256/RS-2010. A Resolução 05 de lesão corporal leve pra cada em situação de
2012 do Senado suspendeu a execução desse violência domés ca e familiar contra a mulher é a
trecho. suspensão condicional da pena, ou sursis (art. 77
do CP), já que não há qualquer vedação legal. No
2. C que se refere à transação penal e a suspensão
condicional do processo (arts. 76 e art. 89 da Lei nº
Trata-se de questão sensível, onde requer do 5
9.099/95, respec vamente), tendo em vista o teor
8
candidato o conhecimento da redação atualizada
do art. 41 da Lei nº 11.340/06, tais ins tutos não
7-

da Lei de Crimes Hediondos. Lembrando que pela


são possíveis de serem aplicados no âmbito de
53

redação original da Lei nº 8.072/90,


violência domés ca e familiar contra a mulher.
especialmente quanto ao seu Art. 2º, II, a 152
3.

Sobre o princípio da insignificância e a subs tuição


liberdade provisória (com fiança ou sem fiança)
33

da pena priva va de liberdade por restri va de


era peremptoriamente vedada. Ocorre que,
d i re i to, a j u r i s p r u d ê n c i a e nte n d e p e l a
4.

impulsionado por entendimentos


impossibilidade de aplicação de tais ins tutos no
12

jurisprudenciais da época, o legislador resolveu


âmbito da Lei Maria da Penha, em especial quanto
por bem editar a Lei nº 11.464/07 que, dentre
a infrações envolvendo violência ou grave ameaça
outras importantes alterações, modificou a
à pessoa. É o que se extrai, por exemplo, do
redação do art. 2º, II da lei, passando a vedar tão
enunciado das súmulas nº 588 e 589 do STJ.
somente a liberdade provisória mediante fiança,
sendo possível, portanto, que o juiz da análise do 5. C
caso concreto conceda a liberdade sem fiança.
A alterna va considerada correta trata da previsão
3. D con da no art. 10-A da Lei nº 11.340/06, o qual foi
introduzido no respec vo estatuto pela lei nº
A alterna va correta se refere à nova hipótese
13.505/17, além de outros direitos e garan as à
legal de crime hediondo inserida na Lei nº
mulher ví ma de violência domés ca e familiar.
8.072/90 pela Lei nº 13.142/2015, ao se criar o
inciso I-A no art. 1º do referido estatuto 6. A
repressivo, passando a dispor sobre chamada
lesão corporal funcional (art. 129, §12 do Código Conforme exigência do comando da questão, a
Penal). No entanto, há de se ter cuidado com a única alterna va considerada incorreta é a “A”,
questão, já que somente a lesão corporal de pois não está em consonância com nenhuma das
natureza gravíssima (art. 129, §2º do CP) ou providências policiais imediatas descritas nos
seguida de morte (art. 129, §3º do CP) será arts. 11 e 12 da Lei Maria da Penha.
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7. A

A alterna va considerada correta explora a


possibilidade de aplicação da escusa absolutória
prevista no art. 181, I do CP. Tal disposi vo não
sofreu qualquer limitação com o advento da Lei nº
11.340/06, a qual se manteve silente sobre tal
ins tuto, não podendo o intérprete limitar sua
aplicação, sob pena de se ofender o princípio da
legalidade. Sobre isso há o seguinte julgado do STJ:
RHC 42.918/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 14/08/2014.

8. D

A alterna va considerada incorreta traz


afirmação contendo ideia totalmente contrária
ao obje vo da Lei Maria da Penha, onde então se 5
busca evitar a “revi mização” da mulher nas mais
8
7-

variadas fases da persecução penal. É o que se


extrai, por exemplo, da redação do art. 10-A, §1º,
53

III da Lei Maria da Penha, incluído pela Lei nº 153


3.

13.505/2017, nos seguintes termos: Art. 10-A (...)


33

§ 1º A inquirição de mulher em situação de


violência domés ca e familiar ou de testemunha
4.

de violência domés ca, quando se tratar de


12

crime contra a mulher, obedecerá às seguintes


diretrizes: (...)III - não revi mização da depoente,
evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo
fato nos âmbitos criminal, cível e administra vo,
bem como ques onamentos sobre a vida
privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

9. D

A questão versa sobre a regra con da no art. 1º, §5º


da Lei nº 9.455/97, nos seguintes termos: “Art. 1º (...
) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.”

10. E

A questão traz a hipótese conhecida da doutrina


como “tortura confissão”, ou “tortura prova”.
Esta modalidade de tortura está prevista no art.
1º, I, “a” da Lei nº 9.455/97.
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