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Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral


O
e do Trabalho às decisões do STJ

Vinculación de la Corte Suprema y de los Jueces Electorales


E

y del Trabajo a las decisiones de la Corte Superior de Justicia


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Edilton Meireles
Pós-doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Doutor em Direito pela PUC-SP. Professor de Direito Processual Civil na UFBA.
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Professor de Direito na Universidade Católica do Salvador (UCSal). Membro do IBDP. Membro


da Associacion Iberoamericana de Derecho del Trabajo. Membro do Instituto Brasileiro
de Direito Social Cesarino Júnior. Desembargador do Trabalho na Bahia (TRT-5.ª Região).
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Recebido em: 18.03.2015


Aprovado em: 24.04.2015
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Área do Direito: Processual


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Resumo: No presente artigo tratamos da vincu- Resumen: En este trabajo nos ocupamos de la
lação das decisões proferidas pelo STJ conforme vinculación de las resoluciones dictadas por
as regras postas no CPC de 2015. Destacamos a el STJ como las reglas puestas en CPC 2015.
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vinculação ocorre em matéria infraconstitucio- Destacamos el enlace se produce en materia de


nal, desde que não cuide de questão trabalhista infra constitucional, a condición de que no se
ou eleitoral. Ressaltamos, ainda, que em matéria ocupan de cuestiones de derecho del trabajo o
constitucional a vinculação se impõe, salvo em derecho electoral. Hacemos en que en materia
relação ao STF e desde que não haja precedente constitucional se requiere la vinculación, salvo
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da Corte Suprema. Também se sustenta a vin- en lo relativo a la STF y siempre que no exista
culação de todo e qualquer juiz ou tribunal às precedente de la Corte Suprema. También admite
decisões do STJ em matéria infraconstitucional la vinculación de cualquier juez o tribunal
não trabalhista e não eleitoral. a las decisiones del STJ en materia de infra
constitucional no laboral y no electoral.
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Palavras-chave: Precedente – Vinculação – STJ. Palabras clave: Precedente – Vinculación – STJ.


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Sumário: 1. Introdução – 2. Das decisões vinculantes do STJ em matéria infraconstitucional e


em matéria constitucional – 3. Órgãos vinculados – 4. Conclusões – 5. Referências.
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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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1. Introdução
O novel CPC, preocupado com o princípio da igualdade, segurança jurí-
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dica e proteção a confiança, em boa hora, positivou a vinculação de diversos
precedentes judiciais. O que já era para ser natural, procura implantar pela via
expressa diante da resistência e da cultura jurídica brasileira.
Contudo, ao estabelecer as regras de vinculação, o legislador agiu forma
tímida e, pior, sem se ater ao processo civil como um todo.
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Aliás, o legislador processual civil, ao tratar de diversas institutos jurídicos


no novo CPC, injustificadamente, diante do atual estágio de desenvolvimento
de nossa doutrina, pensou no processo civil como se ele apenas tramitasse nas
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Justiças Estadual e Federal, esquecendo-se das demais Justiças civis.


É sabido, porém, que o CPC é o diploma legal que cuida do processo civil
de um modo geral. E quando falamos em processo civil estamos a nos referir ao
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processo judicial não criminal. Logo, o CPC deveria ter sido pensado enquanto
Código de Processo Civil Não Criminal. E em algumas partes, a bem da ver-
dade, enquanto verdadeiro Código de Processo (inclusive de processo penal).
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Essa falha do legislador, porém, é contornável, conquanto poderia ter sido


mais técnico, especialmente quando disciplinou institutos processuais consti-
tucionais que incidem sobre todo processo civil (não criminal) e até no pro-
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cesso penal, a exemplo, neste último caso, em relação aos recursos especiais e
extraordinários.
Vejam o exemplo do recurso extraordinário que é um recurso constitucio-
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nal, cabível em toda e qualquer demanda judicial brasileira. Logo, quando o


CPC regulamentou seu processamento, o fez para incidir sobre todo o pro-
cesso judicial brasileiro, seja civil ou penal. Suas regras, portanto, compõem
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o que seria um verdadeiro “Código de Processo Constitucional”. O legislador


infraconstitucional, porém, somente teve mente as Justiças Estadual e Federal
como se pode extrair do teor do § 1.º do art. 1.035, quando tratou dos recur-
sos repetitivos. Neste dispositivo, o legislador processual esqueceu, inclusive,
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de que o recurso extraordinário pode ser repetitivo de decisões do STJ, das


Turmas Recursais em Juizados, do juiz de 1.º grau da Justiça do Trabalho, da
Justiça Eleitoral e da Justiça Militar.
Neste mesmo erro incorreu ao tratar da vinculação das súmulas do STJ em
matéria infraconstitucional, esquecendo-se de que a Justiça do Trabalho e a
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Justiça Eleitoral também têm competência para tratar, em última instância, de


matéria infraconstitucional.
Outrossim, o disposto no art. 926 do CPC de 2015 não foi claro quanto
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aos órgãos judiciais vinculados às decisões do STJ. Conquanto aberta a sua


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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cláusula, ela deixa dúvida quanto ao âmbito de aplicação ou da vinculação ali
disciplinada.
No presente trabalho, pois, procuraremos tratar justamente desta vincula-
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ção, em sua abrangência e limites.

2. Das decisões vinculantes do STJ em matéria infraconstitucional e


em matéria constitucional
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Conforme literal texto do art. 927 do CPC de 2015, em relação a outros


órgãos judiciais, seriam vinculantes as seguintes decisões do STJ:
a) as proferidas em incidente de assunção de competência ou de resolução
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de demandas repetitivas;
b) em julgamento de recursos especial repetitivos;
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c) os enunciados de suas súmulas em matéria infraconstitucional;


d) às orientações do plenário ou do órgão especial.
Acresça-se que o § 2.º do art. 987do CPC torna vinculante, ainda, a decisão
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do STJ adotada em recurso especial interposto contra decisão proferida pelos


Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça em incidente de
resolução de demandas repetitivas. Tal hipótese, por sua vez, não se confunde
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com a decisão adotada originariamente pelo STJ em incidente de resolução de


demandas repetitivas (inc. I do art. 927 do CPC/2015). Seriam, assim, cinco
as hipóteses de vinculação positivada pelo legislador em relação às decisões
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do STJ.
Algumas ressalvas, porém, devem ser postas em relação ao conteúdo da
decisão que vincula.
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O inc. IV do art. 926, ao tratar da vinculação dos enunciados das súmulas


do STJ, a limitou, corretamente, à matéria infraconstitucional. O legislador
teve em mente que, como em matéria constitucional a última palavra é dada
pelo STF, nada justificaria a vinculação aos enunciados das súmulas do STJ em
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tais casos.
O legislador, porém, não foi expresso em relação a essa limitação quando
se referiu as decisões proferidas em incidente de assunção de competência, em
incidente de resolução de demandas repetitivas, em julgamento de recursos
especial repetitivos e quanto às orientações do Plenário ou do Órgão Especial
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do STJ.
Parece-nos, entretanto, que a mesma limitação deva existir e pelas mesmas
razões que afastaram a vinculação dos enunciados das súmulas do STJ em ma-
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téria constitucional.
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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Assim, caso o precedente extraído das decisões proferidas em incidente de
assunção de competência, em incidente de resolução de demandas repetitivas
(originário ou em grau de recurso especial), em julgamento de recursos espe-
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cial repetitivos e pelo Plenário ou do Órgão Especial do STJ cuidarem de maté-
ria constitucional, as mesmas não serão vinculantes. Abaixo, porém, apresento
algumas ressalvas.
Tal desvinculação, portanto, decorre do fato de o STJ não ser o órgão judi-
cial que profere a última decisão quanto a matéria constitucional. Logo, pela
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lógica do sistema de formação da norma, incluindo sua exegese, descabe vin-


cular a decisão do STJ em matéria constitucional em todas as hipóteses.
Devemos, porém, fazer uma ressalva que nos parece lógica tendo em vista
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as razões maiores do efeito vinculante, que é tratar a todos igualmente. E aqui


devemos ter em mente que a vinculação busca, em última instância, fazer com
que todos sejam tratados de forma isonômica. A vinculação ao precedente,
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portanto, busca tornar concreto o princípio da igualdade1 ou da universalibi-


lidade.2
A partir dessa finalidade última e tendo em vista ainda os princípios da boa-
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-fé e da segurança jurídica, é que devemos flexibilizar o entendimento de que a


vinculação somente deve ocorrer em matéria infraconstitucional. Isso porque,
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em nome do princípio da igualdade e da segurança jurídica, além da prote-


ção da confiança, devemos admitir a vinculação da decisão do STJ em matéria
constitucional desde que não haja decisão do STF a respeito e até que esta Cor-
te Máxima do Judiciário se pronuncie sobre a questão respectiva. Isso porque
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não tem cabimento os juízes e tribunais, salvo o STF, continuarem a decidir de


forma contrária à tese predominante no STJ em matéria que ainda não foi ob-
jeto de apreciação pela Corte Suprema. O princípio da igualdade, da confiança
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e da segurança jurídica impõe também essa mesma vinculação. Neste caso, a


decisão do STF atuaria como verdadeiro juízo de revisão do precedente.
Aqui, então, podemos ampliar a vinculação das decisões do STJ. Desse
modo, em todas as hipóteses, inclusive quando se tratar de enunciados de sú-
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mulas do STJ, a vinculação às decisões desta Corte em matéria constitucional


somente deve ocorrer se não houver precedente do STF a respeito da mesma
questão. Uma vez havendo esse precedente do STF, a vinculação há de ser à
respectiva decisão da Corte Maior.
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1. Cf., entre outros, Perelman Chaïm, Ética e direito, p. 3-253, e Andrés Ollero, Igualdad
en la aplicación de la ley y precedente judicial.
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2. Robert Alexy, Teoria da argumentação jurídica, p. 259.


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Dou um exemplo para demonstrar a necessidade dessa vinculação. O STJ
é competente para dirimir o conflito de competência envolvendo juízes e/ou
tribunais regionais e estaduais, inclusive trabalhistas. Nesta hipótese, o STJ
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decide, mais das vezes, questão que envolve regra constitucional de reparti-
ção de competência. De sua decisão, por sua vez, cabe recurso extraordinário
para o STF. Sói acontecer, no entanto, do STF não se pronunciar a respeito da
matéria decidida por falta de provocação da parte. Cito como exemplo, dentre
diversas outras, a Súmula do STJ 363, extraída a partir dos conflitos surgidos
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entre os juízes estaduais e os trabalhistas, editada neste sentido: “Compete à


Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional
liberal contra cliente”.
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Tal matéria ainda não foi apreciada pelo STF, que pode até chegar a conclu-
são diversa a partir da interpretação do inc. I do art. 114 da CF. Aqui, então,
se se adotar a literalidade do texto normativo posto no inc. IV do art. 926 do
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CPC/2015, tal entendimento sumulado do STJ não seria vinculante, já que


envolve questão constitucional.
Mas fica a pergunta: essa desvinculação responde aos princípios da igualda-
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de, segurança jurídica e da proteção da confiança?


Óbvio que não! Logo, para que o sistema se mantenha coerente, é preciso
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que tais decisões sejam observadas pelos demais juízes e tribunais, salvo, evi-
dentemente, o STF, a quem cabe, eventualmente, rever a questão.
Atenta, assim, contra o sistema implantado pelo novo CPC admitir que
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mesmo diante de súmula do STJ a respeito de determinada questão em matéria


constitucional, em não havendo precedente do STF, os juízes e tribunais pos-
sam continuar a decidir de forma diversa.
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Mais outra ressalva deve ser posta. É que o STJ não é o único tribunal su-
perior a decidir, em última instância, quanto a matéria infraconstitucional.
No processo civil (não criminal) brasileiro, o TST e o TSE também têm essa
mesma competência.
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Quando se fala em matéria infraconstitucional que se referir a todas as maté-


rias posta pelo legislador não constitucional. Elas envolvem, assim, as matérias
trabalhistas e eleitorais. Em tais matérias, no entanto, conforme nossa divisão
Judiciária, os órgãos constitucionalmente competentes para proferir a decisão
de última instância são, respectivamente, o TST e o TSE.
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Daí temos que, em verdade, a vinculação às decisões do STJ deve se limitar


à matéria infraconstitucional não trabalhista e não eleitoral. Se a matéria in-
fraconstitucional estiver no âmbito das competências das Justiças do Trabalho
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e Eleitoral, o decidido pelo STJ não há de ser vinculante. Podemos, todavia,


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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admitir a vinculação, seguindo o mesmo raciocínio acima lançado, quando
não haja precedente do TST ou do TSE a respeito da mesma matéria e até que
venha a ser proferida decisão sobre idêntica questão por estes outros tribunais
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superiores em relação aos temas de suas competências constitucionais.
Tal conclusão, por sua vez, decorre do princípio fundante da vinculação,
que é justamente o princípio da igualdade, aliada a regra de competência para
tratar da matéria em última instância.
Neste sentido, se cabe ao TST, por exemplo, em última instância, decidir
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sobre a matéria trabalhista, não tem sentido vincular a decisão do STJ. Se for
para vincular, há de ser, neste caso, a decisão do TST em relação a todos juízes
e tribunais (tratamos dessa matéria adiante). Isso para que todos sejam trata-
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dos de forma isonômica tendo como paradigma a decisão proferida pelo órgão
judicial competente para decidir a matéria em última instância. E se não for
assim, o instituto do precedente estará seriamente arranhado, já que o mesmo
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se funda no princípio da igualdade.


Para ter em mente essa situação basta pensar na seguinte situação hipoté-
tica: o STJ já decidiu, diante de ações de cobrança/execução propostas pela
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Caixa Econômica Federal em face dos empregadores que “a importância paga


pelo empregador a título de terço constitucional de férias gozadas integra a
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base de cálculo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)” (REsp


1.436.897). O TST, porém, em tese pode decidir, em reclamação trabalhista,
que o empregador não deve efetuar os depósitos do FGTS devido ao empre-
gado incidente sobre “a importância paga pelo empregador a título de terço
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constitucional de férias gozadas”. Em suma, o STJ, nas ações de sua compe-


tência, diz que a contribuição é devida e o TST, nas ações de sua competência,
poderia concluir que a referida vantagem trabalhista não é devida na hipótese
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fictícia mencionada. Outro exemplo: o STJ já decidiu que “a importância paga


pelo empregador referente ao auxílio-creche não integra a base de cálculo do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)” (REsp 1.448.294). O TST
pode, hipoteticamente, decidir em sentido contrário. Ambos Tribunais podem
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até sumular a respeito dessas matérias. E aqui, então, fica a pergunta, diante do
princípio da igualdade, da segurança jurídica e da proteção da confiança, qual
dos precedentes deve ser respeitado?
A resposta deve ser dada a partir do critério da competência para decidir
sobre a matéria em última instância. E, no caso, a competência é do TST, já
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que se trata de matéria infraconstitucional relacionada a um direito trabalhista


fundamental (inc. III do art. 7.º da CF). Neste caso, antes de ser direito do
órgão gestor (a Caixa Econômica Federal) do Fundo de Garantia do Tempo
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de Serviço (FGTS), é direito fundamental do empregado o crédito respectivo.


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Assim, parece-nos, tendo em vista o princípio da igualdade e da competên-
cia jurisdicional, que a vinculação aos precedentes do STJ deva se restringir a
matéria infraconstitucional não trabalhista (direito e processo do trabalho) e
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não eleitoral (direito e processo judicial eleitoral).
Mas essa questão não se resolve tão facilmente assim. Isso porque existem
matérias as quais, constitucionalmente, as competências para decidir em últi-
ma instância são concorrentes. Veja o exemplo da cobrança das contribuições
previdenciárias, dentre muitas outras que podem ser lembradas na divisão de
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competência entre a Justiça Federal e Comum, de um lado (submetidas à ju-


risdição do STJ), e a Justiça do Trabalho de outro.
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Por norma constitucional, a competência para execução das contribuições


previdenciárias tanto é da Justiça Federal (art. 109 da CF), como da Justiça
do Trabalho, neste caso quando “decorrentes das sentenças que proferir” (inc.
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VIII do art. 114 da CF). Logo, em tal situação, tanto o STJ, em recurso especial,
como o TST, em recurso de revista (§ 10 do art. 896 da CLT), pode decidir a
matéria infraconstitucional relativa a incidência das contribuições previdenci-
árias.
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Dando, então, um exemplo quanto a este tema em questão já decidida pelo


STJ, mas hipoteticamente especulando: esta Corte Superior entende que não
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incide a contribuição previdenciária sobre importância paga nos 15 dias que


antecedem o auxílio-doença (AgRg no REsp 1.283.481), mas o TST pode paci-
ficar entendimento em sentido oposto. A pergunta, então, impõe-se: qual dos
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precedentes deve prevalecer?


O critério da competência constitucional para decidir a questão em última
instância não resolve por si só esse questionamento, já que ambos tribunais
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superiores possuem essa mesma atribuição. O ideal, para situações como estas,
seria o legislador, a semelhança da turma de uniformização da jurisprudência
junto aos Juizados Especiais (§ 2.º do art. 14 da Lei 10.259/2001), ter criado
um órgão, composto por Ministros dos diversos Tribunais Superiores, incum-
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bido de uniformizar a jurisprudência infraconstitucional quanto as matérias


de competência concorrente. Tal órgão, porém, não existe. Logo, devemos dar
uma resposta a esta questão.
Na falta de outro critério prevalente, parece-nos, que, nas hipóteses de com-
petência concorrente, caberia se inclinar a favor da decisão proferida pelo Tri-
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bunal que tem a matéria infraconstitucional como objeto de sua competência


comum, isto é, competência ordinária, enquanto regra geral. E, no exemplo
da contribuição previdenciária, a competência para apreciar a sua execução/
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cobrança, em regra geral, é da Justiça Federal. A competência da Justiça do Tra-


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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balho, neste caso, é excepcional (mais especial em relação à Justiça Federal) e,
ainda assim, para uma situação específica (quando “decorrentes das sentenças
que proferir”).
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Logo, neste caso, ainda que o TST possa, constitucionalmente, decidir so-
bre a incidência e cobrança das contribuições previdenciárias, ele o faz no
exercício de uma competência que lhe é assegurado de forma excepcional. A
regra de competência ordinária da Justiça do Trabalho sãs as questões traba-
lhistas e sindicais.
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Daí porque entendemos que, no conflito dos precedentes do TST e do STJ


sobre matéria infraconstitucional de competência concorrente, deve ser vin-
culante a decisão proferida pelo órgão judicial que detém a atribuição de deci-
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dir a questão em competência ordinária e não de forma excepcional.


Esse mesmo critério deve ser levado em conta para todas as situações nas
quais diversos órgãos judiciais, inclusive o STF, tem competência para proferir
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decisão em última instância em matéria infraconstitucional, em especial quan-


do se trata de questão processual.
Vejam que, em tese, todos os tribunais superiores, em última instância,
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podem decidir sobre a norma processual. Em matéria de processo civil em


sentido restrito (não trabalhista e não eleitoral), no entanto, salvo em relação
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as normas constitucionais processuais (cabimento do recurso especial etc.), a


atribuição para decidir sobre a matéria, em última instância, enquanto regra de
competência geral é do STJ.
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Assim, ainda que o TST diga, por exemplo, que não “é admissível a oposi-
ção de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do com-
promisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro”,
cabe ter como vinculante a decisão do STJ em sentido oposto (Súmula 84).
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Isso porque aqui estamos diante de uma questão de direito processual civil
de natureza infraconstitucional, cuja competência, em última instância, para
decidir é do STJ, enquanto regra de competência ordinária.
Cabe, porém, por fim, neste ponto, fazer a mesma ressalva já posta acima
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para a hipótese de matéria constitucional. Devemos, quando diante de prece-


dente do STJ em matéria trabalhista (direito e processo trabalhista) ou elei-
toral (direito e processo judicial eleitoral), tê-la vinculante enquanto outra,
em sentido diverso, não for proferida, respectivamente, pelo TST e TSE. Ou
seja, na falta de precedente do TST e do TSE, as decisões do STJ em matéria
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trabalhista e eleitoral seriam vinculantes. Surgindo o precedente nas Justiças


Especializadas, em última instância, descaberia manter a vinculação às deci-
sões do STJ. Atuariam, esses outros tribunais, como se fossem juízo de revisão
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do precedente do STJ nas matérias trabalhistas e eleitorais.


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Desse modo, neste ponto podemos concluir que são vinculantes as deci-
sões do STJ mencionadas no arts. 927 e 987, § 2.º, do CPC/2015 em matéria
infraconstitucional, inclusive de natureza processual, salvo quando se trata de
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questão cuja competência para decidir em última instância seja do TST ou do
TSE, respectivamente, em matéria restritamente trabalhista (direito e proces-
so) e eleitoral (direito e processo judicial eleitoral).
Da mesma forma, seriam vinculantes as decisões do STJ em matéria consti-
tucional, salvo perante a Corte Maior, desde que não haja decisão do STF a res-
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peito e até que esta Corte Máxima do Judiciário se pronuncie sobre a matéria.
Por fim, seriam vinculantes as decisões do STJ em matéria infraconstitu-
cional trabalhista e eleitoral, salvo em relação ao TST e ao TSE, desde que não
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haja decisão em contrário, respectivamente, desses referidos tribunais superio-


res e até que estas cortes se pronunciem sobre a matéria idêntica.
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3. Órgãos vinculados
Outra questão a ser dirimida especificamente sobre essa questão da vincula-
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ção é em relação aos órgãos que devem seguir a orientação adotadas pelo STJ.
Diga-se, de passagem, essa problemática se agrava nos incidentes de resolu-
ção de demandas repetitivas. Tudo isso porque o legislador do CPC não pensou
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o processo civil como procedimento em curso em todos os órgãos judiciários


brasileiro (em todas as “Justiças”). De maneira absolutamente inconcebível
e numa visão estreita, pensou o processo judicial como se apenas ele tivesse
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curso nas Justiças Federais e Estadual, no STJ e no STF. Pensou que a legisla-
ção constitucional ou infraconstitucional somente fosse objeto de apreciação
por estes órgãos. E, pior, pensou que as razões que justificam a vinculação
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aos precedentes estão dirigidas aos mencionados juízos e tribunais e não para
proteger o jurisdicionado contra decisões discriminatórias (não isonômicas).
Mas, aqui, neste ponto, quanto aos órgãos vinculados às decisões do STJ,
inicialmente, cabe ser resolvida a questão quanto a interpretação a ser dada ao
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inc. V do art. 927 quando ele menciona “a orientação do plenário ou do órgão


especial aos quais estiverem vinculados”.
Do referido texto normativo se pode extrair duas interpretações, especifi-
camente em relação às decisões do STJ: ou a vinculação apenas se restringe
aos Ministros e demais órgãos fracionários desta mesma Corte ou a vinculação
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também ocorre em relação a todos os órgãos judiciais cujas decisões possam


ser revistas por este Tribunal Superior (pelo STJ).
Preferimos ficar com a segunda interpretação, mais de forma ampliada, já
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que o objetivo maior da vinculação/precedente é tratar a todos com igualdade.


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Logo, não se tem porque limitar a vinculação somente aos Ministros e demais
órgãos fracionados do STJ quando diante da “orientação do plenário ou do
órgão especial” desta Corte Superior.
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Aqui, entretanto, a vinculação não deve se limitar aos órgãos judiciais cujas
decisões estão sujeitas à jurisdição do STJ (“estiverem vinculados”), incluindo
aqui as Varas e Tribunais Regionais do Trabalho e Varas e Tribunais Regionais
Eleitorais relação aos acórdãos proferidos em conflito de competência (art.
105, I, d, da CF). Em verdade, para se manter a coerência do sistema e o res-
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peito ao princípio da igualdade, cabe aplicar, mesmo na hipótese do inc. V do


art. 927 do CPC/2015, a regra mais ampla posta no caput deste dispositivo. E
tal dispositivo (caput do art. 927 do novel CPC), de forma ampla, refere-se a
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vinculação aos “juízes e tribunais”.


E aqui, a partir do texto do caput do art. 927 do CPC/2015, duas interpre-
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tações também podem ser extraídas. A primeira seria no sentido de restringir


essa vinculação aos órgãos judiciais que estão, hierarquicamente, sujeitos à
jurisdição do STJ. A segunda seria estabelecer a vinculação a todo e qualquer
juiz ou tribunal, inclusive o STF, em relação a matéria infraconstitucional não
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trabalhista e não eleitoral decidida pelo STJ.


Da literalidade do texto legal não se extrai a interpretação mais restritiva.
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E da teologia da norma também não se chega a essa conclusão. Isso porque o


objetivo maior da regra do CPC de 2015 é fazer valer o princípio da igualdade,
de modo que todos sejam tratados isonomicamente pelo Estado-juiz (e não
S

por apenas um órgão integrante do Estado-juiz). Isso sem falar no princípio da


segurança jurídica e da proteção da confiança que devem ser observados pelos
órgãos judiciais.
IV

Veja, por exemplo, o caso do enunciado da Súmula 84 do STJ, já citado an-


teriormente. Conforme entendimento nele revelado, “é admissível a oposição
de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compro-
misso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro”.
O

A partir desse entendimento sustentado pelo STJ, interpretando a legislação


material e processual civil infraconstitucional, podemos admitir que um juiz
do trabalho decida de forma contrária? Estará sendo respeitado os princípios
da igualdade, da segurança jurídica e da proteção da confiança depositada no
Judiciário brasileiro se o juiz estadual ou federal decide como entende o STJ,
S

mas a mesma regra jurídica de direito material ou processual civil é aplicada de


modo diverso na Justiça do Trabalho?
Óbvio que se houver uma regra mais especial a ser aplicada aos processos
T

do trabalho, o precedente do STJ pode não ser vinculante para os juízes e tri-
J

Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
U
Direito Jurisprudencial 403
S
bunais trabalhistas. Mas se a regra de direito material ou processual é a mesma,
aplicável por um ou outro juiz ou tribunal, o que justifica a não vinculação dos
juízes do trabalho ou eleitoral aos precedentes do STJ na matéria infraconsti-
O
tucional de sua competência?
O mesmo se diga em relação ao STF, a quem cabe também respeitar as de-
cisões vinculantes do STJ. Aqui, inclusive, não cabe alegar que essa vinculação
seria descabida em face da posição hierárquica superior do STF em relação
ao STJ. A regra a ser observada, no entanto, não é de hierarquia, mas, sim, de
E

competência.
O STJ é quem tem a competência constitucional para interpretar a norma
infraconstitucional não trabalhista e não eleitoral. Logo, na matéria respectiva,
X

a última palavra é do STJ. Assim, o STF deve respeito ao entendimento do STJ


em face da competência constitucional em matéria infraconstitucional reserva-
da a este último órgão do Judiciário nacional.
C

Assim, entendemos que, na realidade, as decisões vinculantes do STJ devem


ser observadas por todo e qualquer juiz ou tribunal nacional, inclusive por
parte do STF, da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral.
L

Afirmamos, porém, na introdução, que lamentavelmente o legislador pro-


cessual civil apenas pensou no processo civil na Justiça Estadual e Federal.
U

Disso decorre que, ao certo, provavelmente haverá uma resistência a esta in-
terpretação mais ampla, o que acarretará a violação a todos os princípios que
justificam a vinculação. O legislador processualista, assim, perdeu uma grande
S

oportunidade de ter sido mais técnico, já que deveria deixar clara essa vincu-
lação ampla.
Da mesma forma, perdeu-se uma grande oportunidade para também deixar
IV

claro que as decisões de cúpula da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral em


matéria infraconstitucional trabalhista e eleitoral, respectivamente, também
vinculam todo e qualquer juiz ou tribunal, inclusive o STF e o STJ.
Aqui a interpretação deve ser a mesma, aplicando-se, subsidiária ou suple-
O

tivamente, a regra do art. 927 aos processos trabalhistas e eleitorais (art. 15


do CPC), com seus reflexos vinculantes nos processos cíveis em cursos nos
demais órgãos judicantes nacional. Isso porque, como já dito e repetido acima,
o objetivo da vinculação é tratar a todos de modo isonômico. Logo, não se tem
porque o juiz do trabalho julgar conforme entendimento do TST e o juiz fede-
S

ral ou estadual, quando apreciar eventualmente da mesma matéria trabalhista,


decidir de forma diversa.
Vejam o exemplo do FGTS citado acima. Se em tese o TST decide que o
T

FGTS não incidente sobre o adicional de férias pago ao empregado, interpre-


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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404 Revista de Processo 2015 • RePro 243
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tando a norma infraconstitucional pertinente, não se tem porque o juiz fede-
ral, numa ação proposta pela Caixa Econômica Federal contra o empregador,
cobrando o FGTS não depositado na conta vinculada do trabalhador, decidir
O
que não cabe a referida incidência. Vejam que, neste exemplo, se se admitir as
decisões contraditórias, chegaremos ao ponto de o Estado-juiz tratar desigual-
mente a mesma pessoa do empregador. No exemplo, a Justiça do Trabalho diria
que não é devido e a Justiça Federal diria ao mesmo empregador que ele deve!
E aqui cabe uma digressão. Na realidade, a maior causa das decisões diver-
E

gentes no Brasil é o nosso ranço autoritário (além e eventual vaidade pessoal).


Em verdade, a litigiosidade em massa no Brasil, que tem justificado as regras de
vinculação aos precedentes, apenas veio deixar mais patente e a revelar de for-
X

ma flagrante uma realidade vivida nos países menos democráticos ou de cul-


tura autoritária: o tratamento diferenciado aos iguais por parte do Estado-juiz.
Ainda temos em mente o paradigma de que é a figura do juiz que decide a
C

causa (e o novo CPC segue essa mesma lógica autoritária). Mas numa socie-
dade na qual se respeita a igualdade, quem decide é o Estado-juiz. E como o
Estado é único, a decisão deve ser única para todos, em igualdade. Daí porque
L

o respeito ao precedente, isto é, à norma aprovada pelo Estado-Legislativo,


sancionada pelo Estado-Executivo e interpretada pelo Estado-Judiciário.
U

A vinculação posta pela legislação, em outras palavras, bem ou mal, bus-


ca acabar com esse regime do juiz que decide (ou do “juiz rei na barriga”),
obrigando-o a respeitar a norma posta-interpretada pelo Estado-juiz (após ma-
nifestação do órgão que tem, em última instância, a competência para dar a
S

palavra final).
Tivéssemos essa cultura democrática há tempo, ao certo não haveria tantas
decisões divergentes a reclamar regras expressas de vinculação. O que deveria
IV

ser natural – o respeito ao precedente – impõe-se no Brasil mediante texto ex-


presso de lei. Isso tudo porque ainda impera a confusão do que seja texto de lei
e o que é norma jurídica. Uma coisa é o texto da lei (“disposições”), isto é, o
enunciado que faz parte de um documento, ou seja, síntese de uma regra cos-
O

tumeira; outra o sentido e significado desse texto de lei (das disposições). E a


norma é o texto da lei interpretado. Ou seja, o comando, a disposição revelado
em seu significado. Em suma, “a disposição é (parte de) um texto ainda a ser
interpretado; a norma é (parte de) um texto interpretado”.3
Daí se tem, então, que quando o Estado-juiz, por seu órgão competente,
S

em última instância, define o que seja a norma (texto normativo interpretado),


T

3. Riccardo Guastini, Das fontes às normas, p. 26.


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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cabe a esse mesmo Estado-juiz, por todos os seus órgãos, aplicar essa norma,
ao invés de procurar fazer valer outras normas (outras interpretações dadas
ao mesmo texto normativo). O respeito ao precedente, assim, é a aplicação da
O
norma vigente (texto normativo interpretado em última instância pelo órgão
constitucionalmente competente).
E quando falamos em decisão do Estado-juiz, devemos ter em mente que
nossa Constituição estabeleceu um procedimento judicial e diversas instância
a serem percorridas para se alcançar a palavra final (interpretação final) quando
E

diante do conflito de interpretação do texto normativo. Se a decisão final é


dos tribunais superiores, foi porque nosso constituinte assim dispôs, para
que, democraticamente, após percorrer várias instâncias judiciais, a questão
X

fosse resolvida de modo a ser aplicada igualmente para todos. A própria lógica
dos recursos aos Tribunais Superiores visa a justamente obter essa norma/
orientação única (precedente), a ser aplicada a todos igualmente.
C

E a vinculação há de ser ampla em relação a todas as decisões de última


instância proferida pelos órgãos judiciais constitucionalmente competentes para
dirimir a questão controvertida (a interpretação a ser dada ao texto normativo).
L

Destaque-se, ainda, que toda essa problemática acima mencionada pode ser
agravada em relação ao incidente de resolução de demandas repetitivas, dado
U

não só a eventual vinculação em face da decisão pelos tribunais superiores, mas


devido as regras de suspensão dos feitos que tratam da mesma matéria. Isso
porque o legislador processual civil, ao que parece, a partir da sistemática posta
S

no novo CPC, apenas estabeleceu a possibilidade do STJ mandar suspender


as demandas repetitivas vinculadas à sua jurisdição (§ 3.º do art. 982 do
CPC/2015). Mas, por óbvio, que a questão a ser decidida, especialmente as
IV

de direito processual (cf. parte final do § 4.º do art. 976 do CPC/2015), pode
afetar os feitos em curso na Justiça do Trabalho e Eleitoral. A não suspensão dos
feitos trabalhistas e, eventualmente, eleitorais, assim, pode conduzir a decisões
contraditórias. Esta, porém, é uma questão a ser abordada em outro trabalho.
O

Vale frisar, por fim, que ao longo deste trabalho apenas cuidamos do
processo civil, não se referindo ao processo penal, conquanto, de um modo
geral, o aqui sustentado se aplicaria a este outro ramo do direito processual.

4. Conclusões
S

Em apertada síntese, pois, podemos assim concluir:


a) os princípios da isonomia, segurança jurídica e da confiança depositada
T

no Estado-juiz impõe o respeito aos precedentes judiciais firmados pelo tribu-


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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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nal constitucionalmente competente para proferir a última decisão a respeito
da matéria;
b) enquanto tribunal constitucionalmente competente para proferir decisão
O
em matéria infraconstitucional não trabalhista ou não eleitoral, as decisões do
STJ vinculam todos os juízes e tribunais, inclusive o STF;
c) a vinculação deve ocorrer tendo em vista a competência do órgão julga-
dor para apreciar da matéria em última instância;
E
d) os precedentes do STJ em matéria constitucional, nas hipóteses previstas
no art. 927 e no § 2.º do art. 987 do CPC/2015, vincula os juízes e tribunais,
salvo a Corte Suprema, desde que não haja decisão do STF a respeito da mesma
X

matéria;
e) os precedentes do STJ em matéria infraconstitucional não trabalhista
e não eleitoral, nas hipóteses previstas no art. 927 e no § 2.º do art. 987 do
C

CPC/2015, vincula todos juízes e tribunais, inclusive o STF;


f) os precedentes do STJ em matéria infraconstitucional trabalhista ou elei-
toral, nas hipóteses previstas no art. 927 e no § 2.º do art. 987 do CPC/2015,
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vincula todos juízes e tribunais, inclusive o STF, exceto o TST e o TSE, desde
que não haja decisão destas últimas Cortes Superiores a respeito da mesma
matéria trabalhista ou eleitoral, respectivamente;
U

g) os precedentes do TST em matéria infraconstitucional trabalhista e do


TSE em matéria infraconstitucional eleitoral, vinculam todos os juízes e tribu-
nais brasileiros, inclusive o STF e o STJ.
S

5. Referências
IV

Alexy, Robert. Teoria da argumentação jurídica. A teoria do discurso racional


como teoria da justificação jurídica. Trad. Zilda Hutchison Schild Silva. São
Paulo: Landy, 2001.
Guastini, Riccardo. Das fontes às normas. Trad. Edson Bini. São Paulo: Quartier
Latin, 2005.
O

Ollero, Andrés. Igualdad en la aplicación de la ley y precedente judicial. 2. ed.


Madrid: CEPC.
Perelman, Chaïm. Ética e direito. Trad. Maria Ermantina Galvão. 2. tir. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.
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Pesquisas do Editorial
O
Veja também Doutrina
• A preferência constitucional pelo controle concentrado de constitucionalidade e os
precedentes judiciais vinculantes no novo CPC, de Peter Panutto – RePro 242/359
(DTR\2015\3686);
• Elementos normativos para a compreensão do sistema de precedentes judiciais no proces-
E
so civil brasileiro, de Alexandre Freire e Alonso Freire – RT 950/199 (DTR\2014\19788); e
• O precedente judicial em paralelo a súmula vinculante, de Aline Hadad Ladeira e Ale-
xandre Melo Franco Bahia – RePro 234/275 (DTR\2014\8862).
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Meireles, Edilton. Vinculação do STF e das Justiças Eleitoral e do Trabalho às decisões do STJ.
Revista de Processo. vol. 243. ano 40. p. 393-407. São Paulo: Ed. RT, maio 2015.
Revista de Processo: RePro, v. 40, n. 243, maio 2015.

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