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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
por
RESUMO
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2
2.1 Termistor NTC 2
2.2 Capacitância Global 5
3. MONTAGEM DO EXPERIMENTO 7
4. RESULTADOS 11
5. PROPAGAÇÃO DE ERROS 16
6. CONCLUSÕES 19
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
iv
LISTA DE SÍMBOLOS
R Resistência elétrica [Ω ]
T Temperatura [º C ]
Bi Número adimensional de Biot
⎡ W ⎤
h Taxa de transferência de calor por convecção ⎢ 2 ⎥
⎣m K ⎦
LC Comprimento característico [m ]
⎡W ⎤
k Condutividade térmica ⎢
⎣ mK ⎥⎦
t Tempo [s ]
⎡ kg ⎤
ρ Massa específica ⎢ 3 ⎥
⎣m ⎦
V [ ]
Volume m 3
θ Diferença de temperatura [K ]
τt Constante de tempo [s ]
⎡W ⎤
Rt Resistência térmica ⎢ ⎥
⎣K ⎦
⎡W ⎤
Ct Capacitância térmica ⎢ ⎥
⎣J⎦
u Incerteza na unidade da medida a qual se refere
1
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Características importantes quando sensores elétricos são considerados para uso são sua
potência de dissipação e voltagem e/ou corrente requeridas. Por definição, a potência de
dissipação é a potência térmica, expressa em Watts, necessária para aumentar a temperatura do
sensor em 1ºC acima da temperatura do ambiente. Por exemplo, a potência de dissipação de um
termistor de 2,5mm de diâmetro externo, revestido com epóxi, é em torno de 13 mW/ºC em um
banho de óleo estacionário, e 2mW/ºC em ar parado. Corrente bem baixa deve ser aplicada em
um termistor utilizado em medição de temperatura, para que ele não afete o ambiente sendo
medido. Isto é, para que ele dissipe potências próximas de 0 Watt, a corrente deve ser inferior a
100mA. Como apresentado anteriormente, se a potência de dissipação típica em ar é 2mW/ºC,
para que o erro térmico (auto-erro) seja inferior a 0,1ºC a potência de dissipação deve ser menor
que 0,2mW. Um termistor de referência, revestido com epóxi ou fenol, com 2,5mm de diâmetro
externo, trabalha com potências máximas entre 30mW a 250ºC, e 1mW a 100ºC.
Os termistores geramente são fabricados e encapsulados em vidro, para altas
temperaturas, em resina epóxi ou em uma peça metálica, geralmente para uso específico, pois
possui rosca para a fixação. Para algumas aplicações industriais, quando se pretende usar o
sensor em um meio agressivo, ou para fixação ou para diminuir a interferência com o meio a ser
medido, se introduz o sensor em outro encapsulamento.
5
Para se poder usar a capacitância global como uma boa aproximação para a transferência
de calor de um meio fluido para um sólido, deve se ter uma distribuição de temperaturas dentro
do sólido aproximadamente constante e isso acontece quando a condutividade do corpo é alta e a
transferência de calor com o sistema não é muito intensa. Para se avaliar se o uso da capacitância
global é adequado se deve analisar o número de Biot, que é um parâmetro adimensional Esse
adimensional deve ser inferior a 0,1 para que a capacitância global seja uma boa aproximação
para o problema de transferência de calor em regime transiente:
hLC
Bi = (2)
k
Onde h é a taxa de transferência de calor por convecção, k é a condutividade térmica do sólido
e LC é o comprimento característico. Pode ser definido como a razão entre volume e área
superficial. Para formas complicadas se aproxima por metade da espessura, para cilindros
metade do raio e para esferas um terço do raio.
− hAS (T − T∞ ) = ρVc
dT
(4)
dt
AS é a área superficial, T a temperatura instantânea, T∞ é a temperatura do meio, ρ é a
ρVc θi
ln =t (9)
hAS θ
θ T − T∞ ⎡ ⎛ hA ⎞ ⎤
= = exp ⎢− ⎜⎜ S ⎟⎟t ⎥ (10)
θ i Ti − T∞ ⎣ ⎝ ρVc ⎠ ⎦
Onde t expressa o tempo.
A equação acima pode ser escrita de modo a determinar o tempo necessário para o volume de
controle alcançar uma determinada temperatura. Como as equações acima salientam, as
diferenças entre as temperaturas decaem exponencialmente para zero conforme o tempo passa. A
grandeza (ρVc / hAS ) descreve esse comportamento e pode ser interpretada como uma constante
O produto Rt Ct também pode ser mais facilmente interpretado com uma analogia a um circuito
elétrico do tipo RC em que um capacitor inicialmente carregado uma diferença de potencial se
descarrega através de uma resistência elétrica.
A grandeza Q é associada à variação da energia interna do volume de controle. Para
resfriamentos Q é positivo e quando o volume de controle tem sua energia interna acrescida Q é
negativo.
− Q = ∆Ear (12)
Substituindo Q na equação 9, se obtém a relação entre a variação da energia interna
trocada na forma de calor, as propriedades dos sólido, a diferença de temperatura instantânea
entre o sólido e o meio, e o tempo:
⎡ ⎛ t ⎞⎤
Q = (ρVc )θ i ⎢1 − exp⎜⎜ − ⎟⎟⎥ (13)
⎣ ⎝ τt ⎠⎦
7
3. MONTAGEM DO EXPERIMENTO
A bancada montada para este trabalho consiste em quatro sensores NTC encapsulado de
formas diferentes, ligados por um cabo até o aparelho de aquisição de dados do Laboratório de
Estudos Térmicos e Aerodinâmicos (LETA). O conjunto de sensores é inserido em um banho
aquecido, que consiste em uma panela de alumínio com água sobre a chama de um fogareiro.
Após a água entrar em ebulição se mergulha rapidamente o conjunto de sensores.
Os encapsulamentos feitos para este trabalho são ilustrados nas Figuras de 2 a 5, e a
montagem na figura 6:
a) Encapsulamento do NTC original de epóxi:
O material usado originalmente neste tipo de sensor é uma resina epóxi, injetada sobre o
semicondutor depois de terem sido soldados os terminais. O sensor tem a forma aproximada de
uma esfera, de aproximadamente 2,5mm de diâmetro, se ignorados os terminais.
O adesivo usado para a confecção deste encapsulamento foi o DUREPOXI®. Foi feita
uma esfera com o adesivo de aproximadamente 12mm de diâmetro.
Foi usado um arame circular para servir de suporte para o conjunto de sensores e para
unir um dos fios de cada sensor, criando um fio comum. A outra extremidade do cabo é ligada
no aquisitor de dados HP34970A do laboratório.
10
4. RESULTADOS
Encapsulamento original
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Figura 9 – Resposta da temperatura (ºC) medida pelo sensores original em função do tempo (s).
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Figura 10 – Resposta da temperatura (ºC) medida pelo sensores em adesivo epóxi em função do
tempo (s).
12
Cilindro de latão
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Figura 11 – Resposta da temperatura (ºC) medida pelo sensor em cilindro de latão em função do
tempo (s).
Cilindro de alumínio
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Figura 12 – Resposta da temperatura (ºC) medida pelo sensor em cilindro de alumínio em função
do tempo (s).
Como revisado inicialmente neste trabalho, a constante de tempo é definida pelo tempo
que um sólido leva para atingir 63,2% da temperatura que foi inserido. Não foi possível consultar
com o fabricante dos sensores sobre incertezas dos valores medidos por eles, por isso, se estima
que os erros das medidas associados ao NTC e ao aquisitor de dados fica em torno de ±3ºC na
temperatura lida. Antes de serem mergulhados, os quatro sensores marcavam aproximadamente
26ºC. Depois de imersos, convergiram para valores em torno de 94ºC.
Como foi revisado no início deste trabalho, se for usada a simplificação da Capacitância
Global, pode-se definir uma constante de tempo térmica, que é expressa pela seguinte equação:
⎛ 1 ⎞
τ t = ⎜⎜ ⎟⎟(ρVc ) = Rt Ct (14)
⎝ hAS ⎠
13
Para se calcular a constante de tempo dos sensores usados neste trabalho, foram usados os
valores da Tabela 1 para as propriedades dos materiais:
Calor
específico 400 400 381 896 150
⎡J ⎤
⎢⎣ kgK ⎥⎦
Como a composição do material não é muito bem conhecida, se tem uma grande
incerteza sobre os valores, a exceção do alumínio e do latão. Podem ser associados erros aos
valores da densidade de 100 kg m 3 para a resina, o adesivo e a pasta térmica, e 10 kg m 3 para
os metais. Para o calor especifico os erros são estimados em 100 J kgK e 5 J kgK para os
metais.
As propriedades geométricas dos encapsulamentos foram calculadas usando
aproximações para uma esfera tanto para o encapsulamento original quanto para o de adesivo
epóxi. Para os outros encapsulamentos foi usada a simplificação de que eram apenas um cilindro.
Os valores seguem na Tabela 2:
Os erros para o diâmetro dos dois primeiros encapsulamentos usado nos cálculos são
grandes pelo fato de os sensores não serem esferas perfeitas. Foi estimado erro de ±1mm nos
diâmetros das esferas e ±0,1mm para os diâmetros e comprimentos dos cilindros.
14
[ K]
Rt W 17,6844 1,105275 0,710534 0,192921
A capacitância térmica dos encapsulamentos pode ser expressa pela seguinte equação:
Ct = ρVc (16)
Essa expressão não pode ser usada nesta forma para os encapsulamentos cilíndricos pois eles não
são compostos de um único material, e sim uma combinação. Tendo isso em vista, deve-se fazer
os cálculos da seguinte forma:
Ct = ρ1V1c1 + ρ 2V2 c2 + ρ 3V3c3 + ... (17)
Onde o índice indica a que material a parcela da soma se refere.
Os cálculos feitos dessa forma resultam nos valores mostrados na Tabela 4 para
capacitância térmica:
[ K]
Ct J 0,00904752 0,57904128 6,105373747 20,6717737
Para o encapsulamento original, o valor calculado se aproxima bastante dos indicados por
fabricantes de termístores, mas se observando o gráfico se nota uma grande discrepância.
No item seguinte serão determinadas as incertezas acerca dos valores calculados acima.
16
5. PROPAGAÇÃO DE ERROS
Os valores apresentados se tem como fonte de erros a densidade dos materiais, o calor
específico e os diâmetros e comprimentos dos sensores. Essas dimensões vão influenciar os
valores das áreas e volumes. A incerteza para as áreas e volumes das esferas pode ser expressa
como:
1
⎛ ⎛ ∂A ⎞ 2 ⎞ 2
u A = ⎜ ⎜ ur ⎟ ⎟ (18)
⎜ ⎝ ∂r ⎠ ⎟
⎝ ⎠
1
⎛ ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎞ 2
uV = ⎜ ⎜ u ⎟
⎜ ⎝ ∂r r ⎟⎠ ⎟
(19)
⎝ ⎠
Para o encapsulamento original:
u A = 3,76E − 5m 2
uV = 2,82 E − 8m 3
uV = 4,52 E − 7m 3
u A = ⎜ ⎜ u r ⎟ + ⎜ ul ⎟ ⎟ (20)
⎜ ⎝ ∂r ⎠ ⎝ ∂l ⎠ ⎟
⎝ ⎠
1
⎛ ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎞ 2
uV = ⎜ ⎜⎜ u ⎟ +⎜ u ⎟ +⎜ u ⎟ ⎟ (21)
⎜ ⎝ ∂re re ⎟⎠ ⎜⎝ ∂ri ri ⎟⎠ ⎝ ∂l l ⎠ ⎟
⎝ ⎠
1
⎛ ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎛ ∂V ⎞ 2 ⎞ 2
uVi = ⎜ ⎜⎜ u ⎟ +⎜ u ⎟ ⎟ (22)
⎜ ⎝ ∂ri ri ⎟⎠ ⎝ ∂l l ⎠ ⎟
⎝ ⎠
Onde o índice Vi se refere ao volume interno, que será preenchido por pasta térmica.
Para o cilindro de latão:
u A = 1,58E − 6m 2
uV = 1,63E − 7m 3
uVi = 9,81E − 8m 3
u A = 5,03E − 5m 2
uV = 6,44 E − 7m 3
uVi = 4,01E − 7 m 3
Obtidos os valores de incerteza para as dimensões dos sensores, pode-se calcular a incerteza para
a constante de tempo:
Para os encapsulamentos esféricos:
1
⎛ ⎛ Vc ⎞ 2 ⎛ ρc ⎞ 2 ⎛ ρV ⎞ 2 ⎛ ρVc ⎞ 2 ⎛ ρVc ⎞ 2 ⎞ 2
uτ = ⎜ ⎜ u ρ ⎟ + ⎜ uV ⎟ + ⎜ + − + − ⎟
⎜ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA c ⎟⎠ ⎜⎝ h 2 A h ⎟⎠ ⎜⎝ hA2 A ⎟⎠ ⎟
u u u (23)
⎝ ⎠
Para o encapsulamento original:
(
uτ = (0,01) + (3,19 E − 6 ) + (0,04 ) + (− 0,032 ) + (− 0,213)
2 2 2 2 2
) 1
2
uτ = 0,219 s
Para a esfera de adesivo:
(
uτ = (0,034 ) + (0,318) + (0,160 ) + (− 0,128) + (− 0,214 )
2 2 2 2 2
)
1
2
uτ = 0,436 s
Para os cilíndricos, que são compostos do metal e mais pasta térmica:
1
⎛ ⎛ V1c1 2
⎞ ⎛V c ⎞ ⎛ρc
2
⎞ ⎛ρ c
2
⎞ ⎛ρV
2
⎞ ⎛ρ V
2
⎞ ⎞
2 2
⎜⎜ u ρ1 ⎟ + ⎜ 2 2 u ρ2 ⎟ + ⎜ 1 1 uV1 ⎟ + ⎜ 2 2 uV2 ⎟ + ⎜ 1 1 u c1 ⎟ + ⎜ 2 2 u c2 ⎟ ⎟
⎜ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎝ hA ⎠ ⎟
uτ = ⎜ ⎟ (24)
⎜ + ⎛ − ρ1V1c1 + ρ 2V2 c2 u ⎞ + ⎛ − ρ1V1c1 + ρ 2V2 c2 u ⎞
2 2
⎟
⎜ ⎜ h⎟ ⎜ A⎟ ⎟
⎝ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
2 2
h A hA ⎠
Onde o índice 1 se refere ao metal e 2 à pasta térmica.
Para o cilindro de latão:
(
uτ = (0,002) + (0,029) + (0,376) + (0,017 ) + (0,017 ) + (0,328) + (− 0,362) + (− 0,286)
2 2 2 2 2 2 2 2
) 1
2
uτ = 0,681s
Para o cilindro de alumínio:
(
uτ = (0,004 ) + (0,047 ) + (0,300 ) + (0,020) + (0,006 ) + (0,528) + (− 0,369) + (− 0,358)
2 2 2 2 2 2 2 2
)1
2
uτ = 0,797 s
Pode-se observar dos resultados acima que se fossem melhoradas as incertezas das
dimensões dos sensores, as constante de tempo teriam suas incertezas diminuídas em muito, pois
os erros em áreas e volumes influenciam fortemente a incerteza sobre a constante de tempo. As
18
grandes incertezas acerca das propriedades de alguns materiais acrescentaram bastante erro ao
cálculo da constante de tempo, principalmente no caso dos encapsulamentos cilíndricos.
Na Tabela 6 as constantes de tempo estão expressas por completo, com suas respectivas
incertezas:
6. CONCLUSÕES
Este trabalho cumpriu as expectativas que se tinha no seu início, pois tornou mais claro o
entendimento da importância das propriedades dos sensores para medições de temperatura
transiente. Apesar da divergência entre o valor obtido na aquisição de dados e os valores
calculados fica clara a necessidade dos cuidados que devem ser tomados para efetuar este tipo de
medição de temperatura. O trabalho desenvolveu bem os aspectos relacionados com incerteza de
medição, o que deixa mais claro sobre os itens mais importantes quando se pretende ter menos
incerteza sobre os resultados obtidos.
Com relação à falhas na execução do experimento, poderia ter se feito a aquisição de
dados em um aparelho com menor histerese, para medidas mais rápidas e com mais pontos, com
medidas em intervalos de décimos de segundo para se poder traçar uma curva de convergência
da temperatura do sensor com a do meio mais precisa.
20
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS